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9 - Redetec

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6 O ruído subversivo<br />

CAPITALISMO NA ERA DAS REDES... — 233<br />

Transpostas para os estudos biológicos e, logo, para os mentais e sociais,<br />

a Teoria Matemática da Comunicação, a Cibernética e suas derivadas<br />

não demorariam a revelar dificuldades conceituais e limitações<br />

empíricas. Na Lingüística, por exemplo, cresciam resistências a se aceitar<br />

um papel totalmente passivo para o receptor, o que obrigaria Jakobson<br />

(s/d), entre outros, a redesenhar, tornando menos “elegante”, o modelo<br />

de Shannon, de modo, porém, a fazê-lo mais adequado à realidade<br />

interativa da comunicação social humana. Na Psiquiatria, Gregory Bateson<br />

e seus colegas de Palo Alto iriam rejeitar esse modelo de comunicação<br />

restrito a um único canal defendido de “ruídos”, lançando as bases para<br />

uma outra construção, sistêmica e interativa, que percebia o processo<br />

informacional e comunicacional realizando-se, tanto sincrônica quanto<br />

diacronicamente, através de múltiplos, diferenciados e conflitivos canais<br />

(Bateson et alii, 1981 e Sfez, 1994). Na própria Cibernética, Heinz von<br />

Foerster irá criticar a noção de ruído, conforme proposta por Shannon,<br />

sugerindo a possibilidade de, na condição de informação concorrente, o<br />

ruído poder contribuir para aprimorar os processos comunicacionais entre<br />

“emissor” e “receptor”. Nasce, com von Foerster, a “segunda Cibernética”,<br />

apoiada na noção de ordem pelo ruído, depois aperfeiçoada pelo<br />

biólogo Henri Atlan, no princípio da organização pelo ruído (Atlan, 1992;<br />

Dupuy, 1990 e Sfez, 1994).<br />

Diante dessas novas ciências e, em especial, das polêmicas que iriam<br />

suscitar, o pensamento marxista ou aceitou acriticamente e até pôs-se a<br />

divulgar a “primeira cibernética”, a exemplo de Guillaumaud (1970), ou<br />

ignorou, quando não rejeitou, as teorias que buscavam atribuir ao “ruído”<br />

ou ao “receptor”, novos, ativos, construtivos e até subversivos papéis<br />

no processo comunicacional. Daí, sugerimos, a polêmica que opôs<br />

Habermas a Niklas Luhmann, um sociólogo inspirado na “segunda Cibernética”;<br />

as posições dos comunicólogos mais críticos frente aos meios<br />

de comunicação, descritos sempre como “fontes” onipresentes e onipotentes<br />

das “mensagens”; e, acrescentemos, na mesma herança incluiu-se<br />

Braverman, cuja distinção entre “concepção” e “execução” se acopla, como<br />

luva na mão, ao modelo shannoniano “emissão-recepção”.<br />

Embora menos “popular”, essa segunda corrente de estudos sobre a<br />

informação também consolidou-se enquanto programa científico, registrando<br />

os seus êxitos maiores na Biologia, daí servindo de substrato às<br />

modernas pesquisas ambientais e ecológicas. Penetrou nos estudos sobre<br />

administração e gestão das empresas capitalistas, através da Teoria das

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