para quais é derivada ou mesmo indefinida? Baker observa que,tradicionalmente, a morfologia derivacional é vista como uma forma derelacionar palavras a outras palavras, em oposição à morfologia flexional,concebida como aquela que determina diferentes formas de uma mesmapalavra, sem envolver mudanças de categoria. Essa divisão implica outraseparação: o que é produzido na sintaxe e o que é produzido no léxico. Aexistência de dois lugares diferentes para a formação de palavras, no entanto,é pressuposto de teorias de orientação lexicalista, que assumem determinadadivisão do trabalho entre os componentes da gramática. Essas teorias já foramdesafiadas por teorias sintáticas para a formação de palavras, como serádiscutido na próxima sessão.O estudo da formação dos adjetivos em –vel vincula-se, assim, adiversas questões, entre elas, a categorização das bases para a sufixação e acontribuição da base e do sufixo para a interpretação semântica do adjetivoformado. Esses temas são discutidos ao longo deste artigo, que apresenta aseguinte estrutura: após esta breve introdução, a seção 2 apresenta diferentesteorias, de orientação lexicalista e sintática, para a formação de palavras; aseção 3, apresenta uma discussão sobre os adjetivos em –able e –vel,enfocando as diferentes propostas de análise para esse tipo de formação, emtermos de uma estrutura passiva e causativa perifrástica; a seção 4 apresentaas considerações finais; por fim, seguem as referências bibliográficas.2 Diferentes orientações teóricas para a formação de palavrasTradicionalmente tido como o berço do Lexicalismo, o clássico artigoRemarks on nominalization, de Chomsky (1970), aborda as nominalizações doinglês. O autor observa que, tanto os nominais gerundivos, em (4), quanto osnominais derivados, em (5), são relacionados à sentença John has refused theoffer (“João recusou a oferta”), mas cada uma dessas nominalizaçõesapresenta peculiaridades.(4) John’s refusing the offer(5) John’s refusal of the offerChomsky (1970, p. 187) destaca que a relação de sentido entre onominal gerundivo e a proposição que lhe dá origem é regular, e o nominalgerundivo não apresenta a estrutura interna de um NP (Noun Phrase); já os_____________________________________________________Anais do 10º Encontro de Letras da UCB – ISSN: 2175-6686Os textos são de inteira responsabilidade dos autores.36
nominais derivados apresentam produtividade restrita e a estrutura interna deum NP. Por essa razão, as nominalizações gerundivas estariam associadas auma transformação gramatical, ao contrário dos nominais derivados.Apesar de ser considerado o berço do Lexicalismo, o artigo de Chomsky(1970) é interpretado por Marantz (1997, p. 9) como o precursor de teoriassintáticas para a formação de palavras. O autor chama a atenção para o fatode que Chomsky (1970) não propõe regras lexicais especiais, mas umaextensão das regras de base para acomodar os nominais derivadosdiretamente. Segundo Marantz (1997, p. 9), essa ideia é compatível com ainterpretação de que os nominais derivados não são verbos em nenhumestágio da derivação, por isso não são transformações relacionadas a umasentença, estando antes relacionados a um ambiente nominal. Como serádiscutido mais adiante, essa é uma das ideias desenvolvidas pelo Modelo daMorfologia Distribuída sobre a realização das categorias, que não seriaminerentes aos itens lexicais, mas criadas em ambientes verbais, nominais ouadjetivais.Na literatura, estão presentes teorias que postulam a existência de umcomponente lexical na estrutura da gramática, responsável pelos fenômenosno nível da palavra, e teorias que assumem mecanismos sintáticos para aformação de palavras. O Quadro 1, a seguir, apresenta um panorama dessasteorias. 8Quadro 1. Tendências TéoricasHipótese LexicalistaForteAs palavras são criadasno léxico por meio deregras diferentes dasregras da sintaxe –palavras são unidadesatômicas que a sintaxenão pode penetrar.Di Sciullo e Williams(1987).Hipótese LexicalistaFracaA Derivação ocorre noléxico por meio de regrasde derivação, e a Flexãoocorre na sintaxe pormeio de regras dasintaxe.Aronoff (1976), Wasow(1977).Hipótese SintáticaForteToda a formação depalavras, incluindo aflexão e a derivação,ocorre na sintaxe pormeio de regras dasintaxe.Halle e Marantz (1993),Marantz (1997, 2001).8Adaptado de Marvin (2003, p. 11)._____________________________________________________Anais do 10º Encontro de Letras da UCB – ISSN: 2175-6686Os textos são de inteira responsabilidade dos autores.37
- Page 1 and 2: ANAIS DO10º ENCONTRO DE LETRASDA U
- Page 3 and 4: PROGRAMAÇÃODia 23 de outubro8:30
- Page 5 and 6: SUMÁRIORESUMOSPronomes de tratamen
- Page 7 and 8: TEXTOS COMPLETOSPronomes de tratame
- Page 9 and 10: PROJETO DE EXTENSÃO - O CINEMA COM
- Page 11 and 12: FORMAÇÕES ADJETIVAS EM -VEL E -AB
- Page 13 and 14: FAZENDO SENTIDO NA AUSÊNCIA DE SEN
- Page 15 and 16: ESTUDO LINGUÍSTICO NA CULTURA POPU
- Page 17 and 18: A ÁREA DA ESQUERDA EM SINTAGMAS NO
- Page 20 and 21: O PORTUGUÊS BRASILEIRO: SUA HISTÓ
- Page 22 and 23: OS PRONOMES DE TRATAMENTO E SUAS DI
- Page 24 and 25: 2 Ensino como Língua Estrangeira X
- Page 26 and 27: 4.1.1 Pronome de tratamento na lín
- Page 28 and 29: no Brasil apresentando para um grup
- Page 30 and 31: Quadro 3. Situação atual dos pron
- Page 32 and 33: para surdos: caminhos para a práti
- Page 34 and 35: discuss adjectives formed by the su
- Page 38 and 39: Di Sciullo e Williams propõem a se
- Page 40 and 41: o seu significado determinado, e a
- Page 42 and 43: O argumento definitivo de Wasow (19
- Page 44 and 45: c. raízes + -able: viable, soluble
- Page 46 and 47: Quanto ao fenômeno da extensão de
- Page 48 and 49: proporciona conforto físico, comod
- Page 50 and 51: porque há casos em que, de forma c
- Page 52 and 53: BASÍLIO, M. Teoria Lexical. São P
- Page 54 and 55: FAZENDO SENTIDO NA AUSÊNCIA DE SEN
- Page 56 and 57: em esclarecer certos termos levanta
- Page 58 and 59: mais atento também logo entende o
- Page 60 and 61: verdes perdidos guinchavam. Já hav
- Page 62 and 63: palavras nada tem a acrescentar. Um
- Page 64 and 65: Outra questão relacionada aos sere
- Page 66 and 67: CARROLL, L. Alice: edição comenta
- Page 68 and 69: He went galumphing back.‘And, has
- Page 70 and 71: AS TOADAS DE BUMBA-MEU-BOI: SOCIABI
- Page 72 and 73: passar do tempo os grupos de Orques
- Page 74 and 75: fortalece; o que culmina no desapar
- Page 76 and 77: Nos encontros dos bois, fica eviden
- Page 78 and 79: cometendo equívocos; o segundo gru
- Page 80 and 81: Considerações finaisEmbora seja u
- Page 82 and 83: A SENHORA NOÉ: UMA ARCA GUIADA POR
- Page 84 and 85: do dilúvio, que consta no Antigo T
- Page 86 and 87:
concepção, um simples receptácul
- Page 88 and 89:
se consolidar uma nova produção t
- Page 90 and 91:
Mundial e ao entreguerras (nesse pe
- Page 92 and 93:
litania tradicional, então, ela se
- Page 94 and 95:
das mulheres, espreitando seu corpo
- Page 96 and 97:
pelo processo de nascimento, atrave
- Page 98 and 99:
e eu adoto seu bebê. Esse pensamen
- Page 100 and 101:
usca entender “a psicodinâmica d
- Page 102 and 103:
prosaico, insignificante. Assim, ro
- Page 104 and 105:
_______. A Piece of the Night. Lond
- Page 106 and 107:
O ‘EU’ E SEU TRATAMENTO SEMÂNT
- Page 108 and 109:
contextual - a princípio, o refere
- Page 110 and 111:
quais os falantes se apoiam ao usar
- Page 112 and 113:
Com a primeira dessas ideias, Kapla
- Page 114 and 115:
seguinte recado num pedaço de pape
- Page 116 and 117:
amificações bem interessantes, ma
- Page 118 and 119:
(1993), adaptado abaixo. Imagine um
- Page 120 and 121:
como comentário sobre o desempenho
- Page 122 and 123:
(18) Onde você está estacionado?O
- Page 124 and 125:
precisamos para analisar os fenôme
- Page 126 and 127:
KRATZER, A. Minimal Pronouns: Fake
- Page 128:
AGRADECIMENTOSREALIZAÇÃOOutubro20