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Dialeto Caipira - Departamento de Letras

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AGÒRINIIA, adv. - agora mesmo. neste instante.AGREGADO, s. m. - indivíduo que vive em fazenda ou sítio, prestando serviços avulsos, semser propriamente um empregado.AGRESTE, q. - ríspido, intratável, <strong>de</strong>sabrido: "Nunca vi home tão agréste como aquêle nhoTunico!". - Também indica certos estados <strong>de</strong> ânimo in<strong>de</strong>finíveis e <strong>de</strong>sagradáveis: "Num sei oque é que tenho hoje: tô agréste..."AGUAPÉ, s. m. - plantas que bóiam à superfície das águas remansosas ou paradas. | Do tupi?AGUARDECÊ(R), AGARDECÊ (R), agra<strong>de</strong>cer, v. t. | Encontra-se guar<strong>de</strong>ço na "Cron. do Cond."("o que vos eu guar<strong>de</strong>ço muito e tenho em seruiço...", cap. XI), provavelmente por erradaanalogia com guardar. A forma dialetal, que também aparece com freqüência aferesada, <strong>de</strong>veprovir do mesmo engano. - Na citada "Cron." encontra-se igualmente agar<strong>de</strong>ceo: "E o mestreseedo <strong>de</strong>llo ledo mãdou logo chamar Nunalvrez e agar<strong>de</strong>ceolhe muyto o que com Ruy Pereyrafallara...", cap. XVI.AGUAXADO, q. - entorpecido por longa inativida<strong>de</strong> e pela gordura (o animal <strong>de</strong> sela). | Há quemescreva aguachado e ligue o voc. a guacho, mas erradamente. Origina-se, ao que parece, doárabe alguaxa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o castelhano aguaja (úlcera ou tumor aquoso que se forma nos cascosdos cavalos ou das bestas) e o português ajuaga ("tumor nos cascos das bestas", segundo o"Novo Dic."). - Parece indiscutível que o vocáb. veio do castelhano pela fronteira do sul, regiãoon<strong>de</strong> é conhecido e usado. A mudança <strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>u-se evi<strong>de</strong>ntemente pela similitu<strong>de</strong> dosefeitos do tumor e da gordura, causas que por igual embaraçam a marcha. Como se <strong>de</strong>u essamudança, eis o que é mais difícil explicar. Talvez tenha influído nisso a palavra aguado, jáexistente em port., e, segundo certos autores, com a mesma origem (J. Rib., "Fabordão"). - Aspalavras aguado, aguar, aguamento, são correntes em Portugal e Brasil. Aguado diz-se doanimal atacado <strong>de</strong> certa doença que lhe tolhe os movimentos: por aqui se pren<strong>de</strong>rá a alguaxa,tumor do casco. Essa doença caracteriza-se por uma abundância <strong>de</strong> líquido seroso, que osnossos roceiros dizem existir no pescoço do animal e que se faz vazar, geralmente, por meio <strong>de</strong>sangria: por aqui se relaciona com água. A doença é atribuída pelo povo, ao menos em algunscasos, a <strong>de</strong>sejo insatisfeito <strong>de</strong> comer: ainda uma influência <strong>de</strong> água, pois o apetite faz vir águaã boca. Também se diz <strong>de</strong> uma criança que ela aguou quando ficou triste e <strong>de</strong>scaída por veroutra criança mamar, não po<strong>de</strong>ndo imitá-la, ou por lhe apetecer coisa que não lhe podia serdada. - Há razões para se <strong>de</strong>sconfiar que a sangria atrás referida seja mera abusão <strong>de</strong> alveitariabárbara, possivelmente originada, como tantas usanças e mitos, numa falsa etimologia. Dealguaxa ter-se-ia extraído aguar, aguado, por se ver ali o tema <strong>de</strong> água. Tratando-se <strong>de</strong> animalaguado, era forçoso que houvesse água, e foram <strong>de</strong>scobri-la no pescoço, não já nos cascos,como seria mais razoável. Existe essa água? Os roceiros afirmarão que sim, sem admitir dúvida,mas há quem duvi<strong>de</strong>. Eis o que diz, por exemplo, o dr. E. Krug: "Deve ser consi<strong>de</strong>radosuperstição o tratamento <strong>de</strong> animais aguados por intermédio <strong>de</strong> uma sangria, que se executa nopescoço. Esta superstição é muito espalhada no nosso Estado e mesmo pessoas que se <strong>de</strong>viapresumir possuírem maiores conhecimentos na zootecnia usam-na. O estar aguado do animalnada mais é do que um crescimento irregular dos cascos, geralmente <strong>de</strong>vido a um excesso <strong>de</strong>marcha, etc., e isto, certamente, não se po<strong>de</strong> curar sangrando um animal. Diz-se que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>uma sangria, quando esta é feita <strong>de</strong> um só lado, o animal fica sempre manco; para se evitar esteinconveniente sangra-se o animal dos dois lados. Não posso dizer se isto é também superstiçãoou fato verificado praticamente". - Cp. o cast. aguas, ferida ulcerosa na região dos machinhosou nos cascos dos animais; aguacha, água podre; aguachar-se, alagar-se, e outros vocábs.que têm, quase todos, correspon<strong>de</strong>ntes em port. - Em Goiás, segundo se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>de</strong> umafrase do novelista Carv. Ramos ("Tropas", 25), corre a expressão "aguar dos cascos": "...omacho mascarado trazido à escoteira, sempre à mão,... aguara dos cascos na subida da serra<strong>de</strong> Corumbá..."

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