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Pensando sobre políticas públicas de lazer - Ministério do Esporte

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PENSANDO SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE LAZERPARA JUVENTUDES EM CONTEXTOSDE VULNERABILIDADE SOCIAL:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais


Vânia Noronha (Organiza<strong>do</strong>ra)Belo Horizonte2009


Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaLuiz Inácio Lula da SilvaMinistro <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>Orlan<strong>do</strong> Silva <strong>de</strong> Jesus JúniorSecretária Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong><strong>Esporte</strong> e <strong>de</strong> LazerRejane Penna RodriguesDiretora <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Ciência eTecnologia <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>Leila Mirtes Santos <strong>de</strong> Magalhães PintoPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas GeraisGrão-Chanceler da PUC Minas: Dom WalmorOliveira <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>Reitor: Dom Joaquim Giovani Mol GuimarãesVice-Reitora: Patrícia Bernar<strong>de</strong>sPró-Reitoria <strong>de</strong> ExtensãoPró-Reitor <strong>de</strong> Extensão: Wan<strong>de</strong>rley Chieppe FelippeInstituto <strong>de</strong> Ciências BiológicasDiretor: Ubiratan Barros <strong>de</strong> MeloEducação FísicaCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> curso e <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s emEducação Física, <strong>Esporte</strong> e Lazer (CEFFEL)Profa. Eustáquia Salva<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> SousaInstituto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ICA)Diretora: Profa. Rita <strong>de</strong> Cássia FazziOrganizaçãoVânia NoronhaPesquisaAlmir <strong>de</strong> Oliveira JúniorAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoDuval Fernan<strong>de</strong>s MagalhãesGilmar RochaMaria Aparecida Venâncio (Assistente)Maria Jose Gontijo SalumPatrícia Zingoni (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra)Pedro Paulo PettersonVânia Noronha (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra)RedaçãoAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoDuval Fernan<strong>de</strong>s MagalhãesMaria José Gontijo SalumPatrícia ZingoniVânia NoronhaCredito das fotografias e mapasAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoRevisãoMaria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Costa <strong>de</strong> QueirozProjeto gráfico diagramação e capaEduar<strong>do</strong> Costa <strong>de</strong> QueirozSaitec EditoraçãoEstagiáriosAlessandro <strong>do</strong>s Santos CostaAn<strong>de</strong>rson Batista Coelho (Pós-Graduaçãoem Geografia)Andreia Antônia <strong>de</strong> JesusÂngela Luzia <strong>do</strong>s Santos OtoniFábio Barbosa MoraesFernan<strong>do</strong> Henrique Vago PimentelKyra Martins VargasNathália Silva BarbosaRodrigo Men<strong>de</strong>s MacielThiago Leite da SilvaOs textos publica<strong>do</strong>s são <strong>de</strong> exclusiva responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s autores que os assinam.FICHA CATALOGRÁFICAElaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas GeraisP418<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong>vulnerabilida<strong>de</strong> social: contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves –Minas Gerais / Vânia Noronha (org.). - Belo Horizonte: Editora, 2009.176 p. : il.Bibliografia.ISBN: 978-85-63105-00-41. <strong>Esporte</strong>s – Ribeirão das Neves (MG). 2. Lazer – Ribeirão das Neves.3. <strong>Esporte</strong>s – Política Pública. I. Alves, Vânia <strong>de</strong> Fátima Noronha, 1961-.II. Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais. Pró-reitoria <strong>de</strong> Extensão.CDU: 796(815.1)Bibliotecária: Rosana Matos da Silva – CRB 1889


APRESENTAÇÃOEsta publicação é resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um convênio estabeleci<strong>do</strong> entre a Socieda<strong>de</strong>Mineira <strong>de</strong> Cultura, com interveniência da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong>Minas Gerais (PUC Minas), <strong>de</strong> Belo Horizonte. O Projeto foi executa<strong>do</strong> pelo curso<strong>de</strong> Educação Física, em parceria com a Pró-Reitoria <strong>de</strong> Extensão, por meio <strong>do</strong>Instituto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente e <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia.No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2008 a janeiro <strong>de</strong> 2009, foi realizada uma pesquisa nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves com o objetivo <strong>de</strong> elaborar e aplicar um diagnósticosociopopulacional e cultural (esporte e <strong>lazer</strong>) para a cida<strong>de</strong>, visan<strong>do</strong> construir subsídiospara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> inclusão pelo esporte e <strong>lazer</strong> <strong>de</strong> jovens sujeitosà situação <strong>de</strong> risco para a violência.Trata-se <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> investigação cuida<strong>do</strong>so, que utilizou diferentesinstrumentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s – pesquisa <strong>do</strong>cumental, pesquisa bibliográfica,grupos focais e entrevistas – crian<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, uma meto<strong>do</strong>logia que, certamente,será útil para a avaliação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das cida<strong>de</strong>s brasileiras, no que se refere adiagnósticos sociopopulacionais e culturais.O município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves foi escolhi<strong>do</strong> por fazer parte <strong>do</strong> segmentopopulacional <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelo Programa Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública (PRONASCI), <strong>do</strong>Ministério da Justiça, como <strong>de</strong> alto índice <strong>de</strong> violência entre os jovens. Esse Programavisa atuar <strong>de</strong> forma a articular a política <strong>de</strong> Segurança Pública com ações sociais nocombate às causas da violência, e não apenas às suas consequências. Ele é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>mediante parceria entre o Ministério da Justiça e o Ministério <strong>do</strong>s <strong>Esporte</strong>s.A questão da violência nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos e em suas regiõesmetropolitanas tem se constituí<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores <strong>de</strong>safios a serem enfrenta<strong>do</strong>s pelospo<strong>de</strong>res públicos e pela própria socieda<strong>de</strong>. Uma percepção cada vez mais comumda população é a <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s agentes da violência é constituída pora<strong>do</strong>lescentes e jovens. Entretanto, os da<strong>do</strong>s nacionais e <strong>de</strong>sta pesquisa mostram comclareza que eles estão se tornan<strong>do</strong> as principais vítimas da violência.A publicação traz reflexões e análises que, sem dúvida, trarão contribuições parao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s nessa área, ao discutir os conceitos <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong>,Subjetivida<strong>de</strong> e Violência, bem como o lugar da família nas políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e,ainda, o conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>. Além disso, é abordada a questão da <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e índices, que possibilitaram a elaboração <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>


social <strong>do</strong> município e, especialmente, o juvenil. Por fim, foi trata<strong>do</strong> o tema das parceriasnas políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, procuran<strong>do</strong> pensá-las como elemento necessário <strong>do</strong> processo<strong>de</strong> intervenção e <strong>de</strong>senvolvimento das organizações públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que preten<strong>de</strong>menfrentar o <strong>de</strong>safio da violência.Os da<strong>do</strong>s colhi<strong>do</strong>s na pesquisa permitiram um retrato da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> município,com referência às suas juventu<strong>de</strong>s, i<strong>de</strong>ntificadas como grupo sujeito a situações <strong>de</strong>violências e vulnerabilida<strong>de</strong>s, por meio <strong>de</strong> uma análise quantitativa e qualitativa, emarticulação com a fundamentação teórica. O trabalho finaliza com a apresentação<strong>de</strong> propostas para construção da política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e esporte para a juventu<strong>de</strong> <strong>do</strong>município.A Pró-Reitoria <strong>de</strong> Extensão da PUC Minas, contan<strong>do</strong> com a participação<strong>de</strong>dicada, cuida<strong>do</strong>sa e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Instituto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente,em associação com a graduação, por intermédio <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Educação Física, e coma pós-graduação, por meio <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia, agra<strong>de</strong>ce <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> especial ao Ministério <strong>do</strong>s <strong>Esporte</strong>s e ao Ministério da Justiça a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> contribuir para que nossos a<strong>do</strong>lescentes e jovens tenham a oportunida<strong>de</strong> real <strong>de</strong>inclusão como cidadãos em uma socieda<strong>de</strong> sensível à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantia dasliberda<strong>de</strong>s individuais e <strong>do</strong>s direitos sociais.Prof. Wan<strong>de</strong>rley Chieppe FelippePró-Reitor <strong>de</strong> Extensão


PREFÁCIONos campos <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> é muito recente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisasno que tange às políticas sociais intersetoriais e que têm como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>contextos <strong>de</strong> violência. Conscientes da importância <strong>de</strong>sses estu<strong>do</strong>s para enfrentar oscomplexos <strong>de</strong>safios postos pelos nossos programas sociais, nós, da Secretaria Nacional<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong> e <strong>de</strong> Lazer <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>, acreditamosque precisamos agir com agilida<strong>de</strong>. A opção política que fizemos <strong>de</strong> romper comsituações paralisantes e chegar à realida<strong>de</strong> o mais rápi<strong>do</strong> possível passou a nos exigirum olhar atento não somente para os problemas a enfrentar, como também para aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua superação por meio <strong>de</strong> ações educativas lúdicas.Com esse propósito, neste livro, voltamos nosso olhar para a cida<strong>de</strong> mineira<strong>de</strong> Ribeirão das Neves, município emblemático por possuir características muitoespecíficas, como um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> penitenciárias, e, como uma <strong>de</strong> suasconsequências, um crescimento galopante e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> que gerou diversosproblemas sociais que têm chama<strong>do</strong> a atenção e a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> parasua superação.Mergulhan<strong>do</strong> nessa realida<strong>de</strong>, a pesquisa realizada revelou a situação-problemareconstruin<strong>do</strong> as <strong>de</strong>mandas da população pela melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, nelasincluin<strong>do</strong> o esporte, o <strong>lazer</strong>, a valorização da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e autoestima da população.Este livro traz, por intermédio <strong>do</strong> trabalho investigativo, bons elementos quepo<strong>de</strong>m contribuir tanto para as discussões das comunida<strong>de</strong>s quanto para os <strong>de</strong>bates<strong>do</strong>s gestores que estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>s pelo Programa Nacional <strong>de</strong> Segurança Públicacom Cidadania (PRONASCI) – Programa <strong>do</strong> Ministério da Justiça –, que acreditaque a superação da violência passa, necessariamente, pela ação educativa intersetorial<strong>do</strong>s projetos sociais.A abordagem <strong>do</strong> tema em diálogos com a população que vive em contexto <strong>de</strong>vulnerabilida<strong>de</strong> social é sempre um <strong>de</strong>safio para to<strong>do</strong> formula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> políticas públicasque reconhece os sujeitos como protagonistas <strong>de</strong> suas ações, e, não, como simplesreceptores passivos <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> órgãos públicos governamentais.Diante <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos dizer que não há nada mais <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r,nos tempos atuais, <strong>do</strong> que enfocar as experiências <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> em uma perspectivaque consi<strong>de</strong>ra a possibilida<strong>de</strong> da participação <strong>do</strong>s jovens, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> daqueles que sãoconfronta<strong>do</strong>s com profundas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e violências.


O reconhecimento <strong>do</strong> status <strong>de</strong> cidadania envolven<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntre outros atores sociais,a<strong>do</strong>lescentes brasileiros, reflete não somente a conquista <strong>de</strong> movimentos sociais pela<strong>de</strong>mocratização da socieda<strong>de</strong> e pela reafirmação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> direitos, como tambémuma nova visão <strong>do</strong>s jovens como categoria sociopolítica.Essa mudança na forma <strong>de</strong> encarar a população juvenil e os mais graves problemassociais exige, <strong>de</strong> nossa parte, um esforço <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> novas categorias que <strong>de</strong>emconta das experiências <strong>de</strong>ssa natureza em todas as suas dimensões.Encaran<strong>do</strong> esse <strong>de</strong>safio com serieda<strong>de</strong> e competência, a PUC Minas respon<strong>de</strong>ua essa <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, mais uma vez, a importância <strong>de</strong> parceriasconcretas que vençam o imobilismo e valorizem o conhecimento como instrumentoindispensável à qualificação das políticas públicas sensíveis à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossagente.Fica aqui o nosso convite para você, leitor e leitora, aprofundar as discussõesiniciadas nesta obra e nos ajudar a construir novos caminhos para os problemas aquitrata<strong>do</strong>s.Rejane Penna RodriguesSecretaria Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<strong>de</strong> <strong>Esporte</strong> e <strong>de</strong> Lazer <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>


SUMÁRIOParte I – Referencial teórico e relações com <strong>lazer</strong>.................................................111. Juventu<strong>de</strong>, subjetivida<strong>de</strong> e violência – Maria José Gontijo Salum........................ 132. O lugar da família nas políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> – Patrícia Zingoni................................ 193. Revisitan<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social – Duval MagalhãesFernan<strong>de</strong>s e An<strong>de</strong>rson Batista Coelho..................................................................... 304. O princípio das parcerias na gestão pública <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> – Patrícia Zingoni............. 35Parte II – Histórico social e <strong>de</strong>mográfico <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ribeirão dasNeves – Duval Magalhães Fernan<strong>de</strong>s e An<strong>de</strong>rson Batista Coelho................. 431. Meto<strong>do</strong>logia utilizada para a elaboração <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> Ribeirão das Neves........................................................................................ 502. Resulta<strong>do</strong>s........................................................................................................... 533. Os equipamentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> em Ribeirão das Neves............................................. 55Parte III – Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s............................................................................... 691. Discutin<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s quantitativos e qualitativos – Vânia Noronha...................... 712. A pesquisa quantitativa – Vânia Noronha............................................................. 753. A pesquisa qualitativa – Maria José Gontijo Salum e Vânia Noronha..................... 814. Propostas e sugestões para o <strong>lazer</strong> <strong>do</strong>s jovens pelos gestores e li<strong>de</strong>rançascomunitárias – Vânia Noronha............................................................................. 97Parte IV – Consi<strong>de</strong>rações finais: contribuições para uma proposta pedagógica<strong>de</strong> <strong>lazer</strong> com juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social........ 1011. Princípios gerais................................................................................................ 1072. Princípios <strong>de</strong> intervenção socioeducativa......................................................... 1093. Princípios da gestão participativa..................................................................... 115Referências............................................................................................................. 117Apêndice................................................................................................................. 123Apêndice I – Pirâmi<strong>de</strong> etária <strong>de</strong> Ribeirão das Neves......................................... 123Apêndice II – Questionário survey..................................................................... 124Apêndice III – Tabelas <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> survey................................................. 137Apêndice IV – Roteiro das entrevistas com gestores e li<strong>de</strong>ranças comunitárias... 174Sobre os autores................................................................................................... 176


11Parte IREFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER


13INTRODUÇÃOSegun<strong>do</strong> o Programa Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI),para que haja efetiva segurança, pública e política num processo <strong>de</strong>mocrático, é precisoque se promova uma coesão social com o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> pertencimento à socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>integração <strong>do</strong>s cidadãos no projeto nacional. Isso <strong>de</strong>ve se dar por meio <strong>de</strong> marcosjurídicos e operacionais que surjam e pertençam, também, àqueles que por algumacircunstância <strong>de</strong> vida se encontram em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social e cultural.Para isso, enten<strong>de</strong>mos que é preciso que os aparatos administrativo e gerencial <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> se voltem para um mo<strong>de</strong>lo participativo no qual os jovens também se sintamvincula<strong>do</strong>s moral e politicamente ao Esta<strong>do</strong>, que, além <strong>de</strong> garantir-lhes liberda<strong>de</strong>sindividuais, <strong>de</strong>ve ser permeável às suas <strong>de</strong>mandas essenciais e, assim, propor-lhes umamelhoria contínua na vida cotidiana, no <strong>lazer</strong>, no trabalho, na família e na comunida<strong>de</strong>on<strong>de</strong> estão inseri<strong>do</strong>s.Assim, nesta parte <strong>do</strong> livro, faremos uma análise teórica <strong>de</strong> alguns conceitosque fundamentam o PRONASCI/PELC e que subsidiaram nossa pesquisa <strong>de</strong> formaarticulada com o <strong>lazer</strong>.1 JUVENTUDE, SUBJETIVIDADE E VIOLÊNCIA*Maria José Gontijo SalumO conceito <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, assim como o <strong>de</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência, foi construí<strong>do</strong>histórica e culturalmente. A separação da vida em etapas – criança, a<strong>do</strong>lescente, adultoe i<strong>do</strong>so –, como nos mostra Ariés (1978), foi iniciada a partir <strong>do</strong> século XVII. Antesdisso, não havia tais distinções; as diferenças, quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>radas, eram tomadasem seu senti<strong>do</strong> quantitativo, e, não, como características distintas. A criança era vistacomo um adulto em miniatura, participan<strong>do</strong> da vida social e <strong>do</strong> trabalho como estes. Adistinção entre infância e a<strong>do</strong>lescência é ainda mais recente; ela data <strong>do</strong> século XVIII.Embora puberda<strong>de</strong>, a<strong>do</strong>lescência e juventu<strong>de</strong> ainda, hoje, sejam conceitos que seconfun<strong>de</strong>m, é importante fazermos uma distinção entre esses três termos. São conceitosque estão relaciona<strong>do</strong>s, mas têm, também, algumas particularida<strong>de</strong>s.* Este artigo foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em conjunto com os membros <strong>do</strong> Conselho Técnico <strong>do</strong> Instituto daCriança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ICA/PROEX): Almir <strong>de</strong> Oliveira Junior, Daniela Hatem, Gilmar Rocha,Pedro Paulo Pettersen, Rita Fazzi e Sânia Maria Campos.


14<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisA puberda<strong>de</strong> é localizada com base em manifestações da sexualida<strong>de</strong>, o queocorre por volta <strong>do</strong>s 11, 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Nessa época, os caracteres sexuaissecundários são ativa<strong>do</strong>s e a criança é convocada a sair <strong>de</strong> sua posição infantil, tantopelas transformações em seu corpo quanto pelas novas <strong>de</strong>mandas sociais que lhesão exigidas pela família, pela escola e pelo grupo <strong>de</strong> amigos, que adquire gran<strong>de</strong>importância em sua vida. A gran<strong>de</strong> mudança é, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>, a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> encontrosexual, e meninos e meninas terão que lidar com estas transformações.A a<strong>do</strong>lescência po<strong>de</strong> ser compreendida como a vivência subjetiva <strong>de</strong>ssastransformações da puberda<strong>de</strong>. Até por volta <strong>de</strong> 18 anos, espera-se que cada um,utilizan<strong>do</strong> suas próprias referências e as que sua cultura oferece, consiga lidar comessas mudanças físicas, subjetivas, emocionais e relacionais e cumpra a tarefa <strong>de</strong> setransformar em um adulto. Trata-se, obviamente, <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al. Na vida real, nadaassegura que aos <strong>de</strong>zoito anos o a<strong>do</strong>lescente possa ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um adulto. Levan<strong>do</strong>em conta este aspecto, ampliou-se o tempo <strong>de</strong> preparação para a vida adulta, surgin<strong>do</strong>assim o conceito <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.Alguns autores, <strong>de</strong>ntre eles, Novaes (2006), enten<strong>de</strong>m a condição juvenil comoa etapa da vida situada entre a proteção exigida para a infância e a emancipaçãoesperada da vida adulta. Para fazer este processo <strong>de</strong> emancipação o jovem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,não somente <strong>de</strong> suas próprias condições, mas, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>, das que sua família, seugrupo e a socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma forma mais ampla, lhe proporcionam. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>as diferentes condições, esses mesmos autores têm utiliza<strong>do</strong>, para se referirem aosjovens, da noção <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s. As juventu<strong>de</strong>s, na pluralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> termo, quer dizerque nem to<strong>do</strong> jovem vive sua juventu<strong>de</strong> da mesma forma. É preciso levar em contaa complexida<strong>de</strong> envolvida, os distintos contextos que terão <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s paraque cada jovem leve avante seu processo <strong>de</strong> emancipação. Isso equivale a consi<strong>de</strong>rarque nem to<strong>do</strong>s os jovens terão acesso às mesmas oportunida<strong>de</strong>s que conduziriam àemancipação esperada para que uma pessoa seja consi<strong>de</strong>rada adulta.Duas características presentes no mun<strong>do</strong> contemporâneo e, especificamente,no contexto da socieda<strong>de</strong> brasileira, têm dificulta<strong>do</strong> a emancipação <strong>do</strong>s jovens,principalmente quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos aqueles advin<strong>do</strong>s das classes populares: a criseno trabalho e a presença da morte na forma da violência urbana. Segun<strong>do</strong> pesquisascoor<strong>de</strong>nadas por Novaes (2006), esses jovens relatam dificulda<strong>de</strong>s em projetar o futuroem <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong>s me<strong>do</strong>s com os quais se <strong>de</strong>frontam no presente – o <strong>de</strong>sempregoe a violência.Para buscar condições <strong>de</strong> emancipação, é fundamental que se estabeleça umprojeto <strong>de</strong> vida. Sem projetos que apostam na vida, alguns jovens têm se entrega<strong>do</strong>à morte, em suas mais diversas concepções. A insegurança em relação à vidacontemporânea, principalmente quanto à violência nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, tem leva<strong>do</strong>


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER15alguns <strong>de</strong>les a <strong>de</strong>senvolverem estratégias para vencer a morte, 1 tanto no senti<strong>do</strong>simbólico quanto no físico. Eles correm riscos, realizam transgressões, colocam-se emaventuras, vivenciam o hoje, tentan<strong>do</strong> driblar o perigo que os espreitam. Essas atuaçõesnão são, propriamente, algo novo – encontramos relatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s transgressivas eaventuras há muito tempo na literatura <strong>sobre</strong> a<strong>do</strong>lescência e juventu<strong>de</strong>. Para afirmarsua singularida<strong>de</strong>, um jovem <strong>de</strong>verá, necessariamente, romper, <strong>de</strong> alguma forma, coma geração anterior. Para isso, muitas vezes, ele se colocará a enfrentar <strong>de</strong>safios, comouma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar um po<strong>de</strong>r diante da dificulda<strong>de</strong> a enfrentar.Mas o que marca a geração <strong>do</strong>s jovens atualmente é a resposta à insegurança naforma <strong>de</strong> um temor da morte prematura; o me<strong>do</strong> tornou-se um marco <strong>de</strong>ssa geração,segun<strong>do</strong> Novaes (2006). Essa autora <strong>de</strong>staca <strong>do</strong>is me<strong>do</strong>s essenciais da atual geração<strong>do</strong>s jovens brasileiros: o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> sobrar e o <strong>de</strong> morrer. O me<strong>do</strong> <strong>de</strong> sobrar sintetiza adificulda<strong>de</strong> atual em encontrar as formas <strong>de</strong> subsistência no trabalho formal. Diante<strong>de</strong>sse me<strong>do</strong>, estratégias <strong>de</strong> <strong>sobre</strong>vivência vão sen<strong>do</strong> utilizadas, até mesmo ilegais ecriminosas. O me<strong>do</strong> <strong>de</strong> morrer mobiliza, também, algumas estratégias, <strong>de</strong>ntre elas asatitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fensivas. Nessas, para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um inimigo potencial, po<strong>de</strong>-se atacarcom agressivida<strong>de</strong>, preventivamente.O mun<strong>do</strong> contemporâneo coloca esta geração em uma situação para<strong>do</strong>xal: aexpectativa <strong>de</strong> vida tem se amplia<strong>do</strong> para os mais velhos, enquanto os jovens têm<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> um sentimento <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, cujos principais me<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong>Novaes (2006) são: bala perdida, polícia, <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> tráfico, ser preso, ser violentada,ser espancada e enterrada viva, sofrer violência e sofrer injustiça. Os da<strong>do</strong>s estatísticosda criminalida<strong>de</strong> violenta confirmam a pertinência <strong>de</strong>sses me<strong>do</strong>s, pois a juventu<strong>de</strong>tem encontra<strong>do</strong> a morte cada vez mais ce<strong>do</strong>.O me<strong>do</strong> da violência é socialmente compartilha<strong>do</strong> e estrutura as relaçõesinterpessoais no mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> hoje. A presença <strong>de</strong> reações <strong>de</strong> violência entre as pessoase, principalmente, entre os jovens tem si<strong>do</strong> verificada em várias pesquisas. Ajuventu<strong>de</strong>, sempre consi<strong>de</strong>rada uma etapa perigosa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua teorizaçãono início <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, atualmente tem si<strong>do</strong> relacionada à criminalida<strong>de</strong>. E,mais contemporaneamente, os jovens pobres e das periferias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>spassaram a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os principais responsáveis pela violência e criminalida<strong>de</strong>urbana. Contu<strong>do</strong>, os índices das pesquisas <strong>sobre</strong> violência <strong>de</strong>monstram que eles sãoas principais vítimas. No Brasil, a violência ocorre, prioritariamente, entre aquelesque se encontram na faixa etária <strong>de</strong> 14 a 24 anos.Segun<strong>do</strong> pesquisas <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Criminalida<strong>de</strong> e Segurança Pública(CRISP), da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG), em Minas Gerais,1Sudbrack e Conceição (2005) apresentam o Mapa da Violência IV: os jovens <strong>do</strong> Brasil (UNESCO, 2004,p.187) on<strong>de</strong> se registra o aumento na mortalida<strong>de</strong> juvenil em nosso País: em 2002, 39,9% das mortes <strong>de</strong>jovens se <strong>de</strong>vem a homicídios, sen<strong>do</strong> que 75% <strong>do</strong>s juvenis foram executa<strong>do</strong>s por arma <strong>de</strong> fogo.


16<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraishouve aumento da criminalida<strong>de</strong> violenta, seguin<strong>do</strong> os padrões brasileiros. Em1995 havia uma proporção <strong>de</strong> 130 casos <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> crimes violentos para 100mil habitantes. Em 2003, essa taxa aumentou, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 592 casos para 100 milhabitantes (CRISP, 2006).O município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves e a criminalida<strong>de</strong>violenta entre os jovensA Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte (RMBH) e, especificamente, omunicípio <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, objeto <strong>de</strong>ste Projeto, apresentaram os mesmospadrões <strong>de</strong> aumento <strong>do</strong>s crimes violentos no Esta<strong>do</strong> e no País. Em Ribeirão das Neves,a criminalida<strong>de</strong> violenta – assalto à mão armada, homicídio e tentativa <strong>de</strong> homicídio– teve um aumento vertiginoso. No caso <strong>de</strong>sse município, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da PolíciaMilitar, 61% <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> homicídios ou tentativas <strong>de</strong> homicídio tiveram como alvoos jovens na faixa etária <strong>de</strong> 15 a 29 anos.Não existem da<strong>do</strong>s precisos <strong>sobre</strong> a participação <strong>do</strong>s jovens como agentes<strong>de</strong>sses crimes, embora a associação entre a atuação violenta e a juventu<strong>de</strong> seja feitae disseminada, atualmente, fomentan<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> criminalização da juventu<strong>de</strong>em situação <strong>de</strong> pobreza.Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves confirmam uma situação quecon<strong>de</strong>na gran<strong>de</strong> parte da juventu<strong>de</strong> à morte. Os projetos <strong>de</strong> vida ficam, <strong>de</strong>ssa forma,comprometi<strong>do</strong>s, e os jovens, acua<strong>do</strong>s, sucumbem diante das <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns sociais. Semescolarização, sem trabalho, sem perspectivas, envolvi<strong>do</strong>s com vários tipos <strong>de</strong> droga,muitos encontram no crime e na violência uma saída.Em geral, as propostas para combater a criminalida<strong>de</strong> violenta apontam para trêsperspectivas: elas <strong>de</strong>vem ser locais, focalizadas e apoiadas pelo município. A proposta<strong>do</strong> Programa <strong>Esporte</strong> e Lazer da Cida<strong>de</strong> (PELC) a<strong>do</strong>ta, também, essa direção.Como ressalta<strong>do</strong> nesta publicação, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o PRONASCI, a segurançapública é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma coesão social seguida <strong>do</strong> sentimento <strong>de</strong> pertencimentoe <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> seus membros. Em Ribeirão das Neves, da<strong>do</strong> o contexto <strong>de</strong>violência e as dificulda<strong>de</strong>s das condições <strong>de</strong> vida, a integração social e o sentimento<strong>de</strong> pertencimento <strong>do</strong>s jovens estão, <strong>de</strong> certa forma, comprometi<strong>do</strong>s. Este quadroparece promover não a participação e vínculo, mas a agressão e violência, nas suasmais diversas formas.Portanto, é necessário apresentar propostas que possibilitem romper com alógica retributiva – aquela que pune a violência com mais violência e exclusãosocial, culpabilizan<strong>do</strong> os jovens e segregan<strong>do</strong>-os. Nesse senti<strong>do</strong>, buscamos apresentarpropostas <strong>de</strong> práticas socioeducativas que promovam a subjetivida<strong>de</strong>, única arma queo ser humano dispõe para recusar sua submissão como mais um número a constar nas


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER17estatísticas <strong>do</strong>s crimes – seja como agente, ou vítima. Enfim, propor uma práticaque promova o laço social no lugar da <strong>de</strong>struição e da morte.Nessa política, o <strong>lazer</strong> assume um caráter fundamental <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong>participação, e isto está em consonância com o Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente(ECA). Nesse estatuto, o <strong>lazer</strong> é explicita<strong>do</strong> como um direito da criança e <strong>do</strong>a<strong>do</strong>lescente, que <strong>de</strong>verá ser estimula<strong>do</strong> e facilita<strong>do</strong> pela família, pelo po<strong>de</strong>r público epela socieda<strong>de</strong> em geral. É reconheci<strong>do</strong> às crianças e a<strong>do</strong>lescentes o direito disporem<strong>de</strong> perío<strong>do</strong>s que proporcionem satisfação pessoal e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,principalmente por serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pessoas em <strong>de</strong>senvolvimento. Portanto,para que se propiciem as condições para o <strong>de</strong>senvolvimento espera<strong>do</strong> <strong>de</strong> crianças,a<strong>do</strong>lescentes e jovens, <strong>de</strong>ntre os cinco direitos fundamentais, o ECA prevê o direitoà educação, à cultura, ao esporte e ao <strong>lazer</strong>. Esses aspectos cumprem a importantefunção <strong>de</strong> promover o pleno <strong>de</strong>senvolvimento e preparação para o exercício dacidadania, por isso <strong>de</strong>vem ser assegura<strong>do</strong>s. Assim, os municípios, os Esta<strong>do</strong>s e aUnião <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>stinar recursos e espaços para as programações culturais, esportivase <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> voltadas para a infância e a juventu<strong>de</strong>.Com possibilida<strong>de</strong>s reduzidas <strong>de</strong> acesso à cultura, à educação, ao esporte e ao<strong>lazer</strong>, a a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s jovens aos objetos <strong>de</strong> consumo torna-se a marca <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa época. O procura pelo acesso a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s objetos – tênis,roupas, telefone celular, bonés, drogas – é, para a maioria <strong>de</strong>les, a justificativa para aentrada na prática <strong>de</strong> atos infracionais. Esses objetos são busca<strong>do</strong>s da<strong>do</strong> o prestígioque os jovens acreditam que eles conferem àqueles que os portam, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> porquenossa época preconiza que para estar inseri<strong>do</strong> socialmente é preciso consumir.A<strong>do</strong>lescência e juventu<strong>de</strong> são épocas <strong>de</strong> incertezas, in<strong>de</strong>finições, <strong>de</strong> busca<strong>de</strong> autoafirmação e <strong>de</strong> pertencimento, enfim, <strong>de</strong> angústias. Na falta <strong>de</strong> respostas, asocieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo torna-nos, to<strong>do</strong>s, consumi<strong>do</strong>res. São fabrica<strong>do</strong>s e oferta<strong>do</strong>sobjetos, e esses jovens <strong>de</strong>monstram estar completamente inseri<strong>do</strong>s na lógicada socieda<strong>de</strong> contemporânea, isto é, no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo. Quer dizer, eles<strong>de</strong>monstram que estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa época, e a prática<strong>do</strong>s atos infracionais está relacionada a algumas marcas <strong>de</strong>ssa subjetivida<strong>de</strong>. Elesfurtam, na maioria das vezes, para pertencerem ao grupo, para portarem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>sobjetos.Como ressaltamos no início <strong>de</strong>ste tópico, a marca geracional da juventu<strong>de</strong>contemporânea é o me<strong>do</strong> – <strong>de</strong> sobrar e <strong>de</strong> morrer. Portanto, esses me<strong>do</strong>s são osmo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> subjetivação <strong>de</strong>sses jovens: da vida, <strong>de</strong> suas experiências, <strong>de</strong> si mesmose <strong>do</strong> outro.De acor<strong>do</strong> com Drawin (2009), subjetivida<strong>de</strong> e subjetivação são conceitos quese encontram relaciona<strong>do</strong>s. O termo “subjetivação” está relaciona<strong>do</strong> a um contextoespecífico que envolve <strong>de</strong>terminadas condições sociais, econômicas e políticas


18<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais<strong>de</strong> uma época. A fala <strong>de</strong>sses jovens expressa as condições que possibilitaram osmo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> subjetivação. Por isso, quan<strong>do</strong> solicitamos, no grupo focal, como seráapresenta<strong>do</strong> na segunda parte <strong>de</strong>sta publicação, que cada um expressasse suacondição <strong>de</strong> sujeito, eles <strong>de</strong>monstraram como, progressivamente, a subjetivida<strong>de</strong>se encontrava assujeitada às precárias condições <strong>de</strong> subjetivação: <strong>de</strong>silusão einexistência <strong>de</strong> projetos pessoais. Essa <strong>de</strong>silusão e baixa autoestima expressama dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> esses jovens aparecerem como sujeitos. Eles não conseguem seexpressar como sujeitos e repetem os mesmos “chavões”. Revelam, ao contrário,um assujeitamento diante falta <strong>de</strong> perspectivas e não conseguem encontrar saídasdiante das dificulda<strong>de</strong>s encontradas.Ser um sujeito é a dimensão <strong>do</strong> humano que escapa e resiste à <strong>de</strong>terminaçãoobjetivante (DRAWIN, 2009, p. 51). Um sujeito é aquele que consegue, com basenas <strong>de</strong>terminações, separar-se <strong>de</strong>las. Dessa forma, perguntamos: a que estes jovensestão <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s? Seguin<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s das pesquisas <strong>de</strong> violência, eles estãopre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s à segregação e à exclusão – eles vão sobrar e morrer. Além disso,<strong>de</strong>monstram, por meio <strong>de</strong> suas falas, que não estão encontran<strong>do</strong> maneiras <strong>de</strong> resistira esse <strong>de</strong>stino que os assombra.Assim, propor uma política que consi<strong>de</strong>re o a<strong>do</strong>lescente como um sujeito<strong>de</strong> direitos faz toda a diferença para esses jovens. Uma política concebida <strong>de</strong>ssaforma <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>monstrar a presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> não somente por meio da polícia,estigmatizan<strong>do</strong> ainda mais esses jovens, mas, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a importância, para apromoção da cidadania da saú<strong>de</strong>, da educação, <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>. Dessa maneira,apostan<strong>do</strong> nos direitos, po<strong>de</strong>remos avançar na prevenção da violência que assola ajuventu<strong>de</strong>.Os cinco direitos fundamentais previstos pelo ECA são uma aposta pararomper com o ciclo <strong>de</strong> segregação e morte. A efetivação <strong>de</strong>sses direitos é o quepo<strong>de</strong>rá promover o <strong>de</strong>senvolvimento das crianças e a<strong>do</strong>lescentes por meio <strong>de</strong>mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> subjetivação que tolerem a diversida<strong>de</strong>, as diferenças, a convivência,o laço social. Por isso, uma política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que promova a cidadania assumeimportância crucial nessas condições. Quer dizer, uma política que possibiliteo convívio, não o me<strong>do</strong>, a exclusão, o ódio e a intolerância; uma política quepromova mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> subjetivação que acolham a subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um, não asujeição e a mortificação.Nessa perspectiva, é possível levar em conta a subjetivida<strong>de</strong> na política,propician<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> socialização que apostem nos laços e nos encontros – é a issoque visa uma política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que consi<strong>de</strong>re a subjetivida<strong>de</strong>.


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER192 O LUGAR DA FAMÍLIA NAS POLÍTICAS DE LAZER*Patrícia ZingoniA família, em meio a discussões <strong>sobre</strong> a sua <strong>de</strong>sagregação ou seu enfraquecimento,constitui um lugar privilegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> socialização, <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> tolerância, <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> busca coletiva <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> <strong>sobre</strong>vivência e <strong>do</strong> exercício dacidadania sob os parâmetros da igualda<strong>de</strong>, <strong>do</strong> respeito e <strong>do</strong>s direitos humanos. Ela éindispensável para a garantia da <strong>sobre</strong>vivência, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e da proteção <strong>do</strong>sfilhos e <strong>de</strong>mais membros, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> arranjo familiar ou da forma como vemse estruturan<strong>do</strong>. É na família que se buscam os aportes afetivos e materiais necessários ao<strong>de</strong>senvolvimento e ao bem-estar <strong>do</strong>s seus componentes. Sobretu<strong>do</strong>, a família é <strong>de</strong>cisivana educação <strong>do</strong>s seus membros, pois nela são absorvi<strong>do</strong>s os valores éticos, humanitáriose culturais, sen<strong>do</strong> aprofunda<strong>do</strong>s os laços <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong>.A família, como forma específica <strong>de</strong> agregação, tem uma dinâmica <strong>de</strong> vidaprópria, afetada pelo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico e pelo impactoda ação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> suas políticas econômicas e sociais. Por essa razão,ela <strong>de</strong>manda políticas e programas próprios, que consi<strong>de</strong>rem suas especificida<strong>de</strong>s eseus espaços peculiares – o comunitário e o <strong>do</strong>méstico.Os poucos trabalhos que buscam discutir o lugar da família nas políticas sociaisbrasileiras têm si<strong>do</strong> unânimes em sua constatação <strong>de</strong> que, pelo menos até a década<strong>de</strong> 1980, as diretrizes e os programas da intervenção social <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro nãohaviam prioriza<strong>do</strong> a família ou valoriza<strong>do</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s como prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>bem-estar material, afetivo e emocional. A maior parte das ações não se dirigia àsfamílias, mas aos indivíduos.Diferentes fatores, porém, que foram <strong>de</strong>cisivos para a incorporação <strong>de</strong> uma nova<strong>de</strong>finição legal <strong>de</strong> família, contribuíram para que a família passasse a ocupar lugar <strong>de</strong>maior <strong>de</strong>staque na agenda das políticas sociais brasileiras na década <strong>de</strong> 1990. Nessesenti<strong>do</strong>, foi fundamental a garantia da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres entre homense mulheres na relação conjugal pela Constituição <strong>de</strong> 1988, que reiterou o direito aodivórcio e <strong>de</strong>clarou o planejamento familiar como opção a ser a<strong>do</strong>tada livrementepelo casal. A partir daí, foi prevista, também, a criação <strong>de</strong> mecanismos para coibira violência <strong>do</strong>méstica que lançaria as bases para que os direitos das crianças e <strong>do</strong>sa<strong>do</strong>lescentes pu<strong>de</strong>ssem ser garanti<strong>do</strong>s entre eles, bem como o direito à convivênciafamiliar e à participação na vida comunitária (FARIA, 2002).A atenção a família, por meio <strong>de</strong> políticas públicas a<strong>de</strong>quadas, constitui, semdúvida, um <strong>do</strong>s fatores condicionantes das transformações às quais a socieda<strong>de</strong>* Este texto foi extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo originalmente publica<strong>do</strong> no livro Lazer e socieda<strong>de</strong>: múltiplas relações,organiza<strong>do</strong> por Marcellino [Campinas, SP: Alínea, 2008. (Coleção Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>)].


20<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisbrasileira aspira e um <strong>do</strong>s eixos fundamentais da política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> entendida comoum direito social. Retomar a família como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção das políticas públicasé, também, assumir o <strong>de</strong>safio na busca <strong>de</strong> opções mais coletivas e eficazes no direito<strong>do</strong>s indivíduos ao <strong>lazer</strong>.Para abordar o tema família e <strong>lazer</strong>, escolhi um caminho reflexivo que, primeiramente,retoma um breve histórico <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> e das famílias no Brasil, segui<strong>do</strong> das característicasque formatam a política social <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no País. Em seguida aponto algumas questõesque afetam diretamente o <strong>lazer</strong>, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> daquelas famílias caracterizadas pela situação<strong>de</strong> pobreza. Por fim, apresento algumas consi<strong>de</strong>rações básicas que uma política social<strong>de</strong> <strong>lazer</strong> voltada para a família na atualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar.O <strong>lazer</strong> e as famílias no Brasil: um breve históricoComentan<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> nossa socieda<strong>de</strong> colonial, Renato <strong>de</strong> Almeida (apud PINTO,2000) diz que, se houve no século XVI luxo extremo nas casas <strong>do</strong>s nobres – “casagran<strong>de</strong>” –, em pouco a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruralizar a vida e a mestiçagem acabou comaqueles pruri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ostentação e galas. In<strong>do</strong> para as fazendas, os senhores lançaramos alicerces da socieda<strong>de</strong> brasileira numa vida monótona e sem prazeres.Durante to<strong>do</strong> esse tempo <strong>do</strong> Brasil Colonial, somente a Igreja era centro social e <strong>de</strong>diversões, pois nela havia festas profanas com danças e representações. Fora daí, somentealgum festejo oficial ou as raras reuniões <strong>de</strong> família (chamadas assembleias), além <strong>de</strong>visitas aos <strong>do</strong>mingos e algumas caçadas. Quanto aos escravos, suas poucas oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> diversão eram, vez por outra, prestigiadas pelos amos. Do início <strong>do</strong> século XIX nosviria uma carta <strong>do</strong> último vice-rei, o Con<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Arcos, recomendan<strong>do</strong> aos senhores que,em lugar <strong>de</strong> combater, estimulassem música e dança aos sába<strong>do</strong>s na senzala.A igreja <strong>do</strong> Brasil Colonial teve um papel importante na vida cultural daquelaépoca e, também, na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, como compreendi<strong>do</strong> naquele momentohistórico. Consi<strong>de</strong>rada como uma espécie <strong>de</strong> empresária das alegrias <strong>do</strong> povo, como dizLuís Edmun<strong>do</strong> (apud Pinto, 2000), sempre promoveu, animou e protegeu folgue<strong>do</strong>s <strong>de</strong>rua. Em consequência, as festas religiosas passaram a se constituir marcas <strong>do</strong> tempo<strong>de</strong> <strong>lazer</strong> das famílias: Natal, quaresma, páscoa, pentecostes, festas juninas e <strong>de</strong> santospadroeiros até hoje marcam o calendário oficial <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no País.Paralelamente à socieda<strong>de</strong> rural <strong>de</strong>senvolveram-se duas experiências <strong>de</strong> vidaurbana: uma no nor<strong>de</strong>ste, em Pernambuco, na primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XVII eoutra no centro-sul <strong>de</strong> Minas Gerais, no século seguinte. Nessas duas experiências,observamos a diversificação das ocupações típicas da vida urbana e o <strong>de</strong>sabrochar <strong>de</strong>costumes burgueses. As famílias abastadas promoviam reuniões e saraus, que incluíamrecitais <strong>de</strong> cravo e rabeca, <strong>de</strong>clamação <strong>de</strong> poesias, jogos <strong>de</strong> carta, danças, brinca<strong>de</strong>iras<strong>de</strong> prenda, gamão e xadrez. (MEDEIROS, 1990)


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER21A Proclamação da República, em 1889, introduziu no País mo<strong>de</strong>rnizações queenvolveram o fim <strong>do</strong> trabalho escravo e o início da urbanização e industrialização,<strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> para os eixos centro-sul os polos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, políticoe cultural aos mol<strong>de</strong>s das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas capitalistas. O projeto republicano <strong>do</strong>smilitares, inspira<strong>do</strong> no positivismo <strong>de</strong> Augusto Comte, penetrou no Brasil <strong>do</strong> final<strong>do</strong> século XIX, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> raízes no imaginário social e também novos senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>família – família mo<strong>de</strong>rna, ou nova família, ou família nuclear mo<strong>de</strong>rna, inspirada nosmodismos da belle-époque francesa e no conservacionismo moralista inglês daquelaépoca. (NEDER, 2000)Ao contrário da família tradicional, na família mo<strong>de</strong>rna a mulher passa aterpapel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na moral familiar e social. Educada para ser <strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa, mãee educa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s filhos, cumpre também o papel <strong>de</strong> suporte <strong>do</strong> homem para que elepossa enfrentar a labuta <strong>do</strong> trabalho fora <strong>de</strong> casa. Por isso, precisa ser prendada e irà escola. No projeto republicano positivista, volta<strong>do</strong> para a mo<strong>de</strong>rnização da famíliabranca, a educação ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no projeto social <strong>de</strong> “or<strong>de</strong>m e progresso”(NEDER, 2000).Nesse contexto, educa<strong>do</strong>res e recreacionistas <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XX enten<strong>de</strong>mque é no tempo vivi<strong>do</strong> no lar que os indivíduos apren<strong>de</strong>m a brincar. Enfatizan<strong>do</strong> aimportância das ativida<strong>de</strong>s recreativas orientadas e “bem escolhidas” como meio <strong>de</strong>solucionar problemas da vida mo<strong>de</strong>rna, Gouvêa (apud Leila, 2000), com base em suasexperiências com a Recreação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1934, ressalta o papel da família na educaçãopara o aproveitamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> das horas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> por meios <strong>de</strong> várias ativida<strong>de</strong>srecreativas e “passatempos”.No jornal católico O Horizonte (1928), são tecidas críticas ao uso <strong>de</strong> jogos naescola pelo receio <strong>de</strong>les abalarem a severa vigilância <strong>do</strong>s pais e o recato necessárioàs crianças, alertan<strong>do</strong> para os perigos que surgem quan<strong>do</strong> as crianças são postas emcontato com outras crianças <strong>de</strong> péssimos costumes e sem menor vigilância, o que levaà <strong>de</strong>vassidão e à indisciplina social.Mas foi no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo que foram esboçadas as primeiras incursões<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em políticas públicas na área da família, ten<strong>do</strong> como aliadas a Igreja e aEscola. Foram políticas com forte inspiração no autoritarismo e na eugenia, enfatizan<strong>do</strong>os senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “família regular” e “família saudável”. A Igreja, separada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>no início da República, utilizou estratégias que <strong>de</strong>finiram uma política educacionalcatólica <strong>de</strong> amplo alcance com a implantação <strong>de</strong> escolas confessionais em to<strong>do</strong> o País,bem como crian<strong>do</strong> a assistência social ligada à Igreja, ocupan<strong>do</strong> lacunas <strong>de</strong>ixadaspela nova or<strong>de</strong>m republicana (NEDER, 2000).Como parte integrante <strong>do</strong> tempo diário da vida cotidiana das pessoas, o <strong>lazer</strong>constitui um momento agradável e <strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa rotina. Procuran<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>ras formas como a periferia <strong>do</strong>s centros urbanos preenche o tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, Magnani


22<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais(1998), em estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s no final da década <strong>de</strong> 1970 e início década <strong>de</strong> 1980,trata <strong>de</strong> como essas família davam senti<strong>do</strong> a esses tempos. Em seu trabalho <strong>de</strong> campo,<strong>de</strong>stacou que o tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> tem senti<strong>do</strong>s diferentes, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> sexo, ida<strong>de</strong>s,esta<strong>do</strong> civil. Com base nessas categorias, mapeou o tempo livre das comunida<strong>de</strong>sestudadas, revelan<strong>do</strong> como o tempo livre <strong>do</strong>s homens casa<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> vivi<strong>do</strong>s emcasa, era uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar com a família, <strong>de</strong>dicar-se a algum “bico”, assistirà TV, ouvir rádio ou <strong>do</strong>rmir. Fora <strong>de</strong> casa, os encontros com vizinhos e colegas nosbares eram os programas preferi<strong>do</strong>s. Com os rapazes não aparece a oposição emcasa e fora <strong>de</strong> casa; as preferências <strong>de</strong>les envolviam o esporte e encontros sociais(sinuca, bares, bailes...). As mulheres casadas, mais em casa, <strong>de</strong>dicavam seu tempo atrabalhar e <strong>do</strong>rmir, assistir à TV e ouvir rádio. Saíam apenas em ocasiões especiais:aniversários, casamentos, circos. Também em casa, as moças preenchiam seu tempolivre assistin<strong>do</strong> à TV e rádio, e fora <strong>de</strong> casa, in<strong>do</strong> a lanchonetes, bailes e festas emcasa <strong>de</strong> colegas.Como organizar um quadro <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s preferidas <strong>de</strong> entretenimentos nãofoi suficiente para enten<strong>de</strong>r o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para essas famílias, Magnani(1998) fez entrevistas, mas não as consi<strong>de</strong>rou também suficientes, da<strong>do</strong> o carátermonossilábico das falas <strong>sobre</strong> o <strong>lazer</strong> e a distância <strong>do</strong> discurso obti<strong>do</strong> com a práticaobservada. Exemplo disso foi o alto índice <strong>do</strong> item cinema em todas as falas, sen<strong>do</strong>que a única sala <strong>de</strong> projeção da vila estava <strong>de</strong>sativada.Foi ao se introduzir nos grupos <strong>de</strong> sinuca <strong>do</strong> bairro que esse pesquisa<strong>do</strong>r pô<strong>de</strong>observar mais <strong>de</strong> perto o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para essas famílias. A entradano “pedaço”, evi<strong>de</strong>ntemente, quebrou o clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança com o grupo. Aobservação direta <strong>do</strong> tempo e espaço vivi<strong>do</strong>s muito liga<strong>do</strong> à casa, à vizinhança e à vilareafirmam o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> como tempo <strong>de</strong> vivências culturais variadas,sen<strong>do</strong> que o bar é privativo <strong>do</strong>s homens e os <strong>de</strong>mais participam <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>. A lanchoneteé o correspon<strong>de</strong>nte feminino <strong>do</strong>s bares. A relação entre casa e fora <strong>de</strong> casa é muitosignificativa – <strong>de</strong>fine o ritmo <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Os fins <strong>de</strong> semana, também. Às sextasfeirastambém são especiais: dança-se samba. Os momentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>sfamiliares, não haven<strong>do</strong> diferenças entre festas <strong>de</strong> crianças e <strong>de</strong> adultos, ocorrem porocasião das festas tradicionais como Dias das Mães, aniversários, casamentos e festasreligiosas, como Natal, Páscoa, etc.Por influência da Igreja Católica, os valores associa<strong>do</strong>s à família – e também oaparelho jurídico – sempre estiveram atrela<strong>do</strong>s à relação sexualida<strong>de</strong>, reprodução ecasamento e, especialmente, no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> família conjugal, a casamento indissolúvele monogâmico, embora nas práticas culturais apenas alguns segmentos da populaçãose ajustassem a esse mo<strong>de</strong>lo. No entanto, nas últimas décadas <strong>do</strong> século XX, mudançasno plano das práticas culturais influenciaram transformações nas representações<strong>de</strong> família que, segun<strong>do</strong> Fukui (apud PINTO, 2000), ocorreram em três momentosespeciais: quan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> filhos começou a ser previsto e planeja<strong>do</strong>; quan<strong>do</strong> se


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER23passou a não mais existir filhos ilegítimos; e quan<strong>do</strong> foram reconheci<strong>do</strong>s os direitos<strong>de</strong> uniões consensuais. Com a institucionalização <strong>do</strong> divórcio no Brasil, em 1977,e ingresso maciço das mulheres no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho a partir da década <strong>de</strong> 1980,mudanças significativas operaram-se na história da família brasileira, principalmenteno nível <strong>do</strong>s valores, influencian<strong>do</strong> nossa prática social como um to<strong>do</strong>.Nesse contexto, duas mudanças profundas em relação ao senti<strong>do</strong> tradicional <strong>de</strong>família são significativas nas relações entre homens e mulheres, entre pais, mães e filhos:a primeira, em relação à autorida<strong>de</strong> patriarcal; a segunda, quanto à divisão <strong>de</strong> papéisfamiliares. Papéis sexuais e obrigações não estão mais claramente estabeleci<strong>do</strong>s, nãosão mais compostos por padrões e hábitos preexistentes e o indivíduo é continuamenteobriga<strong>do</strong> a negociar opções <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida, como diz Gid<strong>de</strong>ns (1993).Em outras palavras, as escolhas que os indivíduos fazem dizem respeito ài<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les. Nas socieda<strong>de</strong>s tradicionais, os indivíduos não tinham escolhas enem precisavam se revelar em cada uma das suas ações e hábitos. Eles não podiamescolher o que fazer e como ocupar o tempo, mas não viviam uma das angústias davida mo<strong>de</strong>rna: ter que escolher. Essa exposição da individualida<strong>de</strong> abriu espaço para ocomportamento compulsivo, que representa a perda <strong>do</strong> “eu’’ da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolhere <strong>de</strong> dizer não” (SARTI, 1998).Estu<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> o <strong>lazer</strong> e a vida familiar, realiza<strong>do</strong>s em 1996 pelo Serviço Social<strong>do</strong> Comércio (SESC) <strong>de</strong> São Paulo, voltam a enfatizar o <strong>lazer</strong> como tempo <strong>de</strong> diversão<strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> casa. Uma vez mais <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> o que as pesquisas em geral revelam,são listadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entretenimento que permitem perceber alguns da<strong>do</strong>s quemostram senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no final <strong>do</strong> século XX. Inicialmente é evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>o aumento da vivência <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> em casa com o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong>comunicação (TV, rádio, revistas, internet, ví<strong>de</strong>os, ouvir música). O tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>é enfatiza<strong>do</strong> como tempo <strong>de</strong> consumo, amplian<strong>do</strong> negócios no campo <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>. Emsegun<strong>do</strong> lugar, o tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> em casa é tempo <strong>de</strong> estreitamento <strong>de</strong> relações sociais(especialmente com amigos) e <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s manuais ditas “semiutilitárias”,amplian<strong>do</strong> o hobby pela jardinagem, cuida<strong>do</strong>s com carros, animais, consertos caseiros(bricolagem), etc. Nesse senti<strong>do</strong>, também cresce o negócio <strong>do</strong> “faça você mesmo”.Fora <strong>de</strong> casa o tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> é menor, mas vivi<strong>do</strong> intensamente em lugares específicos– públicos e priva<strong>do</strong>s – como shopping centers, parques, cinemas, teatros, casas <strong>de</strong>shows, reuniões <strong>de</strong> grupos formais e associações, clubes, etc. Além disso, <strong>de</strong>stacam-seas viagens durante perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias e feria<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s. Novamente, a pesquisarevela que os homens saem mais que as mulheres. Revela também que, com asconquistas das mulheres ao direito ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, o tempo disponível mu<strong>do</strong>uem <strong>de</strong>corrência da dupla jornada <strong>de</strong> trabalho, uma vez que a maioria continua com aresponsabilida<strong>de</strong> com as tarefas <strong>do</strong>mésticas (CAMARGO, 1998).Analisan<strong>do</strong> esses da<strong>do</strong>s Camargo (1998) enten<strong>de</strong> o lar como refúgio e aconchego,além <strong>de</strong> um “pequeno centro cultural” no qual po<strong>de</strong>mos ter disponibilizadas várias


24<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisopções <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Para esse autor, o tempo <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> vivi<strong>do</strong> fora <strong>de</strong> casarespon<strong>de</strong> a uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> ritmo, <strong>de</strong> paisagem e <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida.Como observamos nas últimas décadas, mudanças profundas têm aconteci<strong>do</strong> nafamília brasileira. Essas mudanças po<strong>de</strong>m ser percebidas tanto nas “unida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas”(diminuição <strong>do</strong> tamanho das famílias, multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arranjos, crescimento nasunida<strong>de</strong>s compostas por um único membro, o crescimento da importância da mulhercomo prove<strong>do</strong>ra, etc.) quanto na família como “instituição” (<strong>de</strong>mocratização da socieda<strong>de</strong>conjugal, respaldadas tanto em termos jurídicos quanto pela prática) e no “conjunto <strong>de</strong>valores” pre<strong>do</strong>minantes (enfraquecimento <strong>do</strong>s vínculos conjugais formais, presençacrescente das famílias monoparentais, ruptura cada vez mais marcante <strong>do</strong>s vínculosmecânicos entre casamento, sexualida<strong>de</strong> e reprodução, etc.) (FARIA, 2002).Grosso mo<strong>do</strong>, é possível dizer que essas mudanças, po<strong>de</strong>m ser entendidascomo <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> fenômenos diversos quanto: à liberação <strong>do</strong>s hábitos e costumes, àsecularização da socieda<strong>de</strong>, à reapreciação <strong>do</strong> papel da mulher na socieda<strong>de</strong> e na família,ao aprimoramento e à popularização <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s contraceptivos, à influencia <strong>do</strong>s meios<strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, ao caráter exclu<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>pelo país, <strong>de</strong>ntre outros (FARIA, 2002).Pelo exposto, as políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para família <strong>de</strong>vem levar em conta a valorizaçãodas famílias como locus <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se, portanto, <strong>de</strong>uma conotação moralista, fundada em preocupações meramente com atitu<strong>de</strong>s ecomportamentos) e apoiar as mulheres nas famílias <strong>do</strong>s setores populares, como arrimoeconômico. Foram esses os motivos que me fizeram, neste texto, eleger como assuntoinicial o estu<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> a formação histórica e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social das famílias no Brasil.O <strong>lazer</strong> das famílias brasileiras que vivem sob o signo da pobrezaÉ consenso (TAKASHIMA, 2000) que a situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> dasfamílias encontra-se diretamente associada à sua situação <strong>de</strong> pobreza e ao perfil <strong>de</strong>distribuição <strong>de</strong> renda no País. No Brasil, os programas <strong>de</strong> transição econômica e <strong>de</strong>ajustes macroeconômicos têm funciona<strong>do</strong> como fator <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>r daquelas. Têmse verifica<strong>do</strong>, por exemplo, o aumento das famílias monoparentais, em especialaquelas on<strong>de</strong> a mulher assume a chefia <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio; a questão migratória, por motivo<strong>de</strong> <strong>sobre</strong>vivência, atinge alguns membros, tornan<strong>do</strong>-se motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestruturação<strong>do</strong> espaço <strong>do</strong>méstico; o <strong>do</strong>micílio está sujeito a ameaças frequentes causadas pela<strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> meio ambiente; o difícil acesso aos serviços básicos, aos recursosprodutivos e aos diferentes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> planejamento familiar.Em uma socieda<strong>de</strong> como a nossa, pre<strong>do</strong>minantemente urbana, na qual se convivecom diferenciadas condições econômicas, cada vez mais as pessoas são discriminadase hierarquizadas também no <strong>lazer</strong>. Para isso <strong>de</strong>vemos, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, compreen<strong>de</strong>r o


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER25contexto socioeconômico, o político e o cultural que condicionam o <strong>lazer</strong> das famíliasbrasileiras.No sistema <strong>de</strong> economia capitalista no qual vivemos, gran<strong>de</strong> parcela da população<strong>do</strong> município se encontra na faixa da pobreza; outra significativa parcela se encontraem situação <strong>de</strong> miséria absoluta, portanto, uma população <strong>de</strong> excluí<strong>do</strong>s; há distribuição<strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong>semprego; e a socieda<strong>de</strong> está centrada no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalhoaliena<strong>do</strong>.Se o trabalho na nossa socieda<strong>de</strong> se configura como locus <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação,exploração e alienação, isso dificulta consi<strong>de</strong>ravelmente outra função <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> a nãoser aquela voltada para a compensação <strong>do</strong> trabalho. Isso reduz, <strong>sobre</strong>maneira, ossignifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, limitan<strong>do</strong>-os à recuperação da força <strong>de</strong> trabalho agin<strong>do</strong>, muitasvezes, como válvula <strong>de</strong> escape para extravasar sentimentos não vivi<strong>do</strong>s no trabalhoe repor energias indispensáveis a ele.Convivemos atualmente num mun<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pela globalização, que reproduz acultura <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira acrítica. Ao mesmo tempo em que se avançano <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e da informação, avança-se também nos processos <strong>de</strong>exclusão social, vulnerabilida<strong>de</strong> e precarieda<strong>de</strong> nas relações <strong>de</strong> trabalho.Ainda prevalece nos dias atuais o tradicional conceito <strong>de</strong> que tempo livre é coisa<strong>de</strong> rico. Uma das gran<strong>de</strong>s vantagens <strong>de</strong> ser rico é ter tempo, é dispor <strong>do</strong> tempo parasi, é possuir meios para consumir uma gama <strong>de</strong> alternativas e produtos vendi<strong>do</strong>s pelaindústria <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>. Para o pobre, o tempo livre é sinônimo <strong>de</strong> tempo libera<strong>do</strong> <strong>do</strong> emprego,e não <strong>do</strong> trabalho; não quer dizer tempo disponível para o <strong>lazer</strong>. Para o <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>,tempo livre é sinônimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoralização, uma vez que a ociosida<strong>de</strong> é vista <strong>de</strong> formapejorativa.Esse preconceito po<strong>de</strong>, ainda, traduzir certo pu<strong>do</strong>r em falar <strong>de</strong> banquete na casa<strong>de</strong> quem passa fome. Como falar <strong>de</strong> alegria quan<strong>do</strong> há tanta gente sem casa, semalimentação, sem saú<strong>de</strong>, diz Camargo (1998)? Parece mesmo que o direito ao <strong>lazer</strong>somente é admissível quan<strong>do</strong> se tem as necessida<strong>de</strong>s básicas atendidas. Outras vezes,trata-se apenas <strong>de</strong> um preconceito <strong>sobre</strong> a pobreza, segue dizen<strong>do</strong> Camargo (1998), comose o fato <strong>de</strong> ser pobre significasse, além da falta <strong>de</strong> recursos, a falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo humanopelo prazer, uma incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interagir com as pessoas, inclusive ludicamente.O <strong>lazer</strong> é, pois, um termo carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> preconceitos, da<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>inútil, supérfluo e possuir uma história <strong>de</strong> utilização como instrumento i<strong>de</strong>ológico,o que contribui para o mascaramento das condições <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação nas relações <strong>de</strong>classe. Discutin<strong>do</strong> esse enfoque <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista mais amplo e seguin<strong>do</strong> a perspectivagramsciana, Marcellino (1995) afirma que, ao mesmo tempo em que o <strong>lazer</strong> sofreinúmeras <strong>do</strong>minações, é, também, oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar como alavanca <strong>de</strong> transformaçãosocial, pois é um fenômeno gera<strong>do</strong> historicamente <strong>do</strong> qual po<strong>de</strong>m emergir valoresquestiona<strong>do</strong>res da própria socieda<strong>de</strong> que o gerar.


26<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisConsi<strong>de</strong>rações para uma política social <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>voltada à família brasileiraA crise <strong>do</strong> Welfare State, o déficit público, o individualismo crescente, ainstitucionalização das necessida<strong>de</strong>s humanas e o <strong>de</strong>semprego estrutural colocama família e a comunida<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios na política social brasileira.Esse ressurgimento reflete, ainda, certa consciência <strong>do</strong> esgotamento da opção peloindivíduo nas políticas públicas. Portanto, um eixo básico que não <strong>de</strong>ixa dúvida, nemàs instituições, tampouco aos que preten<strong>de</strong>m abordar as famílias, <strong>de</strong> que o papel <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>veria ser não <strong>de</strong> substituto, mas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alia<strong>do</strong> e fortalece<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sse grupo,proporcionan<strong>do</strong> apoio ao <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> suas responsabilida<strong>de</strong>s e missão.Comentan<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> a <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> “política para a família” Faria(2002) diz que alguns analistas têm opta<strong>do</strong> pela distinção entre políticas para afamília “diretas” e “indiretas”. As políticas diretas seriam aquelas que têm a famíliacomo público-alvo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> objetivo precisamente estabeleci<strong>do</strong>,cuja consecução se dá por meio <strong>de</strong> políticas articuladas com outros setores e com acomunida<strong>de</strong>. E política indireta seriam aquelas que têm certo impacto <strong>sobre</strong> a família,embora este não seja o seu alvo principal.Nessa direção, são apontadas algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pensar a políticapública <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para as famílias, ten<strong>do</strong> essa distinção como referência e as famíliasempobrecidas como alvo <strong>de</strong>ssas políticas.É precisamente esse núcleo <strong>de</strong> políticas diretas a usualmente privilegiada pelosgerentes públicos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e que buscam no campo das “ativida<strong>de</strong>s” respostas a essas<strong>de</strong>mandas. A política para a família <strong>de</strong>finida como um campo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>implica a apresentação clara e precisa <strong>de</strong> certos objetivos relativos ao <strong>lazer</strong> das famílias.Esses objetivos po<strong>de</strong>m ser, por exemplo, garantir maior ou menor acesso das famíliasaos serviços <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> ofereci<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público; promover ações que busquema diminuição <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> acesso às políticas privadas; ativida<strong>de</strong>s que possibilitemmaior igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso entre homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos,crianças, a<strong>do</strong>lescentes, adultos e pessoas porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.Em síntese, são programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que incluem uma gama <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s eprocessos socializantes e lúdicos volta<strong>do</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações, <strong>de</strong>scanso,divertimento e habilida<strong>de</strong>s para a vida coletiva, familiar e comunitária. As famíliasnecessitam <strong>de</strong> programas que lhes <strong>de</strong>em significa<strong>do</strong> à existência cotidiana, e não apenasatuem a nível das suas condições materiais <strong>de</strong> vida (CARVALHO, 2000).Por outro la<strong>do</strong>, caso se pretenda <strong>de</strong>finir política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para a família comoqualquer intervenção pública que afete o <strong>lazer</strong> das famílias, propositadamente ou não,ou seja, como uma política indireta <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, seria necessário pensá-la articulada comas políticas <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> renda mínima, a provisão <strong>de</strong> serviços para a família <strong>de</strong>


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER27saú<strong>de</strong> e educação, políticas urbanas, <strong>de</strong> transporte, <strong>de</strong> trabalho, etc.; enfim, políticasque indiretamente condicionam o <strong>lazer</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>. Leis trabalhistas econdições <strong>de</strong> transporte são exemplos <strong>de</strong>ssas políticas que interferem na questão dadisponibilização <strong>de</strong> tempo das famílias para o <strong>lazer</strong>.Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços é extremamente necessária. Em décadas passadas, oscentros comunitários mantinham os chama<strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> mães, clubes <strong>de</strong> jovensque <strong>de</strong>senvolvem cursos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s manuais e artesanatos, ruas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, torneiosesportivos, festivais etc. Tais serviços, hoje, são escassos e sem diretrizes, processos erecursos necessários à garantia <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> e eficácia nos resulta<strong>do</strong>s. Esses serviços,embora <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>s e facilmente acessa<strong>do</strong>s pelas famílias, oferecem um trabalho<strong>de</strong>scontínuo, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, em geral, por voluntários sem o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> preparo. Organizálosnuma re<strong>de</strong> e <strong>do</strong>tá-los <strong>de</strong> infraestrutura mais a<strong>de</strong>quada, além <strong>de</strong> melhor capacitarseus agentes é um esforço necessário ainda a ser implementa<strong>do</strong> pelas políticas <strong>de</strong><strong>lazer</strong> <strong>de</strong> base microterritorial.O trabalho <strong>de</strong>mocrático que incentiva uma relação horizontal, comunitária <strong>de</strong>abertura ao outro, com base na leitura da realida<strong>de</strong> familiar abrangente envolven<strong>do</strong>todas as áreas das suas necessida<strong>de</strong>s, não é um aspecto muito prioriza<strong>do</strong> pelosgovernantes <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, tampouco consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela própria família, que vê o <strong>lazer</strong> comouma política isolada e <strong>de</strong> menor importância diante das outras. Sem dúvida, não sepo<strong>de</strong> generalizar, pois sabe-se <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>res implementa<strong>do</strong>s em diferentescantos <strong>do</strong> Brasil. Embora seja muito recente a retomada da centralida<strong>de</strong> da famílianas políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, observa-se que há uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> posturas nosdiferentes enfoques <strong>de</strong> atendimento às famílias que transitam da forma convencionala formas <strong>de</strong>nominadas inova<strong>do</strong>ras.Segun<strong>do</strong> Takashima (2000), a forma mais tradicional encontrada em nosso meioprivilegia o atendimento individualiza<strong>do</strong> das pessoas, atomizan<strong>do</strong> o universo familiar.Ela ressalta o individualismo, reflexo da própria visão econômica da socieda<strong>de</strong>,regula<strong>do</strong> mais pela competição <strong>do</strong> que pela convergência. Nesse senti<strong>do</strong>, a políticainova<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> atendimento é baseada em outra racionalida<strong>de</strong>, ou seja, a organizaçãosolidária entre os indivíduos em sua família e entre famílias vizinhas. Nesse caso,pesquisas (TAKASHIMA, 2000)) têm i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> ação grupal <strong>de</strong> apoio à<strong>sobre</strong>vivência, em que famílias pobres passam pelo processo gradativo <strong>de</strong> transiçãoentre o plano <strong>do</strong>méstico <strong>de</strong> satisfação das necessida<strong>de</strong>s para o plano coletivo: re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> entre vizinhos em caso <strong>de</strong> morte, incêndio, <strong>do</strong>ença, etc., e práticasorganizadas com agente público motiva<strong>do</strong>r – por exemplo: sacolão, fabriquetas<strong>de</strong> produtos para consumo na própria comunida<strong>de</strong>, projetos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda,movimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nuncia pelas condições <strong>de</strong> moradia etc.Essas práticas, que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> ação coletiva, <strong>de</strong>vem serestimuladas pelo gestor <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e direcionadas ao atendimento <strong>de</strong> alguns interesses


28<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraiscomuns. São práticas socioculturais que envolvem o <strong>lazer</strong> para jovens, a<strong>do</strong>lescentes,adultos e i<strong>do</strong>sos e que os diversos movimentos sociais e <strong>de</strong> interesses temáticosexistentes no entorno da comunida<strong>de</strong>, como músicos, esportistas, blocos <strong>de</strong> carnaval,grupos <strong>de</strong> quadrilhas, times <strong>de</strong> futebol etc.Da<strong>do</strong> o enfoque imediatista das políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, o atendimento à família sereveste <strong>de</strong> cunho assistencial, <strong>de</strong>sarticula<strong>do</strong> e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Seus membros são trata<strong>do</strong>scomo pessoas receptoras <strong>de</strong> benesses <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, e não como pessoas com direito.O mais grave, nesses casos, é que os profissionais que <strong>de</strong>las se ocupam acabam comcerta ingenuida<strong>de</strong> invadin<strong>do</strong>-lhes como um trator a privacida<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> fortificarsua autonomia e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha.Por outro la<strong>do</strong>, a forma <strong>de</strong>nominada inova<strong>do</strong>ra rompe com o assistencialismo,trabalha com a postura socioeducativa por meio <strong>de</strong> atendimento ao <strong>lazer</strong> como direito<strong>do</strong> cidadão e sua família articulada com a organização comunitária, âmbito <strong>de</strong> inserção<strong>do</strong>s grupos familiares. O fundamento <strong>de</strong>ssa postura alternativa é que a populaçãopobre e <strong>de</strong>sorganizada não reúne as melhores condições <strong>de</strong> lutar pelos seus direitose menos ainda <strong>do</strong>s relativos ao <strong>lazer</strong>. A estratégia, portanto, no meu entendimento, éa mobilização, a participação e a organização popular quanto ao esclarecimento daimportância <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e o bem-estar das famílias.Em comunida<strong>de</strong>s ainda não organizadas <strong>de</strong> forma satisfatória, as relações não seencontram suficientemente consolidadas nem por i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, tampouco por parentescoou procedência, fazen<strong>do</strong> emergir nelas o oposto da solidarieda<strong>de</strong>. A proximida<strong>de</strong>das casas e barracos a privacida<strong>de</strong> exposta aos vizinhos, o som em alto volume, asbrigas <strong>de</strong> casais, o lixo próximo, a água suja que corre no terreno vizinho, os roubos,o alcoolismo e as drogas são fatores da convivência diária que acabam dificultan<strong>do</strong>as relações mais solidárias.Nesse caso, o <strong>lazer</strong> po<strong>de</strong> contribuir para a socialização <strong>de</strong>ssas famílias buscan<strong>do</strong>estimular, induzir ou promover o direito ao convívio por meio <strong>de</strong> programas e projetosque enfatizam as relações <strong>de</strong> convivência e vizinhança com a promoção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>slúdicas – enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se o lúdico como as vivências culturais prazerosas, significativaspara os sujeitos, fundadas no exercício da liberda<strong>de</strong> e, por isso, mobiliza<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><strong>de</strong>sejos e estratégias sociais transforma<strong>do</strong>ras da realida<strong>de</strong>.Conforme aponta Demo (1996), os anos <strong>de</strong> ruptura e crise i<strong>de</strong>ntitária caracterizamo processo <strong>de</strong> exclusão social. A precarieda<strong>de</strong> das condições <strong>de</strong> vida não se explicaapenas pelas formas <strong>de</strong> segregação espacial e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s em face da distribuição<strong>de</strong> habitação, mas, também, por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação das relações sociais e oafrouxamento da coesão social. As dificulda<strong>de</strong>s da população se agravam em face <strong>do</strong>sentimento <strong>de</strong> solidão, enfa<strong>do</strong> e vazio da existência.Os conteú<strong>do</strong>s culturais <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, na atualida<strong>de</strong>, ocupam um papel centralnas discussões e reflexões <strong>sobre</strong> alternativas e na <strong>de</strong>gradação social, e vem sen<strong>do</strong>entendi<strong>do</strong>s como uns <strong>do</strong>s mais eficazes recursos <strong>de</strong> incorporação social.


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER29Programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que apoiam iniciativas familiares, <strong>de</strong> associativismo,<strong>de</strong> incentivo à formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> convivência, <strong>de</strong> apoio a grupos produtivos,<strong>de</strong> fortalecimento da participação nas <strong>de</strong>cisões governamentais, etc., alimentam oprocesso <strong>de</strong> socialização <strong>do</strong>s membros da família, fortalecen<strong>do</strong>-lhes a autoestima e adaqueles que lhe estão próximos, condições básicas para a construção <strong>do</strong> sentimento<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva.Mesmo reconhecen<strong>do</strong> que a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um padrão social mínimo passa,inevitavelmente, por uma interferência no problema da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social por meio<strong>de</strong> políticas redistributivas que busquem o equilíbrio entre o econômico e o social, essepadrão mínimo implica, também, a disponibilida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> civil em estabelecerrelações sociais baseadas em certo sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e obrigações comunspara com sua família, sua comunida<strong>de</strong> e seu Esta<strong>do</strong> (ZINGONI, 2001).Outro papel central no trabalho com as famílias, é a importância da a<strong>do</strong>ção daefetivida<strong>de</strong> como estratégia <strong>de</strong> emancipação na direção <strong>de</strong> uma ontologia e <strong>de</strong> umaepistemologia que não separam a razão da emoção (SAWAIA, 2003). Sawaia remeteà i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que é preciso trabalhar a sensibilida<strong>de</strong>, o corpo, a emoção, na dimensãoíntima (sexualida<strong>de</strong>, relações afetivas, subjetivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejo) e no plano coletivo(consumo, mídia, relações <strong>de</strong> produção presentes no <strong>lazer</strong>) para tirar as famílias daalienação pela participação consciente e crítica nas ações <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>.Nessa perspectiva, a ação e a reflexão na política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> equivalem às práticasvoltadas, também, para as emoções e os <strong>de</strong>sejos, o que significa eleger como metada ação revolucionária a construção da liberda<strong>de</strong> e da alegria <strong>de</strong> estar em conjunto.Juntamente com a mobilização social, <strong>de</strong>ve-se a<strong>do</strong>tar a afetivida<strong>de</strong> e a compaixão.“Em vez <strong>de</strong> rejeitar a família como lugar <strong>do</strong> intimismo aliena<strong>do</strong>r, explorar sua funçãoemancipatória no atual momento histórico, por ser espaço privilegia<strong>do</strong> e fruição dapaixão pelo comum”. (ZINGONI, 2003, p. 39)Por isso, o planejamento das ações no <strong>lazer</strong> com famílias <strong>de</strong>ve atuar nas emoçõespara se contrapor à pobreza e à <strong>do</strong>minação. Como nos fala Espinosa (1957, livro IV,apud SAWAIA, 2003, p. 49), a política nasce <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo humano <strong>de</strong> libertar-se <strong>do</strong>me<strong>do</strong>, da solidão: “Só as pessoas livres e felizes são gratas uma as outras e estãoligadas por fortes laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>”.Mais <strong>do</strong> que analisar a estrutura familiar, <strong>de</strong>vemos perguntar pela afetivida<strong>de</strong>que une a família. O <strong>de</strong>safio é criar uma política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> na qual a ludicida<strong>de</strong> éfator <strong>de</strong> arregimentação da afetivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> outras necessida<strong>de</strong>s das famílias, comlegitimida<strong>de</strong> para levar às esferas <strong>de</strong> negociação pública as angústias sinceras <strong>do</strong>sdiferentes <strong>do</strong>mínios sociais e para enfrentar a feudalização <strong>do</strong> planeta causada peloprincípio racional <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.


30<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais3 REVISITANDO O CONCEITO DE VULNERABILIDADEDuval Magalhães Fernan<strong>de</strong>sAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoPreten<strong>de</strong>-se, aqui, expor a tramitação histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> sobdiversas perspectivas. Para tanto, neste texto será analisa<strong>do</strong> esse processo mediantea contribuição <strong>de</strong> vários pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tema no estu<strong>do</strong> das ciências afins. Por fim,prioritariamente, será contemplada nessa discussão a concepção social e econômicada vulnerabilida<strong>de</strong>, com base nas abordagens levantadas <strong>sobre</strong> o tema.Destaca-se, inicialmente, a “vulnerabilida<strong>de</strong>” conceitualmente pensada, ainda emseus primeiros entendimentos, como uma complementação ao conceito <strong>de</strong> risco.Para Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2005), a vulnerabilida<strong>de</strong> teve suas primeirasaparições sob a ótica <strong>do</strong> risco em uma dimensão meramente ambiental, sen<strong>do</strong> que,tempos <strong>de</strong>pois, foi estudada num contexto socioeconômico. Nesse contexto, Maran<strong>do</strong>laJr. e Hogan (2005, p. 30) lembram que os primeiros estu<strong>do</strong>s científicos envolven<strong>do</strong>o conceito <strong>de</strong> risco remetem à: “[...] uma forte orientação objetivista (empiricistarealista),ten<strong>do</strong> como pressuposto o entendimento da realida<strong>de</strong> como um da<strong>do</strong>, ouseja, passível <strong>de</strong> mensuração”.Acredita-se que os geógrafos foram os primeiros a <strong>de</strong>senvolver trabalhos <strong>sobre</strong>ç <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> risco e vulnerabilida<strong>de</strong>. Muitos estu<strong>do</strong>s trabalharam com o potencial<strong>de</strong> risco – por exemplo, os <strong>de</strong> enchentes, terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas,etc. Os riscos ambientais se mostravam mais visíveis e emergenciais aos olhos <strong>de</strong> umaépoca (décadas <strong>de</strong> 1950 e 1960), quan<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minava uma corrente empirista.Destacam-se aqui, pois, os trabalhos <strong>de</strong> Robert W. Kates (KATES, 1978) e <strong>de</strong>Anne White e Ian Burton (WHITE; BURTON, 1980), ambos no contexto <strong>do</strong> ScientificCommittee on Problems of the Environment (Scope), importante organização científicaque contribuiu muito para os estu<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> as relações <strong>do</strong> homem com seu ambiente,principalmente nas décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980.O perigo inseri<strong>do</strong> em um contexto <strong>de</strong> planejamento era visto por tais estudiososensejan<strong>do</strong> risco que, por sua vez, era a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esse da<strong>do</strong> fenômeno ocorrerem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> local, causan<strong>do</strong> danos e expon<strong>do</strong> a população:Em vez <strong>de</strong> se utilizar o impacto como abordagem, imperava uma preocupaçãoprognóstica que reclamava a minimização da incerteza, ou seja, a mensuraçãodas probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> os perigos acontecerem era fundamental para diminuir aocorrência e a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sastres (MARANDOLA JR.; HOGAN, 2005,p. 32).


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER31Nessa conjuntura, a vulnerabilida<strong>de</strong> era, então, entendida como uma i<strong>de</strong>ia oculta ànoção <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta. Burton, Kates e White (1978), cita<strong>do</strong>s por Maran<strong>do</strong>laJr. e Hogan (2005, p. 32) bem explanaram:[...] a resposta ao perigo é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir as perdas e salvar vidas.Response to hazards is related both to perception of the phenomena themselvesand to awareness of opportunities to make adjustments.A percepção <strong>do</strong> risco tornou-se, portanto, essencial para o retorno que a populaçãodará ao perigo. Com base nessa percepção, é possível listar ações emergenciais, comoo fazem os autores acima cita<strong>do</strong>s, planejan<strong>do</strong> as adaptações em médio e longo prazos,ou seja, as mudanças nas políticas públicas e na gestão <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> diminuin<strong>do</strong>o risco e a vulnerabilida<strong>de</strong>. Há, também, as adaptações biológicas e culturais quese dão no <strong>de</strong>correr da história, com o aperfeiçoamento <strong>do</strong> ser humano às realida<strong>de</strong>snaturais <strong>do</strong> lugar on<strong>de</strong> vivem.Remete-se aqui a outro conceito expressivo, originalmente utiliza<strong>do</strong> pela física,que é a absorptive capacity (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção). Segun<strong>do</strong> Burton, Kates e White(apud MARANDOLA JR.; HOGAN, 2005), como os perigos são eventos naturaisque atingem diretamente os sistemas <strong>de</strong> uso humano, as respostas têm <strong>de</strong> envolveraspectos tanto da vida econômica e social quanto <strong>do</strong>s sistemas naturais. Em outraspalavras, po<strong>de</strong>mos dizer que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção está diretamente ligada àsadaptações, inclusive biológicas, mesmo que em segun<strong>do</strong> plano, já que ocorreremem menor escala, sen<strong>do</strong> que é vital que, apesar das perdas, a socieda<strong>de</strong> e o sistemaambiental sejam capazes <strong>de</strong> absorver o impacto e se recuperar.Ao longo <strong>do</strong>s anos, as preocupações quanto aos perigos naturais diminuíram.Isso porque os <strong>de</strong>bates sociais trouxeram à tona outra questão que, na verda<strong>de</strong>, jácaminhava à sombra daquela: a “questão social”.Desse mo<strong>do</strong>, embora a vulnerabilida<strong>de</strong> já tivesse <strong>de</strong>staque naqueles primeirosestu<strong>do</strong>s, certamente ganhou maior atenção no fim da década <strong>de</strong> 1980 e na <strong>de</strong> 1990.Sabe-se que ao longo <strong>de</strong>ssa trajetória várias tendências estiveram em evidência.Entretanto, sempre foi objeto <strong>de</strong> preocupação a condição daqueles que não <strong>de</strong>tinhamos meios <strong>de</strong> produção. 2O engajamento político e i<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong> uma geração fez surgir, nas palavras <strong>de</strong>Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2006, p. 26), “uma sucessão <strong>de</strong> conceitos que funcionaramcomo idée-force no tratamento das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s provenientes <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo perverso<strong>do</strong> sistema e da socieda<strong>de</strong> capitalista”.Com base nesses <strong>de</strong>bates, a vulnerabilida<strong>de</strong> passa a ser estudada em três contextos– social, tecnológico e ambiental – e sua importância cresce gradativamente.2Para usar uma expressão clássica <strong>de</strong> Marx (1988).


32<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisA natureza e os elementos constitutivos da vulnerabilida<strong>de</strong> passam a ser discuti<strong>do</strong>scomo um ponto relevante, pois, com essas novas perspectivas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, a <strong>de</strong>mandapassa a questionar se a vulnerabilida<strong>de</strong> é causada pelos problemas ambientais ousocioeconômicos.Brookfield (1999) externou essa preocupação. Segun<strong>do</strong> ele, enquanto algunsfenômenos têm suas causas facilmente i<strong>de</strong>ntificadas (como as bombas atômicas –oriundas da ação humana), outros são mais complexos, ten<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> atribuir pesos iguaisàs causas naturais e humanas. Afirma, ainda, que é frequente a aferição <strong>de</strong> causas <strong>de</strong>maneira apressada, estabelecen<strong>do</strong>-se relações <strong>de</strong> causa-efeito <strong>de</strong> forma simplista, nãoraro subvalorizan<strong>do</strong> os fatores ambientais.A vulnerabilida<strong>de</strong> é, portanto, o conceito “da vez”, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>[...] acercamientos más dinámicos, bajo los cuales resulta factible anticiparriesgos <strong>de</strong> daños o <strong>de</strong> anquilosamiento así como – en la acera opuesta –potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reforzamiento o adaptación (RODRÍGUEZ, 2000, p. 14).Analisamos, a seguir, a vulnerabilida<strong>de</strong> em seu caráter socioeconômicoconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> suas ramificações e a socio<strong>de</strong>mográfica. Logo, os caminhos pelosquais transcorreram os esforços para <strong>de</strong>finir a construção social da vulnerabilida<strong>de</strong>e, também, para compreen<strong>de</strong>r seus fatores culturais, econômicos, políticos e sociaisse <strong>de</strong>s<strong>do</strong>brarão.Assim como fizeram os <strong>de</strong>mais estudiosos <strong>do</strong> tema, citamos, aqui, elementosque talvez melhor representem esta questão: a pobreza e a exclusão. Por esse ângulo,po<strong>de</strong>-se dizer que a vulnerabilida<strong>de</strong> está associada às <strong>de</strong>svantagens sociais que produze, ao mesmo tempo, como um reflexo a caracterizar um produto da pobreza.Para Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2005), as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s são entendidas comocondições sociais que afetam negativamente pessoas, comunida<strong>de</strong>s ou lugares.Dessa maneira entendidas, as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s:[...] correspon<strong>de</strong>m a menos acesso – seja por conhecimento ou disponibilida<strong>de</strong> – emenor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s recursos e oportunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s quais a socieda<strong>de</strong>dispõe para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seus membros (RODRIGUEZ, 2000 apudMARANDOLA JR.; HOGAN, 2006, p. 27).A vulnerabilida<strong>de</strong> é entendida por Kaztman (1999) 3 como o <strong>de</strong>sajuste entreativos e a estrutura <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, proveniente da capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atores sociais<strong>de</strong> aproveitar isso e, em outros âmbitos socioeconômicos, melhorar sua situação,3Kaztman (1999) e Kaztman et al. (1999) promovem uma discussão com relação à críticadas possibilida<strong>de</strong>s e limitações da noção <strong>de</strong> ativos, ressaltan<strong>do</strong> as vantagens e <strong>de</strong>svantagenssociais e os caminhos para pensar a vulnerabilida<strong>de</strong> num quadro analítico amplo.


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER33impedin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terioração em três principais campos: os recursos pessoais, os recursos <strong>de</strong>direitos e os recursos em relações sociais. Os três campos levanta<strong>do</strong>s pelo autor remetema três pilares que formam a estrutura da socieda<strong>de</strong> contemporânea. Isso leva a consi<strong>de</strong>rarimediatamente a “falácia da cidadania” que se viveu e vive, principalmente, nos paísesperiféricos. Embora não seja protagonista nessa abordagem, a cidadania trouxe paradiscussão das diversas vulnerabilida<strong>de</strong>s questões <strong>sobre</strong> os recursos <strong>do</strong>s direitos.Concomitantemente às abordagens das “questões sociais” na década <strong>de</strong> 1970, acidadania leva consigo uma perspectiva que se encontra ao acesso <strong>de</strong> direitos, ou seja,fica como vulnerável nas ruas e nas suas pulsões segrega<strong>do</strong>ras, e isso forma, acima<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, o produto da vulnerabilida<strong>de</strong> econômica, social e cultural, principalmente<strong>do</strong>s países periféricos (HOPENHAYN, 2002, p. 9).Para Hopenhayn (2002) as relações entre cidadania e Esta<strong>do</strong> estão estremecidas, 4 oque torna, para esse contexto, a cidadania como mais uma falácia, pois o que se contataé a retirada da cidadania <strong>do</strong> espaço público para o âmbito priva<strong>do</strong>, isso acompanha<strong>do</strong>da dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> cidadão comum em conciliar sua vonta<strong>de</strong> individual com um projetocoletivo Hopenhayn (2002). Portanto, a cidadania como promotora da relação entre asocieda<strong>de</strong> civil com o Esta<strong>do</strong> se torna cada vez mais dinâmica e sujeita às mudanças queresultam <strong>de</strong> to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> pressão <strong>sobre</strong> o Esta<strong>do</strong> contemporâneo. Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan 5completam afirman<strong>do</strong> que, “tanto a escala geográfica como a organização socioespacialsão vistas como condicionantes da formação <strong>de</strong> cidadania” (2006, p.28)Nessa perspectiva, vê-se que a vulnerabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se externar também pelocerceamento <strong>de</strong> direitos. Não se po<strong>de</strong> esquecer o que garante a Constituição Fe<strong>de</strong>ralBrasileira <strong>de</strong> 1988:Art. 5º To<strong>do</strong>s são iguais perante a lei, sem distinção <strong>de</strong> qualquer natureza,garantin<strong>do</strong>-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi<strong>de</strong>ntes no País a inviolabilida<strong>de</strong><strong>do</strong> direito à vida, à liberda<strong>de</strong>, à igualda<strong>de</strong>, à segurança e à proprieda<strong>de</strong> [...].O cerceamento <strong>de</strong> direito garanti<strong>do</strong> em lei revela mais um contraste não somenteno Brasil, mas, também, por toda a América Latina. Isso é carrega<strong>do</strong> por um histórico<strong>de</strong> um passa<strong>do</strong> escravocrata pesa<strong>do</strong>, o que sustenta a discriminação étnico-racial. Essadiscriminação, segun<strong>do</strong> Hopenhayn (2002), está atrelada historicamente à “negação<strong>do</strong> outro”, isto é, a discriminação étnica e cultural vem acompanhada da exclusãosocioeconômica e política <strong>de</strong> grupos étnicos, especialmente os grupos indígenas,afro-latino-americanos e afro-caribenhos (HOPENHAYN, 2002, p. 11).4O autor quer mencionar aqui que as relações entre Esta<strong>do</strong> e cidadania estão estremecidas em razão daincapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> garantir os direitos aos cidadãos previstos na Constituição.5Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2006) citam Stewart (2005) que <strong>de</strong>screve o “novo apartheid” sofri<strong>do</strong>por quem busca exílio político no Reino Uni<strong>do</strong>, pois a redução <strong>de</strong> direitos por mecanismoscomo exclusão ou <strong>de</strong>portação cria uma nova face vulnerável àquela experimentada antes,nos lugares <strong>de</strong> on<strong>de</strong> fugiram.


34<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisAfinal, notoriamente, constata-se a exclusão social ligada a fatores <strong>de</strong>mográficos,<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> próprio processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> transformações <strong>sobre</strong> omun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Contu<strong>do</strong>, Hopenhayn (2002) afirma que a insistência da negaçãoda cultura e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> outro facilita a aceitação da exclusão socioeconômicaque advém das mudanças promovidas pela mo<strong>de</strong>rnização. A exclusão <strong>do</strong>s indígenasna América Latina, segun<strong>do</strong> o autor, é um exemplo flagrante.Com isso, percebe-se que as vulnerabilida<strong>de</strong>s que dizem respeito à etnia, culturae fatores socioeconômicos estão <strong>de</strong> forma lastimável associadas, constatan<strong>do</strong>-se aqui,principalmente no Brasil, minorias étnicas afligidas por indica<strong>do</strong>res que cruzamentre si. Segun<strong>do</strong> Maran<strong>do</strong>la Jr. e Hogan (2006) esses grupos são mais vulneráveisem termos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s insatisfeitas, exclusão política, marginalida<strong>de</strong> social ediscriminação cultural.Kowarick (2002) também aborda a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil urbano cercean<strong>do</strong>a questão <strong>do</strong> acesso aos bens da cidadania, principalmente relaciona<strong>do</strong>s ao emprego,aos serviços <strong>de</strong> proteção social ou ao aumento da violência criminal. Kowarick(2002, p. 15) trata esses fenômenos como fatores da “fragilização da cidadania”,compreendida como[...] perda ou ausência <strong>de</strong> direitos e como precarização <strong>de</strong> serviços coletivosque garantiam uma gama mínima <strong>de</strong> proteção pública para grupos carentes <strong>de</strong>recursos priva<strong>do</strong>s – dinheiro, po<strong>de</strong>r, influência – para enfrentar as intempériesnas metrópoles <strong>do</strong> sub<strong>de</strong>senvolvimento industrializa<strong>do</strong>.Para o autor, o crescimento da vulnerabilida<strong>de</strong> urbana no Brasil po<strong>de</strong> serconstata<strong>do</strong> em fenômenos como favelização e o empobrecimento da população, que sereflete no quadro econômico referente ao trabalho informal (remuneração ina<strong>de</strong>quadae insuficiente, além <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego), fazen<strong>do</strong>, assim, com que mais pessoas passem aocupar uma posição abaixo da linha da pobreza. Nesse contexto, nota-se que Kowarickatribui a vulnerabilida<strong>de</strong> a um contexto mais socio<strong>de</strong>mográfico.Essa analogia <strong>de</strong> Kowarick se conecta com o que Hopenhayn se refere ao tratar asituação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> <strong>de</strong>senraizamento social e econômico,associada, principalmente, a formas <strong>de</strong> emprego irregular, informal, intermitente ouocasional. O produto final <strong>de</strong>ssa situação para o autor seria o enfraquecimento <strong>do</strong>slaços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> primária, como família, parentela, bairro, vida associativa e opróprio mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Desse mo<strong>do</strong>, isso traria, <strong>de</strong> forma clara, consequênciasdiretas para a cidadania, o acesso aos direitos e a exposição a riscos <strong>de</strong> toda sorte.Portanto, buscou-se aqui apenas retratar um pequeno esboço da discussão <strong>sobre</strong>a vulnerabilida<strong>de</strong>. Interessante observar como as primeiras abordagens tiveram umapreocupação maior <strong>de</strong> cunho ambiental, sen<strong>do</strong> que somente mais tar<strong>de</strong>, em mea<strong>do</strong>sdas décadas <strong>de</strong> 1980 e 1990, é que as questões <strong>de</strong> cunho social se tornaram uma


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER35preocupação no que tange à vulnerabilida<strong>de</strong> referente aos aspectos sociais, econômicose culturais.Simultaneamente, outros temas que se revelam polêmicos em razão da suanatureza conceitual, entraram no <strong>de</strong>bate contemplan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>em razão da sua fragilida<strong>de</strong>. Como exemplo, citamos a cidadania, que está associadaaos diversos direitos socioambientais garanti<strong>do</strong>s em lei, que se esfalecem nocotidiano, junto à realida<strong>de</strong> da maioria das pessoas. Nessa perspectiva, percebe-seque reflexões <strong>sobre</strong> a temática estão longe <strong>de</strong> se esgota, e, com isso, a vulnerabilida<strong>de</strong>vem acumulan<strong>do</strong>, por si só, um corpo científico capaz <strong>de</strong> se firmar <strong>de</strong> vez nos anaisacadêmicos em diferentes campos <strong>do</strong> conhecimento.Observa-se, assim, seja em qualquer âmbito discursivo, governança, justiçasocial, ambiental ou da sustentabilida<strong>de</strong>, que associar socieda<strong>de</strong>-natureza requer umapostura “trans e multiescalar”, que permita captar as diferentes vulnerabilida<strong>de</strong>s emcada escala <strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo.Com base nessas reflexões teóricas buscou-se construir uma meto<strong>do</strong>logia paraa elaboração <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, com oobjetivo <strong>de</strong> contribuir com propostas no campo <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> para a população <strong>do</strong> municípioem geral, e, ainda, para a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s sujeitos <strong>de</strong>sta pesquisa, público-alvo <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>bate, que será apresentada e discutida na parte II <strong>de</strong>ste livro.4 O PRINCÍPIO DAS PARCERIAS NA GESTÃO PÚBLICA DO LAZERPatrícia ZingoniNão é difícil constatar que as parcerias tornaram-se quase onipresentes natrajetória brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última década. Sua difusão é indissociável <strong>do</strong> contextomais amplo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização.Com base no <strong>lazer</strong> como direito social, e nos princípios <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> PRONASCI,gestão participativa em re<strong>de</strong>s, territorialida<strong>de</strong> e intersetorialida<strong>de</strong>, esta parte amplia o <strong>de</strong>bate<strong>sobre</strong> o tema das parcerias nas políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, procuran<strong>do</strong> pensá-las como elementonecessário <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> intervenção e <strong>de</strong>senvolvimento das organizações públicas <strong>de</strong><strong>lazer</strong> que preten<strong>de</strong>m enfrentar o <strong>de</strong>safio da violência. Para isso, fez-se, inicialmente, umapequena contextualização histórica <strong>sobre</strong> as políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no Brasil.As características das políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no Brasil: brevecontextualizaçãoAnalisan<strong>do</strong> a história da relação Esta<strong>do</strong>/<strong>lazer</strong> no Brasil, Pinto (1996) relata que,como prática social integradas a projetos <strong>de</strong> governo, o <strong>lazer</strong> vem cumprin<strong>do</strong> papéis


36<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisque o <strong>de</strong>staca como um fazer valioso para a adaptação <strong>do</strong>s sujeitos à construçãosociopolítica pretendida em nosso País. Para tanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1930, no campodas ações públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, os programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e <strong>de</strong> “esporte <strong>de</strong> massa” <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>foram basea<strong>do</strong>s em princípios funcionalistas, segun<strong>do</strong> os quais as ações tinham comoobjetivo a recomposição da força <strong>de</strong> trabalho e o controle da corporeida<strong>de</strong> da classetrabalha<strong>do</strong>ra durante o seu “tempo livre”.Na década <strong>de</strong> 1980, o <strong>lazer</strong> conquistou espaços em toda socieda<strong>de</strong> e ganhouforça econômica com o avanço da indústria cultural e as exigências <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vidacapitalista. A diversificação <strong>do</strong> consumo no <strong>lazer</strong> exige a intervenção <strong>de</strong> profissionaisem vários setores sociais, abrin<strong>do</strong> novas frentes <strong>de</strong> trabalho. Ao mesmo tempo, nofinal da década <strong>de</strong> 1980 e, principalmente, na <strong>de</strong> 1990, cresce o número <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>scríticos e criativos <strong>sobre</strong> o <strong>lazer</strong>, amplian<strong>do</strong> os níveis <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong>conhecimentos <strong>sobre</strong> essas questões.Neste ínterim, novas <strong>de</strong>finições legais foram <strong>de</strong>terminantes na conquista <strong>do</strong> direito<strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, superan<strong>do</strong> as condições <strong>de</strong> clientelismo <strong>de</strong>finidas pelas implementaçõeslegais. Com a Constituição brasileira <strong>de</strong> 1988, o <strong>lazer</strong> passou a integrar o conjunto <strong>do</strong>sdireitos básicos <strong>do</strong> cidadão. Subenten<strong>de</strong>-se, por isso, que os governantes e a socieda<strong>de</strong>têm a obrigação <strong>de</strong> reconhecer e proteger tal direito.Nossa Carta Magna (BRASIL, 1988) <strong>de</strong>staca o <strong>lazer</strong> como uma das garantiasfundamentais <strong>do</strong>s Direitos Sociais (Título II, Capítulo II). E diz, no art. 6: “São direitossociais a educação, a saú<strong>de</strong>, o trabalho, o <strong>lazer</strong>, a segurança, a previdência social, aproteção à maternida<strong>de</strong> e a infância, a assistência aos <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s, na forma <strong>de</strong>staconstituição”.O termo <strong>lazer</strong> aparece, também, no Título VIII, Da Or<strong>de</strong>m Social, Seção III, art. 217,§ 3°), on<strong>de</strong> diz: “O po<strong>de</strong>r público incentivará o <strong>lazer</strong> como forma <strong>de</strong> promoção social).Na esteira da Constituição Brasileira, outras leis passaram a contemplar o <strong>lazer</strong>,como a Lei n. 8.069, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990, que dispõe <strong>sobre</strong> o Estatuto da Criança e <strong>do</strong>A<strong>do</strong>lescente. Em seus arts. 4° e 59, o <strong>lazer</strong> é explicita<strong>do</strong> como direito assegura<strong>do</strong> pelafamília, pela socieda<strong>de</strong> em geral e pelo po<strong>de</strong>r público, e os municípios estimularão efacilitarão programações culturais e <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> voltadas para a infância e a juventu<strong>de</strong>.Os exemplos acima cita<strong>do</strong>s revelam que as socieda<strong>de</strong>s e culturas reconhecem,cada vez mais, o direito das pessoas a certos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tempo nos quais possamoptar livremente por experiências que proporcionem satisfação pessoal e melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e que as condições para o <strong>lazer</strong> não po<strong>de</strong>m ser garantidas somentepelo indivíduo. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> exige ação coor<strong>de</strong>nada por parte <strong>de</strong>governos, organizações não governamentais e comunida<strong>de</strong>s, indústrias, sindicatos,instituições <strong>de</strong> ensino e família.As análises implementadas revelam, também, que o conflito contemporâneo emtorno da cidadania e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> envolve ainda problemas <strong>de</strong> prerrogativas (afirmação


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER37e garantia <strong>de</strong> direitos), além <strong>do</strong>s óbvios problemas <strong>de</strong> provimento (quantida<strong>de</strong> ediversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meios para o pleno exercício <strong>do</strong>s direitos). Ficam evi<strong>de</strong>ntes aqui ohiato temporal e a natureza conflitiva <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> reivindicação <strong>de</strong> direitosiguais no <strong>lazer</strong>, sua transformação em norma jurídica e sua generalização na práxishistórico-social. O <strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> o direito ao <strong>lazer</strong> envolve, precisamente, uma disputa<strong>de</strong> prerrogativas e também uma questão <strong>de</strong> provimentos (ZINGONI, 2001).Na atualida<strong>de</strong>, observamos que as políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> ainda são traduzidas, na práxis,como políticas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> material ou <strong>de</strong> cessão <strong>de</strong> equipamentosespecíficos sem a preocupação com a participação humana, que é a vida <strong>de</strong>ssesequipamentos. Paralelamente, encontramos, nas secretarias, a “cultura” <strong>do</strong>s eventos eda prática, a oferta <strong>de</strong> eventos passageiros, elitistas, discriminatórios e onerosos, semreflexos sociais contínuos. Aliada a isso, a gestão das políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> ten<strong>de</strong>a fragmentar os indivíduos. Daí os programas <strong>de</strong> atendimento a indivíduos, crianças,i<strong>do</strong>sos, mulher, negro, jovens, <strong>de</strong>ficientes, etc., transforma<strong>do</strong>s em direitos ao <strong>lazer</strong>como um setor, na maioria das prefeituras, vincula<strong>do</strong> ao esporte.Nossa política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> po<strong>de</strong> ser expressa por estas características das políticassociais brasileiras sintetizadas por Carvalho (2000):• É, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, marcadamente elitista, priorizan<strong>do</strong> preferencialmente ossegmentos já privilegia<strong>do</strong>s da população. Muitos setores <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong><strong>lazer</strong> e seus dirigentes ainda possuem fortes componentes corporativistas e<strong>de</strong> en<strong>do</strong>genia e não percebem o <strong>lazer</strong> como direito <strong>de</strong> cidadania, algo que nãodiz respeito somente à mídia, aos atletas ou artistas consagra<strong>do</strong>s, mas a todapopulação. De outro la<strong>do</strong>, é assistencialista e tutelar quan<strong>do</strong> direcionada aossegmentos empobreci<strong>do</strong>s da população. Por esse ângulo, essa política refleteuma cultura enraizada historicamente no Esta<strong>do</strong> e na socieda<strong>de</strong>, que legitima oautoritarismo e a tutela <strong>do</strong>s <strong>do</strong>minantes e a subalternida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s.• Ao mesmo tempo, a política <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> absorveu os ventos da política <strong>do</strong> WelfareState e <strong>do</strong>s direitos sociais cunha<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> oci<strong>de</strong>ntal capitalista que resultounuma política social extremamente setorizada, centralista e institucionalizada,elegen<strong>do</strong> o indivíduo como porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> direitos e elemento central, e não maisos coletivos <strong>do</strong> tipo família ou comunida<strong>de</strong>. No caso específico <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> e <strong>do</strong>esporte, esses últimos foram substituí<strong>do</strong>s por serviços institucionaliza<strong>do</strong>s, taiscomo ginásio <strong>de</strong> esportes, ruas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, etc.As políticas sociais no Brasil, em especial a <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, apresenta-se, ainda,como centraliza<strong>do</strong>ras. Embora ancoradas no princípio da <strong>de</strong>scentralização e daterritorialida<strong>de</strong> proposta nas reformas administrativas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e das prefeituras,não vêm ocorren<strong>do</strong> em ritmo satisfatório. As estruturas administrativas <strong>do</strong> esporte e<strong>do</strong> <strong>lazer</strong> existentes no Esta<strong>do</strong> mostram-se resistentes a a<strong>do</strong>tar o novo reor<strong>de</strong>namento


38<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraispolítico institucional que contempla uma partilha efetiva entre as três esferas <strong>de</strong>governo (municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral) e entre os órgãos centrais da administraçãomunicipal e instâncias regionalizadas.Certamente, a estrutura fragmentada e centraliza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> burocrático queainda persiste em nosso meio impe<strong>de</strong> ações articuladas com os <strong>de</strong>mais setores dasocieda<strong>de</strong> como preten<strong>de</strong> o PRONASCI. Processos burocráticos tornam a realida<strong>de</strong>passível <strong>de</strong> reduções, que, mediante a criação <strong>de</strong> categorias ou setores estanques, osquais, justapostas, formam o <strong>de</strong>senho social. Essa premissa, entretanto, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>raos múltiplos vínculos estabeleci<strong>do</strong>s entre as necessida<strong>de</strong>s humanas, bem como o altograu <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> das relações sociais.É importante recordar, ainda, que a chamada crise <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem-estar social,ao colocar em xeque a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> setor público <strong>de</strong> prover bem-estar <strong>de</strong> maneirauniversal trouxe para o primeiro plano a discussão acerca <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>e da família na garantia <strong>do</strong> bem-estar individual e familiar. Contu<strong>do</strong>, essa discussão,que se tornou mais visível no Brasil na década <strong>de</strong> 1990, não se pautou apenas pelasevidências da crise financeiras, mas também por uma suposta insuficiência <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico propagada pelo pensamento neoliberal, enaltecen<strong>do</strong> as virtu<strong>de</strong>s imaginativas daautorregulamentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, <strong>do</strong> associativismo civil e da esfera privada.Esse cenário aponta para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> parceriasna gestão <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> com base nos novos paradigmas <strong>de</strong> política pública, como gestãoparticipativa em re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scentralização/territorialização e intersetorialida<strong>de</strong>,conceitos estes que abordaremos a seguir.Gestão participativa em re<strong>de</strong>A noção <strong>de</strong> re<strong>de</strong> tem se torna<strong>do</strong> figura obrigatória em to<strong>do</strong> discurso <strong>sobre</strong> políticasocial. O trabalho em re<strong>de</strong> se baseia em uma visão sistêmica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Trabalharem re<strong>de</strong> é perceber que to<strong>do</strong> ator – individual ou coletivo – está inseri<strong>do</strong> numa re<strong>de</strong><strong>de</strong> sistemas para atuar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a mobilizar, em favor das mudanças <strong>de</strong>sejadas, osrecursos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa inserção (PBH, 2001, p. 3, DOC. 1).Re<strong>de</strong>, portanto, é um espaço <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong> vários atores sociais, to<strong>do</strong>sincompletos, que precisam tecer uma articulação <strong>de</strong> esforços diante <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s,ou seja, potencializar recursos com e para um público comum (AMORIM; FONSECA,1999, p. 17, DOC. 1). Re<strong>de</strong>, tomada como espaço aberto <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> ecooperação com regulação, só po<strong>de</strong> ser assim respeitada se contemplar a intermediaçãoda participação popular e <strong>do</strong> controle público. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> re<strong>de</strong> consagra o princípio da<strong>de</strong>scentralização, entendida em suas três vertentes: a horizontal – compartilhamento<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo nível <strong>de</strong> governo –, a vertical – compartilhamento <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r entre diferentes níveis <strong>de</strong> governo – e a extragovernamental – compartilhamento<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre Esta<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong> civil (LOBO, 2001, DOC. 1).


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER39A <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> gestão das políticas públicasCom o processo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro, inicia<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s dadécada <strong>de</strong> 1980, novos espaços, novos conceitos e novas estratégias passaram a integrara relação entre Esta<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>. A consolidação <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizaçãodas administrações públicas municipais tornou-se, assim, um <strong>do</strong>s principais eixosda Reforma Administrativa das prefeituras, 6 a qual se baseia num novo marco legal,político e institucional que busca reorganizar as funções e as formas <strong>de</strong> gestão entreos níveis central e regional. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>sse novo marco constitui um <strong>de</strong>safiofundamental para os governos municipais, comprometi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntre outros aspectos,com a busca simultânea <strong>de</strong> maior eficiência e equida<strong>de</strong> na formulação e execução <strong>de</strong>políticas públicas sociais e urbanas.A <strong>de</strong>scentralização busca re<strong>de</strong>finir a direcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionamento da máquinapolítica e burocrática, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazê-la funcionar partin<strong>do</strong> da ponta na qual se dáa interface com o cidadão, <strong>de</strong> aproximá-la territorialmente 7 <strong>do</strong>s cidadãos, respeitan<strong>do</strong>a heterogeneida<strong>de</strong> e a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada região, suas carências e potencialida<strong>de</strong>s.De mo<strong>do</strong> simples, po<strong>de</strong>mos dizer que território é o lugar on<strong>de</strong> construímos a históriacom base nas nossas ações individuais e coletivas, nas relações sociais e nos encontrose acontecimentos solidários. Suas fronteiras são construídas historicamente e po<strong>de</strong>mser vistas por diferentes escalas: comunida<strong>de</strong>s, bairros, municípios, esta<strong>do</strong>s, paísese continentes. A <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>ve permitir que a prestação <strong>do</strong>s serviços sejaexecutada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o princípio da intersetorialida<strong>de</strong>, 8 por meio <strong>de</strong> programasintegra<strong>do</strong>s e monitora<strong>do</strong>s por canais efetivos e institucionaliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> participação eacesso à informação para a população.A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma legislação explícita <strong>sobre</strong> a política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização a serconsolidada, seus princípios e estratégias, as competências, os limites e as articulações<strong>de</strong> cada instância <strong>de</strong> governo constituem elemento-chave para a consolidação e areestruturação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas práticas, procedimentos e arranjos informais quehoje caracterizam a gestão e a implementação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> nomunicípio.6Descentralização é o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> níveis centrais para periféricos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> areestruturar o aparato central não para reduzi-lo, mas para torná-lo mais ágil e eficaz <strong>de</strong>mocratizan<strong>do</strong>a gestão por meio da criação <strong>de</strong> novas instâncias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, re<strong>de</strong>finin<strong>do</strong> as relações Esta<strong>do</strong>/socieda<strong>de</strong>.(PBH, 2001. DOC. 3)7Territorialida<strong>de</strong> refere-se a um recorte relevante no espaço, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> escala e acessibilida<strong>de</strong> abens e serviços (PBH, 2001. DOC. 3). O PRONASCI atua com o foco territorial, inicialmente, em11 regiões metropolitanas <strong>do</strong> País on<strong>de</strong> os indivíduos <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> mostram-se mais agu<strong>do</strong>s. É aíque o município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves se encontra.8A intersetorialida<strong>de</strong> representa princípios <strong>de</strong> gestão das políticas sociais que privilegiam a interaçãodas políticas em sua elaboração, execução, monitoramento e avaliação. Busca superar a fragmentaçãodas políticas, respeitan<strong>do</strong> as especificialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada área. (PBH, 2001. DOC. 3)


40<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisA intersetorialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser compreendida como um princípio que privilegiaa integração matricial 9 das políticas públicas urbanas e sociais, tanto na fase <strong>de</strong> suaformulação quanto na sua execução e no seu monitoramento. Sua aplicação é condiçãonecessária tanto para superar a fragmentação existente no planejamento e na execuçãodas políticas setoriais quanto para garantir uma gestão sinérgica e equaliza<strong>do</strong>ra quesupere as recorrentes superposições e “competições” <strong>do</strong>s diversos programas e açõesmunicipais. Estruturas colegiadas <strong>de</strong> gestão serão os espaços <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong>ssaintegração, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pelas áreas centrais e contan<strong>do</strong> com a participação das áreastemáticas e regionais (ROSA, 2001).Nas administrações públicas <strong>de</strong> esporte e <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, observamos que aindapersistem uma estrutura <strong>de</strong> gestão burocrática e um estilo <strong>de</strong> gestão burocrática que<strong>de</strong>vem ser superadas para avançar no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização e territorializaçãoconforme preconiza o PRONASCI. Em outras palavras, existe uma cultura burocráticacristalizada nas administrações públicas brasileiras que formatam hábitos políticos esociais e <strong>de</strong>lineiam algumas características comuns nas gestões <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no Brasil:a) Gestão marcada pelo discurso da competência puramente técnica: osdirigentes esportivos <strong>de</strong> estilo burocrático <strong>de</strong>sprezam as crenças nãocientíficas e <strong>de</strong>cisões fundadas em valores e estilos culturais específicos.b) Estilo centraliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> governar, que mantém distância da população, <strong>de</strong> suas<strong>de</strong>mandas e seus <strong>de</strong>sejos, não a reconhecen<strong>do</strong> como parceira protagonistada história.c)A dimensão econômica se <strong>sobre</strong>põe à dimensão social: como o dirigenteeconômico vive em função da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho da máquinaadministrativa, a <strong>sobre</strong>vivência econômica e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentoda burocracia estão sempre em primeiro lugar.Mas existe, ainda, um segun<strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> gestão muito emprega<strong>do</strong> no Brasil,<strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> nas administrações públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> tradicional. O estilotradicional <strong>de</strong> governar é marca<strong>do</strong> pelo costume e pela fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Se no estiloburocrático o que conta é a competência técnica e a impessoalida<strong>de</strong>, no estilotradicional o que conta é a relação afetiva muito próxima e a intuição.Segun<strong>do</strong> Ricci et al. (2001), a gestão tradicional é pautada pelas seguintescaracterísticas:a) Políticas públicas marcadas pela fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e pela troca <strong>de</strong> favores: por issoo dirigente esportivo prefere aten<strong>de</strong>r às pessoas individualmente, evitan<strong>do</strong>as <strong>de</strong>mandas coletivas, crian<strong>do</strong> um laço <strong>de</strong> “confiança”, <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong>.9Matricialida<strong>de</strong>: eixo coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r e organiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> políticas sociais, potencializa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> sua integração,com impacto positivo em seus efeitos. (PBH, 2001. DOC. 3)


PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO E RELAÇÕES COM O LAZER41Aparece como um patrono, um protetor, alguém íntimo que se comove como sofrimento <strong>do</strong> outro. O seu po<strong>de</strong>r se alimenta <strong>de</strong>sta cumplicida<strong>de</strong>.b) Ausência <strong>de</strong> planejamento global <strong>de</strong> ações – gestão por intuição. Os planos<strong>de</strong> ações ameaçam esses dirigentes porque são instrumentos <strong>de</strong> fiscalização e<strong>de</strong> controle. Esses dirigentes rejeitam discursos técnicos e regras muito fixase administram por pura intuição e por absoluta falta <strong>de</strong> planejamento.c) Propostas marcadas pelo assistencialismo: o dirigente, nesse caso, procuracriar o maior número <strong>de</strong> ações com vista a gerar <strong>de</strong>pendência da comunida<strong>de</strong>.O assistencialismo é o acesso a um bem por meio <strong>de</strong> uma benesse, <strong>de</strong><strong>do</strong>ação, isto é, supõe sempre um <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e um receptor. O dirigente esportivoassistencialista age como se fosse ele o proprietário <strong>de</strong> um bem que distribui,dada sua “boa vonta<strong>de</strong>” a alguém e quer ganhar o reconhecimento e a dívida<strong>de</strong> favor por essa prática. O dirigente esportivo tradicional não acredita,nunca, que a população se encontra madura e autônoma para <strong>de</strong>cidir <strong>sobre</strong>os rumos <strong>de</strong> sua vida.Uma política pública <strong>de</strong>scentralizada e territorialmente localizada precisasuperar os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gestão burocrático e tradicional que indicamos acima. Umapolítica <strong>de</strong> segurança pública que consi<strong>de</strong>ra o <strong>lazer</strong> como uma estratégia <strong>de</strong> reduçãoda criminalida<strong>de</strong> mediante o fortalecimento <strong>do</strong>s laços sociais e comunitários precisa<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res que apontem para um estilo participativo <strong>de</strong> governar, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>algumas características como:a) Superar o centralismo das <strong>de</strong>cisões. É preciso que os dirigentes passem a sereconhecer e a se fazerem reconheci<strong>do</strong>s como gerentes <strong>do</strong>s assuntos públicos<strong>do</strong> município, pois em suas mãos encontra-se, por lei, a responsabilida<strong>de</strong>pelo diagnóstico, programação, supervisão e continuida<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>da cida<strong>de</strong>.b) Essas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>vem ser compartilhadas com a socieda<strong>de</strong> civil por meio, porexemplo, <strong>de</strong> incentivo a estruturas colegiadas territorializadas. O objetivo,nesse caso, é articular formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia direta – os próprios beneficia<strong>do</strong>s<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m <strong>sobre</strong> as políticas – com formas representativas – eleição <strong>de</strong>representantes que fazem a mediação entre o Esta<strong>do</strong> e a socieda<strong>de</strong> civil.c) Para que as formas colegiadas <strong>de</strong> governo funcionem, é necessário construirum novo perfil <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança popular no <strong>lazer</strong>. É preciso agregar-lhes acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas públicas, gestão e fiscalização <strong>de</strong> suaimplementação. (ZINGONI, 2001)A <strong>de</strong>scentralização municipal envolve o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> funções. O primeiro, entendi<strong>do</strong> como re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> centros


42<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r asseguran<strong>do</strong> pluralida<strong>de</strong> e permeabilida<strong>de</strong> à participação cidadã. O segun<strong>do</strong>,como <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s executivas pelas ações <strong>de</strong> governo no âmbitoterritorial. O terceiro, como um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> competências que garantaracionalida<strong>de</strong>, eficiência e eficácia, consolidan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> funções, mediantea efetiva transferência <strong>de</strong> recursos orçamentários, técnicos e humanos. Esse <strong>de</strong>senhoé basea<strong>do</strong> em um sistema <strong>de</strong> gestão e administração adapta<strong>do</strong> às novas práticas <strong>de</strong>participação e <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> serviços públicos. (ZINGONI, 2001)Outro princípio <strong>de</strong> gestão pública a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> no âmbito <strong>do</strong> PRONASCIé a intersetorialida<strong>de</strong> das relações. Quanto mais relações interorganizacionais o setorpúblico mantiver com os outros setores, mais condições terá <strong>de</strong> receber influxo <strong>do</strong>ambiente externo e <strong>de</strong> influir nesse ambiente.Nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão participativos, não se governa por área ou por serviço,mas por políticas, programas e projetos elabora<strong>do</strong>s em conjunto com vários setorese com a população.Os projetos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que fundam suas ações no lúdico, no comunitário, noeducativo e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para a população-alvo <strong>do</strong> PRONASCI cumprem umpapel fundamental na ampliação <strong>do</strong>s direitos sociais como política pública cultural<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong>sses direitos à população <strong>de</strong> setores sociais alija<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa conquistana nossa socieda<strong>de</strong>. Todavia, recomenda-se que essas ações coexistam <strong>de</strong> formaintersetorial com outros programas <strong>de</strong> natureza econômica e social <strong>de</strong> caráter menoscompensatório e mais redistributivo, como: os “programas <strong>de</strong> renda mínima” e o Bolsa-Escola; os programas volta<strong>do</strong>s para a geração <strong>de</strong> trabalho, renda e empregabilida<strong>de</strong>; osprogramas <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> combate à <strong>de</strong>snutrição; os programas <strong>de</strong> educaçãopara o exercício da cidadania política, <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> no <strong>do</strong>micílio, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>ntreoutros, implementa<strong>do</strong>s pelos governos fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal; além dasações estruturais que mo<strong>de</strong>rnizam as polícias e o sistema prisional, valorizan<strong>do</strong> osprofissionais <strong>do</strong> setor, enfrentan<strong>do</strong> a corrupção policial e o crime organiza<strong>do</strong>.Por outro la<strong>do</strong>, nas políticas sociais <strong>do</strong> município, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o<strong>lazer</strong> como direito integra<strong>do</strong> às <strong>de</strong>mais políticas sociais sem, contu<strong>do</strong>, ser subordina<strong>do</strong>a elas e ancora<strong>do</strong> nelas para receber atenção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.


43Parte IIHISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DOMUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES


45INTRODUÇÃODuval Magalhães Fernan<strong>de</strong>sAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoA intenção com este capítulo é apresentar o município <strong>de</strong> Ribeirão das Nevesdiante diferentes perspectivas, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver um breve histórico social e<strong>de</strong>mográfico da cida<strong>de</strong>. O objetivo é criar, aqui, uma discussão <strong>sobre</strong> a vulnerabilida<strong>de</strong>e, ainda, expor a elaboração e a confecção <strong>do</strong> mapa da vulnerabilida<strong>de</strong> social e juvenil<strong>do</strong> município à luz das diferentes abordagens históricas existentes, complementadaspelas visões e pesquisas mais recentes.A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves ocupa um lugar bastante peculiar com relação àmaioria das outras cida<strong>de</strong>s da RMBH, que mescla não somente aspectos econômicos,mas também uma tradição histórica diversa <strong>do</strong>s outros municípios,Ao final <strong>do</strong> século XIX, a escolha da nova capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Geraisrecaiu <strong>sobre</strong> o Sítio Curral Del Rei, que ficava próximo <strong>do</strong>s municípios <strong>de</strong> Caeté,Nova Lima, Sabará e Santa Luzia, além <strong>de</strong> alguns povoa<strong>do</strong>s e vilas, como a área daCapela <strong>de</strong> Nossa Senhoras das Neves, construída em 1747. Esse povoamento foi onúcleo central <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, e sua emancipação só aconteceuem 1953, portanto há 56 anos.O processo <strong>de</strong> ocupação da capital no início <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> apresentavapeculiarida<strong>de</strong>s que atendiam a interesses econômicos, geran<strong>do</strong> polos <strong>de</strong> atração nasáreas mais dinâmicas. A cida<strong>de</strong> projetada estendia avenidas que cortavam a cida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>finiam seu contorno <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> exclusão espacial. A verticalização<strong>do</strong> centro da cida<strong>de</strong>, a valorização <strong>de</strong> regiões com melhor infraestrutura e a criação <strong>de</strong>áreas com uso específico como a “Cida<strong>de</strong> Industrial”, contribuíram para o processo<strong>de</strong> ocupação da periferia da capital, influencian<strong>do</strong> municípios limítrofes que, comintensida<strong>de</strong>s diversas, tiveram a sua dinâmica <strong>de</strong> ocupação subordinada ao centrohegemônico da região.Nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, a expansão urbana seguiu <strong>do</strong> centro para a periferiada RMBH em direção a Contagem e Betim, geran<strong>do</strong> a primeira frente <strong>de</strong> conurbação<strong>de</strong> Belo Horizonte. Em época mais recente, ocorreu um segun<strong>do</strong> processo cujo centroeram os municípios <strong>de</strong> Ribeirão das Neves e Santa Luzia.No entanto, “a nova periferia que se forma nesse contexto urbano-industrialapresenta um padrão extremamente precário que traz as marcas <strong>do</strong> improviso, <strong>do</strong>inacaba<strong>do</strong> e da carência absoluta e reflete o ritmo acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> construção exigi<strong>do</strong>


46<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraispela dinâmica <strong>de</strong> crescimento da cida<strong>de</strong>, caracterizan<strong>do</strong>-se como espaço da simplesreprodução da força <strong>de</strong> trabalho, totalmente excluí<strong>do</strong> da fruição <strong>do</strong> urbano”.(PLAMBEL, 1986, p. 79)Na última década, o Vetor Norte Central da RMBH, 1 como indica<strong>do</strong> no Mapa1, foi o que apresentou maior dinâmica <strong>de</strong>mográfica (SOUZA, 2008). É nesse vetorque se encontra o Município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves.MAPA 1RMBH – DIVISÃO ESPACIAL, SEGUNDO OS VETORES DEEXPANSÃO METROPOLITANA – 2008 (SOUZA, 2008)An<strong>de</strong>rson Batista Coelho1O Vetor Norte Central da RMBH é composto pelos municípios <strong>de</strong> Santa Luzia, Vespasiano, São Joséda Lapa e Ribeirão das Neves.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES47Em 2009, o IBGE estimou a população <strong>de</strong> Ribeirão das Neves em 349.306habitantes, colocan<strong>do</strong> essa cida<strong>de</strong> como a 4ª mais importante entre as 28 que compõema RMBH. Em 1970, a cida<strong>de</strong> ocupava o 17º lugar no conjunto <strong>do</strong>s municípios daRMBH. Essa rápida mudança <strong>de</strong> posição teve como razão o rápi<strong>do</strong> crescimentopopulacional, que entre 1970 e 1980 chegou à taxa média geométrica anual <strong>de</strong> 21,36%,a maior da região. Entre os <strong>do</strong>is últimos censos 1991 e 2000, a taxa média anual<strong>de</strong> crescimento foi <strong>de</strong> 6,30%, suplantada somente pela taxa observada para Betime Esmeraldas. A evolução da pirâmi<strong>de</strong> etária <strong>do</strong> município 2 indica uma populaçãojovem cuja ida<strong>de</strong> mediana varia <strong>de</strong> aproximadamente 21 anos em 1991 para 28 anosem 2009, fican<strong>do</strong> próximo <strong>do</strong> valor estima<strong>do</strong> para toda a população brasileira.Essa dinâmica populacional tem características distintas daquelas observadaspara os outros municípios da RMBH e está ligada a aspectos relaciona<strong>do</strong>s à posiçãoeconômica e social <strong>do</strong> município diante <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s da região.Historicamente, na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município tinham importância as ativida<strong>de</strong>s ligadasao comércio e serviços, primordialmente, voltadas para a penitenciária agrícolainaugurada em 1937, mas cujo início da construção data <strong>de</strong> 1926. Essa situação fez comque a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong> presídio” estivesse sempre vinculada ao município. Segun<strong>do</strong>Souza (2008) a escolha da cida<strong>de</strong> para a implantação <strong>do</strong> presídio se <strong>de</strong>u por ser umlocal nem muito próximo da capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma a não comprometê-la, nemtão longe que o presídio não pu<strong>de</strong>sse ser utiliza<strong>do</strong>.Na década <strong>de</strong> 1960, a abertura <strong>de</strong> novo presídio influenciou negativamenteo merca<strong>do</strong> imobiliário local, contribuin<strong>do</strong> para a <strong>de</strong>svalorização das terras. Emcontraponto à situação da se<strong>de</strong> municipal, o distrito <strong>de</strong> Justinópolis, mais próximo<strong>de</strong> Belo Horizonte passou, já na década <strong>de</strong> 1960, por um processo <strong>de</strong> conurbaçãocom a capital mineira. Assim, criava-se um segun<strong>do</strong> polo <strong>de</strong> expansão <strong>do</strong> município,separa<strong>do</strong> da se<strong>de</strong> municipal e com dinâmica própria.A ativida<strong>de</strong> econômica no município estava, na década <strong>de</strong> 1960, calcada naprodução hortifrutigranjeira voltada para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte. A estruturafundiária estava concentrada em 67 latifúndios que cobriam 78% da área <strong>do</strong> município,enquanto 276 pequenos produtores ocupavam 13% (COSTA, 1983). Por causa <strong>de</strong>sua economia voltada para produtos primários, 3 não tinha o município possibilida<strong>de</strong>sfinanceiras <strong>de</strong> concorrer com outras cida<strong>de</strong>s da região na política <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> indústriacomo aconteceu, por exemplo, com Contagem e Betim. Esse fator, soma<strong>do</strong> à escassez<strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra e à vocação penitenciaria da cida<strong>de</strong>, criou um estigma para a cida<strong>de</strong>que perdura até hoje.A soma <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s esses fatores, alia<strong>do</strong>s ao baixo preço da terra e à quaseinexistente exigência <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r municipal em relação ao parcelamento <strong>de</strong>las, fez com2Ver APÊNDICE I.3Além <strong>de</strong> produtos agrícolas, a cida<strong>de</strong> oferecia produtos para a construção civil, como areia e argila.


48<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisque o comércio <strong>de</strong> lotes e terrenos se tornasse a ativida<strong>de</strong> econômica mais viávelpara os proprietários rurais locais. No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1969 a 1971, 54% <strong>do</strong>s loteamentosaprova<strong>do</strong>s na RMBH estavam nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ribeirão das Neves e Ibirité. Do total <strong>de</strong>loteamentos aprova<strong>do</strong>s na primeira cida<strong>de</strong> entre 1949 e 2005, 4 83% foram implanta<strong>do</strong>s<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1975.As “facilida<strong>de</strong>s” oferecidas pelo po<strong>de</strong>r municipal incluíam a reserva <strong>de</strong> somente3% a 5% da área para uso institucional 5 e a não regulamentação <strong>de</strong> áreas para praçase parques. A falta <strong>de</strong> infraestrutura, como calçamento das ruas, esgoto, água, etc.,favorecia a oferta <strong>de</strong> lotes a preços baixos que atraíam parcela consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> pessoas<strong>de</strong> baixa renda. Ao mesmo tempo, as condições <strong>de</strong> financiamento oferecidas tornavammais próximo, para alguns, o sonho da casa própria. Ainda hoje essa ocupação<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada se faz sentir na cida<strong>de</strong>. O Censo <strong>de</strong> 2000 indicava que, na cida<strong>de</strong>, 4,7%da população vivia em <strong>do</strong>micílios subnormais (favelas), colocan<strong>do</strong> Ribeirão das Nevesem 8º lugar entre as cida<strong>de</strong>s que compõem a RMBH. Isso representava um total <strong>de</strong>11.651 habitantes.A questão habitacional contribuiu, assim, para que a migração passasse a ser fator<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque como componente da dinâmica populacional da cida<strong>de</strong>. Souza (2008),utilizan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo <strong>de</strong> 2000, mostra que, nesse ano, 70% da população maior<strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> era composta <strong>de</strong> imigrantes e, <strong>de</strong>sses, 78% tinham como origema cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte.Essa população tinha uma estrutura etária jovem e pouca instrução. Comparan<strong>do</strong>oscom os habitantes da RMBH, eles eram menos instruí<strong>do</strong>s, 44% <strong>de</strong>les com mais <strong>de</strong>20 anos tinham, no máximo, quatro anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, contra 20,4% observa<strong>do</strong> para osmora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> conjunto da RMBH, e o analfabetismo era 7% entre as pessoas commais <strong>de</strong> 20 anos, 1% mais eleva<strong>do</strong> entre os imigrantes <strong>de</strong> Ribeirão das Neves emcomparação com os habitantes da RMBH.Estes aspectos têm importante impacto na economia local. A participação <strong>do</strong>Produto Interno Bruto (PIB) <strong>do</strong> município no PIB da RMBH não cessou <strong>de</strong> reduzir.Em 2000, o PIB <strong>de</strong> Neves representava 1,63% <strong>do</strong> produto da RMBH e em 2005 passoua 1,28%. Em relação à economia estadual o PIB per capita municipal era, em 2005,aproximadamente, 25% daquele observa<strong>do</strong> para Minas Gerais e 20% <strong>do</strong> da RMBH.Em relação à ocupação, os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo 2000, mostram que 22,7% dapopulação economicamente ativa <strong>de</strong> Ribeirão das Neves estava <strong>de</strong>socupada, enquantopara o mesmo perío<strong>do</strong> na RMBH a taxa era <strong>de</strong> 18,7%.4Entre 1949 e 2005, foram aprova<strong>do</strong>s, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, 71.225 lotes, sen<strong>do</strong> 47.270 nase<strong>de</strong> <strong>do</strong> município e 23.955 em Justinópolis.5A legislação fe<strong>de</strong>ral indica o uso <strong>de</strong> 35% da área parcelada para uso institucional e público.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES49O processo <strong>de</strong> exclusão social da população é claro e reflete não somentenos indica<strong>do</strong>res econômicos, mas também nos sociais mais amplos, como oÍndice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH apura<strong>do</strong> para a cida<strong>de</strong> foi<strong>de</strong> 0,749, o que coloca Ribeirão das Neves em 15º lugar no quadro <strong>de</strong>sse índicepara os municípios da RMBH, nível próximo aos índices <strong>do</strong> Azerbaijão (0,746).O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> fatores não po<strong>de</strong> ser outro <strong>do</strong> que o agravamentoda violência, que mantém uma tendência crescente na cida<strong>de</strong> atingin<strong>do</strong> principalmenteos jovens em 15 e 29 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, vítimas <strong>de</strong> 61% <strong>do</strong>s homicídios ocorri<strong>do</strong>s nacida<strong>de</strong> (INSTITUTO VER, 2007).No primeiro trimestre <strong>de</strong> 2008, a taxa <strong>de</strong> crimes violentos no município foi <strong>de</strong>24,61 por 100 mil habitantes, valor 24,7% menor <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> no mesmo trimestre<strong>do</strong> ano anterior. Esse resulta<strong>do</strong> coloca o município em vantajosa situação perante asoutras cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior volume populacional na RMBH, 6 quan<strong>do</strong> se observa a taxa<strong>de</strong> homicídios por 100 mil habitantes no primeiro trimestre <strong>de</strong> 2008. Ribeirão dasNeves <strong>de</strong>staca-se como a cida<strong>de</strong> com maior taxa entre aquelas com população maior<strong>de</strong> 250 mil habitantes e também da RMBH. Essa taxa é, para a cida<strong>de</strong>, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>3,76 em relação a 3,14 <strong>de</strong> Belo Horizonte, 3,53 <strong>de</strong> Contagem, 3,43 <strong>de</strong> Betim e 3,20à RMBH (FJP, 2008).Analisan<strong>do</strong> o conjunto <strong>do</strong>s crimes cometi<strong>do</strong>s em Ribeirão das Neves no perío<strong>do</strong><strong>de</strong> 2000 a 2005, observa-se que quatro crimes respon<strong>de</strong>m por, aproximadamente, 61%<strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos: roubo à mão armada a ônibus e coletivos (25,5%), roubo à mão armada atranseuntes (15,0%), homicídios tenta<strong>do</strong>s (12,4%) e homicídios consuma<strong>do</strong>s (7,5%)(INSTITUTO VER, 2007).Po<strong>de</strong>-se perceber que o município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, por meio <strong>de</strong> suapeculiar trajetória e história <strong>de</strong> ocupação, não gerou mecanismos propícios paracriar circunstâncias favoráveis para <strong>de</strong>screver um <strong>de</strong>senvolvimento urbano queten<strong>de</strong>sse a aspectos positivos. Nessa problemática, abre-se aqui uma discussão<strong>sobre</strong> a urgência em analisar tal espaço, conhecê-lo e estudá-lo <strong>de</strong> forma que sepossa contribuir como um viés a mais para os gestores públicos locais e para acriação <strong>de</strong> políticas públicas eficientes. Para tal, propôs-se analisar indica<strong>do</strong>res eíndices que apontassem, no espaço municipal, as regiões com maior vulnerabilida<strong>de</strong>on<strong>de</strong> as políticas públicas po<strong>de</strong>riam ser implementadas. Antes <strong>de</strong> avançar <strong>sobre</strong>esses indica<strong>do</strong>res, faz-se necessário discutir minimamente os aportes teóricos quecontribuíram para a sua construção.6Dentre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 250 mil habitantes da RMBH, Ribeirão das Neves é a que tinha, no primeirotrimestre <strong>de</strong> 2008, o menor taxa <strong>de</strong> crimes violentos por 100 mil habitantes: Belo Horizonte – 86,01;Contagem – 101,39; Betim – 52,34.


50<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais1 METODOLOGIA UTILIZADA PARA ELABORAÇÃO DO MAPA DEVULNERABILIDADE DE RIBEIRÃO DAS NEVESBase <strong>de</strong> da<strong>do</strong>sForam consi<strong>de</strong>radas neste estu<strong>do</strong> as informações <strong>do</strong> Censo 2000 por setorescensitários, disponibilizadas pelo IBGE. Apesar da distância temporal que separa arealização <strong>do</strong> censo ao momento atual <strong>de</strong>ssa análise, a riqueza da base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s justificao seu emprego; por outro la<strong>do</strong>, mesmo que os resulta<strong>do</strong>s não venham espelhar o quehoje se observa no município, as tendências apontadas mostram que a situação socialpresente já estava, claramente, <strong>de</strong>lineada no passa<strong>do</strong>.O IBGE <strong>de</strong>finiu um conjunto <strong>de</strong> 223 setores censitários para o município <strong>de</strong> Ribeirãodas Neves, cujas informações são disponibilizadas em arquivos com características <strong>do</strong><strong>do</strong>micílio, seus responsáveis e mora<strong>do</strong>res. Por razões <strong>de</strong> sigilo <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, os valoresapresenta<strong>do</strong>s são agrega<strong>do</strong>s, o que não permite o cruzamento <strong>de</strong> variáveis, tampoucoo conhecimento das características individuais <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.O méto<strong>do</strong>Para a construção <strong>do</strong> índice final, foram calcula<strong>do</strong>s vários índices intermediáriosque atendiam a cada vetor <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Cada índicecorrespondia a um conjunto <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res relaciona<strong>do</strong>s às situações indicadas. To<strong>do</strong>sesses indica<strong>do</strong>res passaram por uma conversão <strong>de</strong> escala. 7 Dessa forma, os índicesvariavam entre 0 e 1, sen<strong>do</strong> que quanto mais próximo fosse o valor da unida<strong>de</strong>, maisvulnerável seria a situação levantada.Os indica<strong>do</strong>res e índiceSegun<strong>do</strong> Leporace (2001), os indica<strong>do</strong>res, além <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong> avaliação, permitemobservar um retrato da realida<strong>de</strong> e o acompanhamento da aplicação <strong>de</strong> políticas.Babbie (1973) <strong>de</strong>fine os indica<strong>do</strong>res como “observações empíricas <strong>do</strong>s conceitos”ou das variáveis que estão sen<strong>do</strong> estudadas, já que se constituem em expressões <strong>do</strong>satributos (componentes) <strong>de</strong> tais conceitos e/ou variáveis.7Com objetivo <strong>de</strong> criar uma escala que classificasse os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> fez-sea “Conversão <strong>de</strong> Escala”.X – XmínXmáx – XmínSen<strong>do</strong> “X”, o da<strong>do</strong> <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r bruto, o “Xmín” o menor valor encontra<strong>do</strong> para a variável entre ossetores consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s e o “Xmáx” o valor máximo.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES51A construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da <strong>de</strong>finição retida, pressupõea discussão <strong>do</strong>s conceitos que são os reflexos da i<strong>de</strong>ia que se faz <strong>do</strong> fenômeno social.Em última análise, os indica<strong>do</strong>res nada mais são <strong>do</strong> que a expressão, numérica ounão, <strong>de</strong> conceitos.A construção <strong>de</strong> alguns indica<strong>do</strong>res po<strong>de</strong> ser mais simples <strong>do</strong> que a <strong>de</strong> outros. Noentanto, à medida que se avança em conceitos mais elabora<strong>do</strong>s, como qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaou <strong>de</strong>senvolvimento econômico, essa construção passa a exigir maiores cuida<strong>do</strong>s.Assim, esse processo teve como ponto <strong>de</strong> partida o estabelecimento <strong>de</strong> vetoresque, com base nos da<strong>do</strong>s disponíveis, contemplassem aspectos liga<strong>do</strong>s à condiçãosocial da população em estu<strong>do</strong> e permitissem operacionalizar, a conceituação davulnerabilida<strong>de</strong>. Dessa forma, seguin<strong>do</strong> proposta <strong>de</strong> Borges (2004),foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>strês vetores: <strong>do</strong>is liga<strong>do</strong>s as condições <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio e um à situação <strong>do</strong> chefe <strong>do</strong><strong>do</strong>micílio. Os vetores, que também po<strong>de</strong>riam ser chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> índices intermediários,são compostos por indica<strong>do</strong>res. O primeiro vetor tratou das condições <strong>de</strong> moradia eo segun<strong>do</strong>, <strong>do</strong> saneamento: esgotamento, abastecimento <strong>de</strong> água e coleta <strong>de</strong> lixo. Ovetor <strong>sobre</strong> a condição <strong>do</strong> chefe <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio contemplou aspectos liga<strong>do</strong>s à renda,à instrução e ao gênero.O índice final foi composto pela média aritmética <strong>do</strong>s vetores após a suatransformação em escala.Os índicesCondição <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílioO vetor <strong>sobre</strong> a condição <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio foi composto por <strong>do</strong>is indica<strong>do</strong>res quetiveram por objetivo captar a vulnerabilida<strong>de</strong> em relação à condição <strong>de</strong> moradia<strong>do</strong>s habitantes <strong>de</strong> Neves. Para tal, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as variáveis disponíveis no censo<strong>de</strong>mográfico, foram seleciona<strong>do</strong>s os seguintes indica<strong>do</strong>res:a) <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>do</strong>miciliar – número médio <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res por <strong>do</strong>micílio;b) forma <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio – proporção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios <strong>de</strong>ocupação precária 8 em relação ao total.Condição <strong>de</strong> saneamentoO vetor condição <strong>de</strong> saneamento buscou captar a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> acesso a água,esgoto e coleta <strong>de</strong> lixo. Tal situação tem forte correlação com as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dapopulação e, em caso <strong>de</strong> uma reduzida infraestrutura, é um claro risco a população.8Definiu-se como ocupação precária a não proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> imóvel quer com quitação, quer em processo<strong>de</strong> compra.


52<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisa) condição <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água – proporção <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios não liga<strong>do</strong>sà re<strong>de</strong> geral em relação ao total.b) condição <strong>de</strong> saneamento – proporção <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios sem esgotamento sanitárioa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> 9 em relação ao total.c) condição <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo – proporção <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios sem coleta <strong>de</strong> lixo emrelação ao total.Condição social <strong>do</strong> responsável pelo <strong>do</strong>micílioEm relação ao responsável (ou chefe) pelo <strong>do</strong>micílio, optou-se por consi<strong>de</strong>rartrês indica<strong>do</strong>res: um relaciona<strong>do</strong> à renda, outro ao sexo e o último à instrução.• Renda: proporção <strong>de</strong> pessoas responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios com renda mensal<strong>de</strong> até um salário mínimo em relação ao total <strong>de</strong> pessoas responsáveis pelos<strong>do</strong>micílios particulares permanentes.• Gênero: proporção <strong>de</strong> responsáveis <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios particular permanente <strong>do</strong>sexo feminino em relação ao total <strong>de</strong> responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios.• Instrução: proporção <strong>do</strong>s responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios particularespermanentes que cursaram cursos <strong>de</strong> alfabetização ou qualquer outro cursoaté o final <strong>do</strong> ensino elementar, em relação ao total <strong>de</strong> pessoas responsáveispor <strong>do</strong>micílios particulares permanentes com aprovação.Construção das classes e cálculo <strong>do</strong> Índice finalPara construção das classes <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, utilizou-se o cálculo <strong>do</strong> <strong>de</strong>sviopadrão.Nesse caso, trabalhou-se com quatro classes: (1) Muito Crítico, (2) Crítico,(3) Razoável e (4) Bom. As classes foram criadas consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> para 1 e 4 a médiamais <strong>do</strong>is <strong>de</strong>svios e 2 e 3 a média mais um <strong>de</strong>svio.Foram classifica<strong>do</strong>s como Muito Críticos (1) os setores em que a concentraçãodas carências é superior à concentração média <strong>do</strong>s setores, configuran<strong>do</strong> uma realida<strong>de</strong><strong>de</strong> alta vulnerabilida<strong>de</strong>. O Índice Crítico (2) aponta condições vulneráveis aindamaiores que a média. Com Índice Razoável (3) estão setores nos quais as ocorrências<strong>de</strong> situações vulneráveis se mostram em torno da média, sen<strong>do</strong> uma condição típica<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>. Por fim, o Índice Bom (4) significa que naquele setor há manifestaçõesmenos vulneráveis. O Índice final foi composto da média aritmética simples <strong>do</strong>s trêsindica<strong>do</strong>res: condição <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, condição <strong>de</strong> saneamento e condição social <strong>do</strong>responsável pelo <strong>do</strong>micílio.9Definiu-se como <strong>do</strong>micílio com saneamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> aquele liga<strong>do</strong> à re<strong>de</strong> geral <strong>de</strong> esgotoou com fossa séptica.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES53Índice final pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>O Índice final pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> foi composto pela média aritmética simples <strong>do</strong>s mesmosindica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> índice final. Incorporou-se uma variável voltada para os jovens <strong>de</strong> 15a 24 anos. O resulta<strong>do</strong> final foi pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela proporção <strong>do</strong>s jovens nesse grupoetário em relação ao total da população em cada setor censitário.2 RESULTADOSAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoA Prefeitura <strong>de</strong> Ribeirão das Neves divi<strong>de</strong> a administração <strong>do</strong> Município em trêsRegionais: Central (porção central até o norte na divisa com o Município <strong>de</strong> PedroLeopol<strong>do</strong>), Justinópolis (porção leste na divisa com Belo Horizonte e Vespasiano) eVeneza (porção oeste na divisa com o Município <strong>de</strong> Esmeraldas).O Mapa <strong>de</strong> Vulnerabilida<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> Ribeirão das Neves <strong>de</strong>monstra 19 setorescensitários no nível muito crítico. A região <strong>do</strong> Veneza possui a ocupação mais recente<strong>do</strong> município – por volta <strong>de</strong> 15 anos – e se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma espontânea, produto da falta<strong>de</strong> planejamento e infraestrutura. Aponta somente níveis muito críticos, mas, tambémsão vistos níveis críticos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>. Na porção central <strong>do</strong> mapa até o extremo


54<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisnorte, constatam-se níveis que variam entre críticos e razoáveis; entretanto, no extremonorte, existem setores indican<strong>do</strong> níveis muito críticos. Também nesse extremo aocupação urbana, um pouco mais antiga <strong>do</strong> que a região <strong>do</strong> Veneza, apresenta asmesmas mazelas e falta <strong>de</strong> infraestrutura.Na porção leste (região <strong>de</strong> Justinópolis) conurbada com o município <strong>de</strong> BeloHorizonte, encontram-se níveis muito críticos, um pouco distribuí<strong>do</strong>s e uma pequenaaglomeração no centro. Apesar <strong>de</strong> Ribeirão das Neves ter inicia<strong>do</strong> sua ocupação eaglomeração urbana mais intensa por Justinópolis, lá também existem poucos setoresque indicam um nível bom <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>.An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoExistem diferenças consi<strong>de</strong>ráveis <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Índice <strong>de</strong> Vulnerabilida<strong>de</strong>com a pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos em relação ao <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>anteriormente Mapa <strong>de</strong> Índice Vulnerabilida<strong>de</strong> Final. Observa-se o aumento <strong>de</strong>setores censitários com níveis consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s muito críticos para a pon<strong>de</strong>ração<strong>do</strong> público jovem e que esses níveis crescera, principalmente, na regional <strong>de</strong>Justinópolis, ao passo que as regionais Central e Veneza apresentaram níveisconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s muito críticos. Contu<strong>do</strong>, na Regional Veneza cresceram os níveiscríticos,e nessa perspectiva nota-se que os níveis da área central <strong>do</strong> Municípiomelhoram seus índices.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES55Assim, percebe-se que as áreas periféricas <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves,mais precisamente as regionais Justinópolis, Veneza e o norte da regional Central,<strong>de</strong>monstram um caráter mais crítico, atrain<strong>do</strong> um olhar na intervenção <strong>de</strong> políticaspúblicas para Juventu<strong>de</strong>. Na regional Justinópolis, <strong>de</strong>stacam-se a porção central, queenvolve os bairros Botafogo, Urca, Paraíso das Piabas, Vale das Laranjeiras e VilaPapile; na regional Veneza, <strong>de</strong>staca-se o bairro Fazenda Castro (Metropolitano); ena Central <strong>de</strong>stacam-se os bairros Santinho, Sevilha e Rosa Neves.Observa-se, aqui, que o <strong>de</strong>senvolvimento e a estruturação <strong>de</strong> um Índice<strong>de</strong> Vulnerabilida<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> município, como o <strong>de</strong> Ribeirão dasNeves com características <strong>de</strong> pouca expressão econômica, social e cultural noâmbito metropolitano <strong>de</strong> Minas Gerais, não é uma tarefa simples. Se <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>as disponibilida<strong>de</strong>s das informações não permitem a completa operacionalização<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, por outro a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>sse conceito não étarefa fácil.A construção <strong>de</strong>ste mapa para o município se inscreve em uma proposta maiorque visa disponibilizar para as autorida<strong>de</strong>s locais informações para a elaboração <strong>de</strong>proposta que contribua para o direcionamento <strong>de</strong> políticas públicas, principalmenteno que refere o público juvenil. Sabe-se que a discussão <strong>de</strong> políticas públicas parajuventu<strong>de</strong> no Brasil ainda é muito recente, mas reconhece-se o esforço <strong>do</strong> atualGoverno para que tal proposta aconteça. Contu<strong>do</strong>, to<strong>do</strong> esse esforço tem <strong>de</strong> serbem assimila<strong>do</strong> pelo po<strong>de</strong>r municipal e reforça<strong>do</strong> pelos movimentos locais.Os resulta<strong>do</strong>s aqui mostra<strong>do</strong>s indicam que há áreas <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> nomunicípio que estão, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, ligadas à recente e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada ocupação <strong>do</strong>espaço urbano e, <strong>de</strong> outro, às situações econômicas e sociais adversas, nas quaisfatores relaciona<strong>do</strong>s à condição <strong>de</strong> vida da população estão mais presentes.3 OS EQUIPAMENTOS DE LAZER EM RIBEIRÃO DAS NEVESAinda como fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para esta pesquisa, foram realiza<strong>do</strong>s registrosiconográficos <strong>sobre</strong> os espaços e equipamentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> existentes no município <strong>de</strong>Ribeirão das Neves, especificamente nos bairros Urca e Florença. Os bairros estãopresentes em duas regiões distintas: o Florença situa-se na margem da BR-040, naregional Veneza, e o Urca, na porção leste <strong>do</strong> município, na regional Justinópolis,conurbada com a regional Venda Nova <strong>de</strong> Belo Horizonte.


56<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisMAPA DOS EQUIPAMENTOS DE LAZERDOS BAIRROS FLORENÇA E URCA EM RIBEIRÃO DAS NEVES – MGAn<strong>de</strong>rson Batista CoelhoBairro FlorençaForam i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s, no bairro Florença e seu entorno, 13 espaços utiliza<strong>do</strong>spara fins <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> e <strong>do</strong> esporte.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES571. Campo <strong>do</strong> Florença (19º45’42”S 44º09’00”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoCampo usa<strong>do</strong> somente nos fins <strong>de</strong> semana, o público se divi<strong>de</strong> entre adultos ea<strong>do</strong>lescentes. É um espaço comunitário e gratuito, contu<strong>do</strong> não existe nenhum tipomanutenção.2. Quadra <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>s da Escola Estadual Carlos Drumond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –(19º45’47”S 44º09’08”W)Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


58<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisEspaço <strong>de</strong> esportes recém reforma<strong>do</strong>pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> MinasGerais. O espaço ganhou um palco fixo,marcação e pintura novas da quadra evestiários novos.3. Quadra <strong>do</strong> Manecão (19º45’34”S 44º08’31”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoFoto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoQuadra recém-coberta pelo proprietário. A quadra é alugada no turno da noite e<strong>de</strong> dia, <strong>de</strong> maneira informal, é utilizada por jovens da comunida<strong>de</strong> gratuitamente. Opiso e a pintura estão <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>s, necessitan<strong>do</strong> <strong>de</strong> reparos.


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES594. Escola Estadual <strong>do</strong> Bairro San Genaro (19º45’35”S 44º09’04”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspaço em processo <strong>de</strong> reforma. O Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas cobriu o espaço,instalou iluminação, telas, vestiários e um palco fixo. O espaço também é utiliza<strong>do</strong>pela comunida<strong>de</strong> nos horários em que não há aulas durante a semana.5. Quadra Particular(19º45’34”S 44º09’10”W)Espaço utiliza<strong>do</strong> pelo Programa<strong>do</strong> Governo EstadualPoupança Jovem. A utilização édiária (diurna) e variada, não serestringin<strong>do</strong> apenas a esportespopulares. O espaço é muitopequeno em comparação com osoutros. O público que está inseri<strong>do</strong>no Programa Poupança Jovem éexclusivo da Escola Estadual <strong>do</strong>Bairro San Genaro.Foto – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


60<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais6. Campo <strong>do</strong> San Genaro (19º45’33”S 44º09’18”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspaço gratuito utiliza<strong>do</strong> para prática <strong>do</strong> futebol somente nos fins <strong>de</strong> semana pelacomunida<strong>de</strong> adulta e a<strong>do</strong>lescente. Não existe cerca com telas ou qualquer marcação<strong>do</strong> campo. Existem somente traves fixas <strong>de</strong> ferro.7. Campo <strong>do</strong> Alto Veneza (19º46’26”S 44º08’28”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES61Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspaço utiliza<strong>do</strong> somente nos fins <strong>de</strong> semana para a prática <strong>do</strong> futebol. O públicoé <strong>de</strong> adultos e a<strong>do</strong>lescentes. Não existe cerca, marcação ou iluminação, somentetraves fixas.8. Campo <strong>do</strong> Conjunto Henrique Sapori (19º45’50”S 44º08’20”W)Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


62<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisFoto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspaço utiliza<strong>do</strong> gratuitamente pela comunida<strong>de</strong>, adultos e a<strong>do</strong>lescentes. Existearquibancada, iluminação e cerca <strong>de</strong> tela. Esse espaço recebeu a melhor estrutura emrazão da participação da equipe local no “Torneio Corujão”. A competição reúne 32times <strong>de</strong> futebol ama<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Belo Horizonte e da RMBH durante um mês <strong>de</strong> jogos.Recebe apoio da Fe<strong>de</strong>ração Mineira <strong>de</strong> futebol e da re<strong>de</strong> Globo Minas.9. Quadra Poliesportiva Maura Pereira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (19º45’45”S 44º08’14”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES63Espaço comunitário utiliza<strong>do</strong> esporadicamente pela Prefeitura <strong>de</strong> Ribeirãodas Neves e pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para os projetos <strong>de</strong> inclusão social. Utiliza<strong>do</strong>pre<strong>do</strong>minantemente por crianças e a<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong> dia.10. Quadra da Escola Estadual Helvécio Dae (19º45’49”S 44º08’15”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoFoto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoQuadra utilizada apenas pelos alunos da escola. Os esportes pratica<strong>do</strong>s sãovaria<strong>do</strong>s. Existe iluminação, cerca <strong>de</strong> tela, marcações, mas ainda não foi instalada acobertura, o que impe<strong>de</strong> a prática <strong>de</strong> esportes em tempos <strong>de</strong> chuva. A escola aindaespera o início das obras da reforma da quadra.


64<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais11. Espaço <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> das antenas (19º46’12”S 44º08’41”W)Espaço utiliza<strong>do</strong> diariamente porcrianças para soltar pipa. Nos fins <strong>de</strong>semana, to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> público a utiliza para aprática <strong>do</strong> futebol. Existem traves <strong>de</strong> metalfixas. Espaço mais alto da região com umavisão privilegiada.Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES6512. Campinho <strong>do</strong> Corrégo (19º45’50”S 44º08’58”W)Foto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspaço utiliza<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minantemente por crianças, diariamente, no fim da tar<strong>de</strong>.As traves <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira foram improvisadas. O terreno é pequeno e aberto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>córrego que corta a região.13. Escola <strong>de</strong> natação e hidroginástica (particular) – (19º45’43”S44º09’29”W)Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


66<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisFoto – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEspecificamente, não foi encontra<strong>do</strong>nenhum espaço <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> nobairro Urca. Entretanto, nas margens<strong>do</strong> bairro po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>do</strong>s<strong>do</strong>is espaços. O mapa abaixo indica alocalização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is locais: O Curumim(1) e a Associação Recreativa <strong>de</strong>Minas Gerais (2).An<strong>de</strong>rson Batista Coelho


Parte II – HISTÓRICO SOCIAL E DEMOGRÁFICO DO MUNÍCIPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES67URCA – CURUMIM (19º47’50”S 44º00’17”W)Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoEsse espaço é conheci<strong>do</strong>como “Curumim” porque, antes,funcionava com o auxílio <strong>do</strong>Governo Estadual <strong>de</strong> MinasGerais, por meio <strong>de</strong> um programaque atendia as crianças comtrabalhos com esporte, <strong>lazer</strong> ecultura no momento em que nãoestavam na escola. Com o findar<strong>do</strong> projeto, o espaço ficou ocioso e, aos poucos, foi se <strong>de</strong>terioran<strong>do</strong>. Um grupo daigreja evangélica local trabalha no espaço com crianças e não <strong>de</strong>ixa que o espaçofique marginaliza<strong>do</strong>.


68<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisAssociação recreativa <strong>de</strong> Minas Gerais (19º47’38”S 44º00’31”W)Fotos – An<strong>de</strong>rson Batista CoelhoO clube aten<strong>de</strong> somente os associa<strong>do</strong>s. 1010Disponível em: http://www.minasgerais.esp.br/in<strong>de</strong>x.html. Acesso em: 12 nov. 2008.


69Parte IIIANÁLISE DOS DADOS


711 DISCUTINDO OS DADOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOSVânia NoronhaProblematização da pesquisa*Esta pesquisa teve como foco uns <strong>do</strong>s principais problemas <strong>do</strong> município: o altoíndice <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> vivencia<strong>do</strong> pela parcela jovem da população.Esse problema, além <strong>de</strong> outras questões, se relaciona com a crescente <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong>mográfica e pobreza da população; a escassez <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong>cultura; a ausência <strong>do</strong> esporte e <strong>lazer</strong> como livre opção da população; a insuficiência<strong>de</strong> locais públicos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à vivência <strong>de</strong>ssas práticas; a falta <strong>de</strong> conhecimento <strong>sobre</strong>a diversificação <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s e manifestações que ampliem as oportunida<strong>de</strong>s; e,ainda, a falta <strong>de</strong> valorização da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local e sua diversida<strong>de</strong> cultural.Mediante a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sses problemas propôs-se realizar um levantamento<strong>do</strong>s equipamentos, serviços e programas <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> realiza<strong>do</strong>s nesses locais,além da <strong>de</strong>manda e <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong> público-alvo, coletan<strong>do</strong> a percepção <strong>do</strong>s jovens,das li<strong>de</strong>ranças comunitárias e <strong>do</strong>s gestores envolvi<strong>do</strong>s com a questão. Esse diagnósticopossibilitou a elaboração <strong>de</strong> uma proposta para intervenção <strong>do</strong> PELC, em parceriacom o PRONASCI, a ser implanta<strong>do</strong> no município. A relevância da pesquisa se fezpela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetivação <strong>de</strong> políticas públicas direcionadas ao público-alvo nomunicípio com base na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s presentes no diagnóstico realiza<strong>do</strong>.Com base no mapeamento da vulnerabilida<strong>de</strong> social <strong>do</strong> município, aqui apresenta<strong>do</strong>e discuti<strong>do</strong>, foram eleitos os bairros Urca e Florença para a realização da pesquisa.Meto<strong>do</strong>logiaA pesquisa contou com três instrumentos meto<strong>do</strong>lógicos, a saber: aplicação<strong>de</strong> questionários <strong>do</strong>miciliar (survey) a jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos, com o objetivo <strong>de</strong>realizar um diagnóstico sociopopulacional <strong>sobre</strong> a percepção <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> <strong>de</strong>ssa parcelada população; a realização <strong>de</strong> grupos focais com jovens cumprimento <strong>de</strong> medidasocioeducativa <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong> Assistida e Prestação <strong>de</strong> Serviço à Comunida<strong>de</strong> (PSC), 1* O texto <strong>sobre</strong> o survey foi produzi<strong>do</strong> com base no relatório <strong>de</strong> supervisão <strong>de</strong> campo escrito porAn<strong>de</strong>rson Batista Coelho.1Liberda<strong>de</strong> Assistida e Prestação <strong>de</strong> Serviços à Comunida<strong>de</strong> são duas das medidas socioeducativasprevistas pelo ECA para o a<strong>do</strong>lescente autor <strong>de</strong> ato infracional. Essas medidas são cumpridas em meioaberto e são executadas por meio <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo município. As outras medidasprevistas pelo ECA são: Advertência, Obrigação <strong>de</strong> Reparar o Dano, Semiliberda<strong>de</strong> e Internação.


72<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais<strong>de</strong>corrente da prática <strong>de</strong> ato infracional; e, ainda, entrevistas com gestores municipaise li<strong>de</strong>ranças comunitárias visan<strong>do</strong> captar a percepção <strong>de</strong>les <strong>sobre</strong> as <strong>de</strong>mandas<strong>do</strong>s jovens.Para a realização <strong>do</strong> survey, foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>sos questionários, 2 que geralmente cumprem a função <strong>de</strong>, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>screver ascaracterísticas <strong>de</strong> um grupo social 3 e <strong>de</strong> contribuir para a análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadasvariáveis. Geralmente, opta-se pela formatação <strong>de</strong> um questionário com perguntasfechadas, ou seja, cujas afirmações apresentam categorias ou alternativas <strong>de</strong> respostasfixas e preestabelecidas. O entrevista<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve, então, respon<strong>de</strong>r à alternativa que maisse ajusta às suas características, i<strong>de</strong>ias ou sentimentos.A aplicação <strong>do</strong>s questionários po<strong>de</strong> ser feita ou por contato direto entre oentrevista<strong>do</strong> e o entrevista<strong>do</strong>r, ou via correios, quan<strong>do</strong>, então, o entrevista<strong>do</strong> respon<strong>de</strong>às questões e as reenvia ao pesquisa<strong>do</strong>r. No caso <strong>de</strong>ste survey, optou-se pelo contatodireto entre entrevista<strong>do</strong> e entrevista<strong>do</strong>r.O questionário teve como principal referência o instrumento elabora<strong>do</strong> peloCRISP-UFMG por oportunida<strong>de</strong> da realização, em 2002, da primeira pesquisa <strong>de</strong>vitimização no município <strong>de</strong> Belo Horizonte. 4 A equipe <strong>de</strong> professores <strong>de</strong>sta pesquisaadaptou algumas questões, bem como acrescentou aquelas referentes às práticas <strong>de</strong><strong>lazer</strong> e esporte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. O questionário final contou com 64 questões. 5Há, basicamente, duas formas para <strong>de</strong>finir a população a ser entrevistada viaquestionários: censo e survey. No caso <strong>do</strong> senso, entrevistam-se to<strong>do</strong>s os indivíduos<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo social que se preten<strong>de</strong> investigar. Já na segunda opção, osurvey, calcula-se uma amostra estatisticamente representativa, e os indivíduos querespon<strong>de</strong>rão aos questionários são sortea<strong>do</strong>s aleatoriamente. É uma técnica econômicae, portanto, viável.A meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> survey constitui, atualmente, o méto<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong> peloscientistas sociais em pesquisas <strong>de</strong>ssa natureza. Em vez <strong>de</strong> entrevistar toda a população<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong> ou grupo social, uma amostra representativa e aleatória<strong>de</strong>ssa população é levantada, permitin<strong>do</strong>, posteriormente, a generalização <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s. Além disso, por se tratar <strong>de</strong> um méto<strong>do</strong> quantitativo, permitea construção mais objetiva das informações coletadas, transforman<strong>do</strong>-as em da<strong>do</strong>spassíveis <strong>de</strong> análise imparcial e científica.Segun<strong>do</strong> informações coletadas na página <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong>, 6 estimativas<strong>do</strong> IBGE indicam que, em 2006, a população da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves era <strong>de</strong>2Ver APÊNDICE II.3Para maiores informações, ver BABBIE (1999).4Para mais <strong>de</strong>talhes, ver o site www.crisp.ufmg.br.5A apresentação das tabelas no APÊNDICE III seguiu, geralmente, a or<strong>de</strong>m das perguntas <strong>do</strong>questionário.6Disponível em: www.datasus.gov.br. Acesso em: 3 out. 2008.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s73322.971 habitantes. Desse total, 100.140 (31%) estavam na faixa etária entre 15 e 29anos e um grupo mais reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> 70.822 habitantes (70,72%) <strong>de</strong>ste último conjuntoteria ida<strong>de</strong> entre 15 e 24 anos, público-alvo da pesquisa.Com base em informações disponibilizadas pela Prefeitura <strong>de</strong> Ribeirão dasNeves, foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o Plano Amostral da pequisa. Estima-se que a população das duasáreas objeto da pesquisa, bairros Florença e Urca, seria <strong>de</strong> 16.265 habitantes, sen<strong>do</strong>que 7.015 estariam no grupo etário entre 15 e 29 anos, representan<strong>do</strong> 43,13% <strong>do</strong>total. Essa proporção está acima da encontrada em to<strong>do</strong> o município, indican<strong>do</strong> quea estrutura populacional <strong>de</strong>sses bairros está mais concentrada nos mais jovens. Umavez que nessas duas regiões o volume <strong>do</strong> grupo etário 15-24 anos não era conheci<strong>do</strong>,foi necessário fazer-lhe a estimativa. Para tal, utilizou-se a proporção da população 15a 24 no grupo etário 15 a 29 da população total <strong>do</strong> município (70,72%) <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>-se,para as duas regiões, um efetivo <strong>de</strong> 4.961 habitantes – aproximadamente 5 mil pessoas.Optou-se por utilizar esse procedimento para reduzir possíveis <strong>de</strong>svios, uma vez quehá diferenças entre a estrutura etária da área em estu<strong>do</strong> e a <strong>do</strong> município.Ten<strong>do</strong> por base o universo <strong>de</strong> 5 mil pessoas e aplican<strong>do</strong> procedimentos <strong>de</strong>amostragem, 7 <strong>de</strong>finiu-se o número <strong>de</strong> 350 questionários a serem aplica<strong>do</strong>s. Após visita<strong>de</strong> campo, achou-se pru<strong>de</strong>nte dividir a amostra das duas regiões em grupos diversos:60% <strong>do</strong>s questionários (210) seriam aplica<strong>do</strong>s no bairro Florença e os 40% restantes(140) no bairro Urca, ambos com vilas e favelas. Nesse percentual levou-se em contaa diferença <strong>de</strong> área das duas comunida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> número <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios.O trabalho <strong>de</strong> campo foi realiza<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 2008 por 6 estagiários:4 <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Educação Física e 2 <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Ciências Sociais, supervisio-na<strong>do</strong>spor um estagiário <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia – Tratamento daInformação Espacial – da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais.Para a aplicação <strong>do</strong> survey, foi realiza<strong>do</strong> o treinamento <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>campo abordan<strong>do</strong>: técnicas <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> questionário, aleatorieda<strong>de</strong> na escolhadas quadras, leitura <strong>do</strong>s mapas, discussão da área a ser pesquisada, comunicação nocampo, sensibilida<strong>de</strong> e bom senso. Foi realiza<strong>do</strong> o sorteio para <strong>de</strong>signar o númeroque cada pesquisa<strong>do</strong>r iria a<strong>do</strong>tar. Com esse número, cada pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>screveriaum roteiro <strong>de</strong> campo específico e, isso foi possível através <strong>do</strong> SPSS (StatisticalPackage for the Social Sciences: software aplicativo estatístico). A distribuiçãodas quadras que seriam pesquisadas foi feita <strong>de</strong> forma aleatória, fican<strong>do</strong> cadapesquisa<strong>do</strong>r responsável por um trajeto entre <strong>do</strong>micílios, um <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito e outro<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da rua. To<strong>do</strong>s os pesquisa<strong>do</strong>res portavam os mapas com a marcação<strong>de</strong> on<strong>de</strong> iriam aplicar os questionários, juntamente com o número <strong>de</strong> entrevistas7A amostra foi construída consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se um grau <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95% e valor <strong>de</strong> p=0,5. Agra<strong>de</strong>cemoso auxílio da professora Tânia Bogutchi no cálculo <strong>do</strong> plano amostral com base em King, Keohane eVerba (2000).


74<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisque <strong>de</strong>veriam cumprir. Dessa forma, foi possível percorrer o caminho para abstraircom êxito as informações necessárias para o projeto. O primeiro contato comas pessoas nas ruas e, principalmente, com o público jovem gerou um pouco <strong>de</strong><strong>de</strong>sconfiança, mas isso foi sana<strong>do</strong> com o tempo mediante a própria aplicação <strong>do</strong>squestionários e das conversas informais nas ruas. O principal problema enfrenta<strong>do</strong>pelos pesquisa<strong>do</strong>res foi a falta <strong>de</strong> segurança nos locais pesquisa<strong>do</strong>s. A situaçãoé tão grave que durante a pesquisa um verea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> município foi assassina<strong>do</strong> naesquina on<strong>de</strong> era o ponto <strong>de</strong> apoio entre o supervisor e os estagiários pesquisa<strong>do</strong>res.Ao chegar a cada uma das residências sorteadas na amostra, o entrevista<strong>do</strong>rsolicitava a to<strong>do</strong>s os jovens na faixa etária entre 15 e 24 anos que respon<strong>de</strong>ssem àsperguntas, um por vez, separadamente. Caso não estivessem em casa no momento,marcava-se um horário no dia seguinte para que os questionários fossem preenchi<strong>do</strong>s,respeitan<strong>do</strong>-se, estritamente, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrevistas previstas. Quan<strong>do</strong>, por algummotivo, havia dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar os jovens na residência (ou se no <strong>do</strong>micílio,efetivamente, não morava ninguém na faixa etária contemplada na pesquisa), outramoradia era escolhida <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os critérios previamente estabeleci<strong>do</strong>s para queos questionários fossem aplica<strong>do</strong>s na quantida<strong>de</strong> prevista pelo cálculo amostral. Otrabalho <strong>de</strong> campo durou cerca <strong>de</strong> 30 dias.Os da<strong>do</strong>s possibilitaram a análise <strong>de</strong> variáveis referentes à realida<strong>de</strong> socioeconômicae familiar, aos serviços públicos e às condições <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong>ssas regiões e, ainda,daquelas que indicam explícita vulnerabilida<strong>de</strong> para violência (exemplos: vitimização eexperiência com drogas). Além disso, buscou-se levantar informações <strong>sobre</strong> as práticas<strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> <strong>de</strong>sses jovens e outros da<strong>do</strong>s que ajudaram a melhor compreen<strong>de</strong>r ascondições em que tais ativida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>senvolvem: com quem vivenciam esses momentos,em quais locais, com qual frequência, <strong>de</strong>ntre outros. Os questionários foram tabula<strong>do</strong>se feitas as conferências necessárias.A<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> também a meto<strong>do</strong>logia qualitativa, foram realiza<strong>do</strong>s quatro GruposFocais, na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2008, com a<strong>do</strong>lescentes entre 14 e 18anos, to<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> município. Foram entrevista<strong>do</strong>s 26 a<strong>do</strong>lescentes, sen<strong>do</strong> 2meninas e 24 meninos. Os a<strong>do</strong>lescentes estavam submeti<strong>do</strong>s ao Programa <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>Assistida e Prestação <strong>de</strong> Serviço a Comunida<strong>de</strong> (PSC), por <strong>de</strong>terminação legal, emrazão <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos diversos. A escolarida<strong>de</strong> máxima <strong>do</strong> grupo era 8º série, sen<strong>do</strong> que,<strong>do</strong>s 26 entrevista<strong>do</strong>s, 2 haviam concluí<strong>do</strong> tal série.Para introduzir a temática <strong>do</strong>s Grupos Focais e com o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>flagraruma discussão <strong>sobre</strong> a temática pertinente à pesquisa, foi apresentada uma sequência<strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s, sonoriza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> fotos com potencial para livre associação com o cotidiano<strong>de</strong>sses a<strong>do</strong>lescentes. Os potenciais elementos que conduziriam essa livre associaçãoforam as imagens <strong>de</strong> grafites em lugares públicos, MV Bill, joga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> futebol e<strong>de</strong> basquete, danças, Fifty Cents, etc. Com base nessas iniciativas, os entrevista<strong>do</strong>resconduziram o <strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> a percepção <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> <strong>do</strong>s jovens e suas <strong>de</strong>mandas.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s75Além <strong>do</strong>s Grupos Focais, as entrevistas 8 se tornaram um instrumento importantepara <strong>de</strong>tectar a percepção <strong>do</strong>s gestores municipais e das li<strong>de</strong>ranças comunitárias <strong>sobre</strong> o<strong>lazer</strong> <strong>do</strong>s jovens no município. Elaboradas pelos professores-coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto,foram realizadas por estagiárias <strong>do</strong> Instituto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ICA) daPUC Minas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> outubro a 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2008. Foram gravadasem fita cassete comum e transcritas pelos estagiários <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Educação Física. Emmédia, duraram 30 minutos. Foram realizadas, ao to<strong>do</strong>, 12 entrevistas, sen<strong>do</strong> 5 comli<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> programas sociais como o Fica Vivo, o Curumim, o Poupança Jovem, oAgente Jovem, e 7 com gestores da Prefeitura Municipal, representantes <strong>do</strong> ConselhoMunicipal <strong>de</strong> Cultura, da Casa da Cultura, da Secretaria <strong>de</strong> Assistência Social, daSuperintendência <strong>de</strong> Prevenção à Criminalida<strong>de</strong> e ainda, com o verea<strong>do</strong>r mais vota<strong>do</strong>da cida<strong>de</strong>, Lúcio Três Irmãos, reeleito no último pleito (vítima da violência local,morto no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro daquele ano). A seleção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>u mediantea i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s programas e projetos direciona<strong>do</strong>s ao público <strong>de</strong>sta pesquisa e daspessoas que neles atuam ou que, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, exercem influência neles, seja pormeio <strong>de</strong> ações socioeducativas, seja pelas políticas públicas.2 A PESQUISA QUANTITATIVA 9 Vânia NoronhaOs sujeitos 10Respon<strong>de</strong>ram ao questionário 350 jovens com ida<strong>de</strong> entre 14 e 24 anos, sen<strong>do</strong>que entre eles prevaleceu os <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> entre 14 e 17 anos (165 jovens, 47,1% <strong>do</strong> total.Desse número, 189 eram mulheres (54,0%) e 161 homens (46%). Em relação ao esta<strong>do</strong>civil <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a maioria <strong>de</strong>clarou-se solteira (84,4%). 11Desse total, 189 jovens (54%) afirmaram que eram <strong>de</strong> cor parda e 82 (24,1%)negros. A religião pre<strong>do</strong>minante foi a católica, com 155 (44,3%), seguida <strong>de</strong> 129(37,6%) evangélicos. Quanto ao nível <strong>de</strong> instrução, 157 jovens (44,9%) afirmaramque haviam concluí<strong>do</strong> o Ensino Fundamental e 175 (50%), o Ensino Médio.Ao serem indaga<strong>do</strong>s se possuíam alguma ativida<strong>de</strong> remunerada, 202 jovens(57,7%) afirmaram que não estavam vincula<strong>do</strong>s a nenhum tipo <strong>de</strong> trabalho no qual8Ver o roteiro das entrevistas no APÊNDICE IV.9As análises foram possibilitadas mediante a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s realizada pelos professores Almir<strong>de</strong> Oliveira Junior, An<strong>de</strong>rson Batista Coelho e Duval Magalhães Fernan<strong>de</strong>s, segun<strong>do</strong> Relatório <strong>de</strong>Cumprimento <strong>do</strong> Objeto, encaminha<strong>do</strong> ao Ministério <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong> em março <strong>de</strong> 2009.10No APÊNDICE III, o leitor encontrará todas as tabelas e os resulta<strong>do</strong>s na íntegra. Esses da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rãofornecer outras análises, bem como subsidiar outras pesquisas.11Quan<strong>do</strong> indaga<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> a composição da unida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncial 62 jovens (18%) afirmaram que vivemcom o parceiro ou parceira, mas se consi<strong>de</strong>ram solteiros, mesmo viven<strong>do</strong> como se fossem casa<strong>do</strong>s.


76<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisganhassem dinheiro e 144 (41,6%) afirmaram que estavam trabalhan<strong>do</strong> naquelemomento. Dentre os entrevista<strong>do</strong>s que não estavam trabalhan<strong>do</strong>, 89 jovens (25,4%)afirmaram que não o faziam por serem estudantes e 82 (41%) alegaram como causao <strong>de</strong>semprego. Dentre aqueles que trabalham, a maioria – 74 jovens (50,3%) – exercesuas ativida<strong>de</strong>s no próprio município 56 (38,1%) trabalham na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> BeloHorizonte e 17 (4,9%) trabalham em outro município.É interessante observar que o número <strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes que já concluíram o EnsinoFundamental e também o Ensino Médio perfaz o total <strong>de</strong> 94,9% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,entretanto o fato <strong>de</strong> estarem forma<strong>do</strong>s não se configura como acesso ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho. Esses da<strong>do</strong>s vão ao encontro das análises <strong>de</strong> Sposito (2008), referentes àpesquisa Perfil da juventu<strong>de</strong> brasileira. Aqui como lá, os da<strong>do</strong>s confirmam o aumento<strong>de</strong> acesso à escola da população juvenil e a não absorção <strong>de</strong>les pelo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho.Assim como na pesquisa nacional (SPOSITO, 2008, p. 103), a renda mensalfamiliar da maioria – 89 jovens (32,1%) – é <strong>de</strong> um a <strong>do</strong>is salários mínimos e a <strong>do</strong>próprio entrevista<strong>do</strong> – 94 jovens (60,3%) – é <strong>de</strong> um salário mínimo.A maioria respon<strong>de</strong>u que mora em imóvel próprio (274 jovens, 78,7%). Mais <strong>do</strong> quea meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s jovens (52,3%) mora em residência com, no máximo, três pessoas, o quemostra que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> familiar não é muito alta. Apenas 39,4% <strong>de</strong>sses jovens moramcom o pai e mãe, sen<strong>do</strong> que 31,4% vivem somente com a mãe. A maioria (63,7%) temirmãos em casa. Uma pequena parcela (62 jovens, 17,7%) convive com filhos em casa.Não foram encontradas famílias muito extensas. A mãe (169 casos, 62,8%) é a gran<strong>de</strong>responsável pelo cuida<strong>do</strong> com os a<strong>do</strong>lescentes nas residências. Os da<strong>do</strong>s revelam, ainda,que algumas crianças são cuidadas pelos irmãos, outras ficam na rua e em sete casos(2% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s) ninguém é responsável pelo cuida<strong>do</strong> ou supervisão.Os entrevista<strong>do</strong>s, em sua maioria (57,8%), resi<strong>de</strong>m há, pelo menos, <strong>de</strong>z anos nomesmo bairro, o que indica o nível <strong>do</strong> vínculo <strong>do</strong> jovem com a realida<strong>de</strong> local.Os serviços públicos e condições <strong>de</strong> vida no bairroQuanto aos serviços públicos presentes no bairro, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, os jovensreconhecem a existência <strong>do</strong> posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s postos <strong>de</strong> atendimento da PolíciaMilitar com patrulhamento periódico, <strong>de</strong> creches e escolas públicas, <strong>de</strong> programassociais <strong>do</strong> Governo, <strong>de</strong> praças e, ainda, <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> futebol. Por outro la<strong>do</strong>, osentrevista<strong>do</strong>s afirmam que na região não há Conselho Tutelar sub-regional da Prefeiturano bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora, parques com áreas ver<strong>de</strong>s, programas sociaispriva<strong>do</strong>s (ONGs), quadras e bibliotecas, com exceção das presentes nas escolas.Os serviços públicos são pouco utiliza<strong>do</strong>s por eles, com exceção <strong>do</strong>s postos<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e das escolas. A maioria <strong>do</strong> público entrevista<strong>do</strong> afirmou que não utiliza os


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s77programas sociais <strong>do</strong> Governo, bem como os programas sociais priva<strong>do</strong>s ofereci<strong>do</strong>spor ONGs. Apenas 15,1 % (53 jovens) <strong>do</strong> total recebem verba <strong>do</strong> Programa Fe<strong>de</strong>ralBolsa-Família e 2,9% (10 jovens) <strong>do</strong> Poupança Jovem. Do mesmo mo<strong>do</strong>, 236 jovensafirmaram que, até o momento, não precisaram utilizar os serviços da Polícia Militar.O jovem e a violênciaDos entrevista<strong>do</strong>s, 46,5% consi<strong>de</strong>ram o bairro on<strong>de</strong> moram um pouco violentoem contraposição a 7,7% <strong>de</strong>les, que acreditam que o bairro é muito violento. A maioriaconsi<strong>de</strong>ra que nos últimos <strong>do</strong>ze meses as condições <strong>de</strong> vida no bairro permanecem amesma; apenas 8,9% consi<strong>de</strong>ram que melhorou muito. Quan<strong>do</strong> a discussão é <strong>sobre</strong>a violência, para a maioria (123 entrevista<strong>do</strong>s, 35,1%) a situação continua a mesma,sem variações.Os da<strong>do</strong>s revelam que 297 (84,9%) jovens entrevista<strong>do</strong>s não foram vítimas <strong>de</strong>furto nenhuma vez nos últimos <strong>do</strong>ze meses. Apesar disso, consi<strong>de</strong>ra-se alto o número<strong>de</strong> 46 jovens furta<strong>do</strong>s. Entre esses, 72,1%, ou seja, 28 jovens, foram furta<strong>do</strong>s no própriobairro. Ao serem questiona<strong>do</strong>s se já houve tentativas <strong>de</strong> invasão à casa on<strong>de</strong> moram,90,3% respon<strong>de</strong>ram que não. Houve situações extremas, como a <strong>de</strong> três jovens que<strong>de</strong>clararam que tiveram a casa invadida <strong>de</strong> 7 a 15 vezes.Quanto a agressões sexuais, 98,5% <strong>do</strong>s jovens afirmaram que não as tinhamsofri<strong>do</strong> nos últimos <strong>do</strong>ze meses, sen<strong>do</strong> que 98,8% afirmam que esse fato nuncaocorreu com eles. Dentre os que <strong>de</strong>claram já terem si<strong>do</strong> vítimas <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>violência, 37,5% afirmam ter si<strong>do</strong> no próprio bairro. O número também é alto entreaqueles que nunca sofreram tentativas <strong>de</strong> agressões físicas (90% <strong>do</strong>s jovens commais <strong>de</strong> três vitimizações foram <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s – 7 jovens, 2,1 % <strong>do</strong> total –, sen<strong>do</strong> que asagressões ocorridas se <strong>de</strong>ram, em sua maioria, no próprio bairro) e não se feriram ouse envolveram com brigas. Com relação a assaltos, 96,2% <strong>do</strong>s jovens respon<strong>de</strong>ramque não se machucaram ou foram feri<strong>do</strong>s; 99,4% não foram feri<strong>do</strong>s ou violenta<strong>do</strong>ssexualmente; e 98,8% afirmam não serem vítimas <strong>de</strong> agressões físicas por integrantes<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas.Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, no município, 45 jovens afirmaram que tiveram parentesassassina<strong>do</strong>s, 90 tiveram amigos e 69, vizinhos. Apenas um jovem afirmou ter si<strong>do</strong>,ele próprio, vítima <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> assassinato, enquanto 37 <strong>de</strong>clararam terem parentese amigos que sofreram tal tipo <strong>de</strong> violência.Quanto ao uso <strong>de</strong> drogas, os da<strong>do</strong>s são surpreen<strong>de</strong>ntes: 29,2% afirmam nuncaterem usa<strong>do</strong> bebida alcoólica; 40,5% afirmam que já experimentaram; 8,7% afirmamque já usaram, mas que não mais o fazem; e apenas 21,7% continuam usan<strong>do</strong>.Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que o número <strong>de</strong> jovens que fazem uso <strong>do</strong> álcool é baixo.Esse da<strong>do</strong> vai na contramão da pesquisa nacional aqui citada, analisada por Carlini-


78<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisMarlatt (2008). A autora <strong>de</strong>staca o fato <strong>de</strong> a população jovem ser o alvo principal dasgran<strong>de</strong>s indústrias <strong>de</strong> álcool em nosso País e as sérias consequências advindas <strong>de</strong> seuuso, o que eleva seu potencial como fator <strong>de</strong> risco para morte, <strong>do</strong>enças e <strong>de</strong>ficiênciasfísicas, em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes e da violência que ocorrem quan<strong>do</strong> as pessoasestão sob o efeito <strong>de</strong>ssa droga.Um número também significativo <strong>de</strong> jovens – 251 jovens, ou seja, 72,3% <strong>do</strong>total – afirma que não experimentou cigarros. A maioria – mais <strong>de</strong> 90% em to<strong>do</strong>s oscasos – afirma que não faz uso <strong>de</strong> “loló”, lança-perfume, solventes, maconha, cocaína,crack ou outra droga sintética. Não foi questiona<strong>do</strong> a esses jovens se conhecemalguém que faz uso <strong>de</strong> drogas ilícitas e nem mesmo como os que afirmam fazer uso<strong>de</strong>las as adquirem.Em razão <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa nacional, Carlini-Marlatt (2008, p.312) afirma que “os acha<strong>do</strong>s <strong>de</strong>safiam a idéia <strong>de</strong> que os jovens são ‘presa fácil’ aoapelo das drogas ilícitas e ten<strong>de</strong>m a ser acríticos diante da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usaremsubstâncias proscritas”. Segun<strong>do</strong> a autora “os da<strong>do</strong>s sugerem uma juventu<strong>de</strong> avessaà experimentação da maconha e cocaína” (p. 312).Ficam as perguntas: É possível que exista naturalização da violência entreos jovens aqui pesquisa<strong>do</strong>s? É possível que eles tenham omiti<strong>do</strong> informações oumesmo que tenham respondi<strong>do</strong> às questões in<strong>de</strong>vidamente? Assim como sugereCarlini-Marlatt (2008, p. 314) algumas perguntas po<strong>de</strong>m ser mais bem exploradasem outras pesquisas – por exemplo: Qual é o perfil da minoria que se interessa emusar maconha e cocaína? Que variáveis contribuem para que o a<strong>do</strong>lescente ou jovemingresse no mun<strong>do</strong> da droga, <strong>do</strong> tráfico e, assim, passe a conviver com outra realida<strong>de</strong>no município? É realmente possível que o jovem inseri<strong>do</strong> em programas <strong>de</strong> esportee <strong>lazer</strong> fique fora <strong>de</strong>ste contexto e até o aban<strong>do</strong>ne?Os jovens e o tempo livre, esporte e <strong>lazer</strong>Dentre os jovens entrevista<strong>do</strong>s, 286 (81,7%) afirmaram que possuem tempo livredurante a semana. Traduzi<strong>do</strong> em horas, esse tempo equivale a mais <strong>de</strong> 20 durante asemana e entre 30 e 48 horas aos sába<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mingos.Indaga<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> com quem geralmente passam esse tempo, os pais ocupam otopo da lista (47,8%); em seguida vêm os amigos <strong>do</strong> bairro, namora<strong>do</strong>s(as), filhos;e, em menor proporção, os parentes, os irmãos e os amigos da igreja. Cinco <strong>de</strong>les(1,6%) preferem ficar sozinhos.Apesar <strong>do</strong> significativo tempo disponível para a prática <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, 36,4% <strong>do</strong>sjovens entrevista<strong>do</strong>s afirmaram que, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> um mês, não saíram para se divertire, quan<strong>do</strong> o fizeram, preferiram os amigos <strong>do</strong> bairro; 63,6% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s nãofrequentaram o cinema nos últimos meses, apesar <strong>de</strong> gostarem <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> ação,


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s79segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comédia, terror e românticos; e 54,2% não foram a shows <strong>de</strong> música.Na escala <strong>de</strong> preferências aparecem o gosto pelo funk, samba ou pago<strong>de</strong>, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong>rock, músicas gospel, sertaneja e axé.Também as peças teatrais e os espetáculos <strong>de</strong> dança não foram presencia<strong>do</strong>s poresses jovens nos últimos <strong>do</strong>ze meses. Percebe-se que a maioria não possui essa práticacomo hábito, provavelmente por falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>.Em relação aos esportes, 57,3% (197 jovens) respon<strong>de</strong>ram que não praticounenhum <strong>de</strong>les como opção <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> no último mês, varian<strong>do</strong> a frequência <strong>de</strong> uma aquatro vezes para o restante. A maioria não frequentou eventos esportivos nos últimos<strong>do</strong>ze meses. Os esportes preferi<strong>do</strong>s para assistência são o futebol <strong>de</strong> campo, vôlei efutsal.Os livros também não fazem parte das escolhas <strong>do</strong>s jovens: 48,8% <strong>do</strong>s jovensentrevista<strong>do</strong>s não leram nenhum livro, a não ser os solicita<strong>do</strong>s pela escola nos últimos<strong>do</strong>ze meses. Dentre os que leram algum livro, a preferência são os romances, segui<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s religiosos, histórias em quadrinhos, contos, ficção científica e autoajuda.As ativida<strong>de</strong>s que mais ocupam o tempo livre <strong>do</strong>s jovens são <strong>do</strong>mésticas,<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se ouvir música, assistir à televisão, filmes em casa, <strong>do</strong>rmir/<strong>de</strong>scansar enamorar. A leitura aparece em 6º lugar na preferência, seguida da participação emgrupos musicais, dança, teatro, capoeira, jogos no computa<strong>do</strong>r (em casa ou não), prática<strong>de</strong> esportes em casa ou na rua, internet (sítios <strong>de</strong> relacionamento e bate-papo), jogos<strong>de</strong> cartas, organização <strong>de</strong> jovens da comunida<strong>de</strong>, ida aos bares e, por fim, a prática<strong>de</strong> esportes em clubes.As questões relativas à escola possibilitaram a percepção <strong>de</strong> que 65,7% <strong>do</strong>s jovensestão satisfeitos com o aprendiza<strong>do</strong>, embora 93,4% assumam que se <strong>de</strong>dicam poucoàs ativida<strong>de</strong>s escolares. Um da<strong>do</strong> interessante: apenas 17,4% <strong>de</strong>sses jovens almejamconcluir o Ensino Superior. 12 A escola tem si<strong>do</strong> o local expressivo para a prática <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>entre os 75,2% <strong>de</strong> jovens que a frequentam, distribuí<strong>do</strong>s nos interesses: participaçãoem eventos esportivos, gincanas, grupos <strong>de</strong> dança, estu<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>bates e teatro.A análise da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivências realizadas no tempo livre <strong>do</strong>s jovensnevenses, inevitavelmente, esbarra na infraestrutura cultural para a prática <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>no município, ou seja, a oferta, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos e as condições <strong>de</strong> uso<strong>de</strong>stes. Ribeirão das Neves está situada entre o contingente <strong>de</strong> 92% <strong>do</strong>s municípiosbrasileiros que não possui salas <strong>de</strong> cinema, 71% sem teatros, 73% sem museus (IBGEapud BRENNER et al, 2008, p. 178), são poucas as bibliotecas e as existentes quasesempre pertencem às escolas. As imagens aqui apresentadas mostram os espaços eequipamentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> da cida<strong>de</strong>, os quais são escassos e não se encontram em boascondições.12Sposito (2008, p. 108-122) traz importantes reflexões <strong>sobre</strong> a relação <strong>do</strong> jovem com a educação e ainstituição escolar.


80<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisEsses da<strong>do</strong>s reforçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> tempo livre <strong>de</strong>sses jovenscom políticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que visem não somente à construção <strong>de</strong> equipamentos volta<strong>do</strong>spara a prática <strong>de</strong> diferentes conteú<strong>do</strong>s culturais, bem como à sua animação, envolven<strong>do</strong>a população juvenil nas ações e <strong>de</strong>cisões.Encontraremos em Brenner et al. (2008) uma vasta análise das vivências <strong>de</strong><strong>lazer</strong> <strong>do</strong>s jovens brasileiros com base em da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s na pesquisa nacional. Osautores <strong>de</strong>stacam os contrastes socioeconômicos que provocam <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s tantoem relação à qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> tempo livre pelo jovem quanto ao acesso a bens,serviços e espaços públicos <strong>de</strong> cultura e <strong>lazer</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, chamam a atenção paraa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as políticas públicas serem capazes <strong>de</strong> atuar <strong>sobre</strong> essas condições<strong>de</strong>siguais, amplian<strong>do</strong> a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong>s espaços e <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que atendama população juvenil, levan<strong>do</strong> em conta os diversos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ser jovem, as <strong>de</strong>mandas,os interesses e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses jovens <strong>de</strong> produzir cultura <strong>de</strong> forma autônoma.Nesse cenário, os jovens <strong>do</strong>s setores populares merecem atenção especial, por seremos mais atingi<strong>do</strong>s por uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual.Concordamos com os teóricos <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, <strong>de</strong>ntre eles Marcellino (1987), parao qual o <strong>lazer</strong> possui duplo aspecto educativo: educa-se para a sua vivência, assimcomo somos por ela educa<strong>do</strong>s. Pinto (2006) afirma que, como processo educativo, o<strong>lazer</strong> age <strong>sobre</strong> os meios <strong>de</strong> reprodução da vida e po<strong>de</strong> contribuir para qualificar o serhumano a olhar, perceber e compreen<strong>de</strong>r o vivi<strong>do</strong>, se reconhecen<strong>do</strong>, perceben<strong>do</strong> assemelhanças e diferenças em relação ao mun<strong>do</strong> e aos outros. Para a autora,a função política da educação para e pelo <strong>lazer</strong> se efetiva na medida em que sevincula à realida<strong>de</strong> social, às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>acesso a outros mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conhecê-la e <strong>de</strong> nela agir com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressãoe <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> experiências entre diferentes sujeitos e grupos nesse processo(PINTO, 2006, p. 49).Nesse contexto, cabe <strong>de</strong>stacar o papel da escola na educação pelo e para o<strong>lazer</strong>. Historicamente, a escolarização brasileira tem se preocupa<strong>do</strong> muito mais coma educação para o trabalho, priorizan<strong>do</strong> os conhecimentos volta<strong>do</strong>s para a razão pormeio <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> raciocínio lógico matemático, <strong>do</strong> que aqueles volta<strong>do</strong>spara uma educação da sensibilida<strong>de</strong>, dimensão, na qual situamos o <strong>lazer</strong>. A escolae os educa<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, <strong>de</strong>vem, portanto, compreen<strong>de</strong>r o <strong>lazer</strong> como umadimensão da vida humana capaz <strong>de</strong> contribuir para a formação e a educação <strong>de</strong>sujeitos, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> a sensibilida<strong>de</strong>, a responsabilida<strong>de</strong>, que é <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> todasas áreas <strong>do</strong> conhecimento. Desenvolver nos educan<strong>do</strong>s sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizaranálises críticas <strong>sobre</strong> o <strong>lazer</strong> que lhes é ofereci<strong>do</strong>, certamente, irá ampliar-lhes apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fruir, saborear, práticas culturais, ainda que para o puro <strong>de</strong>leite, ouseja, sem finalida<strong>de</strong> alguma.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s813 A PESQUISA QUALITATIVAMaria José Gontijo Salum e Vânia NoronhaNão é sérioEu vejo na TV o que eles falam <strong>sobre</strong> o jovem não é sérioO jovem no Brasil nunca é leva<strong>do</strong> a sérioSempre quis falarNunca tive chanceTu<strong>do</strong> que eu queriaEstava fora <strong>do</strong> meu alcanceSim, jáJá faz um tempoMas eu gosto <strong>de</strong> lembrarCada um, cada umCada lugar, um lugarEu sei como é difícilEu sei como é difícil acreditarMas isso [...] um dia vai mudarSe não mudar, prá on<strong>de</strong> vou...Não cansa<strong>do</strong> <strong>de</strong> tentar <strong>de</strong> novoPassa a bola, eu jogo o jogoA polícia diz que já causei muito distúrbioO repórter quer saber porque eu me drogoO que é que eu usoEu também senti a <strong>do</strong>rE disso tu<strong>do</strong> eu fiz a rimaAgora tô por contaPo<strong>de</strong> crer que eu tô no climaEu tô no clima.... segue a rimaRevolução na sua mente você po<strong>de</strong> você fazQuem sabe mesmo é quem sabe maisRevolução na sua vida você po<strong>de</strong> você fazQuem sabe mesmo é quem sabe maisRevolução na sua mente você po<strong>de</strong> você fazQuem sabe mesmo é quem sabe maisTambém sou rima<strong>do</strong>r, também sou da banca[...]Eu tô no clima! Eu tô no clima! Eu tô no climaSegue a Rima!O que eu consigo ver é só um terço <strong>do</strong> problemaÉ o Sistema que tem que mudarNão se po<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> notarSe não, não mudaA juventu<strong>de</strong> tem que estar a fimTem que se unirO abuso <strong>do</strong> trabalho infantil, a ignorânciaSó faz <strong>de</strong>struir a esperançaNa TV o que eles falam <strong>sobre</strong> o jovem não é sérioDeixa ele viver. É o que Liga(CHARLIE BROW JR.; NEGRA LEE, 2000)


82<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisOs a<strong>do</strong>lescentes/jovens e as práticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>:os grupos <strong>de</strong> discussão*Para iniciar o <strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> os recursos e espaços <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> volta<strong>do</strong>s para o públicojovem e propor uma política municipal para a implantação <strong>de</strong>sses equipamentos,uma das estratégias utilizadas neste projeto <strong>de</strong> pesquisa foi a realização <strong>de</strong> gruposfocais com jovens, com o objetivo <strong>de</strong> escutá-los <strong>sobre</strong> suas práticas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, tantoas que eles realizavam como as que seriam <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong>les, bem com as que<strong>de</strong>sejavam realizar.Já apresentamos a meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada para <strong>de</strong>senvolver os quatro grupos focais<strong>de</strong>sta pesquisa. Após a apresentação <strong>do</strong>s sli<strong>de</strong>s <strong>do</strong> PowerPoint e discussão <strong>sobre</strong>questões <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes, a primeira pergunta que estruturou to<strong>do</strong>s osgrupos foi a percepção <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> <strong>do</strong>s jovens. Embora as a<strong>do</strong>lescentes estivessem emsignificativa minoria, certamente reflexo da dinâmica da violência que as atinge mais,percebeu-se claramente um recorte <strong>de</strong> gênero. Enquanto na percepção <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes<strong>lazer</strong> é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como jogar bola, ouvir músicas, ficar entre amigos, “ficar com umasmulheres” e fumar maconha, entre as a<strong>do</strong>lescentes o <strong>lazer</strong> é entendi<strong>do</strong> como “ficarcom a família, ir ao shopping, parques e cinema”.A prática <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, para esses jovens, está sempre associada a momentosprazerosos, e o seu exercício, geralmente, acontece nas quadras, praças e escolaspúblicas. É clara a centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> espaço público, na percepção <strong>do</strong>s jovens, para sealcançar o <strong>lazer</strong>. O espaço priva<strong>do</strong> – por exemplo, as próprias residências – não épercebi<strong>do</strong> como um local preferencial para o <strong>lazer</strong>, embora as festas funks, geralmente,<strong>de</strong> acesso exclusivo ao público pagante, sejam constantemente associadas ao <strong>lazer</strong>. Asexceções se referem à citação das a<strong>do</strong>lescentes acima, que i<strong>de</strong>ntificam a família comouma fonte <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Além disso, o uso das ferramentas fornecidas pelo computa<strong>do</strong>r,como o acesso à internet e games, por exemplo, foi cita<strong>do</strong>, e o espaço das lan housesfoi apresenta<strong>do</strong> como local <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e convivência.Não obstante os espaços públicos sejam i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como as fontes <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>,eles não apresentam, na percepção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, condições para o pleno exercício<strong>de</strong>le. Os obstáculos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s nesses locais, que os impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> se tornaremmecanismos <strong>de</strong> socialização e construção <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> cidadania, vão da precáriainfraestrutura às condições mínimas <strong>de</strong> segurança pública. A leitura <strong>sobre</strong> a <strong>de</strong>ficienteinfraestrutura nasce da comparação com os espaços públicos conheci<strong>do</strong>s no entorno<strong>de</strong> Ribeirão das Neves: [Eu] gostaria que tivesse uma pracinha igual no [Bairro]* Este artigo foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em conjunto com os membros <strong>do</strong> Conselho Técnico <strong>do</strong> Instituto daCriança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ICA/PROEX): Almir <strong>de</strong> Oliveira Junior, Daniela Hatem, Gilmar Rocha,Pedro Paulo Pettersen, Rita Fazzi e Sânia Maria Campos.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s83Mantiqueira, com som e diversão; ou: Po<strong>de</strong>ria ter mais festas na cida<strong>de</strong>, como temem Pedro Leopol<strong>do</strong>; Para me divertir vou à Belo Horizonte, tem um parque municipallá, <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong> eles dão negócios <strong>de</strong> graça, brinque<strong>do</strong> <strong>de</strong> graça lá, num é bom?As condições socioeconômicas específicas <strong>de</strong>sses a<strong>do</strong>lescentes parecem fomentarum sentimento <strong>de</strong> baixa autoestima, alia<strong>do</strong> a um conformismo. Esses aspectos sãoreforça<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> eles percebem que os espaços disponíveis para o <strong>lazer</strong> são inferioresàqueles utiliza<strong>do</strong>s pelos seus vizinhos: Deixa eu falar com você, não adianta vocêmandar fazer uma praça e fazer com uns material vagabun<strong>do</strong> que daqui um mês tátu<strong>do</strong> quebra<strong>do</strong> igual é [como ocorre por aqui], enten<strong>de</strong>u? Quer dizer, eles percebemque os serviços públicos que chegam até eles é pobre, e não esperam uma possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> que possa ser diferente.A associação <strong>de</strong> rebeldia, típica da a<strong>do</strong>lescência, às condições específicas<strong>de</strong>ssa população e a <strong>de</strong>ficiente qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos urbanos, i<strong>de</strong>ntificada poreles, produzem uma completa <strong>de</strong>silusão: Lá no meu bairro não tem nada, se tiveruma padaria é muito. Tal <strong>de</strong>silusão inocula uma falta <strong>de</strong> pertencimento nesse público,dificultan<strong>do</strong>, ou até mesmo impedin<strong>do</strong>, a construção <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> cidadania.As precárias condições <strong>do</strong>s espaços públicos não ficaram limitadas àinfraestrutura <strong>de</strong>les. A insegurança para o uso <strong>de</strong>sses espaços ficou presente ao longo<strong>do</strong>s quatro Grupos Focais. A <strong>de</strong>manda para o uso seguro <strong>do</strong>s espaços públicos, sempreda percepção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, 13 vai da iluminação <strong>de</strong>sses locais até uma imagem<strong>de</strong>preciativa da polícia local:Eles falam que é <strong>de</strong> menor polícia não po<strong>de</strong> bater não, que é <strong>de</strong> menor, mas nãotem nada disso não, eles levam a gente pro cantinho e casseta nóis.[...].É <strong>de</strong> madrugada!Os home pega você na rua, tá só voltan<strong>do</strong> <strong>do</strong> baile e eles tecasseta você <strong>de</strong> novo nem quer saber. Polícia enche o saco! Não dá pra fazernada com polícia na rua, a solução é tirar as polícias da praça pra gentepo<strong>de</strong>r sair.Vale ressaltar que, na percepção <strong>de</strong>sses a<strong>do</strong>lescentes, o impacto que a políciatem na comunida<strong>de</strong> é enorme. 14 Um indicativo <strong>de</strong>sse papel po<strong>de</strong> ser percebi<strong>do</strong> peladisposição <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes em comentar e, insistentemente, recorrer ao tema. Asfalas mais longas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os Grupos Focais foram <strong>de</strong>stinadas à polícia.Naturalmente, o me<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser o único fator explicativo <strong>de</strong>ssa presençamarcante. A polícia é, prioritariamente, a forma organizada e reconhecida com a qual13Por questões éticas esses jovens não serão i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s.14Cal<strong>de</strong>ira (2008, p. 135) discute <strong>sobre</strong> a presença da polícia na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e afirma que lá,como em outras cida<strong>de</strong>s brasileiras, as instituições da or<strong>de</strong>m parecem contribuir para o crescimento daviolência, em vez <strong>do</strong> seu controle. Segun<strong>do</strong> a autora “a polícia é parte <strong>do</strong> problema da violência”.


84<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraiso Esta<strong>do</strong> chega a essa população. Assim, as intervenções públicas, nessa comunida<strong>de</strong>,passam pela ação policial, com todas as dimensões <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong>.As instituições que <strong>de</strong>veriam cuidar da socialização apresentam dificulda<strong>de</strong>s nocumprimento <strong>de</strong> suas funções. A dificulda<strong>de</strong> das famílias <strong>de</strong>sses jovens fica ressaltada,principalmente, pela característica <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>-<strong>do</strong>rmitório <strong>de</strong>sse município. Gran<strong>de</strong>parte das famílias mantém seu trabalho e referências sociais em Belo Horizonte. AEscola, por seu la<strong>do</strong>, também se mostra sem condições <strong>de</strong> apresentar uma alternativa<strong>de</strong> socialização. Por isso, ao final, resta o policial, pois o Esta<strong>do</strong> se faz representar,prioritariamente, pelas ações empreendidas pela polícia. Ela aparece como a únicaintervenção reconhecida <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ao menos na percepção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s: A gentequer é mudança, investimento não só em arma pra polícia, mudança, enten<strong>de</strong>u?Observa-se uma diferença entre os <strong>do</strong>is públicos <strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes e jovensdiretamente trata<strong>do</strong>s nesta pesquisa em relação às opções e vivências <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e nointerior <strong>do</strong> próprio município. Para o jovem da pesquisa quantitativa, a cida<strong>de</strong> não éviolenta e não aterroriza. Essa diferença <strong>de</strong> percepção po<strong>de</strong> ser creditada ao públicopertencente ao Grupo Focal: a<strong>do</strong>lescentes em cumprimento <strong>de</strong> medida socioeducativaem <strong>de</strong>corrência da prática <strong>de</strong> ato infracional. Provavelmente, esses a<strong>do</strong>lescentesreflitam a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pertencimento ao corpo social. Essesa<strong>do</strong>lescentes foram escolhi<strong>do</strong>s, justamente, por se encontrarem em situação <strong>de</strong> maiorvulnerabilida<strong>de</strong> social, ou seja, eles já encontraram as infrações como possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> práticas, seja para o acesso a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s bens, seja por não vislumbrarem outrassaídas. Essas dificulda<strong>de</strong>s estão refletidas, também, na relação que estabelecem como trabalho e a escolarização.Eles não <strong>de</strong>monstram nenhuma perspectiva <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> vida, seja pelaescola, seja pelo trabalho, <strong>lazer</strong> ou esporte. Eles enten<strong>de</strong>m que a inserção no mun<strong>do</strong><strong>do</strong> trabalho é condição para que obtenham melhoria <strong>de</strong> vida e saída da prática <strong>do</strong>satos infracionais: [...] mas eu já saí <strong>de</strong>ssa vida, agora eu trabalho. A esperança<strong>de</strong>positada na ascensão social pelo trabalho esteve presente em to<strong>do</strong>s os grupos. Otrabalho é percebi<strong>do</strong> como um passaporte para o início <strong>de</strong> uma mudança para umavida melhor. Embora essa esperança reflita, em certa medida, confiança nas regras<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> social, não há, para eles, uma clareza <strong>de</strong> que tal inserção não sejapossível sem qualificação.Quan<strong>do</strong> são convida<strong>do</strong>s a refletir em um universo mais próximo da realida<strong>de</strong><strong>de</strong>les, rapidamente percebem a complexa relação entre qualificação e trabalho. Aentrevista<strong>do</strong>ra abor<strong>do</strong>u o esporte como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ascensão social, tentan<strong>do</strong>viabilizar, no universo <strong>de</strong>sses a<strong>do</strong>lescentes, a criação <strong>de</strong> um nexo mais apropria<strong>do</strong>entre qualificação e trabalho: Esse negócio <strong>de</strong> esporte tem que saber muito se nãofracassa logo. Ou seja, diferentemente <strong>do</strong> esporte, no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho o esforçopara se qualificar não passa por “saber muito”, ou por uma qualificação. A esse


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s85conceito <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong> <strong>de</strong> um esforço <strong>de</strong> profissionalização se somarãoinúmeras experiências <strong>de</strong> insucessos que contribuem para reduzir tanto as alternativascomo as esperanças <strong>de</strong> ascensão social <strong>de</strong>sses a<strong>do</strong>lescentes, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as regrassocialmente aceitáveis. Essa falsa percepção da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> trabalho, além <strong>de</strong> gerarexpectativas <strong>sobre</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho que, provavelmente, não serão realizadas,também conduz a equivocadas responsabilização das causas que os impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong>alcançar seus i<strong>de</strong>ais: [...] ninguém dá emprego para gente [...] as firmas não abrememprego pra <strong>de</strong> menor, aí o <strong>de</strong> menor vai robar, traficar, matar... É isso que sobra pra<strong>de</strong> menor. Assim, eles acabam por reproduzir uma visão equivocada, que perpassaalguns setores da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o ECA, ao proteger o a<strong>do</strong>lescente da exploraçãopelo trabalho, seria, na verda<strong>de</strong>, a “causa” que os impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar os objetos <strong>de</strong>consumo por meio <strong>do</strong> trabalho.Se, por um la<strong>do</strong>, a confiança no trabalho como forma <strong>de</strong> ascensão é uma porta<strong>de</strong> entrada para um esforço <strong>de</strong> integração social, por outro, uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> trabalho<strong>de</strong>svinculada <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional po<strong>de</strong> agravar a falta <strong>de</strong> expectativa<strong>de</strong>sses jovens, ao verificarem que a inserção no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho não conseguiuproporcionar-lhes as mudanças almejadas. A precária ou, possivelmente, a inexistência<strong>de</strong> vinculação entre qualificação e trabalho não permite que os entrevista<strong>do</strong>s percebam adinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. O trabalho é entendi<strong>do</strong> como solução <strong>do</strong>s problemassem, contu<strong>do</strong>, problematizar as dimensões <strong>de</strong> seus requisitos para que, efetivamente,opere como fator <strong>de</strong> mudança.Isso parece interferir na noção que esses jovens têm <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Sobretu<strong>do</strong> porquepassam gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> tempo sem ocupação: sem vínculos escolares; sem trabalho;sentin<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong> certa forma, impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> circular pela cida<strong>de</strong>, dadas as dificulda<strong>de</strong>s,reais ou imaginárias, com a polícia; com a baixa autoestima; com o aumento dapercepção <strong>de</strong> violência.Em suma, esses a<strong>do</strong>lescentes ilustram o contexto <strong>do</strong>s me<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s nocapítulo <strong>sobre</strong> subjetivida<strong>de</strong> e violência – o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> sobrar e o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> morrer.Esses me<strong>do</strong>s sintetizam as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção no laço social, seja mediante oreconhecimento promovi<strong>do</strong> pelo acesso ao trabalho formal, seja pela atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivae agressiva gerada pelo sentimento da violência.Dessa forma, esses me<strong>do</strong>s geram um círculo vicioso. Por isso, introduzir novaspossibilida<strong>de</strong>s e perspectivas, para esses jovens, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong><strong>lazer</strong>, po<strong>de</strong> ser fundamental para que eles construam um vínculo efetivo e afetivocom a cida<strong>de</strong>. O fato <strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s cidadãos com direitos reconheci<strong>do</strong>spo<strong>de</strong>rá propiciar uma mudança subjetiva, ao <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> se ver como vítimas ouagressores. Afinal, trata-se <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que ter uma trajetória <strong>de</strong> vida no contextoda infração, mesmo que tenha si<strong>do</strong> uma prática pontual, traz consequências para avida e para a subjetivida<strong>de</strong>.


86<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisO olhar <strong>de</strong> gestores municipais e li<strong>de</strong>ranças comunitárias <strong>sobre</strong> apercepção <strong>do</strong>s jovens perante o <strong>lazer</strong>A preocupação com a realida<strong>de</strong> vivida pelos jovens na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão dasNeves é ponto <strong>de</strong> partida para o <strong>de</strong>senvolvimento das ações e projetos organiza<strong>do</strong>spelas li<strong>de</strong>ranças <strong>do</strong>s programas sociais, como o Fica Vivo, o Curumim, o PoupançaJovem, o Agente Jovem e pelos gestores da Prefeitura Municipal, representantes <strong>do</strong>Conselho Municipal <strong>de</strong> Cultura, da Casa da Cultura, da Secretaria <strong>de</strong> AssistênciaSocial, da Superintendência <strong>de</strong> Prevenção à Criminalida<strong>de</strong> (e também o era) <strong>do</strong>verea<strong>do</strong>r mais vota<strong>do</strong> da cida<strong>de</strong> Lúcio Três Irmãos (reeleito no último pleito, mortono final <strong>do</strong> ano da pesquisa) que, em quase sua totalida<strong>de</strong>, têm o esporte e o <strong>lazer</strong>como meto<strong>do</strong>logia com vista a ocupar o tempo <strong>do</strong>s sujeitos, afastá-los das drogas eminimizar a criminalida<strong>de</strong>.Várias são as concepções <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> das pessoas que trabalham com os programase projetos <strong>de</strong>tectadas ao longo <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> campo. Ao longo das entrevistas, muitasvezes a compreensão <strong>sobre</strong> o que se enten<strong>de</strong> por <strong>lazer</strong> é reduzida; limita-se às ativida<strong>de</strong>spossíveis <strong>de</strong> serem vivenciadas, confun<strong>de</strong>-se com o conceito <strong>de</strong> esporte.Ao serem indaga<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> o que é o <strong>lazer</strong>, respon<strong>de</strong>ram:Lazer é coisa que dá prazer, qualquer lugar que <strong>de</strong>scontrai e que não sejatrabalho, que traga sensação <strong>de</strong> bem-estar, <strong>de</strong> alegria.É questão <strong>de</strong> ludicida<strong>de</strong> sem compromisso <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>; você faz por mero prazermesmo. [...] Não é um favor que o Governo nem a Prefeitura fariam pra gentenão, isso é um direito nosso, isso é constitucional. Na Constituição tá escritoque to<strong>do</strong> brasileiro tem direito à educação, esporte, <strong>lazer</strong> e cultura.É aquele momento on<strong>de</strong> o jovem po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver suas potencialida<strong>de</strong>s, suasaptidões, <strong>de</strong> forma livre e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu interesse e sem um direcionamentomais específico. Eu acho que o foco <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> seria <strong>de</strong>scobrir qual que é a vonta<strong>de</strong><strong>do</strong> jovem <strong>de</strong> usar o tempo <strong>de</strong>le, que ele tem disponível para po<strong>de</strong>r praticaralguma ativida<strong>de</strong> física, alguma ativida<strong>de</strong> lúdica.Eu acho que o <strong>lazer</strong> é uma necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ser humano porque trabalha-se hojeem dia, corre-se muito e o <strong>lazer</strong> vem como uma temperança, como um equilíbriona vida das pessoas. Ele é muito necessário.Uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recreação que causa um bem-estar da pessoa no tempodisponível, que não seja direcionada ao trabalho.Qualquer ativida<strong>de</strong> que te tire da rotina da sua rotina normal <strong>de</strong> trabalho oumesmo da rotina <strong>de</strong> casa.É o cidadão <strong>de</strong> Ribeirão das Neves em alguma área específica, ele tem aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer alguma ativida<strong>de</strong> fora <strong>do</strong> contexto normal da vida <strong>de</strong>le,


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s87que vai da escola para o trabalho, ele tem uma opção <strong>de</strong> se divertir em umapraça, jogar bola, qualquer coisa que ele saia da rotina diária <strong>de</strong>le.É espaço para brincar, para ir ao cinema, teatro, brinca<strong>de</strong>iras dirigidas na suaprópria comunida<strong>de</strong>....O <strong>lazer</strong> é muito abrangente. Em uma cida<strong>de</strong> como a nossa que tem muito poucaárea <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, o <strong>lazer</strong> vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o esporte até um local como uma praça, localpúblico on<strong>de</strong> possa receber pessoas, fazer amiza<strong>de</strong>s, evitan<strong>do</strong> fazer coisaserradas. Enten<strong>de</strong>-se que quan<strong>do</strong> esteja em local público, <strong>de</strong> certa forma vocêé vigia<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra. Então isso é entendi<strong>do</strong> como <strong>lazer</strong>, e nãosomente a prática <strong>do</strong> esporte como se tem no geral.Lazer é a coisa melhor que tem no município; então, é ótima coisa para nós.Lazer pra mim? É, tá bem. É ter alguma coisa que eu sinto bem em tá fazen<strong>do</strong>,tá participan<strong>do</strong>. O que eu faço aqui para mim é um <strong>lazer</strong> porque, além <strong>de</strong> eutá ajudan<strong>do</strong> outras pessoas, eu também..., tá me ajudan<strong>do</strong>. [...] Eu acho queisso aqui é um <strong>lazer</strong>, mas <strong>lazer</strong> realmente, falta muito no município, que é umesporte bem estrutura<strong>do</strong>, um parque pros meninos estarem distrain<strong>do</strong>, né?Várias coisas assim que num tem, um cinema, um shopping, um clube bom.Então, assim, essas coisas que faltam.Lazer é algo muito amplo. Eu enten<strong>do</strong> que o <strong>lazer</strong> seria uma oportunida<strong>de</strong> queo jovem – eu vou falar <strong>do</strong> jovem porque é o público que a gente aten<strong>de</strong> – que eletem <strong>de</strong> fazer algo que lhe agra<strong>de</strong>, que lhe dê prazer, mas <strong>de</strong> forma responsável,que não possa trazer prejuízos legais e físicos para ele.Nessas falas, encontramos importantes elementos para o entendimento <strong>de</strong><strong>lazer</strong> que permeiam as ações na cida<strong>de</strong> e que fundamentam o que se <strong>de</strong>seja paraos jovens: <strong>lazer</strong> como tempo disponível vivi<strong>do</strong> fora das obrigações com o trabalho(fica subentendi<strong>do</strong> que o trabalho é também imprescindível na vida <strong>do</strong> jovemnevense); <strong>lazer</strong> como ativida<strong>de</strong> que possibilita a vivência da ludicida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> prazer,da liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> se fazer o que gosta visan<strong>do</strong> ao bem-estar e ao atendimento <strong>de</strong> umanecessida<strong>de</strong> fundamental para o equilíbrio na vida humana; <strong>lazer</strong> como direito;<strong>lazer</strong> com o mesmo senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho; <strong>lazer</strong> como prática responsável; <strong>lazer</strong> comoespaço para a vivência <strong>de</strong> diferentes interesses culturais; <strong>lazer</strong> como instrumento<strong>de</strong> controle social.Ao serem questiona<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> a relação <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> com a criminalida<strong>de</strong> e, ainda, seesse fenômeno po<strong>de</strong> contribuir para afastar os jovens <strong>de</strong>ssa situação, os entrevista<strong>do</strong>sforam unânimes em afirmar que sim, o <strong>lazer</strong> po<strong>de</strong> contribuir e muito. Observa-se,como nos dizeres <strong>do</strong> estudioso <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> Marcellino (1987), uma visão <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> numaperspectiva funcionalista, ou, dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, em suas funções utilitaristas, pois éusa<strong>do</strong> como recurso para minimizar (e até ocultar) problemas sociais mais abrangentes,


88<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraiscomo a falta <strong>de</strong> emprego, <strong>de</strong> educação; e, ainda, moralista, pois envolve valores moraise éticos. Percebe-se, assim, uma visão <strong>de</strong>terminista, ou é isto ou é aquilo, ou o jovemse envolve com o <strong>lazer</strong> ou se envolverá com “coisas erradas”. A i<strong>de</strong>ia é a que o <strong>lazer</strong>é bom e quem não o vive está mais suscetível a entrar no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> que não é aceitosocialmente e tornar-se mau.Esse pensamento se confirma na fala <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral,afirmam que o esporte é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma ativida<strong>de</strong> que trabalha a saú<strong>de</strong> e disciplina<strong>do</strong>s jovens e quem se empenha acaba não in<strong>do</strong> para o outro la<strong>do</strong>. O esporte po<strong>de</strong> trazeruma abertura para outro mun<strong>do</strong> que não seja só esse <strong>de</strong> vicio, <strong>de</strong> matar, <strong>de</strong> passarpor cima <strong>do</strong> outro. Po<strong>de</strong> tirar o jovem da droga, da criminalida<strong>de</strong> e da ociosida<strong>de</strong>.Trabalha a convivência, o ganhar e o per<strong>de</strong>r...Indicam que a construção <strong>de</strong> quadras po<strong>de</strong>ria contribuir para que a cida<strong>de</strong> possavencer a batalha da criminalida<strong>de</strong>. Um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirma que mente vazia éoficina <strong>do</strong> diabo e que o jovem tá <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le e não precisa sair <strong>de</strong> lápara fazer as coisas erradas; se ele não tem outra opção, ele vai pra criminalida<strong>de</strong>.Outro afirma que quan<strong>do</strong> o jovem não tem espaço ele volta para on<strong>de</strong> ele vive e voltaa ficar ocioso. Jovem ocioso é um jovem em conflito com a lei. Citam a redução <strong>do</strong>síndices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e homicídios em regiões on<strong>de</strong> o programa Fica Vivo acontece.Alertam que a criação <strong>do</strong>s espaços não é suficiente, pois estes po<strong>de</strong>m ser ocupa<strong>do</strong>spor traficantes. Essa criação <strong>de</strong>ve seguir alguns passos e ter manutenção e segurançapara os usuários. Consi<strong>de</strong>ram o <strong>lazer</strong> participação: Enquanto ele tá preocupa<strong>do</strong> coma ativida<strong>de</strong>, ele tá pratican<strong>do</strong> o <strong>lazer</strong>, ele não está pensan<strong>do</strong> em tantas coisas ruins[...]. Envolve, também, o equilíbrio emocional e o sentimento <strong>de</strong> pertencimento àquelalocalida<strong>de</strong> elevan<strong>do</strong> a autoestima <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res. Diz um entrevista<strong>do</strong>:O jovem passa a perceber que ele produz algo que o afirma enquanto pessoa,que ele é visto por causa disso, que ele se sinta importante, que está sen<strong>do</strong>valoriza<strong>do</strong>. Então, neste senti<strong>do</strong>, ele ten<strong>de</strong> a afastar mesmo. A arte, o <strong>lazer</strong>, oesporte e a cultura proporcionam isto para ele; eu acredito que é um mecanismo<strong>de</strong> prevenção muito forte.O <strong>lazer</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves é precário, mas apresenta sinais <strong>de</strong>mudanças, como percebi<strong>do</strong> por um <strong>de</strong>poente:Eu acho que a comunida<strong>de</strong> ela busca mais, ela reclama, é ansiosa e tem suasrazões. Ela <strong>de</strong>seja mais opções <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. E isso começa a ser planeja<strong>do</strong>, começaa ser disponibiliza<strong>do</strong>.Os entrevista<strong>do</strong>s arrolam várias situações e limites para sua vivência. Muitosafirmam que o <strong>lazer</strong> em Neves não existe e que o principal limite é a falta <strong>de</strong> estrutura.São poucos os espaços e não aten<strong>de</strong>m à <strong>de</strong>manda geral <strong>do</strong> município. São concentra<strong>do</strong>s


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s89em algumas regiões da cida<strong>de</strong>, dificultan<strong>do</strong> o acesso <strong>do</strong>s que moram em outraslocalida<strong>de</strong>s e necessitam utilizar transporte. Além <strong>de</strong> serem insuficientes, para algunsentrevista<strong>do</strong>s eles não aten<strong>de</strong>m efetivamente à <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> jovem, pois não existe ummomento para ouvir o que ele quer fazer (este entrevista<strong>do</strong> cita um jovem que gosta<strong>de</strong> andar <strong>de</strong> skate e não encontra espaço para isso).A falta <strong>de</strong> acesso aos canais <strong>de</strong> participação foi também um <strong>do</strong>s limites aponta<strong>do</strong>s,uma vez que a cida<strong>de</strong> não conta com instrumentos pareci<strong>do</strong>s com o orçamentoparticipativo, 15 on<strong>de</strong> as pessoas po<strong>de</strong>m tentar participar mais efetivamente dadiscussão <strong>sobre</strong> o uso <strong>do</strong> dinheiro público e que tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda que elas acreditamser mais urgentes. Uma entrevistada disse que ao questionar jovens <strong>de</strong> um projeto nobairro Veneza <strong>sobre</strong> o que querem no ano que vem, eles foram unânimes em respon<strong>de</strong>rque anseiam por um espaço para brincar. A separação <strong>de</strong> faixa etária também foi<strong>de</strong>stacada:Às vezes tem pros maiores, mas não tem pros menores, e também o contrário,tem só pros pequenos e os a<strong>do</strong>lescentes ficam sem; então eu acho que isso é umacoisas que dificulta, não é direciona<strong>do</strong> para as ida<strong>de</strong>s. E quan<strong>do</strong> tem ativida<strong>de</strong>,acaba que não chega em to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, fica só naquele pedacinho ali, em volta<strong>do</strong> prometo, da ativida<strong>de</strong>...Destacam as quadras e campos <strong>de</strong> futebol como principais equipamentos.Diz outro:A gente tem o estádio, mas é só o que a gente tem para oferecer <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>.Tem os campinhos, da várzea, em cada bairro, cada comunida<strong>de</strong>; on<strong>de</strong> moromesmo tem um rapaz que, por <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>le, organizou um time <strong>de</strong> futebol. Hojetem cem garotos e tem também meninas, organizan<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> parcerias; támelhoran<strong>do</strong>, mas os espaços <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> são poucos, com a <strong>de</strong>manda que a gentetem, temos muito com o que trabalhar.Nós estamos muito aquém <strong>do</strong> que a cida<strong>de</strong> merece, <strong>do</strong> que o jovem merece, mashá alguns (equipamentos). Mas basicamente na área esportiva, pois não temosum parque, um cinema, teatro. Então são os básicos mesmo: campo <strong>de</strong> futebol,quadra, aca<strong>de</strong>mia particular que dão bolsa para os jovens que queiram praticaralguma escolinha <strong>de</strong> futebol, etc.15Orçamento Participativo (OP) é uma das políticas públicas administrativas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Belo Horizonte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993, compartilhada entre o Governo e a participação popular.Maiores informações disponíveis em: http://www.pbh.gov.br/comunicacao/pdfs/publicacoesop/revista_15anos_portugues.pdf. Acesso em: 30 set.e 2009.


90<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisNas regiões <strong>do</strong> Veneza, <strong>de</strong> Areias e Justinópolis há um ginásio poliesportivo.Entretanto, os equipamentos existentes são <strong>de</strong>preda<strong>do</strong>s pela própria população e, àsvezes, se tornam sem condições <strong>de</strong> uso. Falta-lhes manutenção. Existem campeonatos<strong>de</strong> futebol (Copa <strong>do</strong> Corujão, por exemplo), mas faltam espaços para outras práticascomo a dança. Também os espaços das escolas são utiliza<strong>do</strong>s, principalmente aquelasque <strong>de</strong>senvolvem o programa Escola Aberta. A Secretaria Municipal <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>, Lazere Turismo <strong>de</strong>senvolve uma programação <strong>de</strong> ruas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Acontece, ainda, a feira <strong>de</strong>artesanato no centro da cida<strong>de</strong>. O parque ecológico está sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>. Muitosacreditam que, quan<strong>do</strong> for inaugura<strong>do</strong>, vai mudar o <strong>lazer</strong> da população:Com certeza vai dá um salto enorme na questão <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. A genteconta pros meninos e eles não acreditam. Com tanto ver<strong>de</strong> que essa cida<strong>de</strong> teme vai ter, ia ser legal <strong>de</strong>mais.Também a “Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Meninos” 16 é lembrada como um espaço que possuiboas instalações para o <strong>lazer</strong> – leia-se, para a prática esportiva –, porém não escapaa críticas, uma vez que o acesso é para poucos.Um representante da Prefeitura diz que<strong>de</strong> <strong>lazer</strong> a gente tá caminhan<strong>do</strong> com passos largos com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer, masainda estamos estudan<strong>do</strong> isso para crescer. Justinópolis cresceu, o Rosaneves,o Veneza, mas ainda tem muito o que fazer.Nenhum entrevista<strong>do</strong> aponta a falta <strong>de</strong> educação para o <strong>lazer</strong> como um limite encontra<strong>do</strong>pelos jovens para a vivência <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>. Dentre os limites, uma entrevistada apontaa falta <strong>de</strong> opção. Os meninos querem praticar outras ativida<strong>de</strong>s, mas às vezesnão têm on<strong>de</strong> ir e como ir. [...] Tem várias regiões <strong>de</strong> Neves que não têm campoe nem opção <strong>de</strong> fazer nada, nem ninguém para fazer nada com esse jovem.Então, é a falta <strong>de</strong> opção, <strong>de</strong> ter o que fazer que leva ele muitas das vezes àcriminalida<strong>de</strong>.16A Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Meninos São Vicente <strong>de</strong> Paulo é uma obra da Associação Divina Providência, ligada aessa instituição religiosa que aten<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5 mil jovens e a<strong>do</strong>lescentes, entre internos, semi-internose externos, com educação formal, formação moral e humana, ativida<strong>de</strong>s culturais, práticas esportivas,alimentação e moradia. Oferece formação profissional por meio <strong>de</strong> cursos profissionalizantes como:ajustagem, apicultura, arte culinária, artesanato, cabeleireiro, corte e costura, costura industrial,<strong>de</strong>pilação, digitação, garçom, horticultura, informática, office boy/girl, opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> telemarketing esecretaria<strong>do</strong>. Aqui, também, o <strong>lazer</strong> é entendi<strong>do</strong> em sua perspectiva funcionalista como re<strong>de</strong>ntor <strong>do</strong>smales sociais e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastar os jovens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mal. Essa fala extraída <strong>do</strong> sítio oficialda instituição ilustra bem esse entendimento: “Na Cida<strong>de</strong>, existe uma política <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> zero, quenão permite que os atendi<strong>do</strong>s fiquem um minuto sequer sem ativida<strong>de</strong>s a <strong>de</strong>senvolver. Acreditamosque uma mente ocupada é o caminho para a produtivida<strong>de</strong>, livran<strong>do</strong> os jovens <strong>do</strong>s perigos das drogase da criminalida<strong>de</strong>” (Disponível em: http://www.portalseculus.com.br/Obra.aspx?obr=22. Acesso em:30 set. 2009)


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s91As falas <strong>de</strong> outros entrevista<strong>do</strong>s corroboram:Porque o jovem que tá ocioso, ele fica na rua, procura outros meios, outrascoisas, vai se inserir no meio <strong>de</strong> violência, porque eles num tem uma área <strong>de</strong><strong>lazer</strong> apropriada para eles usarem, não tem. Neves não tem nada <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, vocêvai ver que Neves cresceu muito e não tem estrutura. Não tem <strong>lazer</strong> a agentenão tem nada no município que po<strong>de</strong> falar assim: isso é um <strong>lazer</strong> pra gente...Eu acho que eles também podiam participar <strong>de</strong> alguma coisa que é fora, nãoprecisava ser só aqui; e o que limita esses jovens que moram aqui em Neves, <strong>de</strong>ntreoutras coisas que eles vivenciam, é a questão da passagem, da estigmatização, <strong>de</strong>serem mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, <strong>de</strong> toda a história existente. Eu acho queisso já está mudan<strong>do</strong> muito, só que tem algo a ser feito em relação a isso. Eu perceboque esses mora<strong>do</strong>res são muito luta<strong>do</strong>res, porque eles, com toda garra, passampor cima disso, tentam fazer diferente, mas isso ainda po<strong>de</strong> ser mais estimula<strong>do</strong>pelos órgãos públicos, pelas associações, pelo capital social existente.Apesar <strong>do</strong>s limites encontra<strong>do</strong>s, os entrevista<strong>do</strong>s afirmam que várias ações <strong>de</strong><strong>lazer</strong> são <strong>de</strong>senvolvidas. Alguns <strong>de</strong>les, pelo fato <strong>de</strong> não residirem no município, nãosouberam respon<strong>de</strong>r o que acontece na cida<strong>de</strong>. Foi lembrada uma oficina <strong>de</strong> xadrezoferecida pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>s:Existem alguns eventos que acontecem que eu sei, mas que faltam ainda umaabertura. Na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Meninos acontecem alguns eventos, mas falta na minhaconcepção uma coisa mais regular e em locais públicos.Os programas governamentais foram <strong>de</strong>staques, apesar <strong>de</strong> não se furtarem <strong>de</strong>críticas, como a <strong>de</strong> um entrevista<strong>do</strong> que diz que no papel são excelentes, mas quena prática não acontecem, alegan<strong>do</strong> ser a falta <strong>de</strong> profissional qualifica<strong>do</strong> a causada falta <strong>de</strong> motivação <strong>do</strong>s jovens, comprometen<strong>do</strong> os possíveis resulta<strong>do</strong>s a seremalcança<strong>do</strong>s.Dentre os programas governamentais, os mais lembra<strong>do</strong>s e cita<strong>do</strong>s, poratuarem diretamente com as práticas esportivas e recreativas, foram: o Programa <strong>de</strong>Erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil (PETI), o Poupança Jovem, o Agente Jovem, o FicaVivo, o Escola Aberta, os projetos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela Secretaria Municipal <strong>de</strong> AçãoSocial, que são programas específicos, não são <strong>de</strong> massa, mas aten<strong>de</strong>m, parcialmente,uma pequena parcela da comunida<strong>de</strong>.Segun<strong>do</strong> um entrevista<strong>do</strong>, a participação da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>s, Lazere Turismo melhorou muito nos últimos <strong>do</strong>is anos e conta com uma equipe <strong>de</strong>profissionais liga<strong>do</strong>s à área da Educação Física que vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um bomtrabalho, como as ruas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, e (no ano da pesquisa) a festa junina na praça. Foi


92<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraislembrada a existência <strong>de</strong> um grupo (ONG criada por um policial) que trabalha o judô,o jiu-jítsu, artes marciais, com bons resulta<strong>do</strong>s, apesar <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> terceiros.É paga porque ele alugou um espaço bem em frente ao shopping. Ele fezuma extensão <strong>do</strong> trabalho para Neves, e eu pu<strong>de</strong> perceber que é um trabalhoaltamente positivo, tem uma parceria com a Prefeitura, campeonatos, ele viuque é uma solução.Os campeonatos <strong>de</strong> futebol infantil e infantojuvenil também têm boa mobilizaçãoda população. Foi citada a criação <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s em Saú<strong>de</strong> Coletiva (NESC)e ainda, um núcleo <strong>de</strong> capoeira, dança e voleibol no centro da cida<strong>de</strong>.Representantes <strong>do</strong>s projetos cita<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s órgãos públicos foram entrevista<strong>do</strong>s.Passemos, então, à <strong>de</strong>scrição das principais ações <strong>de</strong>senvolvidas relacionadas ao <strong>lazer</strong>e as condições físicas, financeiras, materiais e humanas <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.• CURUMIM – Programa <strong>de</strong> socialização para crianças e a<strong>do</strong>lescentes nafaixa etária <strong>de</strong> 6 a 14 anos. Aten<strong>de</strong> 200 crianças e <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esporte,recreação e reforço escolar em horários alterna<strong>do</strong>s com os da escola formal. Segun<strong>do</strong>a assistente social,a função <strong>do</strong> Curumim é trazer um pouco <strong>de</strong> socialização pros meninos e um poucomais <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Os meninos que moram ali perto da Gávea, <strong>do</strong> Urca e da Vila Braúnanão têm uma referência para eles estarem no perío<strong>do</strong> fora da escola, não tem localpra eles estarem in<strong>do</strong>. Então a solicitação é que os pais acham que eles ficam muitona rua, então o Curumim vem pra isto, para absorver este público que fica geralmenteexposto à vulnerabilida<strong>de</strong>, trazen<strong>do</strong> para eles um local <strong>de</strong> recreação, que possamtrabalhar com o esporte e possam ajudar eles também com o <strong>de</strong>ver escolar.São <strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arte, oficina <strong>de</strong> bijuteria, biscuit, futebol, vôlei,peteca e, em via <strong>de</strong> implementação, o xadrez. O principal interesse <strong>do</strong>s atendi<strong>do</strong>s épelo futebol. Aos finais <strong>de</strong> semana o local fecha, mas mesmo assim as crianças sedirigem até lá e solicitam ao porteiro permissão para entrar; caso o pedi<strong>do</strong> seja nega<strong>do</strong>,elas buscam alternativas, como pular o muro. A instituição estava retoman<strong>do</strong> suasativida<strong>de</strong>s no momento da pesquisa, agora sob a direção <strong>de</strong> uma igreja evangélica.O Curumin está instala<strong>do</strong> numa área relativamente gran<strong>de</strong>. A estrutura é boa. Contacom três quadras, sen<strong>do</strong> uma coberta, <strong>do</strong>is campos <strong>de</strong> futebol, duas salas pequenas,seis monitores <strong>de</strong> recreação e algum material, como bolas e petecas. Também existea figura da monitora <strong>de</strong> reforço escolar, em processo <strong>de</strong> capacitação pelo SESC. Os<strong>de</strong>mais monitores não possuem qualificação.• FICA VIVO – É um programa que trabalha com a prevenção contra a penalida<strong>de</strong>focada no controle <strong>do</strong> homicídio. Usa <strong>do</strong> esporte como meto<strong>do</strong>logia para atingir


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s93o seu fim. Aten<strong>de</strong> aproximadamente 400 jovens entre 12 e 24 anos, dividi<strong>do</strong>s emnúcleos. A função é disponibilizar oficinas <strong>de</strong> esporte (futebol, futsal, vôlei, basquete),brinca<strong>de</strong>iras, artesanato, violão, dança, capoeira, teatro. As oficinas <strong>de</strong> esporteacontecem nas quadras da região e das escolas.A verba para o andamento <strong>do</strong> projeto é <strong>do</strong> Governo e os próprios oficineirosadquirem os materiais. Falta profissional qualifica<strong>do</strong> para <strong>de</strong>senvolver o trabalho,apesar <strong>de</strong> ocorrerem reuniões semanais com os oficineiros e, ainda, seminários paradiscutir <strong>sobre</strong> a prevenção da criminalida<strong>de</strong>. Existe um núcleo <strong>do</strong> Fica Vivo no bairroRosaneves que aten<strong>de</strong> jovens entre 12 e 17 anos.Trabalha-se com jovens que já estão envolvi<strong>do</strong>s na criminalida<strong>de</strong> e com outrosnão envolvi<strong>do</strong>s, como forma <strong>de</strong> prevenção. São atendi<strong>do</strong>s 35 jovens <strong>do</strong> bairro SevilhaB. Além das outras oficinas, acontece também o futebol feminino. O espaço utiliza<strong>do</strong>são as quadras da escola <strong>do</strong> bairro, pequenas e em má conservação.Segun<strong>do</strong> um entrevista<strong>do</strong> os melhores profissionais <strong>do</strong> esporte <strong>do</strong> município estãoneste Programa. Oferece capacitação para a equipe <strong>de</strong> esporte na área <strong>de</strong> educaçãosocial, <strong>de</strong> segurança pública. O Fica Vivo <strong>do</strong> bairro Veneza aten<strong>de</strong> jovens entre 12 e24 anos <strong>do</strong> próprio bairro e <strong>do</strong>s bairros vizinhos, como o Metropolitano, San Genaro,Florença, Conjunto Henrique Sapori, com oficinas <strong>de</strong> esporte, <strong>lazer</strong>, futebol e dança.Como são oficinas que <strong>de</strong>spertam maior interesse na juventu<strong>de</strong>, são utilizadas parachegar próximo <strong>do</strong> público-alvo pra gente <strong>de</strong>senvolver um trabalho, propician<strong>do</strong>o objetivo que é <strong>de</strong> reduzir os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e violência, ou seja,a oficina é uma porta <strong>de</strong> entrada para que os jovens percebam na gente aconfiança, para que a gente possa <strong>de</strong>senvolver um trabalho <strong>de</strong> prevenção.O entrevista<strong>do</strong> insiste em dizer que o Fica Vivo não é um programa <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> emsi, mas funciona como uma porta <strong>de</strong> entrada para outros fins. Nesse núcleo existe apreocupação com o trabalho em re<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong>, e para isso as instituições que jáestão atuan<strong>do</strong> no bairro são i<strong>de</strong>ntificadas para iniciar uma discussão <strong>sobre</strong> a segurançapública, escutam a comunida<strong>de</strong> e os órgãos governamentais e não governamentais.Os espaços <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à prática esportiva são aqueles já existentes na comunida<strong>de</strong>,uma quadra e campos <strong>de</strong> terra que, quan<strong>do</strong> chove, não apresentam condiçõesa<strong>de</strong>quadas para uso. Dos profissionais é exigi<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio tanto <strong>do</strong> conhecimento<strong>sobre</strong> os esportes quanto <strong>sobre</strong> a prevenção <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. Muitos são gradua<strong>do</strong>sem Educação Física.• POUPANÇA JOVEM – É um programa da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Desenvolvimento Social (SEDESE) que aten<strong>de</strong> os jovens a partir <strong>do</strong> primeiro ano<strong>do</strong> Ensino Médio e visa oferecer uma formação cidadã, capacitan<strong>do</strong>-os para que, aofinal <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s, tenham condições <strong>de</strong> ingressar no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> maneira


94<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraismais qualificada. Ao longo <strong>do</strong>s três anos, o jovem recebe capacitação voltada paraa formação cidadã, formação psicossocial e, também, profissional. A cada ano <strong>de</strong>aprovação na escola ele recebe uma bolsa <strong>de</strong> mil reais.Segun<strong>do</strong> o representante <strong>do</strong> programa, são 7.500 jovens este ano na faixa etáriaentre 14 e 21 anos. O programa se baseia em três pilares, trabalha<strong>do</strong>s em módulos:no “Giro Jovem”, o estudante recebe informações e participa <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<strong>sobre</strong> temas <strong>de</strong> seu interesse, como juventu<strong>de</strong>, protagonismo juvenil, empo<strong>de</strong>ramento,juventu<strong>de</strong> e educação, afetivida<strong>de</strong>, sexualida<strong>de</strong> e ética. No segun<strong>do</strong> pilar, a preocupaçãoé com a capacitação para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Nesse pilar o estudante <strong>de</strong>senvolve,também, aulas <strong>de</strong> inglês e informática. O terceiro pilar é o <strong>do</strong> retorno <strong>do</strong> que foiaprendi<strong>do</strong> para a comunida<strong>de</strong>. As ativida<strong>de</strong>s voltadas para o <strong>lazer</strong> estão suspensas. Atéabril <strong>do</strong> ano referente à pesquisa, havia o Conexão Jovem, com ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> culturae <strong>lazer</strong>, volta<strong>do</strong>s para o esporte.Existe, ainda, o que é chama<strong>do</strong> por eles <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s dinamiza<strong>do</strong>ras, que sãovisitas a exposições <strong>de</strong> arte, museus, teatros e parques. Existem, no bairro Veneza, <strong>do</strong>isimóveis aluga<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s Estação Jovem, que são utiliza<strong>do</strong>s para as ativida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> programa. Possui uma quadra e uma biblioteca. Os espaços volta<strong>do</strong>s para a área <strong>de</strong><strong>lazer</strong> estavam suspensos (não foi esclareci<strong>do</strong> o motivo). São 40 pessoas trabalhan<strong>do</strong>no programa exercen<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> funções técnicas até o acompanhamento <strong>do</strong> jovem naescola, na comunida<strong>de</strong>. To<strong>do</strong>s os profissionais tinham curso superior. São assistentessociais, educa<strong>do</strong>res, psicólogos, pedagogos, <strong>de</strong>ntre outros. Frequentemente eles passampor capacitação interna.• LIBERDADE ASSISTIDA – É uma medida socioeducativa, em regime aberto,que recebe os a<strong>do</strong>lescentes em conflito com a lei, por atos infracionais, encaminha<strong>do</strong>sao Ministério Público na Vara da Infância e da Juventu<strong>de</strong>. São atendi<strong>do</strong>s 89 a<strong>do</strong>lescentes<strong>do</strong>s 13 aos 19 anos. O núcleo <strong>de</strong> Neves conta com agentes <strong>do</strong> serviço social, terapeutasocupacionais e monitores <strong>de</strong> esporte. Está, temporariamente, sem psicólogos.As oficinas <strong>de</strong> esporte são realizadas duas vezes por mês, aos sába<strong>do</strong>s. São<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s vôlei, futebol <strong>de</strong> campo, futsal, basquete, peteca, han<strong>de</strong>bol e dinâmicas<strong>de</strong> grupo. Está prevista uma parceria com a ONG Liga Desportiva das Artes paraencaminhar os a<strong>do</strong>lescentes ao judô, jiu-jítsu e tae-kwon-<strong>do</strong>. As ativida<strong>de</strong>s são<strong>de</strong>senvolvidas no núcleo da Secretária <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>s, que possui duas quadras, umcampo society, e no campo <strong>do</strong> município. Segun<strong>do</strong> os entrevista<strong>do</strong>s, faltam maisprofissionais qualifica<strong>do</strong>s. A capacitação se dá em serviço.• CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURA – O Conselho é um órgão normativo,<strong>de</strong>liberativo e consultivo. Exerce a função <strong>de</strong> consultoria, com participação igualitária;meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s representantes é <strong>do</strong> Governo e a outra meta<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong> civil. É sempre


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s95consulta<strong>do</strong> em relação às ações <strong>de</strong>senvolvidas na cultura <strong>do</strong> município. Mensalmente,acontecem reuniões ordinárias abertas a toda população. Em 2007 foi realizada a IIConferência Municipal <strong>de</strong> Cultura, com boa participação da comunida<strong>de</strong>.Segun<strong>do</strong> um entrevista<strong>do</strong>, Neves possui muitos artistas, cineastas, humoristas,conta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> histórias, ceramistas, músicos, <strong>de</strong>ntre outros. No ano da pesquisa,aconteceu o I Cultura Ativa. Um grupo <strong>de</strong> pessoas ligadas às artes, à cultura e ao <strong>lazer</strong>organizou uma programação anual para o município. Foram realiza<strong>do</strong>s vários eventosem praça pública, como festival <strong>de</strong> teatro e dança, festa junina, apesar das dificulda<strong>de</strong>sencontradas com o ano eleitoral. Estava programada, ainda, a comemoração <strong>do</strong>aniversário da cida<strong>de</strong> no dia 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, com o lançamento <strong>de</strong> livros.Para 2009 estão previstas novas ações.• CASA DA CULTURA – Oferece cursos <strong>de</strong> artesanato, pintura, macramé,borda<strong>do</strong>, pintura em tela, tapeçaria, principalmente aqueles que estão em tratamentopsicológico no Núcleo <strong>de</strong> Assistência Psicológica (NAPSI) e <strong>de</strong> outras instituiçõesque vem à Casa da Cultura para “distrair a cabeça”. São atendidas em torno <strong>de</strong> 100a 150 pessoas por mês na faixa etária entre 30 e 60 anos. Oferece também curso <strong>de</strong>violão, teatro, dança e ginástica.Segun<strong>do</strong> um entrevista<strong>do</strong>, a Casa da Cultura não tem muita estrutura, por issonão oferece mais cursos. Um espaço com espelho é cedi<strong>do</strong> para ensaios <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>dança (<strong>de</strong> rua) <strong>de</strong> jovens. Possuem uma tenda montada no fun<strong>do</strong> da Casa.• SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SMAS) – Gerenciaalguns programas, como o Liberda<strong>de</strong> Assistida (LA), o Prestação <strong>de</strong> Serviço àComunida<strong>de</strong> (PSC) e o Programa <strong>de</strong> Erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil (PETI). O LAaten<strong>de</strong> os menores infratores, em geral, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>manda. Com esse públicosão <strong>de</strong>senvolvidas oficinas direcionadas a socialização, como futebol, artesanatoe, ainda, dinâmicas <strong>de</strong> grupo, como s psicólogos. O PETI tem como meta aten<strong>de</strong>r480 crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Desenvolve ativida<strong>de</strong>s socioeducativas com oficinastambém direcionadas à faixa etária, como circo, dança, teatro, artes visuais e flauta<strong>do</strong>ce. Existem seis núcleos no município. O trabalho é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com as famíliase procura utilizar mão <strong>de</strong> obra local. Algumas famílias são ativas e participativas,outras não se envolvem com o programa, nem mesmo o conhecem a fun<strong>do</strong>. Um <strong>do</strong>s<strong>de</strong>safios enfrenta<strong>do</strong>s pelos gestores é <strong>do</strong> <strong>de</strong> envolver essas famílias nas ações.A estrutura física <strong>do</strong> PETI é própria e consi<strong>de</strong>rada boa. Em relação ao pessoal,o <strong>de</strong> apoio é terceiriza<strong>do</strong> e não apresenta problemas. Existe dificulda<strong>de</strong> em encontrareduca<strong>do</strong>res com perfil para trabalhar nessa área social e também para contratação,dadas as exigências <strong>do</strong> Ministério Público. O mesmo acontece com o LA, que estácom seu quadro reduzi<strong>do</strong>. A capacitação é feita em serviço. A cada seis meses o Esta<strong>do</strong>


96<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisoferece cursos. Os educa<strong>do</strong>res participam, também, <strong>do</strong>s eventuais fóruns e <strong>de</strong>batespromovi<strong>do</strong>s pela SMAS.• SUPERINTENDÊNCIA DE PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE – Programada SMAS <strong>de</strong> reintegração <strong>de</strong> egresso <strong>do</strong> sistema prisional, <strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> conflitose acompanhamento <strong>do</strong> Fica Vivo. O programa tem contrato com instituições locais(em torno <strong>de</strong> 120), ou seja, com áreas <strong>de</strong> execuções criminais. Os sentencia<strong>do</strong>s quevão assinar a condicional na Vara <strong>de</strong> Execuções Criminais são encaminha<strong>do</strong>s paraos núcleos.Uma das funções <strong>do</strong> programa é o acompanhamento e a sensibilização <strong>do</strong> egresso<strong>do</strong> sistema prisional para participar <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. O acolhimento é voluntário edá apoio no retorno <strong>do</strong> indivíduo que ficou priva<strong>do</strong> <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> durante certo tempoà socieda<strong>de</strong>. Tem parceria com o Serviço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Social (SENAI)e o Serviço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Comercial (SENAC) na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Meninos,para encaminhá-los aos cursos profissionalizantes. Aten<strong>de</strong>, aproximadamente, entre100 e 120 pessoas por mês.O grupo <strong>de</strong> profissionais discute com os egressos que a reinserção não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><strong>do</strong> programa, e, sim, <strong>de</strong>les. O programa não tem um projeto <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Desenvolve açõesesporádicas. Realizaram a festa no Dia das Crianças e estavam programan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>Natal. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, estava prevista uma apresentação <strong>do</strong> Grupo Galpão nodia 23 e um retorno no dia 30 para uma oficina <strong>de</strong> teatro com o objetivo <strong>de</strong> selecionarpessoas para trabalhar com o Grupo numa turnê.Além disso, foi produzi<strong>do</strong> um <strong>do</strong>cumentário em DVD, com base numa oficinacom os egressos, intitula<strong>do</strong> Quem conta o conto da liberda<strong>de</strong>, lança<strong>do</strong> também nasala Humberto Mauro e no Estúdio B (bar) ambos em BH.• SUPERINTENDÊNCIA DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL – Tambémda SMAS, propõe trabalhar com ações <strong>de</strong> alta complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PETI, LA, PSCe também os abrigos. A função da Superintendência é acompanhar a dinâmica <strong>do</strong>trabalho. Realiza reuniões semanais com as gerências e a coor<strong>de</strong>nação. Mensalmente,são sistematiza<strong>do</strong>s relatórios com os aspectos facilita<strong>do</strong>res e dificulta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> trabalho.São 1.050 abriga<strong>do</strong>s, entre crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Indiretamente contabiliza 3.500pessoas integran<strong>do</strong> as famílias.No programa <strong>do</strong> PETI, existe um comitê igualitário, o COMPETI, no qual é feitoum trabalho com as mães e a coor<strong>de</strong>nação. Existe uma gerência <strong>de</strong> proteção e uma<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação que atua com o Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Assistência Social (CRAS)e as famílias. Uma entrevistada afirmou que os encontros com a família eram feitosna Secretaria e que, recentemente, eles mudaram: passaram a ir aos locais on<strong>de</strong> estãoàs crianças e convidam as famílias, em grupos menores. Isso provocou um interessemaior das famílias. Também busca uma aproximação com as escolas.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s97A Superintendência tem parceria com a Fundação Social e foi solicita<strong>do</strong> que orecurso fosse utiliza<strong>do</strong> com o <strong>lazer</strong> para os meninos. Recentemente eles participaram<strong>de</strong> visitações no Palácio das Artes, Parque Municipal em BH e no teatro da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sMeninos. Eles estão conhecen<strong>do</strong> museu, zoológico e realizan<strong>do</strong> oficina <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>s.Para 2009 estão acertan<strong>do</strong> uma parceria com a ONG Cidadania Ativa <strong>do</strong> bairro Venezafortalecen<strong>do</strong> as ações. O atendimento ainda é pequeno diante a <strong>de</strong>manda.Alunos da PUC Minas e <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ribeirão das Neves, <strong>de</strong> diferentesgraduações, como Direito, Serviço Social e Psicologia, buscam o projeto paraconhecê-lo. Divi<strong>de</strong> espaços aluga<strong>do</strong>s pela Prefeitura com o Agente Jovem e o PETI.A capacitação foi feita por uma psicopedagoga, que i<strong>de</strong>ntificou li<strong>de</strong>ranças expressivasda comunida<strong>de</strong>, vindas, principalmente, <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> igreja, e trabalhou-os paraatuar como monitores nos programas Poupança Jovem, Agente Jovem e PETI.• VEREADOR LÚCIO TRÊS IRMÃOS (Lucimar Roberto Valentim) –Segun<strong>do</strong> a assessora <strong>do</strong> Gabinete <strong>do</strong> verea<strong>do</strong>r, eram atendidas 150 pessoas pordia, com as mais variadas solicitações, que eram encaminhadas para os órgãoscompetentes. Afirma que o acesso da população é pequeno e que é poucodivulga<strong>do</strong> o que existe na cida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser muito <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>. O verea<strong>do</strong>rafirmou que isso precisa melhorar, e vai melhorar, e que as ações vão acontecer apartir <strong>de</strong> 2009. Não apresenta propostas para o campo <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> comoprincipal preocupação a educação das crianças e a qualificação profissional <strong>do</strong>sjovens. Após o assassinato <strong>do</strong> verea<strong>do</strong>r, em <strong>de</strong>zembro <strong>do</strong> mesmo ano da pesquisa,não foi investigada a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s projetos por seu sucessor.4 PROPOSTAS E SUGESTÕES PARA O LAZER DOS JOVENS PELOSGESTORES E LIDERANÇAS COMUNITÁRIASVânia NoronhaVárias são as sugestões e recomendações para a implantação <strong>de</strong> um programa<strong>de</strong> <strong>lazer</strong> e <strong>de</strong> esporte na cida<strong>de</strong>, muitas <strong>de</strong>las recorrentes nas falas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.Ao serem indaga<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> que ações ou programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que os entrevista<strong>do</strong>sconsi<strong>de</strong>ram ser <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s jovens, várias foram as respostas.Outro diz:Eles têm muita ansieda<strong>de</strong> por muitas coisas. Cabe um leque <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>se até difícil falar assim uma escala.Qualquer ação esportiva que for direcionada ao município, por ser ele muito gran<strong>de</strong>e possuir um número altíssimo <strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes e jovens, será bem-vinda.


98<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisA <strong>de</strong>manda é muito gran<strong>de</strong>, o jovem não tem aon<strong>de</strong> ir, on<strong>de</strong> namorar. Para umentrevista<strong>do</strong>, falta vonta<strong>de</strong> política para investir no <strong>lazer</strong>. Segun<strong>do</strong> ele,gasta-se muito pouco com o <strong>lazer</strong>; são coisas pequenas que têm que ser feitas...Uma quadra, a manutenção <strong>de</strong>la, umas bolas boas, pessoas que sabem cuidar<strong>do</strong>s postes, das traves...As ativida<strong>de</strong>s mais citadas são as escolinhas <strong>de</strong> futebol (feminino e masculino),xadrez, peteca, brinca<strong>de</strong>iras, skate, dança; também, a “parte da cultura”, voltadapara a música, cinema, teatro, shows e eventos. É preciso: organizar campeonatos,estruturar categorias <strong>de</strong> base, ajudar os clubes existentes para aten<strong>de</strong>r os meninos;construir um Centro Olímpico; estruturar melhor as ruas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>; elaborar projetos“pé no chão” que possam ser viabiliza<strong>do</strong>s nas comunida<strong>de</strong>s; revitalizar praças; equiparas comunida<strong>de</strong>s para que elas possam gerir suas próprias ativida<strong>de</strong>s culturais e <strong>de</strong><strong>lazer</strong>; realizar mais festas no município; otimizar o passeio ciclístico que já acontecena cida<strong>de</strong>; contemplar as três regiões <strong>do</strong> município.O Curumim propõe que o espaço seja também utiliza<strong>do</strong> nos fins <strong>de</strong> semana.Uma articulação com a Secretaria <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong>s po<strong>de</strong>ria ser realizada para contratação<strong>de</strong> profissionais que possam <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s mais atrativas e diversificadas(outros esportes) aos jovens. Sugere, também, que sejam direcionadas ativida<strong>de</strong>s paraas crianças <strong>de</strong> 6 a 12 anos. Solicita um monitor para oficina <strong>de</strong> xadrez. A qualificaçãoprofissional é uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, em todas as áreas que envolvem o <strong>lazer</strong>, com<strong>de</strong>staque para o esporte. Diz um entrevista<strong>do</strong>: O esporte precisa ser respeita<strong>do</strong>, temque ter profissionais pra trabalhar.Necessitam <strong>de</strong> pessoas com conhecimento e boa vonta<strong>de</strong>, que saibam organizarplanos <strong>de</strong> ação, programas <strong>de</strong> treinamento, montagem <strong>de</strong> tabelas <strong>de</strong> jogos, que priorizemo acesso <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s na prática esportiva para pensar no esporte e no <strong>lazer</strong>. Quem tem quecuidar <strong>do</strong> esporte hoje é gente <strong>do</strong> esporte e gente que conhece a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirãodas Neves. Querem aten<strong>de</strong>r, também, ao esporte <strong>de</strong> alto rendimento, organizan<strong>do</strong>times para competir e representar o município e o Esta<strong>do</strong>; melhorar a estrutura física,construir novos espaços, ginásios poliesportivos, com materiais bons e suficientes;montar uma equipe voltada para o jovem; reunir essa equipe e <strong>de</strong>ixar que ela tome<strong>de</strong>cisões; oferecer infraestrutura, espaço físico; criar mais espaços <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>: construirum cinema, um shopping, teatro, quadras em cada comunida<strong>de</strong>, um centro olímpico,clube, parques temáticos, campos com alambra<strong>do</strong>, com iluminação; ampliar as opções<strong>de</strong> <strong>lazer</strong>. Incluir os a<strong>do</strong>lescentes porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais, garantin<strong>do</strong> aacessibilida<strong>de</strong> nos espaços; i<strong>de</strong>ntificar e apoiar os grupos <strong>de</strong> jovens, principalmenteaqueles que não estão vincula<strong>do</strong>s em nenhum programa como os meninos funkeiros,os grupos <strong>de</strong> teatro, <strong>de</strong> futebol da várzea, etc.; <strong>de</strong>senvolver ações <strong>de</strong> mobilização dapopulação, divulgação e informação, melhoran<strong>do</strong> a comunicação com a comunida<strong>de</strong>.


Parte III – análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s99Apenas um entrevista<strong>do</strong> disse que o foco <strong>de</strong>veria ser a qualificação profissional <strong>do</strong>sjovens e o investimento na educação.Para um entrevista<strong>do</strong>, criar novos espaços não é suficiente, é preciso fazer umadiscussão aberta, com a participação da comunida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> jovem, saber o que elespensam a respeito. É preciso criar um fórum on<strong>de</strong> esse jovem possa dizer o que elequer fazer: Às vezes as <strong>de</strong>cisões vêm <strong>de</strong> cima pra baixo e falta saber <strong>do</strong> jovem o queele quer. Existe um potencial, uma vonta<strong>de</strong> e até um travamento da parte <strong>de</strong>les <strong>de</strong> nãoconseguir aquilo que querem. Porque não acreditam, eles são muito <strong>de</strong>sesperançosos.Ou acham que não vai funcionar, não vai dar certo, num vai ter.Envolver o jovem na discussão <strong>sobre</strong> com o espaço será utiliza<strong>do</strong> é percebi<strong>do</strong>como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elevar a autoestima <strong>de</strong>les, valorizá-los. Promover eventosque atendam esse jovem – por exemplo, o skate, o grafite, a música. Articular coma Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente e promover ações para arborizar o município, coletaseletiva.Chamam atenção para a gestão em re<strong>de</strong> e a intersetorialida<strong>de</strong> ao proporem umaarticulação entre as diversas secretarias, setores e programas que trabalham com ajuventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> parcerias e melhoran<strong>do</strong> o <strong>lazer</strong> na cida<strong>de</strong>; unir representantes<strong>do</strong> Governo e da socieda<strong>de</strong> civil, os Conselhos e diversos segmentos: <strong>do</strong> Fica Vivo,<strong>do</strong> Poupança Jovem, etc., para elaborar um plano, um planejamento <strong>de</strong> ações quevisem a todas as comunida<strong>de</strong>s, até as mais distantes, inclusive com palestras, tambémnas escolas, com os pais.


101Parte IVCONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕESPARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DELAZER COM JUVENTUDES EM CONTEXTOS DEVULNERABILIDADE SOCIAL


103Como vimos, esta pesquisa trouxe os problemas da vulnerabilida<strong>de</strong> social, daviolência e da criminalida<strong>de</strong> em Ribeirão das Neves como questões emergentes a seremenfrentadas pelo po<strong>de</strong>r público local. O município viveu um processo <strong>de</strong> crescimentointenso <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> ao longo <strong>do</strong>s últimos anos e essa se tornou umaproblemática que não po<strong>de</strong> mais ser <strong>de</strong>ixada somente a cargo das administraçõesestaduais (em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> controle que elas exercem <strong>sobre</strong> as Forças Armadas),mas, também, por intervenções locais. O protagonismo <strong>do</strong> município na tentativa <strong>de</strong>sua resolução é uma realida<strong>de</strong> já posta e contra a qual não se po<strong>de</strong> mais omitir.Enten<strong>de</strong>mos que o <strong>lazer</strong>, como fenômeno sociocultural, além <strong>de</strong> ser um direitoconstitucional, congrega em si, características transforma<strong>do</strong>ras da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>ssujeitos e também <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s. A vivência <strong>do</strong> <strong>lazer</strong>, ao contrário <strong>do</strong>s momentos <strong>de</strong>obrigação, quase sempre rotineiros, mecânicos e pouco criativos, exige participação,envolvimento, criativida<strong>de</strong>, criticida<strong>de</strong>, autonomia, liberda<strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> que osujeito seja ele mesmo, e, não, o que se quer que ele seja. Por to<strong>do</strong>s os argumentosaqui discuti<strong>do</strong>s, consi<strong>de</strong>ramos que o <strong>lazer</strong> possui um potencial transforma<strong>do</strong>r da ena socieda<strong>de</strong> (MARCELLINO, 1987) e, portanto, <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>do</strong> e garanti<strong>do</strong> ato<strong>do</strong>s em quaisquer condições.Entretanto, diferentemente das abordagens funcionalistas (MARCELLINO,1987) dadas ao <strong>lazer</strong> pelo capitalismo, ao percebê-lo <strong>de</strong> forma utilitarista, oferecen<strong>do</strong>vivências ao trabalha<strong>do</strong>r com fins claros <strong>de</strong> prepará-lo para enfrentar melhor o seutempo <strong>de</strong> trabalho, ou <strong>de</strong> forma a compensar a insatisfação e alienação provocada pelamecanização das ações profissionais, ou ainda em sua perspectiva moralista, agin<strong>do</strong>como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minimizar os problemas sociais, <strong>de</strong>ntre eles a violência e otráfico <strong>de</strong> drogas, consi<strong>de</strong>ramos que o <strong>lazer</strong> sozinho não respon<strong>de</strong>rá positivamentenenhuma <strong>de</strong>ssas situações Defen<strong>de</strong>mos, aqui, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma articulaçãointersetorial em re<strong>de</strong> para que tais problemáticas sejam <strong>de</strong>finitivamente banidas <strong>de</strong>nossa socieda<strong>de</strong>.Com esta pesquisa objetivamos <strong>de</strong>senvolver processos meto<strong>do</strong>lógicos paramelhor compreensão <strong>de</strong> quem é esse sujeito jovem, com a intenção <strong>de</strong> contribuir,efetivamente, com o propósito ao consi<strong>de</strong>rar uma parcela específica da população comvista a subsidiar ações não somente <strong>do</strong> PRONASCI/PELC, como <strong>de</strong> outras políticaspúblicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves.Analisan<strong>do</strong> o conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s na pesquisa, <strong>de</strong>stacamos três focosprincipais <strong>de</strong> problemas.


104<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisNo primeiro foco, os da<strong>do</strong>s mostram questões relacionadas às várias concepções <strong>de</strong><strong>lazer</strong> das pessoas que trabalham com os programas e projetos sociais no município.De fato, frequentemente observamos nas falas das pessoas, especialmente<strong>do</strong>s gestores públicos, o <strong>lazer</strong> sen<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> à condição <strong>de</strong> re<strong>de</strong>ntor <strong>do</strong>s problemassociais. Também nas entrevistas realizadas não foi rara a carência <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> nos centrosurbanos ser consi<strong>de</strong>rada como a principal razão da marginalida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> aparecimento<strong>de</strong> população na rua, <strong>do</strong> uso crescente <strong>de</strong> drogas e da violência, etc.O segun<strong>do</strong> foco diz respeito à precarieda<strong>de</strong> da infraestrutura urbana da cida<strong>de</strong>.Vimos as razões históricas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> sua ocupação ocorri<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneiraextremamente <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e sem aten<strong>de</strong>r a qualquer tipo <strong>de</strong> planejamento urbanístico.Como consequência, o que se vê hoje é uma cida<strong>de</strong> composta por três núcleos urbanosdistintos que praticamente não possuem ligação funcional entre si. Ribeirão das Nevesjá possui várias áreas <strong>de</strong> moradias suburbanas e vem registran<strong>do</strong> um movimentocontínuo <strong>de</strong> “favelização” <strong>de</strong> seus bairros em <strong>de</strong>corrência da pouca capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>investimento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal e da pouca atrativida<strong>de</strong> comercial aosinvestimentos externos.Não obstante os espaços públicos serem i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como fontes <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, essesmesmos espaços não apresentam, na percepção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, condições para oseu pleno exercício. Os obstáculos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s nesses espaços, que os impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong>se tornar mecanismos <strong>de</strong> socialização e construção <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> cidadania, vãoda precária infraestrutura às condições mínimas <strong>de</strong> segurança pública.Num terceiro foco, alia<strong>do</strong> a esses <strong>de</strong>safios, o diagnóstico realiza<strong>do</strong> para aelaboração da Política <strong>de</strong> Cultura, <strong>Esporte</strong> e Lazer <strong>do</strong> Município (2006), (PMRB, 2006)consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s das Conferências Municipais <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong> e Lazer (2004 e 2006)e <strong>de</strong> Cultura (2006), i<strong>de</strong>ntificou mais três problemas que precisam ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s.O primeiro relaciona-se com a crescente <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica e a pobreza dapopulação que, ao conviver com inúmeros problemas sociais, enfrentam dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> acesso às condições básicas <strong>de</strong> vida previstas pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988,<strong>de</strong>ntre elas o direito à cultura, ao esporte e ao <strong>lazer</strong>.Em <strong>de</strong>corrência disso, o atendimento às <strong>de</strong>mandas da população é dificulta<strong>do</strong>pela insuficiência <strong>de</strong> recursos financeiros para o investimento necessário, também,na garantia <strong>de</strong>sses direitos. Além disso, esse atendimento tem si<strong>do</strong> dificulta<strong>do</strong> pelasexperiências políticas paternalistas e <strong>de</strong>scontínuas que influenciam na <strong>de</strong>sconfiançae na <strong>de</strong>smobilização da população para as ações.O segun<strong>do</strong> problema refere-se à escassez <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> cultura,esporte e <strong>lazer</strong> por livre opção da população, traduzidas tanto na insuficiência <strong>de</strong>locais públicos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à sua vivência como na insuficiência <strong>de</strong> conhecimentos(iniciação e aperfeiçoamento) <strong>sobre</strong> diversificadas modalida<strong>de</strong>s e manifestações queampliem as oportunida<strong>de</strong>s para toda população. Além disso, é precário o atendimento


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...105às necessida<strong>de</strong>s específicas às diferentes ida<strong>de</strong>s, sexo e pessoas com necessida<strong>de</strong>sespeciais. Nesse senti<strong>do</strong>, o diagnóstico aqui cita<strong>do</strong> mostrou exclusão, principalmente,das crianças, das mulheres, <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e das pessoas com <strong>de</strong>ficiências.O terceiro problema refere-se à falta <strong>de</strong> valorização da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local e suadiversida<strong>de</strong> cultural, especialmente consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a população <strong>de</strong> Ribeirão dasNeves tem origem em vários lugares, constituída, em gran<strong>de</strong> parte, por um processomigratório <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> presidiários que se instalam na cida<strong>de</strong> para conviver próximas<strong>de</strong> seus parentes reclusos. A falta <strong>de</strong> valorização cultural, enfatizada em todas asfontes e os grupos consulta<strong>do</strong>s, tem influí<strong>do</strong> na imagem que a população tem <strong>de</strong> suacida<strong>de</strong>, no pouco conhecimento <strong>de</strong> sua história e referências culturais e, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>,na autoestima da população, especialmente <strong>do</strong>s jovens entre 15 e 29 anos.Nesse contexto, cresce o reconhecimento <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> como vivênciasgera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> nova postura cultural, voltada para o enfrentamento <strong>do</strong>s fatores causa<strong>do</strong>rese gera<strong>do</strong>res da violência em nosso país. Para que um projeto social <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong>possa propor intervenções culturais para jovens como alternativas ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>tráfego, da falta <strong>de</strong> emprego, <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> bebida alcoólica, a falta <strong>de</strong> perspectivas <strong>de</strong>vida, <strong>de</strong> melhora da autoestima da população, <strong>de</strong>ntre outras, torna-se fundamentalproblematizar ações <strong>de</strong> grupos que se dizem articular com os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> mudançasque emanam da população, mas, no fun<strong>do</strong>, buscam a manobra e o controle da práticasocial. Por isso, <strong>de</strong>vemos estar atentos aos mecanismos presentes na socieda<strong>de</strong> quepossam, em vez <strong>de</strong> conduzir a uma nova prática, reproduzir esse quadro.Para superar tais situações, precisamos investir na educação pelo e para o esportee o <strong>lazer</strong>, buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r como e por que, também neles, enfrentamos limites <strong>de</strong>toda natureza – conceituais, econômicos, políticos, religiosos, educacionais, étnicos,<strong>de</strong> alimentação, meio ambiente, moradia, segurança e outros impostos pelo contextoque tantas vezes suprime, hierarquiza e marginaliza pessoas, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> das classessociais menos favorecidas.A conquista da cidadania pelo esporte e <strong>lazer</strong>, cujas i<strong>de</strong>ias fundamentais são aconsciência, a liberda<strong>de</strong>, a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e a cultura da paz, requer ações quebusquem a reversão <strong>de</strong> esquemas assistencialistas e utilitaristas, <strong>de</strong> exclusão e <strong>de</strong>tutela, que reduzem o envolvimento <strong>do</strong>s sujeitos e dificultam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>massa crítica para enten<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong>sses fenômenos. A alegria pela conquistada liberda<strong>de</strong> e a emancipação <strong>do</strong>s sujeitos são construídas nas experiências cotidianaslúdicas favorecidas pelo encontro, pertencimento e repetição criativa <strong>do</strong>s sujeitoshistóricos que buscam o reconhecimento e posse <strong>de</strong> si, na relação com outro e como vivi<strong>do</strong> (PINTO, 2007).É por meio da alegria e da liberda<strong>de</strong> que cresce o entendimento <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong><strong>lazer</strong> como civilida<strong>de</strong> e respeito ao sujeito-cidadão e sua compreensão como campo<strong>de</strong> humanização das relações em busca da superação coletiva <strong>de</strong> limites impostos à


106<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraispopulação jovem <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> bens materiais, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> lúdica e <strong>de</strong> participação(PINTO, 2004).Orientada por essa lógica, <strong>de</strong>stacamos esta pesquisa como meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>reconhecimento da realida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s pesquisadas, com o objetivo <strong>de</strong>subsidiar projetos e ações <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> com maior impacto na vida social ecultural <strong>de</strong> jovens entre 15 e 29 anos, mas também como uma estratégia preliminar<strong>de</strong> conscientização da importância <strong>de</strong>ssas ações para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e para aconvivência comunitária.Certamente, os da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s nesta pesquisa nos possibilitam várias análises.Apresentamos, aqui, aquelas que nos foram possíveis. Acreditamos que o cruzamento<strong>de</strong> outras variáveis ainda po<strong>de</strong>m nos trazer outras pistas, bem como outras análises, e,a partir <strong>de</strong>las, outras proposições para políticas públicas direcionadas à juventu<strong>de</strong>.Por hora, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os problemas e os da<strong>do</strong>s aqui discuti<strong>do</strong>s, enten<strong>de</strong>mosque três <strong>de</strong>safios se <strong>de</strong>stacam com objetivo <strong>de</strong> fomentar políticas públicas <strong>de</strong> inclusãopelo esporte e <strong>lazer</strong> nessa cida<strong>de</strong>: o reconhecimento <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> como direitoe fator <strong>de</strong> educação e humanização; a implantação <strong>de</strong> infraestrutura e segurança <strong>do</strong>sespaços públicos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> existentes no município; a consolidação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> convíviosocial e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços.• O reconhecimento <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> como direitos e fatores <strong>de</strong> educaçãoe humanização requer:a) a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> política pública <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> fundamentada nos DireitosHumanos;b) um conjunto <strong>de</strong> estratégias educacionais <strong>de</strong> combate à violência focalizadanas principais vítimas, os a<strong>do</strong>lescentes e os jovens;c) a valorização <strong>do</strong> esporte e da arte como tecnologia educacional que facilitaos processos <strong>de</strong> socialização, mobilização e transformação tanto <strong>do</strong>s sujeitoscomo da coletivida<strong>de</strong>;d) a utilização <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia que supere a simples ocupação <strong>do</strong> tempo livree reconheça o esporte e <strong>lazer</strong> em seu potencial forma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> sujeitos numaperspectiva humaniza<strong>do</strong>ra.• A implantação <strong>de</strong> infraestrutura e segurança <strong>do</strong>s espaços públicos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>existentes no município implica:a) um serviço/equipamento social atrativo, criativo, dinâmico e diversifica<strong>do</strong>,capaz <strong>de</strong> oferecer oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano e social;b) o reconhecimento <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> é sempre um campo <strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong>expressão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, priva<strong>do</strong>, governamental ou não governamentale, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> da população;


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...107c) a construção <strong>de</strong> novos equipamentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>, garantin<strong>do</strong>-lhes a manutenção, asegurança e a possibilida<strong>de</strong> da realização da animação cultural comprometidacom os interesses da comunida<strong>de</strong>.• Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> convívio social e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços representa:a) uma retaguarda <strong>de</strong> proteção especial, capaz <strong>de</strong> fortalecer os vínculosfamiliares e comunitários para jovens com história <strong>de</strong> atos infracionais, vidana rua e outras formas <strong>de</strong> exclusão;b) uma estratégia <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> políticas públicas, mediante a articulação entrepo<strong>de</strong>r público e a socieda<strong>de</strong> civil organizada, fortalecen<strong>do</strong> pequenas organizaçõesatuan<strong>do</strong> em re<strong>de</strong>, asseguran<strong>do</strong> a articulação entre as ações estruturais e programaslocais, sustentabilida<strong>de</strong> e complementarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços.Esses <strong>de</strong>safios nos permitiram <strong>de</strong>finir princípios gerais que consi<strong>de</strong>ramosimprescindíveis para políticas públicas <strong>de</strong>stinadas à juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> municípiosem situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> como Ribeirão das Neves e, ainda, princípios <strong>de</strong>intervenção socioeducativa e princípios para uma gestão participativa.1. PRINCÍPIOS GERAISJovens são sujeitos <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veresSer jovem, cidadão <strong>de</strong> direitos, significa ter acesso a direitos sociais,políticos e civis em sua plenitu<strong>de</strong>. Significa ter direito à voz, à participação, àcirculação livre na sua comunida<strong>de</strong>; à educação; aos espaços <strong>de</strong> esporte, <strong>lazer</strong> eoutras práticas culturais; a vivenciar sua sexualida<strong>de</strong>; a ser atendi<strong>do</strong> nos serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; a se preparar para o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho sem ser explora<strong>do</strong> e submeti<strong>do</strong>a situações <strong>de</strong> opressão. Ser jovem, cidadão <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres, é ter obrigações,responsabilida<strong>de</strong>s, pois a autonomia e a liberda<strong>de</strong> que se quer vivenciar sãoreguladas pelo convívio social.Diversida<strong>de</strong> cultural como reconhecimento das diferenças e valorizaçãoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenilA diversida<strong>de</strong> é a maior riqueza que po<strong>de</strong>mos compartilhar uns com os outros.É um princípio fundamental para acesso à cidadania. Valorizar as diferenças éfortalecer nossas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e a <strong>do</strong> outro, é respeitar os diferentes pontos <strong>de</strong> vista,com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discordância, mas nunca <strong>de</strong> intolerância. Diferença não po<strong>de</strong> ser


108<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraisconfundida e nem justificar a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, esta, sim, <strong>de</strong>ve ser fortemente combatida,a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> para isso estratégias que conduzam a uma cultura <strong>de</strong> paz, principalmenteentre as juventu<strong>de</strong>s.Inclusão social pelo esporte, <strong>lazer</strong> e construção <strong>de</strong> uma cultura da pazA paz é uma construção cultural humana. Ela não é dada; <strong>de</strong>ve ser cultivada,conquistada, construída e reconstruída arduamente por to<strong>do</strong>s nós, em nosso cotidiano.Se consi<strong>de</strong>rarmos que a violência também é uma invenção humana, propomos sua<strong>de</strong>sconstrução. Se fomos capazes <strong>de</strong> criar um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> comportamento, uma forma <strong>de</strong>agir que coloca em risco a integrida<strong>de</strong> física ou moral <strong>de</strong> outros seres humanos, comcerteza, seremos capazes <strong>de</strong> inverter essa lógica, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> nos relacionarmos <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com princípios éticos como a tolerância, o respeito e a solidarieda<strong>de</strong>.Privilegiar uma cultura da paz não significa incentivar a passivida<strong>de</strong> ou a ausência<strong>de</strong> conflitos. Na luta por um mun<strong>do</strong> mais justo, igualitário, <strong>de</strong>mocrático e feliz, asarmas serão outras: o diálogo, a tolerância, a cooperação, a valorização da diversida<strong>de</strong>,<strong>do</strong> indivíduo em sua totalida<strong>de</strong>, a compreensão <strong>de</strong> que o conflito é muitas vezesnecessário para o surgimento <strong>do</strong> novo. Para isso, torna-se necessário dizermos nãoàs <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e discriminações por raça, sexo, classe, geração, orientação sexual,religião, nacionalida<strong>de</strong> e circunstâncias <strong>de</strong> vida.A educação é um elemento fundamental na construção da cultura da paz. Nessesenti<strong>do</strong>, a educação pelo e para o <strong>lazer</strong> po<strong>de</strong> contribuir para construir, juntamentecom os jovens, suas famílias e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma geral, uma nova visão<strong>sobre</strong> o mun<strong>do</strong>. Mas é fundamental que essa visão se transforme em ações – ações<strong>de</strong> paz, <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. Os jovens são sujeitos que po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser forma<strong>do</strong>scomo multiplica<strong>do</strong>res da paz: que possam, no dia a dia, na família, na escola, entre osamigos, ampliar, divulgar e convidar novos sujeitos para a sua construção e efetivação.Certamente, o esporte e o <strong>lazer</strong> têm muito a contribuir com este projeto social.A produção <strong>de</strong> conhecimentos na prática cotidianaProduzir conhecimentos é apropriar-se <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Apren<strong>de</strong>mos na escola, noscampos e quadras esportivos, nas praças, na rua, na igreja; enfim, na vida, diariamente.Paulo Freire (1983) há muito nos alertou que o conhecimento é uma construção coletivaem permanente movimento. Não po<strong>de</strong>mos nos esquecer <strong>de</strong> que uma proposta <strong>de</strong>educação construtivista não po<strong>de</strong> estar centrada na mera transmissão <strong>do</strong> conhecimento,mas, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>, na criação <strong>de</strong> espaços on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os saberes possam se manifestar. Oconhecimento não se esgota; ele se produz, se reproduz e se transforma a cada experiênciavivida. Quem conhece se rebela, não é <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>, pratica a liberda<strong>de</strong>, cria autonomia.Dessa forma, é preciso conhecer para ser autônomo e construir sua própria história.


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...109Trabalho como formação para a inclusão produtivaEspera-se que as ativida<strong>de</strong>s na área <strong>de</strong> iniciação ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho possam<strong>de</strong>senvolver as habilida<strong>de</strong>s e as competências pessoais e grupais necessárias paraque o jovem se torne um cidadão capaz <strong>de</strong> enfrentar os <strong>de</strong>safios que lhe são impostosnesses tempos <strong>de</strong> globalização, crise e <strong>de</strong>semprego, além <strong>de</strong> estimular um perfil crítico/analítico, ético e empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa, possibilitar o surgimento<strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças, fortalecer a autoconfiança, o conhecimento <strong>do</strong>s direitos trabalhistas e<strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar melhorias nas condições <strong>de</strong> trabalho.Com vista a promover a garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s jovens na perspectiva damelhoria das suas condições <strong>de</strong> vida e inclusão social, o PRONASCI/PELC, principalreferência para política pública <strong>de</strong>sta pesquisa, vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> ações <strong>de</strong> geração<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> educação para o trabalho. Essas ações apoiam-se em quatropressupostos convergentes e complementares:• a regulamentação <strong>do</strong> trabalho para o a<strong>do</strong>lescente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a lei e aconsciência <strong>sobre</strong> o problema <strong>do</strong> trabalho infantil, que precisa ser erradica<strong>do</strong>;• a educação para o trabalho é algo que só ocorre no plural, requeren<strong>do</strong> articulação<strong>de</strong> diferentes processos educativos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela escola, família eoutros;• o exercício <strong>de</strong> significativas experiências culturais como fator <strong>de</strong> promoçãohumana e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> pertencimento, participação eprotagonismo social são importantes meios na formação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res efuturos trabalha<strong>do</strong>res;• a educação para o trabalho implica oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho como práticaseducativas que permitem ao jovem conhecer suas potencialida<strong>de</strong>s/capacida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>senvolver a criativida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong> e apreensão/expressão <strong>de</strong> múltiplasprofissões.2 PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO SOCIOEDUCATIVAAção educativa para a autonomiaÉ a perspectiva pedagógica que visa à superação das diversas formas <strong>de</strong> anulação<strong>do</strong>s sujeitos e <strong>de</strong> suas culturas mediante o <strong>de</strong>senvolvimento da sensibilida<strong>de</strong>, daconsciência política e <strong>do</strong> entendimento que o conjunto das pessoas representa suaforça e coesão internas.O espaço <strong>de</strong> educação para autonomia <strong>de</strong>ve ser acolhe<strong>do</strong>r e lúdico, com vistaa envolver os jovens no planejamento, na execução e na avaliação das ativida<strong>de</strong>s,com clareza <strong>sobre</strong> o objetivo <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. Relacionar as vivências lúdicas


110<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Geraiscom o cotidiano po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a consciência <strong>de</strong> que nas ativida<strong>de</strong>s, ao mesmotempo em que se apren<strong>de</strong>m regras, técnicas e estratégias específicas <strong>de</strong> diferentesconteú<strong>do</strong>s, também se apren<strong>de</strong>m atitu<strong>de</strong>s, valores e comportamentos direciona<strong>do</strong>spara a convivência social.Animação cultural como meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> mudança socialPolíticas públicas que visem à intervenção social com vista a transformá-laprecisam pensar propostas meto<strong>do</strong>lógicas inova<strong>do</strong>ras e revolucionárias, mesmocompreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as mudanças são lentas, envolvem lutas árduas e <strong>de</strong>safioscotidianos, num jogo social <strong>de</strong>sigual. O que as move é a crença <strong>de</strong> que um novo mun<strong>do</strong>é possível e que se “tem uma contribuição efetiva a dar nesse processo, conjugan<strong>do</strong>sonho e ação, poesia e subversão” (MELO, 2006, p. 25).Abraçamos o entendimento <strong>de</strong> animação cultural <strong>de</strong> Melo (2006, p. 28-29), quea consi<strong>de</strong>rauma tecnologia educacional (uma proposta <strong>de</strong> intervenção pedagógica) pautadana idéia radical <strong>de</strong> mediação (que nunca <strong>de</strong>ve significar imposição), que buscapermitir compreensões mais aprofundadas acerca <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>sculturais (consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as tensões que nesse âmbito se estabelecem) queconce<strong>de</strong>m concretu<strong>de</strong> à nossa existência cotidiana, construída com base noprincípio <strong>de</strong> estímulo às organizações comunitárias (que pressupõe a idéia <strong>de</strong>indivíduos fortes para que tenhamos realmente uma construção <strong>de</strong>mocrática),sempre ten<strong>do</strong> em vista provocar questionamentos acerca da or<strong>de</strong>m socialestabelecida e contribuir para a superação <strong>do</strong> status quo e para a construção <strong>de</strong>uma socieda<strong>de</strong> mais justa.Como propostas meto<strong>do</strong>lógicas nessa direção, i<strong>de</strong>ntificamos as contribuições<strong>do</strong> próprio ator cita<strong>do</strong> e suas relações com arte, mais notadamente o cinema (MELO,2006). Além <strong>de</strong>sse autor, Mascarenhas (2003 p. 47) consi<strong>de</strong>ra o <strong>lazer</strong> como prática<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e basea<strong>do</strong> na obra <strong>de</strong> Paulo Freire propõe uma intervenção queem um primeiro momento <strong>de</strong>ve-se construir uma aproximação ao grupoprocuran<strong>do</strong> analisar sua realida<strong>de</strong> (ação diagnóstica) para observar suascondições objetivas <strong>de</strong> vida, suas ações diante <strong>do</strong> contexto que enfrentam eo nível <strong>de</strong> consciência que o conjunto <strong>de</strong>ssas ações expressa. A partir <strong>de</strong>ssaanálise, escolhe-se um tema gera<strong>do</strong>r e elabora-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> perguntas emtorno <strong>de</strong>le, o que permite maior clareza daquilo que se <strong>de</strong>ve objetivar coma abordagem. Posteriormente, selecionam-se os conteú<strong>do</strong>s e preparam-se asativida<strong>de</strong>s – temáticas, preparatórias, avaliativas e <strong>de</strong> recuperação – que darãomaterialida<strong>de</strong> à proposta. Por fim, organiza-se o <strong>de</strong>senvolvimento da proposta(ciclo temático).


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...111Na mesma linha <strong>de</strong> raciocínio Zingoni (2007, p. 14-17) propõe a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong>marco lógico para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> projetos sociais <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> respeitan<strong>do</strong> o ciclo <strong>do</strong> projetoque contém as fases <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong> elaboração, <strong>de</strong> execução e <strong>de</strong> monitoramentoe avaliação. Segun<strong>do</strong> a autora,É uma meto<strong>do</strong>logia muito útil para o planejamento, a análise e o gerenciamento<strong>de</strong> projetos. [...] Ele oferece uma sucessão <strong>de</strong> passos lógicos enca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s, aofinal da qual se tem um programa bem-estrutura<strong>do</strong>. [...] Ele é recomendável,<strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>, porque se baseia no méto<strong>do</strong> cientifico <strong>de</strong> pesquisa social, estrutruran<strong>do</strong>os projetos <strong>sobre</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> hipóteses acerca <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> causa e efeitoenvolvidas no enfrentamento da problemática ou na <strong>de</strong>manda em questão. Quese constituem por fases diferenciadas. [...] uma limitação importante é que eleenfatiza mais o controle <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s, efeitos e impactos, e bem menos osporquês das mudanças observadas. Daí a importância <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong> outrasmeto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> planejamento, como a análise <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s, a análise <strong>de</strong>problemas, os integrantes <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> Zoop <strong>de</strong> planejamento. É recomendávelcomplementar a gestão com a sistematização da experiência, a qual enfatizajustamente os aprendiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo.Marcellino (2007), também, propõe a ação comunitária como um trabalhosocioeducativo <strong>de</strong> intervenção em comunida<strong>de</strong>s com vista a propor a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>problemas e a sensibilização e mobilização <strong>de</strong> seus membros para a busca <strong>de</strong> soluções.Nesse senti<strong>do</strong>, um plano geral <strong>de</strong> ação é composto por três fases interligadas: a<strong>de</strong>flagração propriamente dita da ação, que se consiste no levantamento da necessida<strong>de</strong>,possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção, <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s objetivos, seleção <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong>intervenção e realização das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> impacto; a avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s; e, por fim,a continuida<strong>de</strong> da ação e a retomada <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, o acompanhamento e a sedimentaçãonecessários à consolidação <strong>do</strong> processo e o alcance da autonomia da comunida<strong>de</strong>.Oficina temática: um méto<strong>do</strong> para a formação <strong>de</strong> grupo e protagonismoO trabalho em grupo com os jovens po<strong>de</strong> se tornar um rico momento para ocrescimento pessoal <strong>de</strong>les, para a construção da autonomia e para o exercício <strong>do</strong>protagonismo. Por meio <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> oficinas temáticas que promovam o<strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> <strong>lazer</strong>, esporte, cidadania, sexualida<strong>de</strong>, cultura da paz, projetos <strong>de</strong> vida,inclusão digital, <strong>de</strong>ntre outros, o jovem po<strong>de</strong> perceber que o grupo é um espaço <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação e constituição <strong>de</strong> vínculos afetivos e, também, <strong>de</strong> diferenciação. É umespaço para a construção <strong>do</strong> protagonismo juvenil. Ser protagonista é ser um indivíduoativo, luta<strong>do</strong>r, participativo e que busca alternativas objetivas para a transformaçãosocial. É participar das ações <strong>de</strong> transformação da sua comunida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong>, escola,sempre em busca <strong>de</strong> direitos coletivos e da não satisfação <strong>de</strong> interesses individuais.


112<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais<strong>Esporte</strong> e <strong>lazer</strong> como vivências educativas para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaO esporte e o <strong>lazer</strong> são meios e fins educacionais. Em ambos, percebe-se um duploaspecto educativo. O primeiro é que o esporte e o <strong>lazer</strong> são veículos privilegia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>educação para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> valores como cooperação, autoconhecimento,socialização, ética, estética, disciplina e hábitos saudáveis. Segun<strong>do</strong>, para a prática dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> é necessário o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s historicamentecontextualiza<strong>do</strong>s, procuran<strong>do</strong> superar os <strong>de</strong>safios coloca<strong>do</strong>s pela busca <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>se estimulan<strong>do</strong> a participação lúdica, espontânea, em níveis críticos e criativos.O <strong>de</strong>safio da intervenção social para gerar mudanças, com o objetivo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>raras práticas <strong>do</strong> esporte e <strong>lazer</strong> no conjunto <strong>de</strong> condições básicas para melhorias daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, requer ações que:• relacionem as experiências vividas no esporte e no <strong>lazer</strong> com a realida<strong>de</strong> social;permitin<strong>do</strong> reflexões <strong>sobre</strong> problemas <strong>do</strong> cotidiano da vida <strong>do</strong> jovem;• elevem o nível da participação, <strong>de</strong> formas conformistas a patamares maiscríticos e criativos, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os sujeitos historicamente situa<strong>do</strong>s;• cultivem o jogo ético que inspira a experiência <strong>de</strong> pertencer a umacoletivida<strong>de</strong>;• promovam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o esporte, o jogo, a brinca<strong>de</strong>ira se praticam com ooutro e não contra o outro;• valorizem, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista estético, a beleza <strong>do</strong>s movimentos conjunto ehabilida<strong>de</strong>s em cada gesto que se faz;• consi<strong>de</strong>rem a disciplina a serviço <strong>do</strong>s objetivos da equipe, jamais a serviço<strong>de</strong> formas controla<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> movimento.A promoção das práticas <strong>do</strong> esporte e <strong>lazer</strong> no conjunto <strong>de</strong> condições básicaspara a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida requer, também, o empenho das li<strong>de</strong>rançascomunitárias e gestores na estruturação, organização e gerenciamento <strong>do</strong> trabalho,investin<strong>do</strong> em:• <strong>de</strong>sburocratização <strong>do</strong> esporte e na realização <strong>de</strong> intervenções mais ágeis,mesclan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s a curto, médio e longo prazos;• ações participativas, <strong>de</strong>mocráticas e <strong>de</strong>scentralizadas, diretamente articuladascom as <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong>s jovens e <strong>do</strong>s grupos comunitários;• ampliação e diversificação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> praticar, assistir e apren<strong>de</strong>r<strong>sobre</strong> diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esporte e vivência no <strong>lazer</strong>, por meio <strong>de</strong>oficinas permanentes, oficinas temporárias, cursos, eventos, passeios, acessoa espetáculos e jogos promovi<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong>, etc.;


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...113• política pública que busque ampliar, adaptar, otimizar, criar e integrar equipamentospara a prática <strong>de</strong> esporte e <strong>lazer</strong> na comunida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>mocráticase seguras <strong>de</strong> acesso a esses equipamentos, bem como a manutenção e a animaçãolúdica <strong>de</strong>les, ten<strong>do</strong> em vista, ainda, a preservação <strong>do</strong> meio ambiente;• política pública que fortaleça o <strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> o direito ao esporte e ao <strong>lazer</strong> e suasrelações com as questões sociais mais amplas que dificultam o acesso àquele; queproblematiza as condições <strong>de</strong> <strong>sobre</strong>vivência da juventu<strong>de</strong>, refletin<strong>do</strong>, <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong>,em oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho digno e redução da jornada <strong>de</strong> trabalho.Arte como estratégia <strong>de</strong> expressão e realização no <strong>lazer</strong>A arte é um meio <strong>de</strong> expressão, comunicação e produção <strong>de</strong> cultura. É aexperiência <strong>de</strong> fruição e conhecimento cultural quan<strong>do</strong> manifesta um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vero mun<strong>do</strong> inseri<strong>do</strong> num contexto histórico. Permite a vivência da subjetivida<strong>de</strong> aoexpressar e vivenciar sensações estéticas, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e memórias, bem como ampliaa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão da realida<strong>de</strong> e mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lidar e intervir nela.O apoio a grupos existentes na comunida<strong>de</strong> envolvi<strong>do</strong>s com diferentes práticasculturais, a realização <strong>de</strong> oficinas, cursos e eventos que visam à formação <strong>do</strong>s jovens,bem como o registro cultural são estratégias fundamentais para construir umareferência <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s que possibilite o reconhecimento e a difusão das manifestaçõesculturais vividas pela juventu<strong>de</strong>.Política pública que consi<strong>de</strong>re a importância da educação para e pela arte <strong>de</strong>ve:• analisar os processos <strong>de</strong> criação, buscan<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong>r a diversida<strong>de</strong>histórico-cultural e estilística das artes;• ressaltar a dimensão cria<strong>do</strong>ra da arte, sem reduzi-la a elemento <strong>de</strong>corativo,ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>snecessária à vida;• <strong>de</strong>scobrir a relação entre nossos valores e a apreciação artística que fazemos;• mobilizar a relação entre sonhar e realizar as várias formas <strong>de</strong> expressãoartística, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> sentimentos provoca<strong>do</strong>s por elas, não privilegian<strong>do</strong>uma em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outra;• sensibilizar para a vivência da estética e o conceito <strong>de</strong> belo/feio que cadamanifestação traduz, pois é nesse contato que o sujeito encontra oportunida<strong>de</strong>para realizar um mergulho na autoestima;• promover a autossustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua prática, evitan<strong>do</strong> realizar ativida<strong>de</strong>sque enfoquem apenas um horizonte <strong>de</strong> curto prazo, mas construir a continuida<strong>de</strong>e corresponsabilida<strong>de</strong> entre to<strong>do</strong>s os participantes;• educar criticamente por meio <strong>de</strong> acessos à distância a bibliotecas virtuais emultimídias como ví<strong>de</strong>o, rádio, página web, blogs, fotologs e e-mails;


114<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas Gerais• participar <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e grupos <strong>de</strong> discussão locais, nacionais e mundiaisrelaciona<strong>do</strong>s aos interesses <strong>do</strong>s jovens: cultura, música, participação política,educação, trabalho, relacionamento, namoro e amiza<strong>de</strong>, esporte e <strong>lazer</strong>;• participação em mobilizações locais, nacionais e mundiais por direitos taiscomo: combate à exploração sexual <strong>de</strong> jovens; reivindicação por uma culturada paz; valorização da cultura juvenil; combate ao trabalho infantojuvenil;movimento ecológico, etc.Família e escola como participantes na experiência educativaAs famílias e as escolas participam da re<strong>de</strong> na construção <strong>de</strong> espaços e práticaseducativas que visam à inclusão social <strong>do</strong>s jovens. A família é um sistema vivomedia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> espaço priva<strong>do</strong> com espaço público, principalmente com a escola eoutras instituições sociais. A escola também constitui um espaço <strong>de</strong> socializaçãoe aprendizagem <strong>do</strong>s jovens. A escola tem conteú<strong>do</strong>s específicos e sistematiza<strong>do</strong>sao ensinar, reconhecen<strong>do</strong> que seus alunos possuem diversas vivências familiares eculturais. Cabem a essas instituições:• acompanhar cada jovem no que se refere à sua socialização e ao seu<strong>de</strong>sempenho escolar;• gestar condições especiais para inserir aqueles que se encontram fora da escola;• apoiar e realizar, conjuntamente, eventos educacionais e incentivar a criação<strong>de</strong> grêmios estudantis nas escolas;• esten<strong>de</strong>r aos profissionais da educação das escolas os conteú<strong>do</strong>s da capacitação<strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Projeto e das instituições comunitárias.Os projetos sociais, a igreja e as associações comunitárias também <strong>de</strong>sempenhampapel importante na educação das pessoas. A participação na educação <strong>de</strong> jovens<strong>de</strong>ssas várias instituições da comunida<strong>de</strong> possibilita criar alternativas coletivas <strong>de</strong>melhoria no <strong>de</strong>senvolvimento social e comunitário. É preciso ter clareza <strong>sobre</strong> osobjetivos e limites da atuação <strong>de</strong> cada instituição e estabelecer uma parceria, baseadana complementarida<strong>de</strong> entre as diversas instituições e programas locais que propõempráticas educativas com os jovens.Educa<strong>do</strong>r como participante <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>Consi<strong>de</strong>ramos que o educa<strong>do</strong>r é aquele que atribui à educação caráter o político,social e cultural <strong>de</strong> que ela se reveste e faz <strong>de</strong> seu trabalho um processo <strong>de</strong> militânciae comprometimento não com a ativida<strong>de</strong> em si mesmo (tarefeiro), não com os gruposhegemônicos, não consigo mesmo, mas com o projeto pedagógico que possibilite umasocieda<strong>de</strong> mais justa e igualitária, comprometi<strong>do</strong> com ações educativas para a autonomia.


Parte Iv – CONSIDERAÇÕES FINAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LAZER...115Nesse senti<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s os profissionais envolvi<strong>do</strong>s com ações direcionadas aos jovens sãoeduca<strong>do</strong>res, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da função que <strong>de</strong>sempenham: coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, técnico,administrativa, estagiários, serviços gerais, oficineiro, assessor ou consultor.Desenvolver suas ativida<strong>de</strong> com competência técnica, <strong>do</strong>minar o conhecimentoespecífico que sua função exige, problematizar com os educan<strong>do</strong>s os saberes e osconteú<strong>do</strong>s existentes na sua realida<strong>de</strong> concreta, respeitar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada jovem, bemcomo seus limites e potencialida<strong>de</strong>s, atuar na realida<strong>de</strong> concreta <strong>do</strong>s jovens, intermediarconflitos, estabelecer o diálogo, buscar tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, promover a cidadania,articular os serviços, qualificar li<strong>de</strong>ranças comunitárias, realizar projetos interdisciplinarese <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>s são algumas das competências e habilida<strong>de</strong>s exigidas <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r.3 PRINCÍPIOS DA GESTÃO PARTICIPATIVATrabalho em re<strong>de</strong>: articulação <strong>de</strong> serviços como estratégia paragarantia da atenção integralTrabalhar em re<strong>de</strong> é apostar na intersetorialida<strong>de</strong>, na <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong>s serviçose ações como uma forma importante para garantir os direitos <strong>do</strong>s jovens da comunida<strong>de</strong>.Os nós <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> são os diversos atores sociais locais: entida<strong>de</strong>s, famílias, projetossociais, associações, grupos, conselho tutelar, postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, escolas, igrejas, e cadaum <strong>de</strong>les possui uma função crucial na garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>de</strong>ssa população. Os atoresisola<strong>do</strong>s têm papel importante, mas eles serão muito mais fortes e eficazes se estivereminterliga<strong>do</strong>s, funcionan<strong>do</strong> em conjunto, por meio <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> relações contínuas e <strong>de</strong>complementarida<strong>de</strong>. Para isso, os atores <strong>de</strong>vem se conhecer e estabelecer espaços <strong>de</strong> diálogosconstantes objetivan<strong>do</strong> construir e planejar ações coletivas <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> problemas.Com esse intuito, os atores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem compartilhar valores e percepções<strong>sobre</strong> os jovens e trabalho comunitário; comungar um objetivo comum: construir açõescoletivas para garantir a inclusão social <strong>de</strong> jovens e suas famílias com papéis bem<strong>de</strong>limita<strong>do</strong>s, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as competências institucionais e a viabilida<strong>de</strong> das ações.Os gestores <strong>do</strong>s programas sociais locais <strong>de</strong>vem realizar planejamento coletivodas ações, com metas e responsabilida<strong>de</strong>s coletivas. Isso possibilita relações maishorizontais e potencialização <strong>do</strong>s recursos locais.Re<strong>de</strong>s sociais: resgate <strong>do</strong>s vínculos sociais e da estima pessoalAlém <strong>de</strong> parceiros não governamentais, faz-se necessário viabilizar a maioraproximação com os equipamentos públicos locais, por um la<strong>do</strong>, e a articulação comas gerências das secretarias municipais, das corporações policiais, das instâncias <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s direitos, por outro, favorecen<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong> políticaspúblicas voltadas para a juventu<strong>de</strong> em conflito com a lei.


116<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisSerá um contrassenso, porém, falar em <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong> serviços se não se <strong>de</strong>ra <strong>de</strong>vida atenção à participação comunitária e, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> especial, à participação <strong>do</strong>sjovens. Além <strong>de</strong> ações interinstitucionais e <strong>do</strong> compartilhamento <strong>de</strong> espaços, para sercoerente com a proposta <strong>de</strong> um projeto pedagógico que privilegia o trabalho em re<strong>de</strong>, éfundamental que se promova e acolha a participação da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seus jovens.Participação e conflito como essências da vida <strong>de</strong>mocráticaO significa<strong>do</strong> da palavra participação é tomar parte, fazer parte e ter parte em algumempreendimento. Portanto, é preciso que to<strong>do</strong>s os parceiros, os formaliza<strong>do</strong>s, os nãoformaliza<strong>do</strong>s, a comunida<strong>de</strong> e seus jovens, tomem parte, façam parte, tenham partes.A participação po<strong>de</strong> ser dar em diferentes níveis: a informação, a consulta e asrecomendações. No nível <strong>de</strong> informação, a participação se dá à medida que os parceirossão “participa<strong>do</strong>s” ou informa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> instâncias das políticas. Quan<strong>do</strong>são solicitadas críticas, sugestões e resoluções para os problemas, temos o nível <strong>de</strong>consulta facultativa. O nível <strong>de</strong> recomendação/elaboração ocorre quan<strong>do</strong> parceiroselaboram propostas e recomendam-nas aos gestores <strong>do</strong>s programas e projetos.Quan<strong>do</strong> há participação no planejamento, na discussão coletiva <strong>do</strong>s problemase nas <strong>de</strong>scobertas e propostas <strong>de</strong> solução, temos a cogestão. Possibilitar espaçosnos quais diferentes vozes e pontos <strong>de</strong> vista po<strong>de</strong>m ser manifesta<strong>do</strong>s é um processocomplexo, pois, nesse diálogo, muitos conflitos e diferenças frequentemente emergem.Mas conflitos e diferenças não são aqui consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s um problema: é neles que seencontra a riqueza <strong>do</strong> encontro com o outro e <strong>de</strong>sse encontro po<strong>de</strong>m surgir soluçõescriativas, inova<strong>do</strong>ras e <strong>de</strong>mocráticas.∗ ∗ ∗E vamos à luta!!!Eu acreditoÉ na rapaziadaQue segue em frenteE segura o rojãoEu ponho féÉ na fé da moçadaQue não foge da feraE enfrenta o leãoEu vou à lutaÉ com essa juventu<strong>de</strong>Que não corre da raiaA troco <strong>de</strong> nadaEu vou no blocoDessa mocida<strong>de</strong>Que não tá na sauda<strong>de</strong>E constróiA manhã <strong>de</strong>sejada...(Gonzaguinha, 1980)


117REFERÊNCIASAbramovay, Miriam et al. Juventu<strong>de</strong>, violência e vulnerabilida<strong>de</strong> social na América Latina:<strong>de</strong>safios para políticas públicas. Brasília: Unesco; BID, 2002. 192 p.ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, 1978.BABBIE, Earl R. Survey research methods, California: Wadsworth Publishing Company,Inc. 1973.Borges, Luciana S. Mapa da pobreza urbana <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos/SP. Trabalhoapresenta<strong>do</strong> no XIV Encontro Nacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Populacionais, ABEP, Caxambu-MG,Brasil, 20-24 set. 2004.BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, 1988. Brasília:Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral, Centro Gráfico, 1988.BRENNER, Ana Karina; DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo. Culturas <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> e <strong>do</strong> tempolivre <strong>do</strong>s jovens brasileiros. In: ABRAMO, Helena Wen<strong>de</strong>l; BRANCO, Pedro Paulo Martoni(Org.). Retratos da juventu<strong>de</strong> brasileira: análises <strong>de</strong> uma pesquisa nacional. São Paulo: EditoraFundação Perseu Abramo, 2008. p. 175-214.BURTON, I.; KATES, R. W.; WHITE, G. F. The environment as hazard. New York: OxfordUniversity Press, 1978. 240 p.CALDEIRA, Teresa Pires <strong>do</strong> Rio. Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muros: crime, segregação e cidadania em SãoPaulo. São Paulo: Ed. 34/Edusp, 2000.CAMARGO, Luiz Octávio. Educação para o <strong>lazer</strong>. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 1998.CARLINI-MARLATT, Beatriz. Jovens e drogas: saú<strong>de</strong>, política neoliberal e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> jovem.In: ABRAMO, Helena Wen<strong>de</strong>l e BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Org.). Retratos da juventu<strong>de</strong>brasileira: análises <strong>de</strong> uma pesquisa nacional. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo,2008. p. 303-321.CARVALHO, Maria <strong>do</strong> Carmo Brant <strong>de</strong>. A priorização da família na agenda da política social.In: KALOUSTIAN, Sílvio (Org.). A família brasileira: a base <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>. São Paulo: Cortez,UNICEF, 2000. p. 93-108.DATA SUS. Banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Disponível em: w ww.datasus.gov.br.DEMO, Pedro. A sociologia crítica e a educação: contribuições das ciências sociais para aeducação. Em Aberto, Brasília, v. 9, n. 46, p. 13-31, abr./jun. 1990.DEMO, Pedro. Política social, educação e cidadania. 2. ed. Campinas: Papirus, 1996.


118<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisDRAWIN, Carlos Roberto. Subjetivida<strong>de</strong> e constituição ética da Psicologia. In: KYLLOS NETO,F.; OLIVEIRA, R.T. e SILVA, R. <strong>de</strong> O. (Org). Subjetivida<strong>de</strong>(s) e socieda<strong>de</strong>: contribuições dapsicologia. Belo Horizonte: Conselho Regional <strong>de</strong> Psicologia <strong>de</strong> Minas Gerais, 2009. p. 45-60.FARIA, Aurélio P. Carlos. Fundamentos para a formulação e análise das políticas e programas<strong>de</strong> atenção à família, 2002. Mimeo.FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1983.FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP). Boletim <strong>de</strong> Informações Criminais <strong>de</strong> Minas Gerais,Belo Horizonte, n. 9, p. 30, jan./mar. 2008.GIDDENS, Anthony. A transformação da intimida<strong>de</strong>; sexualida<strong>de</strong>, amor e erotismo nassocieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. São Paulo: Editora da UNESP, 1993.GUIMARÃES, Nadya Araújo. Trabalho: uma categoria-chave no imaginário juvenil? In:ABRAMO, Helena Wen<strong>de</strong>l; BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Org.). Retratos da juventu<strong>de</strong>brasileira: análises <strong>de</strong> uma pesquisa nacional. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo,2008. p. 149-174.HOGAN, Daniel J.; MARANDOLA JR., Eduar<strong>do</strong>. Vulnerabilida<strong>de</strong>s e riscos: entre Geografiae Demografia. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s da População, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 29-53,2005.HOGAN, Daniel J.; MARANDOLA JR., Eduar<strong>do</strong>. Para uma conceituação interdisciplinarda vulnerabilida<strong>de</strong>. In: CUNHA, José Marcos Pinto da. (Org.). Novas metrópoles paulistas:população, vulnerabilida<strong>de</strong> e segregação. Campinas: NEPO/Unicamp, 2006, p. 23-50.HOPENHAYN, M. A cidadania vulnerabilizada na América Latina. Revista Brasileira <strong>de</strong>Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> População. Belo Horizonte, ABEP, v. 19, n. 2, p. 5- 18, jul./<strong>de</strong>z. 2002.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSITICA (IBGE). Banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>censo 2000. Disponível em: www.ibge.gov.br.INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Juventu<strong>de</strong>: <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> conclusão. São Paulo: <strong>de</strong>z. 2004.INSTITUTO VER. Diagnóstico <strong>de</strong> Ribeirão das Neves. Belo Horizonte, mar. 2007.KATES, R. W. et al. Sustainability science. Science, US, n. 292, p. 641-642, 2001.KAZTMAN, R. (Coord.). Activos y estructuras <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s: estudios <strong>sobre</strong> las raíces<strong>de</strong> la vulnerabilidad social en el Uruguay. Montevi<strong>de</strong>o: Oficina <strong>de</strong>l Programa <strong>de</strong> las NacionesUnidas para el Desarrollo (PNUD) y Oficina <strong>de</strong> la CEPAL en Montevi<strong>de</strong>o, LC/MVD/R, 1999.(n. 180).KING, Gary, KEOHANE, Robert O., VERBA, Sidney. El diseño <strong>de</strong> la investigación social: lainferencia científica en los estudios cualitativos. Madrid: Alianza Editorial, 2000. 272 p.KOWARICK, L. Viver em risco: <strong>sobre</strong> a vulnerabilida<strong>de</strong> no Brasil urbano. Novos Estu<strong>do</strong>sCebrap, n. 63, p. 9-30, jul. 2002.LEPORACE, Márcia M. Construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res sociopopulacionais. Brasília: Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>População das Nações Unidas (FNUAP), 2001.


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120<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisPLAMBEL. A estrutura urbana da RMBH: o processo <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> espaço urbano da RMBH1897-1985. Belo Horizonte: Plambel, 1986.POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS (PMMG). Armazém <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Elaboração: FundaçãoJoão Pinheiro (FJP). Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s em Segurança Pública (NESP). Belo Horizonte,2008.PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> PolíticaSocial. Programa BH Cidadania, Belo Horizonte, set. 2001. (DOC. 3)PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência Social. Gerênciada Coor<strong>de</strong>nação da Política <strong>de</strong> Assistência Social. Intersetorialida<strong>de</strong> nas políticas sociais:trabalhan<strong>do</strong> em re<strong>de</strong>. Belo Horizonte, 2001. (DOC. 1)PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência Social. Gerência<strong>de</strong> Informação, Monitoramento e Avaliação. A informação como diferencial estratégico dagestão da Assistência Social. Belo Horizonte, 2001. (DOC. 2)PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência Social. Pequenodicionário: assistência social <strong>de</strong> A a Z. Belo Horizonte, 2001.PREFEITURA DE RIBEIRÃO DAS NEVES (PMRB). Secretaria <strong>de</strong> Planejamento. Basescartográficas, 2008.PREFEITURA DE RIBEIRÃO DAS NEVES (PMRB). Secretaria <strong>de</strong> Planejamento. Basescartográficas e plano diretor, 2007.PREFEITURA DE RIBEIRÃO DAS NEVES (PMRB). Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação, Cultura,<strong>Esporte</strong> e Lazer. Política <strong>de</strong> cultura, esporte e <strong>lazer</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves. 2006 (DOC).REFORMA <strong>do</strong> ensino. O Horizonte, Belo Horizonte, p. 1, 25 abr. 1928.RICCI, Rudá et al. Descentralização e participação popular em gestões municipais. BeloHorizonte: Consultoria em Políticas Públicas (CPP), 2001.RODRÍGUEZ, Jorge. Vulnerabilidad <strong>de</strong>mográfica: una faceta <strong>de</strong> las <strong>de</strong>sventajas sociales.Santiago <strong>de</strong>l Chile: CEPAL, 2000. 79p. (Serie Población y Desarrollo, n. 5).ROSA, Santa Júnia. Reforma administrativa da Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte: princípiose condicionantes da <strong>de</strong>scentralização intramunicipal. Revista Conjuntura Política, 2001.Disponível em: http://cevep.ufmg.br/bacp.SARTI, Cynthia A. Família e individualida<strong>de</strong>; um problema mo<strong>de</strong>rno. In: CARVALHO, Maria <strong>do</strong>Carmo Brant <strong>de</strong> (Org.). A família contemporânea em <strong>de</strong>bate. São Paulo: Cortez, 1998. p. 39-50.SAWAIA, Ba<strong>de</strong>r B. Família e afetivida<strong>de</strong>: a configuração <strong>de</strong> uma práxis ético-política: perigose oportunida<strong>de</strong>s. In: COSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amália (Org.). Família: re<strong>de</strong>s, laçose políticas públicas. São Paulo: IEE/PUC/SP, 2003. p. 39-50.SOUZA, J. A expansão urbana <strong>de</strong> Belo Horizonte e da Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte:o caso específico <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves. 2008. f. 21-173. Tese (Doutora<strong>do</strong> emEconomia) – Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento e Planejamento Regional Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> CiênciasEconômicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2008.


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123APÊNDICEApêndice IPirâmi<strong>de</strong> etária


124<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisAPÊNDICE IIQuestionário surveyMeu nome é... Estou trabalhan<strong>do</strong> numa pesquisa que investiga a vida <strong>do</strong>s jovens em algumas áreas<strong>de</strong> Ribeirão das Neves. A sua colaboração é fundamental para que a pesquisa sirva para melhorar avida na sua comunida<strong>de</strong>. O questionário é anônimo, não sei seu nome e não vou perguntá-lo a você.Além disso, nada <strong>do</strong> que você respon<strong>de</strong>r será revela<strong>do</strong>. Suas respostas são sigilosas, e você não seráassocia<strong>do</strong> a elas. Qualquer dúvida, esclarecimento ou reclamação, por favor, entre em contato comos professores Almir <strong>de</strong> Oliveira Junior ou Patrícia Zingoni, da PUC Minas, ou com a professoraLudimila, da Secretaria Municipal <strong>de</strong> <strong>Esporte</strong> [entregar o cartão <strong>de</strong> apresentação da pesquisa].Q.1) Número <strong>do</strong> questionário: _____________Q.2) En<strong>de</strong>reço: ________________________________________________________Q.3) Data <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> questionário: ____/____/_____Q.4) Horário <strong>de</strong> início da aplicação <strong>do</strong> questionário: ___________________Q.5) Horário <strong>de</strong> término da aplicação <strong>do</strong> questionário: ___________________Vou começar com algumas perguntas <strong>sobre</strong> ida<strong>de</strong>, local <strong>de</strong> nascimento, cor e esta<strong>do</strong> civil.SD.1) [Sexo – marcar sem ler pergunta e respostas](1) Masculino (88) NS(2) Feminino (99) NRSD.2) Em que ano você nasceu?Ano <strong>de</strong> nascimento [An o ta r]: __________Então hoje a sua ida<strong>de</strong> é [An o ta r]: ______ anosSD.3) Qual o seu esta<strong>do</strong> civil?[Atenção para diferença entre respostas 4 e 5](1) Solteiro(a)(2) Casa<strong>do</strong>(a)(3) Amiga<strong>do</strong>(a), amasia<strong>do</strong>(a) (união consensual, vive junto sem ser casa<strong>do</strong>)(4) Desquita<strong>do</strong>(a) ou divorcia<strong>do</strong>(a) – separa<strong>do</strong>(a) judicialmente(5) Separa<strong>do</strong> (a) – separação não oficial(6) Viúvo(a)(88) NS(88) NS(99) NR(99) NRSD.4) A sua cor / raça é...(1) Negra(2) Branca(3) Amarela (<strong>de</strong> origem oriental, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> japonês, chinês, etc.)(4) Indígena(5) Parda (uma mistura <strong>de</strong> negro e <strong>de</strong> branco)(6) Uma outra mistura. Qual? [An o ta r] De _____________ e <strong>de</strong> ______________(7) Uma outra cor ou raça. Qual? [An o ta r]: _______________(88) NS (99) NR


apêndice125SD.5) Qual é a sua religião?( 1 ) Católica( 2 ) Evangélica ou Protestante( 3 ) Espírita( 4 ) Outra. Qual? _________________________________________( 5 ) NenhumaSD.6) Até qual série você completou na escola?(1) Ensino Fundamental (1 a a 8 a série)Até que série completa? [An o ta r] _________________(2) Ensino Médio (1 o ao 3 o ano)Até que série completa? [An o ta r] _________________(3) Supletivo <strong>de</strong> 1 o GrauAté que série completa? [An o ta r] _________________(4) Supletivo <strong>de</strong> 2 o GrauAté que série completa? [An o ta r] _________________(5) Técnico (profissionalizante). Qual curso? [An o ta r] _________________Qual série? [An o ta r] _________________(6) Ensino Superior ou 3 o Grau (graduação). Qual curso? [An o ta r] _________________(7) Alfabetização <strong>de</strong> adultos(8) Universida<strong>de</strong> da Terceira Ida<strong>de</strong> (i<strong>do</strong>sos). Qual curso? [An o ta r] _________________(9) Pré-vestibular(10) Outro. Qual? [An o ta r] _____________________Qual série? [An o ta r] _________________(77) NA (88) NS (99) NRSD.7) Atualmente, você tem algum trabalho (emprego, bico, trabalho feito na residência ou outro) com oqual ganhe dinheiro?(1) Sim [VÁ PARA SD.9] (88) NS(2) Não (99) NRSD.8) Você não está trabalhan<strong>do</strong> atualmente porque...(1) está <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>(a)(2) está afasta<strong>do</strong>(a) por motivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>(3) está afasta<strong>do</strong>(a) por outro motivo. Qual? [An o ta r] __________________(4) está aposenta<strong>do</strong>(a)(5) é pensionista(6) é estudante(7) cuida <strong>de</strong> afazeres <strong>do</strong>mésticos(8) outra situação. Qual? [An o ta r] _______________________(77) NA (88) NS (99) NRSD.9) O seu local <strong>de</strong> trabalho é no município <strong>de</strong> Ribeirão das Neves ou em Belo Horizonte?(1) Ribeirão das Neves (77) NA(2) Belo Horizonte(3) Outro município. Qual? _______________________(88) NS(99) NRAgora, vou fazer algumas perguntas <strong>sobre</strong> sua residência e os que moram com você.


126<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisSD.10) No total, aproximadamente quantos reais todas as pessoas que ajudam a pagar as <strong>de</strong>spesas dasua família (gastos com moradia, alimentação, transporte, roupas, etc.) ganham por mês?(1) Até 1 salário mínimo (até R$ 415,00)(2) Mais <strong>de</strong> 1 até 2 salários (<strong>de</strong> R$ 416,00 a R$ 830,00)(3) Mais <strong>de</strong> 2 até 3 salários (<strong>de</strong> R$ 831,00 a R$ 1.245,00)(4) Mais <strong>de</strong> 3 até 5 salários (<strong>de</strong> R$ 1.246,00 a R$ 2.075,00)(5) Mais <strong>de</strong> 5 até 7 salários (<strong>de</strong> R$ 2.076,00 a R$ 2.905,00)(6) Mais <strong>de</strong> 7 até 10 salários (<strong>de</strong> R$ 2.906,00 a R$ 4.150,00)(7) Mais <strong>de</strong> 10 até 15 salários (<strong>de</strong> R$ 4.161,00 a R$ 6.225,00)(8) Mais <strong>de</strong> 15 salários (Acima <strong>de</strong> R$ 6.225,00)(88) NS (99) NRSD.11) Qual é a renda mensal?(1) Até 1 salário mínimo (até R$ 415,00)(2) Mais <strong>de</strong> 1 até 2 salários (<strong>de</strong> R$ 416,00 a R$ 830,00)(3) Mais <strong>de</strong> 2 até 3 salários (<strong>de</strong> R$ 831,00 a R$ 1.245,00)(4) Mais <strong>de</strong> 3 até 5 salários (<strong>de</strong> R$ 1.246,00 a R$ 2.075,00)(5) Mais <strong>de</strong> 5 até 7 salários (<strong>de</strong> R$ 2.076,00 a R$ 2.905,00)(6) Mais <strong>de</strong> 7 até 10 salários (<strong>de</strong> R$ 2.906,00 a R$ 4.150,00)(7) Mais <strong>de</strong> 10 até 15 salários (<strong>de</strong> R$ 4.161,00 a R$ 6.225,00)(8) Mais <strong>de</strong> 15 salários (Acima <strong>de</strong> R$ 6.225,00)(88) NS (99) NRSD.12) A sua residência é...(1) Alugada(2) Própria já paga (<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> alguém da família)(3) Própria em pagamento (<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> alguém da família)(4) Cedida por familiares(5) Cedida por emprega<strong>do</strong>r (patrão)(6) Cedida <strong>de</strong> outra forma. Qual? [An o ta r] ____________________________(7) Ocupa<strong>do</strong> por invasão(8) Outra situação. Qual? [An o ta r] ____________________________(88) NS (99) NRSD.13) Quem mora com você nesta residência? Qual é a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta(s) pessoa(s)?[Leia os graus <strong>de</strong> parentesco somente se necessário]Gr a u d e Pa r e n t e s c o:1. Pai 9. Irmão 17. Genro 26. Madrasta2. Mãe 10. Irmã 18. Nora 27. Entea<strong>do</strong>3. Filho 11. Sobrinho 19. Sogro 28. Enteada4. Filha 12. Sobrinha 20. Sogra 29. Emprega<strong>do</strong>5. Avô 13. Primo 21. Mari<strong>do</strong> /companheiro 30. Empregada6. Avó 14. Prima 22. Esposa /companheira 31. Outros (homem)7. Neto 15. Tio 23. Ex.mari<strong>do</strong> /companheiro 32. Outros (mulher)8. Neta 16. Tia 24. Ex.esposa /companheira 33. Mora sozinho(a)25. Padrasto 34. Amigos (república, divi<strong>de</strong> casa, etc.)


apêndice127[Ca s o o(a) e n t r e v i s ta d o(a) m o r e s o z i n h o(a), a n o t e o c ó d i g o c o r r e s p o n d e n t e a essa c at e g o r i a (c ó d i g o 33) n ap r i m e i r a l i n h a d a c o l u n a “Gr a u d e Pa r e n t e s c o”.Ca s o n e c e s s á r i o, u s e 88 pa r a Nã o Sa b e e 99 pa r a Nã o Re s p o n d e u]PessoaGrau <strong>de</strong> parentescoQu a d r o d e r e s p o s ta s:Código <strong>do</strong> grau <strong>de</strong>parentesco [veja tabela anterior]1 SD.13.1) SD.13.2.1)Ida<strong>de</strong>2 SD.13.2) SD.13.2.2)3 SD.13.3) SD.13.2.3)4 SD.13.4) SD.13.2.4)5 SD.13.5) SD.13.2.5)6 SD.13.6) SD.13.2.6)7 SD.13.7) SD.13.2.7)8 SD.13.8) SD.13.2.8)9 SD.13.9) SD.13.2.9)10 SD.13.10) SD.13.2.10)11 SD.13.11) SD.13.2.11)12 SD.13.12) SD.13.2.12)13 SD.13.13) SD.13.2.13)14 SD.13.14) SD.13.2.14)15 SD.13.15) SD.13.2.15)16 SD.13.16) SD.13.2.16)17 SD.13.17) SD.13.2.17)18 SD.13.18) SD.13.2.18)Perguntar V.1 somente para residências com crianças e a<strong>do</strong>lescentes[VERIFICAR NA QUESTÃO RE.7, RESIDENTES ATÉ 17 ANOS DE IDADE]V.1) Na maior parte <strong>do</strong> dia, quem é(são) o(s) responsável(eis) por cuidar e supervisionar as crianças oua<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong>ssa residência?(1) O pai e a mãe.da(s) criança(s) ou a<strong>do</strong>lescente(s).(2) Somente o pai.(3) Somente a mãe.(4) Parentes mais próximos (avôs e avós, tios e tias <strong>de</strong> 1º grau).(5) Parentes mais distantes (primos, tios e tias <strong>de</strong> 2º grau)(6) Emprega<strong>do</strong>s, vizinhos ou amigos.(7) Outro. Qual? [An o ta r] __________________(77) NA (88) NS (99) NR


128<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisV.2) Há quanto tempo você mora neste bairro?Anos [An o ta r]: __________(88) NS(66) Durante toda a vida (99) NRV.3) Agora eu gostaria que você me dissesse se existe no seu bairro, ou em uma área próxima a que vocêmora, os seguintes Serviços Públicos:V.3.1) Postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?V.3.2) Conselho Tutelar?V.3.3) Sub-Regional da Prefeitura?V.3.4) Creches públicas?V.3.5) Escolas públicas (Municipais ou Estaduais)?V.3.6) Parque com área ver<strong>de</strong>?V.3.7) Programas sociais <strong>do</strong> Governo (Prefeitura, Governo <strong>de</strong> Minas)?V.3.8) Programas sociais priva<strong>do</strong>s (ONGs)?V.3.9) Postos <strong>de</strong> atendimento da Polícia Militar?V.3.10) Policiais fazen<strong>do</strong> patrulhamento periodicamente?V.3.11) Quadras esportivas (que não seja <strong>de</strong> escola)?V.3.12) Campos <strong>de</strong> futebol?V.3.13) Praça?V.3.14) Biblioteca (além da que tem em escola)?V.3.15) Outro. Qual? __________________________________(1)Sim(2)NãoV.4) Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o que você disse que existe no bairro ou áreas próximas na pergunta anterior, o quevocê utiliza ou já utilizou? [Marcar NA quanto aos serviços não disponíveis <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as respostas àquestão V.3]V.4.1) Postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?V.4.2) Conselho Tutelar?V.4.3) Sub-regional da Prefeitura?V.4.4) Creches públicas?V.4.5) Já estu<strong>do</strong>u em escola pública?V.4.6) Já foi passear no parque?V.4.7) Programa social <strong>do</strong> governo (ex: recebe alguma bolsa,alguma ajuda financeira)? [Se não, vá para V.6]V.4.8) Programas sociais priva<strong>do</strong>s (ONGs)?V.4.9) Já precisou da Polícia Militar?V.4.10) Já usou a biblioteca?V.4.11) Outro. Qual? __________________________________(1)Sim(2)Não(77)NA(88)NS(88)NS(99)NR(99)NR


apêndice129V.5) Qual tipo <strong>de</strong> bolsa ou ajuda financeira você recebe?_____________________________________ (77) NA (88) NS (99) NRV.6) Falan<strong>do</strong>, agora, <strong>do</strong> seu bairro, você diria que ele é um bairro...(1) muito calmo(2) calmo (88) NS(3) um pouco violento (99) NR(4) muito violentoV.7) Você diria que, nos últimos <strong>do</strong>ze meses, as condições <strong>de</strong> vida no seu bairro...(1) melhoraram muito(2) melhoraram um pouco (88) NS(3) permaneceram as mesmas (99) NR(4) pioraram um pouco(5) pioraram muitoV.8) Você diria que, nos últimos <strong>do</strong>ze meses, a violência no seu bairro...(1) aumentou muito(2) aumentou um pouco (88) NS(3) permaneceu a mesma (99) NR(4) diminuiu um pouco(5) diminuiu muitoAgora, farei perguntas a respeito <strong>de</strong> crimes ou <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> violência <strong>de</strong> que você possa ter si<strong>do</strong> vítimanos últimos <strong>do</strong>ze meses. Antes <strong>de</strong> prosseguir, lembre-se <strong>de</strong> que furto é diferente <strong>de</strong> roubo. O furto acontecequan<strong>do</strong> alguém leva alguma coisa <strong>de</strong> você sem que você perceba. Já o roubo acontece quan<strong>do</strong> alguém usaa força ou ameaça para levar algo <strong>de</strong> você.C.1) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes alguém furtou você, ou seja, levou alguma coisa <strong>de</strong> você, sem quevocê percebesse, sem utilizar força ou fazer ameaças? (como sua carteira, sua bolsa, ou seu carro, ou moto, ouum pacote)[Caso necessário, use 88 para Não Sabe e 99 para Não Respon<strong>de</strong>u][An o ta r] __________ vezesC.1b) Se já aconteceu, foi no seu bairro? (1) Sim_____ (2) Não______C.2) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes tentaram te roubar, ou seja, tomar <strong>de</strong> você alguma coisa usan<strong>do</strong> aforça ou ameaçan<strong>do</strong> usar a força ou te roubaram alguma coisa usan<strong>do</strong> ou ameaçan<strong>do</strong> usar violência? (comoseu carro, sua carteira, seu celular, etc.)(1) Tentaram roubar ________ vezes [An o ta r](2) Roubaram __________ vezes [An o ta r]C.2b) Se já aconteceu, alguma vez foi no seu bairro? (1) Sim_____ (2) Não______C.3) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes alguém tentou invadir ou invadiu sua residência para roubaralgo?(1) Tentaram invadir ________ vezes [An o ta r](2) Invadiram __________ vezes [An o ta r]C.3b) Se aconteceu, você já morava neste bairro? (1) Sim____(2) Não______


130<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisC.4) Às vezes, algumas pessoas agarram, tocam ou batem outras por razões sexuais <strong>de</strong> maneira realmenteofensiva. Isso po<strong>de</strong> acontecer em casa ou em outros lugares. Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, alguém tentou fazerou fez isso com você?(1) Tentaram agredir sexualmente. Quantas vezes? [An o ta r] _______ vezes(2) Agrediram sexualmente. Quantas vezes? [An o ta r] _______ vezesC.4b) Se já aconteceu, foi alguma vez no seu bairro? (1) Sim_____ (2) Não______C.5) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes alguém te agrediu fisicamente, ou seja, te bateu ou tentou bater emvocê SEM que fosse para lhe tomar alguma coisa ou por motivos sexuais?[Po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma resposta Caso necessário, use 88 para Não Sabe e 99 para Não Respon<strong>de</strong>u](1) Tentaram agredir fisicamente ________ vezes [An o ta r](2) Agrediram fisicamente __________ vezes [An o ta r]C.5b) Se já aconteceu, foi alguma vez no seu bairro? (1) Sim_____ (2) Não______C.6) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você se machucou ou foi feri<strong>do</strong> por causa <strong>de</strong>...C.6.1) assaltoC.6.2) violência sexualC.6.3) agressão física cometida por algum integrante <strong>do</strong> tráficoC.6.4) brigaC.6.4) outro(s) crime(s). Qual(is) [An o ta r] ________________Número <strong>de</strong>Vezes(88)NS(99)NRC.7) Você já teve algum parente, amigo ou vizinho assassina<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves?[Consi<strong>de</strong>rar toda a vida, e não apenas os últimos 12 meses. Po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma resposta Sim]Ele(s) era(m) seu(s)(1) Parente(s). Quantos? [An o ta r] _________(2) Amigo(s). Quantos? [An o ta r] __________(3) Vizinho(s). Quantos? [An o ta r] _________[Quanto à opção “vizinho”, confirmar se já não foram cita<strong>do</strong>s na categoria “amigos”]C.8) Você, algum parente, vizinho(a) ou amigo(a) que já foi vítima <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> assassinato na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Ribeirão das Neves?[Consi<strong>de</strong>rar toda a vida, e não apenas os últimos <strong>do</strong>ze meses. Po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma resposta Sim]Quem?(1) O(a) entrevista<strong>do</strong>(a). Quantas vezes? [An o ta r] ___________(2) Parente(s). Quantas vezes? [An o ta r] ____________(3) Amigo(s). Quantas vezes? [An o ta r] _____________(4) Vizinho(s). Quantas vezes? [An o ta r] ____________Lembre-se <strong>de</strong> que o questionário é anônimo e que nada <strong>do</strong> que você respon<strong>de</strong>r será relaciona<strong>do</strong> à suapessoa. Por isso, pergunto:D.1) Você já usou ou experimentou bebida alcoólica (cerveja, vinho, licor, pinga, etc.)?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NR


apêndice131D.2) Você já usou ou experimentou cigarros?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRD.3) Você já usou ou experimentou “loló”, lança-perfume, solventes (tíner, cola <strong>de</strong> sapateiro etc.)?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRD.4) Você já usou ou experimentou maconha?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRD.5) Você já usou ou experimentou cocaína?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRD.6) Você já usou ou experimentou crack?1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRD.7) Você já usou ou experimentou alguma droga sintética? (êxtase, por exemplo)1. ( ) Nunca usei2. ( ) Já experimentei3. ( ) Já usei e não uso mais4. ( ) Uso (88) NS (99) NRPor favor, agora fale um pouco <strong>do</strong> seu dia a diaLC.1) Você tem algum tempo livre durante os dias da semana, entre segunda e sexta-feira?1. ( ) Sim2. ( ) Não [Passe para questão LC.4](88) NS (99) NRLC.2) Quantas horas <strong>de</strong> tempo livre (em que não esteja ocupa<strong>do</strong> trabalhan<strong>do</strong> ou estudan<strong>do</strong>, etc., inclusiveem casa) você calcula ter, aproximadamente, durante os dias da semana (entre segunda e sexta-feira)?________ Horas(88) NS (99) NR


132<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisLC.3) Com quem você geralmente passa seu tempo livre nos dias <strong>de</strong> semana?(po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma opção)1. ( ) Pais2. ( ) Irmãos3. ( ) Filhos4. ( ) Mari<strong>do</strong> ou esposa5. ( ) Outros parentes (primos, tios, avós, etc.)6. ( ) Namora<strong>do</strong>(a)7. ( ) Amigos <strong>do</strong> bairro8. ( ) Amigos <strong>de</strong> outros bairros6. ( ) Amigos da igreja7. ( ) Colegas da escola8. ( ) Amigos <strong>do</strong> trabalho9. ( ) Sozinho10. ( ) Outros? Quem? ________________________________(88) NS (99) NRLC.4) Você tem algum tempo livre durante os fins <strong>de</strong> semana (sába<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mingos)?1. ( ) Sim2. ( ) Não [Passe para questão LC.7](88) NS (99) NRLC.5) Quantas horas <strong>de</strong> tempo livre você calcula ter, aproximadamente, durante os fins <strong>de</strong> semana(sába<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mingos)?________ Horas(88) NS (99) NRLC.6) Com quem você geralmente passa seu tempo livre nos fins <strong>de</strong> semana?(po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma opção)1. ( ) Pais2. ( ) Irmãos3. ( ) Filhos4. ( ) Mari<strong>do</strong> ou esposa5. ( ) Outros parentes (primos, tios, avós, etc.)6. ( ) Namora<strong>do</strong>(a)7. ( ) Amigos <strong>do</strong> bairro8. ( ) Amigos <strong>de</strong> outros bairros6. ( ) Amigos da igreja7. ( ) Colegas da escola8. ( ) Amigos <strong>do</strong> trabalho9. ( ) Sozinho10. ( ) Outros? Quem? ________________________________(88) NS (99) NRLC.7) De um mês para cá, quantas vezes você praticou algum esporte como opção <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>?(futebol, vôlei, natação, peteca, etc. – po<strong>de</strong> ser pensan<strong>do</strong> na escola)1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes (88) NS (99) NR


apêndice133LC.8) De um mês para cá, quantas vezes você sai para se divertir?(foi a um parque, ou a uma boate, ou ao zoológico, ou ao cinema, ou um show, etc.)1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes(88) NS (99) NRLC.9) Com quem você gosta <strong>de</strong> sair para se divertir?(po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma opção)1. ( ) Pais2. ( ) Irmãos3. ( ) Filhos4. ( ) Mari<strong>do</strong> ou esposa5. ( ) Outros parentes (primos, tios, avós, etc.)6. ( ) Namora<strong>do</strong>(a)7. ( ) Amigos <strong>do</strong> bairro8. ( ) Amigos <strong>de</strong> outros bairros6. ( ) Amigos da igreja7. ( ) Colegas da escola8. ( ) Amigos <strong>do</strong> trabalho9. ( ) Sozinho10. ( ) Outros? Quem? ________________________________(88) NS (99) NRLC.10) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você foi ao cinema?1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes(88) NS (99) NRLC.11) Qual tipo <strong>de</strong> filme você mais gosta <strong>de</strong> ir ver no cinema? (Marcar apenas uma opção)1. ( ) Ação2. ( ) Comédia3. ( ) Filmes românticos4. ( ) Ficção científica5. ( ) Drama6. ( ) Suspense7. ( ) Terror8. ( ) Bangue-bangue9. ( ) Desenho/animação10. ( ) Nunca foi ao cinema11. ( ) Outro. Qual? ____________________(88) NS (99) NR


134<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisLC.12) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você foi a um show <strong>de</strong> música?1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes(88) NS (99) NRLC.13) De qual tipo <strong>de</strong> música você mais gosta? (Marcar apenas uma opção)1. ( ) Rock (inclusive se for pop rock)2. ( ) Samba ou pago<strong>de</strong>3. ( ) MPB4. ( ) Dance music5. ( ) Som pesa<strong>do</strong> (ex: heavy ou trash metal, punk, hardcore, industrial)6. ( ) Axé7. ( ) Sertaneja8. ( ) Romântica9. ( ) Funk10. ( ) Clássica11. ( ) Gospel/Evangélica12. ( ) Outra. Qual? ____________________(88) NS (99) NRLC.14) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você foi a eventos esportivos?1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes (88) NS (99) NRLC.15) Qual tipo <strong>de</strong> evento esportivo você mais gosta <strong>de</strong> assistir (na tv ou no lugar)?(Marcar apenas uma opção)1. ( ) Jogo <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> campo2. ( ) Jogo <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> quadra3. ( ) Jogo <strong>de</strong> volei4. ( ) Corrida <strong>de</strong> motos5. ( ) Corrida <strong>de</strong> automóveis6. ( ) Jogo <strong>de</strong> basquete7. ( ) Disputas <strong>de</strong> natação8. ( ) Jogo <strong>de</strong> tênis9. ( ) Competições <strong>de</strong> atletismo10. ( ) Jogo <strong>de</strong> handbol11. ( ) Lutas: judô, caratê, vale-tu<strong>do</strong>, etc.12. ( ) Outro. Qual? ____________________(88) NS (99) NRLC.16) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você leu um livro, sem ser para escola?1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes (88) NS (99) NR


apêndice135LC.17) Qual tipo <strong>de</strong> literatura você mais gosta <strong>de</strong> ler? (Marcar apenas uma opção)1. ( ) Romance2. ( ) Autoajuda3. ( ) Religioso (incluin<strong>do</strong> a Bíblia)4. ( ) Ficção científica5. ( ) De Contos6. ( ) Quadrinhos7. ( ) Científico8. ( ) Outro. Qual? ____________________(88) NS (99) NRLC.18) Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes você foi ao teatro ou a um espetáculo <strong>de</strong> dança?1. ( ) nenhuma2. ( ) uma ou duas vezes3. ( ) três ou quatro vezes4. ( ) mais <strong>de</strong> quatro vezes(88) NS (99) NRLC.19) Afinal <strong>de</strong> contas, o que você costuma fazer no seu tempo livre (em que não esteja ocupa<strong>do</strong> trabalhan<strong>do</strong>ou estudan<strong>do</strong>, etc, inclusive em casa)?[Ler uma opção <strong>de</strong> cada vez, pausadamente. Po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma resposta]1. ( ) Assistir filmes em casa2. ( ) Assistir à televisão3. ( ) Jogar no computa<strong>do</strong>r ou no vi<strong>de</strong>o game (seja em casa ou não)4. ( ) Ficar na internet (bate-papo, sites <strong>de</strong> relacionamento, etc.)5. ( ) Praticar esportes (futebol, vôlei, natação, etc.) em clubes6. ( ) Praticar esportes na rua ou em casa7. ( ) Participar <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> música, dança, teatro, capoeira8. ( ) Participar <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> jovens da comunida<strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> grupos <strong>de</strong> jovensda igreja9. ( ) Ouvir música10. ( ) Ler11. ( ) Namorar12. ( ) Dormir/<strong>de</strong>scansar13. ( ) Jogar baralho14. ( ) Ir ao bar15. ( ) Outras. Quais? __________________________16. ( ) Nenhuma/Nada(88) NS (99) NR[a s p e r g u n ta s a s e g u i r s ã o a p e n a s pa r a q u e m e s t á e s t u d a n d o atualmente. c a s o o e n t r e v i s ta d o n ã o e s t e j an e e s c o l a, e n c e r r a r a a p l i c a ç ã o d o q u e s t i o n á r i o e a g r a d e c e r]


136<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisE.1) De quais das ativida<strong>de</strong>s abaixo você participa na escola?(Po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma resposta)1. ( ) Eventos esportivos ou times esportivos da escola2. ( ) Grupos <strong>de</strong> teatro3. ( ) Grupos <strong>de</strong> dança4. ( ) Grupos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>bates5. ( ) Gincanas6. ( ) Ativida<strong>de</strong>s religiosas7. ( ) Outra. Qual? ____________________________8. ( ) Minha escola não oferece nenhuma ativida<strong>de</strong>.9. ( ) Não participo <strong>de</strong> nenhuma das ativida<strong>de</strong>s oferecidas pela minha escola.(88) NS (99) NRE.2) Você está satisfeito com seu aprendiza<strong>do</strong> na escola?1. ( ) Estou satisfeito2. ( ) Estou pouco satisfeito3. ( ) Estou insatisfeito(88) NS (99) NRE.3) Em sua opinião, qual a sua <strong>de</strong>dicação às ativida<strong>de</strong>s na escola?1. ( ) Eu me <strong>de</strong>dico muito às ativida<strong>de</strong>s escolares2. ( ) Eu me <strong>de</strong>dico pouco às ativida<strong>de</strong>s escolares3. ( ) Eu quase não me <strong>de</strong>dico às ativida<strong>de</strong>s escolares(88) NS (99) NRE.4) Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a realida<strong>de</strong> socioeconômica sua e <strong>de</strong> sua família, até que série você acha que iráestudar durante toda sua vida?1. ( ) até o Ensino Fundamental2. ( ) até o Ensino Médio3. ( ) até o Superior (curso universitário)4. ( ) pós-graduação, mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>(88) NS (99) NRA PUC agra<strong>de</strong>ce a sua colaboração nesta pesquisa.


apêndice137Apêndice IIITabelas com resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> SurveyTabela 1 – Sexo <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Freqüência Percentual Percentual Váli<strong>do</strong> Percentualmasculino 161 46,0 46,0 46,0feminino 189 54,0 54,0 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 2 – Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent14 1 0,3 0,3 0,315 58 16,6 16,7 17,016 53 15,1 15,2 32,217 52 14,9 14,9 47,118 36 10,3 10,3 57,519 32 9,1 9,2 66,7Valid 20 25 7,1 7,2 73,921 30 8,6 8,6 82,522 22 6,3 6,3 88,823 17 4,9 4,9 93,724 21 6,0 6,0 99,734 1 0,3 0,3 100,0Total 348 99,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 2 0,6Total 350 100,0Tabela 3 – Esta<strong>do</strong> civil <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSolteiro (a) 293 83,7 84,4 84,4Casa<strong>do</strong> (a) 31 8,9 8,9 93,4Valid Amiga<strong>do</strong> (a),amasia<strong>do</strong> (a)22 6,3 6,3 99,7Separa<strong>do</strong> (a) nãooficialmente1 0,3 0,3 100,0Total 347 99,1 100,0Não sabe 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 2 0,6Total 3 0,9Total 350 100,0


138<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 4 – Cor <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNegra 82 23,4 24,1 24,1Branca 58 16,6 17,1 41,2Amarela (<strong>de</strong> origemoriental)4 1,1 1,2 42,4Valid Indígena 5 1,4 1,5 43,8Parda (mistura <strong>de</strong>negro e <strong>de</strong> branco189 54,0 55,6 99,4Outra mistura 2 0,6 0,6 100,0Total 340 97,1 100,0não sabe 1 0,3Missing não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 10 2,9Total 350 100,0Tabela 5 – Religião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentCatólica 155 44,3 44,5 44,5Evangélica ouProtestante130 37,1 37,4 81,9Valid Espírita 2 0,6 0,6 82,5Outra 7 2,0 2,0 84,5Nenhuma 54 15,4 15,5 100,0Total 348 99,4 100,0Missing não respon<strong>de</strong> 2 0,6Total 350 100,0ValidTabela 6 – Grau <strong>de</strong> InstruçãoFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentEnsino Fundamental 157 44,9 45,8 45,8Ensino Médio 175 50,0 51,0 96,8Supletivo <strong>de</strong> 1º Grau 1 0,3 0,3 97,1Supletivo <strong>do</strong> 2º Grau 1 0,3 0,3 97,4Técnico (profissionalizante)1 0,3 0,3 97,7Ensino Superior ou3º Grau (graduação)8 2,3 2,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


apêndice139Tabela 7 – Tem algum trabalho com o qual ganhe dinheiroFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 144 41,1 41,6 41,6Valid Não 202 57,7 58,4 100,0Total 346 98,9 100,0Missing não respon<strong>de</strong> 4 1,1Total 350 100,0ValidTabela 8 – Por que não está trabalhan<strong>do</strong> atualmenteFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentEstá <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>(a) 82 23,4 41,0 41,0Está afasta<strong>do</strong>(a) pormotivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>2 0,6 1,0 42,0Está afasta<strong>do</strong>(a) poroutro motivo3 0,9 1,5 43,5É pensionista 1 0,3 0,5 44,0É estudante 89 25,4 44,5 88,5Cuida <strong>do</strong>s afazeres<strong>do</strong>mésticos11 3,1 5,5 94,0Outra situação 12 3,4 6,0 100,0Total 200 57,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 150 42,9Total 350 100,0Tabela 9 – Trabalha em Ribeirão das Neves ou Belo HorizonteFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentRibeirão das Neves 74 21,1 50,3 50,3ValidBelo Horizonte 56 16,0 38,1 88,4Outro município 17 4,9 11,6 100,0Total 147 42,0 100,0Não se aplica 8 2,3MissingNão sabe 1 0,3Não respon<strong>de</strong> 194 55,4Total 203 58,0Total 350 100,0


140<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 10 – Trabalha em outro municípioFrequency Percent Valid Percent Cumulative Percent337 96,3 96,3 96,3Betim 1 0,3 0,3 96,6Valid Contagem 10 2,9 2,9 99,4Ouro Preto 1 0,3 0,3 99,7Vespasiano 1 0,3 0,3 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 11 – Renda familiar em média no mêsFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentAté 01 saláriomínimo66 18,9 23,8 23,8Mais <strong>de</strong> 01 até 02salários89 25,4 32,1 56,0Mais <strong>de</strong> 03 até 05salários58 16,6 20,9 76,9Valid Mais <strong>de</strong> 05 até 07salários48 13,7 17,3 94,2Mais 07 até 10salários14 4,0 5,1 99,3Mais <strong>de</strong> 10 até 15salários2 0,6 0,7 100,0Total 277 79,1 100,0Não sabe 6 1,7Missing Não respon<strong>de</strong> 67 19,1Total 73 20,9Total 350 100,0Tabela 12 – Qual é a renda mensal <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentAté 01 saláriomínimo94 26,9 60,3 60,3Mais <strong>de</strong> 01 até 02salários53 15,1 34,0 94,2Mais <strong>de</strong> 03 até 05Valid salários7 2,0 4,5 98,7Mais <strong>de</strong> 05 até 07salários1 0,3 0,6 99,4Mais 07 até 10salários1 0,3 0,6 100,0Total 156 44,6 100,0Não se aplica 4 1,1Missing Não respon<strong>de</strong> 190 54,3Total 194 55,4Total 350 100,0


apêndice141ValidTabela 13 – Tipo <strong>de</strong> residência <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentAlugada 44 12,6 12,6 12,6Própria já paga(<strong>do</strong>entrevista<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>alguém da família)Própria em pagamento(<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>ou <strong>de</strong> alguémda família274 78,3 78,7 91,413 3,7 3,7 95,1Cedida por familiares 17 4,9 4,9 100,0Total 348 99,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 2 0,6Total 350 100,0Tabela 14 – Número <strong>de</strong> pessoas que moram com entrevista<strong>do</strong>Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 1 0,3 0,3 0,31 34 9,7 9,7 10,02 70 20,0 20,0 30,03 78 22,3 22,3 52,34 82 23,4 23,4 75,7Valid 5 38 10,9 10,9 86,66 21 6,0 6,0 92,67 12 3,4 3,4 96,08 4 1,1 1,1 97,19 1 0,3 0,3 97,410 3 0,9 0,9 98,3Não respon<strong>de</strong> 6 1,7 1,7 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 15 – Mora com pai e mãeFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentValid Não 212 60,6 60,6 60,6Sim 138 39,4 39,4 100,0Total 350 100,0 100,0


142<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 16 – Mora somente com a mãeFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNão 240 68,6 68,6 68,6ValidSim 110 31,4 31,4 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 17 – Mora somente com o paiFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentValid Não 335 95,7 95,7 95,7Sim 15 4,3 4,3 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 18 – Mora com irmãosFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNão 127 36,3 36,3 36,3ValidSim 223 63,7 63,7 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 19 – Mora com o mari<strong>do</strong> ou a esposaFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNão 288 82,3 82,3 82,3ValidSim 62 17,7 17,7 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 20 – Mora com filha(s) e ou filho(s)Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNão 290 82,9 82,9 82,9ValidSim 60 17,1 17,1 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 21 – Mora com avó e ou avôFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNão 333 95,1 95,1 95,1ValidSim 17 4,9 4,9 100,0Total 350 100,0 100,0


apêndice143ValidMissingTabela 22 – Responsável por cuidar das crianças e a<strong>do</strong>lescentes da residênciaO pai e a mãe da(s)crianças oua<strong>do</strong>lescente(s)Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent23 6,6 8,6 8,6Somente o pai 17 4,9 6,3 14,9Somente a mãe 169 48,3 62,8 77,7Parentes mais próximos(avós e avôs,tios e tias <strong>de</strong> 1º grau)Parentes mais distantes(primos, tios e tias <strong>de</strong>2º grau)Emprega<strong>do</strong>s, vizinhosou amigos17 4,9 6,3 84,06 1,7 2,2 86,24 1,1 1,5 87,7Outro 33 9,4 12,3 100,0Total 269 76,9 100,0Não se aplica 16 4,6Não sabe 2 0,6Não respon<strong>de</strong> 63 18,0Total 81 23,1Total 350 100,0Tabela 23 – Responsável por cuidar das crianças e a<strong>do</strong>lescentes da residência – outra categoriaFrequency Percent Valid Percent Cumulative Percent324 92,6 92,6 92,6creche 1 0,3 0,3 92,9entrevistada 2 0,6 0,6 93,4Valid fica na rua 2 0,6 0,6 94,0irmão 13 3,7 3,7 97,7ninguém 7 2,0 2,0 99,7vizinha 1 0,3 0,3 100,0Total 350 100,0 100,0


144<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 24 – Tempo que resi<strong>de</strong> no bairro em anos?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentMenos <strong>de</strong> 1 ano 17 4,9 5,2 5,21 18 5,1 5,5 10,62 17 4,9 5,2 15,83 8 2,3 2,4 18,24 10 2,9 3,0 21,25 6 1,7 1,8 23,06 6 1,7 1,8 24,87 8 2,3 2,4 27,38 17 4,9 5,2 32,49 13 3,7 3,9 36,410 20 5,7 6,1 42,411 17 4,9 5,2 47,6Valid12 17 4,9 5,2 52,713 11 3,1 3,3 56,114 9 2,6 2,7 58,815 32 9,1 9,7 68,516 21 6,0 6,4 74,817 24 6,9 7,3 82,118 14 4,0 4,2 86,419 13 3,7 3,9 90,320 12 3,4 3,6 93,921 5 1,4 1,5 95,522 8 2,3 2,4 97,923 4 1,1 1,2 99,124 2 0,6 0,6 99,726 1 0,3 0,3 100,0Total 330 94,3 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 20 5,7Total 350 100,0Tabela 25 – Existem postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 330 94,3 96,5 96,5Valid Não 12 3,4 3,5 100,0Total 342 97,7 100,0Missing Não repon<strong>de</strong> 8 2,3Total 350 100,0


apêndice145Tabela 26 – Existe Conselho Tutelar no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 96 27,4 33,2 33,2Valid Não 193 55,1 66,8 100,0Total 289 82,6 100,0Não sabe 60 17,1Missing Não respon<strong>de</strong> 1 0,3Total 61 17,4Total 350 100,0Tabela 27 – Existe Sub-Regional da Prefeitura no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 150 42,9 50,5 50,5Valid Não 147 42,0 49,5 100,0Total 297 84,9 100,0Não sabe 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 52 14,9Total 53 15,1Total 350 100,0Tabela 28 – Existem creches públicas no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 241 68,9 72,2 72,2Valid Não 93 26,6 27,8 100,0Total 334 95,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 16 4,6Total 350 100,0Tabela 29 – Existem escolas públicas (municipais ou estaduais) no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 335 95,7 97,7 97,7Valid Não 8 2,3 2,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


146<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 30 – Existe parque com área ver<strong>de</strong> no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> moraFrequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 7 2,0 2,1 2,1Valid Não 327 93,4 97,9 100,0Total 334 95,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 16 4,6Total 350 100,0ValidMissingTabela 31 – Existem programas sociais <strong>do</strong> Governo (Prefeitura, Governo <strong>de</strong> Minas)no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 191 54,6 60,8 60,8Não 122 34,9 38,9 99,73 1 ,3 0,3 100,0Total 314 89,7 100,0Não sabe 2 ,6Não respon<strong>de</strong> 34 9,7Total 36 10,3Total 350 100,0ValidTabela 32 – Existem programas sociais priva<strong>do</strong>s (ONGs)no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 80 22,9 26,0 26,0Não 228 65,1 74,0 100,0Total 308 88,0 100,0Missing Não repon<strong>de</strong> 42 12,0Total 350 100,0ValidTabela 33 – Existem postos <strong>de</strong> atendimento da Polícia Militarno bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 211 60,3 62,2 62,2Não 128 36,6 37,8 100,0Total 339 96,9 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 11 3,1Total 350 100,0


apêndice147Tabela 34 – Existem policiais que fazem patrulhamento periódico no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 269 76,9 78,4 78,4Valid Não 74 21,1 21,6 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 35 – Existem quadras esportivas (que não seja da escola) no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 153 43,7 45,1 45,1Valid Não 186 53,1 54,9 100,0Total 339 96,9 100,0Não sabe 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 10 2,9Total 11 3,1Total 350 100,0Tabela 36 – Existem campos <strong>de</strong> futebol no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 248 70,9 72,1 72,1Valid Não 96 27,4 27,9 100,0Total 344 98,3 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 6 1,7Total 350 100,0Tabela 37 – Existe praça no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 140 40,0 40,8 40,8Valid Não 203 58,0 59,2 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


148<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 38 – Existe biblioteca (além da que há na escola) no bairro ou próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 74 21,1 22,0 22,0Valid Não 263 75,1 78,0 100,0Total 337 96,3 100,0Não sabe 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 12 3,4Total 13 3,7Total 350 100,0Tabela 39 – Utiliza ou utilizou os postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 291 83,1 85,1 85,1Valid Não 51 14,6 14,9 100,0Total 342 97,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 8 2,3Total 350 100,0Tabela 40 – Utiliza ou utilizou o Conselho Tutelar <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 14 4,0 5,6 5,6Valid Não 238 68,0 94,4 100,0Total 252 72,0 100,0Não se aplica 6 1,7Missing Não respon<strong>de</strong> 92 26,3Total 98 28,0Total 350 100,0Tabela 41 – Utiliza ou utilizou a Sub-Regional da Prefeitura <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 63 18,0 23,0 23,0Valid Não 211 60,3 77,0 100,0Total 274 78,3 100,0Não se aplica 2 0,6Missing Não respon<strong>de</strong> 74 21,1Total 76 21,7Total 350 100,0


apêndice149Tabela 42 – Utiliza ou utilizou as creches públicas <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 45 12,9 14,8 14,8Valid Não 259 74,0 85,2 100,0Total 304 86,9 100,0Não se aplica 2 0,6Missing Não respon<strong>de</strong> 44 12,6Total 46 13,1Total 350 100,0Tabela 43 – Estuda ou estu<strong>do</strong>u em escolas públicas <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 308 88,0 90,3 90,3Valid Não 33 9,4 9,7 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0Tabela 44 – Passeia ou já passeou no parque <strong>do</strong> bairro ou nas áreas próximas?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 40 11,4 28,2 28,2Valid Não 102 29,1 71,8 100,0Total 142 40,6 100,0Não se aplica 9 2,6Missing Não respon<strong>de</strong> 199 56,9Total 208 59,4Total 350 100,0Tabela 45 – Utiliza ou utilizou algum programa social <strong>do</strong> Governo (bolsa, ajuda financeira)?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 89 25,4 30,5 30,5Valid Não 203 58,0 69,5 100,0Total 292 83,4 100,0Não se aplica 4 1,1Missing Não respon<strong>de</strong> 54 15,4Total 58 16,6Total 350 100,0


150<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 46 – Utiliza ou utilizou programas sociais priva<strong>do</strong>s (ONGs)?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 38 10,9 15,9 15,9Valid Não 201 57,4 84,1 100,0Total 239 68,3 100,0Não se aplica 4 1,1Missing Não respon<strong>de</strong> 107 30,6Total 111 31,7Total 350 100,0Tabela 47 – Qual tipo <strong>de</strong> bolsa ou ajuda financeira recebe?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent287 82,0 82,0 82,0Valid bolsa família 53 15,1 15,1 97,1poupança Jovem 10 2,9 2,9 100,0Total 350 100,0 100,0Tabela 48 – Já precisou da Polícia Militar?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 101 28,9 29,7 29,7Valid Não 239 68,3 70,3 100,0Total 340 97,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 10 2,9Total 350 100,0Tabela 49 – Já usou a biblioteca?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 87 24,9 40,5 40,5Valid Não 128 36,6 59,5 100,0Total 215 61,4 100,0Não se aplica 2 0,6Missing Não respon<strong>de</strong> 133 38,0Total 135 38,6Total 350 100,0


apêndice151Tabela 50 – O bairro que resi<strong>de</strong> é muito violento?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentMuito calmo 9 2,6 2,6 2,6Calmo 148 42,3 43,0 45,6Valid Um pouco violento 160 45,7 46,5 92,2Muito violento 27 7,7 7,8 100,0Total 344 98,3 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 6 1,7Total 350 100,0ValidTabela 51 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses as condições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> bairro que resi<strong>de</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentMelhoraram muito 31 8,9 9,1 9,1Melhoraram umpouco134 38,3 39,3 48,4Permaneceram asmesmas145 41,4 42,5 90,9Pioraram umpouco19 5,4 5,6 96,5Pioraram muito 12 3,4 3,5 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não repon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0ValidMissingTabela 52 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses a violência no bairro on<strong>de</strong> mora?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentAumentou muito 24 6,9 7,1 7,1Aumentou umpouco58 16,6 17,1 24,2Permaneceu amesma123 35,1 36,3 60,5Diminuiu umpouco106 30,3 31,3 91,7Diminuiu muito 28 8,0 8,3 100,0Total 339 96,9 100,0Não sabe 2 0,6Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 11 3,1Total 350 100,0


152<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 53 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes foi furta<strong>do</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 297 84,9 86,6 86,61 27 7,7 7,9 94,52 8 2,3 2,3 96,8Valid 3 8 2,3 2,3 99,14 1 0,3 0,3 99,45 2 0,6 0,6 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 54 – Foi furta<strong>do</strong> no bairro em que resi<strong>de</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 3 ,9 7,0 7,0ValidSim 28 8,0 65,1 72,1Não 12 3,4 27,9 100,0Total 43 12,3 100,0Não se aplica 5 1,4Missing Não respon<strong>de</strong> 302 86,3Total 307 87,7Total 350 100,0Tabela 55 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes tentaram roubar você?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 321 91,7 94,1 94,11 14 4,0 4,1 98,2Valid2 4 1,1 1,2 99,43 1 0,3 0,3 99,75 1 0,3 0,3 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0


apêndice153Tabela 56 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes foi rouba<strong>do</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 313 89,4 91,3 91,31 22 6,3 6,4 97,7Valid2 6 1,7 1,7 99,43 1 0,3 0,3 99,74 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 57 – Se aconteceu, foi no bairro em que resi<strong>de</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 2 0,6 5,9 5,9ValidSim 16 4,6 47,1 52,9Não 16 4,6 47,1 100,0Total 34 9,7 100,0Não se aplica 5 1,4MissingNão sabe 1 0,3Não respon<strong>de</strong> 310 88,6Total 316 90,3Total 350 100,0Tabela 58 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes tentaram invadir sua casa?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 308 88,0 90,3 90,31 25 7,1 7,3 97,72 2 0,6 0,6 98,2Valid 3 4 1,1 1,2 99,44 1 0,3 0,3 99,75 1 0,3 0,3 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0


154<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 59 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses,quantas vezes invadiram sua casa?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 306 87,4 89,2 89,21 24 6,9 7,0 96,22 3 ,9 ,9 97,13 5 1,4 1,5 98,5Valid 4 1 0,3 0,3 98,85 1 0,3 0,3 99,17 2 0,6 0,6 99,715 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 60 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses alguém tentou agredir sexualmente? Quantas vezes?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 338 96,6 98,5 98,51 3 0,9 0,9 99,4Valid 2 1 0,3 0,3 99,73 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 61 – Nos últimos <strong>do</strong>zes meses foi agredi<strong>do</strong> sexualmente? Quantas vezes?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 339 96,9 98,8 98,81 2 0,6 0,6 99,4Valid 2 1 0,3 0,3 99,73 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


apêndice155Tabela 62 – Se aconteceu a agressão sexual foi no bairro em que resi<strong>de</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 1 0,3 11,1 11,1ValidSim 3 0,9 33,3 44,4Não 5 1,4 55,6 100,0Total 9 2,6 100,0Não se aplica 5 1,4Missing Não respon<strong>de</strong> 336 96,0Total 341 97,4Total 350 100,0Tabela 63 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, tentaram agredir você fisicamente? Quantas vezes?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 307 87,7 90,0 90,01 20 5,7 5,9 95,92 6 1,7 1,8 97,73 2 0,6 0,6 98,2Valid 4 1 0,3 0,3 98,55 1 0,3 0,3 98,86 1 0,3 0,3 99,110 3 0,9 0,9 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0Tabela 64 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses foi agredi<strong>do</strong> fisicamente? Quantas vezes?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 303 86,6 88,6 88,61 25 7,1 7,3 95,92 7 2,0 2,0 98,03 2 0,6 0,6 98,5Valid 4 1 0,3 0,3 98,85 1 0,3 0,3 99,110 2 0,6 0,6 99,7360 1 0,3 0,3 100,0Total 342 97,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 8 2,3Total 350 100,0


156<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 65 – Se aconteceu agressão, foi no bairro em que resi<strong>de</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 1 0,3 2,9 2,9ValidSim 27 7,7 79,4 82,4Não 6 1,7 17,6 100,0Total 34 9,7 100,0Não aplica 5 1,4Missing Não respon<strong>de</strong> 311 88,9Total 316 90,3Total 350 100,0Tabela 66 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses quantas vezes se machucou ou foi feri<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um assalto?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 332 94,9 96,2 96,2Valid1 8 2,3 2,3 98,62 5 1,4 1,4 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0Tabela 67 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes se machucou ou foi feri<strong>do</strong> por causa <strong>de</strong> uma violência sexual?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 343 98,0 99,4 99,4Valid1 1 0,3 0,3 99,73 1 0,3 0,3 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0Tabela 68 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes se machucou ou foi feri<strong>do</strong> por causa <strong>de</strong> uma agressão físicacometida por algum integrante <strong>do</strong> tráfico?ValidFrequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 341 97,4 98,8 98,81 3 0,9 0,9 99,73 1 0,3 0,3 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0


apêndice157Tabela 69 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes se machucou ou foi feri<strong>do</strong> por causa <strong>de</strong> uma briga?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 305 87,1 88,4 88,41 22 6,3 6,4 94,82 9 2,6 2,6 97,43 1 0,3 0,3 97,7Valid 4 2 0,6 0,6 98,35 3 0,9 0,9 99,110 2 0,6 0,6 99,7360 1 0,3 0,3 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0Tabela 70 – Teve algum parente assassina<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 3 0,9 0,9 0,9ValidSim 45 12,9 13,3 14,2Não 291 83,1 85,8 100,0Total 339 96,9 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 11 3,1Total 350 100,0Tabela 71 – Teve algum amigo assassina<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 2 0,6 0,6 0,6Sim 90 25,7 26,4 27,0Valid Não 247 70,6 72,4 99,410 2 0,6 0,6 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0


158<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 72 – Teve algum vizinho assassina<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 4 1,1 1,2 1,2Sim 69 19,7 20,2 21,4Valid Não 267 76,3 78,3 99,710 1 0,3 0,3 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0ValidTabela 73 – Quantas vezes o entrevista<strong>do</strong> foi vítima <strong>de</strong> tentativa<strong>de</strong> assassinato em Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 339 96,9 99,4 99,41 1 0,3 0,3 99,74 1 0,3 0,3 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0ValidTabela 74 – Quantas vezes parentes <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> foram vítimas <strong>de</strong> tentativa<strong>de</strong> assassinato em Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 311 88,9 90,7 90,71 26 7,4 7,6 98,32 4 1,1 1,2 99,45 1 0,3 0,3 99,78 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


apêndice159ValidTabela 75 – Quantas vezes amigos <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> foram vítimas <strong>de</strong> tentativa<strong>de</strong> assassinato em Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 305 87,1 89,2 89,21 16 4,6 4,7 93,92 9 2,6 2,6 96,53 2 0,6 0,6 97,14 3 0,9 0,9 98,05 5 1,4 1,5 99,48 1 0,3 0,3 99,710 1 0,3 0,3 100,0Total 342 97,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 8 2,3Total 350 100,0ValidTabela 76 – Quantas vezes vizinhos <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> foram vítimas <strong>de</strong> tentativa<strong>de</strong> assassinato em Ribeirão das Neves?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 306 87,4 89,2 89,21 22 6,3 6,4 95,62 4 1,1 1,2 96,83 5 1,4 1,5 98,34 3 0,9 0,9 99,15 2 0,6 0,6 99,710 1 0,3 0,3 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não repon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0Tabela 77 – Já usou ou experimentou bebida alcoólica?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 101 28,9 29,2 29,2Já experimentei 140 40,0 40,5 69,7Valid Já usei e não uso mais 30 8,6 8,7 78,3Uso 75 21,4 21,7 100,0Total 346 98,9 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 4 1,1Total 350 100,0


160<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 78 – Já usou ou experimentou cigarro?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 251 71,7 72,3 72,3Já experimentei 48 13,7 13,8 86,2Valid Já usei e não uso mais 17 4,9 4,9 91,1Uso 31 8,9 8,9 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0Tabela 79 – Já usou ou experimentou “loló”, lança perfume, solventes?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 329 94,0 94,8 94,8Já experimentei 16 4,6 4,6 99,4Valid Já usei e não uso mais 1 0,3 0,3 99,7Uso 1 0,3 0,3 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0Tabela 80 – Já usou ou experimentou maconha?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 319 91,1 91,9 91,9Já experimentei 21 6,0 6,1 98,0Valid Já usei e não uso mais 3 0,9 0,9 98,8Uso 4 1,1 1,2 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0Tabela 81 – Já usou ou experimentou cocaína?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 330 94,3 95,1 95,1ValidJá experimentei 12 3,4 3,5 98,6Já usei e não uso mais 5 1,4 1,4 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0


apêndice161Tabela 82 – Já usou ou experimentou crack?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 343 98,0 98,8 98,8Valid Já experimentei 4 1,1 1,2 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0Tabela 83 – Já usou ou experimentou droga sintética?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNunca usei 346 98,9 99,7 99,7Valid Já experimentei 1 0,3 0,3 100,0Total 347 99,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 350 100,0ValidTabela 84 – Tem algum tempo livre durante os dias da semana(<strong>de</strong> segunda a sexta)?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 281 80,3 81,2 81,2Não 65 18,6 18,8 100,0Total 346 98,9 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 4 1,1Total 350 100,0


162<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisValidTabela 85 – Quantas horas <strong>de</strong> tempo livre tem, aproximadamente,durante os dias da semana (<strong>de</strong> segunda a sexta)?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 2 0,6 0,7 0,71 7 2,0 2,4 3,12 19 5,4 6,6 9,83 16 4,6 5,6 15,44 20 5,7 7,0 22,45 11 3,1 3,8 26,26 5 1,4 1,7 28,07 4 1,1 1,4 29,48 6 1,7 2,1 31,59 2 0,6 0,7 32,210 9 2,6 3,1 35,312 10 2,9 3,5 38,815 21 6,0 7,3 46,216 2 0,6 0,7 46,918 2 0,6 0,7 47,620 49 14,0 17,1 64,724 8 2,3 2,8 67,525 11 3,1 3,8 71,330 20 5,7 7,0 78,334 1 0,3 0,3 78,735 5 1,4 1,7 80,440 20 5,7 7,0 87,442 2 0,6 0,7 88,148 1 0,3 0,3 88,550 3 0,9 1,0 89,560 13 3,7 4,5 94,170 1 0,3 0,3 94,472 1 0,3 0,3 94,890 2 0,6 0,7 95,5100 4 1,1 1,4 96,9120 9 2,6 3,1 100,0Total 286 81,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 64 18,3Total 350 100,0


apêndice163ValidMissingTabela 86 – Qual é a primeira pessoa com quem geralmente passa o tempo livre?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentPais 119 34,0 42,0 42,0Irmãos 27 7,7 9,5 51,6Filhos 35 10,0 12,4 64,0Mari<strong>do</strong> ou esposa 3 0,9 1,1 65,0Outros parentes(pirmos, tios, avós,etc.)15 4,3 5,3 70,3Namora<strong>do</strong>(a) 20 5,7 7,1 77,4Amigos <strong>do</strong> bairro 29 8,3 10,2 87,6Amigos <strong>de</strong> outrosbairros1 0,3 0,4 88,0Amigos da igreja 17 4,9 6,0 94,0Colegas <strong>de</strong> escola 2 0,6 0,7 94,7Sozinho 14 4,0 4,9 99,6Outro 1 0,3 0,4 100,0Total 283 80,9 100,0Não sabe 1 0,3Não respon<strong>de</strong> 66 18,9Total 67 19,1Total 350 100,0Tabela 87 – Tem algum tempo livre nos fins <strong>de</strong> semana?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentSim 309 88,3 91,7 91,7Valid Não 28 8,0 8,3 100,0Total 337 96,3 100,0Não se aplica 1 0,3MissingNão sabe 9 2,6Não respon<strong>de</strong> 3 0,9Total 13 3,7Total 350 100,0


164<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 88 – Quantas horas <strong>de</strong> tempo livre tem aproximadamentenos fins <strong>de</strong> semana (sába<strong>do</strong> e <strong>do</strong>mingo)?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 1 0,3 0,3 0,31 9 2,6 2,8 3,22 5 1,4 1,6 4,73 7 2,0 2,2 7,04 12 3,4 3,8 10,85 11 3,1 3,5 14,26 16 4,6 5,1 19,37 7 2,0 2,2 21,58 19 5,4 6,0 27,59 1 0,3 0,3 27,810 15 4,3 4,7 32,612 33 9,4 10,4 43,014 5 1,4 1,6 44,6Valid15 3 0,9 0,9 45,616 4 1,1 1,3 46,818 3 0,9 0,9 47,820 10 2,9 3,2 50,922 1 0,3 0,3 51,323 1 0,3 0,3 51,624 43 12,3 13,6 65,228 1 0,3 0,3 65,529 2 0,6 0,6 66,130 2 0,6 0,6 66,836 4 1,1 1,3 68,040 4 1,1 1,3 69,348 97 27,7 30,7 100,0Total 316 90,3 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 34 9,7Total 350 100,0


apêndice165ValidMissingTabela 89 – Com quem, geralmente, passa o tempo livre nos fins <strong>de</strong> semana?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentPais 151 43,1 47,8 47,8Irmãos 18 5,1 5,7 53,5Filhos 37 10,6 11,7 65,2Mari<strong>do</strong> ou esposa 10 2,9 3,2 68,4Outros parentes(primos, tios, avós, etc.)12 3,4 3,8 72,2Namora<strong>do</strong>(a) 38 10,9 12,0 84,2Amigos <strong>do</strong> bairro 38 10,9 12,0 96,2Amigos <strong>de</strong> outrosbairros2 0,6 0,6 96,8Amigos da igreja 4 1,1 1,3 98,1Colegas <strong>de</strong> escola 1 0,3 0,3 98,4Sozinho 5 1,4 1,6 100,0Total 316 90,3 100,0Não se aplica 1 0,3Não respon<strong>de</strong> 33 9,4Total 34 9,7Total 350 100,0Tabela 90 – De um mês para cá, quantas vezes praticou algum esporte como opção <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 197 56,3 57,3 57,3Uma ou duas vezes 31 8,9 9,0 66,3Valid Três ou quatro vezes 22 6,3 6,4 72,7Mais <strong>de</strong> quatro vezes 94 26,9 27,3 100,0Total 344 98,3 100,0Não se aplica 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 6 1,7Total 350 100,0


166<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisTabela 91 – De um mês para cá, quantas vezes saiu para se divertir?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 124 35,4 36,4 36,4Uma ou duas vezes 100 28,6 29,3 65,7Valid Três ou quatro vezes 38 10,9 11,1 76,8Mais <strong>de</strong> quatro vezes 79 22,6 23,2 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0ValidTabela 92 – Com quem sai para se divertir?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentPais 57 16,3 17,1 17,1Irmãos 26 7,4 7,8 24,9Filhos 33 9,4 9,9 34,8Mari<strong>do</strong> ou esposa 21 6,0 6,3 41,1Outros parentes (primos,tios, avós, etc.)25 7,1 7,5 48,6Namora<strong>do</strong>(a) 52 14,9 15,6 64,3Amigos <strong>do</strong> bairro 90 25,7 27,0 91,3Amigos <strong>de</strong> outrosbairros9 2,6 2,7 94,0Amigos da igreja 7 2,0 2,1 96,1Colegas <strong>de</strong> escola 7 2,0 2,1 98,2Amigos <strong>do</strong> trabalho 1 0,3 0,3 98,5Sozinho 5 1,4 1,5 100,0Total 333 95,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 17 4,9Total 350 100,0Tabela 93 – Nos últimos meses, quantas vezes foi ao cinema?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 218 62,3 63,6 63,6Uma ou duas vezes 80 22,9 23,3 86,9Valid Três ou quatro vezes 19 5,4 5,5 92,4Mais <strong>de</strong> quatro vezes 26 7,4 7,6 100,0Total 343 98,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 7 2,0Total 350 100,0


apêndice167Tabela 94 – Qual é o tipo <strong>de</strong> filme que mais gosta <strong>de</strong> ver no cinema?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentAção 113 32,3 33,7 33,7Comédia 72 20,6 21,5 55,2Filmes românticos 21 6,0 6,3 61,5Ficção científica 5 1,4 1,5 63,0Drama 3 0,9 0,9 63,9Suspense 4 1,1 1,2 65,1Valid Terror 45 12,9 13,4 78,5Bangue-bangue 1 0,3 0,3 78,8Desenho/animação 6 1,7 1,8 80,6Nunca foi ao cinema 47 13,4 14,0 94,6Amigos <strong>do</strong> trabalho 17 4,9 5,1 99,7Outro 1 0,3 0,3 100,0Total 335 95,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 15 4,3Total 350 100,0Tabela 95 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes foi a um show <strong>de</strong> música?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 187 53,4 54,2 54,2Uma ou duas vezes 84 24,0 24,3 78,6Valid Três ou quatro vezes 32 9,1 9,3 87,8Mais <strong>de</strong> quatrovezes42 12,0 12,2 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0


168<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisValidTabela 96 – Qual é tipo <strong>de</strong> música <strong>de</strong> que mais gosta?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentRock 39 11,1 11,6 11,6Samba ou pago<strong>de</strong> 64 18,3 19,1 30,7MPB 4 1,1 1,2 31,9Dance music 8 2,3 2,4 34,3Som pesa<strong>do</strong> (ex: heavyou trash metal, punk,hardcore, industr1 0,3 0,3 34,6Axé 12 3,4 3,6 38,2Sertaneja 23 6,6 6,9 45,1Romântica 14 4,0 4,2 49,3Funk 78 22,3 23,3 72,5Clássica 1 0,3 0,3 72,8Gospel/Evangélica 36 10,3 10,7 83,6Outro 55 15,7 16,4 100,0Total 335 95,7 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 15 4,3Total 350 100,0Tabela 97 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes foi a eventos esportivos?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 227 64,9 65,8 65,8Uma ou duas vezes 49 14,0 14,2 80,0Valid Três ou quatro vezes 29 8,3 8,4 88,4Mais <strong>de</strong> quatro vezes 40 11,4 11,6 100,0Total 345 98,6 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 5 1,4Total 350 100,0


apêndice169ValidTabela 98 – Qual é tipo <strong>de</strong> evento esportivo que mais gosta <strong>de</strong> assistir?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentJogo <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong>campo187 53,4 58,1 58,1Jogo <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong>quadra9 2,6 2,8 60,9Jogo <strong>de</strong> vôlei 60 17,1 18,6 79,5Corrida <strong>de</strong> motos 9 2,6 2,8 82,3Corrida <strong>de</strong> automóveis10 2,9 3,1 85,4Jogo <strong>de</strong> basquete 6 1,7 1,9 87,3Disputa <strong>de</strong> natação 4 1,1 1,2 88,5Jogo <strong>de</strong> tênis 2 0,6 0,6 89,1Jogo <strong>de</strong> han<strong>de</strong>bol 1 0,3 0,3 89,4Lutas: judô, caratê,vale-tu<strong>do</strong>, etc.5 1,4 1,6 91,0Outro 29 8,3 9,0 100,0Total 322 92,0 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 28 8,0Total 350 100,0Tabela 99 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes leu um livro sem ser para escola?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentValidNenhuma 169 48,3 48,8 48,8Uma ou duas vezes 94 26,9 27,2 76,0Três ou quatro vezes 24 6,9 6,9 82,9Mais <strong>de</strong> quatro vezes 59 16,9 17,1 100,0Total 346 98,9 100,0Missing Não respon<strong>de</strong>u 4 1,1Total 350 100,0


170<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisValidMissingTabela 100 – Qual é o tipo <strong>de</strong> literatura <strong>de</strong> que mais gosta?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentRomance 95 27,1 30,3 30,3Auto-ajuda 13 3,7 4,1 34,4Religioso (incluin<strong>do</strong>a Bíblia)37 10,6 11,8 46,2Ficção científica 16 4,6 5,1 51,3De Contos 22 6,3 7,0 58,3Quadrinhos 28 8,0 8,9 67,2Científico 6 1,7 1,9 69,1Outro 97 27,7 30,9 100,0Total 314 89,7 100,0Não se aplica 1 0,3Não sabe 2 0,6Não respon<strong>de</strong> 33 9,4Total 36 10,3Total 350 100,0ValidTabela 101 – Qual o tipo <strong>de</strong> literatura <strong>de</strong> que mais gosta? OutroFrequency Percent Valid Percent Cumulative Percent312 89,1 89,1 89,1Ação 1 0,3 0,3 89,4Aventura 1 0,3 0,3 89,7Contemporâneo 1 0,3 0,3 90,0História <strong>de</strong> celebrida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> Brasil1 0,3 0,3 90,3História e ciência 1 0,3 0,3 90,6Livros da escola 1 0,3 0,3 90,9Livros <strong>de</strong> dança 1 0,3 0,3 91,1Não gosta <strong>de</strong> ler 15 4,3 4,3 95,4Não sabe ler 1 0,3 0,3 95,7Não tem preferência 2 0,6 0,6 96,3Poesia 5 1,4 1,4 97,7Policial 1 0,3 0,3 98,0Revistas 3 0,9 0,9 98,9Suspense 2 0,6 0,6 99,4Tecnologia 1 0,3 0,3 99,7To<strong>do</strong>s 1 0,3 0,3 100,0Total 350 100,0 100,0


apêndice171Tabela 102 – Nos últimos <strong>do</strong>ze meses, quantas vezes foi ao teatro ou a um espetáculo <strong>de</strong> dança?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentNenhuma 241 68,9 70,7 70,7Uma ou duas vezes 77 22,0 22,6 93,3Valid Três ou quatro vezes 10 2,9 2,9 96,2Mais <strong>de</strong> quatro vezes 13 3,7 3,8 100,0Total 341 97,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 9 2,6Total 350 100,0Tabela 103 – Outra opção que costuma fazer no tempo livre?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentOuvir música 339 96,9 96,9 96,9Andar 1 0,3 0,3 97,1Conversar na rua 1 0,3 0,3 97,4Festa, churrasco e clube 1 0,3 0,3 97,7Ficar na rua 1 0,3 0,3 98,0ValidIgreja 1 0,3 0,3 98,3Ir para Sítio 1 0,3 0,3 98,6Jiu-Jitsu 1 0,3 0,3 98,9Jogar bola em quadra 1 0,3 0,3 99,1pescar 1 0,3 0,3 99,4Telefone 1 0,3 0,3 99,7Tocar violão 1 0,3 0,3 100,0Total 350 100,0 100,0


172<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisValidTabela 104 – De quais ativida<strong>de</strong>s participa na escola?Frequency Percent Valid Percent Cumulative PercentEventos esportivos outimes esportivos daescola56 16,0 47,9 47,9Grupos <strong>de</strong> teatro 1 0,3 0,9 48,7Grupo <strong>de</strong> dança 8 2,3 6,8 55,6Grupos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ou<strong>de</strong>bates16 4,6 13,7 69,2Gincanas 7 2,0 6,0 75,2Ativida<strong>de</strong>s religiosas 1 0,3 0,9 76,1Minha escola não oferecenenhuma ativida<strong>de</strong>11 3,1 9,4 85,5Não participo <strong>de</strong>nenhuma das ativida<strong>de</strong>soferecidas pela minhaescola17 4,9 14,5 100,0Total 117 33,4 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 233 66,6Total 350 100,0Tabela 105 – Está satisfeito com o aprendiza<strong>do</strong> na escola?Frequency Percent Valid PercentCumulativePercentEstou satisfeito 94 26,9 65,7 65,7ValidEstou pouco satisfeito 31 8,9 21,7 87,4Estou insatisfeito 18 5,1 12,6 100,0Total 143 40,9 100,0Não sabe 1 0,3Missing Não respon<strong>de</strong> 206 58,9Total 207 59,1Total 350 100,0


apêndice173ValidMissingTabela 106 – Dedica-se às ativida<strong>de</strong>s escolares?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 5 1,4 3,3 3,3Eu me <strong>de</strong>dico muito àsativida<strong>de</strong>s escolaresEu me <strong>de</strong>dico poucoàs ativida<strong>de</strong>s escolares66 18,9 43,7 47,070 20,0 46,4 93,4Eu quase não me<strong>de</strong>dico muito às ativida<strong>de</strong>sescolares10 2,9 6,6 100,0Total 151 43,1 100,0Não se aplica 1 0,3Não respon<strong>de</strong> 198 56,6Total 199 56,9Total 350 100,0ValidTabela 107 – Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a realida<strong>de</strong> sociofamiliar, até qual série preten<strong>de</strong>3 estudar?Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent0 15 4,3 9,5 9,5Até o Ensino Fundamental2 0,6 1,3 10,8Até o Ensino Médio 51 14,6 32,3 43,0Até o superior 62 17,7 39,2 82,3Pós-graduação,mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>28 8,0 17,7 100,0Total 158 45,1 100,0Missing Não respon<strong>de</strong> 192 54,9Total 350 100,0


174<strong>Pensan<strong>do</strong></strong> <strong>sobre</strong> políticas públicas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> para juventu<strong>de</strong>s em contextos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social:Contribuições a partir <strong>de</strong> pesquisa em Ribeirão das Neves/Minas GeraisAPÊNDICE IVRoteiro das entrevistas com gestores e li<strong>de</strong>ranças comunitáriasDia da entrevista:Realizada por:I – Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>Nome:Em que órgão trabalha? Qual é seu cargo? Há quanto tempo trabalha no local?II – Caracterização da instituição• O que a instituição faz; atribuições.• Qual é a função da instituição?• Quantas pessoas são atendidas pela instituição em que trabalha, e qual é a faixaetária?• Qual é a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> trabalho utilizada?• Como a instituição exerce seu papel junto à comunida<strong>de</strong>?• O que é <strong>lazer</strong> para você?• Quais são os serviços e programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> ofereci<strong>do</strong>s pela instituição ao jovens queresi<strong>de</strong>m na cida<strong>de</strong>?• Como você avalia a relação da comunida<strong>de</strong> com os serviços e programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>disponíveis na cida<strong>de</strong>?• On<strong>de</strong> acontecem estas ações propostas?• Qual é a estrutura (física, material e <strong>de</strong> pessoal) disponível para a atuação <strong>do</strong>s agentesperante os jovens?• Como os profissionais são prepara<strong>do</strong>s tecnicamente para trabalhar com os jovens?• Agora vamos falar <strong>do</strong> <strong>lazer</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma geral. Existem equipamentos <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> nacida<strong>de</strong>? Quais são eles e como são utiliza<strong>do</strong>s?• Eles estão a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para o uso <strong>do</strong>s jovens? Se, não, o que po<strong>de</strong>ria ser feito para tornálosmais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ao público pretendi<strong>do</strong>?• Quais os limites encontra<strong>do</strong>s pelos jovens resi<strong>de</strong>ntes em Ribeirão das Neves em relaçãoàs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>lazer</strong>?• Como você acha que ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> po<strong>de</strong>m contribuir para o afastamento <strong>do</strong>s jovensdas situações <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>?


apêndice175• Quais as ações, em sua opinião, po<strong>de</strong>riam ser feitas para que isso aconteça?• Quais as ações <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que já acontecem na cida<strong>de</strong>, que você consi<strong>de</strong>ra que alcançamos objetivos propostos?• Quais as ações <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que já acontecem na cida<strong>de</strong> que você consi<strong>de</strong>ra que po<strong>de</strong>riamser otimizadas?• De qual forma?• Quais as ações <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> que já acontecem e em sua opinião não alcançam os objetivosque são propostos? Por quê?• Com quais ações ou programas <strong>de</strong> <strong>lazer</strong> você acha que os jovens resi<strong>de</strong>ntes em Ribeirãoda Neves gostariam <strong>de</strong> ser contempla<strong>do</strong>s?• Que recomendações e sugestões você gostaria <strong>de</strong> fazer para a implantação <strong>de</strong> um projeto<strong>de</strong> ações voltadas ao <strong>lazer</strong> em Ribeirão das Neves?


176SOBRE OS AUTORESAnd e r s o n Bat i s ta Co e l h oMestran<strong>do</strong> no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da InformaçãoEspacial – na Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais. Gradua<strong>do</strong> em Geografiae análise ambiental pelo Centro Universitário <strong>de</strong> Belo Horizonte – UNI-BH (2005).Professor <strong>de</strong> Geografia <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais em Ribeirão das Neves.http://lattes.cnpq.br/5505678622394217Du va l Ma g a l h ã e s Fe r n a n d e sGraduação em Ciências Econômicas pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais(1975). Especialização em Demographie pela Universite Catholique <strong>de</strong> Louvain (1982).Especialização em Stage <strong>de</strong> Formation Intensive En Demographie Histor pela École <strong>de</strong>sHautes Étu<strong>de</strong>s en Sciences Sociales (1981). Mestra<strong>do</strong> em Economia pela Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (1977). Doutora<strong>do</strong> em Demografia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Minas Gerais (1987) e Pós-Doutora<strong>do</strong> pelo Instituto Univesitario <strong>de</strong> Investigación OrtegaY Gasset (2007). Atualmente é professor adjunto III da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica<strong>de</strong> Minas Gerais e professor visitante da Universida<strong>de</strong> Peruana Cayetano Heredia.Ma r i a Jo s é Go n t i j o Sa l u mGraduação em Psicologia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (1987). Mestra<strong>do</strong>em Psicologia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (2001). Doutora<strong>do</strong> em TeoriaPsicanalítica pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro com Estu<strong>do</strong>s Aprofunda<strong>do</strong>s naUniversida<strong>de</strong> Paris-8, França (2009). Professora adjunta III da Pontifícia Universida<strong>de</strong>Católica <strong>de</strong> Minas Gerais. Membro <strong>do</strong> Conselho Técnico <strong>do</strong> Instituo da Criança e <strong>do</strong>A<strong>do</strong>lescente (ICA) da Pró-Reitoria <strong>de</strong> Extensão da PUC Minas.Pat r í c i a Zi n g o n iMestre em Educação pela Universida<strong>de</strong> São Marcos/SP (2002). Especialista emelaboração e avaliação <strong>de</strong> projetos sociais. Professora da PUC Minas, atualmente cedidapara o Ministério <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> – Governo Fe<strong>de</strong>ral. Membro <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Educação Física, <strong>Esporte</strong> e Lazer – PUC Minas. e-mail: zingoni@terra.com.brVâ n i a No r o n h a (Vânia <strong>de</strong> Fátima Noronha Alves) – Organiza<strong>do</strong>raGraduada em Educação Física pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (1984).Doutora em Educação pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (2008). Mestre em Educaçãopela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (1999). Especialista em Lazer e emEducação Física Escolar. Professora no curso <strong>de</strong> graduação em Educação Física da PUCMinas. Professora em cursos <strong>de</strong> especialização em Lazer e Educação Física Escolar.Consultora em Educação Física e Lazer. http://lattes.cnpq.br/8204363161954095, e-mail:vaninhanoronha@yahoo.com.br

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