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este livro, violento nos pensamentos e nas palavras ... - marculus.net

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do, e despojei-a da lembrança de mil primaveras e demil outo<strong>nos</strong>.Depois, plantei a árvore de minha alma em terranova.Plantei-a num campo distante, afastado dos caminhosdo tempo. E velei-a, dizendo: "As vigílias <strong>nos</strong>aproximam das estrelas." E reguei-a com meu sanguee minhas lágrimas, dizendo: "No sangue há sabore <strong>nas</strong> lágrimas há doçura."E quando voltou a primavera, minha alma flores-­ceu de novo.E no verão deu frutos. .E quando chegou o outono, colhi os frutos madurosem bandejas de ouro e coloquei-os na encruzilhada das.estradas. E muitos transeuntes passaram, mas ninguém<strong>este</strong>ndeu a mão e apanhou um fruto.Tirei então um fruto e comi-o. E achei-o doce como.o mel e saboroso como o elixir, e mais capitoso que o.vinho de Babilônia e mais perfumado que o hálito dojasmim. Gritei então:"Os homens não querem a bênção em suas bocasnem a verdade em seus corações, porque a bênção éfilha das lágrimas e a verdade é filha do sangue."E voltei e sentei-me à sombra da árvore da minhaalma num campo afastado dos caminhos dos homens.Cala-te, meu coração, até a aurora.Cala-te, pois o espaço está repleto com o cheiro dos.cadáveres e não absorverá teu hálito.Ouve, meu coração, as minhas <strong>palavras</strong>:Ontem, meu pensamento era um veleiro que oscilavade um lado para' o outro com as ondas, e se moviaao sabor dos ventos de uma praia a outra.E o veleiro de meu pensamento estava vazio de tudo.Só possuía sete vasos cheios, com tinta de sete cores.diferentes, tal um arco-Íris.Um dia, enfadei-me de viajar pelos mares e decidivoltar com o veleiro vazio do meu pensamento paraa terra onde <strong>nas</strong>cera.E comecei a pintar meu veleiro com cores amarelascomo o pôr do sol, e verdes como o' coração da primavera,e azuis como o teta do céu, e vermelhas como ohorizonte em chama; e desenhei sobre as velas e o timãoformas estranhas que atraem a vista e encantama imaginação. E ao término de meu trabalho, apareceuo veleiro do meu pensamento como a visão de um profetavagando entre dois infinitos: o mar e o céu. Entreientão no porto da minha terra, e o povo todo saiuao meu encontro com aleluias e regozijos, e conduziram-meà cidade ao som dos tambores e das trombetas.Fizeram tudo isto porque o exterior de meu veleiroera colorido e atraente, mas ninguém entrou no interiordo veleiro do meu pensamento.E ninguém perguntou o que havia trazido de alémmarno meu veleiro.E ninguém soube que o havia trazido vazio ao porto.Então disse, comigo mesmo: "Enganei a todos, e,com sete vasos de cores, iludi seus olhos e sua imaginação."Um ano depois, embarquei novamente no meu veleiro.Visitei as ilhas do Oriente e lá recolhi a mirra, o­sândalo e o âmbar.E fui às ilhas do Ocidente onde recolhi a poeira doouro, o marfim, o zircônio e as esmeraldas, e todas asdemais pedras preciosas.E, fui às ilhas do Norte e delas trouxe as sedas e osbordados.E às ilhas do Sul, de onde trouxe as espadas e osescudos mais aperfeiçoados, e todas as variedades dearmas.64 65

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