9 - Redetec
9 - Redetec
9 - Redetec
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CAPITALISMO NA ERA DAS REDES... — 255<br />
produção (não somente e cada vez menos, o “chão-de-fábrica”), seja enquanto<br />
produtores diretos, ergonomicamente afetados; seja enquanto<br />
usuários e consumidores, logo econômica e politicamente interessados<br />
naquelas definições; seja enfim e principalmente enquanto parceiros<br />
interativos reais nos processos de geração e distribuição dos valores<br />
informacionais que a firma absorve em seu crescimento neguentrópico.<br />
Em maior ou menor grau, com maior ou menor consciência, parece que<br />
nessa direção vem-se movendo uma parte do sindicalismo europeu que,<br />
desde os anos 1970, introduz nas convenções ou contratações coletivas<br />
cláusulas de “direitos de informação”, as quais envolvem informações<br />
sobre modificações tecnológicas, na organização do trabalho, no programa<br />
de investimentos, nas condições ambientais e ecológicas etc. (Dina,<br />
1987: 62 passim).<br />
c) Informação e democracia. Se o valor da informação dissolve-se na<br />
redundância, será fácil intuir por que razão a “cópia” é tão barata e a<br />
“pirataria” tão tentadora, como “estratégia competitiva”... De fato, numa<br />
economia capitalista da informação, a apropriação do valor tornou-se<br />
um problema paradoxal, já percebido, como vimos, pelos primeiros economistas<br />
neoclássicos que examinaram o problema.<br />
A resposta mais efetiva e eficaz que o capital logra dar a esta inescapável<br />
dificuldade é investir em um programa permanente de obsolescência acelerada<br />
dos modelos mais visados por ampla e indiscriminada replicação.<br />
Daí a “corrida”, apoiada em custosíssimo marketing, para lançamento de<br />
novos produtos, sobretudo nas indústrias de software, eletrônica, de griffe,<br />
ou de cultura em geral, produtos estes que, muitas vezes, não passam dos<br />
mesmos velhos, sob novas maquiagens.<br />
Paralelamente, será necessário reforçar, tornando bem abrangentes e<br />
draconianos, os instrumentos jurídicos que assegurem a apropriação (novas<br />
leis sobre patentes, direitos autorais, proteção ao software etc.); ou<br />
controlar diretamente as redes de distribuição e de acesso à informaçãovalor,<br />
isto é, os meios de comunicação. A rigor, essas estratégias para<br />
dominar e controlar a informação produtiva podem ser percebidas na<br />
própria gênese mais longínqua do capitalismo informacional que, desde<br />
os fins do século passado, veio criando e aprimorando, especialmente<br />
nos Estados Unidos, toda uma legislação e jurisprudência sobre direitos<br />
de apropriação do conhecimento e da invenção. Foi um processo largamente<br />
fomentado, não por acaso, por pugnas judiciais memoráveis que<br />
envolviam e seguem envolvendo — está aí o noticiário cotidiano dos<br />
jornais — grandes empresas líderes nas atividades de pesquisa e desenvolvimento<br />
científico-tecnológico (Noble, 1977; Hanson, 1982). Em tem-