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alternativa de informação: a revista do Brasil faz um ano ... - CNM/CUT

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PanPúblico cativoAs meninas <strong>de</strong> Botucatuconseguem atrair até3 mil especta<strong>do</strong>res paraseus jogosnifesto a autorida<strong>de</strong>s e cartolas pedin<strong>do</strong>melhores condições <strong>de</strong> trabalho.Mas a frustração venceu a esperança.Depois <strong>de</strong> Atenas, a seleção principal ficounada menos que <strong>do</strong>is <strong>ano</strong>s e três mesessem disputar <strong>um</strong>a partida. Só voltoua campo no Sul-Americ<strong>ano</strong> <strong>do</strong> <strong>ano</strong>passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> per<strong>de</strong>u a invencibilida<strong>de</strong>para a Argentina, após quatro títulosconsecutivos. Para as joga<strong>do</strong>ras, a<strong>de</strong>rrota foi reflexo <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaso geral coma modalida<strong>de</strong>. Sem calendário fixo, semcampo, sem patrocínio, as atletas contamapenas com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinar, ocompanheirismo entre si e a garra <strong>de</strong> algunstécnicos que viram pais, médicos eCristi<strong>ano</strong> Zanardi/Ag.BOMDIApsicólogos – já que os motivos para <strong>de</strong>sanimarnão são poucos.Grama<strong>do</strong> <strong>de</strong> areiaAs santistas Danielli Pereira, 20 <strong>ano</strong>s,Érika <strong>do</strong>s Santos, 19, Francielle Alberto,17, e Alline Calandrine, 19, nem acreditavamque iriam <strong>de</strong> avião ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,antes <strong>de</strong> prosseguir até a Granja Comary,em Teresópolis (RJ). “A gente já viajou emcada coisa”, lembra a atacante Érika. ElaConvocadasNo início <strong>de</strong> abril, aConfe<strong>de</strong>ração <strong>Brasil</strong>eira <strong>de</strong>Futebol (CBF) anunciou aprimeira lista <strong>de</strong> convocadasvisan<strong>do</strong> ao Pan-Americ<strong>ano</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, em julho. Otécnico Jorge Barcellos chamouas seguintes joga<strong>do</strong>ras:Goleiras: Bárbara (Sport), Thaís (SaltoCeunsp) e Eduarda (Pelotas);Zagueiras: Carolina Ferreira(Botucatu), Juliana (Motorola),Calandrine (Santos), Aline(Unisantana), Mônica (sem clube),Renata Diniz (Cepe Caxias) e Tânia(Saad);Laterais: Daniele (Cepe Caxias),Danielli (Santos), Bagé (Botucatu) eMichele (Botucatu);Volantes: Renata Costa (Botucatu),Ester (Cepe Caxias), Francielle(Santos) e Daniela Alves (Saad);Meias: Fabiana (Motorola), Grazielli(Botucatu) e Raquel (Cepe Caxias);Atacantes: Maurine (Cepe Caxias),Geovania (Saad), Formiga (Saad),Paula (Cepe Caxias) e Érika (Santos).começou no São Paulo, jogou futsal, passoupelo Juventus e chegou ao Santos hápouco mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>ano</strong>. A lateral Daniellicomeçou a jogar com 13 <strong>ano</strong>s no Juventus.A volante Francielle é cria <strong>do</strong> técnicosantista, Kleiton Lima, que se apaixonoupelo futebol feminino nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>se <strong>de</strong> lá trouxe a idéia <strong>de</strong> montar <strong>um</strong>aescolinha no litoral. Calandrine, morenaalta <strong>de</strong> traços indígenas, <strong>de</strong>ixou a famíli<strong>ano</strong> Amapá. É tão bonita quanto brava:“Quan<strong>do</strong> a gente joga com os meninos,vou com tu<strong>do</strong> mesmo. Tem sempre <strong>um</strong>idiota que, quan<strong>do</strong> a gente joga bem, vemchamar <strong>de</strong> sapatão. Aí dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> bater<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>”.As atletas sabem: estar na lista finalpara o Pan será pressão certa pela vitória.Antes, porém, terão <strong>de</strong> superar a falta <strong>de</strong>intimida<strong>de</strong> com o grama<strong>do</strong>. As meninasnunca disputaram <strong>um</strong>a partida no campoda Vila Belmiro e raramente conseguemutilizar <strong>um</strong> <strong>do</strong>s centros <strong>de</strong> treinamento<strong>do</strong> clube. Na arquibancada da Vila, conversaramcom a reportagem às vésperas<strong>de</strong> viajar para o Rio. Mas a ida ao grama<strong>do</strong>,on<strong>de</strong> posariam para fotos, foi frustradapela chuva. Calandrine é fã <strong>do</strong> meia ZéRoberto – “Ele está arrasan<strong>do</strong>!” –, massabe que o í<strong>do</strong>lo, a exemplo <strong>de</strong> toda elite,<strong>de</strong>sconhece a existência das garotas.O campo é a praia. Descalças e comareia no pé, elas sabem que ali o contatocom a bola é <strong>um</strong>, e na grama, calçan<strong>do</strong>chuteiras, é outro. Mesmo assim, o Santosé <strong>um</strong> <strong>do</strong>s times mais bem estrutura<strong>do</strong>sna categoria. N<strong>um</strong>a casa em frenteà Vila Belmiro, abriga 18 meninas, querecebem ajuda <strong>de</strong> custo, uniforme, alimentação.Quan<strong>do</strong> se machucam, nãohá maca e o remédio para tu<strong>do</strong> é gelo.Mas as condições já foram piores. “Estamosevoluin<strong>do</strong>, e os resulta<strong>do</strong>s estão surgin<strong>do</strong>”,diz Kleiton.IncertezasO calendário <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a partir<strong>do</strong> Pan prossegue até o Mundial, em setembro,na China. E <strong>de</strong>sfalcará os times<strong>de</strong> suas principais atletas. Em 2008 temOlimpíadas, na mesma China. A CBFpromete que, <strong>de</strong>sta vez, vai investir nacategoria. É esperar para ver. Até o final<strong>de</strong> abril, por exemplo, a página da entida<strong>de</strong>não tinha sequer <strong>um</strong>a chamada paraapresentar o escrete feminino. Cansadas<strong>de</strong> promessas, as joga<strong>do</strong>ras só acreditamven<strong>do</strong>. Nem no calendário confiam. Nãosabem quan<strong>do</strong> vão jogar, qual é o regulamento,tampouco se o torneio vai chegarao final.A equipe <strong>do</strong> Botucatu, por exemplo,tem cinco atletas convocadas: a zagueiraCarolina Ferreira, as laterais Daiane Rodrigues“Bagé” e Michele Reis, a volanteRenata Costa e a meio-campo GrazielleNascimento, <strong>de</strong>staque <strong>do</strong> time. Elas estrearamno campeonato paulista <strong>um</strong> diaantes <strong>de</strong> embarcar para o Rio <strong>de</strong> Janeiro,vencen<strong>do</strong> o Sorocaba por 9 a 0. Em Botucatu,as meninas não disputam atençãocom a marca <strong>do</strong>s times <strong>de</strong> base e da elite,mas ao menos são orgulho da cida<strong>de</strong>.2007 MAIO REVISTA DO BRASIL 27

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