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alternativa de informação: a revista do Brasil faz um ano ... - CNM/CUT

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A homossexualida<strong>de</strong> na história <strong>do</strong> homemNa Grécia Antiga, noscampos <strong>de</strong> batalha, eracom<strong>um</strong> o homem mais velhoter <strong>um</strong> companheiro jovem.Quan<strong>do</strong> a guerra acabava, omais velho voltava para suacida<strong>de</strong> e se casava com <strong>um</strong>amulher. No século 7 a.C., apoeta Safo, <strong>de</strong>siludida comos homens, reúne na Ilha<strong>de</strong> Lesbos <strong>um</strong>a comunida<strong>de</strong>só <strong>de</strong> mulheres. Unidas pelamúsica, pela poesia e peloculto a Afrodite, Deusa <strong>do</strong>Amor, tornam-se guerreiras,mas acabam dizimadas pelosgregos.No Império Rom<strong>ano</strong>, ossenhores po<strong>de</strong>riam terseus rapazes preferi<strong>do</strong>s,mas só eram tolera<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> ativos. O impera<strong>do</strong>rConstantino (século 4 d.C.)punia homossexuais coma morte. A Ida<strong>de</strong> Média(entre os séculos 5 e 15)foi o inferno <strong>do</strong>s gays. Ocristianismo vê “sujeira” narelação entre homossexuais,eram persegui<strong>do</strong>s equeima<strong>do</strong>s. O Renascimento(entre os séculos 15 e 16) foimenos ru<strong>de</strong>. Luís XVI, que secasou com Maria Antonietaaos 16 <strong>ano</strong>s e virou rei daFrança aos 20 (no século 18),era liberal e tinha <strong>um</strong> irmãogay.No século passa<strong>do</strong>, cerca<strong>de</strong> 100 mil homossexuaisforam arrasta<strong>do</strong>s a campos<strong>de</strong> concentração pelosnazistas. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1948 as Nações Unidasassinam a DeclaraçãoUniversal <strong>do</strong>s DireitosH<strong>um</strong><strong>ano</strong>s. Nas décadasseguintes, ebulições políticas,culturais e a revoluçãosexual dariam dimensãoaos clamores contra asdiscriminações – por gênero,raça, orientação sexual ereligiosa. Nos 70, movimentosque discutem sexualida<strong>de</strong> seorganizam politicamente.Hoje incorporada aosgran<strong>de</strong>s temas sociais, aliberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opção sexualpauta até as relações entrecapital e trabalho. Sindicatosa incluem na discussão <strong>de</strong>acor<strong>do</strong>s coletivos. Alg<strong>um</strong>asempresas admitem quefuncionário ou funcionáriatenham parceiro ou parceiracomo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> pl<strong>ano</strong><strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por exemplo.mamente ligada à afetivida<strong>de</strong>”, diz. Muitoscasos ocorrem entre amigas. A intimida<strong>de</strong>leva à c<strong>um</strong>plicida<strong>de</strong>, à admiração,a outro olhar... E a outros sentimentos,como <strong>de</strong>sejo e amor. Não necessariamentenessa or<strong>de</strong>m. Para Sylvia Marz<strong>ano</strong>, quetambém é urologista e aten<strong>de</strong> homens empânico com “o que <strong>faz</strong>er para satis<strong>faz</strong>erminha parceira”, a mulher busca em outrao que não encontra no homem. “Buscamais <strong>do</strong> que sexo: quer estar literalmentejunto com alguém.” Isso explicaria, os“casamentos” supostamente mais estáveisentre mulheres, em que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com a estudiosa, dificilmente acontece<strong>um</strong>a traição.Roberta Reis tinha <strong>um</strong> namora<strong>do</strong>, <strong>um</strong>trabalho como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> laboratório<strong>de</strong> <strong>um</strong>a farmácia <strong>de</strong> manipulaçãoe <strong>um</strong>a vaga para preencher em sua pequenaequipe. Andreia <strong>de</strong> Oliveira tinha<strong>um</strong>a namorada, estudava enfermagem ebuscava emprego. E assim seus caminhosse cruzaram. Passaram a compartilhar arotina e a ficar juntas. No início Andreia,aos 17 <strong>ano</strong>s, não teve coragem <strong>de</strong> ass<strong>um</strong>irsua sexualida<strong>de</strong>. Teve me<strong>do</strong> <strong>de</strong> serjulgada e que isso interferisse no trabalhorecém-conquista<strong>do</strong>. Mas pensamentospouco orto<strong>do</strong>xos já passeavam pelacabeça <strong>de</strong> Roberta, então com 23 <strong>ano</strong>s,que se surpreendia pensan<strong>do</strong> “muito” naFeminilida<strong>de</strong>Sylvia: “As lésbicasperceberam quenão precisammais seguir papéise, sen<strong>do</strong> duasmulheres, po<strong>de</strong>m,sim, formar <strong>um</strong>casal”jovem auxiliar. A relação com seu namora<strong>do</strong>não andava bem.Escon<strong>de</strong>r ou nãoResolveu arriscar. Um dia, na hora <strong>do</strong>café, lascou <strong>um</strong> beijo na menina. Daí atéas verda<strong>de</strong>s começarem a sair <strong>do</strong> armárioforam duas semanas <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> seduçãoe carícias. A primeira transa foi <strong>um</strong> <strong>de</strong>safiopara ambas. De <strong>um</strong> la<strong>do</strong>, a mais jovem,que já tivera duas namoradas e era ass<strong>um</strong>idaem casa e com amigos: “Ficava inseguraporque ela é mais velha, já tinha transa<strong>do</strong>com outros homens e podia não gostar”.De outro, a mais velha, sem nenh<strong>um</strong>a experiênciacom mulher: “Ficava imaginan<strong>do</strong>como seria, o que eu <strong>de</strong>veria <strong>faz</strong>er”.E...? Elas caem na risada e Roberta conta:“A primeira vez foi no Carnaval, nacasa da minha mãe, no interior <strong>de</strong> MinasGerais. É difícil explicar, mas é completo.Naturalmente você <strong>de</strong>scobre o que suaparceira quer e o que você quer. Foi emocionante”.Roberta resolveu ass<strong>um</strong>ir, contoupara o ex-namora<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois para afamília. A sensação foi <strong>de</strong> alívio: “Depois<strong>de</strong> contar em casa tu<strong>do</strong> é mais fácil. Minhamãe enten<strong>de</strong>u n<strong>um</strong>a boa”. Ingenuamente,nem fizeram questão <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>ra relação no trabalho. Resulta<strong>do</strong>: Andreiaper<strong>de</strong>u o emprego e a namorada <strong>de</strong>mitiuseem solidarieda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>riam ter recorri<strong>do</strong>à Justiça por discriminação sexual.Mas não quiseram. Hoje, trabalham emlocais diferentes e, por segurança, resolverammanter o assunto da porta <strong>do</strong> trabalhopara fora. Estão juntas há <strong>do</strong>is <strong>ano</strong>s.2007 MAIO REVISTA DO BRASIL 43

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