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cavalos para cima dos trabalhadores, deram chutes, mas, na dispersão, os trabalhadores que iam paraTimóteo e lugares mais distantes conseguiram embarcar nos caminhões. No entanto, aqueles quemoravam no bairro Santa Mônica tomaram o rumo do alojamento a pé. Os policiais, então, pediramreforço da tropa e seguiram para esse alojamento. Como o local só tinha uma entrada, os empregados,percebendo a chegada da tropa, bloquearam a passagem com móveis, guarda-roupas, tonéis, além dequebrarem as lâmpadas da rua, para dificultar a chegada da polícia. A tropa recuou e deslocou-se parao alojamento da Chicago Bridge, uma empreiteira que trabalhava para a Usiminas, cuja maioria dostrabalhadores era mais humilde, nem tinha participado da assembleia, e estava dormindo. A políciainvadiu o alojamento, bateu nos trabalhadores e efetuou muitas prisões.34. Um grupo de trabalhadores da Chicago Bridge foi levado para a delegacia. Lá, foram colocadosdeitados em um pátio, debaixo de chuva, e foram pisoteados e espancados. Foi com a presençado padre Avelino Marques na delegacia que os presos conseguiram sair, enlameados, machucados, comhematomas. Alguns puderam deixar a delegacia no começo da manhã de segunda-feira e foram diretopara a portaria da Usiminas. As agressões e humilhações praticadas por policiais e seguranças eramcomuns, mas neste episódio atingiu o seu ápice, tensionando ainda mais as relações entre a Usiminas eseus trabalhadores. O grupo do alojamento da Santa Mônica, que havia passado a noite de prontidão,com receio da invasão da polícia, também foi cedo para a entrada da Usiminas. Com a chegada doscaminhões com o pessoal de fora, aos poucos os trabalhadores foram tomando ciência do ocorridodurante a madrugada e fecharam a entrada da Usiminas, não deixando ninguém entrar.comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 201435. Na audiência pública da CNV em 7 de outubro de 2013, data que marcou 50 anos doMassacre de Ipatinga, 26 José Horta de Carvalho, testemunha do episódio, disse que a ingerência daPolícia Militar fazia parte do cotidiano da empresa, revistando empregados na saída dos turnos e perseguindo-osaté o alojamento. Ele lembrou a tensão daqueles momentos que antecederam a tragédia:Eu vi a forma cruel como a vigilância da Usiminas junto com a Polícia Militar destruíramnossos companheiros. [...] Eu estava perto do caminhão, a uns dois metros,quando a gente percebeu que os companheiros que haviam sido massacrados pelavigilância e a Polícia Militar a mando da Usiminas a noite inteira, eles estavamchegando dos ambulatórios para se integrarem com a gente. E aquelas presenças,aquelas atitudes, os semblantes... cheios de hematomas, com braços nas tipoias,machucados, tristes, [aquilo] mexeu com os brios daquela massa que estava ali,mexeu com os brios da gente. 2736. Na porta da Usiminas, na manhã chuvosa de 7 de outubro de 1963, em um ambientemuito tenso, foram se aglomerando milhares de trabalhadores que, por volta das 8h, eram mais de5 mil. A tropa da Polícia Militar estava ali para defender o patrimônio da siderúrgica, mas, com osportões fechados, ficaram também do lado de fora. Eram doze policiais, depois chegou reforço, totalizando19. E havia um soldado em cima da carroceria de um caminhão com uma metralhadoragiratória. O choque era iminente. Lideranças dos trabalhadores juntos com o padre Avelino Marquesnegociaram, no escritório central da empresa, a retirada da tropa do local, temendo um confronto.O capitão Robson Zamprogno, responsável pela tropa, depois de longa negociação, com a presençatambém do diretor da Usiminas Gil Guatimosin Júnior, aceitou a retirada, mas disse que não aceitariamvaias ou manifestações contrárias a eles, por parte dos trabalhadores. Ficou decidido que tanto os609

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