- 58 -os autores, e diante das baixas concentrações de ação antimicrobiana há boasperspectivas de uso clínico.Extratos hidroalcoólicos das folhas da Persea gratissima Gaertn, o abacateiro,também provaram possuir atividade antimicrobiana (CIM =100 µg/mL) frente ao E.faecalis (REIS, 2006) com nível de concentrações consideravelmente aplicáveis naclínica odontológica, assim como a Punica granatun Linn.Diante do exposto fica nítida a dificuldade em se comparar resultados deestudos com plantas medicinais, pois as variáveis vão desde os aspectos edáficosclimáticosque exercem influência na composição química, como o estágio dodesenvolvimento do vegetal quando da coleta, parte da planta estudada, forma depreparar o material para estudo, até os protocolos seguidos nos experimentos(AURICCHIO; BACCHI, 2003). Todavia mesmo com toda dificuldade compreende-seque o E. faecalis é uma bactéria de resistência moderada às plantas medicinais, eque o extrato hidroalcoólico da romã conseguiu mostrar capacidade antimicrobianasuperior a muitas destas plantas.Vale salientar que apenas uma cepa de E. faecalis mencionada naspesquisas acima citadas foi isolada clinicamente. Como neste estudo se trabalhoucom esse tipo de bactéria, tornou-se necessário avaliar a sensibilidade dessasculturas a antimicrobianos comuns na clínica odontológica a fim de averiguar o graude virulência dessas bactérias.De acordo com a tabela 3, pode-se observar uma maior resistência das cepasfrente à cefalexina, seguido da ampicilina e amoxicilina (Figura 9. a,b,c), quemostraram resultados semelhantes, corroborando com os estudos realizados porTorres (2002); Crespo (2002); Juliet (2002); Pinheiro, (2005).Como se observa, a cepa M37e3 apresentou maior resistência emcomparação às outras amostras tanto para a ampicilina quanto para o extrato daromã, isso se deve ao desenvolvimento nas bactérias, em seu processo evolutivo,de formas cada vez mais eficazes para evadir os pontos de ação dosantimicrobianos (CRESPO, 2005).A grande característica do gênero Enterococcus está na sua resistêncianatural a múltiplos antibióticos, bem como sua capacidade de adquirir resistência aoutros. Segundo Juliet, (2002) eles são naturalmente resistentes às cefalosporinaspodendo adquirir resistência à ampicilina, contudo este último é considerado o
- 59 -medicamento de escolha para infecções envolvendo E. faecalis, promovendo umefeito inibidor, nãolítico, na bactéria (JULIET, 2002) assim como a amoxicilina (SHEPARD; GILMORE,2002).Ao analisar os resultados observou-se que apesar das bactérias estudadasserem cepas selvagens, elas não apresentaram qualquer tipo de resistênciaadquirida. Apresentaram sensibilidade e resistência aos antibióticos condizentescom a literatura, e sensibilidade ao extrato da Punica granatum Linn. assim comomostraram nos estudos de Melo (2008) e Satish; Raghavendra & Raveeshaos(2008).A pesquisa com produtos naturais é estratégica para o Brasil uma vez que nopaís, o registro de um fitomedicamento necessita de estudos científicos para acomprovação da qualidade, da eficácia e da segurança de uso (CALIXTO, 2003).Além disso, comparado aos custos (cerca de US$ 350 milhões a US$ 800 milhões ecerca de 10 a 15 anos de pesquisa) necessários para o desenvolvimento de umnovo medicamento sintético, a produção de um fitomedicamento requer 2 a 3 % domesmo valor além do menor tempo de pesquisa (CALIXTO, 2003).Analisando a possibilidade de aplicação clínica da Punica granatum L. éinteressante ressaltar que devido a grande quantidade de taninos encontrados emtoda planta (HOLETZ et al., 2002), novas pesquisas devem ser feitas na intenção deinvestigar se este corante natural (PRATES, 2009) é capaz de causar algum efeitoantiestético.Da mesma maneira, é interessante averiguar se o extrato da romã tem açãoantimicrobiana semelhante frente às demais bactérias encontradas nas infecçõesendodônticas para que futuramente possa torna-se apta à aplicação clínica.