11.07.2015 Views

Pensando sobre políticas públicas de lazer - Ministério do Esporte

Pensando sobre políticas públicas de lazer - Ministério do Esporte

Pensando sobre políticas públicas de lazer - Ministério do Esporte

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

34<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisAfinal, notoriamente, constata-se a exclusão social ligada a fatores <strong>de</strong>mográficos,<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> próprio processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> transformações <strong>sobre</strong> omun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Contu<strong>do</strong>, Hopenhayn (2002) afirma que a insistência da negaçãoda cultura e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> outro facilita a aceitação da exclusão socioeconômicaque advém das mudanças promovidas pela mo<strong>de</strong>rnização. A exclusão <strong>do</strong>s indígenasna América Latina, segun<strong>do</strong> o autor, é um exemplo flagrante.Com isso, percebe-se que as vulnerabilida<strong>de</strong>s que dizem respeito à etnia, culturae fatores socioeconômicos estão <strong>de</strong> forma lastimável associadas, constatan<strong>do</strong>-se aqui,principalmente no Brasil, minorias étnicas afligidas por indica<strong>do</strong>res que cruzamentre si. Segun<strong>do</strong> Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2006) esses grupos são mais vulneráveisem termos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s insatisfeitas, exclusão política, marginalida<strong>de</strong> social ediscriminação cultural.Kowarick (2002) também aborda a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil urbano cercean<strong>do</strong>a questão <strong>do</strong> acesso aos bens da cidadania, principalmente relaciona<strong>do</strong>s ao emprego,aos serviços <strong>de</strong> proteção social ou ao aumento da violência criminal. Kowarick(2002, p. 15) trata esses fenômenos como fatores da “fragilização da cidadania”,compreendida como[...] perda ou ausência <strong>de</strong> direitos e como precarização <strong>de</strong> serviços coletivosque garantiam uma gama mínima <strong>de</strong> proteção pública para grupos carentes <strong>de</strong>recursos priva<strong>do</strong>s – dinheiro, po<strong>de</strong>r, influência – para enfrentar as intempériesnas metrópoles <strong>do</strong> sub<strong>de</strong>senvolvimento industrializa<strong>do</strong>.Para o autor, o crescimento da vulnerabilida<strong>de</strong> urbana no Brasil po<strong>de</strong> serconstata<strong>do</strong> em fenômenos como favelização e o empobrecimento da população, que sereflete no quadro econômico referente ao trabalho informal (remuneração ina<strong>de</strong>quadae insuficiente, além <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego), fazen<strong>do</strong>, assim, com que mais pessoas passem aocupar uma posição abaixo da linha da pobreza. Nesse contexto, nota-se que Kowarickatribui a vulnerabilida<strong>de</strong> a um contexto mais socio<strong>de</strong>mográfico.Essa analogia <strong>de</strong> Kowarick se conecta com o que Hopenhayn se refere ao tratar asituação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> <strong>de</strong>senraizamento social e econômico,associada, principalmente, a formas <strong>de</strong> emprego irregular, informal, intermitente ouocasional. O produto final <strong>de</strong>ssa situação para o autor seria o enfraquecimento <strong>do</strong>slaços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> primária, como família, parentela, bairro, vida associativa e opróprio mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Desse mo<strong>do</strong>, isso traria, <strong>de</strong> forma clara, consequênciasdiretas para a cidadania, o acesso aos direitos e a exposição a riscos <strong>de</strong> toda sorte.Portanto, buscou-se aqui apenas retratar um pequeno esboço da discussão <strong>sobre</strong>a vulnerabilida<strong>de</strong>. Interessante observar como as primeiras abordagens tiveram umapreocupação maior <strong>de</strong> cunho ambiental, sen<strong>do</strong> que somente mais tar<strong>de</strong>, em mea<strong>do</strong>sdas décadas <strong>de</strong> 1980 e 1990, é que as questões <strong>de</strong> cunho social se tornaram uma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!