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de Araújo Barreto, sendo torturados na frente de vizinhos e o sobrevoo de helicópteros com osmortos pendurados, para todos verem. Até hoje alguns mais velhos se ressentem quando algumhelicóptero se aproxima da região.83. Do cerco e da investida na fazenda Buriti, em 28 de agosto de 1971, coordenados peloCODI da 6 a Região Militar, participaram as equipes OSCAR (do DOPS de SP, tendo à frente o delegadoSérgio Paranhos Fleury), LIMA (CIE), MIKE (CISA), FOX-TROT (CIE), HOTEL (CISA) ECINÓFILAS (PM da Bahia). Os helicópteros permaneceram em Oliveira dos Brejinhos e foram acionadosquando rompeu-se o silêncio, com o tiroteio na fazenda. Como resultado da investida, os agentesconseguiram localizar o ponto em que estava a barraca de Lamarca e Zequinha, a cerca de 1,5 quilômetroda casa da família Barreto. Mas, com o barulho, ambos conseguiram fugir. 49 Em depoimentoà CNV e à CEV Rubens Paiva de São Paulo, em 15 de julho de 2014, Olderico Barreto contou que:No dia 28 de agosto de 1971 a gente amanheceu com nossa casa cercada. [...] Eleschegaram de helicóptero, eles vieram de madrugada, a cavalo, a pé [ao povoado deBuriti Cristalino]. Esses que cercaram a nossa casa é que são responsáveis pela mortede Otoniel e Santa Bárbara. [...] então quando eu sou preso, passo a ser torturadono pé de um morango, onde eles me misturavam com estrume de animal, e me reviravame davam chutes na região dos rins, pra lá e pra cá, eles me quebraram nestedia [de forma] que eu tive muita dificuldade no dia seguinte de levantar sozinho, deentrar em um carro, de me curvar. [...] eu vi meu pai, eles pondo o velho no pau dearara à noite. [...] eles me vendaram os olhos e me pisavam, inclusive para descansareles ficavam em cima do meu tórax.comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014Olival Barreto, que à época tinha 11 anos, escondeu-se debaixo da cama do quarto junto com JorgeTadeu, 16 anos, quando da invasão dos agentes à sua casa. De lá, escondido, presenciou a morte deSanta Bárbara, que caiu no chão, ao lado das crianças. Na audiência pública ele disse que não é fácilfalar sobre esses episódios. Emocionado, contou que:As cenas de brutalidade que presenciei, eu que estava completando 12 anos, sãocoisas que ficaram marcadas. Eles ficaram instalados na nossa casa durante uma semana.Eu assisti muito eles baterem no meu pai, e ouvi os gritos dele. Foi uma coisamuito pesada, para minha infância e até hoje.84. Sobre a morte de Luiz Antônio Santa Bárbara, Olival relembra o que presenciou:Nós dormíamos juntos, no mesmo quarto, porque a gente era como irmãos, ele tinhao dobro da minha idade, ele era da idade do Zequinha, ele era meu professor.Então a gente dividia o quarto. Só que esta noite, quando eu deitei, ele não estava.Aí quando foi tarde da noite, por volta de meia-noite, uma hora da manhã, elechegou. [...] Só que quando estava clareando, o José Tadeu, que era um primo quemorava ao lado, ele viu a polícia chegando, muita gente montada a cavalo, fazendoo cerco ali, e ele conseguiu entrar na nossa casa antes que a polícia. [...] O Tadeudevia ter uns 15 anos para 16. Ele acordou o Olderico e o Otoniel e foi lá para oquarto da varanda, onde eu estava com o Santa Bárbara, e acordou a gente. Aí ele625

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