Pensando sobre polÃticas públicas de lazer - Ministério do Esporte
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30<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais3 REVISITANDO O CONCEITO DE VULNERABILIDADEDuval Magalhães Fernan<strong>de</strong>sAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoPreten<strong>de</strong>-se, aqui, expor a tramitação histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> sobdiversas perspectivas. Para tanto, neste texto será analisa<strong>do</strong> esse processo mediantea contribuição <strong>de</strong> vários pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tema no estu<strong>do</strong> das ciências afins. Por fim,prioritariamente, será contemplada nessa discussão a concepção social e econômicada vulnerabilida<strong>de</strong>, com base nas abordagens levantadas <strong>sobre</strong> o tema.Destaca-se, inicialmente, a “vulnerabilida<strong>de</strong>” conceitualmente pensada, ainda emseus primeiros entendimentos, como uma complementação ao conceito <strong>de</strong> risco.Para Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2005), a vulnerabilida<strong>de</strong> teve suas primeirasaparições sob a ótica <strong>do</strong> risco em uma dimensão meramente ambiental, sen<strong>do</strong> que,tempos <strong>de</strong>pois, foi estudada num contexto socioeconômico. Nesse contexto, Maran<strong>do</strong>laJr. e Hogan (2005, p. 30) lembram que os primeiros estu<strong>do</strong>s científicos envolven<strong>do</strong>o conceito <strong>de</strong> risco remetem à: “[...] uma forte orientação objetivista (empiricistarealista),ten<strong>do</strong> como pressuposto o entendimento da realida<strong>de</strong> como um da<strong>do</strong>, ouseja, passível <strong>de</strong> mensuração”.Acredita-se que os geógrafos foram os primeiros a <strong>de</strong>senvolver trabalhos <strong>sobre</strong>ç <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> risco e vulnerabilida<strong>de</strong>. Muitos estu<strong>do</strong>s trabalharam com o potencial<strong>de</strong> risco – por exemplo, os <strong>de</strong> enchentes, terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas,etc. Os riscos ambientais se mostravam mais visíveis e emergenciais aos olhos <strong>de</strong> umaépoca (décadas <strong>de</strong> 1950 e 1960), quan<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minava uma corrente empirista.Destacam-se aqui, pois, os trabalhos <strong>de</strong> Robert W. Kates (KATES, 1978) e <strong>de</strong>Anne White e Ian Burton (WHITE; BURTON, 1980), ambos no contexto <strong>do</strong> ScientificCommittee on Problems of the Environment (Scope), importante organização científicaque contribuiu muito para os estu<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> as relações <strong>do</strong> homem com seu ambiente,principalmente nas décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980.O perigo inseri<strong>do</strong> em um contexto <strong>de</strong> planejamento era visto por tais estudiososensejan<strong>do</strong> risco que, por sua vez, era a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esse da<strong>do</strong> fenômeno ocorrerem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> local, causan<strong>do</strong> danos e expon<strong>do</strong> a população:Em vez <strong>de</strong> se utilizar o impacto como abordagem, imperava uma preocupaçãoprognóstica que reclamava a minimização da incerteza, ou seja, a mensuraçãodas probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> os perigos acontecerem era fundamental para diminuir aocorrência e a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sastres (MARANDOLA JR.; HOGAN, 2005,p. 32).