9 - Redetec
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7 Conceitos básicos<br />
CAPITALISMO NA ERA DAS REDES... — 235<br />
Os estudos e elaborações que podem ser identificados ao “modelo da<br />
orquestra” não chegam a formar uma espécie de “linhagem” como aqueles<br />
derivados dos estudos pioneiros de Shannon, Wiener, von Neumann e<br />
colegas. Em geral, as investigações desenvolveram-se sem muita sintonia,<br />
no espaço e no tempo, umas com as outras: Bateson na Psiquiatria;<br />
Maturama e Varela, por um lado, e Atlan, por outro, na Biologia;<br />
Prigorgine, na Física. Foi mister realizar-se, depois, um esforço para consolidar<br />
as idéias básicas deles resultantes, como intentado por Dupuy<br />
(1990) e Sfez (1994). No que nos interessa, serão os seguintes os conceitos<br />
centrais.<br />
a) Neguentropia. Esse conceito foi introduzido pelo físico Léon<br />
Brillouin, para quem um “sistema isolado possui neguentropia se se revela<br />
capaz de fornecer algum trabalho mecânico ou elétrico” (Brillouin,<br />
1988: 112). Seu ponto de partida são as duas leis da termodinâmica,<br />
descobertas por Carnot e Clausius, no século XIX, segundo as quais um<br />
sistema fechado não pode criar energia (primeira lei) mas apenas dissipála<br />
(segunda lei), isto é, evoluir de estados mais quentes para os mais frios,<br />
até alcançar um estado de equilíbrio, quando os movimentos em seu interior<br />
não logram mais modificar o seu estado geral. Esse estado final foi<br />
denominado entropia, por Clausius. Daí que o estado inicial da evolução<br />
seria denominado neguentropia (negativo da entropia) por Brillouin. O<br />
processo de transformações corresponde a trabalho físico, logo será necessário<br />
uma dada quantidade de neguentropia (capacidade de realizar<br />
trabalho) para que o processo se realize. O trabalho, enquanto dissipa<br />
energia, ocasiona decréscimo de neguentropia ou acréscimo correspondente<br />
de entropia, sendo, tanto o trabalho quanto a neguentropia decrescente<br />
ou entropia crescente, processos espontâneos, naturais, inevitáveis<br />
e inexoráveis, em um sistema. Em princípio, não podem ser detidos, salvo<br />
quando alcançado o estado de equilíbrio, com completa exaustão da<br />
neguentropia — ou se um outro sistema for acionado de modo a evitar a<br />
degradação energética do primeiro sistema. Porém, agora, por definição,<br />
não podemos mais falar em sistema fechado. Se um sistema pode receber<br />
algum “auxílio”, digamos assim, oriundo do seu exterior, visando manter<br />
ou restaurar a sua neguentropia, esse sistema é aberto; isto é, possui canais<br />
de comunicação com algum outro sistema (também aberto), situado<br />
na sua vizinhança. Entretanto, o aporte de neguentropia a um sistema<br />
por outro sistema implica perda adicional de neguentropia por este outro