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do”, e Maria Augusta Tomaz, codinome “Márcia” ou “Neusa”, na fazenda Rio Doce,município de Rio Verde (GO), quando foram mortos os aludidos subversivos. 56101. Entretanto, o caseiro Eurípedes João da Silva conta que foi obrigado por agentes darepressão a sepultar clandestinamente o casal. Ele disse que foi acordado, na madrugada do dia 17 demaio de 1973, com barulho de helicóptero e com os militares gritando:“Neusa, Raimundo! Levanta pra morrer!”. Meu pai acordou primeiro e disse: “Tem umdoido aí”, ainda falei [...] Teve muito tiro. Muito barulho. Até nós sentados lá no pau lá,tinha hora que dava uma rajada. Quando eles mataram a mulher, nós estávamos sentadosno pau lá, ela deu um grito que nós escutamos. Só que o homem já estava morto. 57Isto desmonta a tese de que houve uma troca de tiros e indica uma estrutura articulada pelo conjuntodas forças de segurança, que passava tanto pela Polícia Federal quanto pela Polícia Militar, para eliminaropositores. A cena descrita por Eurípedes também dista de uma troca de tiros:O rapaz estava na cozinha e ela em cima da cama. Os tiros atingiram somente aparte de cima dos corpos. Havia muito sangue. O dela entrava no colchão e formouuma poça embaixo da cama. 58comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014102. A série de depoimentos e de reportagens que compõe a documentação evidencia a execuçãoplanejada dos militantes do Molipo com a participação de agentes da Polícia Federal, da FAB, daPolícia Militar de Goiás, da Polícia Civil e do DOI-CODI do II Exército. Os documentos ressaltam aparticipação, direta ou indireta, do coronel Aníbal Carvalho Coutinho (comandante-geral da PMEGO);coronel Herbert de Bastos Curado (secretário de Segurança Pública de Goiás); tenente-coronel João DiasFilho (comandante do 42 o BIMTZ); Bernardino Bochi (superintendente do Departamento de PolíciaFederal de Goiás); Eurípedes Pereira Rios (diretor do DOPS/SSP/GO); Epaminondas Nascimento (capitãoda PM reformado e delegado de Polícia de Rio Verde); João Rodrigues Pinheiro (Delegado de Políciade Jataí-GO); coronel Sebastião de Oliveira e Souza (comandante do 2 o BPM de Rio Verde); capitãomédico Vicente Guerra (“Capitão Guerra”); três agentes da Polícia Federal; Pedro Marinho (agente daPM-2); e Marcus Antônio Brito de Fleury (delegado regional do DPF/GO).103. Depois da execução, o caseiro Eurípedes, os agregados Wanderick Emídio da Silva,João Rosa e o proprietário da fazenda, Sebastião Cabral, foram coagidos por Epaminondas Pereira doNascimento, que exercia função de delegado de polícia em Rio Verde (GO), a sepultar clandestinamenteo casal. Essa afirmação também foi corroborada por depoimentos prestados na década de 1980 peloproprietário da fazenda, Sebastião Cabral, que destacou que a ordem para sepultar o casal partiu doentão delegado de polícia de Rio Verde, Epaminondas Pereira do Nascimento. A CNV o questionousobre documento confidencial do SNI que atesta a sua presença e participação na cena do crime, alémde depoimentos de testemunhas diretas do caso. Ele limitou-se a dizer: “Estive lá e vi os cadáveres”, serecusando a colaborar e dar mais informações sobre o caso.104. Outro agente que esteve presente na cena da execução, e foi ouvido pela Comissão Nacionalda Verdade, é o médico cardiologista Vicente Guerra, que entre 1970 e 1996 integrou o corpo médicoda Polícia Militar de Goiás. O capitão médico informou que foi à fazenda Rio Doce para analisar a cena631

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