gem de si depreciada, interiorizando a identidadede
algumas destas questões e para conduzir uminquérito. Este permitiu evidenciar um númeroimportante de situações <strong>escolar</strong>es precisas emque os determinismos do fracasso dos seus filhosnão relevam das capacidades próprias destes.O facto de ter conduzido esta investigação emgrupos, o que facilita a tomada de consciênciada generalidade do problema, foi sem dúvidauma das condições que Ihes permitiu determinare seguidamente descrever um certo númerodestes processos que mediatizam o <strong>insucesso</strong><strong>escolar</strong> e que as ciências sociais, na concepçãoactual dos seus métodos e teorias, têm por vezesgrande dificuldade em «dissecar».Os investigadores científicos, quanto a si, parecemter-se dividido no debate. De um lado,encontra-se o evidenciar sistemático da regularidadedos determinismos sociais do desenvolvimentocognitivo ou da carreira <strong>escolar</strong> dojovem. No outro pó10 da problemática multiplicaram-seos estudos que procuram descreveras características individuais dos alunos considerados.O nosso objectivo é discernir certosprocessos susceptíveis de dar conta da articulaçãoentre estes dois níveis de fenómenos; ondeprocurá-los? Recorrendo à descrição dos diferentesníveis de análise proposta por Doise(1978), verificamos que o nível I (o estudo psicológico,centrado no indivíduo) constituiu oobjecto de múltiplas investigações; investigaçõesem meio <strong>escolar</strong> foram também conduzidas,embora talvez de modo menos difundido, nocampo abrangido pelo quarto nível (sociológico,centrado no contexto social, cultural, económico,histórico); mas os dois níveis intermediários,que tomam em consideração as relaçõesinterindividuais (11) e intergrupos (111), encontram-selonge de estar explorados. Ora elessão essenciais porque a situação pedagógica, sede certo põe em presença indivíduos num contextosocial e histórico preciso, parece entretantoretirar uma parte importante da sua especificidadedos modos de relações entre indivíduos,entre grupos (particularmente profissionais) eentre as diferentes instâncias da instituição a querecorre.Os níveis de análise que recobrem a psicologiae a sociologia deixam frequentemente, naprática, os professores desamparados ou ineficazesface à problemática do <strong>insucesso</strong> <strong>escolar</strong>,porque os determinantes estudados por estas disciplinassão geralmente exteriores à actividadepedagógica. Permitir-lhes compreender melhoros mecanismos em jogo nas suas relações com oaluno e na sua abordagem da profissão poderiacontribuir, por um lado, para alargar o seudomínio dos processos pedagógicos e, por outrolado, para recobrir a sua qualidade de agemtes do debate, abrindo novas possibilidades noseio da actividade educativa.Se no seguimento da nossa exposição noscentramos essencialmente na actividade pedagógica,não ignoramos todavia que esta se situanum contexto mais largo, susceptível, ele também,de a clarificar. Mas pensamos que umexame da dinâmica de certas práticas <strong>escolar</strong>espode dar uma contribuição específica e que,somente num segundo tempo, os esforços deesclarecimento de uma perspectiva particularexigirão o recurso a outras abordagens.I1 - PROBLEMAS METODOL6GICOSNA APREENSÁO DO OBJECTODO DEBATEEncontramo-nos assim empenhados nesta investigaçãosobre o <strong>insucesso</strong> <strong>escolar</strong> em colaboraçãocom professores que se sentem implicadosnesta problemática por pressentirem que, paraalém dos limites que fixam as estruturas institucionaise sociais dentro das quais ensinam,existe um campo do «possível» que não exploramainda na sua actividade profissional. Genebraé, sem dúvida, um contexto privilegiado paranos interrogarmos sobre a responsabilidade inerente às atitudes e métodos pedagógicos, vistoque os «outros» factores de <strong>insucesso</strong> <strong>escolar</strong>foram relativamente controlados por uma vontadepolítica determinada de democratizar aescola e de melhorar o aproveitamento, à medidaque as alterações económicas, sociais epolíticas dos dois últimos decénios o permitiam,necessitavam ou suscitavam (crescimento muito71