01PORTUGAL POST -Jan. Druck:portugal POST Feb 09
01PORTUGAL POST -Jan. Druck:portugal POST Feb 09
01PORTUGAL POST -Jan. Druck:portugal POST Feb 09
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
14 Nós<br />
Joaquim Peito<br />
www.manulena-kerzen.de<br />
Manulena<br />
quer iluminar<br />
os lares na<br />
Alemanha<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Orgulhosamente Português. Saudades e Bacalhau<br />
› Várias razões para (des)gostar de Portugal<br />
Portugal é um país de contrastes.<br />
Em meia dúzia de quilómetros,<br />
passa do verdinho minhoto às securas<br />
alentejanas, do sufocante<br />
IC19 à estrada deserta para Rio<br />
d’Onor, da mais irritante funcionária<br />
de guichê à generosa velhinha,<br />
que não sabe o caminho para<br />
o Porto, mas chama a vizinhança<br />
toda aos gritos, só para ajudar o<br />
viajante.<br />
É um ódio andarmos sempre a<br />
queixar-nos de tudo, como é um<br />
amor fazermos poemas e versos a<br />
torto e a direito. É um amor o cuidado<br />
que temos com as crianças<br />
uns dos outros, como é um ódio a<br />
culpa morrer sempre solteira, por<br />
mais conhecidos que sejam os responsáveis.<br />
Há muitíssimas e variadas razões<br />
para amar Portugal: a tolerância,<br />
a delicadeza, o<br />
desenrascanço, a hospitalidade, os<br />
fabulosos comes e bebes e por aí<br />
fora. E há outras tantas para odiar<br />
o nosso jardim: os doutores da<br />
mula ruça, a falta de auto-estima<br />
nacional, a invejinha, os poderzinhos,<br />
as chatices da burocracia, o<br />
atraso de vida que é fazer tudo às<br />
três pancadas... conceitos que são<br />
definitivamente nascidos e criados<br />
na nossa querida língua.<br />
Eu gos-to mui-to da mi-nha terra.<br />
Por muitas razões, por dez,<br />
cem, mil, milhões de razões.<br />
A crise preocupa-o? Preocupese<br />
com a crise, mas veja algumas<br />
razões e lembre-se de outras. Isto<br />
é um verdadeiro caso de coração.<br />
E você, querido leitor pode fazer<br />
também a sua lista pessoal. Divirta-se,<br />
mas não se alargue: só<br />
vale 10 de cada.<br />
Aqui vão as minhas razões<br />
para Amar esta pequena praia<br />
lusitana que é Portugal.<br />
Amália Rodrigues, o fado<br />
dispensa apelido e o Vinho do<br />
Porto, uma obra de arte conjunta<br />
feita por homens e geografia em<br />
Portugal Continental. Os Barcos<br />
rabelos, heróis do Douro, transporte<br />
do nobre Porto, hoje parte<br />
da paisagem. O fabuloso e excêntrico<br />
Cristiano Ronaldo, todo o<br />
mundo fala alemão quando diz<br />
Volkswagen e o queijo da Serra,<br />
o melhor queijo do mundo, facto<br />
felizmente desconhecido neste<br />
Portugal (des)conhecido. Os Tapetes<br />
de Arraiolos, uma pequena<br />
vila alentejana vale o<br />
Império Persa e a sopa de<br />
pedra, prova de que o engenho<br />
humano pode fazer, com muito<br />
pouco, grandes maravilhas. A<br />
Nossa Senhora de Fátima, o plebiscito<br />
luminar da fé católica: cada<br />
vela cada voto (e que diz o terceiro<br />
segredo?) e a saborosa bolacha<br />
maria, para o menino e para a<br />
menina, para o bebé e para o avô,<br />
a água das pedras, H2O e algo<br />
mais. Experimente pedi-la noutra<br />
língua e a vida de café dos portugueses,<br />
mãe de todos os ócios e<br />
madrasta de alguns talentos. Não<br />
conseguimos sobreviver sem cafeína<br />
(não cocaína). O improviso,<br />
arte portuguesa de<br />
complicar o mais simples e facilitar<br />
o impossível e o Infante D.<br />
Henrique, o navegador, o homem<br />
das costas mais largas e Sagres,<br />
um passo em frente e era o<br />
abismo. Não foi, mas era preciso<br />
tentar. Copo de três, a mais económica<br />
forma de afogar dores e<br />
festejar a alegria, o vinho Rosé, o<br />
parente mais próximo (alcoolico)<br />
da coca-cola e o vinho verde, ou<br />
as uvas mais precoces do Mundo.<br />
Portugal vinícola, Portugal de excelentes<br />
vinhos. A Vista Alegre,<br />
a loiça que não lembra partir e a<br />
loiça das Caldas, a única que<br />
justifica classificação etária. O<br />
(in)fiel amigo, chamado de bacalhau,<br />
longe das montras e bolsas,<br />
nunca do coração. Uma de cada<br />
três receitas portuguesas usa-o e a<br />
bica, café rebatizado para servir<br />
as funções e acompanhado com<br />
bagaço, o Adão e a Eva provaram<br />
que nem sempre a fruta é inofensiva.<br />
Com a uva, lembrámos a<br />
Paulo Dias<br />
Warendorferstr.148<br />
48145 Münster<br />
Tel: 0251 28 76 91 50<br />
facto –Portugal. A sardinha, a<br />
mulher e a sardinha (portuguesa)<br />
a melhor é a pequenina, a do<br />
nosso mar e o sol, por razões que<br />
lhe são alheias, deixou de nunca se<br />
pôr sobre solo português. Foi<br />
então que descobrimos que o<br />
nosso é melhor que o dos outros<br />
neste mar salgado, quando do<br />
seu sal são: a) lágrimas de Portugal<br />
(aspeto histórico); b) materialprima<br />
de Salinas (económico); c)<br />
causa de hipertensão (sanitário).<br />
Somos uma nação de hipertensos.<br />
Galo de Barcelos<br />
A caravela, barco que deu ao<br />
mundo novos mundos e a navegação<br />
contra o vento e o hóquei em<br />
patins, a nossa assinatura nos pódios<br />
da Europa e do Mundo<br />
(quousque tandem abutere),<br />
Olimpíadas…) cantando a Portu-<br />
www.manulenakerzen.de<br />
Email: mail@manulena.de<br />
guesa, uma canção de multidões.<br />
O barrete do campino, o único<br />
que se enfia com orgulho ou<br />
quando a bandeira nacional se usa<br />
na cabeça e toiros, fera de cultivo,<br />
servida com tempero de vinho,<br />
fado e guitarradas e a pega de<br />
caras, a única ocasião em que<br />
ainda pegamos o toiro pelos cornos.<br />
Portugal, o país dos poetas,<br />
“Grande é a poesia, a bondade e<br />
as deusas” (Fernando Pessoa). O<br />
Português Suave, o tabaco que<br />
escolheu a marca do nacional-porreirismo<br />
e o cozido à portuguesa,<br />
a grande confusão numa panela,<br />
provando que, juntando coisas<br />
boas, se obtém uma coisa boa e o<br />
Leitão da Bairrada, o mais saboroso<br />
infanticídio da gastronomia<br />
portuguesa. O caldo verde,<br />
a couve reinventada e a broa,<br />
Hm, que b(r)oa é ? As tripas à<br />
moda do Porto, das entranhas<br />
vieram, às entranhas tornarão e o<br />
azeite, o da azeitona e o que se faz<br />
ao fazer o mínimo possível. O senhor<br />
prior, a razão porque os<br />
psiquiatras entre nós não têm toda<br />
a fama e proveito e os cravos,<br />
vermelhos (uma no cravo), brancos<br />
ou azuis (outra na ferradura) e<br />
o porco, a versão mais gorda das<br />
vacas magras. Algarve, o litoral<br />
que nos é mais próximo teve que<br />
esperar pelo século XX para ser<br />
descoberto e o azulejo, ou “ainda<br />
bem que nem tudo o que a luz é<br />
oiro” - Portugal. O manuelino,<br />
quando o mar, as tempestades e a<br />
natureza tiravam retrato em pedra<br />
e o Santo António, o nosso (não<br />
o de Pádua) sem dúvida. A história,<br />
um feriado e vários casais reclamam-no<br />
e a cunha, maneira<br />
de abrir portas fechadas e portas<br />
que não há. O manjerico, as<br />
plantas não se medem aos palmos.<br />
Desejos e sinais em folhas pequenas<br />
e a guitarra portuguesa, do<br />
tempo em que os instrumentos falavam,<br />
ficou-nos este em fado e o<br />
galo de Barcelos de barro cozido<br />
e pintado, a bandeira nacional<br />
do artesanato que,<br />
antigamente, se punha por cima<br />
do frigorífico e que hoje se vende<br />
aos turistas: Portugal, Portugalo.<br />
A capa e a batina, a nossa tradi-<br />
ção mais negra. O bidé, de como<br />
na higiene descemos ao pormenor<br />
e a rolha de cortiça (somos o<br />
maior exportador do mundo),<br />
mete uma árvore na sua garrafa. O<br />
país do queixume, pessimismo<br />
egocentrico: “Só a mim…” e o<br />
brandura dos nossos costumes,<br />
o crime com pouco castigo, o prémio<br />
com pouco alarde, a esponja.<br />
Calouste Gulbenkian, uma das<br />
melhores coisas que nos aconteceu<br />
desde a fundação da Nacionalidade<br />
e o Zé povinho, a<br />
derradeira frase: “Mas eu não<br />
quero ser salvo…” O emigrante,<br />
ame-o e deixe-o… ficar no estrangeiro,<br />
o turista, o Verão do nosso<br />
contentamento e o guarda-republicano,<br />
a única tropa que<br />
temos para turista ver. A mulata,<br />
a cooperação luso-africana que se<br />
vê pelos seus frutos e as primas e<br />
primos de como aqui o mundo é<br />
pequeno ou “mas você é filho de<br />
quem!?”. Portugal, o país das<br />
pontes é como ir de feriado a feriado<br />
sem por o pé em trabalho<br />
(verde). A Baixa da Caixa, o que<br />
fica quando se acabam as férias,<br />
feriados e pontes e a Telenovela,<br />
na arte de fazer render o peixe<br />
somos tão bons como os melhores.<br />
As telenovelas é um dos nossos<br />
“must”. Primeiro as brasileiras,<br />
agora as portuguesas. São vistas<br />
em família e, no geral, só são destronadas<br />
pelo futebol, mas por<br />
vezes os telejornais sobem para os<br />
primeiros lugares. A Revista,<br />
quando pagámos para nos rirmos<br />
de nós e a bela Inês de Castro, a<br />
mais bonita e macabre das nossa<br />
histórias de amor. Portugal, o país<br />
dos nostálgicos elétricos, ecológico,<br />
forrado a matérias nobres,<br />
com um desprezo soberano pelo<br />
horários. O transporte dos grandes<br />
senhores e a calçada portuguesa,<br />
a arte que nos damos ao<br />
luxo de calcar aos pés.<br />
O Brasil, o filho que fez render<br />
as moedas e o Totobola, “foi<br />
você que disse que o 13 é um número<br />
de azar?...”<br />
Agora caro(a) leitor(a) cá fico<br />
à espera das suas razões para<br />
(des)gostar de Portugal<br />
Velas de Consumo<br />
Decorativas e de Aromas<br />
PUB