9 - Redetec
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252 — INFORMAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO NA ERA DO CONHECIMENTO<br />
do comunicado ao restante da rede produtiva através de registros redundantes,<br />
como maquetes, moldes, pranchas de desenho e, hoje em dia,<br />
quase sempre, através de arquivos eletrônicos de dados, a exemplo do<br />
EDI (Electronic Document Interchange).<br />
A partir daí começa uma espécie de corrida contra o tempo. A informação<br />
gerada e registrada pelo “grupo central” será transferida para os<br />
círculos de trabalho redundante, espacialmente situados em qualquer lugar<br />
do mundo onde os seus custos sejam mais “competitivos”, ou onde<br />
estejam, no caso das vendas, o mais próximo possível dos consumidores<br />
finais. Haverá então que “anular o espaço através do tempo”. Tanto o<br />
tempo de ida: envio de informações, de materiais pré-preparados, de<br />
produtos já finalizados para as lojas etc.; quanto o tempo de volta: envio<br />
do dinheiro devido ao núcleo corporativo central pelos seus revendedores<br />
espalhados à volta do mundo e, eventualmente, devido pelo próprio núcleo<br />
à sua multidão de fornecedores e subcontratados. Se esse circuito de<br />
retorno D’ � D puder todo ele ser reduzido a bytes eletrônicos de computador,<br />
transmissíveis em nanossegundos à volta do mundo, o capital<br />
terá logrado virtualmente, sem trocadilhos, suprimir a circulação enquanto<br />
negação de sua valorização. Mas, ao fazê-lo, ele terá consumado a síntese<br />
da contradição entre a circulação e a produção, afirmando um novo ciclo<br />
da comunicação produtiva:<br />
D � I � D’<br />
��<br />
(M � � P)<br />
O dinheiro (D) é investido na geração e valorização da informação (I)<br />
e, assim, o capital cresce (D’). Entretanto, para realizar o capital, a informação<br />
subordina e comanda um ciclo material de produção (M �� P) —<br />
o “mal necessário” — através do qual ela é fixada em seus suportes físicos<br />
de comunicação. Na esfera D � I � D’ ocorre o que Moulier Boutang<br />
entende por “produção de trabalho vivo enquanto atividade viva” (Boutang,<br />
1998: 9), ou seja: agenciamento, formação, treinamento, organização,<br />
distribuição, controle ou participação do trabalho humano, em suas<br />
muitas dimensões sígnicas e em função dos seus graus de aleatoriedade ou<br />
de redundância, no projeto, programação, transferência, movimento,<br />
acionamento, comando, fiscalização do trabalho morto (aquisição, transformação,<br />
suprimento de materiais e energia) realizado na esfera M �� P.<br />
Gerar e comunicar informação mercantilizada emerge da crise do<br />
“fordismo” como nova, ainda quase nada explorada, por enquanto sem