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tamente o porquê, imagino que para quebrar o meu moral, começaram a dizer:“Matamos a Iara, Iara está morta, Iara já era”. Sucessivamente isso. Eu estava encapuzado,rolando pelo chão, porque com a descarga elétrica você fica sem controle...de alguma maneira eu acho que eles intuíram que eu não estava acreditando, e eurealmente não acreditei. [Então] eles me arrastaram para uma quina da sala, levantaramo capuz e me mostraram uma foto... era a Iara morta. 47O atestado de óbito de Iara descrevia que sua morte teria sido decorrente de suicídio. Na religião judaica,o suicida não tem honra, por isso a família de Iara foi obrigada a enterrá-la no cemitério israelita de SãoPaulo de costas para as demais sepulturas e de frente para a parede do cemitério, sem direito a honras fúnebres.Com o passar do tempo, foram sendo recolhidas provas que mostravam que na verdade a morte deIara não havia sido suicídio. No próprio laudo assinado pelo médico-legista Charles Pittex está registradamorte violenta e, entre parênteses, está escrito “suicídio” com um ponto de interrogação.78. Em 1993, foram entregues relatórios de cada uma das Forças Armadas ao ministroda Justiça, e no relatório da Marinha constava a seguinte afirmação sobre Iara: “[…] foi morta emSalvador (BA), em ação de segurança”. O jornalista Bernardino Furtado de Carvalho publicou umareportagem sobre o caso em O Globo, com o depoimento de testemunhas que contrariavam a versãooficial de suicídio. A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) registrou odepoimento prestado pelo jornalista Bernardino Furtado, em 23 de setembro de 1997, no gabinete doentão secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Belisário dos Santos Jr., no qual afirmou:comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014[…] quando entrevistou o dr. Lamartine [Lima] visando obter informações sobreo laudo cadavérico de Lamarca; nessa ocasião o médico lhe relatou o seguinte: osargento Rubem Otero em consulta médica, em estado grave de saúde, confidenciou-lheque […] participou do cerco ao apartamento de Iara Iavelberg; que quandojá se encontravam dentro do apartamento, sem que tivessem encontrado qualquerpessoa, perceberam que a porta de um dos cômodos se encontrava fechada; o sargentoteria disparado uma rajada de metralhadora contra essa porta, não tendo havidoqualquer reação dentro do referido cômodo, o sargento chutou a porta e aliencontrou uma mulher agonizando […]. O depoente ouviu de Leônia Cunha, irmãde Lúcia Bernardete Cunha, que era hospedeira de Iara naquela época, a seguinteinformação: a senhora Evandir Rocha, conhecida por Vanda, zeladora do edifícionaquela época, relatou a Leônia que ouviu Iara gritar que se entregava às forças darepressão, tendo em seguida ouvido os tiros.Segundo a proprietária do apartamento, Shirlei Freitas Silveira, havia sinais de outros três tiros no banheiroonde Iara havia supostamente cometido suicídio. Vizinhos do apartamento também afirmaramter escutado vários disparos e o grito de rendição de Iara.79. Com as denúncias reunidas, a família de Iara conseguiu autorização na Justiça para procederà exumação e ter novo laudo sobre sua morte. A sociedade Chevra Kadisha, responsável peloCemitério Israelita do Butantã, dificultou o processo, inclusive conseguindo suspender a exumação, masela prosseguiu e aconteceu em 2003, com peritos da Universidade de São Paulo (USP), sob a supervisãodo médico Daniel Romero Muñoz, nomeado pelo juiz do caso, na qualidade de professor de medicina623

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