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GEOGRAFIA ESCOLAR - Associação Portuguesa de Geógrafos

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74 Inforgeo 15 – Educação Geográficaprio itinerário apoiando-se nas perspectivas epistemológicas, nos métodos enas técnicas que julgue mais a<strong>de</strong>quadas. Num contexto <strong>de</strong> relativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>múltiplas referências e <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> metanarrativas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dopercurso <strong>de</strong>finido, o que importa é que este nos conduza a bom porto e nofinal possamos dizer que a viagem realizada valeu a pena. Neste sentido, oobjectivo da nossa reflexão não po<strong>de</strong>ria ser outro que o <strong>de</strong> procurar forneceralgumas pistas sobre «como olhar para o mundo», na expectativa <strong>de</strong> que asua leitura possa marcar significativamente as práticas quotidianas dos alunos.Isto é, <strong>de</strong>senvolver algumas i<strong>de</strong>ias que, quando postas em prática, permitamaos alunos mobilizar os conhecimentos e o saber-fazer geográficos naresolução dos seus problemas e assim encontrem sentido e utilida<strong>de</strong> na geografiaescolar.Até agora temo-nos preocupado em <strong>de</strong>masia com os conteúdos e objectivosdos programas, refugiando-nos, frequentemente, na sua pretensa falta<strong>de</strong> pertinência e <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quação para justificar o <strong>de</strong>sinteresse dos alunos, equando não mesmo para explicar a crise que hoje a disciplina atravessa nomeio escolar. No entanto, embora se reconheça que a solução do problemapassa, em gran<strong>de</strong> medida, por uma maior implicação dos alunos na suaaprendizagem, na nossa opinião esta dificilmente será conseguida através daconstante actualização dos conteúdos, como as sucessivas reorganizaçõesdos programas <strong>de</strong>ixam transparecer. Se os alunos gostassem daquilo que selhes ensina o problema estaria resolvido. Nesse momento teríamos <strong>de</strong>scobertoo caminho que tanto procuramos, mas muito provavelmente ter-nos--íamos também apercebido que os conteúdos pouco importam ou queaqueles que se encontram nos programas em vigor são perfeitamenteconvenientes. Porém, não é isso que acontece ou, apesar do espírito inovadorda recente reorganização curricular e programática, na prática, se espera queaconteça sem uma real e efectiva alteração da praxis didáctica.1. Que geografia ensinar?Até ainda há bem pouco tempo a geografia praticada nas escolas não iaalém <strong>de</strong> uma diluição da geografia universitária, enciclopédica e com os conhecimentosorganizados por gavetas. 2 Este problema, associado a muitos outros,nomeadamente, a crise geral do ensino e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da geografia, que juntodo gran<strong>de</strong> público se afigura como uma ciência menor, <strong>de</strong> interesse limitado e,ao nível da educação, como uma disciplina fastidiosa e inútil, voltada para asimples memorização <strong>de</strong> factos sem importância, levou vários autores a repen-2 Os programas que vigoraram em Portugal até meados dos anos noventa não suscitam a esterespeito qualquer dúvida. O problema alcança mesmo a sua máxima expressão no programado 12.º Ano que, pela diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdos abordados, indo da epistemologia e históriado pensamento geográfico à estatística, passando pela cartografia e expressão gráfica, osdiferentes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> organização do espaço urbano e rural, a localização das activida<strong>de</strong>seconómicas, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transportes e os problemas da difusão, po<strong>de</strong>ríamos equiparar a umamini licenciatura em geografia, e o aluno, a avaliar pelo número <strong>de</strong> objectivos gerais eespecíficos que tinha <strong>de</strong> alcançar, a um perfeito geógrafo.

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