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Edição Especial - Engenharia de Pesca - Uema

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Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]R E P E S C AISSN1980-587XVolume 2, Número <strong>Especial</strong> - setembro <strong>de</strong> 2007<strong>Pesca</strong>, Aqüicultura, Tecnologia do <strong>Pesca</strong>do e Ecologia AquáticaManaus: se<strong>de</strong> do XV CongressoBrasileiro <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Engenheiro <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>:perfil profissional no BrasilTambaqui: larvicultura emdiferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>sTainhas: <strong>Pesca</strong> em Portodas Pedras, AlagoasMercúrio: ocorrência emambientes naturaisTucunaré: condicionamentoalimentarTilápia: prolificida<strong>de</strong> emdiferentes tamanhosFoto: Leocy CutrimComunida<strong>de</strong>sribeirinhas: perfil sócioeconômico,rio Coreau, CEPara navegar use “marcadores” à esquerda1


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCAVOLUME 2, NÚMERO ESPECIAL, 2007Eds.: José Milton Barbosa e Haroldo Gomes BarrosoDIRETORHaroldo Gomes Barroso - UEMAEDITORESJosé Milton Barbosa - UFRPEHaroldo Gomes Barroso - UEMAEDITORES ADJUNTOSAdierson Erasmo <strong>de</strong> Azevedo - UFRPEEmerson Soares - UFALDIRETOR DE MARKETINGRogério Bellini - NetunoASSISTENTES DE EDIÇÃOManlio Ponzi Junior - UFRPEDimonique Bezerra <strong>de</strong> França - UFRPERegina Coeli <strong>de</strong> Oliveira C. e Silva -UFRPEWebmasterJunior Bal<strong>de</strong>z - UEMARevisão do textoAdierson Erasmo <strong>de</strong> Avezedo - UFRPEJosé Milton Barbosa - UFRPECOMISSÃO EDITORIALAthiê Jorge Guerra dos Santos - UFRPEFernando Porto - UFRPEEmerson Soares - UFALFábio Hazin - UFRPEHeiko Brunken - Hochschule Bremen, AlemanhaJoachim Carolsfeld - World Fisheries Trust, CanadáLeonardo Teixeira <strong>de</strong> Sales - FAEP-BRMaria do Carmo Figueredo Soares - UFRPEMaria do Carmo Gominho Rosa - UnioesteMaria Nasaré Bona - UFPINeiva Maria <strong>de</strong> Almeida - UFPBPaula Maria Gênova <strong>de</strong> Castro - Instituto <strong>de</strong><strong>Pesca</strong>/SPPaulo <strong>de</strong> Paula Men<strong>de</strong>s - UFRPERaimundo Nonato <strong>de</strong> Lima Conceição - UFCRosângela Lessa - UFRPESérgio Macedo Gomes <strong>de</strong> Mattos - SEAP/PESérgio Makrakis - UnioesteSigrid Neumann Leitão - UFPEVanildo Souza <strong>de</strong> Oliveira - UFRPEWalter Moreira Maia Junior - UFPB________________________________________________________________________________ApoioCurso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Universida<strong>de</strong> Estadual do MaranhãoDepartamento <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> e AqüiculturaUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco2


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]A Repesca esta in<strong>de</strong>xada a base <strong>de</strong> dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org)© Publicada em setembro <strong>de</strong> 2007Todos os direitos reservados aos Editores.Proibida a reprodução, por qualquer meio,sem autorização dos Editores.Impresso no BrasilPrinted in BrazilFicha catalográficaSetor <strong>de</strong> Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPER454Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Nacional / editores José Milton Barbosa, Haroldo GomesBarroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2007.V.2. N. <strong>Especial</strong> : 81p : il.Semestral1. <strong>Pesca</strong> 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos,4. <strong>Pesca</strong>dos – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. BarrosoHaroldo Gomes III. Universida<strong>de</strong> Estadual do MaranhãoCDD 639A REPESCA É FILIADA A ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE EDITORES CIENTÍFICOS3


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCAISSN-1980-587XVolume 2 Setembro, 2007 Número <strong>Especial</strong>EDITORIALE ste número da Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> trás <strong>de</strong> lambujaalgumas boas notícias, uma <strong>de</strong>las é a in<strong>de</strong>xação da nossa RE<strong>Pesca</strong> a base <strong>de</strong>dados: sumarios.org (www.sumarios.org), o que foi possível a partir doscontatos realizados no XI Encontro Nacional Editores Científicos, realizado emOuro Preto, MG (outubro <strong>de</strong> 2007), a outra é a participação efetiva do Prof.Adierson Erasmo <strong>de</strong> Azevedo - i<strong>de</strong>alizador da <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> no Brasil -como revisor <strong>de</strong> nossa revista.No âmbito profissional, estamos vivendo em Manaus o XV CongressoBrasileiro <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> (outubro <strong>de</strong> 2007), o maior evento <strong>de</strong> nossaclasse. A<strong>de</strong>mais, dois fatos certamente marcarão este evento: a criação doSindicato Nacional <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> e da Associação Brasileira <strong>de</strong><strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>.A caminhada é difícil, mas vamos seguindo passo a passo nas pegadas dotrabalho e da persistência.José Milton BarbosaEditor Chefe4


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]SumárioI - ARTIGOS CIENTÍFICOSCaracterização da pesca <strong>de</strong> tainhas no município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras, Estado <strong>de</strong> Alagoas, BrasilCarolina Martins TORRES; Paulo TRAVASSOS; Marina B. FIGUEIREDO; FábioHAZIN; Daniele F. CAMPOS & Francisco ANDRADELarvicultura <strong>de</strong> tambaqui em diferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagemSandra Soares dos SANTOS; José Patrocínio LOPES*; Miguel Arcanjo dos SANTOS-NETO & Luciana Silva dos SANTOSProlificida<strong>de</strong> da tilápia-do-nilo, varieda<strong>de</strong> chitralada, <strong>de</strong> diferentes padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoLuciana Silva dos SANTOS; Daniel Ribeiro <strong>de</strong> OLIVEIRA FILHO; Sandra Soares dosSANTOS; Miguel Arcanjo dos SANTOS NETO & José Patrocínio LOPESCondicionamento alimentar no <strong>de</strong>sempenho zootécnico do tucunaréEmerson Carlos SOARES; Manoel PEREIRA- FILHO; Rodrigo ROUBACH & Renato CarlosSoares e SILVAocorrência <strong>de</strong> mercúrio em camarões em diferentes ambientes aquáticosGeovana Lea Fernan<strong>de</strong>s PAIVA; Maria Lúcia NUNES; Antonio Diogo LUSTOSA-NETO& José Milton BARBOSA618263549II - ARTIGOS TÉCNICOSPerfil do Engenheiro <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> do Brasil57Neiva Maria <strong>de</strong> ALMEIDA 1* ; Leonardo Teixeira <strong>de</strong> SALES 2 & Maria do CarmoFigueiredo SOARES 3Diagnóstico socioeconômico <strong>de</strong> duas comunida<strong>de</strong> ribeirinhas do rio Coreau, Estado do Ceará, 70BrasilSandra Carla Oliveira do NASCIMENTO & Rogério César Pereira <strong>de</strong> ARAÚJONORMAS PARA PUBLICAÇÃO 795


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]I – ARTIGOS CIENTÍFICOSCARACTERIZAÇÃO DA PESCA DE TAINHAS NO MUNICÍPIO DE PORTO DE PEDRAS,ESTADO DE ALAGOAS, BRASILCarolina Martins TORRES, Paulo TRAVASSOS, Marina B. FIGUEIREDO, Fábio HAZIN, Daniele F.CAMPOS & Francisco ANDRADEDepartamento <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> e Aqüicultura, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> PernambucoE-mail: camatosi@yahoo.com.brResumo - A ativida<strong>de</strong> pesqueira no município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras, município litorâneo do Estado <strong>de</strong>Alagoas, é <strong>de</strong> pequena escala e totalmente artesanal. Entretanto, a pesca <strong>de</strong>sempenha um papelimportante na economia local, sendo a segunda ativida<strong>de</strong> produtiva do município e tendo as tainhas(Mugil spp.) como a principal espécie capturada. O presente trabalho teve como objetivo principalcaracterizar a ativida<strong>de</strong> pesqueira praticada pela comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadores artesanais, tendo comoespécies-alvo as tainhas. As pescarias são realizadas através <strong>de</strong> três aparelhos <strong>de</strong> pesca (re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera,re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco e tarrafa), cujas operações, <strong>de</strong> uma maneira geral, resultam nas capturas <strong>de</strong> diferentesespécies <strong>de</strong> tainhas existentes na região, em associação com outras espécies da fauna acompanhante<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>. As embarcações utilizadas nesta pescaria são exclusivamente canoas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,movidas a remo e a vela, <strong>de</strong> aproximadamente 8 m <strong>de</strong> comprimento e 0,85 m <strong>de</strong> boca, sendo operadaspor dois pescadores, em áreas próximas à costa, nas imediações da <strong>de</strong>sembocadura do rio Manguaba. Apesca com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco inci<strong>de</strong> mais sobre Mugil incilis, enquanto Mugil liza,é mais capturada pelare<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera e Mugil curema e Mugil curvi<strong>de</strong>ns,pela tarrafa. Não há conservação do pescado até o<strong>de</strong>sembarque, sendo a comercialização feita na forma <strong>de</strong> peixe fresco inteiro. As principais espéciesrepresentantes da fauna acompanhante <strong>de</strong>ssa pescaria são: Caranx hippos, Centropomus parallelus eOligoplites saurus.PALAVRAS-CHAVE: Mugil spp., pesca, tecnologia <strong>de</strong> captura, Alagoas.MULLET FISHERY CHARACTERIZATION IN PORTO DE PEDRAS, ALAGOAS, BRAZILAbstract - Fishing activity at Porto <strong>de</strong> Pedras, in the nothem coast of Alagoas State, is a small-scaleand artisanal activity. However, it performs an important role within the local economy, being thesecond source of income for this municipality and having the mullet as the main species captured. Thepresent work aimed to characterize the mullet fishing activity. The fisheries are done using three6


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]different nets: gill net, purse seine and cast net, each of them targeting a different species. All thevessels for the mullets fishery capture are canoe of mood, utilizing paddle and sail, with approximately8 m length and 0.85 widths, being operated by two fishermen, in close areas to the coast and close tothe outlet of Manguaba River. The purse seine fishing has the Mugil incilis species as the main target,while Mugil liza is more caught for gill net and Mugil curema and Mugil curvi<strong>de</strong>ns by the cast net.There is no conservation on board, and the fish is sold fresh. The main by catch species are Caranxhippos, Centropomus parallelus and Oligoplites saurus.KEY WORDS: Mugil spp., fishing technology, Alagoas.INTRODUÇÃOO Estado <strong>de</strong> Alagoas possui um litoral <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 230 km, que se esten<strong>de</strong> da foz do rioPersinunga, ao norte, divisa com Pernambuco, até a foz do rio São Francisco, ao sul, divisa com oEstado <strong>de</strong> Sergipe. Ao longo <strong>de</strong>sse litoral estão localizados 17 municípios costeiros e 57 comunida<strong>de</strong>spesqueiras (IBAMA, 2007), <strong>de</strong>ntre os quais, o município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras, no litoral norte do estado,possui 12 km <strong>de</strong> costa e distando aproximadamente 130 km <strong>de</strong> Maceió. A ativida<strong>de</strong> pesqueira praticadano município é <strong>de</strong> pequena escala e totalmente artesanal, contribuindo com uma produção média anualda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 100 t/ano <strong>de</strong> pescado <strong>de</strong> origem marinha e estuarina para a economia do Estado <strong>de</strong>Alagoas (IBAMA, 2003, 2006). Apesar da pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pescado produzido, a pesca em Porto<strong>de</strong> Pedras <strong>de</strong>sempenha um importante papel sócio-econômico, sendo uma das principais fontes <strong>de</strong>emprego e renda para os seus habitantes.Dentre as espécies capturadas, as tainhas (Mugil spp.) é a mais importante, com cerca <strong>de</strong> 20%na produção anual do município (IBAMA, 2006). A importância das tainhas para a pesca costeira po<strong>de</strong>ser observada ao longo <strong>de</strong> todo o litoral alagoano. Em 2005, por exemplo, a produção <strong>de</strong> tainhas paratodo o Estado foi <strong>de</strong> 1.766,4 t, sendo a espécie mais capturada do total <strong>de</strong> pescado marinho e estuarinoproduzido, com 18,1% da produção (IBAMA, 2006). Em Porto <strong>de</strong> Pedras, as tainhas são as espéciesalvo<strong>de</strong> três métodos <strong>de</strong> pesca utilizados pelos pescadores locais: a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera e atarrafa, cuja utilização se dá em áreas próximas à costa, nas imediações da foz do rio Manguaba.As espécies da família Mugilidae têm ampla distribuição geográfica, ocorrendo em águastropicais e subtropicais, principalmente em águas costeiras e estuarinas (Figueiredo e Menezes, 1985).No Brasil, ocorrem em todo o litoral, do Maranhão ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. São espécies pelágicascosteiras, <strong>de</strong> águas rasas, que nadam sempre em cardumes, perto da superfície (Fischer, 1978).Neste contexto, à luz da importância das tainhas para a pesca artesanal do Município <strong>de</strong> Porto7


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]<strong>de</strong> Pedras, o presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar os aparelhos <strong>de</strong> pesca utilizadosna sua captura, <strong>de</strong>screvendo as respectivas operações <strong>de</strong> pesca, as embarcações utilizadas, os locaispara este fim e i<strong>de</strong>ntificação das principais espécies capturadas.MATERIAL E MÉTODOSO trabalho foi realizado no município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras (Figura 1), o qual possui 12 km <strong>de</strong>costa e localiza-se a cerca <strong>de</strong> 130 km <strong>de</strong> Maceió.Para a caracterização e <strong>de</strong>scrição dos aparelhos e operações <strong>de</strong> pesca e das embarcaçõesutilizadas, foram realizadas visitas periódicas ao município no primeiro trimestre <strong>de</strong> 2003, nas quaisforam efetuadas entrevistas com os pescadores locais, assim como alguns embarques e amostragens dosmateriais utilizados na confecção dos aparelhos <strong>de</strong> pesca. Registros fotográficos das embarcações, dosaparelhos <strong>de</strong> pesca e dos exemplares capturados <strong>de</strong> cada espécie foram também realizados. Nos<strong>de</strong>sembarques foram amostrados exemplares das principais espécies <strong>de</strong> tainhas capturadas, visandoavaliar o tamanho dos peixes capturados. Informações relativas às capturas foram obtidas do BoletimEstatístico da <strong>Pesca</strong> Marítima e Estuarina do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil (IBAMA, 2006).A i<strong>de</strong>ntificação das espécies da família Mugilidae e da fauna acompanhante capturada foirealizada in loco, baseada em manuais <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> espécies marinhas e estuarinas (Menezes,1983; Figueiredo e Menezes, 1985). Em caso se dúvidas, a i<strong>de</strong>ntificação final dos espécimes coletadosfoi concluída no Laboratório <strong>de</strong> Ecologia Marinha, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco,através das chaves <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da FAO (Fischer, 1978).Figura 1 - Localização do Município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras, no litoral <strong>de</strong> Alagoas (09º10,5’S e 35º17,5’W)Fonte: Carta Náutica Nº 900. DHN – Marinha do Brasil.8


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]RESULTADOS E DISCUSSÃOA ATIVIDADE PESQUEIRA EM PORTO DE PEDRAS: AS TAINHAS COMO ESPÉCIES-ALVOA pesca <strong>de</strong>senvolvida para a captura das tainhas no município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras é tipicamenteartesanal, sendo realizada a partir do emprego <strong>de</strong> canoas, movidas a remo ou a vela, que operam nazona estuarina e no “mar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, como é <strong>de</strong>nominada a parte interna da barreira <strong>de</strong> recifes naturaisque ocorrem ao longo <strong>de</strong>ste litoral. Esse fato foi também observado em estudos realizados em estadosvizinhos, como Pernambuco e Sergipe (IBAMA, 2003), ocorrendo também em boa parte do Nor<strong>de</strong>stedo Brasil (IBAMA, 2006). Dias-Neto e Marrul Filho (2003) afirmam que os tipos <strong>de</strong> embarcações paraeste tipo <strong>de</strong> pesca são predominantemente <strong>de</strong> pequeno porte, as quais, em muitos casos, não sãonecessariamente usadas <strong>de</strong> forma exclusiva como meio <strong>de</strong> produção, mas também <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento.Normalmente, o proprietário é um pescador ativo como os <strong>de</strong>mais, participando <strong>de</strong> forma efetiva dapescaria. Outra característica típica <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> é a interferência <strong>de</strong> intermediários no processoprodutivo, principalmente na comercialização do pescado, obtendo lucros mais altos e diminuindo arenda dos pescadores.Ainda <strong>de</strong> acordo com Dias-Neto e Marrul Filho (2003), a pesca artesanal po<strong>de</strong> estar voltadaessencialmente para a comercialização do pescado capturado, como também para a obtenção <strong>de</strong>alimento para as famílias dos participantes, ou ainda um misto <strong>de</strong>sses dois objetivos. Dias-Neto eDornelles (1996) afirmam que esta ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser uma alternativa sazonal, a qual o praticante se<strong>de</strong>dica apenas um período do ano <strong>de</strong>sempenhando outra ativida<strong>de</strong> produtiva em seguida, geralmentevinculada à agricultura ou ao comércio. A presente pesquisa constatou que a pesca no município <strong>de</strong>Porto <strong>de</strong> Pedras é a segunda ativida<strong>de</strong> econômica do local, ficando atrás apenas da agricultura, sendoambas praticadas para o sustento familiar, havendo pescadores em tempo integral e também aquelesque se <strong>de</strong>dicam a esta ativida<strong>de</strong> apenas em alguns meses do ano.As pescarias dirigidas às tainhas são realizadas através do uso <strong>de</strong> três métodos <strong>de</strong> pesca: a re<strong>de</strong><strong>de</strong> cerco, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera e a tarrafa, cujas malhas, <strong>de</strong> diferentes tamanhos, associadas às áreas <strong>de</strong>atuação, capturam espécies diferentes <strong>de</strong> tainhas, em associação com uma fauna acompanhante localbem diversificada (Tabela 1). De acordo com o IBAMA (2006), as principais artes <strong>de</strong> pesca utilizadasregião no norte do Estado <strong>de</strong> Alagoas, além das mencionadas acima são o arrasto duplo, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>caceia, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco, as linhas e o arrastão <strong>de</strong> praia. Estes aparelhos <strong>de</strong> pesca capturam diversos tipos<strong>de</strong> pescado, como camarão, peixe-agulha, xaréu, vermelho, tainha, lagosta vermelha e lagosta ver<strong>de</strong>,entre outros.9


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Outro fato observado na pesca local foi a divisão das tarefas entre os pescadores no <strong>de</strong>correr daspescarias, configurando, assim, uma estratégia <strong>de</strong> pesca que reflete o grau <strong>de</strong> organização no<strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong>, fato também observado no estado do Ceará (Castro e Silva et al., 2005).EMBARCAÇÕES E APARELHOS DE PESCAAs embarcações utilizadas na captura das tainhas são canoas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras, movidas a remo e avela (Figura 2), <strong>de</strong> aproximadamente 8 m <strong>de</strong> comprimento e 0,85 m <strong>de</strong> boca. Estas canoas são operadasnormalmente por dois pescadores, em pescarias <strong>de</strong>senvolvidas no “mar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, principalmente nasimediações da <strong>de</strong>sembocadura do rio Manguaba.Figura 2 - Canoas utilizadas na operação <strong>de</strong> pesca no município <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Pedras, estado <strong>de</strong> Alagoas.No que se refere aos aparelhos <strong>de</strong> pesca, são três os utilizados em Porto <strong>de</strong> Pedras na pesca dastainhas, cujas principais características encontram-se discriminadas abaixo:REDE DE CERCO: varia <strong>de</strong> 80 a 140 m <strong>de</strong> comprimento e 1,5 a 2,5 m <strong>de</strong> altura, com malha <strong>de</strong> 25 mm ou35 mm, confeccionadas com nylon <strong>de</strong> 0,30 mm <strong>de</strong> diâmetro. Foi a responsável por 55,0% das capturasrealizadas no município.REDE DE ESPERA: varia <strong>de</strong> 40 a 120 m <strong>de</strong> comprimento e 2 a 3 m <strong>de</strong> altura, com malha variando <strong>de</strong>30 mm a 35 mm, confeccionada com nylon <strong>de</strong> 0,30 mm <strong>de</strong> diâmetro. Utilizam-se mourões (ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>beriba ou canela), adquiridos na flora local, com tamanhos variando <strong>de</strong> 3 a 6 m, os quais são fixados aosubstrato para amarração da re<strong>de</strong>.TARRAFA: é confeccionada pelo próprio pescador, com malha <strong>de</strong> 25 mm e nylon <strong>de</strong> 0,25, 0,30 e0,35 mm <strong>de</strong> diâmetro. Os cabos usados para entralhar a re<strong>de</strong> possuem normalmente uma espessura <strong>de</strong>2,5 mm, sendo <strong>de</strong> nylon ou seda. As re<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> comprimentos variáveis, po<strong>de</strong>ndo chegar a até 8 m,com a boca e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chumbos usados variando <strong>de</strong> acordo com o seu tamanho. A maioria dospescadores utiliza um tenso <strong>de</strong> aproximadamente 15 cm para formar o saco da re<strong>de</strong>.10


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]OPERAÇÕES DE PESCAREDE DE CERCOSemicercoNessa operação utilizam-se duas canoas tripuladas por dois pescadores cada. Após a saída parao mar, o pescador que fica na proa da embarcação (proeiro) é o responsável pela avistagem do cardumena superfície do mar. Em seguida, as canoas aproximam-se para unirem as extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas re<strong>de</strong>s,dando início à operação <strong>de</strong> pesca com o lançamento da re<strong>de</strong> no mar. Neste momento, os proeiros, comum porrete <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou o próprio remo, começam a bater na água com o intuito <strong>de</strong> direcionar ocardume <strong>de</strong> tainhas para a re<strong>de</strong>. As canoas vão fechando o cerco, o qual ganha um formato helicoidal(Figura 3), dificultando a fuga dos peixes. Após alguns minutos, inicia-se o recolhimento da re<strong>de</strong> e astainhas emalhadas são retiradas cuidadosamente e colocadas no fundo das canoas. A re<strong>de</strong> recolhida émantida sobre pranchas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira colocadas sobre os bordos da canoa, sob a qual está o pescado, como objetivo <strong>de</strong> protegê-lo do sol. Nos casos <strong>de</strong> elevada captura, as canoas voltam imediatamente à praiapara <strong>de</strong>sembarcar o pescado e comercializá-lo. Caso contrário, a pescaria continua, com os pescadoresbuscando novos cardumes e preparando novamente as re<strong>de</strong>s para serem lançadas ao mar.Cerco completoO cerco ocorre com as mesmas re<strong>de</strong>s e embarcações do semicerco, embora com a utilização <strong>de</strong>quatro canoas, com dois pescadores cada. A operação <strong>de</strong> pesca também é semelhante e <strong>de</strong>senvolve-seda seguinte forma: (i) após a localização do cardume, as canoas posicionam-se <strong>de</strong> forma oposta (duas<strong>de</strong> cada lado), mantendo o cardume entre elas; (ii) em seguida, cada parelha <strong>de</strong> canoas une suas re<strong>de</strong>s,dando início à operação <strong>de</strong> pesca; (iii) o cerco começa a ser fechado em torno do cardume, com cadacanoa lançando ao mar as suas re<strong>de</strong>s; (iv) da mesma forma que no semicerco, duas das canoasproce<strong>de</strong>m à formação dos dois ganhos helicoidais, fechando o cerco; (v) todas as canoas ficam no seuinterior, com todos os pescadores batendo na água com os remos (Figura 4). Caso o cardume seja muitogran<strong>de</strong>, as outras duas canoas proce<strong>de</strong>m também à formação dos ganchos, visando minimizar atentativa <strong>de</strong> fuga das tainhas, assim como provocar o emalhe <strong>de</strong> forma mais rápida.Esta operação é realizada a uma profundida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 2 a 3 m, durando geralmente <strong>de</strong> três aseis horas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da área <strong>de</strong> captura e, principalmente, da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes capturados.Geralmente esta pescaria é realizada na baixa-mar, com os pescadores partindo no início da maré baixae retornando no inicio da preamar. A espécie <strong>de</strong> tainha mais capturada nessas duas operações <strong>de</strong> pescacom cerco é a M. incilis, vulgarmente conhecida na região como tainha-do-olho-amarelo. Toda a faunaacompanhante <strong>de</strong>sta pescaria é recolhida e também comercializada.11


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ABFigura 3 - Desenho esquemático da operação<strong>de</strong> pesca <strong>de</strong> tainhas com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco, namodalida<strong>de</strong> semicerco, utilizando duascanoas (A: início do cerco; B: fim do cerco).Figura 4 - Desenho esquemático da operação <strong>de</strong>pesca <strong>de</strong> tainhas com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco, namodalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco completo, utilizando quatrocanoas (A: início do cerco; B: fim do cerco).REDE DE ESPERAEssa pescaria é realizada geralmente nas luas <strong>de</strong> quarto crescente e minguante, utilizando-seapenas uma canoa, dois pescadores, duas re<strong>de</strong>s e dois mourões (Figura 5).Figura 5 - Esquema da pescaria com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> superfície usada na pesca <strong>de</strong> tainhas em Porto <strong>de</strong>Pedras, Alagoas.12


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]A pescaria se inicia sempre na baixa-mar e, <strong>de</strong> acordo com os ventos e as correntes existentes, ospescadores <strong>de</strong>finem o local i<strong>de</strong>al para cravar os mourões no substrato, em uma faixa <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>que varia normalmente <strong>de</strong> 4 a 5 m. A parte inferior da re<strong>de</strong> é amarrada próxima à extremida<strong>de</strong> inferiordo mourão, com um nó <strong>de</strong> porco, e a parte superior é amarrada próxima a sua meta<strong>de</strong>, com dois nós: oprimeiro é um nó <strong>de</strong> porco e o segundo um nó <strong>de</strong> laçada, distando cerca <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> um do outro. Istoé feito por segurança, garantindo que a re<strong>de</strong> se mantenha presa ao mourão caso o primeiro nó seja<strong>de</strong>sfeito. Após a colocação do mourão e fixação da re<strong>de</strong> ao mesmo, inicia-se o lançamento da re<strong>de</strong> aomar. Ao final <strong>de</strong>sta operação, uma bóia <strong>de</strong> isopor é fixada à extremida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong>, a qual fica à <strong>de</strong>riva,ao sabor das correntes. Este mesmo procedimento é efetuado com a segunda re<strong>de</strong>, após o qual ospescadores retornam à praia.A operação <strong>de</strong> recolhimento inicia-se 12 horas após, durante a baixa-mar, localizando–se a bóiafixada na extremida<strong>de</strong> das re<strong>de</strong>s. Dois pescadores proce<strong>de</strong>m ao recolhimento, operação que dura emtorno <strong>de</strong> 2 horas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do estado do mar. Os peixes são mantidos emalhados, sendo retiradosapenas após o <strong>de</strong>sembarque. No retorno à terra, a canoa navega com as velas içadas para chegar comrapi<strong>de</strong>z ao ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque e iniciar a comercialização do pescado.Na chegada, toda re<strong>de</strong> é lavada diretamente na praia, momento em que todos os peixescapturados são retirados. A espécie <strong>de</strong> tainha mais capturada nessa operação é a M. liza, conhecida naregião como “cambiro”.TARRAFAA pesca <strong>de</strong> tarrafa é realizada com o auxílio <strong>de</strong> uma pequena bóia (ou outro objeto flutuantequalquer, como um coco seco ou um pedaço <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira), a qual é lançada na água para atrair astainhas. Quando o cardume se concentra em torno da bóia, a tarrafa é lançada sobre o mesmo. Emoutras ocasiões, o pescador, através da visualização direta do cardume na superfície da água, efetua olançamento da tarrafa, sem recorrer ao uso da bóia. Este procedimento é executado com doispescadores a bordo da canoa, sendo um o responsável pelo lançamento da tarrafa e o outro pelacondução da embarcação e pelo da mesma na hora do lançamento da tarrafa. Esta pescaria é feita noinício da baixa-mar ou preamar e, ao contrário das duas acima <strong>de</strong>scritas, ocorre tanto no interior doestuário, como nas proximida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>sembocadura do rio Manguaba ou no mar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro. A pescariadura em torno <strong>de</strong> 3 a 4 horas, numa profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> até 10 m.As espécies <strong>de</strong> tainhas mais capturadas nessa operação são a M. curema e M. curvi<strong>de</strong>ns,vulgarmente conhecidas na região como sauna do olho preto e negrão, respectivamente.13


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]COMPOSIÇÃO DAS CAPTURASEmbora os métodos <strong>de</strong> pesca acima <strong>de</strong>scritos direcionem suas capturas para as tainhas, umagran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras espécies é também capturada nestas pescarias. Uma lista com as espéciesda fauna acompanhante <strong>de</strong>sta pescaria, por cada método <strong>de</strong> pesca, é apresentada na tabela abaixo(Tabela 1).No presente estudo foi registrada a ocorrência <strong>de</strong> quatro espécies <strong>de</strong> tainhas na região: Mugilcurema, M. curvi<strong>de</strong>ns, M. incilis e M. liza. As espécies M. incilis e M. liza atingem maior tamanho esão capturadas em áreas mais distantes da praia, enquanto que as <strong>de</strong> menor tamanho, M. curema e M.curvi<strong>de</strong>ns, são capturadas próximas ao estuário e <strong>de</strong>ntro do rio Manguaba.Foram amostrados 559 indivíduos durante todos os meses <strong>de</strong> coleta, dos quais 326 foram daespécie M. curvi<strong>de</strong>ns, com 170 fêmeas e 156 machos, e 233 da espécie M. incilis, sendo 106 fêmeas e127 machos. As distribuições <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong>ssas espécies mostraram que ocomprimento zoológico (CZ) <strong>de</strong> M. incilis variou <strong>de</strong> 24 cm a 35 cm para os machos (moda na classe <strong>de</strong>31 a 33 cm) e <strong>de</strong> 23 cm a 42 cm para as fêmeas, (moda nas classes <strong>de</strong> 31 a 33 cm e <strong>de</strong> 33 a 35 cm)(Figura 6).Para M. curvi<strong>de</strong>ns, os machos variaram <strong>de</strong> 22,5 cm a 31,5 cm (moda na classe <strong>de</strong> 23 a 25 cm),enquanto as fêmeas apresentaram CZ <strong>de</strong> 21 cm a 37,5 cm (moda na classe <strong>de</strong> 25 cm a 27 cm) (Figura7).CONSERVAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADOEm Porto <strong>de</strong> Pedras, a comercialização é feita logo na chegada das canoas nos pontos <strong>de</strong><strong>de</strong>sembarque, aten<strong>de</strong>ndo apenas à comunida<strong>de</strong> local. Desta forma, quando os pescadores retornam <strong>de</strong>suas pescarias, os consumidores locais ou atravessadores já estão aguardando na praia para compraremo pescado capturado. Em muitas ocasiões, os pescadores saem para o mar com a produção totalmentevendida. É importante mencionar que a divisão da produção é feita geralmente em três partes iguais:uma para o dono da canoa e do material <strong>de</strong> pesca e as outras duas para os respectivos pescadores (mão<strong>de</strong>-obra).Quando o proprietário da embarcação e dos aparelhos <strong>de</strong> pesca participa efetivamente dapescaria, ele recebe 2/3 do valor obtido com a comercialização do pescado.Todo o pescado é comercializado fresco logo após o <strong>de</strong>sembarque, não havendo nestaspescarias nenhum método <strong>de</strong> conservação a bordo. A parcela não comercializada pós-<strong>de</strong>sembarque écongelada em freezers domésticos, sem qualquer evisceração e/ou beneficiamento, sendo o pescadoapenas lavado com água doce. Apenas uma pequena parte do pescado capturado é salgada paraconsumo familiar.14


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Tabela 1 - Principais espécies capturadas como fauna acompanhante da pescaria <strong>de</strong> tainhas, em Porto<strong>de</strong> Pedras, Estado <strong>de</strong> Alagoas.APARELHO DE PESCA ESPÉCIE NOME VULGARAbu<strong>de</strong>fduf saxatilisSaberéAcanthurus bahianusCaraúnaAcanthurus coeruleusCaraúna azulCaranx hipposXaréu branco*Caranx lugubrisXaréu pretoRe<strong>de</strong> <strong>de</strong> cercoCentropomus parallelus Camorim peba**Centropomus un<strong>de</strong>cimalis Camorim flechaLarimus breviceps<strong>Pesca</strong>da boca moleLutjanos synagrisAriocóOligoplistes saurusTibiroSardinella brasiliensisSardinhaSelene vômerGalo <strong>de</strong> penachoSparisoma rubripinneBudiãoStegastes fuscusCastanhetaBagre marinusCaranx hipposCaranx lugubrisCentropomus parallelusCentropomus un<strong>de</strong>cimalisRe<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera Dasyatis americanaGymnura altavelaLarimus brevicepsOligoplites saurusSardinella brasiliensisSelene vômerSparisoma rubripinneCaranx hipposCaranx lugubrisCentropomus parallelusTarrafa Centropomus un<strong>de</strong>cimalisDiapterus rhombeusEugerres brasilianusHexanematichthys herzbergii* Espécies mais abundantes na fauna acompanhante.**Espécies comercialmente mais importantes.Bagre ban<strong>de</strong>iraXaréu brancoXaréu pretoCamorim pebaCamorim flechaRaia pregoRaia manteiga<strong>Pesca</strong>da boca mole**Tibiro*SardinhaGalo <strong>de</strong> penachoBudiãoXaréu brancoXaréu pretoCamorim pebaCamorim flechaCarapeba**CarapitingaBagre*15


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]4540Frequência absoluta3530252015105023|-25 25|-27 27|-29 29|-31 31|-33 33|-35 35|-37 37|-39 39| - 41 41| - 43Comprimento zoologico (cm)MachosFêmeasMachos (N=127)Fêmeas (N=106)Figura 6 - Distribuição <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> comprimento zoológico <strong>de</strong> M. incilis, por sexo, amostradosem Porto <strong>de</strong> Pedras, AL.60Frequência absoluta50403020Machos (Nº = 156)Fêmeas (Nº = 170)10021|-23 23|-25 25|-27 27|-29 29|-31 31|-33 33|-35 35|-37 37|-39Comprimento zoologico (cm)Figura 7 - Distribuição da freqüência <strong>de</strong> comprimento zoológico <strong>de</strong> M. curvi<strong>de</strong>ns, por sexo, amostradosem Porto <strong>de</strong> Pedras, AL.Ao longo do presente trabalho foi possível observar que a pesca <strong>de</strong> tainhas em Porto <strong>de</strong> Pedrasemprega conhecimentos e práticas aprendidas pelos pescadores locais, os quais, associados à limitadacapturabilida<strong>de</strong> dos aparelhos <strong>de</strong> pesca usados, têm permitido a realização <strong>de</strong> uma pesca maisresponsável e seletiva. Conforme observado em outras localida<strong>de</strong>s litorâneas da costa brasileira(Cardoso & Nordi, 2006), este fato tem contribuído sobremaneira para a conservação <strong>de</strong>ste importanterecurso pesqueiro, com relevante papel sócio-econômico para os moradores <strong>de</strong>ste município.16


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]REFERÊNCIASCardoso, T. A. & N. Nordi, N. (2006). Small-Scale Manjuba Fishery around Cardoso Island State Park,São Paulo, Brazil. Braz. J. Biol. 66(4): 963-973.Castro e Silva, S.M.M., Verani, J.R. & Ivo, C.T.C. (2005). Aparelhos e técnicas <strong>de</strong> pesca utilizados empescarias artesanais <strong>de</strong> peixes, na costa do estado do Ceará - Brasil. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará.Dias-Neto, J. e L.C.C. Dornelles 1996. Diagnóstico da pesca marítima do Brasil. (Coleção MeioAmbiente. Série Estudos <strong>Pesca</strong>, 20). Brasília: IBAMA.Dias-Neto, J. & S. Marrul-Filho, S. (2003). Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil.Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Brasília.Figueiredo, J.L. & Menezes, N.A. (1985). Manual <strong>de</strong> peixes marinhos do sudoeste do Brasil. VolumeV. Teleostei (4). São Paulo: Museu <strong>de</strong> Zoologia. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo,Fischer, W. (1978). FAO Species i<strong>de</strong>ntification sheets for fishery purposes, Western Central AtlanticFishing Área 31.Vol III. Roma: FAOFonteles Filho, A.A. (1989). Recursos pesqueiros: Biologia e dinâmica populacional, Fortaleza:Imprensa Oficial do Ceará.IBAMA. 2003. Boletim estatístico da pesca marítima e estuarina do nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Tamandaré.IBAMA. 2006. Monitoramento da ativida<strong>de</strong> pesqueira no litoral do Brasil - Relatório Técnico Final.Brasília.IBAMA. 2007. Caracterização da <strong>Pesca</strong> no Estado <strong>de</strong> Alagoas. Disponível em:http://www.ibama.gov.br/cepene/in<strong>de</strong>x.php?id_menu=78. Acessado em 27/06/07.Menezes, N.A. Guia prático para o conhecimento e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tainhas e paratis (Pisces,Mugilidae) do litoral brasileiro. Rev. Bras. Zool. 2 (1): 1-12.2, 1983.17


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]LARVICULTURA DE TAMBAQUI EM DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEMSandra Soares dos SANTOS; José Patrocínio LOPES*; Miguel Arcanjo dos SANTOS-NETO &Luciana Silva dos SANTOSDepartamento <strong>de</strong> Educação, Universida<strong>de</strong> do Estado da Bahia, Campus VIII*E-mail: jpatrobr@gmail.comResumo - O domínio da tecnologia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> tambaqui Colossoma macropomum(Cuvier, 1816) e sua conseqüente prática como procedimento <strong>de</strong> rotina das estações <strong>de</strong> piscicultura, éum evento que se reveste <strong>de</strong> maior importância para o <strong>de</strong>senvolvimento da aqüicultura continental. Oobjetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi testar o efeito <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagem <strong>de</strong> tambaqui na fase <strong>de</strong>larvas, em tanques <strong>de</strong> alvenaria e analisar a sobrevivência e o crescimento médio visando verificar a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que apresenta o melhor <strong>de</strong>sempenho e disponibilizar juvenis <strong>de</strong>sta espécie para piscicultores.O experimento foi realizado em 10 tanques <strong>de</strong> alvenaria. Foram utilizados dois tratamentos: T1 (50pós-larvas/m 2 ) e T2 (100 pós-larvas/m 2 ), com cinco repetições cada. Durante os 40 dias as pós-larvasforam alimentadas com plâncton e ração até a sacieda<strong>de</strong>. A sobrevivência não apresentou diferençaentre os tratamentos. O crescimento médio foi maior na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50 pós-larvas/m 2 . O tratamentoT1 é propício para o cultivo intensivo e o tratamento T2 para cultivos extensivos e semi-intensivos.PALAVRAS-CHAVE: alevinos, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, sobrevivência e crescimento.Abstract - The mostership of the technology of production of “tambaqui” Colossoma macropomum(Cuvier, 1816) fingerlings and her consequent practice as procedure of routine of the fish farmingstations, is an event that is greatty importance for the <strong>de</strong>velopment of the continental aquaculture. Theobjective of this work was to test the effect of two <strong>de</strong>nsities of tambaqui’s stockpile in the phase oflarvae in tanks, to analyze the survival and the medium growth seeking to verify the <strong>de</strong>nsity thatpresents the best acting and to make available juvenile of this species for fish farmers of the <strong>de</strong>privedinitiative. The experiment was accomplished in 10 tanks. Two treatments were used: T1 (50 larvae/m 2 )e T2 (100 larvae/m 2 ), with five repetitions each. During the 40 days of cultivation the larvae were fedwith plankton and ration until the satiation. The survival didn't present significant difference among thetreatments. The medium growth was larger in the <strong>de</strong>nsity of 50 larvae/m². The results indicated that thetreatment T1 is favorable for the system of intensive cultivation and the treatment T2 for extensive andsemi-intensive cultivations.KEY WORDS: fingerlings, <strong>de</strong>nsities, survival and growth.18


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]INTRODUÇÃOA piscicultura é uma ativida<strong>de</strong> produtiva que permite o equilíbrio entre o interesse econômico ea exploração racional da natureza, porque apresenta elevada produtivida<strong>de</strong> utilizando menos superfície<strong>de</strong> terra em comparação com outras ativida<strong>de</strong>s (SÁ, 2003).Segundo Borghetti et al. (2003), na década <strong>de</strong> 30 a piscicultura brasileira ganhou projeçãointernacional quando um pesquisador nacional, chamado Rodolfo von Ihering <strong>de</strong>senvolveu uma técnicapara induzir os peixes reofílicos a <strong>de</strong>sovar em cativeiro.Na região Nor<strong>de</strong>ste, também a partir da década <strong>de</strong> 30, a piscicultura começou a ganhar forças apartir do povoamento dos açu<strong>de</strong>s públicos, construídos primariamente para armazenar água, mas quetambém se prestavam bem à pesca pelas populações ribeirinhas (Borghetti, et al. 3003).O tambaqui foi introduzido no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> Obras Contraas Secas (DNOCS), visando utilizá-lo para povoamento <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s e estocagem em viveiros <strong>de</strong> engorda(SILVA et al., 1981). O domínio da tecnologia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> tambaqui e sua conseqüenteprática como procedimento <strong>de</strong> rotina das estações <strong>de</strong> piscicultura é um evento que se reveste <strong>de</strong> maiorimportância para o <strong>de</strong>senvolvimento da aqüicultura continental (Lopes; Fontenele, 1982). Reprodutorese matrizes <strong>de</strong> tambaqui e <strong>de</strong> pirapitinga, Piaractus brachypomus (Cuvier, 1816), componentes dosplantéis em ativida<strong>de</strong>s nas estações <strong>de</strong> piscicultura do Nor<strong>de</strong>ste, tiveram origem comum, sendo<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos 74 alevinos da primeira espécie e 94 da segunda que o DNOCS trouxe <strong>de</strong> Iquitos,Peru (Silva; Gurgel, 1989).O tambaqui é um peixe da região amazônica com gran<strong>de</strong> potencial para aqüicultura. A região <strong>de</strong>Paulo Afonso tem se caracterizado pelo monocultivo <strong>de</strong> tilápia, O. niloticus, ignorando a alternativa docultivo <strong>de</strong>ste peixe, que po<strong>de</strong> ser produzido na região nor<strong>de</strong>ste praticamente o ano inteiro. Associado aeste fato, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem é outro fator importante a ser consi<strong>de</strong>rado, por interferir nocrescimento, na eficiência alimentar e, sobretudo na sobrevivência (Iwamoto, 1986). A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>elevada po<strong>de</strong> também ser consi<strong>de</strong>rada como um potencial estressor dos peixes e, conseqüentemente,reduzir a capacida<strong>de</strong> produtiva dos mesmos (Jobling, 1994).Segundo Lefrançois (2001), o estresse é prejudicial ao crescimento provocando alterações naagressivida<strong>de</strong> e perseguição social, gerando maior exigência metabólica e alteração no comportamentoalimentar dos peixes.Com base no exposto acima, o estudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagem no cultivo <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong>tambaqui proposto neste trabalho faz-se necessário para se avaliarem estratégias <strong>de</strong> manejo para estaespécie.19


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi realizado na Estação <strong>de</strong> Piscicultura <strong>de</strong> Paulo Afonso (EPPA), pertencente àCompanhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), localizada no Acampamento CHESF em PauloAfonso, Bahia.MATERIAL BIOLÓGICOO tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1816), é um carací<strong>de</strong>o nativo da baciaAmazônica e do rio Orenoco. Segundo Taphorn (1992), em termos <strong>de</strong> geografia política, a espéciehabita o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. O cachama, como é chamada na Venezuela, é umpeixe comestível comum na maior parte da região do Orenoco, e na parte superior da sua drenagem é aespécie mais importante. Na natureza há registros <strong>de</strong> que esse peixe atinge peso ao redor <strong>de</strong> 30 kg,sendo consi<strong>de</strong>rado o maior peixe <strong>de</strong> escamas da bacia Amazônica, per<strong>de</strong>ndo em porte somente paraArapaima gigas (pirarucu) (Kubitza, 2004).PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOSA captura dos peixes reprodutores foi realizada no período da manhã, com o auxílio <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto. Para isto, na noite anterior, foi reduzido o volume d’água do viveiro. Para seleção dosexemplares, foi seguida a metodologia <strong>de</strong>scrita por Woynarovick (1985). Foram selecionados 4espécimes, sendo 2 fêmeas e 2 machos. Os peixes foram pesados e em seguida colocados no tanque,permanecendo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sacos <strong>de</strong> contenção, tendo assim um tempo em repouso para que serecuperassem dos estresses <strong>de</strong> captura e transporte.HIPOFISAÇÃOUtilizou-se hipófise <strong>de</strong> carpa importadas a seco, que pesavam aproximadamente 3 mg cadauma. Na EPPA, foram mantidas em álcool absoluto como medida preventiva <strong>de</strong> preservação contrafungos.Para as fêmeas foi utilizada 5 mg <strong>de</strong> hipófise/kg vivo e para os machos 2,5 mg <strong>de</strong> hipófise/kgvivo. Nas fêmeas foram aplicadas duas doses espaçadas em 20 horas e nos machos a primeira dose foiaplicada 6 horas após a primeira dose das fêmeas e a segunda dose ao mesmo tempo da segunda dasfêmeas. Sendo que para ambos, a primeira dose foi preparatória equivalendo apenas a 10% da dosetotal, e a segunda 90% (Woynarovich, 1985).Após a <strong>de</strong>sova, quando os ovos já se encontravam hidratados, foi então obtida a taxa <strong>de</strong>fecundida<strong>de</strong>, sendo extraído 100 mL em um béquer <strong>de</strong> cada incubadora. As amostras foram contadas20


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]em placas <strong>de</strong> Petri distintas, on<strong>de</strong> foram contados os ovos viáveis e não viáveis. Através da médiaaritmética obteve-se o número <strong>de</strong> ovos viáveis (fecundados). Para se obter o resultado <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong>média (FM) adotou-se a seguinte fórmula:Nº <strong>de</strong> ovos viáveis x 100FM = ______________________________________Total da amostraDurante o período <strong>de</strong> incubação foi monitorada a temperatura da água nas incubadoras.Antes <strong>de</strong> iniciar o experimento, os tanques foram preparados e expostos ao sol, por um período<strong>de</strong> oito dias, visando a eliminação <strong>de</strong> organismos in<strong>de</strong>sejáveis ao cultivo (insetos predadores oucompetidores e peixes invasores). A areia existente no piso foi revolvida e peneirada, retirando algunsbivalves como Corbicula fluminea e outros moluscos. As pare<strong>de</strong>s foram escovadas e lavadas pararetirada do material em <strong>de</strong>composição.O abastecimento dos tanques ocorreu três dias antes da estocagem das pós-larvas, evitando-se<strong>de</strong>ssa forma o prévio estabelecimento <strong>de</strong> insetos predadores. Quando o fundo dos mesmos já estavacoberto por uma lâmina d’água com cerca <strong>de</strong> 40 a 50 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> foram adubados com estercobovino curtido, na proporção <strong>de</strong> 0,5 kg/m 2 , favorecendo a produção primária e aportando nutrientespara o crescimento do plâncton e outros organismos utilizados como alimento natural.O experimento foi realizado em 10 tanques <strong>de</strong> alvenaria, com 50 m 2 cada. Constou <strong>de</strong> doistratamentos, (T1 e T2) com cinco repetições cada. No tratamento T1, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagemadotada foi <strong>de</strong> 50 pós-larvas/m 3 , sendo necessárias 2.500 pós-larvas por unida<strong>de</strong> experimental,totalizando 12.500 pós-larvas para o tratamento. Para o tratamento T2 foi adotada a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100pós-larvas/m 3 totalizando assim 5.000 pós-larvas por unida<strong>de</strong> experimental, sendo necessárias 25.000pós-larvas.Estando os tanques <strong>de</strong>vidamente preparados, antes da liberação das pós-larvas foi aferida atemperatura da água nos mesmos. Em seguida, foi suspenso o funcionamento das incubadoras etransferida a água juntamente com as pós-larvas, com o auxílio <strong>de</strong> uma mangueira, para bal<strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> tela para evitar a fuga das mesmas. As pós-larvas foram transferidas para os tanquesatravés <strong>de</strong>stes bal<strong>de</strong>s. No próprio tanque as mesmas foram contadas.Para contagem das pós-larvas, foi utilizado um copo <strong>de</strong>scartável e, neste, colocadas 100 póslarvas.A partir <strong>de</strong>ste ponto, por amostragem, baseada na visualização das pós-larvas no copo foicalculado o total <strong>de</strong> pós-larvas para os tanques. O período <strong>de</strong> cultivo das pós-larvas foi <strong>de</strong> 40 dias.21


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ACOMPANHAMENTO DIÁRIODurante 15 dias, as pós-larvas foram alimentadas com plâncton. A partir do 16º dia <strong>de</strong> cultivofoi ofertada ração para alevinagem com 35% <strong>de</strong> proteína bruta (PB). A mesma era distribuídacontornando-se todo o tanque com o auxílio <strong>de</strong> uma peneira. Suspensa a oferta do plâncton, os peixesforam arraçoados duas vezes ao dia, pela manhã e pela tar<strong>de</strong>, sendo que o segundo arraçoamento só eraoferecido se não houvesse sobras. A ração passou a ser colocada em comedouros. No 26º dia começoua ser usada ração para alevinos com 32% <strong>de</strong> PB.Os tanques tiveram renovação d’água após 30 dias <strong>de</strong> cultivo. Diariamente era monitorada atemperatura da água dos tanques e feita uma inspeção, retirando com a ajuda <strong>de</strong> puçás larvas <strong>de</strong> insetos,algas filamentosas e girinos. Ao final <strong>de</strong> 40 dias <strong>de</strong> cultivo, proce<strong>de</strong>u-se a <strong>de</strong>spesca. Para uma melhorexatidão, os alevinos foram contados um a um e transferidos para o viveiro <strong>de</strong> crescimento com auxílio<strong>de</strong> bal<strong>de</strong>s plásticos com água. Algumas amostras foram retiradas para biometria.Os resultados obtidos foram analisados através da média aritmética, variância e <strong>de</strong>svio padrão.Foram aplicados o teste “t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt e a Análise <strong>de</strong> Variância (ANOVA) com base na distribuição“F” <strong>de</strong> Sne<strong>de</strong>cor seguindo a metodologia <strong>de</strong>scrita por Men<strong>de</strong>s (1999), através do <strong>de</strong>lineamentointeiramente casualisado (α = 0,05). Os parâmetros <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> final avaliados foram asobrevivência e o comprimento total.RESULTADOSA ovulação ocorreu com 279 horas graus, com temperatura entre 24 e 26 ºC. Apenas a fêmea 2<strong>de</strong>sovou, obtendo 1,6 kg <strong>de</strong> ovos. A taxa <strong>de</strong> fecundação foi <strong>de</strong> 78,8%.O percentual médio <strong>de</strong> sobrevivência para os dois tratamentos (T1 e T2) foi <strong>de</strong> 46,86 ±16,05% e37,06±17,19%, respectivamente. Ao se aplicar o teste “t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt a um nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong>0,05 entre os tratamentos, foi verificado que não houve diferença significativa no que se refere àsobrevivência média.Em se tratando do comprimento médio foi confirmada uma relevante diferença significativaentre os mesmos. Os alevinos do tratamento T1 alcançaram 5,2 ± 0,22 cm e os do tratamento T2 3,6 ±0,20 cm (Figura 01).22


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]50454035302520151050Sobrevivência (%)Crescimento (cm)T1T2Figura 01. Sobrevivência e Comprimento M édio nos TratamentosA temperatura média da água dos tanques, durante os 40 dias <strong>de</strong> cultivo, permaneceu em torno<strong>de</strong> 26,4 ºC. Entre a segunda e a terceira semana foi elevada para 26,8 ºC estabilizando-se nesta faixa atéo final do cultivo.DISCUSSÃOOs resultados obtidos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados satisfatórios, pois segundo Silva & Figueiredo(1991), a taxa <strong>de</strong> fecundação em diversos trabalhos realizados em instituições <strong>de</strong> pesquisa do Nor<strong>de</strong>stebrasileiro (CODEVASF, IBAMA e DNOCS) varia <strong>de</strong> 70 a 80%. Pinheiro & Silva (1988) conseguiram63,9% <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong>, resultados estes condizentes aos encontrados neste experimento.Ainda, segundo Silva & Figueiredo (1991), a primeira alevinagem dura 30 a 40 dias, sendo ataxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> pós-larvas/alevinos entre 30 a 50%, a uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem que varia<strong>de</strong> 75 a 200 pós-larvas/m 3 em diversas pisciculturas do Nor<strong>de</strong>ste. Tal resultado está <strong>de</strong> acordo com osobtidos neste trabalho que foi <strong>de</strong> 46,86 ±16,05% e 37,06±17,19%, para os tratamentos T1 e T2,respectivamente.Os resultados do presente trabalho estão <strong>de</strong> acordo quanto às <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagemutilizadas por Brandão et al. (2004), que foram <strong>de</strong> 100, 200, 300, 400 e 500 pós-larvas/m 3 em tanquesre<strong>de</strong>,não sendo observado diferença significativa entre as sobrevivências. No entanto, Jobling (1994)relata que altas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagem geram problemas <strong>de</strong> espaço e afetam a taxa <strong>de</strong> crescimento.Normalmente, peixes criados em baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estocagem apresentam boa taxa <strong>de</strong>crescimento e alta porcentagem <strong>de</strong> sobrevivência, porém a produção por área é baixa e segundo Gomes23


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]et al. (2000), caracterizando baixo aproveitamento da área disponível. O que ficou evi<strong>de</strong>nte entre ostratamentos <strong>de</strong>ste trabalho, nos quais as pós-larvas estocadas em menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (50 m 3 ) apresentammaior comprimento médio, apesar da sobrevivência não apresentar diferença significativa entre ostratamentos.Nesta região do submédio rio São Francisco, o tamanho dos alevinos para a comercializaçãotem variado entre 2,5 a 5 cm; logo os comprimentos alcançados nos tratamentos estão <strong>de</strong>ntro do padrão<strong>de</strong> comercialização.A temperatura média da água dos tanques manteve-se <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> conforto para osalevinos, e está na faixa consi<strong>de</strong>rada ótima para criação <strong>de</strong> peixes (Boyd, 1982). O arraçoamento até asacieda<strong>de</strong> foi eficiente, pois os resultados obtidos estão condizentes com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>alevinos e permitiu um melhor acompanhamento do experimento.CONCLUSÃOO tratamento T2 é o mais indicado quando se trabalha com cultivos extensivos e semiintensivos,enquanto para cultivos intensivos, o tratamento T1 é o mais recomendado.REFERÊNCIASBahia <strong>Pesca</strong> S/A (2003). Programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da aqüicultura e <strong>de</strong> pesca. Salvador: Bahia<strong>Pesca</strong>.Borghetti, N.R.B.; Ostrensky, A. & Borghetti, J.R. (2003). Aqüicultura: uma visão geral sobre aprodução <strong>de</strong> organismos aquáticos no Brasil e no mundo. Curitib:. GIAEA.Boyd, C. E. (1982). Water quality managemet for pond fishculture. Amsterdam: Elsevier Science.Brandão, F.R.; Gomes, L.C.; Chagas, E.C. & Araújo, L.D. (2004). Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem <strong>de</strong> juvenis<strong>de</strong> tambaqui durante a recria em tanques-re<strong>de</strong>. Acessado em: 27 nov. 2006 em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arrtext&pid=s0100204x200400040009.Gomes, L.C.; Baldisserotto, B. & Senhorini, J.A. (2000). Effect of stocking <strong>de</strong>nsity on water quality,survical, and growth of larvae of matrinxã, Brycon cephalus (Characidae), in ponds. Aquaculture: 183:73-81.Iwamoto, R.N.; Myers, J.M. & Hershberger, W.K. (1986). Genotype-environmental interactions forgrowth of rainbow trout, Salmo gairdneri. Aquaculture: 57(14): 153-51.Jobling, M. (1994). Fish bioenergetic London: Chapman & Hall.24


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Kubitza, F. (2003). .A evolução da tilapicultura no Brasil: produção e mercado. Panorama daAqüicultura 13(76): 25-35.Kubitza, F. (2004) Coletânea <strong>de</strong> informações aplicadas ao cultivo <strong>de</strong> tambaqui, do pacu e <strong>de</strong> outrospeixes redondos. Panorama da Aqüicultura 14(82): 27-37.Lefrançois, C.; Claireauxa, G.; Merciera, C. et al. (2001)..Effect of <strong>de</strong>nsity on the routine metabolicexpenditure of farmed rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Aquaculture 195: 269-277.Lopes, J.P.& Fontenele, O. (1982) Produção <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> tambaqui, Colossoma macropomum(Cuvier, 1818), para peixamento <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s e estocagem <strong>de</strong> viveiros, no nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Fortaleza:DNOCS.Men<strong>de</strong>s, P..P. (1999). Estatística aplicada à aqüicultura. Recife: Bagaço.Pinheiro, J.L.P. & Silva, M.C.N. (1988). Tambaqui: ampliação do período <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova. Brasília:CODEVASF.SÁ, A.M.B. (2003). Produção e crescimento <strong>de</strong> alevinos da tilápia do nilo, Oreochromis niloticus(Linnaeus, 1758) varieda<strong>de</strong> “ QAAT1” em sistema superintensivo <strong>de</strong> raceways. [Monografia <strong>de</strong>conclusão <strong>de</strong> curso]. Paulo Afonso: Universida<strong>de</strong> do Estado da Bahia.Silva, A.; Carneiro, S. & Melo, F.R. (1981). Desova induzida <strong>de</strong> tambaqui, Colossoma macropomumCuvier, 1818, com <strong>de</strong> hipófise <strong>de</strong> curimatã comum, Prochilodus cearensis Steindachner. In: DNOCS.Coletânea <strong>de</strong> trabalhos técnicos. Fortaleza (CE): DNOCS.Silva, J.W.B. & Figueiredo, J.J.C.B. (1999) Situação da Criação <strong>de</strong> Colossoma e Piaractus no Nor<strong>de</strong>stebrasileiro: janeiro 1988 a julho <strong>de</strong> 1991. In: IBAMA. Criação <strong>de</strong> Colossoma e Piaractus no Brasil: IIreunião do grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> Colossoma e Piaractus. Pirassununga: Anais/Centro <strong>de</strong> Pesquisa eTreinamento em Aqüicultura. Brasília: Ed. IBAMA.Silva, J. W. B. E. & Gurgel, J. J. S. (1989). Situação do cultivo <strong>de</strong> Colossoma no âmbito doDepartamento Nacional <strong>de</strong> Obras Contra as Secas (DNOCS). In: Armando Hernan<strong>de</strong>z. (Ed), Cultivo <strong>de</strong>Colossoma. (pp. 229-258). Bogotá: Guadalupe.Taphorn, D.C. (1992).The characiform fishes of the apure river drainage. Caracas: Biollania 4: 1-537.Woynarovch, E. (1985). Apontamentos do curso <strong>de</strong> propagação artificial <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> águas tropicais.Petrolina: Co<strong>de</strong>vasf.25


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]PROLIFICIDADE DA TILÁPIA-DO-NILO, VARIEDADE CHITRALADA, DE DIFERENTESPADRÕES DE DESENVOLVIMENTOLuciana Silva dos SANTOS 1 ; Daniel Ribeiro <strong>de</strong> OLIVEIRA FILHO 1 ; Sandra Soares dos SANTOSMiguel Arcanjo dos SANTOS NETO 2 * & José Patrocínio LOPES 21 Departamernto. <strong>de</strong> Educação, Universida<strong>de</strong> do Estado da Bahia, Campus VIII.2 Estação <strong>de</strong> Piscicultura <strong>de</strong> Paulo Afonso – EPPA / CHESF*Email: migasneto@yahoo.com.brResumo - A piscicultura é uma das ativida<strong>de</strong>s que mais se expan<strong>de</strong>m no Brasil. O Estado da Bahia,localizado na região Nor<strong>de</strong>ste, é um dos gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong> pescado do país, com <strong>de</strong>staque para omunicípio <strong>de</strong> Paulo Afonso. Este município, apesar <strong>de</strong> ser um dos maiores produtores <strong>de</strong> tilápia daregião, necessita importar alevinos <strong>de</strong> outros estados, pois a produção local não aten<strong>de</strong> à <strong>de</strong>manda. Opresente trabalho teve como objetivo comparar a prolificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oreochromis niloticus (tilápia doNilo), varieda<strong>de</strong> chitralada, <strong>de</strong> diferentes padrões <strong>de</strong> crescimento, bem como indicar a melhor relaçãobiomassa/produção <strong>de</strong> alevinos, contribuindo na seleção e dimensionamento do plantel <strong>de</strong> reprodutores.Foram utilizados dois diferentes padrões <strong>de</strong> crescimento: TA (tratamento A) com fêmeas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte e TB (tratamento B) com fêmeas <strong>de</strong> pequeno porte, todas com a mesma ida<strong>de</strong>. Em 45 dias <strong>de</strong>acasalamento, foi realizada a coleta <strong>de</strong> 93.060 alevinos no tratamento TA e 59.705 alevinos notratamento TB. O teste <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Variância (ANOVA) apresentou diferença significativa ao nível<strong>de</strong> α = 0,05 para os tratamentos, sendo TA mais prolífico. Ao se analisar o crescimento das prolespadrões A e B após 100 dias <strong>de</strong> cultivo, o Teste “t”, α = 0,05, não apresentou diferença significativaentre os padrões <strong>de</strong> crescimento das duas populações, embora a prole A tenha apresentadocomprimento médio maior e mais uniforme. Portanto, o padrão <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>radocomo uma característica relevante na seleção <strong>de</strong> reprodutores para a produção <strong>de</strong> alevinos.PALAVRAS-CHAVE: Larvicultura, Cichlidae, biomassa, produtivida<strong>de</strong>.Abstract - Fishing farm is one of the activities that more improviment in Brazil. The State of theBahia, located in the Northeastern region, is one of the great producers of fish canght of the country,with prominence for the city of Paulo Afonso. This city, although to be one of the greaters productionsof tilapia of the region, needs to import fingerling of other states, because local producers does nottakes care of the <strong>de</strong>mand to it. The present work had as objective to compare the prolificopy ofOreochromis niloticus (tilapia of the Nile), thai strain, in different pattern of growth, as well asindicating the better relation of biomass/production of fingerling, contributing in the selection and26


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]sizing of the broodstock of reproducers. Two different patterns of growth were used: TA (treatment A)with bigger females and TB (treatment B) with smalller females, all with the same age. In 45 days ofmating, the collection of 93,060 fingerling in the treatment was carried through TA and the 59,705fingerling in treatment TB. The test of Analyze of Variance (ANOVA) presented significant diference(α = 0,05) among the treatments, being more prolific TA. It was analyzed the growth of the offspringspattern A and the B after 100 days of culture( the Test ”t“, α = 0,05), it did not presented significantdiference among the pattern of growth of the two populations, even so the offspring has presentedbigger average length and more uniform. Therefore, pattern of growth must be consi<strong>de</strong>red anindispensable trait in the selection of reproducers for production of fingerling.KEY-WORDS: Breeding, Cichlidae, biomass, productivity.INTRODUÇÃOA aqüicultura é uma das ativida<strong>de</strong>s do setor produtivo primário que mais se <strong>de</strong>senvolve,principalmente <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> procura por pescado, uma vez que a captura máxima sustentável <strong>de</strong>espécies aquáticas tradicionais, a nível mundial, já atingiu os limites suportáveis <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong>toneladas por ano (FADURPE, 2001).No contexto mundial, o Brasil é um país com imenso potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento daaqüicultura, possuindo 8.400 km <strong>de</strong> costa marítima, 5.500.000 hectares <strong>de</strong> reservatórios,aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta, clima extremamente favorável para ocrescimento dos organismos cultivados, terras disponíveis e ainda relativamente baratas na maior partedo país, mão-<strong>de</strong>-obra abundante e crescente procura por pescado no mercado interno (Portal doAgronegócio, 2006).Dentre as inúmeras ativida<strong>de</strong>s que vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidas pela aqüicultura, a piscicultura éum dos segmentos do setor que cresce <strong>de</strong> forma acelerada, consolidando-se como uma ativida<strong>de</strong>econômica em plena expansão, gerando alimentos, empregos e divisas.A espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque da piscicultura no Brasil é a tilápia com uma produção <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 69.000toneladas/ano, sendo os maiores produtores os Estados do Ceará (18.000,0 t), Paraná (11.921,5 t), SãoPaulo (9.758,0 t), Mato Grosso (16.627,0 t) e Bahia (10.649,0 t) (IBAMA 2005).De acordo com a Bahiainvest (2006), o Estado da Bahia é o terceiro maior produtor <strong>de</strong> pescadoem cativeiro do país. A capacida<strong>de</strong> instalada é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil ton/ano <strong>de</strong> pescado, com <strong>de</strong>staquepara o cultivo da tilápia na região <strong>de</strong> Paulo Afonso.27


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Situado às margens do rio São Francisco, o município <strong>de</strong> Paulo Afonso-BA é um dos maioresprodutores <strong>de</strong> tilápia da região, po<strong>de</strong>ndo vir a ser um dos maiores produtores da América Latina.Localizado estrategicamente entre os estados <strong>de</strong> Alagoas, Sergipe e Pernambuco, Paulo Afonso reúneexcelentes condições ambientais para prática da piscicultura. O clima e a luminosida<strong>de</strong> durante o anointeiro propiciam condições i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> temperatura para a criação <strong>de</strong> espécies tropicais. Somado a isto,há a abundância <strong>de</strong> água <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong> e a boa infra-estrutura <strong>de</strong> energia, comunicação eescoamento da produção, fazendo da cida<strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vocação para o cultivo da tilápia(Panorama da Aquicultura, 2002).Os recursos hídricos disponíveis na região, representados pelos reservatórios <strong>de</strong> Itaparica, Moxotó,PA. IV e Xingó possuem uma área inundada <strong>de</strong> aproximadamente 100 mil hectares e acumulam umvolume <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 16 bilhões <strong>de</strong> metros cúbicos (COOMAPA, 2006).Atualmente, encontram-se em operação, nos reservatórios <strong>de</strong> Xingó e Moxotó, 1.300 tanquesre<strong>de</strong>s,distribuídos por oito associações <strong>de</strong> produtores rurais e seis produtores particulares (Teixeira,2006). Somente nos projetos acompanhados pela empresa Bahia <strong>Pesca</strong>, nos reservatórios acima citados,na área correspon<strong>de</strong>nte ao Estado da Bahia, registrou-se em 2005 uma produção <strong>de</strong> 2.057.198 kg <strong>de</strong>tilápia, três vezes maior que a produção no ano 2000 (670.500 kg). Deste total produzido, 477.001 kgforam produzidos pelas associações rurais e 1.580.197 kg pelos produtores particulares, <strong>de</strong>stacando-seentre os produtores particulares, o Grupo MPE, que produziu 720.000 kg através do cultivo emraceways (Bahia <strong>Pesca</strong>, 2006).Com relação à produção <strong>de</strong> alevinos, a região conta apenas com dois fornecedores: Criação <strong>de</strong>Peixe Lima, que, segundo proprietário, produz em média 500 mil alevinos/mês, fornecidos a produtores<strong>de</strong> outros estados e, eventualmente, a associações e produtores da região, que aos poucos estãoganhando, espaço no mercado local, e a AAT Internacional, que produz em média 550 milalevinos/mês. Destes, 200 mil alevinos são fornecidos mensalmente para a Valença Maricultura,empresa do mesmo grupo, os outros 350 mil restantes são fornecidos em sua maior parte às associações<strong>de</strong> Jatobá – PE, não aten<strong>de</strong>ndo à <strong>de</strong>manda da região, agravado com o surgimento <strong>de</strong> novosempreendimentos nos lagos <strong>de</strong> Itaparica, Moxotó e Xingó, ao quais adquirem os alevinos <strong>de</strong> outrosfornecedores, localizados nos Estados <strong>de</strong> Sergipe, Pernambuco e Paraíba.Portanto, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alevinos representa uma das condições para o <strong>de</strong>senvolvimento e aintensificação da piscicultura. Segundo Radünz Neto et al. (1999), um dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios dapiscicultura nacional é a produção <strong>de</strong> alevinos viáveis, com alta taxa <strong>de</strong> sobrevivência, bem formados,28


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]<strong>de</strong> tamanho uniforme e com potencial genético que possibilite uma boa velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimentovisando satisfazer a procura, cada vez mais exigente.Este elo da ca<strong>de</strong>ia produtiva da tilápia precisa ser <strong>de</strong>senvolvido na região, <strong>de</strong> preferência porprodutores locais, como forma <strong>de</strong> promover nela um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, um dos pilares donovo paradigma do <strong>de</strong>senvolvimento mundial. A produção <strong>de</strong> boas sementes requer bons plantéis <strong>de</strong>reprodutores <strong>de</strong> maneira a propiciar um ótimo <strong>de</strong>sempenho em todo o ciclo <strong>de</strong> cultivo.Deve-se, ainda, adquirir linhagens, ou raças <strong>de</strong> produtores, que propiciem gran<strong>de</strong> produção, semper<strong>de</strong>r qualida<strong>de</strong>s, como crescimento rápido, rusticida<strong>de</strong> etc. Surge, então, a questão <strong>de</strong> saber qualida<strong>de</strong>, ou tamanho, a tilápia é mais produtiva, ou quanto se po<strong>de</strong> produzir com uma <strong>de</strong>terminadabiomassa <strong>de</strong> reprodutores estocada.O presente trabalho teve como objetivo comparar a prolificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oreochromis niloticus(varieda<strong>de</strong> chitralada) <strong>de</strong> diferentes padrões <strong>de</strong> crescimento, bem como indicar a melhor relaçãobiomassa/produção <strong>de</strong> alevinos, contribuindo na seleção e dimensionamento do plantel <strong>de</strong> reprodutores.MATERIAL E MÉTODOSEste trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido na Estação <strong>de</strong> Piscicultura <strong>de</strong> Paulo Afonso (EPPA), pertencente àCompanhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), localizada no Município <strong>de</strong> Paulo Afonso, Bahia.Para realização <strong>de</strong>ste experimento foram utilizados 10 tanques <strong>de</strong> alvenaria, com 50 m 3 ,,apresentando fundo <strong>de</strong> concreto, com uma camada <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> areia <strong>de</strong> rio e caixa <strong>de</strong> coleta. A espécieem estudo foi a tilápia-do-nilo Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), varieda<strong>de</strong> chitralada.Antes do inicio do experimento, os tanques foram expostos ao sol, lavados e submetidos à limpeza daspare<strong>de</strong>s, com revolvimento da areia <strong>de</strong>positada no piso, visando à eliminação <strong>de</strong> organismosin<strong>de</strong>sejáveis ao cultivo. Após o enchimento dos tanques, foi realizada a estocagem dos reprodutores. Ostanques não foram adubados, contribuindo para a coleta das nuvens <strong>de</strong> alevinos.Os reprodutores utilizados foram selecionados <strong>de</strong> um plantel com a mesma ida<strong>de</strong>,diferenciando-se pelo padrão <strong>de</strong> crescimento das fêmeas ao que se chamou <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> crescimentoA e B. Antes do acasalamento, foi realizada a sexagem dos reprodutores e transferidos para três tanques<strong>de</strong> alvenaria: fêmea padrão A; fêmea padrão B e machos mesmo padrão, visando <strong>de</strong>scanso e preparaçãosexual.Os peixes foram acasalados numa proporção <strong>de</strong> duas fêmeas para um macho (2:1). Cada tanquerecebeu 20 fêmeas e 10 machos, por tratamento, com cinco repetições cada. A média <strong>de</strong> comprimento epeso das fêmeas utilizadas nos dois tratamentos foi respectivamente <strong>de</strong> 263±11,91 mm e 420±101,71 g29


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]para o tratamento TA e 233±8,97 mm e 251±39,00 g para o tratamento TB. Em ambos os tratamentos,os machos apresentavam comprimento médio <strong>de</strong> 292±13,91 mm e peso médio <strong>de</strong> 586±93,80 g.Decorridos 15 dias após o acasalamento, teve início a coleta <strong>de</strong> larvas e alevinos, prosseguindopor mais 30 dias quando terminou o experimento.Foram realizadas em média três coletas semanais, com uso <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> malha fina, semprepela manhã, a fim <strong>de</strong> minimizar o risco <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> por estresse com o aumento da temperatura daágua. A contagem das larvas e alevinos foi feita por tanque, utilizando copos <strong>de</strong>scartáveis com padrãoamostral <strong>de</strong> cinqüenta unida<strong>de</strong>s.A última coleta ocorreu quando da separação dos reprodutores, ocasião em que se baixou onível da água dos tanques e efetuou-se a <strong>de</strong>spesca total. Foram coletados todas as larvas e alevinosremanescentes; <strong>de</strong>stes, 2.000 <strong>de</strong> cada tratamento foram estocados em dois tanques <strong>de</strong> alvenaria <strong>de</strong>50m 3 , por um período <strong>de</strong> 100 dias. Findo este período, proce<strong>de</strong>u-se à biometria para avaliar ocrescimento das proles proce<strong>de</strong>ntes das fêmeas A e B, chamados <strong>de</strong> F1A e F1B.Durante o experimento, os peixes foram alimentados três vezes por semana, sempre pela manhã,com ração contendo 17% <strong>de</strong> proteína bruta. A taxa <strong>de</strong> arraçoamento foi <strong>de</strong> 3% da biomassa. Atemperatura foi monitorada todos os dias antes <strong>de</strong> serem iniciadas as coletas, com termômetro <strong>de</strong>mercúrio <strong>de</strong> uso convencional.O <strong>de</strong>lineamento foi inteiramente casualizado. Foi aplicada a Análise <strong>de</strong> Variância (ANOVA), aonível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> α = 0,05, com base na distribuição “F” <strong>de</strong> Sne<strong>de</strong>cor, para as médias dos doistratamentos TA e TB. O teste “t” Stu<strong>de</strong>nt para a média <strong>de</strong> crescimento em comprimento das proles F1Ae F1B, ao nível <strong>de</strong> significância α = 0,05.RESULTADOSAs temperaturas máximas e mínimas da água do cultivo variaram <strong>de</strong> 24 a 26°C, <strong>de</strong>ntro dos limitesa<strong>de</strong>quados ao cultivo (Philippart & Ruwet Apud Kubitza, 2000).Em relação ao crescimento das proles A e B após 100 dias <strong>de</strong> cultivo, a média <strong>de</strong> comprimentodos alevinos foi <strong>de</strong> 99,4 ± 4,86 mm e 87,2 ± 6,66 mm respectivamente.O uso da ANOVA <strong>de</strong>mostrou a existência <strong>de</strong> diferença significativa (α = 0,05) entre ostratamentos TA e TB, com maior prolificida<strong>de</strong> para o TA. Para o crescimento das proles A e B, o Teste“t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt não apresentou diferença significativa, α = 0,05, entre os dois tratamentos.30


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Tabela 1: Total <strong>de</strong> alevinos coletadas nos tratamentos TA e TB e suas respectivas biomassas estocadas.Tratamentos TA TBRepetição Biomassa (kg) Produção (und.) Biomassa (kg) Produção (und.)1 8.400 21.710 4.615 12.7102 8.400 20.905 4.665 11.7653 9.915 15.730 5.175 12.9304 7.135 13.625 4.880 11.5205 8.160 21.090 5.610 10.780TOTAL 42.010 93.060 24.945 59.705DISCUSSÃOO experimento foi realizado num período propício à reprodução das tilápias, à média <strong>de</strong>temperatura da água foi <strong>de</strong> 24,8ºC. Segundo Kubitza (2000), <strong>de</strong>ntre os inúmeros fatores que interferemcom a eficiência <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ovos e pós-larvas (<strong>de</strong>sempenho reprodutivo) das tilápias, a temperaturaé um dos mais importantes. Acima <strong>de</strong> 24ºC, as <strong>de</strong>sovas ficam mais freqüentes e a produção <strong>de</strong> póslarvasaumenta.O intervalo <strong>de</strong> tempo programado entre as coletas foi satisfatório, realizadas três vezes porsemana. Ver<strong>de</strong>gem e McGinty (1987) apud Kubitza (2000), observaram que, quanto menor for ointervalo <strong>de</strong> tempo entre duas coletas consecutivas, maior será o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova por fêmea <strong>de</strong> tilápiado-Nilo.Quando as coletas são muito distanciadas, as fêmeas po<strong>de</strong>m dispensar o cuidado parental àssuas crias por períodos mais prolongados. Portanto, coletas mais freqüentes interrompem o cuidadoparental e antecipa o retorno das fêmeas ao processo reprodutivo, além <strong>de</strong> evitar que um maior número<strong>de</strong> larvas se <strong>de</strong>senvolvam em alevinos e canibalizem as pós-larvas das próximas <strong>de</strong>sovas (Kubitza,2000).De acordo com os resultados obtidos neste experimento, o tratamento TA, com fêmeas <strong>de</strong> maiorpadrão <strong>de</strong> crescimento, mostrou-se mais prolíficuo, com uma produção total <strong>de</strong> 93.060 alevinos,correspon<strong>de</strong>ndo a 930,6 alevinos/fêmea/período. No tratamento TB, com produção total <strong>de</strong> 59.705alevinos, ou 597,05 alevinos/fêmea/período, apresentou, ainda assim, valores compatíveis ao <strong>de</strong> outrosautores31


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Segundo Silva. et. al., (1997), o número <strong>de</strong> ovos em incubação oral pela tilápia do Nilo aumentacom o comprimento e peso da fêmea, atingindo 483 ovos para uma reprodutriz <strong>de</strong> 204 mm. alteraçõesdos plantéis <strong>de</strong> reprodutrizes, passando a utilizar fêmeas com maiores peso e comprimento.Proença e Bittencourt (1994) relatam que a fêmea <strong>de</strong> tilápia po<strong>de</strong> produzir a cada <strong>de</strong>sova, <strong>de</strong> 100 a500 alevinos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tamanho da fêmea. (Nogueira et al., 2002), constataram que fêmeas <strong>de</strong>tilápia nilótica, linhagem chitralada, em primeira maturação, apresentam uma fecundida<strong>de</strong> que variaentre 581 a 754 ovos/<strong>de</strong>sova/fêmea.Relacionando-se a produção <strong>de</strong> alevinos à biomassa estocada, tem-se que em TA 2.215,71alevino/kg. Por este critério, TB mostra-se mais produtivo, com 2.388,2 alevinos/kg. Não se po<strong>de</strong>atribuir esta diferença à perda natural da fecundida<strong>de</strong> com a ida<strong>de</strong>, por se tratar <strong>de</strong> peixes com a mesmaida<strong>de</strong>. Talvez ao fato <strong>de</strong> nem todas as fêmeas terem <strong>de</strong>sovado, o que é reforçado pelos númerosapresentados na tabela 1, on<strong>de</strong> se percebe alguma discrepância entre a biomassa estocada e a produção<strong>de</strong> alevinos.Kubitza (2000) faz referência à interação social apresentada pela tilápia, com a dominância <strong>de</strong>alguns indivíduos sobre os outros, prejudicando o <strong>de</strong>sempenho reprodutivo. Em geral, o aumento na<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem reduz a produção <strong>de</strong> pós-larvas por quilo <strong>de</strong> fêmeas estocadas. Os melhoresíndices <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> pós-larvas por quilo <strong>de</strong> fêmea parecem ser obtidos quando 1 a 3 fêmeas sãoestocadas para cada macho. Popma & Green (1990) recomendam 1,5 a 2 fêmeas para cada macho,sendo necessário para se produzir 50.000 alevinos para a reversão um estoque <strong>de</strong> 35 a 55 kg <strong>de</strong> fêmeasmaduras, o que correspon<strong>de</strong> a uma produção por kilograma <strong>de</strong> 909,09 a 1428,57 alevinos,respectivamente.Quando se comparam o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes alevinos produzidos em ambos os tratamentos, após100 dias <strong>de</strong> cultivo em condições semelhantes, é percebido que mesmo não havendo diferençasignificativa entre os padrões <strong>de</strong> crescimento das duas populações (TA e TB), segundo o teste aplicado(teste “t”, α = 5,00%), observou-se uma ligeira <strong>de</strong>svantagem no crescimento da prole F1B,acompanhado <strong>de</strong> <strong>de</strong>suniformida<strong>de</strong> no comprimento.Como os reprodutores machos usados neste experimento apresentavam o mesmo padrão <strong>de</strong>crescimento, conforme <strong>de</strong>lineamento do trabalho, este vigor do crescimento po<strong>de</strong>ria ser mais fortementeinfluenciado pelo patrimônio genético dos machos, como costuma ocorrer na zootecnia. O que confirmaa transferência do vigor – crescimento do macho reprodutor tipo A para a prole B, restaurando-lhe umcrescimento compensatório (Nogueira, 2003).32


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]CONCLUSÕESO vigor do crescimento po<strong>de</strong> ser mais fortemente influenciado pelo patrimônio genético oriundodos machos, como costuma acontecer na zootecnia.Dentro da linhagem chitralada, po<strong>de</strong>m-se encontrar padrões <strong>de</strong> crescimento diferenciados, o quejustifica um esquema <strong>de</strong> seleção para manter no plantel a performance <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>sejado. Aprodução <strong>de</strong> boas sementes requer bons plantéis <strong>de</strong> reprodutores <strong>de</strong> maneira a propiciar uma ótimaperformance em toda a ca<strong>de</strong>ia produtiva.REFERÊNCIASCOOMAPA (2006). Tilápia um gran<strong>de</strong> negócio. Fol<strong>de</strong>r informativo. Paulo Afonso: Cooperativa MistaAgropecuária <strong>de</strong> Paulo Afonso.FADURPE (2001). Zoneamento da piscicultura em tanques-re<strong>de</strong> nos seservatórios do submédio SãoFrancisco: zoneamento dor <strong>de</strong> Itaparica. FADURPE / CHESF. Recife: FADURPE.Bahiainvest. Aqüicultura e <strong>Pesca</strong>. 2006. Acessado em 20 abr. <strong>de</strong> 2007 em:


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Portal do Agronegócio (2007). Aqüicultura no Brasil, 2006. Acessado em 12 mar. 2007 em:http:www.portaldoagronegocio.com.br/in<strong>de</strong>x.php?p=noticia&&idN=12326Proença, E. C. M. & Bittencourt, P. R. L. (1994) Manual <strong>de</strong> Piscicultura Tropical. Brasília: IBAMA.Radünz Neto, J. F. B.; Trombeta, C. G. & Me<strong>de</strong>iros, T. (1999). Efeito da substituição parcial <strong>de</strong>levedura <strong>de</strong> cana por farelo <strong>de</strong> soja na alimentação <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> piauvuçu (Leporimus macrocephalus).In: XXXVI Reunião Anual da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia. Porto Alegre: Anais da XXXVI RSBZ.Silva, J. W. B.; Torres, I. M. & Costa, H. J. M. S. (1997) Número e diâmetro <strong>de</strong> ovos <strong>de</strong> tilápia do nilo,Oreochromis niloticus, (L., 1766). Revista Ciência Agronômica. 28: 1-4.Teixeira, A. L. C. M. (2006). Estudo da viabilida<strong>de</strong> técnica e econômica do cultivo <strong>de</strong> tilápia do nilo,Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1758), linhagem chitralada, em tanques-re<strong>de</strong> com diferentes<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> [Dissertação <strong>de</strong> Mestrado]. Recife: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco.34


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]CONDICIONAMENTO ALIMENTAR NO DESEMPENHO ZOOTÉCNICO DO TUCUNARÉEmerson Carlos SOARES 1 *; Manoel PEREIRA-FILHO 2 ; Rodrigo ROUBACH 2 & Renato Carlos Soarese SILVA 21Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alagoas/UFAL, Polo Penedo;2Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia;*E-mail: soaemerson@gmail.comResumo - O presente trabalho teve o objetivo <strong>de</strong> realizar o treinamento alimentar <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong>tucunaré, Cichla monoculus, condicionando-os a alimentar-se <strong>de</strong> ração seca e, posteriormente, testar amelhor freqüência alimentar para a espécie. Durante o treinamento alimentar, foi realizada asubstituição gradual <strong>de</strong> peixe moído por ingredientes secos na dieta fornecida aos peixes. Após otreinamento alimentar, foram testados três níveis <strong>de</strong> freqüência alimentar (5, 6 e 7 dias <strong>de</strong> alimentaçãopor semana) com um <strong>de</strong>lineamento experimental inteiramente casualizado, em um fatorial 4x4,avaliados a seguir pela ANOVA, complementado pelo teste <strong>de</strong> Tukey (5%) para discriminar as médiasquando o teste <strong>de</strong> “F” foi significativo. Ao final do treinamento alimentar, obteve-se uma sobrevivência<strong>de</strong> 75% dos animais experimentais, treinados para aceitar uma ração artificial seca. Os indivíduossubmetidos à freqüência alimentar <strong>de</strong> seis dias na semana com um dia <strong>de</strong> privação alimentar,apresentaram <strong>de</strong>sempenho semelhante aos alimentados durante sete dias na semana.PALAVRAS-CHAVE: Cichla monoculus, treinamento alimentar, freqüência alimentar, Amazônia.ALIMENTARY TRAINING IN THE GROWTH PEFORMANCE OF THE CICHLID FISH“TUCUNARÉ”Abstract - The present work had the objective of accomplishing alimentary training of the “tucunaré”,Cichla monoculus. Fingerlings, conditioned to be fed from dry ration, and later to check the bestalimentary frequency for the species. During the alimentary training, a gradual substitution of grin<strong>de</strong>fish for dried ingredients in the supplied diet was performed. After the alimentary training, three levelsof alimentary frequency (5, 6 and 7 days of feeding per week) were tested in a <strong>de</strong>lineated experiment,in a factorial 4x4, followed by an evaluation by the ANOVA (5%), using of the test of Tukey (5%) foraverage discrimination when the test of “F” was significant. At the end of the alimentary training it wasobtained a 75% of survival of the animals used in the experiment, which were trained to accept a dryartificial ration. Individuals submitted to a alimentary frequency of six days in a week with a day ofalimentary privation, weight gain to the ones fed seven days in a week.KEYWORDS: Cichla monoculus, alimentary training, alimentary frequency, Amazônia.35


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]INTRODUÇÃOO tucunaré, Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831), é uma das espécies originárias da baciaAmazônica, no entanto já foi introduzido em quase todas as <strong>de</strong>mais bacias hidrográficas do Brasil, coma finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> espécies com alta prolificida<strong>de</strong> como a tilápia (Silva et al., 1980; Santos etal., 2006). Com gran<strong>de</strong> importância para a pesca artesanal figurando entre as 10 espécies mais<strong>de</strong>sembarcadas nos mercados do Amazonas e Pará (Ruffino et al., 2005; 2006). Devido à pescaesportiva e por possuir características organolépticas excelentes em sua carne, apresenta gran<strong>de</strong> chance<strong>de</strong> inclusão no plantel <strong>de</strong> peixes cultiváveis, sendo que muitos criadores <strong>de</strong>dicam-se também à suacriação para a prática esportiva do tipo pesque-pague (Santos et al., 2006).Por ser estritamente <strong>de</strong> hábito alimentar carnívoro (piscívoro consumindo basicamente peixes ecamarão), a sua criação em cativeiro é dificultada por não aceitar dietas secas voluntariamente, exigirum alimento com elevado teor protéico, manejo e monitoramento ina<strong>de</strong>quado dos tanques, dificulda<strong>de</strong>sna aquisição <strong>de</strong> matrizes, baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rações balanceadas e acentuado canibalismo(Sampaio et al., 2000). Com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> treinamento alimentar para viabilizara criação em regime intensivo e o aprimoramento do conhecimento sobre as exigências nutricionaispo<strong>de</strong>rá tornar esta espécie promissora para a aquicultura nacional (Moura et al., 2000).CONDICIONAMENTO ALIMENTARO treinamento alimentar é usado em peixes carnívoros para facilitar a aceitação <strong>de</strong> dietas secas. Ocondicionamento alimentar têm se mostrado eficiente e com resultados bastante promissores paramuitas espécies carnívoras tais como a truta arco-íris (Oncorhyncus maximus) (Walbaum, 1792) ouainda com espécies nativas como o surubim (Pseudoplatystoma coruscans) (Agassiz, 1829), o trairão(Hoplias cf. lacerdae) (Ribeiro, 1908) e o pirarucu (Arapaima gigas) (Schinz, 1822), (Campos, 1998;Crescêncio, 2001; Luz et al., 2002). Segundo Luz et al. (2002), quando houve transição gradual dosingredientes da ração com atrativos alimentares, a sobrevivência foi <strong>de</strong> 96% para alevinos <strong>de</strong> trairão(Hoplias lacerdae) (Miranda-Ribeiro, 1908).FREQÜÊNCIA ALIMENTARA voracida<strong>de</strong> ou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um predador como o tucunaré, <strong>de</strong> ingerir o alimento é refletidapela sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> digerir e evacuar o alimento, estando intimamente correlacionada às suasnecessida<strong>de</strong>s energéticas (Sainbury, 1986; Rabelo, 1999; Soares & Araújo-Lima, 2003). A freqüênciaalimentar é altamente correlacionada com o tempo <strong>de</strong> evacuação gástrica, no entanto os principais36


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]parâmetros que a influenciam são: peso do alimento, temperatura da água, tipo e energia da dieta,fisiologia e tamanho do predador (Rabelo, 1999; Lee et al., 2000; Webster et al., 2001).Em trabalhos com Pygocentrus nattereri (Kner, 1858), foi observado que o peso do alimento e opeso do predador não foram significativos para a <strong>de</strong>terminação do consumo diário do alimento. Noentanto, neste estudo não foi testado qual a melhor freqüência alimentar para esta espécie, apenas noperíodo experimental os animais sofreram períodos <strong>de</strong> inanição, sendo este fator positivo paraevacuação gástrica (Soares & Araújo-Lima, 2003).Wang et al. (1998) observaram em Lepomis cyanellus (Rafinesque, 1819), um melhor<strong>de</strong>sempenho zootécnico quando utilizaram uma freqüência alimentar <strong>de</strong> três vezes ao dia. Webster etal. (2001), sugeriram uma freqüência alimentar <strong>de</strong> apenas uma vez por dia para Ictalurus puntactus(Rafinesque, 1820).Existe uma flutuação da freqüência alimentar, variável <strong>de</strong> espécie para espécie, e que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>fatores intrínsecos e extrínsecos. Trabalhos com períodos <strong>de</strong> privação alimentar para espéciescarnívoras são poucos. Este trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> realizar o treinamento alimentar com os juvenis<strong>de</strong> tucunaré e, posteriormente, testar a melhor freqüência alimentar para a espécie.MATERIAL E MÉTODOSO trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido na Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Pesquisas em Aqüicultura - CPAQ, do InstitutoNacional <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia - INPA, nos períodos <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> abril a 17 para maio <strong>de</strong> 2004(treinamento alimentar) e 25 <strong>de</strong> setembro a 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2004 (freqüência alimentar). Foramtransportados 528 juvenis <strong>de</strong> tucunarés em sacos plásticos oxigenados contendo 2,0g <strong>de</strong> sal/l <strong>de</strong> água e0,2g <strong>de</strong> gesso/l <strong>de</strong> água.Os animais foram adquiridos <strong>de</strong> produtor, com aproximadamente 3,5 ± 0,3cm <strong>de</strong> comprimento e2,5 ± 0,4g <strong>de</strong> peso inicial. Dez exemplares do lote foram sacrificados para verificar a sanida<strong>de</strong> dospeixes antes do início dos experimentos.A quarentena dos peixes foi <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 15 dias incluindo o período <strong>de</strong> aclimataçãoem uma gaiola com dimensões <strong>de</strong> 100 x 50 x 50 cm, disposta em um tanque com 120m 2 com pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>alvenaria e fundo <strong>de</strong> argila. A qualida<strong>de</strong> da água foi monitorada diariamente em dois horários: 07:00h e17:00h para ambos os experimentos, foram medidos: oxigênio dissolvido; temperatura; amônia; nitrito;condutivida<strong>de</strong> e pH.37


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]TREINAMENTO ALIMENTARA dieta da primeira semana consistiu <strong>de</strong> zooplâncton coletado no próprio tanque <strong>de</strong> 120m 2 , comuma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton <strong>de</strong> 60 µm <strong>de</strong> malha. O alimento foi oferecido nos horários: 06:00h, 08:00, 10:00,12:00, 14:00, 16:00, 18:00 e 20:00h. Na segunda semana <strong>de</strong> aclimatação, a alimentação consistiu <strong>de</strong>uma mistura homogênea <strong>de</strong> zooplâncton, picadinho <strong>de</strong> tambaqui (moído com diâmetro <strong>de</strong> 0,3mm) esuplemento vitamínico e mineral, correspon<strong>de</strong>ndo a 10% biomassa total. Ao observar que os juvenisestavam alimentando-se normalmente, proce<strong>de</strong>u-se à biometria inicial on<strong>de</strong> os mesmos apresentaram5,1 ± 0,2cm <strong>de</strong> comprimento e 4,4 ± 0,3g <strong>de</strong> peso médio.Na fase inicial do treinamento alimentar, a dieta inicial foi processada diariamente, tornando amistura <strong>de</strong> zooplâncton, picadinho <strong>de</strong> peixe, suplemento vitamínico e mineral e ração comercialextrusada (TC-45 proteína bruta) na proporção <strong>de</strong> 4,0%, 1,0% e 95,0%, formando uma massahomogênea, correspon<strong>de</strong>ndo a 10% da biomassa do cultivo. A análise bromatológica da ração TC-45encontra-se na Tabela 1.Tabela 1 - Análise bromatológica realizada no Laboratório <strong>de</strong> Nutrição <strong>de</strong> Peixes da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Pesquisasem Aquicultura/CPAQ-INPA.Dados a 100% matéria secaUmida<strong>de</strong> (%) PB EE CH 2 O Cinzas FB8,9* 46,5* 10,5* 30,6* 10,0* 2,4*13,0** 45,0** 14,5** 20,5** 14,0** 6,0*** Análise realizada no laboratório <strong>de</strong> nutrição da coor<strong>de</strong>nação em pesquisas em aqüicultura/INPA** Valores fornecidos pelo fabricantePB = Proteína bruta; EE= Extrato étereo; CH 2 O = Carboidrato; FB= Fibra bruta.A alimentação foi oferecida em seis horários: 08:00h, 10:00, 12:00, 14:00, 16:00 e 18:00h,quando os juvenis foram submetidos ao condicionamento alimentar constituído da substituição graduale progressiva da dieta úmida por ração seca. A homogeneida<strong>de</strong> da amostra foi observada através doteste <strong>de</strong> Cochran (p


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Tabela 2 - Etapas da transição dos ingredientes da dieta oferecida para alevinos <strong>de</strong> tucunaré (30 dias)MORTALIDADE EMNÚMERO DENÚMERO DEDIASCOMPOSIÇÃOINDIVÍDUOSEXEMPLARESOBSERVAÇÃO1º 1% premix + 95% peixe + 4% zooplancton 510 63º6º9º1% premix + 90% peixe + 4% zooplancton +5% ração 91% premix + 85% peixe + 2% zooplâncton +12% ração 101% premix + 78% peixe + 1% zooplâncton +20% ração 17 Canibalismo12º 1% premix + 59% peixe + 40% ração seca 25 Canibalismo17º 1% premix + 49% peixe + 50% ração seca 18 Divisão em dois lotes19º 1% premix + 39% peixe + 60% ração seca 522º 1% premix + 29% peixe + 70% ração seca 025º 1% premix + 19% peixe + 80% ração seca 027º 1% premix + 9% peixe + 90% ração seca 229º 1% premix + 99% ração seca 030º 100% ração seca 0 Final do treinamentoTotal 418 92FREQÜÊNCIA ALIMENTARNeste experimento foram utilizadas 15 gaiolas <strong>de</strong> dimensões 0,80 x 0,80 x 1,0m com uma<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 13 indivíduos por gaiola, totalizando 196 indivíduos durante 30 dias. Foi realizada umabiometria no início e outra no final do experimento para verificar o <strong>de</strong>sempenho zootécnico dos juvenis<strong>de</strong> tucunaré.O experimento foi <strong>de</strong>senvolvido por um <strong>de</strong>lineamento experimental inteiramente casualizado comtrês tratamentos (freqüência alimentar <strong>de</strong> 5, 6 e 7 dias na semana) cada um com cinco repetições. Adieta e seus respectivos ingredientes com 40% proteína bruta oferecida para o experimento <strong>de</strong>freqüência alimentar constam na tabela 3.39


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Tabela 3 - Ingredientes com os respectivos percentuais utilizados na dieta oferecida, no experimento <strong>de</strong>freqüência alimentar ao tucunaré.INGREDIENTES PERCENTUAL (%)Farinha <strong>de</strong> peixe 27,00Protenose 21,20Farelo <strong>de</strong> soja 21,00Farelo <strong>de</strong> milho 17,85Farinha <strong>de</strong> trigo 5,00Óleo <strong>de</strong> soja 7,00Premix 0,80Vitamina C 0,05Protease exógena 0,10Total 100,00Os dados da composição centesimal dos ingredientes da dieta encontram-se na tabela 4.Tabela 4 - Análise bromatológica dos ingredientes da ração utilizada no experimento, Umida<strong>de</strong> (%), PB(proteína bruta), EE (Extrato etéreo), Cinzas (%) e FB (fibra bruta).Ingredientes Umida<strong>de</strong> (%) PB (%) EE(%) Cinzas (%) FB (%)Farinha <strong>de</strong> peixe 5,5 61,6 18,6 14,4 0,0Farelo <strong>de</strong> soja 12,2 50,4 2,5 6,6 4,3Fubá <strong>de</strong> milho 12,0 12,6 3,6 2,6 2,0Farinha <strong>de</strong> trigo 11,2 15,9 3,1 2,6 1,1Os parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho observados no experimento <strong>de</strong> freqüência alimentar foram osseguintes: ganho <strong>de</strong> peso (GP): GP = Peso médio final – Peso médio inicial; consumo médio <strong>de</strong> raçãoindividual; (CMDi): CMDi = Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ração fornecida por dia (g) / Nº <strong>de</strong> peixes; consumoindividual médio <strong>de</strong> ração no final do experimento (CIMFi): CIMFi = Σ CMDi; conversão alimentaraparente (CAA): CAA = CIMFi / (peso médio final – peso médio inicial); crescimento específico empeso dos peixes (CEP): CEP = 100 x (Ln peso médio final – Ln peso médio inicial) / tempo; taxa <strong>de</strong>sobrevivência dos peixes (TS): TS = 100 x (número final <strong>de</strong> peixes / número inicial <strong>de</strong> peixes).40


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ANÁLISE ESTATÍSTICAPara garantir a homogeneida<strong>de</strong> dos peixes ao início do experimento, estes foram pesados (g) eseguidamente os resultados das pesagens foram analisados através do teste <strong>de</strong> Cochran, nível <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong>significância (Men<strong>de</strong>s, 1999). Os resultados das biometrias do experimento foram analisados porintermédio <strong>de</strong> uma análise <strong>de</strong> variância para o <strong>de</strong>lineamento inteiramente casualizado, nível <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong>significância com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aferir o efeito dos tratamentos sobre o <strong>de</strong>sempenho dos peixes,utilizando-se o teste <strong>de</strong> Tukey (p


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]2,6 x 10 -3 ± 10 -3 e valores <strong>de</strong> nitrito 4,4 x 10 -2 ± 1,6 x 10 -2 . Apesar <strong>de</strong> ocorrerem mudanças nos níveis<strong>de</strong> oxigênio e temperatura ao longo do ciclo <strong>de</strong> 24 horas, estas não prejudicaram o experimento.A freqüência alimentar <strong>de</strong> 6 dias com 1 <strong>de</strong> privação teve rendimento semelhante ao da freqüênciaalimentar <strong>de</strong> 7 dias por semana quando alimentados em dois horários ao dia (ANOVA 5%, teste <strong>de</strong>Tukey p


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]juvenis <strong>de</strong> tucunaré alimentassem <strong>de</strong> ração seca. Este fato comprova que o uso <strong>de</strong> atrativos alimentaresé uma importante ferramenta para obtenção <strong>de</strong> sucesso em condicionamentos alimentar <strong>de</strong> peixescarnívoros.O resultado encontrado por Crescêncio (2001) e Cavero (2002; 2004), utilizando como atrativoalimentar o zooplâncton, camarão e artemia no condicionamento alimentar <strong>de</strong> pirarucu (Arapaimagigas), concorda bem com o exposto acima, o que é reforçado por Higgs et al. (1985) e Luz et al.(2002), utilizando-se <strong>de</strong> peixes moídos, crustáceos ou coração <strong>de</strong> boi como estimulantes para trairão(Hoplias lacedae).Aparentemente os argumentos supracitados anteriormente, não se aplicam em todos os casos; nocaso <strong>de</strong> Carneiro et al. (2004), trabalhando com tucunaré (Cichla ocellaris) (Schnei<strong>de</strong>r, 1801)observaram que a inclusão do atrativo branchoneta (microcrustáceo) não favoreceu o condicionamentoalimentar para a espécie. Entretanto, outros fatores po<strong>de</strong>m ter contribuído para o não sucesso docondicionamento alimentar, o que po<strong>de</strong> ser atribuído ao aspecto da palatabilida<strong>de</strong> e o atrativoalimentar: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> alimento utilizado no condicionamento (zooplâncton, artemia, peixepicado, crustáceo, óleo <strong>de</strong> fígado, tipo <strong>de</strong> ração) ou ainda, ao tipo <strong>de</strong> substituição dos componentes dadieta (brusca ou gradativa), a assimilação ou aceitação das dietas artificiais po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong> forma maisacessível, melhorando a conversão alimentar e aumentando a sobrevivência <strong>de</strong> espécies piscívoras(Kubtiza & Lovshin, 1997; Carneiro et al., 2004).A taxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> 75% encontrada no final do treinamento alimentar com tucunaré éconsi<strong>de</strong>rada bastante satisfatória. Em estudos realizados por Moura (1998) com tucunaré (Cichla sp.)encontrou-se sobrevivência média <strong>de</strong> 12%. Em estudo posterior, Moura et al. (2000), trabalhando coma mesma espécie, com indivíduos que apresentavam pesos <strong>de</strong> aproximadamente 1,7g, utilizando atransição gradual dos ingredientes da dieta, observou uma sobrevivência <strong>de</strong> 40%.Kubtiza & Cyrino (1997) trabalharam com tucunaré utilizando 10% <strong>de</strong> pescado fresco naformulação da dieta, os mesmos autores encontraram uma sobrevivência <strong>de</strong> 60%. Crescêncio (2001),estudando o pirarucu com o método <strong>de</strong> transição gradual dos componentes da ração, com uso <strong>de</strong>atrativos alimentares observou uma sobrevivência próxima <strong>de</strong> 70% dos juvenis. Machado et al. (1998)obtiveram taxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> 78%, após 84 dias <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> pintado(Pseudoplaystoma coruscans).Um dos entraves do cultivo <strong>de</strong> tucunaré é o canibalismo; entre 10% e 15% da mortalida<strong>de</strong><strong>de</strong>rivada do treinamento alimentar do presente experimento foi atribuído a este tipo <strong>de</strong> comportamentoda espécie, o mesmo foi observado por Sampaio et al. (2000), que cita gênero com acentuado43


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]canibalismo, provavelmente atribuído à dominância hierárquica ou dispersão <strong>de</strong> tamanhos. Existemalguns relatos sobre esta forma <strong>de</strong> comportamento com salmão, Salmo salar (Linnaeus, 1758)(Maclean & Metcalfe, 2001), e truta arco-íris, Oncorhynchus mykiss, (Alanärä & Brännäs, 1996).Kubtiza & Lovshin (1997) sugerem que este tipo <strong>de</strong> comportamento po<strong>de</strong> ocorrer para diversasespécies <strong>de</strong> peixes carnívoros. O bagre Africano (Clarias gariepinus) (Burchell, 1822) apresentou omesmo padrão <strong>de</strong> canibalismo do tucunaré (Hecht & Appelbaum, 1988). A diferença no status socialpo<strong>de</strong> ter como motivos diferenças <strong>de</strong> tamanho (Lahti & Lower, 2000), diferenças <strong>de</strong> taxa metabólica(Metcalfe et al., 1995) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem (Alanärä & Brännäs, 1996) sendo que osdominantes ten<strong>de</strong>m a maiores taxas <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> sobrevivência (Huntingford & Turner, 1987).A forma na qual a dominância se expressa po<strong>de</strong> levar a uma <strong>de</strong>suniformida<strong>de</strong> na alimentação, econseqüentemente influência os resultados do treinamento alimentar (Crescêncio, 2001).A dispersão <strong>de</strong> tamanho ocasionada pela heterogeneida<strong>de</strong> da amostra na segunda semana <strong>de</strong>cultivo po<strong>de</strong> ter sido ocasionada pelo comportamento territorialista da espécie. Alguns exemplares(dominantes) consomem preferencialmente o alimento oferecido, diminuindo as chances sobre oconcorrente (peixe subordinado) tomando seu alimento; após sua saciação os dominantes afastam oresto do cardume para longe do alimento, diminuindo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saciação dos peixessubordinados, <strong>de</strong>vido à ração (em forma <strong>de</strong> pelets ou úmida) afundar mais rápido, não dando tempo<strong>de</strong>stes se alimentarem. Este fato foi comprovado também nos estudos <strong>de</strong> Crescêncio (2001) comjuvenis <strong>de</strong> pirarucu (Arapaima gigas).Entretanto, isto po<strong>de</strong> ser resolvido com a diminuição da taxa <strong>de</strong> transição alimentar econsequentemente, aumento do número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> treinamento, monitoramento da água (temperaturada água) com observação constante dos ambientes <strong>de</strong> alimentação, ou ainda aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estocagem e separação das amostras (dominantes/subordinados) que po<strong>de</strong>m ajudar na diminuição dadominância, discrepância <strong>de</strong> tamanho e predação entre indivíduos (Snow, 1960; Crescêncio, 2001;Soares & Araújo-Lima, 2003).FREQÜÊNCIA ALIMENTARO <strong>de</strong>sempenho zootécnico dos tucunarés alimentados durante 6 dias com 1 dia <strong>de</strong> privaçãoalimentar, obteve rendimento semelhante aos indivíduos alimentados durante todos os dias da semana,além <strong>de</strong> obter uma taxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> 100% dos indivíduos. Isto significa diminuição <strong>de</strong> um dianos gastos com alimentação e mão <strong>de</strong> obra utilizada no cultivo da espécie.44


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Embora na literatura seja comum protocolos alimentares específicos para peixes exóticos como;bagre <strong>de</strong> canal (Ictalurus punctatus), truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss) e tilápia (Oreochromisniloticus) (Linnaeus, 1758) (Kubtiza & Cyrino, 1997), com tucunaré (Cichla monoculus), informaçõessobre o manejo alimentar tratando-se <strong>de</strong> períodos <strong>de</strong> jejum ou freqüência alimentar são incipientes.Souza et al. (2003) estudaram períodos alternados <strong>de</strong> restrição alimentar para o pacu (Piaractusmesopotamicus) (Holmberg, 1887), e concluíram que o ciclo alimentar <strong>de</strong> 6 semanas <strong>de</strong> restriçãoalternadas com 7 semanas <strong>de</strong> realimentação não prejudicou o crescimento compensatório <strong>de</strong>stesindivíduos. Dwyer et al. (2002) concluíram que juvenis <strong>de</strong> yellowtail floun<strong>de</strong>r (Limanda ferruginea)(Storer, 1839), alimentados duas vezes por dia obtiveram melhores índices zootécnico do que aquelesalimentados durante 4 vezes ao dia.Rabelo (1999) estimou um consumo baixo <strong>de</strong> alimento pelo tucunaré (Cichla monoculus),afirmando que a espécie é menos voraz do que se esperava, este argumento induz a idéia que a espécietem um ritmo e consumo diário <strong>de</strong> alimento inferior aos <strong>de</strong>mais carnívoros da região Amazônica, o queé importante para o cultivo da espécie e para <strong>de</strong>terminação da freqüência <strong>de</strong> alimentação. Neste mesmoestudo a conversão alimentar estimada para o tucunaré foi <strong>de</strong> 11:1, sendo bastante alta quandocomparada com o estudo presente (em média <strong>de</strong> 2,3:1).No entanto a hipótese acima não se aplica ao presente estudo, pois o autor não utilizouparâmetros totalmente controlados <strong>de</strong> ambientes em confinamento tais como; <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem efreqüência alimentar, nem tão pouco utilizou ração para alimentação da espécie.CONCLUSÃOO treinamento alimentar foi eficiente e condicionou os exemplares a consumir uma ração seca aofinal do trigésimo dia. A julgar por outros estudos realizados com o tucunaré e com outras espécies <strong>de</strong>peixes carnívoras é possível concluir que o condicionamento alimentar foi bastante satisfatório, além <strong>de</strong>proporcionar melhores condições <strong>de</strong> adaptação para que esta espécie seja cultivada intensivamente,abrindo novas perspectivas para o mercado <strong>de</strong> espécies carnívoras.Os exemplares alimentados com a freqüência alimentar <strong>de</strong> 6 dias na semana com 1 dia <strong>de</strong>privação <strong>de</strong> alimento obtiveram ganho <strong>de</strong> peso, conversão alimentar e taxa <strong>de</strong> crescimento específicoem peso, semelhantes aos exemplares submetidos a freqüência alimentar <strong>de</strong> 7 dias. Recomenda-seentão a freqüência alimentar <strong>de</strong> 6 dias com 1 dia <strong>de</strong> jejum, por dispensar menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ração emão <strong>de</strong> obra na alimentação dos tucunarés.45


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]AGRADECIMENTOSA Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Amazonas/FAPEAM e a Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Pesquisas emAqüicultura do Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia/INPA/CPAq.REFERÊNCIASAlanärä, A. & Brännäs, E. (1996). Dominance in <strong>de</strong>mand-feeding behavior in Artic charr and rainbowtrout: the effect of stoking <strong>de</strong>nsity. Journal of Fish Biology. 48(2): 242-254.Campos, J. L. (1998). Produção intensiva <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> couro no Brasil. In: Simpósio sobre Manejo eNutrição <strong>de</strong> Peixes, 2, pp. 61-72. Piracicaba: Anais.Carneiro, R. L.; Silva, J. A. M.; Albinati, R. C. B.; Socorro, E. P. & Neves, A. P. (2004). Uso domicrocrustáceo branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis) in peacock bass feed. Ver. Bras. Sau<strong>de</strong>Prod. An., 5 (1): 18-24.Cavero, B.A.S. (2002). Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> pirarucu, (Arapaima gigas) (Cuvier,1829) em tanques-re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pequeno volume. [Dissertação <strong>de</strong> mestrado]. Manaus (AM): InstitutoNacional <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amazonas.Cavero, B. A. S. (2004). Uso <strong>de</strong> Enzimas digestivas exógenas na alimentação <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> pirarucuArapaima gigas (Cuvier, 1829). [Tese <strong>de</strong> doutorado]. Manaus (AM). Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas daAmazônia/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do AmazonasCrescêncio, R. (2001). Treinamento alimentar <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> pirarucu, Arapaima gigas (Cuvier, 1829),utilizando atrativos alimentares. [Dissertação <strong>de</strong> Mestrado]. Manaus (AM0. Instituto Nacional <strong>de</strong>Pesquisas da Amazônia/ Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amazonas.Dos Santos, G. M; Ferreira, E. J. G. & Zuanon, J. A. S. (2006). Peixes comerciais dos mercados <strong>de</strong>Manaus. Manaus: Ibama/AM, ProVárzea.Dwyer, K.S. & Brown, J.A.; (2002). Feeding frequency affects food consumption feeding pattern andgrowth of juvenile yellow floun<strong>de</strong>r (Limanda ferruginosa). Aquaculture 213: 279-292.Hecht,T & Appelbaum, S. (1988). Observations on intraespecific agression and coeval siblingcannibalism by larval and juvenile Clarias gariepinus (Clariidae: Pisces) un<strong>de</strong>r controlled conditions.Journal of Zoology 214: 21-44.Higgs, D. A.; Market, J. R.: Plotnikoff, M. D.; McBri<strong>de</strong>, J. R. & Dosanjk, B. S. (1985). Developmentof nutritional and environmental strategies for maximizing the growth and survival of juvenile pinksalmon (Oncorhinchus gorbuscha). Aquaculture 47: 113-130.46


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Huntingford, F. A. & Turner, A. K. (1987). Animal Conflict. London: Chaoman & Hall.Kubitza, F. & Lovshin, L. L. 1997. The use of freze-dried krill to feed train largemouth bass(Micropterus salmoi<strong>de</strong>s): feeds and training strategies. Aquaculture 148: 299-312.Kubitza, F. & Cyrino, J. E. P. (1997). Feed Training strategies for the piscivorous peacock bass Cichlaspp. In: Proceedings of the international Symposium Biology of Tropical Fishes. Instituto Nacional <strong>de</strong>Pesquisas da Amazônia (p. 139). Manaus: Anais.Lahti, K. & Lower, N. (2000). Effecs of size asymmetry on aggression and food acquisition in Articcharr. Journal of Fish Biology 56(4): 915-922.Lee, M. S.; Cho, S. H. & Kin, K. D. (2000). Effects of dietary protein and energy levels on growth andbody composition of juvenile floun<strong>de</strong>r (Paralichtys olivaceus). Journal World Aquaculture. 31: 306-315.Luz, R.K.; Salaro, A.L.; Souto, E.F.; Okano, W.Y. & <strong>de</strong> Lima, R.R. (2002). Condicionamentoalimentar <strong>de</strong> alevinos <strong>de</strong> trairão (Hoplias cf. Lacerdae). Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, 31(5):1881-1885.Machado, J.H. (1998). Treinamento alimentar para aceitação <strong>de</strong> rações artificiais por alevinos <strong>de</strong>pintado (Pseudoplatystoma corruscans). In. Aquicultura Brasil ’98 (pp.52-53). Recife. Anais daABRAq.Maclean, A. & Metcalfe, N. B. (2001). Social status, access to food, and compensatory growth injuvenile Atlantic salmon. Journal of Fish Biology. 58(5): 1331-1346.Men<strong>de</strong>s, P. P. (1999). Estatística Aplicada a Aquicultura. Recife: Bargaço.Moura, M.A.M. (1998). Estratégias <strong>de</strong> condicionamento alimentar do tucunaré (Cichla sp.).[Dissertação <strong>de</strong> mestrado]. Piracicaba (SP). ESALQ/Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Moura, M. A. M.; Kubitza, F.& Cyrino, J. E. P. (2000). Feed training of Peacock Bass (Cichla sp.).Revista Brasileira <strong>de</strong> Biologia, 60(4): 56-65.Rabelo, H. (1999). A dieta e o consumo diário <strong>de</strong> alimento <strong>de</strong> Cichla monoculus na Amazônia Central[Dissertação <strong>de</strong> mestrado]. Manaus (AM): Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia/Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Amazonas.Ruffino, M. L; Lopes-Junior, U.; Soares, E. C. S.; et al. (2005). Estatística pesqueira do Amazonas ePará 2002. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-Ibama/ProVárzea. Manaus, Amazonas.47


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Ruffino, M. L.; Soares, E. C. S.; Estupinãn, G.; et al. (2006). Estatística Pesqueira do Amazonas ePará 2003. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-Ibama/ProVárzea. Manaus, Amazonas. 79 p.Sainsbury, K.J. (1986). Estimation of food consumption from field observations of fish feeding cycles.Journal of Fish Biology, 29: 23- 36.Sampaio, M. A.; Kubtitza, F. & Cyrino, P. E. (2000). Relação energia: proteína na nutrição dotucunaré. Scientia Agrícola, 57: 13 p.Silva, J. W. B. & Chacon, J. O.; Santos, E. P. (1980). Curva <strong>de</strong> rendimento do tucunaré pinima Cichlatemensis (Humboldt, 1833), do açu<strong>de</strong> público “Estevam Marinho” (Curemas, Paraíba, Brasil) (Pisces,actinopterygi, Cichlidae). Revista Brasileira <strong>de</strong> Biologia, 40: 203-206.Snow, J.R. (1960). Exploratory attempet to rear largemouthblack bass fingerlings in controlle<strong>de</strong>nviroment. In: Annual Meeting of The Southeastern Association of Game and Fish Commissioners,14. Proccedings... Bioloxi, Mississipi. p.191-203.Soares, E. C. S & Araújo-Lima, C. A. R. M. (2003). Influencia do tipo <strong>de</strong> alimento e da temperatura naevacuação gástrica da piranha caju (Pygocentrus nattereri) em condições experimentais. ActaAmazônica 33 (1): 145-156.Wang, N.; Hayward, R.S. & Noltie, D.B. (1998). Effect of feeding frequency on food consumption andgrowth, size variation, and feeding pattern of age- 0 hybrid sunfish. Aquaculture165: 261-267.Webster, C.D.; Thompson, K.R.; Morgan, A.M. et al. (2001). Use of hempseed meal poultry by-productmeal, and canola meal in practical diets without fish meal for sunshine bass (Morone chrysopsx Msxatilis). Aquaculture 188: 299-309.48


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]OCORRÊNCIA DE MERCÚRIO EM CAMARÕES EM DIFERENTES AMBIENTES AQUÁTICOSGeovana Lea FERNANDES 1 ; Paiva Maria Lúcia NUNES 2 ; Antonio Diogo LUSTOSA-NETO 3& José Milton BARBOSA 41 Centro <strong>de</strong> Tecnologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba2 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe3 Consultor autônomo4 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> PernambucoResumo - O presente trabalho teve como objetivo comparar níveis <strong>de</strong> mercúrio em diferentes espécies<strong>de</strong> camarões <strong>de</strong> interesse comercial, em seus habitats, nas estações seca (janeiro-março/1999) echuvosa (abril-junho/1999), no Estado da Paraiba. Foram testados: o camarão-cinza e seu habitat(fazenda marinha <strong>de</strong> cultivo); o camarõ-branco Litopanaeus schimitti e seu habitat (Estuário do RioParaíba do Norte) e o camarão <strong>de</strong> água-doce Macrobrachium amazonicus e seu habitat (Açu<strong>de</strong> MãeD’Água). O teor <strong>de</strong> mercúrio foi avaliado através da técnica <strong>de</strong> espectrofotometria <strong>de</strong> absorçãoatômica. Os teores <strong>de</strong> mercúrio dos diversos ecossistemas mostraram-se significativamente diferentes(p


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]by the governamental organizations. Statistically specking, the species of L. vannamei L. was the solethat presented levels of mercury significantly different, as to the dry and the rainy seasons.Keywords - Enviromental poluition, Public health, ToxityINTRODUÇÃOA presença <strong>de</strong> metais em efluentes industriais é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância em todo o mundo, porserem tóxicos e interferirem na ecologia do ambiente. Um dos metais mais estudados é o mercúrio eseus <strong>de</strong>rivados. Sua gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> ser um agente tóxico que ocasiona danos asaú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao efeito cumulativo, progressivo e irreversível, em conseqüência da ingestão repetitiva<strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s (Connell, 1988). Segundo Mariño e Martin (1976), meta<strong>de</strong> da produçãomundial anual <strong>de</strong> mercúrio (10 mil toneladas) vai para o mar, água e solo e por isso torna-se o mesmoum dos principais contaminantes do ambiente marinho.O estuário do rio Paraíba do Norte, município <strong>de</strong> Cabe<strong>de</strong>lo, PB, vem sofrendo uma constante<strong>de</strong>gradação causada pelo aporte <strong>de</strong> esgotos domésticos, resíduos agrícolas e <strong>de</strong> usinas sucroalcooleiras,além da <strong>de</strong>vastação da vegetação local, prejudicando os recursos naturais e provocando sua escassez,como vem sendo constatado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis do Ministério do Meio Ambiente (IBAMA) órgão responsável pela sua conservação efiscalização (Oliveira, 1990). Em gran<strong>de</strong>s açu<strong>de</strong>s o aporte <strong>de</strong> resíduos agrícolas também é preocupante.Na literatura são inúmeros os trabalhos realizados sobre contaminação do meio ambiente pormercúrio. No Brasil, a maioria dos trabalhos envolvendo a contaminação do pescado pelo mercúrio,também aten<strong>de</strong> a propósitos ambientais (Chicourel, 1993). Na região Nor<strong>de</strong>ste este estudos são aindainsipientes, especialmente com respeito a contaminação em camarões, embora a produção e consumo<strong>de</strong> camarões marinhos (Litopenaeus spp.) no Brasil, e em especial no Nor<strong>de</strong>ste, crescem <strong>de</strong> formasignificativa. Consi<strong>de</strong>rando que estes animais são úteis na indicação <strong>de</strong> poluição originada porativida<strong>de</strong>s antropogênicas, necessário se faz a avaliação do teor <strong>de</strong> mercúrio nos mesmos.Neste trabalho, foi avaliado o teor <strong>de</strong> mercúrio nos camarões capturados, cultivados e na águados seus respectivos habitats, consi<strong>de</strong>rando as estações <strong>de</strong> chuva e estiagem no Estado da Paraíba.MATERIAL E MÉTODOSAMOSTRAS E LOCAIS DE COLETAAs amostras <strong>de</strong> água e dos camarões Litopenaeus schimitti, Litopenaeus vannamei eMacrobrachium amazonicus foram coletadas no Estuário do rio Paraíba do Norte (Cabe<strong>de</strong>lo, PB); emuma fazenda <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> camarão marinho (João Pessoa, PB) e no açu<strong>de</strong> Mãe D’Água (Coremas,50


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]PB), respectivamente, durante as estações <strong>de</strong> estiagem (janeiro-março <strong>de</strong> 1999) e a estação chuvosa(abril-junho <strong>de</strong> 1999).As amostras <strong>de</strong> camarão após coleta foram acondicionadas em sacos plásticos <strong>de</strong> polietileno,transportadas em recipiente isotérmico (±10,0 0 C), contendo gelo e armazenados em freezer (-10,0 0 C).As amostras <strong>de</strong> água foram coletadas em frascos estilizados, nos mesmos locais das amostras <strong>de</strong>camarão a 10cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, transportadas em recipiente isotérmico (±10,0 0 C), contendo gelo earmazenadas em gela<strong>de</strong>ira (± 5,0 0 C) até serem analisadas.PREPARAÇÃO DAS AMOSTRASInicialmente, as amostras <strong>de</strong> camarão foram <strong>de</strong>scongeladas e trituradas, pesadas e analisadas.As amostras <strong>de</strong> água não sofreram nenhum tratamento prévio.Os teores <strong>de</strong> mercúrio foram quantificados pelo método analítico (A.O.A.C., 1990), através <strong>de</strong>espectrofotometria <strong>de</strong> absorção atômica. O branco analítico, utilizado no set-up do equipamento, serviupara eliminar possíveis contaminações provenientes dos reagentes utilizados. Toda a vidraria utilizadanas análises foi preparada e limpa por imersão em solução <strong>de</strong> ácido nítrico a 10% por 24h, para<strong>de</strong>scontaminação.ANÁLISES ESTATÍSTICASOs resultados foram analisados através <strong>de</strong> estatística <strong>de</strong>scritiva, utilizando programa‘Statistica®6.0, através <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> variância (ANOVA) (∝ = 0,05), com um fator (estação <strong>de</strong>coleta) nas amostras dos camarões Litopenaeus vannamei, L. schimitti e Macrobrachium amazonicus ecom dois fatores (local e mês <strong>de</strong> coleta) nas amostras <strong>de</strong> água dos habitats.RESULTADOS E DISCUSSÃOOs níveis <strong>de</strong> mercúrio encontrados nos camarões nos respectivos pontos <strong>de</strong> coleta e época <strong>de</strong>captura variaram <strong>de</strong> 0,031ppm no mês <strong>de</strong> janeiro em Litopenaeus schimitti a 0,067ppm no camarãoMacrobrachium amazonicus no mês <strong>de</strong> abril (Tabela 1). Estes níveis, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da estação <strong>de</strong>captura, encontram-se muito abaixo do limite <strong>de</strong> 0,5ppm estabelecido pela legislação em vigor noBrasil (Resolução CNNPA, n o 18/75), bem como com os da legislação alemã: uma das mais exigentes.De forma que todas estavam em condições a<strong>de</strong>quadas para consumo, não representando perigo <strong>de</strong>contaminação por mercúrio (Figura 1).Cada espécie pertence a um habitat diferente, o que po<strong>de</strong> sugerir a ocorrência <strong>de</strong> diferençasentre os resultados, pois a presença <strong>de</strong> mercúrio po<strong>de</strong> estar associada aos níveis <strong>de</strong> poluição. No51


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]entanto, o camarão-branco (Litopenaeus schimitti), apesar <strong>de</strong> capturado no Estuário do Rio Paraíba doNorte, consi<strong>de</strong>rado poluído do ponto <strong>de</strong> vista microbiológico (Lima, 1999), e por resíduos daagroindústria sucroalcooleira, foi o que apresentou os menores teores <strong>de</strong> mercúrio (0,031 e 0,045ppm,nas estações <strong>de</strong> estiagem e chuvosa, respectivamente). Vale ressaltar que neste trabalho, as amostras <strong>de</strong>camarão foram analisadas por inteiro, visto que camarões po<strong>de</strong>m ser consumidos <strong>de</strong> várias formas(inteiro, sem cabeça, com ou sem casca).Tabela 1 - Concentração <strong>de</strong> mercúrio nas espécies <strong>de</strong> camarões, conforme o habitat e época <strong>de</strong> captura.TEOR DE MERCÚRIO (ppm)ESTAÇÃO MESES L. vannamei L. schimitti M. amazonicusJaneiro 0,040 0,031 0,041ESTIAGEM Fevereiro 0,041 0,040 0,042Março 0,048 0,039 0,061MÉDIA ± σ 0,043+0,004 0,037+0,004 0,048+0,011Abril 0,060 0,039 0,067CHUVOSA Maio 0,059 0,034 0,043Junho 0,043 0,045 0,045MÉDIA ± σ 0,054+0,009 0,039+0,005 0,051+0,013σ = Desvio padrãoEstiagem Chuva Legislação0,70,6Teor <strong>de</strong> Hg (ppm)0,50,40,30,20,10A B C Al Br FrFigura 1 - Comparação dos teores médios <strong>de</strong> mercúrio (Hg) em camarões (A) Litopenaeus vannamei;(B) Litopenaeus schimitti e (C) Macrobrachium amazonicus em relação aos teorespermitidos pela legislação Alemã (Al), Brasileira (Br) e Francesa (Fr).52


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Relacionando os teores <strong>de</strong> mercúrio das três espécies (Tabela 2) em relação às estações <strong>de</strong>estiagem e chuvosa, Litopenaeus vannamei foi a única que apresentou diferença significativa (p


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Os menores níveis <strong>de</strong> mercúrio foram observados no Estuário do Rio Paraíba do Norte (Figura2). Os outros dois habitats apresentaram teores bastante próximos, um pouco superiores aos valores doEstuário. Porém, abaixo dos padrões da legislação em vigor.0,2Estiagem Chuva CONAMATeor <strong>de</strong> Hg (ppm)0,10Fazenda Rio<strong>de</strong> Cultivo Paraíbado NorteAçu<strong>de</strong>MãeD'ÁguaClasse 1 Classe 7Classe 1 - Para águas docesClasse 7 - Para águas salobrasFigura 2 - Comparação dos teores médios <strong>de</strong> mercúrio (Hg) das amostras em relação as estações <strong>de</strong>captura, e aos teores permitidos pelo CONAMA (1984-1991).Relacionando os teores <strong>de</strong> mercúrio da água com os meses <strong>de</strong> coleta (março a junho), os valoresapresentaram-se significativos (p0,05).Comparando os resultados dos teores <strong>de</strong> mercúrio na água dos respectivos habitats das espéciesanalisadas com os encontrados nos camarões Litopenaeus vannamei, Litopenaeus schimitti eMacrobrachium amazonicus observou-se conforme Figura 3, que acumularam os mesmos, apenas63,23; 64,91 e 71,64 % do mercúrio encontrado nos seus habitats, respectivamente.54


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]CamarãoÁguaTeor <strong>de</strong> Hg (ppm)0Fazenda <strong>de</strong>cultivoRio Paraiba doNorteAçu<strong>de</strong> MãeD'ÁguaFigura 3 - Comparação dos teores médios <strong>de</strong> mercúrio em camarões Litopenaeus vannamei (Fazenda<strong>de</strong> cultivo), Litopenaeus schimitti (Rio Paraíba do Norte) e Macrobrachium amazonicus(Açu<strong>de</strong> Mâe D´água) e <strong>de</strong> água dos três locais <strong>de</strong> coleta.Quanto as possíveis diferenças na concentração <strong>de</strong> mercúrio nas águas em relação as estações,observou-se que nos meses <strong>de</strong> muita precipitação pluviométrica (maio e junho), os teores <strong>de</strong> mercúrioforam mais elevados, talvez em <strong>de</strong>corrência do arraste <strong>de</strong> agrotóxicos e outros poluentes mercuriaispara os açu<strong>de</strong>s, rios e zonas estuarinas.CONCLUSÕESOs teores <strong>de</strong> mercúrio na água, dos três ambientes, são ligeiramente superiores aos encontradosnos camarões. No entanto, todos situam-se abaixo do limite máximo fixado pelos órgãosgovernamentais.Há pequena variação nos teores <strong>de</strong> mercúrio entre as diversas espécies analisadas. Litopenaeusschimitti apresenta menor concentração.As espécies estudadas apresentam maior concentração <strong>de</strong> mercúrio, durante a estação chuvosa,embora apenas a L. vannamei apresenta diferença significativa neste período.Ocorre diferentes teores <strong>de</strong> mercúrio da água dos habitats analisados, porém não há diferençasignificativa entre os períodos <strong>de</strong> coleta.55


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]REFERÊNCIASAssociation Of Official Analytical Chemists-A.O.A.C. (1990). Official methods of analysis. 10ed.Washington: Association of Official Agricultural Chemists.Chicourel, E. L. Mercúrio em pescado – Quantificação e o efeito do preparo para o consumo (1993).[Dissertação <strong>de</strong> Mestrado]. São Paulo(SP): Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.CONAMA (1991) Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente 4ª ed. Brasília: CONAMA.Connel, J. J. (1988). Control <strong>de</strong> la calidad <strong>de</strong>l pescado. Zaragoza: Acribia.IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lagosta,caranguejo-uçá e camarão no Nor<strong>de</strong>ste. Série Estudos <strong>Pesca</strong>. Coleção Meio Ambiente, Brasília:IBAMA.Kolm, H. E.; Giamberardino Filho, R. E. & Kormann, M. C. (1997). Spatial distribution and temporalvariability of heterotrophic bacteria in the sediments of Paranaguá and Antonina bays, Paraná, Brazil.Rev. Microbiol. 28 (4): 230-238.Lima, T. C. S. (1999). Ocorrência <strong>de</strong> bactérias fecais e patogênicas na carne do carangueiro-uçá(Uci<strong>de</strong>s cordatus), água e sedimentos do mangue do Rio Paraíba do Norte, PB [Dissertação <strong>de</strong>Mestrado]. João Pessoa (PB): Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba.Mariño, M.; Martín, M. (1976).Contenido <strong>de</strong> mercurio en distintas especies <strong>de</strong> moluscos y pescados.Anales <strong>de</strong> Bromatologia 28 (2): 155-178.Mársico, E. T. (1997) Determinação do teor <strong>de</strong> mercúrio em camarões coletados nas baías <strong>de</strong>Guanabara (Penaeus notialis) e Sepetiba (Penaeus schmitti). [Dissertação <strong>de</strong> Mestrado]. Niterói (RJ):Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense.Oliveira, R. B. (1990). Indicadores <strong>de</strong> poluição e taxonomia <strong>de</strong> leveduras do estuário do rio Paraíbado Norte, João Pessoa [Tese <strong>de</strong> Doutorado]. Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ): Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong>Janeiro.56


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]II - ARTIGOS TÉCNICOSPERFIL DO ENGENHEIRO DE PESCA DO BRASILNeiva Maria <strong>de</strong> ALMEIDA 1* ; Leonardo T. <strong>de</strong> SALES 2 & Maria do Carmo Figueiredo SOARES 31 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba2 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí3 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco*E-mail: neivaa@yahoo.comResumo: Esse levantamento teve o objetivo <strong>de</strong> catalogar dados dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> que atuamna profissão. A pesquisa buscou informações consi<strong>de</strong>radas relevantes para a i<strong>de</strong>ntificação do perfil doprofissional da engenharia <strong>de</strong> pesca. A coleta dos dados foi realizada através <strong>de</strong> um questionário<strong>de</strong>nominado “Pesquisa sobre Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> - Ano 2007”. Abordou informações gerais a nívelpessoal e profissional. Dentre os resultados observou-se predominância do sexo masculino naprofissão, ocorrendo diferença <strong>de</strong> gênero. A região Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>stacou-se como maior formadora dosengenheiros <strong>de</strong> pesca e os Estados <strong>de</strong> Pernambuco, Amazonas, Ceará, Piauí, Pará e Paraná mostraramas maiores concentrações em termos <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>stes profissionais. O maior número <strong>de</strong> formados sãooriundos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco, o que se justifica por essa instituição terimplantado o primeiro curso do país.PALAVRAS-CHAVE: Perfil Profissional, Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, Aqüicultura e <strong>Pesca</strong>.Abstract: The objective of this survey was to catalogue data about the Fishing Engineers that actuateon their profession. The research encountered relevant information about the accompaniment of theprofessional profile of Fishing Engineering. The collection of data was carried through a questionnairecalled “Research on Fishing Engineering - Year 2007”, whose approached some general personal andprofessional information. Amongst the results was observed the predominance of the masculine sex inthe profession, occurring difference of genre. The Northeast region was distinguished as the highestformation of Fishing Engineering, and the States of Pernambuco, Amazonas, Ceará, Piauí, Pará andParaná had shown the biggest concentrations in terms of performance of these professionals. Asignificant quantity of professionals were formed at Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco(UFRPE), what is justified because this institution was the first to implement the course on the country.KEY WORDS: Professional Profile, Fishing Engineers, Aquaculture and Fishing.57


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]INTRODUÇÃOA Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco (UFRPE) através da Resolução nº 12-A <strong>de</strong>13/07/1970, do Conselho <strong>de</strong> Ensino e Pesquisa (CEPE) foi a primeira Universida<strong>de</strong> brasileira a criar ocurso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, tendo sua implantação ocorrido no primeiro semestre <strong>de</strong> 1971, sendoseguida pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) que criou o mesmo curso, em julho <strong>de</strong> 1972 atravésda Resolução nº 257/1972 do CEPE (Nogueira et al., 1999; Soares, 2004).A Universida<strong>de</strong> do Amazonas (UA) em 1979 instituiu em seu concurso vestibular, cinco vagaspara o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>. Os discentes, após realizarem o ciclo básico em Manaus, eramencaminhados à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC) para completarem a sua formação profissional,através <strong>de</strong> convênio mantido entre as duas instituições. Em 1988, o Conselho Universitário da antigaUA, atualmente Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amazonas (UFAM), aprovou o projeto apresentado pelaFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Agrárias, propondo a oferta integral do curso no Amazonas. (Resoluções nº08/88 do CONSEP, homologada ela Resolução nº 19/88 <strong>de</strong> 6/10/88 do CONSUNI-UA). Assim, teveinício, no primeiro semestre letivo <strong>de</strong> 1989, a primeira turma do Curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>totalmente realizado na Universida<strong>de</strong> do Amazonas com oferecimento <strong>de</strong> 10 vagas (Sales et al., 2006).O curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> tem o objetivo <strong>de</strong> formar profissionais para aten<strong>de</strong>r ao setorpesqueiro <strong>de</strong> águas interiores e marinhas. Esses profissionais vêm mostrando sua importância nocontexto nacional, para o <strong>de</strong>senvolvimento do setor tendo ocorrido um expressivo aumento do número<strong>de</strong> cursos em várias Universida<strong>de</strong>s no Brasil, seja em nível fe<strong>de</strong>ral ou estadual. Atualmente existemquinze cursos em funcionamento.A profissão <strong>de</strong> Engenheiro <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> foi oficialmente reconhecida pelo Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><strong>Engenharia</strong> Arquitetura e Agronomia, órgão que regulamenta a atuação dos engenheiros e arquitetos nopaís, através da Resolução nº 279, <strong>de</strong> 15/06/1983, no referente ao aproveitamento dos recursos naturaisaqüícolas, a cultura e utilização da riqueza biológica dos mares, ambientes estuarinos, lagos e cursosd’água; a pesca e o beneficiamento do pescado, seus serviços afins e correlatos. Cabe ao Engenheiro <strong>de</strong><strong>Pesca</strong> as funções <strong>de</strong> supervisão, planejamento, coor<strong>de</strong>nação e execução <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s integradas para oaproveitamento dos recursos naturais aqüícolas, o cultivo e a exploração sustentável <strong>de</strong> recursospesqueiros marítimos, fluviais e lacustres e sua industrialização (CONFEA, 1983).A categoria Funcional <strong>de</strong> Engenheiro <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, <strong>de</strong>signada pelo código NS-941 ou LT-NS-941, foiincluída no Grupo - Outras Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nível Superior, código NS-900, pelo Decreto nº 88.911 <strong>de</strong> 24<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1983 (Diário Oficial da União, 1983).58


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Com o intuito <strong>de</strong> traçar um perfil sócio-econômico dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> e a sua principalárea <strong>de</strong> atuação realizou-se a elaboração e a aplicação <strong>de</strong> um questionário que buscou informaçõesconsi<strong>de</strong>radas relevantes para o acompanhamento do perfil do profissional.Em 2005 foi realizada uma consulta junto aos engenheiros <strong>de</strong> pesca, on<strong>de</strong> apenas 14 questionáriosforam preenchidos e <strong>de</strong>volvidos, isso sinalizou que o universo precisaria ser ampliado, para que o perfilse aproximasse da realida<strong>de</strong> brasileira.O objetivo <strong>de</strong>ssa pesquisa foi a obtenção <strong>de</strong> dados que possibilitem i<strong>de</strong>ntificar o perfil doengenheiro <strong>de</strong> pesca que atua contemporaneamente no Brasil.METODOLOGIAA coleta <strong>de</strong> dados foi realizada utilizando um questionário distribuído principalmente através dalista <strong>de</strong> participantes do grupo <strong>de</strong> discussões “Grupo <strong>de</strong> Interesse em <strong>Pesca</strong> e Aquicultura”(pesca_aquicultura@grupos.com.br), gerenciado pela FAEP-BR - Fe<strong>de</strong>ração das Associações dosEngenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> do Brasil.O questionário, com um total <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenove perguntas, buscou informações gerais tanto a nívelpessoal como a nível profissional. Os dados obtidos foram sistematizados através do software Excel,sendo analisados e consolidados em informações que permitiram a elaboração <strong>de</strong> figuras e tabelas(ANEXO 1).Uma listagem contendo os cursos <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> no país foi composta a partir dos sitesdisponíveis, informações junto às universida<strong>de</strong>s e notícias da mídia (ANEXO 1).RESULTADOS E DISCUSSÃONa consulta realizada junto aos engenheiros <strong>de</strong> pesca no período <strong>de</strong> janeiro a julho <strong>de</strong> 2007, foramrespondidos quarenta e dois questionários que possibilitou obter um universo mais representativo, doque o anteriormente realizado, para traçar o perfil <strong>de</strong>ste profissional no cenário nacional.De acordo com os resultados observou-se que somente 7,1% dos entrevistados são do sexofeminino, 9,5% exerce outra profissão, 16,6% concluíram outro curso e que 78,6% prestaram algumtipo <strong>de</strong> concurso.A distribuição geográfica, em relação à região <strong>de</strong> nascimento e aos estados on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m osprofissionais <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> pesca, mostrou que a Região Nor<strong>de</strong>ste é o local predominante da origemdos engenheiros <strong>de</strong> pesca (71%). Os Estados <strong>de</strong> Pernambuco (16,7%); Amazonas (14,3%) e Ceará(11,9%) indicaram maiores concentrações <strong>de</strong>stes profissionais (Figuras 1 e 2).59


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Su<strong>de</strong>ste5%Sul12%Norte12%NorteNor<strong>de</strong>steSu<strong>de</strong>steSulNor<strong>de</strong>ste71%Figura 1 - Distribuição geográfica da Região <strong>de</strong> nascimento dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>São Paulo2,4%SergipeSanta Catarina2,4%2,4%Rio Gran<strong>de</strong> do Norte2,4%Paraná9,5%PiauíPernambuco9,5%16,7%Paraíba4,8%ParáMaranhão2,4%9,5%Espirito Santo2,4%Distrto Fe<strong>de</strong>ral2,4%CearáBahia7,1%11,9%Amazonas14,3%0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 2Figura 2 - Unida<strong>de</strong> da Fe<strong>de</strong>ração on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m os Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Do total <strong>de</strong> pesquisados, 45,2% concluíram o curso da UFRPE, seguidos da UFC queapresentou o segundo maior número <strong>de</strong> concluintes, com 33,3%. A UFAM e UNIOESTE mostraram omesmo percentual <strong>de</strong> 7,1%, sendo o menor percentual da UNEB com 2,4% (Figura 3).60


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]UNIOESTE7,1%UNEB2,4%UFRPE45,2%UFRA4,8%UFC33,3%UFAM7,1%0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%Figura 3 - Instituição <strong>de</strong> formação dos profissionais <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Esse resultado se encontra <strong>de</strong>ntro do esperado visto que <strong>de</strong>ntre as instituições que matemcursos <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> no Brasil, a UFRPE foi pioneira, seguida da UFC, UFAM, UNIOESTEe UNEB (Soares, 2004).O nível <strong>de</strong> pós-graduação, nas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> especialização, mestrado e doutorado, dosengenheiros <strong>de</strong> pesca entrevistados variou <strong>de</strong> 18 a 42%, como mostra a Figura 4.18%40%<strong>Especial</strong>izaçãoMestradoDoutorado42%Figura 4 – Nível <strong>de</strong> pós-graduação dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>61


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Com relação à área <strong>de</strong> atuação dos engenheiros <strong>de</strong> pesca o maior percentual apontado <strong>de</strong>pesquisa 47,6%. O fomento com 2,5% mostrou a menor área <strong>de</strong> atuação entre todos os entrevistados(Figura 5).Pesquisa47,6%ExtensãoEnsino40,5%40,5%Meio Ambiente26,2%CapturaAquicultra21,5%21,5%Beneficiamento16,7%Maricultura9,5%Fomento2,5%0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%Figura 5 – Área <strong>de</strong> atuação dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>Com relação ao mercado <strong>de</strong> trabalho do profissional têm-se o setor público através <strong>de</strong> órgãosfe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais, a exemplo do Ministério do Meio Ambiente, Secretaria <strong>Especial</strong> <strong>de</strong>Aqüicultura e <strong>Pesca</strong>, Secretarias e Agências Estaduais <strong>de</strong> Agricultura, Meio Ambiente e RecursosHídricos, institutos e centros <strong>de</strong> pesquisa, universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais e estaduais. A iniciativa privadaatravés da indústria pesqueira, empresas <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> pesca e pescado, fazendas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>peixes e camarões, além <strong>de</strong> empreendimentos próprios (Soares, 2004).Para o profissional graduado em <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, uma forte vertente, a especialização emnível <strong>de</strong> pós-graduação (mestrado e doutorado), tem sido observada como uma forma para viabilizar aatuação e a entrada no mercado <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>sses profissionais, principalmente nas universida<strong>de</strong>s einstituições <strong>de</strong> pesquisa.Resultados recentes sobre estudos dos egressos da UFRPE a partir <strong>de</strong> 2005, confirmam atendência <strong>de</strong> ingresso na pós-graduação, uma vez que mais <strong>de</strong> 50% dos profissionais estão cursandopós-graduação (Soares et al., 2006), corroborando com os dados <strong>de</strong>sse levantamento.62


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]A faixa salarial revelou variação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10 mil reais a 800 reais, sendo que essa últimafaixa apresentou o menor percentual com 2,4% entre todos os entrevistados (Figura 6).Acima <strong>de</strong> 10.000,0010.000,008.000,004.500,003.200,002.400,001.200,00800,002,4%4,8%4,8%9,5%11,9%16,7%21,4%26,2%0,0% 10,0% 20,0% 30,0%Figura 6 - Faixa salarial dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> entrevistadosCom relação aos Estados on<strong>de</strong> os Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> <strong>de</strong>senvolvem, suas ativida<strong>de</strong>sprofissionais o maior percentual foi para Pernambuco com 14,3% seguido pelo Amazonas, Ceará eParaná, empatados em 11,9% (Figura 7).Amazonas11,9%Bahia9,5%Ceará11,9%Maranhão2,4%Pará7,1%Paraíba4,8%Pernambuco14,3%Piauí9,5%Paraná11,9%Rio G do NorteSergipeSão Paulo2,4%2,4%2,4%Mais <strong>de</strong> 01 Estado9,5%0,0% 5,0% 10,0% 15,0%Figura 7 - Distribuição dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> por Estados on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvem suas ativida<strong>de</strong>s63


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]A situação dos cursos <strong>de</strong> graduação em <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, das instituições <strong>de</strong> ensino epesquisa, nas universida<strong>de</strong>s brasileiras são mostrados na Tabela 1.Tabela 1. Relação dos Cursos <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> do BrasilEstado/ Cida<strong>de</strong> IES Modalida<strong>de</strong> Criação Implantação1. Pernambuco/ Recife UFRPE Fe<strong>de</strong>ral 13/07/1970 19712. Ceará/ Fortaleza UFC Fe<strong>de</strong>ral 25/07/1972 19723. Amazonas/ Manaus UFAM Fe<strong>de</strong>ral 06/10/1988 19894. Paraná/ Toledo UNIOESTE Estadual 03/03/1997 19975. Bahia/ Paulo Afonso UNEB Estadual 04/09/1998 19997. Pará/ Belém UFRA Fe<strong>de</strong>ral 06/03/2000 20008. Rio <strong>de</strong> Janeiro/ Niterói-RJ UNIPLI 1 Particular 27/09/1999 20009. Pará/ Bragança UFPA Fe<strong>de</strong>ral 03/09/2004 200510. Bahia/ Cruz das Almas UFRB Fe<strong>de</strong>ral 31/08/2004 200511. Rio Gran<strong>de</strong> do Norte/ Mossoró UFERSA Fe<strong>de</strong>ral 13/02/2006 200612. Piauí/ Parnaíba UFPI Fe<strong>de</strong>ral 2006 200613. Maranhão/ São Luís UEMA Estadual 2006 200616. Pernambuco/ Serra Talhada UFRPE Fe<strong>de</strong>ral 17/10/2005 200715. Alagoas/ Penedo UFAL Fe<strong>de</strong>ral 2006 200716. Amapá/ Macapá UEAP Estadual 2006 200717. Sergipe/ Aracaju UFS Fe<strong>de</strong>ral 30/08/2006 200718. Paraíba/ Mamanguape UFPB Fe<strong>de</strong>ral Em estudo Em estudo19. Rio <strong>de</strong> Janeiro/ Cabo Frio FERLAGOS 2 Particular Suspenso Suspenso19. São Paulo/ Santos 3 ? Fe<strong>de</strong>ral Comentário MídiaFonte: (FAEP-BR – 2007)1. Uma única turma concluiu o Curso e a UNIPLI <strong>de</strong>sativou o Curso.2. A FERLAGOS anunciou que seria criado o Curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>, mas na prática nãoaconteceu.3. Comentários na mídia (2007) - Criação <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> em Santos – SP.CONSIDERAÇÕES FINAISEsse levantamento revelou subsídios consi<strong>de</strong>rados relevantes, abordando informações gerais emnível pessoal e profissional, para o acompanhamento do perfil do profissional da engenharia <strong>de</strong> pesca.Os resultados da pesquisa possibilitaram mostrar um universo mais aproximado do perfil <strong>de</strong>ste64


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]profissional no cenário nacional. Sugere-se que seja realizado um acompanhamento consecutivo e maisamplo dos profissionais da engenharia <strong>de</strong> pesca a partir <strong>de</strong>ssa iniciativa.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCONFEA (1983). Acessado em 30 ago. 2007.em: http://normativos.confea.org.br/downloads/0279-83.pdf .Diário Oficial da União (1983). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/1980-1989/D88911.htm . Acesso em: 29 ago. 2007.Nogueira, A.J.; Barbosa, J.M. & Sales, L.T. (2005). A <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> no Brasil e suaorganização. In: XIV Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>. Fortaleza: Resumos... CD Rom.Sales, L.T. et al. (2006). Histórico da Associação dos Engenheiros <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> do Estado do Amazonas.Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>. 1(1): 23-25.Soares, M.C.F. (2004). <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>: A profissão, os cursos e o programa especial <strong>de</strong>treinamento (PET). Recife: Imprensa Universitária da UFRPE.Soares, M.C.F. et al. (2006). Levantamento do perfil do Egresso <strong>de</strong> 2005 e do Ingresso <strong>de</strong> 2006 doCurso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco. In: XI EncontroNacional dos Grupos PET. Florianópolis: Resumos. CD Rom (Resumo Expandido 75).65


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ANEXO 1QUESTIONÁRIO ENCAMINHADO POR E-MAIL AO GI PESCA E AQÜICULTURAPESQUISA SOBRE ENGENHEIROS DE PESCA - ANO 20071) Nome:2) Ano nascimento ( ) País ( ) Estado ( ) Cida<strong>de</strong> ( )3) Estado <strong>de</strong> Atuação: Favor citar o nome da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> trabalha.4) Em que área atua presentemente?a) Aqüicultura (camarão) ( ) g) Beneficiamento ( )b) Aqüicultura (peixe) ( ) h) Ensino ( )c) Aqüicultura (rã) ( ) i) Pesquisa ( )d) Captura Oceânica ( ) j) Extensão ( )e) Captura Águas Continentais ( ) k) Meio Ambiente ( )f) Tecnologia <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>do ( )5) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )6) Estado Civil:a) Solteiro ( ) c) Casado / União Estável ( )b) Separado / divorciado ( ) d) Viúvo ( )7) On<strong>de</strong> se formou?8) Possui pós-graduação? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )9) Qual a área e qual a instituição?10) Freqüentou outro curso superior? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )Freqüenta outro curso superior? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )11) Exerceu outra ativida<strong>de</strong> profissional antes <strong>de</strong> trabalhar como Engenheiro <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>?Não ( ) Sim ( ) Qual: ( )12) Exerce atualmente outra ativida<strong>de</strong> profissional?Não ( ) Sim ( ) Qual: ( )13) Durante sua vida profissional já prestou concursos públicos? Quais? Informe o ano.Não ( ) Sim ( ) Quais ( ) Ano ( )14) Qual a sua faixa <strong>de</strong> salário mensal bruto?1) Até R$ 800,00 ( ) 5) Até R$ 4.500,00 ( )2) Até R$ 1.200,00 ( ) 6) Até R$ 8.000,00 ( )3) Até R$ 2.400,00 ( ) 7) Até R$ 10.000,00 ( )66


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]4) Até R$ 3.200,00 ( ) 8) Acima <strong>de</strong> R$ 10.000,00 ( )15) Na sua opinião, quais são as características mais relevantes para ser um bom profissional da<strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>?CaracterísticasMuitoimportanteImportante67PoucoimportanteSemimportânciaTer outros conhecimentosque o curso não proporcionaTer conhecimento técnicoDominar outro idioma(Inglês)Ter ambiçãoSaber sorrir e ser amável(boa disposição <strong>de</strong>relacionamento no trabalho)Ser EficienteDinâmicoFelizGentilHonestoInteligenteJustoLutadorNotávelOrganizadoResponsávelSensatoVisionárioZelosoTrabalhadorPerspicaz16) Que fatores influenciaram sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> cursar / exercer a profissão <strong>de</strong> Eng. <strong>Pesca</strong>?FatoresMuitoimportanteImportanteRemuneraçãoPrestigio / reconhecimentoEspírito <strong>de</strong> aventuraParentesProfessoresVestibular mais fácilContato com a naturezaPossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viajarContato com o mar17) Como avalia a atuação dos Eng. <strong>Pesca</strong> <strong>de</strong> seu Estado?PoucoimportanteCaso sua área <strong>de</strong> atuação não esteja aqui citada, favor nos informar.SemimportânciaSemopiniãoSemopinião


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ÁreasAqüiculturaTecnologia <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> (Captura)Tecnologia <strong>Pesca</strong>do (Beneficiamento)EnsinoExtensãoCarciniculturaMeio AmbienteMuitoBoaBoa Regular Ruim Péssima Semopinião18) Na sua opinião, <strong>de</strong>ntre essas profissões, quais têm maior / menor prestígio social?Utilize a escala <strong>de</strong> 1 a 10, circulando ou fazendo um X no número escolhido.10 TEM MAIOR PRESTIGIO - 01 TEM MENOR PRESTIGIOProfissõesPrestígio<strong>Engenharia</strong> Civil 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Elétrica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> da Computação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Mecânica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Naval 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Alimentos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Mecatrônica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Química 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> Agronômica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Medicina Veterinária 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Zootecnia 1 5 3 4 5 6 7 8 9 10Biologia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9Medica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9Administração <strong>de</strong> Empresas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9Economia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Farmácia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Fisioterapia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1019) Qual sua posição como engenheiro <strong>de</strong> pesca? Encontra-se:• Na ativa ( )• Aposentado ( )Aposentado exercendo cargo na ativa ( )68


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO DE DUAS COMUNIDADE RIBEIRINHAS DO RIOCOREAÚ, ESTADO DO CEARÁ, BRASILSandra Carla Oliveira do NASCIMENTO 1 * & Rogério César Pereira <strong>de</strong> ARAÚJO 21 Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA-UFC)2 Departamento <strong>de</strong> Economia Agrícola, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará*E-mail: sandra_eng<strong>de</strong>pesca@yahoo.com.brResumo - Esta pesquisa teve como objetivo principal caracterizar, do ponto <strong>de</strong> vista socioeconômico,as comunida<strong>de</strong>s localizadas próximas aos estuários, no município <strong>de</strong> Camocim, Ceará, no intuito <strong>de</strong>conhecer melhor, as condições <strong>de</strong> vida das famílias e sua relação com o manguezal como fonte <strong>de</strong>alimentos e renda, principalmente no que diz respeito à coleta <strong>de</strong> ostra-do-mangue. A pesquisarestringiu-se às comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sambaíba e Quilômetro Quatro, localizadas na foz do Rio Coreaú. Asfamílias das comunida<strong>de</strong>s foram caracterizadas por meio <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong>mográficos (ida<strong>de</strong>, sexo,educação, tamanho da família etc.), sociais (condição <strong>de</strong> moradia, abastecimento <strong>de</strong> água, saneamentobásico, energia elétrica etc.) e econômicos (fontes <strong>de</strong> renda, renda familiar, bens etc.), os quais foramcoletados por intermédio <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> questionários semi-estruturados e entrevistas comrepresentantes das associações comunitárias. Constatou-se que as comunida<strong>de</strong>s apresentaramdiferenças marcantes, em termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, principalmente <strong>de</strong>terminada pela condição <strong>de</strong>infra-estrutura nas comunida<strong>de</strong>s e proximida<strong>de</strong> à se<strong>de</strong> do município. Po<strong>de</strong>-se observar que ascomunida<strong>de</strong>s apresentaram baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, sendo Sambaíba, distante <strong>de</strong> Camocim 12 km,aquela em condição mais precária por não possuir qualquer infra-estrutura básica, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>forma marcante do extrativismo como fonte <strong>de</strong> subsistência. Em geral, o extrativismo <strong>de</strong> ostra mostrousepouco expressivo como fonte <strong>de</strong> renda para as comunida<strong>de</strong>s, apesar das condições ambientaisfavoráveis para o cultivo <strong>de</strong> ostras nos estuários.Palavras-chave: aqüicultura, zona costeira, economia pesqueira.SOCIO-ECONOMIC ASSESSMENT OF TWO COMUNITIES TO COREAÚ RIVER MARGINS’,CEARÁ, BRAZIL.Abstract - This research had as main objective to characterize, from the socio-economic standpoint,the communities located near to the estuaries in the municipal district of Camocim-Ceará, aiming toknow better the life conditions of the households and their relationship with the mangroves as source offood and income, mainly in what concerns the collection of oyesters of mangroves. The study was69


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]restricted to the communities of Sambaiba and Quilômetro Quatro, located at the Coreaú River. Thecommunity households were characterized by using socio-economic indicators such as <strong>de</strong>mography(age, sex, education, family size etc.), social aspects (dwelling conditions, water supply, basicsanitation, power source etc.) and economic aspects (income source, family income, family assets etc.),which were gathered by questionnaire application and interviews with key-informants of thecommunities. We could verify that the communities showed significant differences regarding thequality of life, mainly <strong>de</strong>termined by the infrastructure and the distance to the town of Camocim. It wasable to observe that the communities presented low quality of live, being Sambaíba, 12 km far fromCamocim, that one in more precarious conditions since it did not have provision of any basicinfrastructure, besi<strong>de</strong>s that they <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>d strongly on the food gathering for household subsistence. Ingeneral, the gathering of oyster seems to contribute little as income source for the households, <strong>de</strong>spitethe favorable environmental conditions of the estuaries for the oyester raising.Key-words: aquaculture, coastal zone, fisheries economics.INTRODUÇÃOAs comunida<strong>de</strong>s tradicionais localizadas nas áreas costeiras e ribeirinhas são geralmenteformadas por famílias pobres que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.Em alguns casos, as famílias constroem suas moradias em áreas <strong>de</strong> risco – ina<strong>de</strong>quadas para o habitathumano – ou em áreas <strong>de</strong> proteção permanente, as quais estão sob o regime <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>estatal. Contudo, as famílias encontram nesses locais as condições satisfatórias, embora precárias, parasua sobrevivência, uma vez que os recursos naturais ainda se encontram em regime <strong>de</strong> acesso livre, ouseja, sem controle quanto ao acesso e exploração dos recursos. Devido à sua condição <strong>de</strong> pobreza einexistência <strong>de</strong> trabalho formal, as famílias para garantirem a sua subsistência adotam uma estratégiaque tem como princípio econômico a diversificação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivas, ou seja, os integrantes dafamília engajam em várias ativida<strong>de</strong>s tais como agricultura, pesca, extrativismo vegetal e animal,diarista e até mendicância no intuito <strong>de</strong> garantir sua sobrevivência.Nesse contexto, as comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas na zona costeiras do Estado do Ceará mantêm umarelação próxima com o ecossistema manguezal por lhes oferecerem uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos quegarantem sua subsistência e formação da renda familiar. Além do peixe e do caranguejo, amplamenteexplorados nos estuários cearenses, a ostra-do-mangue coloca-se como uma alternativa para aten<strong>de</strong>r asnecessida<strong>de</strong>s nutricionais <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>ndo ainda participar como fonte <strong>de</strong> renda familiar.No Estado do Ceará, a coleta <strong>de</strong> ostra-do-mangue ou ostra nativa, data <strong>de</strong> tempos antigos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os70


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]primeiros colonizadores. Em algumas comunida<strong>de</strong>s esta ativida<strong>de</strong> continua sendo puramenteextrativista, na qual as ostras são tiradas da natureza, consumidas e/ou comercializadas pela populaçãolocal (Dantas-Neto, 2001).Diferentemente do extrativismo <strong>de</strong> ostras, que po<strong>de</strong> causar danos ao meio ambiente quandoconduzido <strong>de</strong> forma predatório, o cultivo <strong>de</strong> ostras <strong>de</strong>senvolvido nos estuários po<strong>de</strong> ser uma ativida<strong>de</strong>ambientalmente sustentável, aproveitando as condições ambientais favoráveis oferecidas peloecossistema manguezal. Contudo, o sucesso <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente da tecnologia e dascondições ambientais, mas, em igual importância, do contexto socioeconômico e cultural em que ascomunida<strong>de</strong>s estão inseridas. O nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> renda dasfamílias, bem como seu modo <strong>de</strong> vida, suas tradições e suas expectativas futuras, po<strong>de</strong>m ser fatores<strong>de</strong>cisivos para as famílias engajarem em novas ativida<strong>de</strong>s. Uma adoção <strong>de</strong> uma nova ativida<strong>de</strong>produtiva representará para as famílias mudanças no seu modo <strong>de</strong> vida e substituição <strong>de</strong> práticas que jáfazem parte <strong>de</strong> sua cultura, e que po<strong>de</strong> representar um custo para as famílias, as quais não estariamdispostas a incorrer.Assim sendo, esta pesquisa se propôs a investigar a participação do extrativismo <strong>de</strong> ostras naestratégia <strong>de</strong> subsistência e composição da renda familiar das comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas no município <strong>de</strong>Camocim, Ceará. Para isto, foi realizado um diagnóstico socioeconômico em duas comunida<strong>de</strong>s,Quilômetro Quatro e Sambaíba, localizadas no estuário do Rio Coreaú, em Camocim, tendo comoobjetivo conhecer a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das famílias e sua <strong>de</strong>pendência à coleta <strong>de</strong> ostras como fontealimentar e <strong>de</strong> renda, po<strong>de</strong>ndo este estudo servir ainda como um indicativo <strong>de</strong> interesse das famílias emadotar o cultivo <strong>de</strong> ostras como parte <strong>de</strong> sua estratégia <strong>de</strong> subsistência.MATERIAL E MÉTODOSÁREA DE ESTUDOA área <strong>de</strong> estudo foi a região estuarina do município <strong>de</strong> Camocim, situada no litoral extremooeste do Ceará (Hissa, 1998). Este município foi selecionado por apresentar condições ambientais,sociais e mercadológicas favoráveis para o <strong>de</strong>senvolvimento da ostreicultura. Do ponto <strong>de</strong> vistaambiental, o Rio Coreaú, principalmente os braços <strong>de</strong> rio e gamboas, oferece ambientes propícios paraa instalação <strong>de</strong> cultivos <strong>de</strong> ostras. Camocim possui um consi<strong>de</strong>rável número <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s situadaspróximo ao estuário do Rio Coreaú, que são formadas por famílias pobres e carentes <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> emprego e renda, e que utilizam a ostra como complementação alimentar. Por fim, Camocim eJijoca <strong>de</strong> Jericoacoara constituem um <strong>de</strong>stino turístico muito procurado por turistas nacionais e71


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]estrangeiros, em que as comidas típicas - peixes, lagostas e mariscos - também contribuem <strong>de</strong> formamarcante para enriquecer a experiência turística da região. Portanto, a ostra po<strong>de</strong> também fazer parte<strong>de</strong>ste cardápio, sendo o setor turístico um mercado potencial, on<strong>de</strong> as ostras <strong>de</strong> cultivo po<strong>de</strong>riam serescoadas (Pinheiro, 1994).As comunida<strong>de</strong>s alvo <strong>de</strong>sta pesquisa foram Sambaíba e Quilômetro Quatro, as quais foramselecionadas por técnicos da EMATER-CE e da Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável doMunicípio <strong>de</strong> Camocim, por estarem em situações distintas em termos <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> vida,localização e por utilizarem a ostra em seu cardápio alimentar. Em geral, as famílias que compõemessas comunida<strong>de</strong>s são pobres, sendo que Sambaíba fica distante <strong>de</strong> Camocim 12 km, tendo acesso porcarro ou barco, enquanto Quilômetro Quatro dista <strong>de</strong> Camocim apenas 4 km, possuindo fácil acessopor estrada <strong>de</strong> terra. Ambas encontram-se a menos <strong>de</strong> 500 m do estuário do Rio Coreaú.MÉTODOO objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é avaliar as condições socioeconômicas das comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas,procurando i<strong>de</strong>ntificar a participação do extrativismo <strong>de</strong> ostras na alimentação e formação da rendafamiliar. A análise baseou-se nos dados e informações sobre as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sambaíba eQuilômetro Quatro no que diz respeito aos seus aspectos <strong>de</strong>mográfico, sociais, econômicos eextrativismo <strong>de</strong> ostra (consumo, preço e comercialização).Os aspectos <strong>de</strong>mográficos dizem respeito à caracterização do respon<strong>de</strong>nte com base nos seguintesparâmetros: sexo, ida<strong>de</strong>, estado civil, número <strong>de</strong> filhos, número <strong>de</strong> pessoas por domicílio. Osindicadores sociais consistem do nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, se o respon<strong>de</strong>nte continua ou não estudando,condição da residência, fonte <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água, saneamento básico e energia elétrica. Osindicadores econômicos envolvem a i<strong>de</strong>ntificação das ativida<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> renda, a renda médiafamiliar, o número <strong>de</strong> pessoas que contribuem para a formação da renda familiar e as transferênciasgovernamentais recebidas pelas famílias e bens familiares. As informações levantadas sobre oextrativismo <strong>de</strong> ostras restringiram-se a conhecer sobre seu consumo, sua participação no cardápioalimentar, freqüência <strong>de</strong> coleta e consumo, quantida<strong>de</strong> consumida por mês e por estação do ano ecomercialização do exce<strong>de</strong>nte.A análise fez-se através da coleta <strong>de</strong> dados secundários e primários. Os dados secundáriosenvolveram observações <strong>de</strong> trabalhos, dissertações, relatórios técnicos, informações censitárias etc. Osdados primários foram obtidos através <strong>de</strong> questionários aplicados às famílias das comunida<strong>de</strong>s, numtotal <strong>de</strong> 25 questionários, sendo 15 em Sambaíba e 10 no Quilômetro Quatro. Além disso, foram72


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]realizadas visitas <strong>de</strong> reconhecimento nas comunida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> entrevistas abertas com técnicos eprofissionais <strong>de</strong> instituições que trabalham na área da pesca foram obtidas.RESULTADOS E DISCUSSÃOA análise dos indicadores socioeconômicos é feita para cada uma das comunida<strong>de</strong>s isoladamente<strong>de</strong> forma a permitir posterior comparação das comunida<strong>de</strong>s. Com base nestas informações, procurou-seinferir sobre o nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das comunida<strong>de</strong>s, sua <strong>de</strong>pendência ao extrativismo <strong>de</strong> ostras eseu potencial para adotar a ostreicultura em regime comunitário ou associativista, como nova ativida<strong>de</strong>econômica. Os indicadores <strong>de</strong>mográficos, sociais e econômicos para as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sambaíba eQuilômetro Quatro são a apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3.SAMBAÍBAOs respon<strong>de</strong>ntes da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sambaíba foram, em sua maioria, homens (66,7%), dos quais46,7% encontravam-se entre 33 e 46 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (Tabela 1).O percentual <strong>de</strong> indivíduos entre 18 e 32 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> também foi elevado, abrangendo 26,7%dos entrevistados. Oitenta por cento dos entrevistados eram casados, dos quais 46,6% possuíam entre 3e 5 filhos. A maioria das famílias (53,3%) possuíam entre 4 e 6 pessoas, o que <strong>de</strong>monstra um númeroelevado <strong>de</strong> pessoas por família, média <strong>de</strong> 5 pessoas por família.Do total <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Sambaíba, 66,7% eram analfabetos, enquanto somente 26,6%possuíam o primeiro grau incompleto ou completo, o que <strong>de</strong>monstra o baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dosmoradores <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> (Tabela 2). Das pessoas que possuíam algum grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>,apenas uma <strong>de</strong>las continuava estudando.Todos os respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Sambaíba moravam em casa própria. Embora, não seja possívelgarantir que as famílias eram proprietárias dos imóveis, uma vez que este aspecto não foi contempladona pesquisa. Sabe-se, porém que a maioria das famílias tradicionais na zona costeira não possui título<strong>de</strong> posse <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s, pois a posse vem sendo transferida por meio <strong>de</strong> herança <strong>de</strong> geração parageração.Os domicílios se caracterizavam pela ausência, por completo, <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água potável(re<strong>de</strong> geral), saneamento básico e energia elétrica. Os domicílios obtinham a água para uso doméstico<strong>de</strong> poços. Portanto, Sambaíba apresentava, em termos <strong>de</strong> infra-estrutura, uma condição precária, o quecomprometia <strong>de</strong> forma marcante a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das famílias.Na Tabela 3, observa-se que a principal ativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda familiar é a agricultura,sendo indicado por 86,7% dos respon<strong>de</strong>ntes. A pesca ficou em segundo lugar, correspon<strong>de</strong>ndo a73


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]73,3%. A coleta <strong>de</strong> mariscos, <strong>de</strong>ntre elas a ostra, teve uma pequena participação (26,7%). Aaposentadoria se mostrou importante como fonte <strong>de</strong> renda para 20% das famílias. Vale ressaltar que asoma dos percentuais não totalizam 100%, tendo em vista que as famílias engajam em mais <strong>de</strong> umaativida<strong>de</strong> produtiva como estratégia <strong>de</strong> subsistência. Neste aspecto, a estratégia predominante adotadapelas famílias, em termos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subsistência, foi agricultura, pesca e coleta <strong>de</strong> mariscos.A renda média familiar para 60% dos respon<strong>de</strong>ntes ficou entre R$ 180,00 e 300,00. Contudo,uma parcela significativa dos entrevistados (33,3%) possuía uma renda familiar abaixo <strong>de</strong> R$ 180,00.Esta renda média familiar para oitenta por cento dos entrevistados era formada por apenas duas pessoasda família. Com relação às transferências governamentais, 73,3% dos entrevistados eram beneficiadospelo recebimento <strong>de</strong> bolsa-escola, vale-gás, fome-zero ou aposentadoria. Por fim, todas as famíliaspossuíam algum tipo <strong>de</strong> bem móvel ou imóvel, tais como casa, animais ou veículo (moto).QUILÔMETRO QUATROOs respon<strong>de</strong>ntes da comunida<strong>de</strong> do Quilômetro Quatro, na sua maioria, eram do sexo masculino(70%), dos quais 50% apresentavam ida<strong>de</strong> entre 18 e 32 anos, sendo que a maioria dos entrevistadosera casada (70%). Em termos <strong>de</strong> números <strong>de</strong> filhos, noventa por cento das famílias tinham até 5 filhos,sendo que 50% das famílias possuíam entre 3 e 5 filhos. Apenas 10% das famílias tinham 6 ou maisfilhos (Tabela 1).Com base na Tabela 2, apenas 20% das pessoas entrevistadas eram analfabetos, enquanto 40%dos respon<strong>de</strong>ntes haviam cursado o primário, sendo que apenas 10% <strong>de</strong>les tinham concluído oprimário. Com relação aos respon<strong>de</strong>ntes que haviam cursado o primeiro grau, dos 40% nesta situação,apenas 10% haviam concluído o primeiro grau, ninguém havia cursado o segundo grau. Dosentrevistados, somente uma pessoa continuava estudando.Com relação à condição <strong>de</strong> moradia, 90% dos respon<strong>de</strong>ntes morava em casa própria. Como já foimencionado anteriormente, não se po<strong>de</strong> afirmar que essas famílias possuíam título <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>seus lotes, uma vez que este aspecto não foi contemplado na pesquisa. Das famílias pesquisadas, todosos domicílios eram abastecidos por poço artesiano, 40% possuíam algum tipo <strong>de</strong> saneamento básico e90% dos domicílios estavam conectados à re<strong>de</strong> elétrica (Tabela 2).Os entrevistados da comunida<strong>de</strong> do Quilômetro Quatro apontaram a agricultura como a principalativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda (40%), seguida pelo trabalho em salinas (30%), cultivo <strong>de</strong> camarão (10%)e coleta <strong>de</strong> marisco (10%) (Tabela 3). A aposentadoria apresentou-se como a principal fonte <strong>de</strong> rendapara 10% dos entrevistados. Surpreen<strong>de</strong>ntemente, para esta comunida<strong>de</strong> a pesca não se mostrou comouma ativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda para qualquer um dos entrevistados. Isto po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado pela74


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]proximida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Camocim e a existência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s industriais como asalina e o cultivo <strong>de</strong> camarão.A renda média familiar <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> ficou entre R$ 180,00 e 300,00, correspon<strong>de</strong>ndo a 70%das famílias entrevistadas. A renda média familiar até 180,00 reais envolveu 20% dos entrevistados.Somente 10% dos respon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>clararam uma renda superior a R$ 300,00. Sessenta por cento dosrespon<strong>de</strong>ntes afirmaram que a renda familiar era resultado da contribuição <strong>de</strong> dois membros da família.Finalmente, 90% dos entrevistados disseram que a casa constituía-se no único bem da família.Tabela 1 - Indicadores <strong>de</strong>mográficos das Comunida<strong>de</strong>s Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE)..INDICADOR SAMBAIBA QUILÔMETRO QUATROSexo N % N %Masculino 10 66,7 7 70,0Feminino 5 33,3 3 30,0Ida<strong>de</strong> N % N %18 a 32 4 26,7 5 50,033 a 46 7 46,7 2 20,047 a 60 2 13,3 3 30,075 a 88 2 13,3 - -Estado Civil N % N %Solteiro 2 13,3 2 20,0Casado 12 80,0 7 70,0Viúvo - - 1 10,0Outro 1 6,7 - -Número <strong>de</strong> filhos N % N %0 a 2 4 26,7 4 40,03 a 5 7 46,6 5 50,06 ou mais 4 26,7 1 10,0Número <strong>de</strong> pessoaspor domicílioN % N %1 a 3 4 26,7 4 40,04 a 6 8 53,3 4 40,07 ou mais 8 20,0 2 20,0Total 15 100,0 10 100,075


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Tabela 2 - Indicadores sociais das comunida<strong>de</strong>s Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE).INDICADOR SAMBAÍBA QUILÔMETRO QUATROEscolarida<strong>de</strong> N % N %Analfabeto 10 66,7 2 20,0Primário imcompleto 1 6,7 3 30,0Primário Completo - - 1 10,01° grau imcompleto 2 13,3 3 30,01° grau completo 2 13,3 1 10,02° grau imcompleto - - - -2° grau completo - - - -Status Resi<strong>de</strong>ncial N % N %Própria 15 100,0 9 90,0Alugada - - - -Outros - - 1 10,0Fonte <strong>de</strong> Água N % N %Rio - - - -Poço 15 100,0 10 100,0Re<strong>de</strong> geral - - - -Saneamento Básico N % N %Sim - - 4 40,0Não 15 100,0 6 60,0Energia Elétrica N % N %Sim - - 9 90,0Não 15 100,0 1 10,0Total 15 100,0 10 100,0Tabela 3 - Indicadores Econômicos das Comunida<strong>de</strong>s Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE).INDICADOR SAMBAIBA QUILÔMETRO QUATROAtivida<strong>de</strong>s (fonte <strong>de</strong> renda) N % N %Agricultura 13 86,7 4 40,0Aposentadoria 3 20,0 1 10,0Coleta <strong>de</strong> Mariscos 4 26,7 1 10,0Cultivo <strong>de</strong> Camarão - - 1 10,0<strong>Pesca</strong> 11 73,3 - -Salina - - 3 30,0Renda Média Familiar (R$) N % N %60,00 a 180,00 5 33,3 2 20,0180,00 a 300,00 9 60,0 7 70,0300,00 ou maia 1 6,7 1 10,0Total 15 100,0 10 100,076


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMUNIDADESCom relação aos indicadores <strong>de</strong>mográficos, ambas as comunida<strong>de</strong>s apresentaram característicassemelhantes quanto a número <strong>de</strong> filhos e número <strong>de</strong> pessoas por domicílio, a maioria dos entrevistados<strong>de</strong>clararam ter entre 3 e 5 filhos e suas famílias constituídas <strong>de</strong> até 6 membros. A comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Sambaíba apresentou relativamente o pior nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, com um nível <strong>de</strong> analfabetismo emtorno <strong>de</strong> 70%, enquanto o Quilômetro Quatro mostrou apenas 20%. Com relação a condição <strong>de</strong>domicílio, tanto Sambaíba quanto Quilômetro Quatro, praticamente todos os respon<strong>de</strong>ntes moravamem casa própria e eram abastecidas por poços artesianos. Neste aspecto, a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> QuilômetroQuatro apresentava uma melhor provisão <strong>de</strong> infra-estrutura tais como saneamento básico e re<strong>de</strong>elétrica. No que se referem às ativida<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> renda, as famílias da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sambaíbatinham sua economia mais ligada às ativida<strong>de</strong>s agrícolas e extrativistas (pesca e mariscos), enquanto acomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quilômetro Quatro <strong>de</strong>pendia mais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura e mineração (salina).Apesar das diferentes ativida<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> renda, ambas as comunida<strong>de</strong>s apresentaram níveis <strong>de</strong>renda média familiar com a mesma distribuição.COMENTÁRIOS CONCLUSIVOSSupõe-se que a relativamente baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Sambaíba seja <strong>de</strong>terminada pela maiordistância <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> à se<strong>de</strong> do município, Camocim. O isolamento <strong>de</strong> Sambaíba po<strong>de</strong> estarcontribuindo também para uma maior <strong>de</strong>pendência das famílias às ativida<strong>de</strong>s relacionadas aos recursosnaturais (agricultura e extrativismo), mostrando assim que, as comunida<strong>de</strong>s mais isoladas mantêm umaligação estreita com o meio ambiente.Camocim, embora possua áreas propícias a ativida<strong>de</strong> com ostras, o extrativismo <strong>de</strong>stas mostrousepouco expressivo tanto com relação ao consumo quanto como fonte <strong>de</strong> renda. Entretanto, aexploração <strong>de</strong>ste recurso, através do extrativismo ou cultivo, po<strong>de</strong> contribuir significativamente paracomplementação alimentar ou como fonte <strong>de</strong> renda para as comunida<strong>de</strong>s estuarinas.Observou-se que o município <strong>de</strong> Camocim apresenta condições favoráveis do ponto <strong>de</strong> vistaambiental para a ostreicultura, tendo em vista que em seus estuários encontra-se constantemente apresença <strong>de</strong> ostras fixadas às raízes do mangue.77


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]AGRADECIMENTOSEsta pesquisa foi financiada pelo Fundo <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico –FUNDECI do Banco do Nor<strong>de</strong>ste – BN, e com o apoio da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Camocim, porintermédio da Secretária <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável, na pessoa do secretário Dr. Julênio BragaRodrigues.Nossos sinceros agra<strong>de</strong>cimentos à agência financiadora, parceiros institucionais, e colaboradores,sem os quais esta pesquisa não teria sido realizada.REFERÊNCIASDantas-Neto, M. P. (2001). A Ostreicultura como Ativida<strong>de</strong> Sustentável em Fortim, Ceará.[Dissertação <strong>de</strong> Mestrado] Fortaleza (CE): Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará.HISSA N. (1998) Arquitetos Associados. Plano Diretor <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano <strong>de</strong> Camocim.Camocim, Nasser Hissa Arquitetos Associados. Camocim: Documento Básico <strong>de</strong> Camocim.PINHEIRO, M..M.L. (1994). Diagnostico Socioeconômico da Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Moradoras doManguezal do Rio Ceará, Município <strong>de</strong> Caucaia, Ceará [Trabalho <strong>de</strong> Monografia]. Fortaleza (CE):Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará.78


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCAOBJETIVO - A Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> (RE<strong>Pesca</strong>) tem por objetivo publicar artigoscientíficos e técnicos/informativos, abordando temas <strong>de</strong> interesse na área <strong>de</strong> Recursos Pesqueiros e<strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>.INFORMAÇÕES GERAIS - Os originais <strong>de</strong>vem ser redigidos em português, inglês ou espanhol, <strong>de</strong> formaconcisa, com a exatidão e a clareza necessárias à sua fiel compreensão. Devem ser enviados àComissão Editorial pelo e-mail: repesca@gmail.com ou em CD, rigorosamente <strong>de</strong> acordo com estasnormas, don<strong>de</strong> serão enviados aos consultores “ad hoc”, membros da Comissão Editorial ou indicadospelo Editor. Os pareceres serão transmitidos anonimamente aos autores. Em caso <strong>de</strong> recomendação<strong>de</strong>sfavorável, po<strong>de</strong>rá ser pedida a opinião <strong>de</strong> um outro assessor. Os trabalhos serão publicados naor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> aceitação, ou pela sua importância e po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> três tipos: Artigos Científicos, ArtigosTécnicos e Resenhas e <strong>de</strong>vem ter os seguintes itens:Artigos Científicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Keywords), Introdução, Material eMétodos, Resultados e Discussão (estes dois juntos ou separados), Conclusões (opcional),Agra<strong>de</strong>cimentos (opcional) e Referências.Artigos Técnicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Key words), Introdução, Corpo(<strong>de</strong>senvolvimento do assunto) Conclusões (<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> Comentários Conclusivos ou Finais,Consi<strong>de</strong>rações Finais), Agra<strong>de</strong>cimentos (opcional) e Referências (quando houver citações no texto).Resenhas - síntese ou análise <strong>de</strong> casos ou fatos <strong>de</strong> interessa para a classe.Os nomes dos itens <strong>de</strong>vem ser maiúsculos e centralizados, com um espaço acima e abaixo.PREPARAÇÃO DE ORIGINAISDigitação - Os artigos com no máximo 15 páginas, incluindo tabelas e figuras, <strong>de</strong>vem ser digitado emletra Times New Roman, tamanho12, papel A4 e em espaço 1,5 (entre linhas) com margens <strong>de</strong> 2 cmem todos os lados, justificado e sem divisão <strong>de</strong> palavras no final da linha. Nomes científicos e palavrasestrangeiras <strong>de</strong>vem ser grafados em “itálico”.Título - O título <strong>de</strong>ve dar uma idéia precisa do conteúdo e ser o mais curto possível escrito em letrasmaiúsculas tamanho12, centralizado.Nomes dos autores - Os nomes dos autores <strong>de</strong>vem constar sempre na sua or<strong>de</strong>m direta, sem inversões,com o sobrenome maiúsculo. Segue-se aos autores os en<strong>de</strong>reços institucionais e após o e-mail do autorcorrespon<strong>de</strong>nte.79


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]Ciro Men<strong>de</strong>s CASTOR 1* ; José Mário BRAGA 2 ; Maria da Penha PIRILO 11 Departamento <strong>de</strong> Educação, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Carolina2 Instituto <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong> <strong>de</strong> Carolina*Email: ciromc@ymail.comO Resumo e o Abstract (que é iniciado com o título em inglês) - <strong>de</strong>vem conter as mesmas informaçõese sempre sumariar resultados e conclusões. Não <strong>de</strong>vem ultrapassar 300 palavras e serem seguidos <strong>de</strong>,no máximo, cinco palavras-chaves e key-words.REFERÊNCIAS - Baseada no APA Citation Gui<strong>de</strong> (Publication Manual of the American PsychologicalAssociation, 5th ed.).Livro (um autor)Bellini, C. T. (2005). Tratado <strong>de</strong> Zoogeografia do Brasil: aspectos econômicos. Ubá: Editora Nova.No texto: A espécie ocorre... (Bellini, 2005) ou Segundo Bellini (2005) a espécie...(Dois autores)Rocha, R. & J.P. Lara (Eds.) (2004). Marine fishes. Victoria: University Press.No texto: (Rocha & Lara, 2004)Capítulo <strong>de</strong> livroBrito, N. & Datena, C. R. (2005). Crescimento <strong>de</strong> miracéu Astrocopus y-grecum em laboratório. In: H.G. Barroso (Ed.). The Sea Fishes (pp.23-27). São Luís (MA): Ed. Amazônia.No texto: (Brito & Datena, 2005)Artigo <strong>de</strong> RevistaCosta, J.B. (1957). A seca no agreste pernambucano. Rev. Bras. Geog. 7(27): 21-7.No texto: (Costa, 1957)Galvão, G.G. & Café , J.M. (2002). Peixes do Rio Farinha, MA. Rev. Mar. Biol. 27(7): 733-49.No texto (dois autores): (Galvão & Café, 2002)Pantaleão, N. T., Omino, P., Gil, C. & Falcão, E. (1987). Raias do Brasil. Bol. Zool. 7(8): 3-13.No texto (três a cinco autores) (Pantaleão, Omimo, Gil & Falcão, 1947)Koike, J., Itu, B., Marinho, A., Bitu, R. Brito, A.A. & Victor, J. (2007). A importância do bem-estar.Rev. Bras. Bem-estar 7(1):7-27.No texto (mais <strong>de</strong> cinco autores): (Koike et al., 2007)AnaisMarinho, M. A. & Abe, B. (2001). A violência contra as tartarugas. In: Congresso Latinoamericano <strong>de</strong>Zoociências (pp. 33-47). Buenos Aires: Anais do CLZ, 6.80


Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[Esp.]No texto: (Marinho & Abe, 2001)Tese e DissertaçãoMartus, M. (2001). Contribuição estudo da pesca na Lagoa dos Patos [Tese <strong>de</strong> Doutorado]. Pelotas(RS): Universida<strong>de</strong> do Arroio.No texto: (Martus, 2001)Artigo on-lineFAO (2007). The world's fisheries. Acessado em 27 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2007 emhttp://www.fao.org\fi\statist\htm.No texto: (FAO, 2007)Correções - Os trabalhos que necessitarem <strong>de</strong> correções serão <strong>de</strong>volvidos aos autores e <strong>de</strong>verãoretornar ao Editor no prazo <strong>de</strong> 7 dias, caso contrário po<strong>de</strong>rão ter a publicação postergada.MATERIAL ILUSTRATIVO - As tabelas e figuras <strong>de</strong>vem se restringir ao necessário para o entendimentodo texto, numeradas em algarismos arábicos. As figuras <strong>de</strong>vem ser “inseridas” no texto e nunca“recortadas” e “coladas”, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> tamanho compatível, para não per<strong>de</strong>r a niti<strong>de</strong>z quandoreduzidas e agrupadas, sempre que possível. As tabelas <strong>de</strong>vem ser feitas com utilização da ferramentaTabela do “Word”. As legendas <strong>de</strong>vem ser auto-explicativas colocadas acima nas tabelas e abaixo nasfiguras. Símbolos e abreviaturas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos nas legendas.NUNCA USE NEGRITO NO TEXTO, EM PARTE OU PARA DESTACAR EXPRESSÕES.OBSERVAÇÃO - Antes <strong>de</strong> remeter o trabalho, verifique se o mesmo está <strong>de</strong> acordo com as normas,atentando ainda para os seguintes itens: correção gramatical, correção da digitação, correspondênciaentre os trabalhos citados no texto e os referidos nas referências, correspondência entre os números <strong>de</strong>tabelas e figuras citadas no texto.ATENÇÃO:a) a Revista não concorda necessariamente com os conceitos emitidos pelos articulistas; b) os recursosadvindos <strong>de</strong> possíveis doações, financiamentos, assinaturas, venda <strong>de</strong> publicações da RE<strong>Pesca</strong>(disquetes, CDS, cópias impressas etc.) serão utilizado na manutenção da revista, não cabendoparticipação dos autores no usufruto <strong>de</strong>sses recursos; c) os autores ao enviar seus trabalhos concordamcom os termos <strong>de</strong>stas normas; d) o autor principal (ou correspon<strong>de</strong>nte) é responsável pela aceitação,para publicação nesta RE<strong>Pesca</strong>, dos <strong>de</strong>mais autores do trabalho.DÚVIDAS E ENVIO DE TRABALHOS: contactar o Editor-Chefe no seguinte e-mail: repesca@gmail.comA RE<strong>Pesca</strong> está disponível no site da Universida<strong>de</strong> Estadual do Maranhão/<strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesca</strong>:www.engenharia<strong>de</strong>pesca.uema.br81

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