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Debaixo de cruel massacre no qual se destacaram o primeiro-tenente Nunes e osegundo-sargento Pedroso [...] Minha vista esquerda, porém, infelizmente creiotê-la perdido parcialmente, após uma borrachada no supercílio correspondente,aplicada pelo 1 o tenente Nunes, da PE.22. Manoel Raimundo escreveu diversas cartas à esposa. As última recebidas por ela foramescritas no dia 10 de julho de 1966. No dia 13 de agosto de 1966, ele foi novamente levado para oDOPS. Durante o tempo em que esteve preso, o advogado Marcelo Alencar impetrou habeas corpusjunto ao Superior Tribunal Militar (STM) e a resposta das autoridades foi a de que ele não se encontravapreso e não se tinha notícias de seu paradeiro. Foi este o argumento dado pelo então comandantedo III Exército, general Orlando Geisel, irmão do futuro presidente Ernesto Geisel.23. Em 20 de agosto de 1966, o major Luiz Carlos Menna Barreto, o delegado José Morsche uma terceira pessoa estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) à procura do corpo de ManoelRaimundo, segundo testemunharam Delmar Santos e Felipe Demóstenes Bitencourt, auxiliares de necropsia.Os visitantes já sabiam que ele estava morto, resultado de “caldos” (tortura por submersão) a quefoi submetido à noite, até que “perderam” o corpo nas águas do rio e tentavam recuperá-lo. Depois dalocalização de seu corpo, a necropsia confirmou que houve lesões, com provável violência, indicando queteria morrido entre os dias 13 e 20 de agosto de 1966.comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 201424. Pela grande repercussão do caso, foram abertas quatro investigações: um inquérito policial,presidido pelo delegado Arnóbio Falcão da Motta; um Inquérito Policial Militar (IPM), a cargodo III Exército; uma investigação do Ministério Público estadual, tendo à frente o promotor de JustiçaPaulo Cláudio Tovo; e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa doRio Grande do Sul. Segundo o depoimento do fiscal chefe da ilha-presídio do Rio Guaíba, ManoelRaimundo deixara aquela prisão em 13 de agosto, sendo entregue a agentes do DOPS no ancoradouroda Vila Assunção. Como, neste caso, as versões de suicídio e de tiroteio não eram cabíveis, a versãooficial foi a de que ele foi solto em 13 de agosto e que teria sido justiçado, vítima de seus próprioscompanheiros, em virtude dos depoimentos que prestou. Foi essa a conclusão do IPM. A versão foicontraditada pelo promotor Paulo Cláudio Tovo, que em seu relatório afirmou que “a bússola dosindícios aponta firmemente para o DOPS”. 21 Em relação à versão oficial de que o preso político haviasido posto em liberdade no dia 13 de agosto, o promotor argumentou queNa verdade, porém, ninguém (de fora do DOPS) viu Manoel Raimundo Soaressequer descer as escadarias do prédio da avenida João Pessoa, onde funciona oDOPS. Entre 13 (data da suposta libertação) e 24 de agosto (data do encontro docadáver da vítima), não há a menor notícia de um suspiro, ao menos, de Manoel,fora das dependências do DOPS.Nenhum rastro ou vestígio sequer de um passo de Manoel fora dos umbrais doDOPS. E não é crível que o DOPS o deixasse ir assim em paz, principalmenteem se tratando de um agente subversivo. [...] E se ninguém viu Manoel, depois dodia 13 de agosto, fora das dependências do DOPS, [...] é porque Manoel nuncafoi posto em liberdade. Tanto isto é verdade que o estudante de agronomia LuísRenato Pires de Almeida, preso na mesma época, afirmou que Manoel Raimundo605

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