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| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | OPINIÃO |8 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010 | 15| Crónicas sobre o futuro |O <strong>de</strong>terminismo do progresso económicoO <strong>de</strong>semprego é hojeo maior <strong>de</strong>safio que aEuropa enfrenta e atéagora tudo indica queas novas empresasdos novos sectores daeconomia doconhecimento e dainformação,empregam muitomenos pessoas do queas empresasindustriais, mesmo asmais avançadasHENRIQUE NETOempresárionetohenrique8@gmail.comAsemana passada escrevique o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safioque a Europaenfrenta é o <strong>de</strong> saberse é possível conciliaro chamado mo<strong>de</strong>lo social europeucom a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércioe com a livre movimentação <strong>de</strong>pessoas e <strong>de</strong> capitais. Muitas pessoaspensam que não é possível eque mais tar<strong>de</strong> ou mais cedo haveráuma redução drástica dos direitosadquiridos pelos europeus,enquanto outros consi<strong>de</strong>ram inevitávelum movimento proteccionista.De facto, continuar tudo comoestá não será possível. Tenho escritoque a <strong>de</strong>slocalização <strong>de</strong> sectoresinteiros das economias do oci<strong>de</strong>ntepara a China e para outrospaíses da região, on<strong>de</strong> em presença<strong>de</strong> um stock <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obrapraticamente inesgotável, haveráuma limitação natural ao crescimentodos salários e do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>compra e as condições políticasexistentes reduzirão fortemente acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reivindicação dostrabalhadores por melhores condições<strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> vida. O que,em conjunto com uma logísticaquase perfeita <strong>de</strong>stinada à exportação,o baixo custo dos transportese a existência <strong>de</strong> estratégiasfinanceiras para manter baixo ovalor <strong>de</strong> troca da moeda e <strong>de</strong> facilitaro investimento produtivo, tornama China um produtor mundialimbatível. Além disso, beneficiados critérios i<strong>de</strong>ológicos liberais<strong>de</strong> uma parte importante dosgovernos da Europa e dos EstadosUnidos.A semana passada foi anunciadaa compra da empresa suecaVolvo por um fabricante chinês <strong>de</strong>automóveis <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>, aquisiçãoque revela a força da i<strong>de</strong>ologiadominante, mesmo na Suécia,o que a seguir à compra da Jaguarpela indiana Tata, mostra a fraquezado pensamento dos dirigentespolíticos e dos empresários europeus.Permitir que as empresas daChina e da Índia tenham acessofácil e barato ao melhor que existena tecnologia e no conhecimentodo negócio automóvel na Europaé simplesmente suicidário. Principalmentequando, nas actuais condiçõesda economia mundial, bastaráo enfraquecimento <strong>de</strong> dois sectoresindustriais europeus – automóvele equipamentos industriais– para <strong>de</strong>sequilibrar a economiaeuropeia <strong>de</strong> forma, a meu ver, insustentávele irreversível.A tese que justifica a passivida<strong>de</strong>europeia baseia-se na concepção<strong>de</strong> que a perda <strong>de</strong> sectoresda economia europeia para os chinesese indianos será compensadapela criação <strong>de</strong> novas empresas <strong>de</strong>sectores, tecnologias e serviços maisavançados. Esta tese tem a sua origemna realida<strong>de</strong> histórica, em quea fase agrícola foi substituída comvantagem pela era industrial, queo trabalho manual <strong>de</strong>u lugar àmáquina sem prejuízo do <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico e com umaimensa melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida dos europeus e que até agoraa economia do conhecimento edos serviços substituiu com sucessoa indústria.Sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reconhecer a valida<strong>de</strong>histórica <strong>de</strong>sta tese, a questãoque se coloca hoje é a <strong>de</strong> saberse essa evolução, que se baseianum certo <strong>de</strong>terminismo históricodo progresso sem fim, se po<strong>de</strong>rámanter no futuro, ou seja, se acurva do crescimento económicopo<strong>de</strong> continuar <strong>de</strong> forma ascen<strong>de</strong>nteaté ao infinito. Ou se, pelocontrário, a curva do progressocontínuo terá um fim, ou, no mínimo,uma redução suficiente paracolocar em causa o mo<strong>de</strong>lo socialeuropeu.O <strong>de</strong>semprego é hoje o maior<strong>de</strong>safio que a Europa enfrenta eaté agora tudo indica que as novasempresas dos novos sectores daeconomia do conhecimento e dainformação, empregam muitomenos pessoas do que as empresasindustriais, mesmo as maisavançadas. Por exemplo, comparandoa Google com a Caterpillar,com capitais semelhantese com um número elevado <strong>de</strong>patentes – 350 para a Google e3800 para a Caterpillar – a Googleemprega apenas 20 mil pessoaspara 110 mil da Caterpillar.O que justifica o elevado <strong>de</strong>sempregona Europa, porque empresasda chamada nova economiaempregam menos trabalhadoresdo que as empresas tradicionais,mesmo quando se trata <strong>de</strong> empresastecnologicamente avançadas,como é o caso da Caterpillar, oque é indicado pelo número <strong>de</strong>patentes. Voltaremos a este temana próxima semana, procurando<strong>de</strong>monstrar que é preciso repensaro mo<strong>de</strong>lo económico e osactuais critérios seguidos pelosgovernos europeus. ■PUB

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