13.07.2015 Views

Dialeto Caipira - Departamento de Letras

Dialeto Caipira - Departamento de Letras

Dialeto Caipira - Departamento de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

5. De acordo com as regras acima, - e abstraindo-se das flexões verbais, - a pluralida<strong>de</strong> dosnomes é indicada, geralmente, pelos <strong>de</strong>terminativos: os rei, duas dama, certas hora, u"asfruita, aqueles minino, minhas ermá, suas pranta.6. O qualificativo foge, como o subst., à forma pluralizadora: os rei mago, duas casa vendida,u"as fruita ver<strong>de</strong>, as criança távum queto. Abrem excepção apenas algumas construções, quasesempre expressões ossificadas, em que há anteposição do adjet.: boas hora, boas tar<strong>de</strong>.7. Esta repugnância pela flexão pluralizadora dá lugar a casos curiosos. A frase exclamativa "háque anos!", equivalente a "há quantos anos!", sofreu esta torção violenta: há que zano! (ousimplesmente que zano!) Ouve-se freqüentemente bamozimbora. Não se <strong>de</strong>ve interpretar comobamos+embora, mas como bamo+zimbora, pois o som <strong>de</strong> z, resultante originariamente daligação <strong>de</strong> vamos com embora, passou a ser entendido pelo caipira como parte integrante dasegunda palavra; tanto assim que diz: nóis bamo, e diz: êle foi zimbora. Prótese semelhante sedá em zóio (olhos), zarreio (arreios), com o s do art. <strong>de</strong>f. plur. - Outro caso curioso é o que sedá com a expressão portuguesa uns pares <strong>de</strong>les, ou <strong>de</strong>las, que o nosso caipira alterou parauns par <strong>de</strong>le e u"as par <strong>de</strong>la. A frase - Vai-me buscar uns pares <strong>de</strong>les, ou <strong>de</strong>las, assim setraduzirá em dialeto: Vai-me buscá uns par-<strong>de</strong>le, ou u"as par-<strong>de</strong>la, como se par-<strong>de</strong>le e par-<strong>de</strong>lafossem as formas do masculino e do feminino <strong>de</strong> um simples substant. coletivo.GRADAÇÃO8. As flexões <strong>de</strong> grau subordinam-se às regras gerais da língua. Apenas algumas observações:a) QUANTIDADE - O aumentativo e o diminutivo têm constante emprego, sendo que as flexõesvivas quase se limitam a ão ona para o primeiro, inho inha, ico ica para o segundo.Nos nomes próprios <strong>de</strong> uso mais generalizado, há gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> formas consagradas:Pedrão, Pedróca, Zé, Zezico, Zéca, Zêquinha, Juca, Juquinha, Jica, Jéca (José); Quim,Quinzinho, Quinzóte (Joaquim); Joanico, Janjão, Zico, (João); Totá, Totico, Tonico (Antônio)Mandá, Manduca, Maneco, Mané, Manécão, Manéquinho (Manuel); Carola (Carolina); Manca,Maricóta, Mariquinha, Mariquita, Maruca, Maróca (Maria); Colaca, Colaquinha (Escolástica);Anica, Aninha (Ana) ; Tuca, Tuda, Tudinha, Tudica (Gertru<strong>de</strong>s).O emprego do aumentat. e do dimin. esten<strong>de</strong>-se largamente aos adjetivos e aos própriosadvérbios: longinho, pertinho, assimzinho, agórinha. Acompanham estas últimas formasparticularida<strong>de</strong>s muito especiais <strong>de</strong> sentido: longinho equivale a "um pouco longe"; pertinho, a"bem perto, muito perto"; assinzinho, a "<strong>de</strong>ste pequeno porte, <strong>de</strong>ste pequeno tamanho";agorinha, a "neste mesmo instante", "há muito pouco", "já, daqui a nada".Dir-se-ia existir qualquer "simpatia" psicológica entre a flexão diminutiva e a idéia adverbial. Sãoexpressões correntes: falá baxinho, parô um bocadinho, andava <strong>de</strong>ste jeitinho, vô lá numinstantinho, falô direitinho, ia <strong>de</strong>vagarinho, fartava no sírviço cada passinho, etc.b) COMPARAÇÃO - As formas sintéticas são freqüentemente substituídas pelas analíticas: maisgran<strong>de</strong>, mais piqueno, mais bão, mais rúm e até mais mio, mais pió.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!