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13 – casos emblemáticosO que queremos? A inviolabilidade dos direitos da pessoa humana, para que nãohaja lares em pranto, filhos órfãos de pais vivos, quem sabe mortos, talvez; órfãos dotalvez ou do quem sabe. Para que não haja esposas que enviúvem com maridos vivos,quem sabe mortos, talvez; viúvas do talvez ou do quem sabe.[Discurso do deputado Alencar Furtado, MDB-PR, em 27 de junho de 1977.]Os capítulos anteriores apresentaram métodos e práticas das graves violações de direitoshumanos cometidos por agentes do Estado durante a ditadura. Foram descritos casos de detençõesarbitrárias e ilegais, tortura, execuções e desaparecimentos forçados, e demonstrado seu impacto sobreum extenso número de vítimas. Este capítulo e o seguinte, sobre a Guerrilha do Araguaia, apresentamcasos que mereceram um tratamento separado, por serem emblemáticos em relação à repressão contradeterminados grupos, como militares e camponeses, ou pela forma como a violência se materializou,como os casos de terrorismo de Estado contra a sociedade civil.A) A repressão contra militares1. A Guerrilha de Três Passos (1965)Uma vez entrei às dez da noite [para sessão de interrogatório e tortura], e saí delá às seis da manhã. Eu tenho marcas aqui de burro [mostra o corpo marcado],me queimaram, eles me marcaram com uns espetões. Eu tenho marcas até hojenas pernas, nos braços. Se vocês olharem aqui [mostra os dedos das mãos], temtodas as marcas de aliança. Isso foi fio de náilon, que eles passavam, amarravam.Os dedos, quando puxavam, ficavam pretos, completamente pretos. E eles interrogando:“Conhece fulano?”. Eu dizia: “Não conheço”, então eles puxavam aquelefio, cortava até o osso.[Valdetar Antônio Dorneles, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade,julho de 2014.]1. Desde antes de 1964, grupos políticos se organizavam e discutiam estratégias parareagir a um eventual golpe de Estado. Nos meses que sucederam o golpe de 1964, uma conexãoque envolvia trabalhistas alijados do poder que se encontravam no Uruguai, como o ex-presidenteJoão Goulart, o ex-governador Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, além de militares expurgadosdas Forças Armadas pelos golpistas, voltou-se para o planejamento de possíveis reações à ditaduramilitar, na forma de guerrilha ou insurreição, com a participação de civis e militares. Osexpurgos nas Forças Armadas e condenações de militares com penas de vários anos de reclusãoofereceram grande contingente para um eventual movimento de contragolpe. Entre meados de1964 e o começo de 1965, todos os planos de insurreição tinham um traço em comum: o levante,a coluna de combatentes, deveria partir da região Sul do Brasil, onde estavam as bases históricasdo trabalhismo e o III Exército, responsáveis pelo sucesso da rede da Legalidade em 1961. E haviatambém monitoramento constante, por parte de órgãos de informação, sobre as atividades dosexilados brasileiros, especialmente no Uruguai.596

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