governante, e o governante escravo do rei, e o rei escravodo sacerdote, e· o sacerdote escravo do ídolo e o ídolo: um punhado de barro, modelado pelos demôniose erguido sobre um montículo de crânios.Acompanhei as gerações das margens do Ganges aodesembocar do Nilo, ao Monte Sinal, às praças públicasda Grécia, às igrejas de Roma, às ruas de Constantinopla,aos edifícios de Londres, e vi a escravidãocaminhar em toda parte: ora, oferecem-lhe sacrifíciose chamam-lhe deus; e ora vertem vinho e perfumes aosseus pés e chamam-lhe rei; ou queimam incenso antesuas estátuas e chamam-lhe profeta; ou prosternam-seperante ela e chamam-lhe lei; ou lutam e se massaerampor ela e chamam-lhe patriotismo; ou submetemsepassivamente a ela e chamam-lhe religião; ou incendeiame demolem suas próprias moradas por suacausa e chamam-lhe fraternidade eigualdade, ou labutame lutam para conquistá-la e chamam-lhe dinheiroe comércio... . Pois ela tem muitos nomes , masuma só essência ...Uma de suas variedades mais estranhas é a escravidãocega, que solda o presente dos homens ao passadode seus pais e submete suas almas às tradições de seusavós, fazendo deles corpos novos para espíritos velhose túmulos pintados para esqueletos decompostos.E há a escravidão muda, que prende o homem a umaesposa que ele detesta, e prende a mulher a um maridoque ela odeia, rebaixando-os ao nível da sola no calçadoda vida. .E há a escravidão surda, que obriga os indivíduosa seguir os gostos de seu meio e a tomar sua cor e aadotar suas modas até que se tornem como os ecos davoz e a sombra dos corpos ...120"1Quando me cansei de contemplar as procissões, sentei-meno vale das sombras, e vi uma sombra magricelaa caminhar sozinha rumo ao sol. Perguntei-lhe:Quem és tu?- Eu sou a Liberdade- E onde estão teus filhos?- O primeiro morreu crucificado, o segundo morreulouco, e o terceiro ainda não <strong>nas</strong>ceu.13
VENENO NO MEL14Numa manhã de outono que, no norte do Líbano,tem um esplendor desconhecido alhures, os aldeões deTula se reuniram na praça da igreja para comentar arepentina viagem de Fares Rahal que, tendo abandonadoinesperadamente sua jovem esposa, tomara umrumo desconhecido.Fares Rahal era o líder da aldeia. Havia herdadosua primazia de seu avô e de seu pai. E embora jovem,havia nele uma superioridade que se impunha.Quando se casara na primavera com Suzana Barakat,todos disseram: "Que felizardo! Conseguiu, comme<strong>nos</strong> de 30 a<strong>nos</strong>, tudo o que :o homem pode desejarn<strong>este</strong> mundo."Mas, naquela manhã, quando os habitantes de Tula,ao acordarem, souberam que Fares havia juntado oque pudera de seu dinheiro; montado seu cavalo e deixadoa aldeia sem se despedir de ninguém, sentiram-seperplexos e começaram a procurar os motivos que podemlevar um homem como ele a abandonar de repentesua gente, sua esposa, sua casa, seus campos e VInhedos.~,No Norte do 'Líbano, a vida se assemelha ao socialismomais do que a qualquer outro sistema. Todos partilhamas alegrias e tristezas da vida, levados por instintos"simplese singelos. E fazem frente, juntos, a todosos grandes acontecimentos.Foi por isto que os habitantes de Tula abandonaramsuas tarefas cotidia<strong>nas</strong> e se reuniram em volta daigreja para trocarem opiniões sobre a misteriosa partidade FaresRahal.Enquanto conversavam, viram o padre Estêvão, párocoda cidade, aproximar-se deles, a cabeça inclina. da, o rosto sombrio. Acolheram-no com olhares interrogativos.- Não me façam perguntas, disse ele por fim. Tudoquanto sei é o seguinte: Fares veio bater à minha portaantes da aurora. Seu rosto estava marcado pela tristeza.Disse: 'Vim' despedir-me, -padre. Vou-me paraalém-mar, e não voltarei 'vivo a <strong>este</strong> país.' Depois, entregou-meuma carta lacrada, endereçada ao seu amigoNagib Malik, e pediu-me que lha entregasse pessoalmente.Feito isso, saltou sobre seu cavalo e desapareceuantes que pudesse fazer-lhe uma pergunta.. Conjecturou alguém: "Sem dúvida, a carta explicaos motivos da viagem, pois Nagib era seu melhoramigo."Perguntou outro: "Tem visto a esposa dele, padre?"Respondeu o padre: "Visitei-a após as preces damanhã. Encontrei-a sentada à janela. Fixava as distânciascom olhos de vidro, como se tivesse perdido arazão. Quando a interroguei, abanou a cabeça e murmurou:'Não sei. Não sei.' E desatou a chorar comouma criança."15
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