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PDF - Hemeroteca Digital

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- 18-As crec/1es provençais com seus sanloun (1), os presépiosdos nossos barristas, sao marcos da passagemda adoraçao da Natividade, como o são os paineisque representam o mesmo scenário.O século XVIII veio dar, pelo seu espfrito pueril, omeio necessário à superabundância da arte do barro.O presépio, de aristocrático que era no seu porte eimponência, passou por isso a democratizar-se, a pôr­-se ao alcance de todos e a representar todos entreas multidões de adoradores da grula de Belém.O presépio setecentista reflectia o meio social. J1\o afirmei em Os barristas portugueses, e repito-o:"A aparência era tudo que se pedia. Dentro das ,consciências estava o vácuo. A religião dera a moda 11da descrença, com um scepticismo elegante, que transformavaa fé em espectáculo, e impunha à religião a 1vistosidade brilhante da ópera. Vivia a sociedade umum permanente serao de Versalhes. Em volta, era tudofrágil, superficial, sem duraçao como no scenáriode um palco em récila de grande espectáculo. O barro,com a sua fragilidade, a rapidez do seu trabalho,era a espuma da arte, coadunável com a espuma davida de enlao. O presépio com a sua pompa, o luxode o ter, o brilho de composições ricas de côr e demovimento, cheio de figuras que nao podiam ser grandese deviam de ser muitas, aproveitando o espaço ea fantasia, seria reclamado como necessidade própriado tempo de religiao luxuosa" (2).A paganização do espectáculo formoso, perdida asingeleza primitiva, consentia as mais exlravaganlesscenas dentro do presépio. Se êste admitia a maior(1) Ch. de Oalinowicz, Arl prove11çal 1 Nancy, cap. XIV; ElaéardRougiel', Pefite lristoire des santo1111, Mnrselha, 1912.(2) Obra cil. págs. 6 e 7.

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