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V e t e r i n a r i a n D o c s<br />

www.veterinariandocs.com.br<br />

Patologia Clínica Cirúrgica<br />

Cirurgia do Sistema Urogenital<br />

01-Ováriossalpingohisterectomia (OSH)<br />

Anatomia Cirúrgica<br />

O aparelho reprodutor feminino de caninos ou felinos é manipulado através do<br />

flanco (laparotomia) ou da parede abdominal ventral mediana (celiotomia), esta última<br />

técnica é a mais utilizada. E em grandes animais o sistema reprodutor feminino é<br />

manipulado via através do flanco (laparotomia) ou via vaginal.<br />

Os ovários, os ovidutos e o útero são presos às paredes dorsolaterais da cavidade<br />

abdominal e à parede lateral da cavidade pélvica pelos ligamentos largos direito e<br />

esquerdo. Cranialmente, o ligamento largo (dividido em três regiões: mesovário,<br />

mesossalpinge e mesométrio) se prende através do ligamento suspensor dos ovários.<br />

O complexo arteriovenoso ovariano repousa sobre o lado medial do ligamento<br />

largo e se estende da aorta para o ovário.<br />

*Carnívoros: possuem o ligamento suspensor do ovário (entre rim e ovário), outras<br />

espécies não possuem;<br />

Fonte: SLATTER, 2007<br />

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Importância<br />

-Terapêutica para resolução de piometra, torção uterina, hiperplasia endometrial<br />

cística, ruptura uterina e neoplasia uterina;<br />

-Esterilidade;<br />

-Comportamental;<br />

*A incidência de neoplasias mamárias é de 0,5% nas cadelas castradas antes do<br />

primeiro estro, enquanto o fator de risco é de 8% quando se retarda a OSH até o<br />

primeiro estro, após dois ou mais ciclos estrais, o risco se eleva de 26%.<br />

Épocas<br />

-Antes do primeiro cio;<br />

-Anestro (verificar por citologia vaginal);<br />

-Fêmea com mamas edemaciadas (sugestivo de cio ou parto recente): deve se<br />

esperar entre 2 a 4 semanas para a abordagem cirúrgica;<br />

*Durante o cio, há alta concentração de estrógenos e esta alta concentração deste<br />

hormônio inibe a agregação plaquetária (hemorragia mais intensa);<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Faz-se uma incisão abdominal retroumbilical na linha média (na gata, a incisão<br />

começa aproximadamente 1 cm caudal ao umbigo e se estende cerca de 3 a 5cm<br />

caudalmente). Localiza-se o corno uterino direito (preferencialmente) com um gancho<br />

de Snook ou com o dedo indicador com o auxilio do rebatimento do duodeno<br />

descendente, e após a localização do ovário, estica-se ou rompe-se o ligamento<br />

suspensor do ovário. Então localiza-se o complexo arteriovenoso ovariano e faz-se uma<br />

janela no mesovário imediatamente caudal ao complexo artério-venoso ovariano. Pinçase<br />

duplamente o complexo artério-venoso ovariano com pinça hemostática traumática<br />

(preferencialmente curva) e a terceira pinça é colocada entre o ovário e o corno uterino.<br />

Faz-se uma incisão entre o ovário e a pinça média (segunda pinça). Para a ligadura<br />

utilizam-se fios absorvíveis ou inabsorvíveis, geralmente no calibre 2-0. A ligadura é<br />

executada proximal a primeira pinça e remove-se a pinça à medida que se aperta a<br />

sutura circular de forma que esta sutura repouse no sulco de tecido esmagado criado<br />

pela pinça. Após a completa ligadura, libera-se a pinça média (segunda pinça) e<br />

verifica-se se há ou não hemorragia no pedículo, caso não haja alteração, corta-se o frio<br />

remanescente da sutura a uma distância entre 5 mm à 10 mm do nó (ampla margem de<br />

segurança). Este mesmo procedimento é executado no ovário e corno uterino esquerdo,<br />

expondo-se a região com o auxílio do rebatimento do cólon descendente. Os ligamentos<br />

largos (direito e esquerdo) são seccionados, permanecendo somente as artérias uterinas<br />

médias juntamente aos cornos e posteriormente junto ao corpo do útero. Caso haja<br />

grande vascularização no ligamento largo do útero, procede-se a ligadura destes.<br />

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Exterioriza-se os corpo uterino e localiza-se a cérvix. Primeiramente faz-se a ligadura<br />

das artérias uterinas médias de cada lado do corpo uterino separadamente e após isto<br />

executa-se a mesma manobra das 3 pinças no corpo uterino imediatamente próximas a<br />

cérvix. Secciona-se o corpo uterino entre a segunda e terceira pinça. Coloca-se uma<br />

sutura circular frouxa ao redor da pinça distal (primeira pinça) e remove-se a pinça e<br />

aperta-se a sutura no sulco de tecido esmagado (pode-se fazer uma sutura de<br />

transfixação, caso necessário). Verifica-se o coto uterino quanto a sangramentos e<br />

recoloca-se o mesmo na cavidade abdominal e procede-se com a omentalização.<br />

*Pode-se utilizar um padrão de sutura de Parker-Kerr (primeiro sutura de Cushing sobre<br />

a pinça e segundo Lembert ou Cushing) para a ligadura do corpo uterino, quando este<br />

encontra-se enormemente aumentado.<br />

A musculatura abdominal é fechada com um padrão de sutura interrompida<br />

(geralmente utiliza-se Sultan) com fio absorvível ou inabsovível de calibre 2-0. A<br />

redução do subcutâneo é feita com um padrão de sutura contínua (geralmente ziguezague)<br />

e pele é suturada com padrão de sutura interrompida (simples ou Wolf).<br />

02-Piometra<br />

Definição<br />

É o acúmulo de material purulento dentro do útero. A distensão uterina com<br />

fluído estéril é chamada hidrometra (secreções aquosas) ou mucometra (secreções<br />

mucóides).<br />

Fisiopatologia<br />

A piometra é uma afecção que apresenta um risco à vida potencial, associada a<br />

hiperplasia endometrial cística. A hiperplasia endometrial cística e a piometra se<br />

desenvolvem durante o diestro (dura cerca de 70 dias em cadelas não prenhes normais).<br />

A influência da progesterona excessiva ou uma resposta á progesterona<br />

exagerada fazem com que o tecido glandular uterino fique cístico, edematoso, espessado<br />

e infiltrado por linfócitos e plasmócitos. A drenagem uterina é prejudicada pela inibição<br />

por progesterona da contratilidade miometrial. Esse ambiente uterino anormal permite a<br />

colonização bacteriana e posterior piometra. Durante o diestro, a administração de<br />

estrógenos aumenta o risco de piometra (pelo aumento de receptores de progesterona no<br />

útero).<br />

A piometra felina é menos freqüente, pois o desenvolvimento do tecido luteal<br />

(para liberação de progesterona) exige a cópula ou ovulação induzida artificialmente.<br />

Escherichia coli constitui o microorganismo mais comum em piometras caninas<br />

e felinas, é uma invasão oportunista. Mas pode-se ter outros microorganismos como<br />

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Staphylococcus aureus, Streptococcus spp, Pseudomonas spp, Proteus spp, Pasteurella<br />

spp e outras.<br />

Se a cérvix estiver desobstruída ou „aberta‟ ocorrerá corrimento vaginal e uma<br />

cérvix fechada evita o corrimento infectado e causa uma doença mais séria.<br />

Anormalidades<br />

Hipoglicemia (choque séptico e sepsia esgotam os depósitos de glicogênio),<br />

disfunção renal (azotemia pré renal por má perfusão sanguínea, desidratação e choque,<br />

glomerulopatia primária por deposição de imunocomplexos, redução da capacidade de<br />

concentração tubular e outros), disfunção hepática (por colestase intra-hepática,<br />

retenção de pigmentos biliares e intoxicação decorrente da sepsia), anemia (por<br />

inflamação crônica que suprime a eritropoese e perda de hemácias no lúmen uterino),<br />

arritmias cardíacas (por choque, acidose e desequilíbrio eletrolítico) e anormalidades de<br />

coagulação (não é freqüente).<br />

Anatomia Cirúrgica<br />

Ver anteriormente a anatomia cirúrgica do trato reprodutivo em OSH.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Exponha o abdômen por meio de uma incisão na linha média ventral,<br />

começando 2 a 3 cm caudalmente à cartilagem xifóide e estendendo-se até o púbis.<br />

Explore o abdômen e localize o útero. Exteriorize com cuidado o útero, sem aplicação<br />

de pressão ou tração excessiva, pois está muito friável.<br />

*Não corrija uma torção uterina, pois isso liberará bactérias e toxinas.<br />

Isole o útero a partir do abdômen com toalhas esterilizadas e coloque pinças e<br />

ligaduras conforme já descrito anteriormente na OSH, exceto em que se pode<br />

resseccionar a cérvix (retirando-a).<br />

Lavar abundantemente o coto vaginal.<br />

Cuidados Pós-Operatórios<br />

-Analgesia conforme o necessário<br />

Metadona: 0,5mg/kg QID – IM, EV ou VO<br />

Tramadol: 4 a 8mg/kg TID - IM, EV ou VO<br />

-Monitoração do paciente por 24 a 48 horas, devido a sepsia, choque,<br />

desidratação e desequilíbrios eletrolítico e ácido-base.<br />

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-Fluidoterapia no pós-operatório até o animal retornar a alimentação e ingestão<br />

de água;<br />

dias;<br />

-Administração de antibióticos com base em antibiograma prévio por 10 a 14<br />

03-Cesariana<br />

03.1-Cesariana sem Ovariohisterectomia<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Realiza-se uma incisão na linha média ventral desde o umbigo até o púbis.<br />

Freqüentemente, o abdômen se encontra distendido e a linha alba apresenta-se delgada<br />

pela distensão, dessa forma o cirurgião deve ter cuidado para não promover a incisão de<br />

órgãos subjacentes.<br />

O útero é exteriorizado e isolado do abdômen por meio de compressas<br />

umedecidas. Então realiza-se a incisão na linha média ventral do corpo uterino ou<br />

incisão média em cada corno uterino, tendo o cuidado para não lacerar um dos fetos. O<br />

feto posicionado no corpo é removido primeiramente, seguindo-se pela remoção dos<br />

outros fetos nos cornos uterinos. O cirurgião deve conduzir os fetos até a incisão na<br />

parede uterina por movimentos peristálticos suaves conforme a figura 1. Após a<br />

exteriorização, o saco amniótico é rompido e os líquidos fetais presentes no neonato e<br />

no local devem ser sugados/enxugados.<br />

Se a placenta estiver se separando facilmente do útero, ela será removida<br />

juntamente com o neonato.<br />

O neonato deve ser entregue para o auxiliar e após alguns minutos o umbigo é<br />

pinçado a uma distância de 2 a 3 cm da parede corporal.<br />

Após a extração de todos os fetos aparentes, realiza-se palpação completa do<br />

útero, desde os ovários até a cérvix, para se certificar que não restou nenhum feto.<br />

A serosa e a incisão uterina são completamente limpas em preparação para o<br />

fechamento. Então procede-se com a histerotomia com fio de sutura absorvível fino (3-0<br />

ou 4-0) em plano único (sutura invaginante com padrão de Cushing ou Lambert) ou em<br />

dois planos (sutura simples contínua no primeiro plano, seguido de sobressutura com<br />

padrão contínuo tipo Cushing). Posteriormente cobre-se a incisão uterina com o omento<br />

(omentalização).<br />

*Cuidado para os conteúdos uterinos e fetais não entrarem em contato com a cavidade<br />

abdominal (isolar bem com compressas).<br />

**Caso tenha contaminação, deve-se utilizar fio de naylon.<br />

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Lava-se a cavidade abdominal com solução salina ou eletrolítica balanceada<br />

morna.<br />

A parede abdominal, subcutâneo a pele são suturadas por técnicas de rotina.<br />

Figura 1. O feto é delicadamente conduzido até o local da incisão e removido juntamente com a<br />

placenta. O saco amniótico é rompido e removido do feto.<br />

Fonte: SLATTER, 2007.<br />

*Acesso em Vacas: por via paramamária esquerda ou flanco esquerdo. E utiliza-se fio<br />

de sutura naylon 1 ou 2.<br />

03.2-Ressecção em Bloco<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Realiza-se uma ovariohisterectomia em bloco do útero gravídico primeiramente<br />

por meio de exteriorização e isolamento dos pedículos ovarianos e separação do<br />

ligamento largo desde o útero até a ponta da cérvix. Manipula-se os fetos na vagina ou<br />

na cérvix para o interior do corpo uterino.<br />

Depois, pinça-se dupla ou triplamente os pedículos ovarianos e o útero em<br />

sentido imediatamente cranial a cérvix. Transecciona-se rapidamente entre as pinças e<br />

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emova os ovários e útero. Repassa-se o útero para uma equipe de assistentes para abrir<br />

a ressuscitar o neonatos.<br />

O período desde o pinçamento do útero até a remoção dos neonatos deve ser de<br />

30 a 60 segundos.<br />

Liga-se duplamente os pedículos ovarianos e uterino, inspecione quanto a<br />

hemorragia e suture o abdômen com técnicas de rotina.<br />

04-Episiotomia<br />

Definição<br />

Indicações<br />

É uma incisão do orifício vulvar para permitir acesso ao vestíbulo e à vagina.<br />

Exploração cirúrgica da vagina, excisar massas vaginais, reparar lacerações,<br />

modificar defeitos ou estenoses congênitas, expor a papila uretral e facilitar uma<br />

extração fetal manual.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Deve-se posicionar o animal em posição pernieal. Coloca-se pinças nãoesmagadoras<br />

de Doyen em cada lado da linha média perineal como a figura 2. Faz-se<br />

uma incisão cutânea na linha média com lâmina de bisturi, através da comissura dorsal<br />

dos lábios vulvares, até exatamente distal ao músculo esfinctérico anal externo.<br />

Continua-se a incisão através do músculo e da parede vagina com uma tesoura de Mayo.<br />

Antes da ressecção das constrições anulares ou dos septos, introduz-se uma<br />

sonda uretral para evitar a incisão do tubérculo uretral.<br />

Pode-se proceder com a utilização de fios de reparo para melhor exposição da<br />

vagina e posterior sutura. Avalia-se a vagina e o vestíbulo e realiza-se qualquer<br />

procedimento exigido.<br />

Sutura-se a incisão de episiotomia em três camadas. Pré-colocando uma sutura<br />

interrompida para realinhar e reaproximar a comissura vulvar dorsal.<br />

Primeiramente reaproxima-se a mucosa vaginal com suturas contínuas ou<br />

interrompidas simples com fio absorvível 3-0 ou 4-0, depois reaproxima-se a<br />

musculatura e o tecido subcutâneo em padrão contínuo e por fim reaproxima-se a pele<br />

com suturas de aproximação interrompidas com fio inabsorvível ou absorvível 3-0 ou 4-<br />

0.<br />

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Figura 2. Episiotomia<br />

Fonte: FOSSUM, 2005<br />

05-Episioplastia<br />

Definição<br />

É um procedimento reconstrutivo realizado mais comumente para excisar dobras<br />

cutâneas excessivas ao redor da vulva que causam dermatite perivulvar.<br />

*Antes da reconstrução cirúrgica, a piodermatite de dobra cutânea deve ser tratada<br />

medicamente.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Com o paciente em posição perineal, avalia-se a quantidade de pele a ser<br />

excisada e também avalia-se a tensão esperada. Incisa-se em formato semilunar<br />

envolvendo a vulva nas bordas lateral e dorsal, faz-se uma segunda incisão semilunar<br />

medial e paralela à primeira para delinear a elipse de pele a ser removida. Excisa-se o<br />

segmento cutâneo e o excesso de tecido subcutâneo como na figura 3.<br />

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Coloca-se suturas interrompidas nas posições 90º, 270º e 360º para avaliar a<br />

eficácia da ressecção, se estiver bom procede-se a sutura para fechamento da<br />

episioplastia.<br />

Primeiramente aproxima-se as bordas cutâneas por aproximação do tecido<br />

subcutâneo usando suturas interrompidas com nós internalizados com fio absorvível ou<br />

inabsorvível 3-0 ou 4-0. As primeiras suturas devem estar na posição 360º, 90º e 270º<br />

para o alinhamento simétrico das bordas. E aproxima-se as bordas cutâneas com suturas<br />

interrompidas simples com naylon 3-0 ou 4-0.<br />

Figura 3. Episioplastia<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

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06-Neoplasias Mamárias<br />

Definições<br />

Lumpectomia: é a remoção de uma massa ou parte das mamas;<br />

Mastectomia Simples: é a excisão de uma glândula inteira;<br />

Mastectomia Regional: é a excisão da glândula envolvida e das glândulas<br />

adjacentes;<br />

Mastectomia Unilateral: é a remoção de todas as glândulas mamárias, do tecido<br />

subcutâneo e dos vasos linfáticos associados em um lado da linha média;<br />

Etiologia<br />

Mastectomia Bilateral: é a remoção simultânea de ambas as cadeias mamárias.<br />

Desconhecida, no entanto, muitas são hormônio-dependentes. A maior parte<br />

delas pode ser evitada caso se realize OSH antes do primeiro ano de idade.<br />

Encontram-se receptores de estrógenos e/ou progesterona em 80% dos<br />

carcinomas mamários caninos.<br />

Epidemiologia<br />

-São os tumores mais comuns em cadelas e é incomum em machos;<br />

-Aproximadamente 35 a 50% dos tumores mamários caninos e 90% dos tumores<br />

mamários em felinos são malignos. Podem metastizar via vasos linfáticos e sanguíneos<br />

para linfonodos regionais e pulmões comumente.<br />

-O risco de tumores mamário para cadelas castradas antes do seu primeiro estro<br />

é de 0,05%, este risco aumenta para 8% após um ciclo estral e para 26% após o segundo<br />

estro.<br />

Boxer com tumor de mama<br />

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Técnica Cirúrgica<br />

*Sempre fazer radiografia torácica e abdominal e também ultrassonografia para se<br />

verificar a existência ou não de metástase.<br />

**Animais com até 8 a 10 anos fazer mastectomia radical e em mais velhos deve-se<br />

pesar bem a sobrevida do animal.<br />

***Pode-se retirar linfonodos regionais se necessário.<br />

Com o paciente em decúbito dorsal faz-se uma incisão elíptica ao redor da(s)<br />

glândula(s) mamária(s) envolvida(s), a um mínimo de 1 cm do tumor como na figura 4.<br />

Continue a incisão através dos tecidos subcutâneos, até a fáscia da parede abdominal<br />

externa.<br />

*Evite incisar o tecido mamário.<br />

Controla-se a hemorragia superficial com eletrocoagulação, pinças hemostáticas<br />

e/ou ligaduras. Realiza-se uma incisão em bloco por meio do levantamento de uma<br />

borda da incisão e da dissecção do tecido subcutâneo a partir das fáscias dos músculos<br />

peitoral e reto.<br />

As glândulas abdominais e inguinais são fixadas frouxamente por gordura e<br />

tecido conjuntivo e são facilmente separadas da fáscia e do músculo reto, já as glândulas<br />

torácicas aderem-se aos músculos peitorais subjacentes com pouco tecido adiposo ou<br />

conjuntivo interposto.<br />

Ressecciona-se os linfonodos inguinais junto com a glândula mamária inguinal.<br />

O linfonodo axilar não deve ser incluído em ressecção em bloco das glândulas torácicas.<br />

Vasos de maior calibre como o vaso epigástrico superficial cranial, caudal e seus<br />

ramos devem ser ligados.<br />

Divulsiona-se as bordas do ferimento e avança-se a pele em direção ao centro do<br />

defeito com suturas móveis. Se o espaço morto for extenso, coloca-se um dreno de<br />

Penrose para ajudar a evitar o acúmulo de fluídos.<br />

Aproxima-se as bordas cutâneas com um padrão de sutura subcutâneo com fio<br />

de sutura absorvível ou inabsorvível 3-0 ou 4-0.<br />

Utiliza-se suturas cutâneas de aproximação com fio de sutura naylon 3-0 ou 4-0.<br />

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Figura 4. Mastectomia<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

07-Prolapso Uterino<br />

Definição<br />

É a eversão e protrusão de uma porção do útero através da cérvix, para o interior<br />

da vagina, durante ou perto do parto. Pode ocorrer também no cio. O tecido evertido<br />

tem a forma de uma rosquinha e é descolorido por causa da congestão venosa,<br />

traumatismo e resíduos. A mucosa evertida pode protruir através da vulva ou ser<br />

palpada digitalmente no interior da vagina.<br />

Um animal com prolapso uterino apresenta uma ou duas massas tubulares que se<br />

projetam da vulva.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

A massa em protrusão deve ser lavada com solução salina morna e massageada<br />

delicadamente para reduzir o edema. Posteriormente, deve-se lubrificar a massa com gel<br />

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hidrossolúvel e então reposiciona-se manualmente por meio do uso da pressão externa<br />

caso o útero esteja sadio. Ou por celiotomia com tração manual interna.<br />

Deve-se fazer a celiotomia para tracionar manualmente o corpo uterino e a<br />

ovariohisterectomia deverá ser realizada se o tecido se encontrar desvitalizado ou<br />

irredutível.<br />

A desvitalização uterina extensa requer ovariohisterectomia após a redução do<br />

prolapso. Se for impossível a redução do útero, realiza-se amputação do útero e a<br />

redução do coto. Pode ser necessária a estabilização de um animal que se apresenta<br />

toxêmico e em choque, antes da aplicação da anestesia geral.<br />

Para a amputação do prolapso uterino, realiza-se uma incisão na porção cranial<br />

do corpo uterino, próximo a vulva. As extremidades craniais dos cornos uterinos ficam<br />

visíveis. A tração suave dos cornos uterinos pode expor os ovários. O útero é<br />

seccionado e suturado com fios absorvíveis em padrão simples interrompido. O coto<br />

uterino é reduzido através da vagina.<br />

08-Deferectomia (Vasectomia)<br />

Definição<br />

Consiste na retirada de um segmento do ducto deferente, impedindo a saída dos<br />

espermatozóides dos testículos, que como conseqüência, resulta na ausência desses no<br />

ejaculado.<br />

Objetivos<br />

Manter o comportamento de machos sem que aja a possibilidade da liberação de<br />

ejaculado com espermatozóides (rufiões) que viabilizariam uma gestação. Técnica<br />

utilizada em grandes animais.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Deve-se retirar o maior segmento possível.<br />

09-Orquiectomia<br />

Indicações<br />

Eliminar função reprodutiva, modificar comportamento (micção em locais<br />

inapropriados), diminuição da agressividade, neoplasias e traumas, orquite e<br />

epididimite, hiperplasia prostática e hérnia perineal.<br />

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Anatomia Cirúrgica<br />

O pênis possui raiz, corpo e glande. O corpo do pênis é composto por dois<br />

corpos cavernosos circundados pela túnica albugínea. Os dois corpos cavernosos se<br />

estendem lado a lado, separados por um septo mediano, até o osso peniano na glande.<br />

A extremidade distal do pênis (glande) é recoberta pelo prepúcio. A extremidade distal<br />

do pênis canino se orienta cranialmente e localiza-se ventralmente à parede abdominal e<br />

a do felino se orienta caudalmente e ventralmente ao períneo.<br />

A uretra corre pelo sulco ventral do osso peniano e no pênis. O corpo esponjoso<br />

circunda a uretra.<br />

O escroto se localiza entre a região inguinal e o ânus. Nos caninos, a pele<br />

escrotal é fina e esparsamente peluda e no felino é mais dorsal e densamente peludo.<br />

O testículo, o epidídimo, o ducto deferente e os vasos e nervos são cobertos<br />

pelas túnicas vaginais (visceral e parietal) e pela fáscia espermática.<br />

O ligamento da causa do epidídimo fixa o epidídimo na túnica vaginal e na<br />

fáscia espermática.<br />

Cordão espermático é composto por artéria e veia testicular (plexo<br />

pampiniforme), vasos linfáticos, nervos autônomos, musculatura lisa (músculo<br />

cremaster) e ducto deferente. E começa no anel inguinal.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

-Locais de Acesso:<br />

-Incisões:<br />

-Perineal: difícil exposição;<br />

-Escrotal: tem-se maiores complicações no pós-operatório;<br />

-Pré-Escrotal: local de acesso mais indicado;<br />

-Perienal: gato e suíno (em cima de cada testículo ou entre estes);<br />

-Pré-Escrotal: uma única incisão na região pré-escrotal mediana (base do<br />

pênis). Primeiramente deve-se deslocar o testículo para esta região, e posteriormente<br />

proceder com a incisão em cima do testículo deslocado.<br />

-Escrotal: incisão sobre a pele escrotal e pode ser executada em vários<br />

locais, geralmente na parte mais distal do escroto.<br />

-Técnica: faz-se a incisão na pele no local desejado (perineal, escrotal ou préescrotal)<br />

e exterioriza-se o testículo envolto por suas túnicas e incisa-se também a túnica<br />

vaginal (porção parietal) expondo o testículo e cordão espermático. Deve-se romper o<br />

ligamento da cauda do epidídimo. Utiliza-se a técnica das 3 pinças no cordão<br />

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espermático como um todo ou pode-se fazer o pinçamento separado do ducto deferente<br />

do restante do tecido. O método de colocação das pinças segue a mesma maneira da<br />

anterior. O fio (nó) é feito na frente da primeira pinça e deve ser utilizado 2-0 para cães<br />

e de 2-0 a 3-0 para gatos. Após feita a ligadura, faz-se a incisão do tecido aprisionado<br />

pelas pinças entre a segunda e terceira pinça. Verifica-se se não há sangramento e<br />

libera-se o coto e certifica-se que este entrou no canal inguinal. Após isto, liga-se a<br />

túnica vaginal parietal. Dependendo da espécie pode-se fazer a redução do subcutâneo e<br />

sutura de pele.<br />

*Em eqüinos pode ser feito o uso de emasculador.<br />

10-Hiperplasia Prostática<br />

Definição<br />

É o aumento de tamanho benigno da próstata (90% dos casos). Ocorre um<br />

número aumentado de células prostáticas secundárias à estimulação por hormônios<br />

androgênicos.<br />

Constitui a prostatopatia canina mais comum, afeta geralmente cães senis (acima<br />

de 8 anos) e não castrados.<br />

Causas<br />

-Proporção anormal de andrógenos com relação a estrógenos;<br />

-Aumento no número de receptores androgênicos;<br />

-Aumento na sensibilidade tecidual a androgênicos;<br />

Sinais Clínicos<br />

Tenesmo, constipação, alteração na forma fecal, disúria, hematúria ou<br />

sangramento uretral<br />

Tratamento<br />

-Médico: estrogenoterapia, mas não é recomendada, pois causa infertilidade,<br />

metaplasia escamosa, abscedação e anemia aplásica. E também possui muitos efeitos<br />

colaterais.<br />

-Cirúrgico: orquiectomia. A castração involui permanentemente a próstata<br />

dentro de 3 a 12 semanas.<br />

*A prostatectomia subtotal constitui uma opção em casos de animais reprodutores<br />

valiosos.<br />

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11-Abscessos Prostáticos<br />

Definição<br />

São acúmulos localizados de material purulento dentro do parênquima<br />

prostático. E prostatite é uma infecção da próstata, com ou sem formação de abscessos.<br />

Geralmente afeta cães acima de 8 anos e não castrados.<br />

Microorganismos Comuns<br />

Escherichia coli, Pseudomonas spp, Staphylococcus spp, Streptococcus spp e<br />

Proteus spp.<br />

Tratamento<br />

-Médico: administração de antibióticos por 3 semanas (Ex.: classe das<br />

quinolonas como a enrofloxacina, associado ou não à ampicilina).<br />

*Deve-se fazer urinálise e cultura.<br />

-Tratamento Cirúrgico: drenagem dos abscessos e orquiectomia.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Deve-se drenar abscessos ou cistos grandes. A escolha dos procedimentos de<br />

drenagem dependem do tamanho e da localização do abscesso.<br />

Marsupialização: é viável se for possível a mobilização do abscesso para a<br />

parede abdominal ventral e que a cápsula seja capaz de sustentar suturas. Mais utilizada<br />

em cistos do que em abscessos. A marsupialização da próstata consiste na criação<br />

cirúrgica de uma fístula ente o saco preenchido por fluído e a parede abdominal. Usa-se<br />

neste procedimento uma sutura de nylon monofilamentar número 2-0 em um padrão<br />

interrompido simples. Esta técnica tem melhor efetividade em casos de um abscesso<br />

grande ou de um cisto abdominal. O animal deve permanecer no pós-operatório com um<br />

cateter de Foley através da abertura da marsupialização e inflar o bulbo para a drenagem<br />

nos primeiros dias.<br />

Técnica de Drenos Múltiplos: exponhe-se a próstata por meio de celiotomia na<br />

linha média ventral, desde o umbigo até o púbis. Se for necessário pode-se proceder<br />

com osteotomia púbica para facilitar o acesso. Coloca-se suturas de tração através da<br />

parede vesical para retrair a próstata cranialmente. Insere-se uma agulha de grande<br />

calibre no interior do abscesso, coleta-se amostra para cultura e antibiograma e aspira-se<br />

o conteúdo. Aspira-se e lava-se a cavidade para remover os acúmulos de fluídos.<br />

Debrida-se o tecido necrosado e coloca-se dois a quatro drenos de Penrose<br />

transversalmente. Exterioriza-se a extremidade dos drenos 2 a 3 cm lateralmente à<br />

incisão abdominal e ao prepúcio e fixa-se os drenos na pele com suturas cruzadas com<br />

naylon 3-0. Faz-se a omentalização do local adjacente a próstata e procede-se com a<br />

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sutura das três camadas do abdômen como de rotina. Os drenos podem ser removidos<br />

em 5 a 7 dias. Se forem drenos siliconados pode-se deixar por mais tempo.<br />

*A prostatectomia radical deve ser realizada em últimos casos, pois leva a problemas<br />

como incontinência urinária.<br />

Infecções Cirúrgicas<br />

Fatores de Risco do Hospedeiro<br />

-Irradiação prévia do local cirúrgico;<br />

-Idade avançada do animal (acima de 8 anos);<br />

-Infecção ativa em local distante;<br />

-Índices anormais da condição corporal;<br />

-Fatores individuais: queimaduras, subnutrição, imunodeficiência (Ex.:<br />

administração de corticosteróides), doença vascular periférica, obesidade e<br />

endocrinopatias gerais;<br />

*O risco de infecção pós-operatória da ferida cirúrgica é duas vezes maior para animais<br />

submetidos a procedimentos que levam 90 minutos do que para aqueles submetidos a<br />

procedimentos que duram 60 minutos. Para cada hora a mais além dos 60 minutos o<br />

risco aumenta em 30%.<br />

Fatores de Risco antes da Cirurgia<br />

-Locais cirúrgicos tricotomizados com lâmina em qualquer momento antes da<br />

indução anestésica;<br />

-Preparação inadequada da pele no local cirúrgico. Não realização de<br />

banho/higiene pré-operatória;<br />

-Duração da anestesia acima de 60 minutos;<br />

-Administração de propofol como parte do protocolo anestésico;<br />

Fatores de Risco durante a Cirurgia<br />

-Contaminação intra-operatória acima de 10 5 microorganismos/grama de tecido;<br />

-Duração da cirurgia acima de 90 minutos;<br />

-Material estranho ou débris;<br />

-Contaminação intra operatória (Ex.: secção de intestinos);<br />

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-Determinados tipos de cirurgia (Ex.: toracotomia de emergência);<br />

-Procedimentos múltiplos (não é recomendado);<br />

-Material de sutura trançado ou miltifilamentar;<br />

-Presença de tecido desvitalizado;<br />

-Utilização de material inadequado: fios muito calibrosos, fios inadequados para<br />

determinadas situações (Ex.: categute para locais contaminados), sutura muito apertada,<br />

esmagamento tecidual, presença de hematoma ou coágulo e presença de espaço morto<br />

anatômico.<br />

*Demora cerca de 5 horas para atingir 10 5 ou 10 6 microorganismos/grama de tecido.<br />

Acima disso necessita-se fazer o fechamento da ferida por 2ª intenção, fazer a colocação<br />

de dreno e administração de antibiótico.<br />

**Melhor fio para locais contaminados é o naylon monofilamentar, o qual é inerte e<br />

com baixa capilaridade;<br />

Fontes Bacterianas<br />

Endógenas: bordas de feridas, sangue e linfa (por enfermidades intercorrentes);<br />

Exógenas: ar, equipe, instrumental e superfície externa do paciente.<br />

Infecção Nasocomial (Hospitalar)<br />

Principais Microorganismos: Staphylococcus aureus, Streptococcus β-<br />

hemoliticus, Klebsciela spp, Escherichia coli, Pseudomonas spp e Proteus spp.<br />

Diagnóstico de Infecção Cirúrgica<br />

Sinais Clínicos Gerais: hipertermia (1 a 2 dias após procedimento cirúrgico é<br />

normal/fisiológico. Acima disto é preocupante), prostração, anorexia, polidipsia e em<br />

casos mais graves sinais de toxemia como: aumento do TPC, mucosas cianóticas,<br />

desidratação grave e hipotermia severa.<br />

Sinais Clínicos Locais: edema de bordos, pontos apertados, eritema,<br />

sensibilidade exagerada, aumento da temperatura, seroma e supuração.<br />

*Hipertermia, leucocitose, aumento da temperatura local e secreção serosa nas primeiras<br />

24 a 48 horas nem sempre são sinais de infecção. Pode ser uma resposta inflamatória<br />

normal a uma ferida cirúrgica.<br />

Infecção da Ferida Cirúrgica<br />

As recomendações para a administração profilática de antimicrobianos em<br />

medicina veterinária baseiam-se no sistema de classificação de feridas do National<br />

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Research Council usado em seres humanos, que categoriza as feridas cirúrgicas com<br />

base na extensão da contaminação operatória.<br />

Critérios de Classificação de Feridas do NRC<br />

Classificação<br />

Limpa<br />

Ex.: orquiectomia eletiva<br />

Critérios<br />

Cirurgia eletiva.<br />

Atraumática, ausência de dreno e cicatrização por 1ª intenção.<br />

Inflamação e infecção não encontrada.<br />

Técnica correta.<br />

Sem penetração dos tratos respiratório, gastrointestinal ou genitourinário.<br />

Limpa-Contaminada<br />

Ex.: colecistotomia<br />

Penetração dos tratos gastrointestinal ou respiratório, sem derramamento<br />

significativo.<br />

Penetração da orofaringe e penetração vaginal.<br />

Penetração do trato genitourinário na ausência de urina infectada.<br />

Ferimento de outra forma limpo, no qual se coloca um dreno.<br />

Pequena alteração na técnica.<br />

Contaminada<br />

Ex.: massagem cardíaca<br />

Grande alteração da técnica.<br />

Derramamento visível do trato gastrointestinal.<br />

Ferimento traumático recente (menos de 4 horas).<br />

Penetração do trato genitourinário ou do trato biliar na presença de urina<br />

ou bile infectada.<br />

Quebra importante na técnica asséptica.<br />

Suja<br />

Inflamação bacteriana aguda detectada.<br />

Fonte: adaptado de FOSSUM e SLATTER.<br />

Princípios da Terapia Antimicrobiana<br />

Transecção de tecidos „limpos‟ para conseguir acesso cirúrgico a acúmulo<br />

de pus.<br />

Ferimento traumático com retenção de tecido desvitalizado, corpos<br />

estranhos e contaminação (por mais de 4 horas).<br />

Profilática: antibióticos profiláticos devem estar presentes no local cirúrgico<br />

durante o período de contaminação potencial para evitar o crescimento de patógenos<br />

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contaminantes. Deve ser utilizado antes da cirurgia, logo após a indução e é repetido<br />

conforme a necessidade (não se prolonga por mais de 3 a 6 horas).<br />

Utilização: período de cirurgia superior a 90 minutos, implantação de<br />

próteses, pacientes com próteses preexistentes, ferimentos intensamente infectados ou<br />

traumatizados, substituição coxofemoral total, reparo de fratura exposta ou extensa,<br />

ressecção de lobo pulmonar infectado, cirurgias esofágicas, anais, retais, renais, uretrais,<br />

vesicais, herniorrafia perineal e outros.<br />

Terapêutico: baseia-se em julgamento clínico, conhecimento do mecanismo de<br />

ação do antibiótico e fatores microbiológicos.<br />

Utilização: qualquer procedimento já citado na antibioticoterapia<br />

profilática que seja sujo ou contaminado. Em procedimentos acima de 5 horas.<br />

Protocolo Geral<br />

Limpa: sem administração de antibióticos.<br />

Limpa-Contaminada ou Contaminada: administração de antibióticos<br />

profiláticos.<br />

Suja ou Infectada: administração de antibióticos terapêuticos.<br />

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Cirurgia do Sistema Musculoesquelético (Fraturas)<br />

Definição<br />

É a perda da continuidade óssea, geralmente com separação de um osso em dois<br />

ou mais fragmentos.<br />

Anatomia e Fisiologia<br />

Os ossos formam parte essencial do sistema locomotor, agindo como alavancas<br />

durante o movimento e resistindo à força da gravidade. Eles também protegem e<br />

sustentam tecidos e órgãos adjacentes. Além destas funções mecânicas, os ossos<br />

exercem uma função química importante, proporcionando um reservatório para<br />

homeostasia mineral.<br />

O osso tem várias regiões funcionalmente distintas. Nas superfícies articulares,<br />

está a cartilagem articular. Circundando todo o osso está a estrutura membranosa, o<br />

periósteo. Revestindo a área que envolve a cartilagem (cápsula) das articulações e<br />

também as bainhas tendionsas estão as membranas sinoviais, que proporcionam<br />

nutrição e lubrificação para a cartilagem articular ao mesmo tempo que servem como<br />

barreira protetora. A trama de osso esponjoso lamelar fica debaixo da fise em uma<br />

metáfise, e o osso compacto cortical circunda uma cavidade medular na região<br />

diafisiária.<br />

Partes do Osso<br />

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Epífise: parte distal do osso;<br />

Metáfise: parte intermediária entre epífise e diáfise;<br />

Diáfise: parte central do osso;<br />

Zonas Anatômicas<br />

Fise: local de crescimento (em animais jovens);<br />

Cortical: entre metáfises, também denominado de osso compacto, o qual é a<br />

região mais densa.<br />

Esponjoso: extremidades ósseas;<br />

Medular: internamente ao canal medular;<br />

Suprimento Sanguíneo Ósseo<br />

Em um osso longo maduro, existem três sistemas vasculares funcionais<br />

conforme a figura 5. São referidos como sistemas vasculares aferente, eferente e<br />

intermediário.<br />

Aferente: composto pela artéria nutridora principal (dividida em artérias<br />

medulares ascendentes e descendentes) responsável pela irrigação da superfície<br />

endóstea e de toda a diáfise, pelas artérias metafisiárias (formam um anel ao redor da<br />

metáfise), e pela irrigação sanguínea periosteal – artérias epifisiárias (vestigial em ossos<br />

maduros, exceto em locais de inserção tendínea ou fascial).<br />

Eferente: permite a drenagem de sangue do osso.<br />

Intermediário: é o que liga o sistema aferente ao eferente.<br />

Figura 5. Suprimento Sanguíneo de um osso imaturo (à dir.) e de adulto (à esq.)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

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*Pino intramedular: não deve preencher todo o canal medular, pois interrompe a<br />

circulação. No máximo pode preencher cerca de 60 a 70% do canal.<br />

Etiologia das Fraturas<br />

Fonte Externa:<br />

-Fonte Direta: fratura próxima ao ponto de impacto;<br />

Fonte Indireta: há cerca distância da incidência da força e a força é<br />

transmitida através do osso ou de músculos.<br />

Ex.: avulsão de crista da tíbia (mais comum em jovens e o<br />

tratamento consiste na colocação de pino com banda de tensão), olecrano ou trocanter<br />

maior.<br />

Fonte Interna (Enfermidades Ósseas):<br />

Patológicas ou Espontâneas:<br />

-Neoplasias primárias ou secundárias<br />

Ex.: osteossarcoma em ossos longos, geralmente em raças<br />

gigantes como em Pastor Alemão, Rottweiler, Doberman e Boxer.<br />

-Hiperparatireoidismo nutricional (Ex.: animais com dieta<br />

somente de carne) ou renal. Há o desequilíbrio na relação Ca:P com aumento sérico de<br />

potássio e então resposta para saída de cálcio dos ossos (reabsorção óssea);<br />

-Osteomielite;<br />

*Deve-se diferenciar osteomielite de osteossarcoma por biópsia óssea.<br />

**Radiologia:<br />

-Osteossarcoma: os sinais mais sugestivos de neoplasia óssea incluem lise<br />

cortical em lesões que não ultrapassam o espaço articular. O aspecto radiográfico pode<br />

ser variável, porém lesões ósseas primárias tipicamente revelam proliferação óssea e lise<br />

cortical na região metafisária que podem ser severas o suficiente para promover áreas de<br />

descontinuidade do córtex. Em ossos longos, observa-se lesões osteolíticas que<br />

apresentam bordas irregulares ou onduladas com padrão de aspecto “comido por traça”,<br />

ou contorno ósseo alargado ao longo de toda a parte trabecular da epífise, estendendo-se<br />

até a metáfise ou diáfise. A reação periosteal está freqüentemente presente e tem uma<br />

aparência de "raios de sol". Pode haver também o conhecido "triângulo de Codman",<br />

que representa o levantamento do periósteo, ocasionado pelo crescimento do tumor. ). O<br />

triângulo de “Codman” não é patognomônico do OSA, as reações periosteais estão<br />

presentes em cerca de 95% das lesões.<br />

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-Osteomielite: pode-se observar proliferação de osso novo e ocasionalmente gás<br />

nos tecidos moles.<br />

Figura 6. Osteomielite e Osteossarcoma (respectivamente).<br />

Fonte: SLATTER, 2007.<br />

Fatores Gerais:<br />

-Idade (animais muito jovens de raças pequenas);<br />

-Alimentação deficiente (deficiência mineral);<br />

-Espécie: cães > felinos > eqüinos<br />

Classificação das Fraturas<br />

O objetivo de se classificar as fraturas é formar um protocolo por meio do qual<br />

se decide visando à conduta apropriada.<br />

Conforme Lesões Externas<br />

-Fechada ou Simples: é aquela em que a pele que a recobre permanece intacta<br />

conforme a figura 7.A.<br />

Aberta ou Exposta: é aquela em que há comunicação entre o foco da fratura e a<br />

lesão da pele. Podem ser classificadas como de primeiro, segundo ou terceiro grau,<br />

conforme o dano e a contaminação dos tecidos moles. Conforme a figura 7.B.<br />

24<br />

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Figura 7. Fratura fechada (A) e Fratura aberta (B)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

Conforme a Extensão das Lesões<br />

-Completa: é aquela em que há total interrupção da continuidade do osso e é,<br />

normalmente, caracterizada por fragmentos deslocados. Conforme figura 8.A<br />

-Incompleta: é aquela em que se mantém parcialmente a continuidade do osso<br />

como nas fraturas em galho verde de animais jovens ou fissuras em animais adultos.<br />

Conforme figura 8 B e C.<br />

Figura 8. Fratura completa (A), Fratura<br />

incompleta em galho verde (B) e Fratura com<br />

fissuras (C)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

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Conforme a Localização Anatômica (conforme figura 9)<br />

-Proximal;<br />

-Distal;<br />

-Diafisiária;<br />

Subdivididas em:<br />

-Articulares<br />

-Epifisiárias<br />

-Metafisiárias<br />

-Fisiárias<br />

-<br />

Subdivididas em 6 tipos conforme Salter e Harris<br />

Conforme figura 10.<br />

Figura 9. Classificação conforme localização anatômica<br />

Figura 10. Classificação de Salter-Harris<br />

da placa de crescimento (fisiárias)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

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Conforme a Direção da Fratura<br />

-Transversa: é aquela em que a linha de fratura forma um angula reto com o<br />

eixo longo do osso. Conforme figura 11.A.<br />

-Oblíqua: é a que forma um ângulo ao longo do eixo do osso. A linha de fratura<br />

tem comprimento menor que o dobro do diâmetro do osso. Conforme figura 11.B.<br />

-Espiral: forma uma curva ao redor do osso. Conforme figura 11.C.<br />

-Cominutiva: há vários fragmentos e as linhas de fratura se comunicam. A<br />

porcentagem do comprimento ósseo envolvido é freqüentemente estimada nestas<br />

fraturas. Conforme figura 11.D.<br />

-Segmentária (múltipla): o osso é fratura em três ou mais segmentos e as linhas<br />

de fratura não se comunicam. Conforme figura 11.E.<br />

Figura 11. Transversa (A), Oblíqua (B), Espiral (C), Cominutiva (D) e Segmentar (E)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

Conforme o Deslocamento dos Segmentos Ósseos<br />

-Impactada: compactação de segmentos, um fragmento ósseo fraturado penetra<br />

no outro. Conforme figura 12.A<br />

-Avulsão: fratura com posterior tração de um tendão ou ligamento. Conforme<br />

figura 12.B.<br />

-Depressão ou Afundamento: o osso afetado é comprimido formando uma<br />

depressão côncava e geralmente ocorre em crânio ou costelas.<br />

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Figura 12. Fratura Impactada e Fratura com Avulsão<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

Conforme a Estabilidade em Relação ao Reposicionamento Anatômico<br />

-Estáveis: são as transversas, oblíquas curtas não pontiagudas ou fraturas em<br />

galho verde. A fixação se faz necessária para evitar deformidade angular e, algumas<br />

vezes rotação. Dependendo do local da fratura, isso pode ser obtido por coaptação<br />

externa ou aplicação de um pino intramedular, fixador externo ou placa.<br />

*Úmero e fêmur sempre requerem intervenção cirúrgica devido a sua localização.<br />

-Instáveis: são oblíquas, espirais ou cominutivas. Os fragmentos ao serem<br />

reduzidos deslizam, de forma que há necessidade de fixação para se manter o<br />

comprimento do osso e prevenir deformidades. Isto usualmente envolve a aplicação de<br />

placa e parafusos ou fixador externo.<br />

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Tratamento de Fraturas<br />

Fatores que devem ser considerados quanto a união óssea:<br />

-Idade do paciente;<br />

-Localização e tipo de fratura;<br />

-História da fratura (infecção, cirurgias isoladas ou múltiplas, fixação<br />

interrompida ou inadequada, circulação prejudicada e redução inadequada);<br />

-Lapso de tempo desde a redução e fixação;<br />

-Tipo de fixação (menos que ótimo e excessivamente rígida);<br />

-Exame radiográfico (pelo menos em dois planos);<br />

Para o Sucesso do Tratamento:<br />

-Boa coaptação das bordas;<br />

-Precisão da redução (contato ósseo de no mínimo 50% da área);<br />

-Eficiente estabilidade;<br />

-Adequada manipulação dos tecidos moles adjacentes;<br />

-Integridade do suprimento sanguíneo aos tecidos (ossos e musculatura);<br />

Redução da Fratura<br />

Refere-se ao processo de recolocação dos segmentos fraturados em sua posição<br />

anatômica original.<br />

Tipos: fechada ou aberta<br />

01-Redução Fechada<br />

É usualmente alcançada mediante manipulação, juntamente com a aplicação de<br />

tração e contratação. Isto é o ideal, desde que possa ser feito e mantido com o mínimo<br />

de trauma tissular.<br />

Esta manobra está usualmente limitada às fraturas recentes, fraturas estáveis e<br />

aos animais que permitem uma palpação facilitada (Ex.: gatos e pequenos cães).<br />

Critérios para utilização<br />

-Imobilizar articulação proximal e distal;<br />

-Fraturas estáveis;<br />

-Necessita de 50% de contato ósseo entre os fragmentos;<br />

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-Fraturas articulares e pro avulsão não devem ser tratadas por coaptação externa;<br />

Tipos:<br />

-Muleta de Thomas;<br />

-Bandagem de Robert-Jones;<br />

-Talas de Imobilização do Carpo;<br />

-Tipóia de Velpeau;<br />

-Tipóia Ehmer;<br />

-Tipóia 90-90;<br />

01.1-Muleta de Thomas figura 13<br />

O aparelho é normalmente confeccionado a partir de uma barra de alumínio,<br />

com o centro da barra é confeccionado uma anel de diâmetro tal que se adapte à base do<br />

membro.<br />

Se o aparelho é aplicado ao membro pélvico, o anel é primeiramente angulado<br />

para evitar pressão excessiva sobre a região inguinal e vasos sanguíneos femorais.<br />

A tala é primeiramente utilizada para restringir o movimento, contudo, poderá<br />

ser aplicada para combinar tração limitado com a fixação.<br />

Indicações<br />

-Método temporário ou definitivo de imobilização;<br />

-Oferece imobilização adicional à osteossíntese;<br />

-Utilizada para membros torácicos e pélvicos, exceto úmero, fêmur, escápula e<br />

falanges;<br />

-Imobilização para cirurgias articulares, tendões e nervos.<br />

*Cirurgia em tendões necessita de 6 semanas de repouso;<br />

**Cirurgia em nervos necessita de 6 meses a 1 ano de repouso;<br />

Cuidados Pós-Operatórios<br />

-Manter o aparelho limpo e seco;<br />

-Anel proximal deve ser verificado diariamente;<br />

-Verificar presença de edema e dor;<br />

-Revisar a muleta a cada 7 dias;<br />

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Figura 13. Muleta de Thomas<br />

Fonte: BRINKER, PIERMATTEI e GRETCHEN, 1986.<br />

01.2-Bandagem de Robert-Jones figura 14<br />

Indicações<br />

Vantagens<br />

-Fraturas de rádio, ulna, carpo, metacarpo, tíbia, tarso, metatarso e falanges.<br />

-Ideal para animais menores que 20kg;<br />

-Melhor enfaixamento temporário;<br />

-Prevenção e/ou redução de edema (desde que esteja bem acolchoado com<br />

algodão ortopédico);<br />

-Prevenção de traumatismo adicional;<br />

-Baixo custo;<br />

-Necessita de sedação para melhor manipulação;<br />

-Dura cerca de 3 a 4 semanas;<br />

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Figura 14. Bandagem de Robert-Jones<br />

Fonte: adaptado de DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

Colocação<br />

1º: estribo com esparadrapo medial e lateral, estendendo-se a partir de um ponto<br />

sobre o carpo ou tarso de 7 a 10 cm além dos dedos.<br />

2º: envolver membro com algodão ortopédico começando pelo dedos,<br />

estendendo-se até o nível do eixo médio do fêmur ou úmero. As unhas dos dois dedos<br />

médios devem permanecer descobertas, permitindo, mais tarde, o acesso para avaliação.<br />

3º: envolver com atadura ou gaze elástica de 6 ou 10 cm começando dos dedos e<br />

sempre passando 50-50 (passa-se 50% da atadura em cima da outra que já foi passada).<br />

Pelo menos duas ou três camadas são aplicadas à bandagem para atingir a tensão<br />

contínua e por igual necessária. Nas extremidades proximal e distal a atadura/gaze é<br />

introduzida na bandagem para dar ao acolchoamento uma boa aparência e para evitar<br />

que o algodão se desfie e se desprenda da bandagem.<br />

*O conjunto deverá parecer uma „melancia madura‟ ao ser percutido com o dedo;<br />

4º: as tiras de esparadrapo do passo número 1 são invertidas e coladas à<br />

superfície externa da atadura/gaze.<br />

5ª: aplica-se esparadrapo por toda a extensão da bandagem tendo cuidado para<br />

evitar pressão excessiva.<br />

01.3-Bandagem Leve ou Modificada de Robert-Jones<br />

É aplicada de maneira semelhante à bandagem padrão, mas é utilizada menos<br />

quantidade de acolchoado de algodão. Com esse tipo de bandagem, menos imobilização<br />

do membro é alcançada, pela maior flexibilidade.<br />

Indicação<br />

32<br />

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É indicada sempre que uma atadura de suporte levemente compressiva seja<br />

necessária para reduzir o edema do tecido mole.<br />

Utilização<br />

Geralmente utilizada em cirurgias articulares de joelho ou cotovelo ou abaixo<br />

destas articulações.<br />

01.4-Bandagem Reforçada de Robert-Jones figura 15<br />

A bandagem leve de Robert-Jones é freqüentemente reforçada com material<br />

rígido para aumentar a imobilização das articulações.<br />

A estabilidade melhorada e o volume reduzido da bandagem reforçada fazem<br />

com que ela seja uma excelente escolha para a estabilização temporária de uma fratura<br />

após a cirurgia ou como coaptação externa adjuvante para um reparo interno sutil.<br />

O material reforçado é geralmente aplicado à bandagem no topo do<br />

acolchoamento de algodão e da atadura/gaze.<br />

Sinais de Complicação<br />

Figura 15. Bandagem de Robert-Jones Reforçada<br />

Fonte: adaptado de SLATTER, 2007<br />

Dor, hiperemia, tumefação, edema, áreas irritadas no local de apoio da muleta,<br />

odor fétido e cianose dos dígitos.<br />

*Quando imobilizar um membro, não se deve deixá-lo estendido por mais de 3 a 4<br />

semanas quando em animal jovem, pelo fato de formar um enrijecimento muscular.<br />

33<br />

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01.5-Bandagem sem Apoio figura 16<br />

Uma faixa do tipo crepe é enrolada à extremidade, o membro é flexionado e a<br />

bandagem é tracionada sobre o aspecto lateral do ombro envolvendo o tórax.<br />

Indicações<br />

São utilizadas para imobilizar lesões de ombro, escápula , úmero proximal,<br />

repouso de procedimentos em tendões e nervos.<br />

Figura 16. Bandagem sem Apoio<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

01.6-Tipóia de Velpeau figura 17<br />

Mantém as articulações do carpo, cotovelo e ombro em posição flexionada e<br />

impede a sustentação de peso do membro anterior.<br />

Indicações<br />

Fraturas de escápula e úmero (estáveis e fissuras)<br />

Figura 17. Tipóia de Velpeau<br />

Fonte: SLATTER, 2007.<br />

34<br />

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01.7-Tipóia de Ehmer figura 18<br />

É utilizada para impedir a sustentação de peso sobre o membro pélvico e para<br />

manter um grau limitado de rotação interna da articulação coxofemoral e abdução do<br />

membro<br />

Indicações<br />

É comumente utilizada como coaptação primária após a redução fechada para a<br />

luxação coxofemoral craniodorsal.<br />

*Entre 12 e 24 horas de luxação pode-se fazer coaptação externa, mais que isso<br />

necessita cirurgia.<br />

Figura 18. Tipóia de Ehmer<br />

Fonte: SLATTER, 2007 e DENNY e BUTTERWORTH, 2006.<br />

01.8-Tipóia 90-90<br />

Utilizada para evitar que o animal apoie o membro pélvico.<br />

35<br />

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02-Redução Aberta<br />

Indicações<br />

Vantagens<br />

-Impossibilidade de redução fechada (por espasmo muscular);<br />

-Fraturas intracapsulares;<br />

-União retardada ou não união óssea;<br />

-Fixação interna;<br />

-Mau alinhamento ósseo;<br />

-Remoção de seqüestros (esquílulas ósseas);<br />

-Permite redução acurada;<br />

-Obtém-se rigidez na imobilização;<br />

-Requer menor tempo de envolvimento com o paciente;<br />

-Evita enfermidades das fraturas como: atrofia muscular, complicações<br />

circulatórias, enrijecimento muscular e contratura muscular;<br />

Desvantagens<br />

-Possibilidade de infecção;<br />

-Interfere no estágio inicial da inflamação;<br />

-Pode interferir com a função neuro-muscular;<br />

02.1-Transfixação Esquelética Externa (Transfix)<br />

Indicações<br />

-Fraturas estáveis e instáveis;<br />

-Fraturas expostas ou infectadas (melhor método);<br />

-Fraturas por arma de fogo;<br />

-União retardada ou não união óssea;<br />

-Osteotomia corretiva;<br />

-Fraturas diafisiárias simples ou cominutivas de rádio-ulnar e tíbia/fíbula;<br />

-Fraturas mandibulares;<br />

36<br />

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-<br />

Configurações de Transfixadores Externos<br />

Fixador Unilateral Uniplanar (Ia): possui uma barra de conexão e meios pinos.<br />

Conforme figura 19.<br />

Figura 19. Fixador tipo Ia<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

.<br />

Fixador Unilateral Biplanar (Ib): possui duas barras de conexão (lateral e<br />

anterior) independentes e meios pinos. Conforme figura 20.<br />

37<br />

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Figura 20. Fixador tipo Ib<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

Fixador Bilateral Uniplanar (II): possui duas barras e pinos inteiros. Conforme<br />

figura 21.<br />

Figura 21. Fixador tipo II<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

Fixador Bilateral Biplanar (III): igual tipo II, mas com mais uma barra de<br />

conexão na porção anterior e todos conectados entre si.<br />

Figura 22. Fixador tipo III<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

38<br />

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*Conectado (tied-in): consiste em pino intramedular com barras e meios pinos externos.<br />

Conforme figura 23.<br />

Figura 23. Pino conectado<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

Colocação Geral<br />

Deve ser sempre angulada e se possível três pinos para cada lado da fratura.<br />

02.2-Pinos Intramedulares figura 24<br />

É o método mais simples de reparação de fraturas.<br />

Os implantes intramedulares incluem: pinos de Steinmann (mais usual), pinos de<br />

Rush, pino de Kirschner, haste de Kuntscher e pino intramedular bloqueado.<br />

Indicações<br />

-Para forças de flexão;<br />

-Fraturas estáveis (transversas ou oblíquas curtas do terço médio de ossos<br />

longos);<br />

Alternativas<br />

-O pino intramedular pode ser usado combinado com um fixador externo<br />

(conectado – tied in);<br />

-Em fraturas oblíquas a estabilidade pode ser melhorada com sutura com fio de<br />

arame ou hemicerclagem;<br />

39<br />

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-Em vez de um único pino intramedular, dois ou três pinos mais finos podem ser<br />

colocados no interior da cavidade medular, de forma a aumentar o número de pontos de<br />

fixação.<br />

*São ruins para forças de rotação, cisalhamento e compressão axial.<br />

Figura 24. Alternativas de colocação de pinos intramedulares.<br />

Fonte: BRINKER, PIERMATTEI e GRETCHEN, 1986.<br />

Vantagens<br />

-Facilidade e rapidez na colocação;<br />

-Exposição mínima (ou nenhuma) do local da fratura;<br />

-Requer menor conhecimento técnico e equipamento do que outros métodos de<br />

fixação interna;<br />

-O pino intramedular produz menor proteção contra o estresse do que a placa;<br />

02.2.1-Pinos de Steinmann<br />

São pinos lisos, com 30cm de comprimento e diâmetro variando entre 1,6 e<br />

5,6mm. As pontas têm a forma de trocarte (para perfuração). São encontrados também<br />

pinos com rosca na ponta (minimiza a migração).<br />

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02.2.2-Pinos de Rush (figura 25)<br />

O pino tem uma ponta deslizante para facilitar a inserção enquanto a outra ponta<br />

é em forma de gancho para assegurar uma boa fixação.<br />

Vários tamanhos: entre 2,5 a 18 cm com diâmetro entre 4 e 6mm.<br />

O pino de Rush imobiliza a fratura por sua ação tipo mola que resulta em<br />

pressão em três pontos no interior da cavidade medular. Esse método é freqüentemente<br />

usado para fraturas supracondilares do fêmur e úmero.<br />

*Em qualquer tipo de colocação intramedular de pinos, pode-se preencher somente<br />

cerca de 60 a 70% do canal medular com estes pinos.<br />

Figura 25. Pinos de Rush<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

02.3-Cerclagem<br />

Arames ortopédicos são feitos de aço inoxidável monofilamentado e estão<br />

disponíveis nos seguintes diâmetros: calibre 18 (1,2mm), calibre 20 (1mm), calibre 22<br />

(0,8mm) e calibre 24 (0,6mm).<br />

Freqüentemente é usado em combinação com pinos intramedulares para fixação<br />

de fraturas, com o intuito de manter os fragmentos em alinhamento ou proporcionar<br />

estabilidade rotacional.<br />

Falhas Comuns<br />

-Arame muito fino;<br />

-Utilização de fio de sutura metálico ou outro material de sutura inapropriado,<br />

em vez de arame ortopédico;<br />

41<br />

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Indicações<br />

-Arame não adequadamente apertado;<br />

-Uso de quantidade insuficiente de suturas com fio de arame.<br />

Utilizada para fraturas oblíquas ou espirais de ossos longos. A fratura deve<br />

apresentar duas a três vezes o diâmetro do osso para que a colocação da cerclagem seja<br />

eficiente, menor que isso não haverá sustentação.<br />

Espessura Correta<br />

-Animais acima de 20 Kg utiliza-se arame calibre 18;<br />

-Animais abaixo de 20 Kg utiliza-se arame calibre 20;<br />

Tipos (figura 26)<br />

-Cerclagem total;<br />

-Hemicerclagem;<br />

Figura 26. Cerclagem total e Hemicerclagem<br />

Fonte: adaptado de BRINKER, PIERMATTEI e GRETCHEN, 1986.<br />

02.4-Banda de Tensão figura 27<br />

A banda de tensão é aplicada de forma que ela atue contra as forças tensionais<br />

que agem sobre os fragmentos, além de produzir compressão do fragmento contra o<br />

osso adjacente.<br />

42<br />

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Indicações<br />

A principal indicação é o tratamento de fraturas por avulsão tais como<br />

envolvendo: olecrano, trocanter maior, patela, tuberosidade da tíbia, maléolos e osso<br />

calcâneo.<br />

Figura 27. Diferentes locais com banda de tensão<br />

Fonte: BRINKER, PIERMATTEI e GRETCHEN, 1986.<br />

02.5-Placas e Parafusos<br />

Parafusos ósseos são usados para fixar placas aos ossos. Os parafusos passam<br />

através da placa e ambos os córtices do osso, produzindo um efeito lag, isto é,<br />

comprimindo a placa contra o osso.<br />

Características<br />

-Deve-se moldar a placa ao osso;<br />

-Deve-se utilizar no mínimo três parafusos para cada lado da fratura ou seis<br />

corticais totais;<br />

-Primeiramente deve-se fazer o orifício com a broca e depois escolher o<br />

diâmetro e comprimento do parafuso. Furo com um diâmetro menor, „macho‟ com<br />

diâmetro intermediário e depois a colocação do parafuso;<br />

Parafusos (divididos em três grupos) figura 28<br />

-Autocortante/atarrachantes: tem cabeça com fenda, rosca por todo seu eixo e<br />

tem uma ranhura na ponta para confeccionar roscas nos ossos.<br />

43<br />

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-Corticais: cabeça com encaixe para chame sextavada com roscas<br />

perpendiculares ao eixo e são confeccionados para obter o máximo de arrocho ao osso<br />

cortical.<br />

-Para osso esponjoso: possui rosca mais grossa para melhor firmeza no osso<br />

esponjoso e podem ser de rosca parcial ou total.<br />

Figura 28. Parafuso autocortante, cortical e para osso esponjoso respectivamente<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

Placas (dividida em três grupos) figura 29<br />

-Placa tradicional com orifícios redondos (Ex.: Sherman, Lane, Venables e<br />

Burns) que são mais comumente utilizadas com parafusos autocortantes de Sherman.<br />

-Placas AO/ASIF: as mais comuns são as de compressão dinâmica.<br />

-Placas especiais (Ex.: de reconstrução, para osteotomia pélvica tripla, em T,<br />

para acetábulo e outras);<br />

Figura 29. Placa com orifício redondo (A), placa de<br />

Venables (B), placa de Burns (C) e placa de Sherman (D)<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

44<br />

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Colocação de Placa e Parafusos (figura 30)<br />

Figura 30. Colocação de parafusos e placa<br />

Fonte: DENNY e BUTTERWORTH, 2006<br />

Complicação das Fraturas<br />

Podem ser dividias em complicações no seu manejo e as resultantes do seu<br />

tratamento.<br />

Complicações<br />

-União retardada ou não união: a união retardada é aplicável quando o tempo<br />

de consolidação excede aquele que poderia ser considerado normal, em um caso<br />

particular. Com o tempo, a fratura pode não cicatrizar-se ou, então, progredir para uma<br />

não união.<br />

Fatores Predisponentes: estabilização inadequada, vascularização<br />

deficiente, afastamento excessivo dos fragmentos, infecção, doença sistêmica ou local e<br />

fatores idiopáticos.<br />

45<br />

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-Osteomielite: são necessários três fatores para que a osteomielite se estabeleça<br />

no local: ferida infectada, um meio que contribua para a multiplicação bacteriana e osso<br />

sem vascularização.<br />

-Má união: ocorre quando os fragmentos fraturados consolidam em uma<br />

orientação não anatômica.<br />

-Doença da fratura: termo usado para descrever uma síndrome associada com as<br />

seguintes alterações: degeneração muscular, rigidez muscular e osteoporose. Em geral,<br />

estas alterações resultam do desuso ou imobilização de um membro durante o<br />

tratamento de uma fratura.<br />

*Não deve-se imobilizar um membro mais de 4 semanas.<br />

-Sarcoma associado com fratura;<br />

-Embolia gordurosa;<br />

Não comuns<br />

46<br />

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Cirurgia da Cavidade Abdominal<br />

12-Hérnias figura 31<br />

Definição<br />

Protrusão de qualquer estrutura, víscera ou órgão, através de uma abertura,<br />

congênita ou adquirida.<br />

Classificação<br />

-Verdadeiras: apresentam o saco herniário (peritônio);<br />

-Falsas: não apresentam o saco herniário (todas as hérnias traumáticas são<br />

falsas);<br />

Localização<br />

-Umbilical (congênita);<br />

-Inguinal (congênita);<br />

-Paracostal;<br />

-Qualquer região abdominal;<br />

-Perineal (geralmente em machos);<br />

-Diafragmática;<br />

-Peritoniopericárdica (congênita);<br />

Figura 31. Localização das Hérnias<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

47<br />

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Etiologia<br />

-Hereditária;<br />

-Traumatismo;<br />

Sinais Clínicos<br />

-Locais: aumento de volume indolor ou não, aumento da temperatura local ou<br />

temperatura normal, macio à palpação, aumenta no esforço e diminui no repouso,<br />

presença de conteúdo e presença do anel herniário.<br />

Diagnóstico<br />

Se dá pela localização, palpação (presença de anel herniário e reintrodução do<br />

conteúdo) e imagens.<br />

Complicações<br />

-Irredutibilidade;<br />

-Inflamação;<br />

-Encarceiramento;<br />

-Estrangulamento causando necrose em 24 a 48 horas e se houver perfuração<br />

haverá peritonite;<br />

*Em casos de encarceiramento deve-se fazer a cirurgia o mais rápido possível.<br />

Prognóstico<br />

-Dependente da fase em que se encontra:<br />

-Não complicado: favorável;<br />

-Complicado: reservado;<br />

*Animal que vê que será atropelado, fecha a glote e rompe os pulmões e animal que não<br />

vê que será atropelado, a glote permanece fechada e pela pressão faz vísceras rompe o<br />

diafragma.<br />

Tratamento<br />

-Conservador: geralmente executado em jovens com bandagens e moeda<br />

(pressão local);<br />

-Cirúrgico;<br />

48<br />

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Tratamento Cirúrgico para Hérnias<br />

12.1-Umbilical<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Inicia-se com uma incisão em elipse em volta da hérnia. Pode-se retirar o<br />

conteúdo ou reintroduzi-lo dependendo do caso e do conteúdo herniário. Caso somente<br />

a reintrodução resolva, inverte-se o saco e seu conteúdo no interior da cavidade<br />

abdominal. Não debride as margens do ferimento. Sutura-se a musculatura com fio<br />

inabsorvível (Ex.: naylon, seda ou algodão), o ideal é passar todos os fios primeiro e<br />

depois executar os nós. Reduz-se o espaço morto subcutâneo e sutura de pele conforme<br />

rotina.<br />

Se o conteúdo herniário não puder ser reduzido, faça uma incisão elíptica ao<br />

redor do inchaço, incisa-se o saco herniário e reposiciona-se o conteúdo para o interior<br />

da cavidade abdominal.<br />

*Pode ou não ser preciso retirar o saco herniário;<br />

**Pode-se fazer o uso de telas de polipropileno;<br />

12.2-Perineal<br />

Geralmente afeta machos inteiro (80% dos casos).<br />

Os animais devem ser castrados, pois há fundo hormonal desencadeante.<br />

12.3-Diafragmática<br />

Técnica Cirúrgica<br />

-Acesso torácico: geralmente para hérnias crônicas (30 dias ou mais). O acesso<br />

se dá pelo espaço intercostal 8º e 9º.<br />

*Em felinos não pode-se fazer muita pressão negativa após término da cirurgia, pode<br />

causas edema.<br />

-Acesso por laparotomia: para hérnias recentes (incisão do xifóide até préumbilical);<br />

*Se o animal estiver compensado em casos crônicos não se mexe<br />

12.4-Escrotal<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Incisa-se a pele sobre o anel inguinal. Expõe-se o saco herniário e reduz-se o<br />

conteúdo abdominal (incisa-se o anel herniário se necessário). Caso se realize um reparo<br />

herniário em conjunto com orquiectomia (preferível), abra o saco herniário e ligue o<br />

49<br />

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conteúdo do cordão espermático. Reduz-se o conteúdo herniário e coloca-se ligadura<br />

transfixante ou várias suturas de arrimo horizontais no saco herniário para reduzir o<br />

tamanho do orifício vaginal.<br />

Figura 32. Reparo de lesão no ligamento púbico<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

Cirurgia do Sistema Gastrointestinal<br />

13-Língua<br />

Etiologia<br />

-Adquirido (traumas): corpos estranhos, queimaduras (por fio elétrico com lesão<br />

tardia após 2 a 3 dias) e agentes cáusticos (os quais causam úlceras – deve-se proceder<br />

com a limpeza e administração de antibióticos).<br />

Tipos de Lacerações<br />

-Lacerações limpas: pode-se reduzir a laceração utilizando fio absorvível;<br />

-Lacerações denteadas: faz-se o debridamento e posterior sutura;<br />

-Lacerações necrosadas: não se deve manipular;<br />

50<br />

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Tópicos Gerais<br />

-Em algumas situações é necessário proceder com a faringostomia ou<br />

esofagostomia para auxiliar na alimentação e hidratação via sonda;<br />

-Se o animal perder parte da porção livre da língua, se adaptará bem a esta nova<br />

situação;<br />

-Em procedimentos na língua, pode ser necessário o clampeamento temporário<br />

das artérias carótidas.<br />

-Quando procede-se com a amputação da língua (glossectomia), faz-se<br />

necessário o uso de pontos de Wolf os quais auxiliam na hemostasia.<br />

14-Lábios e Bochechas<br />

14.1-Prega do Lábio Evertida<br />

Etiologia: hereditária de raças como Spaniels, Boxer, São Bernardo,<br />

Mastin e outras e por paralisia do nervo facial.<br />

Problema: drenagem excessiva de saliva para fora da cavidade oral e que<br />

pode levar a formação de dermatite e odor fétido local.<br />

Tratamento: queiloplastia por elevação da prega labial.<br />

*Após o procedimento de queiloplastia deve-se abrir a boca do animal para observar se<br />

não fechou demais a boca, a qual prejudicará o animal.<br />

Figura 33. Queiloplastia<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

14.2-Traumatismos<br />

Tratamento: dependendo do caso e do tempo da lesão, pode-se fazer o<br />

debridamento, sutura, colocação ou não de dreno (se houver chance de supuração) e<br />

administração de antibióticos (conforme tabela página 20).<br />

51<br />

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15-Faringe figura 34<br />

15.1-Faringotomia: é realizada para permitir intubação endotraquela ou<br />

alimentação por sonda.<br />

-Técnica Cirúrgica: primeiramente deve-se identificar a laringe e o<br />

aparelho hióideo digitalmente. Escolhe-se um local para faringotomia na faringe dorsal,<br />

caudalmente ao osso epiióide. Usando uma pinça hemostática curva, levanta-se<br />

lateralmente o local apropriado e neste local incisa-se a pele, musculatura local e<br />

mucosa faringeana. Pega-se a extremidade da sonda com uma pinça hemostática<br />

posicionada oralmente e puxa-se a sonda para o interior da cavidade oral. Orienta-se a<br />

extremidade distal da sonda para o interior da traquéia ou esôfago. Após a retirada da<br />

sonda, deixe que o local da faringotomia cicatrize por segunda intenção.<br />

*Deve-se medir a sonda, até o 8º ou 9º espaço intercostal no máximo.<br />

**Utiliza-se sonda de Follley a qual possui três vias (água, ar e alimento)<br />

Figura 34. Faringostomia<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

*Geralmente em caninos procede-se com a faringostomia e em felinos a esofagostomia.<br />

16-Glândulas Salivares<br />

Anatomia: conforme figura 35<br />

-Carnívoros: possuem as glândulas parótidas, submandibulares, sublingual e<br />

infraorbitária.<br />

*As glândulas submandibulares e sublinguais são as mais afetadas.<br />

52<br />

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Figura 35. Anatomia das glândulas em carnívoros<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

16.1-Mucocele ou Sialocele: é uma coleção de saliva que vazou de uma<br />

glândula ou um ducto salivar danificado e é circundada por tecido de granulação.<br />

-Tipos:<br />

-Cervical: coleção de saliva nas estruturas mais profundas do<br />

espaço intermandibular, no ângulo da mandíbula ou na região cervical superior.<br />

-Sublingual ou Rânula: constitui uma coleção de saliva no tecido<br />

sublingual por problema no orifício para a cavidade oral (obstrução).<br />

faringe.<br />

ocular.<br />

-Faríngea: é uma coleção de saliva em tecidos adjacentes à<br />

-Zigomática: é uma coleção de saliva ventralmente ao globo<br />

-Técnica Cirúrgica (Rânula): deve-se fazer a ressecção da rânula<br />

(abertura) com posterior sutura fazendo uma marsupialização do local. Conforme a<br />

figura 36.<br />

*Quando se faz cirurgia para a retirada da glândula afetada é importante retirar a<br />

glândula contralateral.<br />

**Sempre proceder com a colocação de dreno para a drenagem da saliva do subcutâneo;<br />

53<br />

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Figura 36. Marsupialização de rânula<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

17-Mandíbula/Maxila<br />

Anatomia Vascular conforme figura 37<br />

Figura 37. Anatomia vascular da mandíbula<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

54<br />

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Etiologia:<br />

-Traumatismo: geralmente por atropelamento;<br />

-Neoplasias;<br />

Técnicas Cirúrgicas<br />

-Mandibulectomia;<br />

-Hemimandibulectomia;<br />

-Maxilectomia;<br />

Cuidados:<br />

17.1-Mandíbula<br />

-Deve-se fazer o clampeamento da carótida antes do procedimento cirúrgico.<br />

-Após mandibulectomia/hemimandibulectomia a língua do paciente pode ficar<br />

pendular para fora da cavidade oral. Pode-se então proceder com uma queiloplastia<br />

reduzindo entre um terço a metade do espaço do lado afetado.<br />

-Após uma mandibulectomia não é necessário estabilizar a mandíbula<br />

remanescente.<br />

*Este clamepamento de artéria pode ser feito com pinças vasculares (Ex.: Pinça Bulldog<br />

ou Pinça Satinsky).<br />

-Cuidados:<br />

17.2-Maxila<br />

-Deve-se fazer o clampeamento da carótida antes do procedimento cirúrgico.<br />

-Geralmente perde-se muito sangue, deve-se ter bolsa de sangue já preparada<br />

para o paciente.<br />

18-Palato Mole<br />

18.1-Fenda Palatina<br />

-Primária: lábia leporino;<br />

-Secundária: defeito de palato duro;<br />

*Se comunicação é muito grande pode-se utilizar enxertos com membrana biológica<br />

conservada (cartilagem).<br />

55<br />

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18.2-Fístula Oronasal: por doença periodontal (inflamação e traumatismo)<br />

18.3-Palato Mole Alongado figura 38<br />

Figura 38. Remoção de palato mole alongado, pré e pós-cirurgia respectivamente (Bulldog – Clínica<br />

Veterinária Cães e Gatos – Lages/SC)<br />

19-Dentes<br />

19.1-Cálculo Dentário: deve-se fazer a administração prévia de antibióticos<br />

(Ex.: espiromicina com metronidazol) por três dias pré e três dias pós procedimento.<br />

19.2-Periodontite;<br />

19.3-Caries e Fraturas: pode-se proceder com a restauração ou extração<br />

(quando se tem a exposição da furca);<br />

*Depois que dente luxou (amoleceu) deve-se extrair, ou se não tiver nenhuma doença<br />

periodontal pode-se tentar refixar o dente.<br />

20-Esôfago<br />

Etiologia<br />

-Corpos estranhos (obstruções ou perfurações);<br />

-Perfurações;<br />

-Hérnia hiatal;<br />

-Intussuscepção gastroesofágica;<br />

-Divertículos;<br />

-Acalásia cricofaríngea;<br />

56<br />

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-Estenose;<br />

Localização das Lesões Obstrutivas<br />

-Cervical (entrada do tórax);<br />

-Base do Coração;<br />

-Próximo ao Cárdia;<br />

Sinais Clínicos<br />

Ptialismo, náusea, regurgitação, tosse expulsiva, febre ou não, disfagia, apetite<br />

(normal, voraz ou deprimido), secreção nasal purulenta (por falsa via) e perda de peso<br />

crônico.<br />

*Ruminantes: timpanismo.<br />

**Acalasia do cárdia/esofágica: o diagnóstico é feito por radiografia juntamente a<br />

ingestão de alimentos com contraste voluntário.<br />

Complicações<br />

Lacerações da mucosa, esofagite, necrose, perfuração e ruptura (causando<br />

pleurite, mediastinite, piotórax e pneumotórax).<br />

Tratamento<br />

-Não Cirúrgico: progressão com sonda, retirada com pinça (guiado ou não por<br />

endoscópio). Este método apenas pode ser utilizado para objetos não pontiagudos e que<br />

possam progredir sem grande agressão à mucosa.<br />

-Cirúrgico;<br />

Técnica Cirúrgica<br />

-Abordagem Cervical: paciente em decúbito dorsal. Incisa-se a pele na linha<br />

média, começando na laringe e estendendo-se caudalmente até o manúbrio. Separa-se e<br />

rebate-se os músculos locais (Ex.: músculos esternoioideos) para expor a traquéia.<br />

Retrai-se a traquéia à direita para expor as estruturas adjacentes como esôfago e<br />

tireóide. Após o devido procedimento no esôfago, lava-se o local com solução salina<br />

aquecida e inicia-se com o fechamento da muscular com fio absorvível e padrão simples<br />

de sutura e subcutâneo e pele como de rotina. Conforme figura 39.<br />

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Figura 39. Abordagem cervical do esôfago<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

-Abordagem Torácica: paciente deve estar em decúbito lateral direito.<br />

-Pré-cardíaca: entre o 4º e 5º EIC.<br />

-Base do coração: entre 4º e 6º EIC.<br />

-Pós-cardíaca: entre 7º e 9º EIC (8º EIC é o melhor).<br />

Figura 40. Abordagem torácica do esôfago<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

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-Sutura no Esôfago: deve utilizar padrão duplo, com primeira camada utilizando<br />

Swift é bom, pois internaliza o ponto (intralumial) e a segunda camada com suturas<br />

interrompidas simples (extralumial) conforme figura 41.<br />

Figura 41. Padrão de sutura de esôfago<br />

Fonte: FOSSUM ,2005.<br />

20.1-Esofagectomia Parcial: não pode-se retirar segmentos maiores que 3 a<br />

5cm e deve-se proceder com uma miotomia circular parcial na camada muscular<br />

longitudinal 2 a 3 cm pré e pós esofagectomia.<br />

*Lesões circulares no esôfago não devem ser suturadas diretamente, pois há diminuição<br />

do lúmen esofágico. Então, deve-se suturar algum músculo adjacente ao local de<br />

lesão/perfuração juntamente com omentalização. Ideal é utilizar pontos de Wolf com fio<br />

inabsorvível.<br />

Cuidados<br />

-Esôfago não possui camada serosa e é mais propenso a vazamentos;<br />

-A sutura deve ser cuidadosa, evitando tensão excessiva na linha de incisão;<br />

-Deve preservar a vascularização local;<br />

-Administração de antibióticos, antiinflamatórios (AINEs) e fluidos;<br />

-Deve-se fazer jejum pós-operatório e manejo de alimentos (Ex.: por sonda<br />

gástrica);<br />

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Complicações Cirúrgicas<br />

-Deiscência;<br />

-Estenose;<br />

-Fístula (por falta de cobertura serosa, falta de omentalização, suprimento<br />

sanguíneo segmentar, movimentos constantes e distensão pelo bolo alimentar);<br />

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Cirurgia do Sistema Urinário<br />

21-Bexiga e Uretra<br />

Indicações<br />

-Cistotomia, cistectomia parcial ou total;<br />

-Uretrotomia e uretrostomia;<br />

-Litíases;<br />

-Neoplasias;<br />

-Rupturas;<br />

Retrohidropropulsão<br />

Por sonda urinária compatível com o tamanho do paciente. Injeta-se NaCl 0,9%<br />

e cuidado com a pressão excessiva, pois pode romper.<br />

21.1-Cistotomia<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Isola-se a bexiga a partir do restante da cavidade abdominal com compressas<br />

cirúrgicas umedecidas. Coloca-se suturas de fixação no ápice vesical para facilitar a<br />

manipulação. Faz-se a incisão na face ventral ou dorsal da bexiga longe dos ureteres e<br />

uretra, entre os vasos sanguíneos. Faz-se a retirada dos cálculos (pode-se utilizar uma<br />

colher para auxiliar a remoção) e após a retirada dos cálculos deve-se lavar a bexiga e<br />

cateterizar a uretra para verificar se há obstruções ou não. A sutura da bexiga é feita<br />

com duas ou três camadas (Ex.: Cushing seguido de Lembert).<br />

Figura 42. Cálculos uretrais e vesicais em cão macho (Clínica Veterinária Cães e Gatos – Lages/SC)<br />

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21.2-Cistotomia (cateterização pré-púbica)<br />

Indicações<br />

-Desvios urinários;<br />

-Obstrução;<br />

-Uretra traumatizada;<br />

-Atonia vesical por doença neurológica (Ex.: hérnia de disco);<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Faz-se uma pequena incisão na linha média, caudalmente ao umbigo em fêmeas<br />

ou adjacente ao prepúcio em machos. Localiza-se a bexiga e coloca-se pontos de<br />

ancoragem em forma de bolsa de fumo. Introduz-se a ponta do cateter de Foley no<br />

interior da cavidade abdominal em estocada separada na parede abdominal. Faz-se uma<br />

pequena incisão em estocada na bexiga e põe-se o cateter de Foley no interior da bexiga.<br />

Infla-se o balão com solução salina e fixa-se o cateter com padrão de alpargata romana.<br />

Também fixa-se a bexiga a parede abdominal. Conforme figura 43.<br />

Figura 43. Cateterização pré-púbica com sonda de Foley<br />

Fonte: FOSSUM, 2005.<br />

21.3-Cistectomia<br />

Indicações<br />

-Neoplasias na região do trígono vesical;<br />

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Complicações<br />

-Reabsorção de eletrólitos e produtos nitrogenados;<br />

-Infecção do trato urinário superior;<br />

-Disfunção neurológica;<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Após cistectomia total pode-se fazer anastomose ureter-colônica ou pegar um<br />

fragmento de intestino com pedículo vascular e fazer uma bexiga.<br />

Para anastomose uretero-colônica faz-se um flap de serosa e submuscular e<br />

incisa-se até a luz intestinal, anastomosa-se os ureteres e recoloca-se o flap e sutura-se.<br />

*Fezes ficam pastosas.<br />

21.3-Uretrostomia<br />

Indicações<br />

Locais<br />

-Obstrução uretral recidivante ou complicada;<br />

-Estenose uretral;<br />

-Neoplasias;<br />

-Traumatismo uretral;<br />

-Escrotal (deve-se fazer a orquiectomia e ablação da bolsa escrotal);<br />

-Pré-escrotal;<br />

-Perineal: utilizada para remover cálculos alojados no arco isquiático (cães) e<br />

evitar recorrência de obstrução em machos (gatos). Deve-se retirar o músculo retrator<br />

do pênis. A abertura final de tamanho no mínimo número 8 é o ideal e sutura-se com fio<br />

4-0 ou 5-0 absorvível ou inabsorvível (quando se quer a facilidade de não necessitar<br />

retirar pontos).<br />

*A sonda urinária deve permanecer por cerca de 2 a 3 dias.<br />

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Cirurgia do Sistema Visual<br />

22-Pálpebras<br />

Definição<br />

22.1-Entrópio<br />

É a inversão da pálpebra e de sua margem que provoca irritação da córnea e da<br />

conjuntiva, através da ação dos cílios e dos pêlos da pálpebra nessas estruturas.<br />

Técnica Cirúrgica conforme figura 44<br />

Técnica de Hotz-Celsus modificada é a mais utilizada. Primeiramente averiguase<br />

a quantidade de pele a ser retirada. Faz-se uma incisão na pele, paralela e a 2 a 4 mm<br />

da margem da pálpebra. A incisão deve-se estender até 1 a 2 mm da margem afetada da<br />

pálpebra. A profundidade da incisão deve incluir o músculo orbicular do olho. Então<br />

esta pele é removida com uma tesoura delicada. Começa-se a sutura pelo centro,<br />

alinhando bem as bordas passando pela muscular, subcutâneo e pele. E suturas<br />

sucessivas são feitas até se fechar por completo.<br />

Se o procedimento for no canto medial/lateral da pálpebra (epicantoplastia<br />

medial ou lateral), cuidar com a drenagem da lágrima.<br />

Figura 44. Técnica de Hotz-Celsus modificada<br />

Fonte: BOJRAB, 1986.<br />

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Definição<br />

22.1-Ectrópio<br />

É uma eversão da pálpebra inferior e de sua margem, que expõe as superfícies da<br />

córnea e conjuntiva.<br />

*Se for um ectrópio muito grande se denomina fissura palpebral.<br />

Técnica Cirúrgica conforme figura 45<br />

A técnica mais utilizada é a de Kuhnt-Szymanowski. Consiste no estreitamento e<br />

levantamento da pálpebra. É feita uma incisão até o epicanto lateral, seguindo-se a<br />

curva natural da pálpebra. Ao final desta incisão, faz-se uma nova incisão para baixo e<br />

para dentro, formando uma cunha em forma de V a qual é retirada. Sutura-se a incisão<br />

com fio 5-0 ou 6-0 absorvível monofinamentoso com padrão simples interrompido,<br />

deixando os nós para fora.<br />

Figura 45. Técnica de Kuhnt-Szymanowski<br />

Fonte: BOJRAB, 1986.<br />

23-Membrana Nictante (Terceira Pálpebra)<br />

Enfermidades<br />

-Eversão;<br />

-Hiperplasia/Hipertrofia da glândula (deve-se sepultar e não extirpar);<br />

Técnica Cirúrgica conforme figura 46<br />

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Técnica de Morgan: incisões paralelas são realizadas na conjuntiva rostral e<br />

caudalmente à glândula prolapsada. No primeiro plano de sutura em padrão Cornnell-<br />

Cushin, uma sutura com polidiaxona 5/0 é posicionada partir da superfície límbica da<br />

terceira pálpebra, em padrão contínuo para fechar as bordas da conjuntiva sobre a<br />

glândula, forçando-a caudoventralmente. Uma segunda camada de sutura contínua em<br />

padrão Cushin é posicionada com pontos paralelos às bordas conjuntivais, sendo<br />

passada para a superfície límbica da terceira pálpebra para ser cerrada, isso protege a<br />

córnea do nó.<br />

Figura 46. Técnica de Morgan<br />

Fonte: SLATTER, 2007.<br />

24-Prolapso de Globo Ocular<br />

Tratamento<br />

-Reposicionamento;<br />

-Evisceração para posterior implante;<br />

-Enucleação (retirada do globo ocular);<br />

-Exenteração (retirada do globo ocular, músculos e tecido adiposo)<br />

*Exenteração é indicada para casos de carcinoma.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Até dois músculos rompidos tem como manter o globo ocular, mas mais que isso<br />

é inviável. Após a recolocação do globo ocular deve-se fazer a tarsorrafia com ponto<br />

captonado (evita excesso de tensão do fio na pele/pálpebra).<br />

*Na tarsorrafia não deve-se atravessar até a conjuntiva.<br />

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**Quando se proceder a enucleação, deve-se retirar a glândula da terceira pálpebra. E<br />

para suturar deve-se retirar a margem palpebral para promover cicatrização.<br />

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Cicatrização<br />

Definição<br />

É a restauração da continuidade do tecido corpóreo.<br />

Classe das Feridas<br />

Classe 1: entre 0 e 4 horas (pode-se fechar por primeira intenção)<br />

Classe 2: entre 4 e 12 horas (pode-se fechar por primeira intenção mas deve-se<br />

por dreno)<br />

Classificação<br />

Classe 3: acima de 12 horas (deve-se fechar por segunda intenção)<br />

Conforme apresentação:<br />

-Fechada: por abrasão<br />

-Aberta: incisa, lacerada, punctória (não tem acesso à cavidade),<br />

penetrante (com acesso à cavidade), acidente ofídico e por arma de fogo.<br />

Conforme causa:<br />

-Traumática;<br />

-Atraumática: infecciosa (pênfigo e vasculites de etiologias diversas);<br />

Conforme profundidade:<br />

-Superficial: afeta epiderme e derme superior ou intermediária;<br />

e osso.<br />

-Profunda: afeta derme profunda, tecido adiposo, fáscia, tendão, músculo<br />

Cicatrização<br />

Início: logo após o iniciar lesão, no momento da lesão.<br />

Estágios:<br />

-Inflamação (0 a 3 dias): tem-se alteração da permeabilidade vascular,<br />

deposição de fibrina, exsudação e edema.<br />

-Debridamento (1 a 6 dias): tem-se proliferação de polimorfonucleares,<br />

ativação de linfócitos, macrófagos, ativação enzimática, limpeza ou supuração.<br />

-Proliferação (3 a 14 dias): tem-se proliferação celular, capilar,<br />

reabsorção de fibrina (fibrinólise), proliferação fibroblástica, modificação da substância<br />

básica, síntese de colágeno e migração epitelial.<br />

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-Maturação (entre 14 dias a 1 ano): tem-se involução do número de<br />

capilares e células, aumento do colágeno, resistência e contração da cicatrização.<br />

Tipos:<br />

-Primeira Intenção: tem-se união imediata das bordas, evolução<br />

asséptica, cicatriz linear.<br />

anatômicos.<br />

-Condições requeridas: boa coaptação das bordas em planos<br />

-Evolução: entre 4 e 10 dias;<br />

-Segunda Intenção: as bordas das feridas não se contactam entre si por<br />

perda de tecido. O espaço é preenchido por tecido de granulação e posteriormente<br />

ocorre epidermização (contração da pele até o total fechamento).<br />

-Evolução: dias, semanas e até meses.<br />

*Se tiver presença de pus não ocorre granulação.<br />

**Sempre utilizar bandagem úmida e seca para proteger o local e manter o tecido de<br />

granulação úmido o qual aumenta mais rápido.<br />

***As bandagens devem ser trocadas todos os dias.<br />

-Terceira Intenção: fecha-se o tecido após granulação, deve-se retirar<br />

bordas e suturá-las. Pode-se fechar por sutura (flap de deslizamento – walking suture),<br />

enxerto ou retalhos.<br />

Tecido de Granulação<br />

Características<br />

-Resistente à infecção;<br />

-Epitélio é capaz de migrar sobre sua superfície;<br />

-Supre os fibroblastos que produzirão colágeno para posterior regeneração;<br />

Fatores que Afetam a Cicatrização<br />

01-Hipoproteinemia: abaixo de 2g/100mL há inibição da cicatrização<br />

(diminuição da fibroplastia).<br />

02-Anemia: se a volemia estiver normal não há problema.<br />

03-Oxigênio: não interfere.<br />

04-Temperatura: o ideal é cerca de 30ºC. Abaixo de 12ºC tem-se inibição da<br />

cicatrização por vasoconstrição reflexa.<br />

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05-Uremia: retarda a cicatrização pois causa destruição do sistema enzimático e<br />

vias bioquímicas.<br />

06-AINEs: doses terapêutica não interferem.<br />

07-Glicocorticóides: diminuem a velocidade da síntese protéica, inibem a reação<br />

inflamatória normal, limitam o brotamento capilar, inibem a proliferação de fibroblastos<br />

e diminuem a velocidade de epitelização.<br />

08-Vitamina C: é necessária para a síntese de colágeno mas carnívoros não<br />

necessitam de fontes exógenas.<br />

09-Agentes Citotóxicos e Radiação: inibem ou retardam a divisão dos<br />

fibroblastos ou de células epiteliais.<br />

10-Infecção: bactérias produzem colagenases que destroem colágenos (dão<br />

sustentação à ferida). Estas enzimas colagenases também estão presentes em<br />

granulócitos e macrófagos para eliminação de fibroblastos. Este excesso de colagenase<br />

diminui a resistência da ferida (deiscência da ferida), modifica o pH e afeta mediadores<br />

locais da cicatrização.<br />

11-Anti-Séptico: são letais para polimorfonucleares e fibroblastos, causam a<br />

oclusão temporária dos capilares, inibem a epitelização e formação do tecido de<br />

granulação. Para limpar feridas deve-se utilizar soluções como o ringer lactato ou NaCl<br />

0,9%. Não deve-se utilizar anti-sépticos como povidine ou clorexidine 2%, nem água<br />

oxigenada. A água oxigenada pode ser utilizada somente uma vez para limpeza mais<br />

profunda da ferida, mais que uma vez não, pois é uma gente cáustico. O povidine<br />

diluído também pode ser utilizado desta forma, dilui-se 1ml de povidine em 1000ml de<br />

solução como o NaCl 0,9%.<br />

Dreno<br />

Podem ser colocados a critério do médico veterinário, na quantidade que for<br />

necessária.<br />

Quando por: a critério do veterinário.<br />

*Até 4 horas de ferida deve-se lavar bem o loca, debridar e por o dreno.<br />

**Feridas muito complicadas: deve-se anestesiar o animal, debridar ferida, lavar e<br />

limpar bem. Pode-se tentar reduzir a ferida com walking suture.<br />

Como por: sempre deve drenar por gravidade.<br />

Tempo: dependente do tipo de dreno (Ex.: drenos siliconados podem permanecer<br />

mais tempo). Mas geralmente utiliza-se drenos por 5 a 7 dias.<br />

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*Quando se for proceder com a tricotomia em volta da ferida, pode-se por gel de<br />

ultrassom na ferida, para prevenir que os pêlos caiam na ferida. Depois é só retirar o gel<br />

com água.<br />

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Referências Bibliográficas<br />

SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3 ed. 1 e 2 vol. Editora<br />

Manole: São Paulo, 2007.<br />

DENNY H. R., BUTTERWORTH S.J. Cirurgia Ortopédica em Cães e Gatos. 4 ed.<br />

Editora Roca: São Paulo, 2006.<br />

BRINKER W. O., PIERMATTEI D.L., GRETCHEN L. Manual de Ortopedia e<br />

Tratamento de Fraturas dos Pequenos Animais. 1 ed. Editora Manole: São Paulo,<br />

1986.<br />

FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2 ed. Editora Roca: São Paulo, 2005.<br />

BOJRAB, M.J. Cirurgia dos Pequenos Animais. 2 ed. Editora Roca: São Paulo, 1986.<br />

VERA ROSA SOUTO DO NASCIMENTO. Prostatite Bacteriana Crônica e Cistos<br />

Prostáticos em Cães – Relato de Caso. UFSM, 2009.<br />

OLIVEIRA F., SILVEIRA P.R.. Osteossarcoma em Cães. Revista Científica<br />

Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 –<br />

Periódicos Semestral.<br />

72<br />

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