01PORTUGAL POST -Jan. Druck:portugal POST Feb 09
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PORTUGAL <strong>POST</strong><br />
ANO XIX • Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 • Publicação mensal • 2.00 €<br />
Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: correio@free.de •www. <strong>portugal</strong>post.de •K 25853 •ISSN 0340-3718<br />
› Entrevista<br />
› Ensino<br />
A solidariedade<br />
Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do<br />
PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853<br />
alemã<br />
Nos anos 80, numa altura em que isso ainda raras vezes acontecia, Bona correu o risco de irritar sobremaneira o seu principal<br />
aliado, a França, insistindo que Portugal devia aderir à Comunidade Económica Europeia, o que veio a acontecer em<br />
1986. E foi o Governo de Helmut Kohl que apoiou com maior empenho e sem hesitação a entrada de Portugal no euro, faz<br />
justamente dez anos. Até agora, os restantes países do euro ainda não acusaram a Alemanha de falta de solidariedade<br />
com a Europa pela sua atitude pró-portuguesa. Página 5<br />
Secretário de Estado anuncia permanências consulares<br />
com funcionários munidos de computadores Pág. 3<br />
Criado na Alemanha movimento para defesa<br />
do ensino de português no estrangeiro Pág. 9<br />
› Nesta Edição<br />
Várias razões<br />
para<br />
(des)gostar<br />
de<br />
Portugal<br />
Páginas<br />
14 /15<br />
Rafel Bordalo Pinheiro<br />
A editora do magazine cultural<br />
Berlinda, Inês Thomas de Almeida,<br />
fala ao PP Pág. 12<br />
Publicidade
2<br />
Director: Mário dos Santos<br />
Redação e Colaboradores<br />
Cristina Krippahl: Bona<br />
Francisco Assunção: Berlim<br />
Joaquim Peito: Hanôver<br />
Luísa Costa Hölzl: Munique<br />
Correspondentes<br />
António Horta: Gelsenkirchen<br />
Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim<br />
Elisabete Araújo: Euskirchen<br />
João Ferreira: Singen<br />
Jorge Martins Rita: Estugarda<br />
Manuel Abrantes: Weilheim-Teck<br />
Maria dos Anjos Santos: Hamburgo<br />
Maria do Céu: Mogúncia<br />
Maria do Rosário Loures: Nuremberga<br />
Colunistas<br />
António Justo: Kassel<br />
Carlos Gonçalves: Lisboa<br />
Helena Araújo: Berlim<br />
Helena Ferro de Gouveia: Bona<br />
José Eduardo: Frankfurt / M<br />
Lagoa da Silva: Lisboa<br />
Marco Bertoloso: Colónia<br />
Paulo Pisco: Lisboa<br />
Rui Paz: Dusseldórfia<br />
Teresa Soares: Nuremberga<br />
Tradução dos textos Histórias da História:<br />
Barbara Böer-Alves<br />
Assuntos Sociais<br />
José Gomes Rodrigues<br />
Consultório Jurídico:<br />
Catarina Tavares, Advogada<br />
Michaela Azevedo dos Santos, Advogada<br />
Miguel Krag, Advogado<br />
Fotógrafos: Fernando Soares<br />
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Alfredo Cardoso<br />
Agências: Lusa. DPA<br />
Impressão:<br />
Portugal Post Verlag<br />
Redacção, Assinaturas Publicidade<br />
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Registo Legal: Portugal Post Verlag<br />
ISSN 0340-3718 • K 25853<br />
Propriedade: Portugal Post Verlag<br />
Registo Comercial: HRA 13654<br />
Os textos publicados na rubrica Opinião são<br />
da exclusiva responsabilidade de quem os assina<br />
e não veiculam qualquer posição do jornal<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong><br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Editorial<br />
Agraciado com a Medalha da Liberdade<br />
e Democracia da Assembleia da República<br />
Fundado em 1993<br />
Mário dos Santos<br />
Lutas justas e outros boicotes<br />
O encerramento dos vice-consulados em<br />
Osnabrück e Frankfurt originou uma série<br />
de protestos das comunidades afectadas<br />
pela decisão do actual governo.<br />
Os protestos, cujo ponto alto foi, talvez,<br />
uma manifestação realizada em Frankfurt,<br />
ainda não conseguiram obrigar o governo a<br />
voltar atrás e dar o dito por não dito, tal<br />
como aconteceu em 2003 quando o então e<br />
actual secretario de Estado teve de rever a<br />
sua decisão por mor dos eficazes protestos<br />
da comunidade.<br />
Agora como agora, as comunidades esforçam-se<br />
em algumas iniciativas e formas<br />
de luta, mas todas elas muito pálidas e sem<br />
a força de outros tempos. Em Osnabrück,<br />
por exemplo, a comunidade da área aposta<br />
tudo em conseguir 4000 assinaturas para<br />
fazer chegar uma petição ao parlamento<br />
português de modo a levar o assunto do encerramento<br />
à discussão no espaço da as-<br />
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sembleia.<br />
Para isto há um número de pessoas<br />
muito empenhadas que, nos bastidores,<br />
estão a levar a sua luta com paciência e persistência.<br />
Para além das assinaturas, a comunidade<br />
vai utilizando as redes sociais para<br />
chegar a sua mensagem às pessoas. Em<br />
suma, todas as formas de luta são para valer<br />
e a solidariedade das comunidades entusiasmam<br />
aqueles que estão empenhados no<br />
processo contra o encerramento.<br />
No entanto, uma iniciativa que julgamos<br />
pouco oportuna e, por consequência, nada<br />
eficaz partiu da Federação das Associações<br />
Portuguesas na Alemanha, vulgo FAPA, que<br />
apela “ao boicote a Portugal” (título publicado<br />
em jornais portugueses). Lido o comunicado<br />
da FAPA fica-se a saber que aquela<br />
agremiação apela aos portugueses para não<br />
enviarem dinheiro para Portugal ou até<br />
Preencha de forma legível, recorte e envie este cupão para:<br />
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exortam os depositantes a retiram as suas<br />
poupanças de Portugal porque o governo<br />
encerrou umas contas embaixadas e outros<br />
tantos vice-consulados.<br />
Por mais injusta que seja a medida do<br />
Governo, a FAPA deveria fazer uma outra<br />
leitura da situação e não “atirar bocas” destas<br />
para a imprensa,.“Bocas” (para não dizer<br />
outra coisa) que em vez de surtir efeito desejado<br />
em favor da luta do movimento contra<br />
o encerramento dos postos, causa o seu<br />
contrário.<br />
A FAPA deveria saber que a luta é contra<br />
uma medida do governo e não contra Portugal.<br />
Também deveria saber que os depósitos<br />
e as remessas dos portugueses não<br />
ajudam o governo, se é que ajudam alguma<br />
coisa, mas sim o país, daí que seja um tiro<br />
no pé a ideia de boicote às remessas que<br />
parte de uma agremiação que tem uma legitimidade<br />
que deixa muito a desejar.<br />
Se preferir, pode pagar a sua assinatura através de débito na sua conta. Meio de pagamento não obrigatório<br />
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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades<br />
“Passará a existir um amplo programa de permanências<br />
consulares apoiadas por novos equipamentos portáteis”<br />
A entrevista concedida (por<br />
escrito) ao PP pelo actual Secretário<br />
de Estado das Comunidades,<br />
José Cesário, é<br />
publicada num momento<br />
em que a Comunidade se vê<br />
confrontada com o encerramento<br />
dos vice-consulados<br />
de Osnabrück e Frankfurt.<br />
Nesta entrevista, José Cesário<br />
tenta explicar a decisão<br />
do governo relativamente<br />
ao fecho dos dois referidos<br />
postos. Caberá ao leitor o julgamento<br />
das suas declarações.<br />
Como explica o encerramento<br />
de dois postos<br />
consulares na Alemanha<br />
em áreas de<br />
grande presença portuguesa<br />
como seja os<br />
casos de Osnabrück e<br />
de Frankfurt?<br />
Foi uma medida unicamente<br />
explicável no contexto<br />
da enorme crise financeira que<br />
estamos a viver em Portugal.<br />
Foi tomada a decisão de não se<br />
encerrar qualquer consulado<br />
geral ou consulado, propriamente<br />
dito, optando-se por<br />
atingir postos mais pequenos<br />
em países com uma rede significativa.<br />
Assim, surgiram estas<br />
decisões que se inserem num<br />
conjunto vasto de outras tendo<br />
em vista uma significativa redução<br />
dos custos da estrutura<br />
governamental.<br />
Para onde vão ser deslocados<br />
os portugueses<br />
que se servem dos<br />
mserviços consulares<br />
em Frankfurt e em Osnabrück?<br />
Estas Comunidades passarão<br />
a ser servidas pelos restantes<br />
consulados gerais que<br />
temos na Alemanha, Estugarda,<br />
Dusseldorf e Hamburgo.<br />
Porém, é importante<br />
que se tenha em consideração<br />
que passará a existir um amplo<br />
programa de permanências<br />
consulares, apoiadas por novos<br />
equipamentos portáteis para a<br />
obtenção de cartões do cidadão,<br />
passaportes e outros actos<br />
consulares, que passarão a cobrir<br />
um número muito significativo<br />
de cidades alemãs,<br />
incluindo muitas que até aqui<br />
não possuem qualquer serviço<br />
consular.<br />
Os que protestam contra<br />
o encerramento de<br />
Osnabrück perguntam<br />
por que razão se fecha<br />
o posto naquela área<br />
que é mais barato, tem<br />
mais actos consulares<br />
e mais utentes do que o<br />
posto em Hamburgo,<br />
que, ao que se consta<br />
,tem custos que ultrapassa<br />
os 600.000 €<br />
anuais e serve apenas<br />
uma comunidade estimada<br />
em cerca 11000<br />
pessoas. Que comentário<br />
lhe merece esta observação<br />
Já expliquei que foi feita a<br />
opção de não encerrar qualquer<br />
consulado. Porém, cum-<br />
José Cesário<br />
pre que se diga que Hamburgo<br />
não é o consulado com menor<br />
receita na Alemanha e, por<br />
outro lado, cobre uma cidadeestado<br />
que possui a maior concentração<br />
de portugueses<br />
neste País.<br />
Segundo apurámos, o<br />
vice-consulado em Osnabrück<br />
tem despesas<br />
de 220.00€ e serve<br />
uma comunidade estimada<br />
em 25.000 portugueses.<br />
Confirma?<br />
Em 2010, Osnabruck teve<br />
uma despesa de 251 368 euros<br />
e cobre uma área que terá<br />
cerca de 25 mil portugueses.<br />
Pelos vistos o Governo<br />
não é sensível aos argumentos<br />
dos que<br />
José Cesário visitou a Alemanha (mas<br />
não passou por Osnabrück)<br />
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas realizou, entre<br />
os dias 21 e 23 de Dezembro passado, uma viagem à Alemanha.<br />
O secretário de Estado reuniu-se com os cônsules-gerais de Portugal<br />
em Dusseldorf e Estugarda e, posteriormente, realizou uma<br />
visita ao vice-consulado português em Frankfurt onde participou<br />
num encontro com o conselho consultivo daquela área consular.<br />
Segundo a nota enviada às redacções, Na agenda esteve também<br />
um encontro com o conselho consultivo e elementos representativos<br />
da comunidade em Estugarda, segundo a nota.<br />
José Cesário encontrou-se também com o cônsul-geral português<br />
em Hamburgo, reuniu-se com o docente de apoio pedagógico da área<br />
de Hamburgo.<br />
dizem que o vice-consulado<br />
em Frankfurt<br />
serve uma região de<br />
grande pujança económica,<br />
onde o Banco<br />
Central Europeu tem a<br />
sua sede e existe uma<br />
forte presença de portugueses.<br />
Quem encerrou o Consulado<br />
Geral de Frankfurt não foi<br />
o actual Governo mas sim o<br />
anterior… Quanto à Comunidade<br />
asseguro que lhe iremos<br />
garantir um apoio consular<br />
muito significativo, nalguns<br />
casos bem melhor do que o que<br />
possuíam.<br />
Confirma que os viceconsulados<br />
em Frankfurt<br />
e em Osnabrück<br />
servem área maiores,<br />
produzem mais actos e<br />
são muito menos dispendiosos<br />
que os consulados-gerais?<br />
Não é assim. As áreas cobertas<br />
por Estugarda e pela<br />
secção consular de Berlim são<br />
geograficamente bem superiores<br />
e o consulado com maior<br />
movimento e receita na Alemanha<br />
é Dusseldorf. Por outro<br />
lado, os consulados gerais têm<br />
outras missões que ultrapassam<br />
o simples apoio administrativo<br />
às comunidades. A<br />
económica e a acção cultural<br />
são casos muito evidentes da<br />
acção que devem realizar. O<br />
próprio acompanhamento da<br />
acção da coordenação de ensino<br />
passará a ser assegurado<br />
pelos consulados gerais, passando<br />
os cônsules a assegurar<br />
uma grande parte dos contactos<br />
com as autoridades educativas<br />
locais.<br />
Um outro argumento<br />
daqueles que contestam<br />
o encerramentos<br />
dos postos tem haver<br />
com o facto do Governo<br />
fechar apenas postos<br />
que não geridos por diplomatas<br />
de carreira.<br />
Há alguma intenção do<br />
governo de beneficiar<br />
ou ceder aos diplomatas<br />
de carreira em desfavor<br />
dos postos sem<br />
diplomata?<br />
É evidente que nós consideramos<br />
os diplomatas agentes<br />
essenciais para a nossa política<br />
externa. Eles e só eles são re-<br />
Entrevista<br />
3<br />
conhecidos como parceiros<br />
credíveis por parte das autoridades<br />
locais, sendo crucial a<br />
sua acção para a promoção<br />
económica, para a divulgação<br />
da nossa cultura, para o diálogo<br />
sobre os dossiers internacionais<br />
em que o nosso País<br />
tem interesse directo. Daí nós<br />
não pretendermos abdicar da<br />
sua acção e não aceitarmos a<br />
demagogia de quem diz que<br />
eles não são necessários.<br />
Não teme que este desinvestimento<br />
nas comunidades<br />
(fecho de<br />
postos consulares, redução<br />
nos horários dos<br />
cursos de Língua e<br />
Cultura Portuguesa,<br />
redução de professores,<br />
etc.) leve a comunidade<br />
a afastar-se<br />
ainda mais de Portugal,<br />
dos seus processos<br />
eleitorais e que haja o<br />
risco de haver muitos<br />
filhos de portugueses<br />
que optem apenas pela<br />
nacionalidade alemã<br />
uma vez que se sentem<br />
desprezados pelo seu<br />
país?<br />
Peço desculpa mas não há<br />
desinvestimento nas Comunidades.<br />
Bem pelo contrário…<br />
Nós vamos aumentar os programas<br />
de fomento da participação<br />
cívica das nossas<br />
Comunidades e realizaremos<br />
uma profunda reforma do ensino<br />
do Português e dos serviços<br />
consulares cujo objectivo é<br />
servir melhor os portugueses<br />
da Diáspora e não propriamente<br />
esta ou aquela corporação.<br />
Não escondemos as<br />
dificuldades financeiras do<br />
País, que herdámos, e que nos<br />
fazem atravessar uma situação<br />
de perfeita emergência nacional.<br />
Porém, isso não nos vai<br />
impedir de desenvolvermos as<br />
políticas fundamentais para<br />
defendermos a aproximação<br />
entre Portugal e as Comunidades.<br />
As novas permanências<br />
consulares, que iniciaremos<br />
em <strong>Jan</strong>eiro, os novos encontros<br />
para a participação, que já<br />
iniciámos, e as mudanças no<br />
ensino do Português, a partir<br />
do próximo ano lectivo, são<br />
exemplo dessa nova política<br />
para as Comunidades Portuguesas.<br />
Mário dos Santos
4<br />
Nacional & Comunidades<br />
Deputado socialista Paulo Pisco quer conhecer estudos<br />
que fundamentaram fecho de consulados<br />
O deputado socialista pela Europa<br />
quer conhecer os estudos<br />
que fundamentaram o fecho de<br />
postos consulares em França e<br />
na Alemanha, acusando o Governo<br />
de manipular informação<br />
sobre custos e receitas para justificar<br />
esta opção.<br />
„O Governo tem que explicar<br />
quais foram os estudos analíticos<br />
detalhados que serviram<br />
de base à decisão de encerrar<br />
vários postos consulares. É fundamental<br />
que essa informação<br />
detalhada sobre despesas de<br />
funcionamento e receitas dos<br />
consulados seja divulgada“,<br />
disse Paulo Pisco.<br />
O ministro dos Negócios<br />
Estrangeiros (MNE), Paulo Portas,<br />
anunciou a 16 de Novembro<br />
o encerramento de sete embaixadas<br />
e cinco postos consulares<br />
em França (Nantes, Clermont-<br />
Ferrand, Lille) e na Alemanha<br />
(Frankfurt e Osnabrück).<br />
Entre as embaixadas a encerrar<br />
conta-se Andorra, onde<br />
os 13 mil portugueses residentes<br />
passarão a ser servidos pelo<br />
consulado de Portugal em Barcelona.<br />
Num pedido de esclarecimento<br />
enviado ao MNE,<br />
Paulo Pisco sublinhou que, apesar<br />
de o Governo ter invocado<br />
quatro critérios para o encerramento<br />
de consulados - dimen-<br />
Portugal passou em 2011 de uma<br />
situação de democracia plena para<br />
uma democracia com falhas, o que<br />
se deve sobretudo à erosão da soberania<br />
associada à crise da zona<br />
euro, revela o Índice da Democracia<br />
2011 do Economist Intelligence<br />
Unit.<br />
O índice, realizado pelo serviço<br />
de investigação da revista “The<br />
Economist”, vai na quarta edição<br />
e avalia as democracias de 165 estados<br />
independentes e dois territórios,<br />
colocando-os em quatro<br />
categorias: democracias plenas,<br />
democracias com falhas, regimes<br />
híbridos e regimes autoritários.<br />
Pela primeira vez, Portugal,<br />
que desceu do 26.º para o 27.º<br />
lugar na lista, surge este ano no<br />
grupo das democracias com falhas,<br />
depois de em 2010 o mesmo<br />
ter acontecido à França, Itália e<br />
Grécia.<br />
Num total de 10 pontos, Portugal<br />
obtém 7,81, o que resulta de<br />
são da comunidade portuguesa,<br />
custos de funcionamento, número<br />
de atos consulares e a importância<br />
económica da região<br />
-, têm apenas sido feitas referências<br />
aos custos globais de<br />
funcionamento e ao número de<br />
atos consulares.<br />
„O secretário de Estado das<br />
Comunidades está a utilizar informação<br />
manipulada e a amalgamar<br />
tudo de forma a que não<br />
se compreenda bem quais os<br />
custos de funcionamento de<br />
uma avaliação de cinco critérios:<br />
Processo eleitoral e pluralismo<br />
(9,58 pontos), funcionamento do<br />
governo (6,43), participação política<br />
(6,11), cultura política (7,50) e<br />
liberdades cívicas (9,41).<br />
No cômputo geral, o país mais<br />
democrático é a Noruega (9,8<br />
pontos), seguido de Islândia<br />
(9,65), Dinamarca (9,52) e Suécia<br />
(9,50). Nos últimos lugares da<br />
lista, surgem a Coreia do Norte<br />
(1,08 pontos), Chade (1,62) e Turquemenistão<br />
(1,72).<br />
A classificação de democracia<br />
diminuiu em 48 dos 167 países,<br />
aumentou em 41 e manteve-se em<br />
78 deles. Oito países mudaram de<br />
categoria, tendo quatro regredido<br />
(Portugal, Ucrânia, Guatemala e<br />
Rússia) e quatro melhoraram (Tunísia,<br />
Mauritânia, Níger e Zâmbia).<br />
O relatório conclui que, em<br />
2011, o declínio da democracia se<br />
concentrou na Europa, tendo sete<br />
cada posto“, alertou Paulo<br />
Pisco, sublinhando que as despesas<br />
com o pessoal do MNE<br />
não podem ser contabilizados,<br />
já que se mantêm depois do<br />
fecho dos postos.<br />
„É fundamental que o Governo<br />
divulgue os dados sobre<br />
despesas, receitas, funcionários<br />
e titulares de todos os postos<br />
consulares em França e na Alemanha,<br />
de forma a ser possível<br />
a comparação entre os postos<br />
que vão encerrar e os que vão<br />
países descido na classificação do<br />
índice democrático (Finlândia, Irlanda,<br />
Alemanha, Espanha, Portugal,<br />
Itália e Grécia) e nenhum<br />
subido.<br />
A principal razão, explica o relatório,<br />
foi a erosão da soberania e<br />
da responsabilidade democrática<br />
associada aos efeitos e às respostas<br />
à crise da zona euro.<br />
Seis governos da zona euro<br />
caíram em 2011 e em dois destes<br />
países (Grécia e Itália) governantes<br />
eleitos foram substituídos por<br />
tecnocratas, recorda o relatório,<br />
alertando que a perspetiva de<br />
curto prazo no velho continente é<br />
preocupante.<br />
O relatório destaca ainda que<br />
em alguns países já não são os governos<br />
eleitos que definem as políticas,<br />
mas sim os credores<br />
internacionais, como o Banco<br />
Central Europeu, a Comissão Europeia<br />
e o Fundo Monetário Internacional.<br />
manter-se em funções. Quanto<br />
às despesas dos titulares dos<br />
postos, deve constar a descriminação<br />
dos vencimentos, abonos<br />
e subsídios“, reforçou.<br />
O deputado lembrou que o<br />
ministro Paulo Portas disse que<br />
o encerramento de embaixadas<br />
e postos consulares originaria<br />
uma poupança de 12 milhões de<br />
euros, e quer saber onde o Estado<br />
vai conseguir a poupança<br />
referida.<br />
„As embaixadas não têm receitas,<br />
só despesa. Os consulados<br />
têm receita e é preciso<br />
distinguir uma coisa da outra. É<br />
necessário que se façam todos<br />
estes esclarecimentos para que<br />
se possa compreender quando<br />
custam efetivamente os consulados“,<br />
disse. Paulo Pisco mostrou-se<br />
ainda desagradado<br />
com a forma como os seus pedidos<br />
de esclarecimento têm sido<br />
tratados pelo MNE.<br />
„Acho insultuoso que cada<br />
vez que procuro obter esclarecimentos<br />
por parte do MNE, particularmente<br />
da secretaria de<br />
Estado das Comunidades, o secretário<br />
de Estado me responda<br />
através do seu Facebook pessoal“,<br />
lamentou Paulo Pisco,<br />
considerando tratar-se de uma<br />
„falta de respeito“ pela Assembleia<br />
da República.<br />
Democracia:<br />
Portugal desceu de categoria em 2011<br />
segundo o “The Economist”<br />
A severidade das medidas de<br />
austeridade contribuiu para enfraquecer<br />
a coesão social e diminuir<br />
ainda mais a confiança nas instituições<br />
públicas, que já estavam<br />
em declínio desde a crise económica<br />
de 2008/20<strong>09</strong>, conclui o relatório.<br />
Por outro lado, o relatório<br />
alerta para a falta de participação<br />
no processo político e o défice democrático<br />
e exemplifica com o<br />
caso da Alemanha, onde está em<br />
queda a militância partidária e a<br />
participação nas eleições.<br />
„A austeridade rigorosa, uma<br />
nova recessão em 2012, o elevado<br />
desemprego e o facto de não se<br />
verem sinais de crescimento renovado<br />
vão testar a resiliência das<br />
instituições políticas europeias“,<br />
pode ler-se no relatório.<br />
A nível mundial, apenas 11,3<br />
por cento da população vive em<br />
democracias plenas e 37,6 por<br />
cento em regimes autoritários.<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
FLASH<br />
Manifestação<br />
O movimento contra o encerramento<br />
do vice-consulado<br />
„Osnabrück não desiste“ está<br />
apelar nas redes sociais à comunidade<br />
para se juntar num<br />
protesto de rua a reliza no próximo<br />
dia 7 de Dezembro. O<br />
local da concentracão é na<br />
Universitätsplatz, sendo que<br />
dali os presentes seguirão em<br />
manifestação até ao vice-consulado.<br />
O movimento pede aos<br />
manifestantes para que tragam<br />
velas vermelhas. A hora do encontro<br />
está marcada para as<br />
17h00.<br />
Entretanto, „Osnabrück<br />
não desiste” continua a angariar<br />
assinaturas para uma petição<br />
para entregar na<br />
Assembleia da República.<br />
Caro/a Leitor/a:<br />
Se é assinante,<br />
avise-nos se<br />
mudou ou vai<br />
mudar de<br />
residência<br />
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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Portugal e Alemanha 5<br />
A solidariedade<br />
Nos anos 80, numa altura em que isso ainda raras vezes acontecia,<br />
Bona correu o risco de irritar sobremaneira o seu principal aliado, a<br />
França, insistindo que Portugal devia aderir à Comunidade Económica<br />
Europeia, o que veio a acontecer em 1986. E foi o Governo de Helmut<br />
U<br />
ma das acusações levantadas<br />
com maior<br />
frequência no Portugal<br />
da crise de dívidas contra<br />
a Alemanha supostamente<br />
prepotente é a<br />
sua “falta de solidariedade”.<br />
Sobretudo, argumentam jornais,<br />
telejornais e blogues,<br />
tendo em conta o quanto a Alemanha<br />
deve à Europa pelos estragos<br />
causados na Segunda<br />
Guerra Mundial. Vinda de<br />
quem vem, a acusação até que<br />
teria uma certa graça, se não<br />
fosse tão reveladora do profundo<br />
e tristíssimo desconhecimento<br />
da História da<br />
Europa, e, sobretudo, da História<br />
de Portugal.<br />
A começar pela Segunda<br />
Guerra Mundial, durante a<br />
qual Portugal se manteve<br />
aliado fiel e solidário do facínora<br />
Hitler, indo ao ponto de<br />
decretar luto nacional quando<br />
este se suicidou em Abril de<br />
1945. Para além desta caricata<br />
atitude, graças à “neutralidade”,<br />
Portugal foi um dos países<br />
que mais lucrou com a<br />
guerra, fazendo excelentes negócios<br />
com a Alemanha ao<br />
vender-lhe volfrâmio, precioso<br />
para a indústria germânica de<br />
armamento. Recebeu sem pejo<br />
ouro roubado a países subjugados<br />
e a judeus chacinados, esfregando<br />
as mãos de contente<br />
pela boa sorte que lhe coube.<br />
Arvorar-se em vítima da Alemanha<br />
nazi é insultar os gregos<br />
e polacos. De resto, antes<br />
de pedir contas à Alemanha<br />
por crimes passados, convém,<br />
talvez, reflectir um pouco<br />
sobre aqueles cometidos por<br />
Portugal no Brasil e em África<br />
ao longo de cinco séculos.<br />
A muito badalada compaixão<br />
mostrada aos que procuravam<br />
refúgio no cantinho<br />
europeu, onde esperavam<br />
estar a salvo dos algozes de<br />
Berlim, também não passa de<br />
um mito. É certo que a população,<br />
de um modo geral, recebeu<br />
bem estas criaturas<br />
desesperadas. O Estado português<br />
fez o que pôde para lhes<br />
impedir entrada, sobretudo<br />
quando se tratava de judeus<br />
pobres – a maioria – e dificultar<br />
a estadia.<br />
Não consta dos anais que,<br />
depois da Segunda Guerra<br />
Mundial, Portugal tenha mostrado<br />
grande solidariedade<br />
com a Europa de rastos. Até<br />
para devolver algum do ouro<br />
roubado foi necessária pressão<br />
maciça dos Aliados, especialmente<br />
de Washington. Onde a<br />
realidade política de uma divi-<br />
são da Europa em dois blocos<br />
depressa fez surgir a convicção<br />
de que seria necessário reconstruir<br />
a Alemanha como baluarte<br />
contra o comunismo.<br />
Daqui resultou o famoso plano<br />
Marshall de ajuda financeira à<br />
Europa, generosidade da qual<br />
Portugal beneficiou bastante,<br />
ao contrário de outro mito português,<br />
segundo o qual não<br />
teria recebido praticamente<br />
qualquer dólar norte-americano.<br />
A História das relações<br />
entre a Alemanha e Portugal<br />
desde então caracteriza-se por<br />
uma atitude sempre benévola<br />
da primeira. Por vezes até demasiado<br />
benévola, por exemplo,<br />
na questão das guerras<br />
africanas, durante a qual Bona<br />
não exerceu pressão digna<br />
desse nome sobre Lisboa para<br />
pôr cobro à aventura colonialista<br />
ou introduzir reformas<br />
democráticas. Foi assim até à<br />
tomada de posse dos governos<br />
sociais-democratas, em finais<br />
dos anos 60, altura em que o<br />
apoio oficial à oposição democrática<br />
lusa assumiu nova relevância.<br />
Também aqui a<br />
memória portuguesa é curta,<br />
como demonstra a diatribe recente<br />
do ex-Presidente Mário<br />
Soares, ao defender a tese de<br />
falta de solidariedade alemã.<br />
Não se lembrará, quiçá mercê<br />
da avançada idade, que foi a<br />
Alemanha quem financiou a<br />
fundação do seu Partido Socia-<br />
E que tipo de solidariedade mostrou Portugal à<br />
Alemanha e à Europa desde 1986? Boa pergunta.<br />
Em Portugal a Europa nunca foi um ideal político,<br />
cultural ou social. Nunca houve um debate público<br />
sobre o lugar de Portugal na Europa, como<br />
contribuir para a causa comum, e como avançar<br />
para uma verdadeira união do continente. No<br />
imaginário português, a Europa só existe como<br />
colectivo de vacas leiteiras, sendo a Alemanha a<br />
maior<br />
lista, a 19 de Abril de 1973 na<br />
cidade alemã de Bad Münstereifel.<br />
Esqueceu-se igualmente<br />
o estadista das avultadas injecções<br />
financeiras alemãs que recebeu<br />
o PS após o 25 de Abril<br />
de 1974, quando lutava contra<br />
os comunistas. Ajudas, de<br />
resto, extensivas, ao Partido<br />
Popular Democrático de Francisco<br />
Sá Carneiro, o actual<br />
PSD.<br />
Provavelmente mais importante<br />
do que a assistência<br />
financeira foi a verdadeira<br />
campanha política montada<br />
pelo chanceler, Helmut<br />
Schmidt, e o seu homólogo<br />
sueco, Olof Palme, para impedir<br />
os americanos de abandonarem<br />
Portugal à sua sorte.<br />
Com o pragmatismo que sempre<br />
o caracterizou, o então<br />
Secretário de Estado norteamericano,<br />
Henry Kissinger,<br />
convencera o Presidente Ge-<br />
rald Ford de que talvez até não<br />
fosse má ideia Portugal transformar-se<br />
num satélite de<br />
Moscovo. De qualquer modo<br />
Portugal era insignificante e o<br />
regime Estalinista que por<br />
certo se estabeleceria, sempre<br />
serviria para dissuadir os<br />
espanhóis e os italianos de cederem<br />
à tentação comunista. O<br />
chanceler alemão não descansou<br />
enquanto não obteve a<br />
promessa americana de que<br />
Portugal não seria atirado aos<br />
lobos.<br />
A História da solidariedade<br />
alemã com Portugal não acaba<br />
aí. Nos anos 80, numa altura<br />
em que isso ainda raras vezes<br />
acontecia, Bona correu o risco<br />
de irritar sobremaneira o seu<br />
principal aliado, a França, insistindo<br />
que Portugal devia<br />
aderir à Comunidade Económica<br />
Europeia, o que veio a<br />
acontecer em 1986. E foi o Governo<br />
de Helmut Kohl que<br />
apoiou com maior empenho e<br />
sem hesitação a entrada de<br />
Portugal no euro, faz justamente<br />
dez anos. Até agora, os<br />
restantes países do euro ainda<br />
não acusaram a Alemanha de<br />
falta de solidariedade com a<br />
Europa pela sua atitude próportuguesa.<br />
E que tipo de solidariedade<br />
mostrou Portugal à Alemanha<br />
e à Europa desde 1986? Boa<br />
pergunta. Em Portugal a<br />
Europa nunca foi um ideal político,<br />
cultural ou social. Nunca<br />
houve um debate público sobre<br />
o lugar de Portugal na Europa,<br />
como contribuir para a causa<br />
comum, e como avançar para<br />
uma verdadeira união do continente.<br />
No imaginário português,<br />
a Europa só existe como<br />
colectivo de vacas leiteiras,<br />
sendo a Alemanha a maior. Os<br />
governos portugueses sempre<br />
estiveram totalmente absortos<br />
na organização periódica de cimeiras<br />
com os seus homólogos<br />
espanhóis, com a intenção<br />
confessada – e até proclamada<br />
com orgulho – de acertar agul-<br />
Por<br />
Cristina Krippahl<br />
Kohl que apoiou com maior empenho e sem hesitação a entrada de<br />
Portugal no euro, faz justamente dez anos. Até agora, os restantes países<br />
do euro ainda não acusaram a Alemanha de falta de solidariedade<br />
com a Europa pela sua atitude pró-portuguesa.<br />
has para sacar mais algum de<br />
Bruxelas. Cujo maior financiador<br />
é o contribuinte alemão. E<br />
em vez de investir os milhares<br />
de milhões no futuro de Portugal,<br />
de modo a que o país,<br />
mesmo não podendo contribuir<br />
muito, pelo menos não representasse<br />
um fardo para a<br />
Europa, o dinheiro foi usado<br />
para pagar a clientela política,<br />
encher uns tantos bolsos e construir<br />
autoestradas para os pacóvios<br />
dos eleitores poderem<br />
seguir as inaugurações na televisão.<br />
Com o resultado de que,<br />
mais uma vez, os alemães são<br />
obrigados a desembolsar<br />
somas chorudas para resolver<br />
uma crise para a qual – também<br />
– os portugueses os arrastaram.<br />
Os mesmos<br />
portugueses que reclamam a<br />
solidariedade de via única, que<br />
tanto jeito sempre deu.<br />
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6 PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
A europa e os emigrantes portugueses<br />
A<br />
União Europeia vive na,<br />
actualidade, um dos<br />
momentos mais difíceis<br />
da sua história. Criada<br />
no pós guerra, com o<br />
objectivo primordial de<br />
fomentar um espaço de paz e diálogo<br />
ela teve uma evolução extraordinária<br />
não apenas no plano<br />
económico, como também na<br />
área política e social, promovendo<br />
uma verdadeira integração<br />
entre os seus Estados-membros.<br />
Portugal aderiu a este espaço em<br />
1986 e desde essa data tem-se assumido<br />
como um membro responsável<br />
e participativo nas<br />
diversas políticas europeias.<br />
Hoje a caminho dos 28 membros<br />
e com um já considerável<br />
nível de integração em todos os<br />
planos, especialmente no plano<br />
económico e financeiro, a União<br />
enfrenta problemas de vária<br />
ordem, provocados pela crise das<br />
dívidas soberanas, onde o paradigma<br />
da solidariedade, pilar essencial<br />
em que assentou a<br />
construção desta “casa europeia”,<br />
Portas<br />
<strong>Jan</strong>elas<br />
Estores<br />
Está a pensar<br />
construir ou renovar<br />
a sua casa em<br />
Portugal<br />
ou na Alemanha?<br />
Contacte-nos!<br />
vem sendo posto à prova chegando<br />
mesmo alguns a proclamar<br />
que está mesmo em causa o<br />
projecto europeu e o fim da<br />
moeda única.<br />
Sobre isto, em conversa recente<br />
com parlamentares de outros<br />
países, já se falava, da<br />
possibilidade de se avançar para<br />
uma europa a duas velocidades<br />
notando-se um crescente cepticismo<br />
na capacidade de ultrapassar<br />
o momento que todos nós<br />
temos vindo a enfrentar.<br />
De facto, entendo que, independentemente<br />
da europa ser<br />
hoje verdadeiramente fundamental<br />
para todos os cidadãos, a<br />
construção de uma verdadeira e<br />
efectiva identidade europeia é<br />
um caminho que será longo e que<br />
só poderá ser concretizado com o<br />
empenho de todos aqueles que<br />
vivem neste espaço europeu. Não<br />
falo apenas dos Estados, falo<br />
também e, cada vez mais, do<br />
papel essencial dos cidadãos na<br />
formulação de políticas europeias<br />
que favoreçam realmente o<br />
de experiência nos merca-<br />
21 anos dos alemão e português<br />
na área de montagem, reparação de<br />
janelas, estores ou portas principais.<br />
Com qualidade, rigor e pontualidade<br />
alemã e a criatividade portuguesa<br />
RMF- Rodrigues GmbH<br />
surgimento de um espirito<br />
europeu que permita encontrar<br />
soluções de conjunto para os problemas<br />
que, face à crescente integração<br />
das nossas economias,<br />
acabam por ser de todos.<br />
Quando falamos de identidade<br />
europeia em Portugal verificamos<br />
que dos nacionais<br />
portugueses aqueles que mais se<br />
reconhecem neste sentimento<br />
são, exactamente, os portugueses<br />
emigrados seja em países da<br />
União Europeia seja mesmo em<br />
países fora da Europa.<br />
Estes portugueses beneficiam<br />
desta cidadania alargada que<br />
confere direiros e que harmoniza<br />
legislações, dando-lhes as mesmas<br />
oportunidades que têm os<br />
nacionais dos países que os acolheram.<br />
Relembro apenas, que até<br />
1986 muitos portugueses residentes<br />
no estrangeiro, em países<br />
da União, necessitavam de se naturalizar<br />
para terem oportunidades<br />
iguais no plano profissional,<br />
empresarial e político.<br />
Por isso, é para mim claro que<br />
Estamos ao seu dispor<br />
para qualquer parte do país<br />
Hindenburgstraße 22/1<br />
71394 Kernen<br />
Telefon (0049) (0)7151 / 4 72 06<br />
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E-Mail: info@rmf-rodrigues.com<br />
melhor que ninguém os emigrantes<br />
portugueses, neste caso na<br />
Alemanha, sabem da importância<br />
de garantir um futuro a este<br />
espaço de grande influência económica<br />
permitindo-lhe ser também<br />
um espaço solidário, onde<br />
os cidadãos, apesar das suas diferenças<br />
tenham uma matriz cultural<br />
comum.<br />
Assim, seria bom que os mais<br />
cépticos tivessem em conta a situação<br />
particular de cerca de dois<br />
milhões de portugueses que<br />
vivem na União e, ao mesmo<br />
tempo, fora de Portugal. De há<br />
muito que integraram esta identidade<br />
associada a um conjunto<br />
de direitos que faz a diferença em<br />
relação a outros países e a outros<br />
espaços no plano mundial.<br />
Com a União Europeia as coisas<br />
ficaram mais fáceis para um<br />
português ser emigrante na<br />
Europa mas, não posso também,<br />
deixar de destacar, que esta ficou<br />
mais forte, mais coesa e capaz de<br />
desenvolver, com a abnegação,<br />
trabalho e dedicação de todos<br />
Opinião<br />
Carlos Gonçalves*<br />
esses portugueses que se viram<br />
na contingência de ter que emigrar.<br />
A comunidade portuguesa residente<br />
na Alemanha é disso um<br />
bom exemplo, demonstrando um<br />
grande nível de integração numa<br />
sociedade que privilegia valores<br />
como o trabalho na sua base organizativa.<br />
Os portugueses demonstraram<br />
aqui, como em<br />
todos os outros locais para onde<br />
emigram, que são sempre uma<br />
mais valia para os países que os<br />
acolhem e no caso concreto da<br />
Alemanha, uma comunidade que<br />
contribui fortemente para o seu<br />
poder económico e financeiro.<br />
A Europa tem de ser um<br />
espaço das pessoas e para as pessoas<br />
e neste campo, os portugueses<br />
residentes no estrangeiro têm<br />
tido um comportamento exemplar.<br />
Continuemos assim e acreditemos<br />
que é possível construir<br />
uma União ainda mais forte.<br />
* Deputado do PSD<br />
PUB<br />
Das Lehrwerk „Está bem“<br />
Mit der neuen portugiesischen Rechtschreibung!<br />
Als erstes Portugiesisch-Lehrwerk für europäisches<br />
Portugiesisch berücksichtigt das einbändige<br />
Lehrbuch „Está bem“ die Rechtschreibung von<br />
2010.<br />
„Está bem“ kann an VHS und Hochschulseminaren,<br />
jedoch auch im Selbststudium eingesetzt<br />
werden.<br />
In 24 Lektionen, die in zügiger Progression bis zur<br />
Sprachbeherrschung auf Stufe B2 führen, wird das<br />
jeweils neu einzuführende Vokabular anhand von<br />
Dialogen und authentischen Texten vorgestellt,<br />
grammatische Phänomene werden systematisiert<br />
dargestellt und durch ein breitgefächertes, abwechslungsreiches<br />
Übungsangebot aufbereitet.<br />
Dabei vermittelt das Lehrbuch ein aktuelles, situativ<br />
ausgerichtetes Vokabular, das auch die Besonderheiten des brasilianischen Portugiesisch<br />
berücksichtigt, und weist gezielt auf klassische Fehlerquellen für deutschsprachige<br />
LernerInnen hin.<br />
Besonderes Augenmerk legt das Programm auf die soziokulturelle Realität der lusophonen<br />
Welt. Teilweise authentische Sachtexte beleuchten gesellschaftliche und historische Aspekte<br />
und vermitteln ein differenziertes landeskundliches Wissen.<br />
Mit integriertem Vokabelregister und einem umfangreichen Verzeichnis von Verbformen.<br />
Zum Lehrbuch sind eine Audio-CD sowie ein Lösungsheft mit integrierter Kurzgrammatik<br />
erhältlich<br />
Der Autor<br />
Joaquim Peito ist Lektor für Portugiesisch an der Georg-August-Universität von Göttingen<br />
So urteilt die Presse:<br />
«... für die sprachliche Grundausbildung an Universitäten ist es wohl uneingeschränkt<br />
geeignet. Ihm sind weitere Neuauflagen ... sowie zahlreiche Benutzer zu wünschen.»<br />
Daniel Reimann in «Zeitschrift für romanische Sprachen und ihre Didaktik», 10/08
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Comunidade 7<br />
Emigrantes em Osnabruck põem bandeira nacional a<br />
meia-haste contra fecho de posto consular<br />
Mais de 500 emigrantes portugueses<br />
protestaram no passado<br />
dia 4 de Dezembro, em Osnabruck<br />
contra o fecho do viceconsulado<br />
local e a transferência<br />
da sua jurisdição para Dusseldorf,<br />
colocando a bandeira nacional<br />
a meia-haste e içando<br />
uma bandeira preta no Centro<br />
Português de Osnabruck.<br />
Na assembleia realizada nas<br />
instalações da mesma associação<br />
estiveram representações de<br />
lusodescendentes de vários pontos<br />
da área consular, deputados<br />
do PS e do PCP e conselheiros<br />
das comunidades eleitos na Alemanha.<br />
„Até veio gente de Bremen e<br />
de Bremerhaven, a mais de 200<br />
quilómetros daqui, a sala esteve<br />
cheia“, disse Nelson Rodrigues,<br />
coordenador da plataforma „Osnabruck<br />
Não desiste“, criada<br />
para lutar contra o encerramento<br />
do posto consular.<br />
„Nenhum dos critérios que o<br />
governo apontou para encerrar<br />
representações diplomáticas se<br />
aplicam ao vice-consulado de<br />
Osnabruck“, garantiu Nelson<br />
Rodrigues.<br />
Entre as várias intervenções<br />
a criticar a decisão do ministro<br />
dos negócios estrangeiros, destacou-se<br />
a do presidente da Federação<br />
das Associações<br />
Portuguesas na Alemanha<br />
(FAPA), Vítor Estradas, que apelou<br />
aos emigrantes para deixarem<br />
de enviar dinheiro para<br />
Portugal.<br />
O dirigente associativo anunciou<br />
que a FAPA vai lançar uma<br />
campanha a favor da suspensão<br />
das remessas dos emigrantes,<br />
A Federação das Associações<br />
Portuguesas na Alemanha<br />
está a apelar aos<br />
emigrantes que deixem<br />
de enviar dinheiro para<br />
Portugal em protesto<br />
contra o encerramento<br />
de embaixadas e os despedimentos<br />
de professores<br />
no estrangeiro,<br />
segundo um comunicado<br />
enviado às redacções.<br />
Segundo a Federação das<br />
Associações Portuguesas na<br />
Alemanha (FAPA), depois de<br />
avaliar a política que se está a<br />
praticar contra a comunidade<br />
portuguesa na diáspora e o<br />
diálogo infrutífero com as au-<br />
Presentes no protesto, os deputados João Oliveira, PCP, (à direita, Paulo<br />
Pisco, PS, (o seg. da dir.) e ainda: Vítor Estradas (FAPA) , Fernando Genro e<br />
Alfredo Stofel, membros do CCP, bem como o coordenador do movimento<br />
“Osnabrück Não Desiste”, Nelson Rodrigues (à esq.)<br />
exortando-os também a trazer o<br />
dinheiro que já depositaram em<br />
Portugal para os países onde se<br />
encontraram, enquanto Lisboa<br />
não revogar a decisão de encer-<br />
rar consulados e reduzir o número<br />
de professores de Português<br />
parara os<br />
lusodescendentes.<br />
O deputado comunista João<br />
Oliveira, por seu turno, sublinhou<br />
na sua intervenção que as<br />
estruturas consulares não<br />
podem ser vistas como empresas<br />
que devem ter saldo positivo, e<br />
que em primeiro lugar devem<br />
estar as necessidades das comunidades<br />
emigrantes.<br />
Paulo Pisco, deputado socialista<br />
pelo círculo da Europa, que<br />
na segunda-feira se reunirá com<br />
o vice-cônsul em Osnabruck,<br />
Manuel da Silva, disse à Lusa<br />
que viu uma comunidade „absolutamente<br />
indignada” e sem perceber<br />
as razões que levaram o<br />
governo a tomar a decisão de encerrar<br />
o vice-consulado.<br />
Sublinhou ainda que o prejuízo<br />
resultante do fecho do<br />
posto consular afetará não só a<br />
atual geração de portugueses,<br />
mas também os seus filhos, porque<br />
pode estar em causa também<br />
o apoio financeiro de<br />
algumas autarquias alemãs da<br />
área consular ao ensino de Português<br />
em Osnabruck e Rheine,<br />
por exemplo.<br />
A área consular de Osnabruck<br />
abrange 23 mil portugueses<br />
espalhados por uma<br />
superfície de 61 mil quilómetros<br />
quadrados, cerca de dois terços<br />
do território de Portugal Continental.<br />
O vice-consulado tem, além<br />
do responsável do posto, três<br />
funcionárias que efetuaram<br />
mais de seis mil atos consulares<br />
em 2010, uma média per capita<br />
superior à de todos os outros<br />
postos consulares na Alemanha,<br />
e as suas receitas em emolumentos<br />
superam largamente as despesas<br />
de manutenção,<br />
FAPA anuncia campanha de boicote às remessas<br />
para Portugal<br />
toridades portuguesas, a federação<br />
chegou à conclusão<br />
de que terá de “tomar outras<br />
medidas”.<br />
Portugal vai encerrar sete<br />
embaixadas, quatro vice-consulados<br />
e um escritório consular,<br />
anunciou em<br />
Novembro, o ministro dos<br />
Negócios Estrangeiros, Paulo<br />
Portas.<br />
Houve também uma redução<br />
no número de professores<br />
do Ensino do Português<br />
no Estrangeiro (EPE). Segundo<br />
o Sindicato dos Professores<br />
das Comunidades<br />
Lusíadas (SPCL), 149 professores<br />
já foram dispensados<br />
este ano e 15 mil alunos ficarão<br />
sem aulas na diáspora.<br />
“Possivelmente, o Governo<br />
até tem razão em que a<br />
solução para resolver os problemas<br />
de Portugal é economizar.<br />
Então vamos seguir o<br />
exemplo que nos estão a dar”,<br />
referiu o comunicado da<br />
FAPA.<br />
A federação apelou aos<br />
emigrantes que deixem de<br />
enviar dinheiro para Portugal<br />
e até mesmo a levantar o dinheiro<br />
que já está no país.<br />
Segundo dados do Banco<br />
de Portugal, no primeiro semestre<br />
de 2011 a diáspora enviou<br />
um total de 524 milhões<br />
de euros para o seu país.<br />
“Vamos assim, também<br />
nós, a comunidade portuguesa<br />
residente fora de Portugal,<br />
economizar para<br />
resolver os `nossos´ problemas”,<br />
indicou o comunicado,<br />
referindo-se ao que terá de<br />
ser gasto com o ensino do<br />
português às crianças e também<br />
com as deslocações aos<br />
consulados que passarão a<br />
ficar mais longe.<br />
“Temos que `poupar´ até<br />
à data em que os postos consulares<br />
forem reabertos e os<br />
professores retirados regressarem<br />
para dar aulas”, sublinhou<br />
a nota.<br />
Vice-consulado de<br />
Frankfurt encerrou a<br />
20 de Dezembro e o<br />
Osnabrück fecha a 13<br />
de <strong>Jan</strong>eiro<br />
Por decisão do Governo, os<br />
vice-consulados em Frankfurt<br />
e Osnabrück encerram<br />
as suas portas deixando dezenas<br />
de milhares de portugueses<br />
sem serviços<br />
consulares na sua área.<br />
Assim, o vice-consulado<br />
em Frankfurt encerrou as<br />
suas portas no passado dia<br />
20 de Dezembro pelas 13<br />
horas. Até 6 de <strong>Jan</strong>eiro de<br />
2012, este posto consular<br />
continua aberto apenas para<br />
entrega de documentos anteriormente<br />
solicitados, tais<br />
como, cartões de cidadão ou<br />
passaportes.<br />
Por decisão do Governo,<br />
com o encerramento do<br />
Vice-Consulado de Portugal<br />
em Frankfurt, a sua área de<br />
jurisdição consular correspondente<br />
a 3 Estados Federados<br />
passa a ser reafectada<br />
da seguinteforma:<br />
Hessen passa para a do<br />
Consulado-Geral de Portugal<br />
em Dusseldorf<br />
Rheinland-Pfalz e Saarland<br />
passam para a do Consulado-Geral<br />
de Portugal em<br />
Estugarda<br />
Já o vice-consulado em<br />
Osnabrück tem o seu fim<br />
marcado para o dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro<br />
deste ano . Na página<br />
do Facebook, o vice-cônsul<br />
informa os utentes que “de<br />
acordo com as instruções<br />
procedentes do Ministério<br />
dos Negócios Estrangeiro, o<br />
último dia de pleno funcionamento<br />
deste Vice-Consulado<br />
é sexta-feira, dia 13 de<br />
<strong>Jan</strong>eiro de 2012.<br />
A partir do dia 16 de <strong>Jan</strong>eiro<br />
de 2012, e, até ao encerramento<br />
definitivo do<br />
Vice-Consulado, só se procederá<br />
à entrega dos documentos<br />
requeridos até ao<br />
dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro de 2012.<br />
Nesta Área, os portugueses<br />
residentes na Renânia<br />
do Norte-Vestefália (NRW)<br />
passam a dirigir-se ao Consulado<br />
Geral de Portugal em<br />
Düsseldorf<br />
Já os portugueses residentes<br />
na Baixa Saxónia<br />
(Niedersachsen) e no estado<br />
de Bremen passam a dirigirse<br />
ao Consulado Geral de<br />
Portugal em Hamburgo
8<br />
Comunidades<br />
União Portuguesa Cultural e Desportiva de Hagen<br />
Festejou mais um aniversário do rancho “Folclore de Portugal”<br />
A União Portuguesa Cultural e<br />
Desportiva de Hagen (UPCDH)<br />
festejou mais um aniversário<br />
do Rancho Folclore de Portugal.<br />
Para além de uma equipa<br />
de futebol e uma outra de dardos,<br />
o grupo folclórico está agregado<br />
à associação, mas com<br />
vida própria.<br />
Espaço para actuações e ensaios<br />
é coisa que nesta casa<br />
com mais de 2300 m2 não<br />
falta, sendo que a UPCDH é a<br />
única associação na Renânia<br />
do Norte e Vestefália que tem à<br />
disposição dos seus 240 associados<br />
um espaço assim tão<br />
grande.<br />
A festa foi visitada por mais<br />
de quatro centenas de pessoas<br />
que de um modo ou outro se<br />
sentem atraídos pela cultura<br />
portuguesa. No público, para<br />
alem de portugueses, viam-se<br />
pessoas de várias nacionalidades.<br />
Os motivos da presença destas<br />
centenas de pessoas eram vários:<br />
uns diziam ter vindo pelo folclore.<br />
Outros, os apreciadores de petiscos,<br />
vinham pelo frango no churrasco<br />
ou pela sardinha na brasa.<br />
O presidente da UPCDH, Luís<br />
Martins, agradeceu aos presentes<br />
assim como aos convidados especiais,<br />
entreo os quais se destacava<br />
a Cônsul-Geral de Portugal em<br />
Dusseldorf, Maria Durão, por<br />
participarem em mais um aniversário<br />
do Rancho de Portugal. Luís<br />
Martins referiu que o grupo folcló-<br />
GENTE<br />
Por decisão do Governo, Manuel Correia<br />
da Silva, o ainda vice-cônsul de Portugal<br />
em Osnabrück vai cessar funções enquanto<br />
chefe daquele posto consular no<br />
próximo dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro, data certa<br />
para o encerramento do vice-consulado.<br />
Ora, conhecendo como conhece muitos e<br />
vários cônsules e vice-cônsules que ao<br />
longo dos anos dirigiram postos, o POR-<br />
TUGAL <strong>POST</strong> pode assegurar que, para<br />
alem do ex-conselheiro social da embaixada,<br />
Manuel de Matos, a comunidade<br />
portuguesa (não só) em Osnabrück não<br />
teve e não tem um dedicado, empenhado<br />
e generoso responsável consular como<br />
foi e é Manuel Correia da Silva, vice-cônsul,<br />
em Osnabrück.<br />
Se há pessoas que o Estado português<br />
deve respeito e consideração, uma delas<br />
é o seu servidor Manuel Correia da Silva.<br />
Reconhecido por todos como um funcionário<br />
exemplar, que pôs o vice-consulado<br />
ao serviço das pessoas, Manuel<br />
Correia da Silva é o exemplo daquilo que<br />
deve ser um servidor do Estado e por isso<br />
nos merece aqui um destaque mais do<br />
que meritório.<br />
Fanni Rosa Santos, 83 anos de idade e mais de<br />
40 voluntário na associação em Hagen<br />
rico é uma plataforma para o e intercâmbio<br />
entre portugueses e outras<br />
nacionalidades.<br />
O presidente enalteceu o convívio<br />
entre o grupo “Folclore de<br />
Portugal” e outros ranchos, como<br />
o “Coração do Minho”, também<br />
de Hagen.<br />
Para contrariar a alegada rivalidade,<br />
os dois grupos actuaram<br />
em conjunto.<br />
Na noite da festa também se<br />
cantou os parabéns à senhora<br />
Fanni Rosa Santos, natural de Almada,<br />
que confessou estar a festejar<br />
os seus 83 anos, quarenta<br />
dos quais ao serviço do rancho<br />
folclórico e da associação,<br />
onde sempre trabalhou na cozinha.<br />
A senhora Santos lamentou<br />
o facto da juventude já não<br />
ligar muito ao folclore e muito<br />
menos ao trabalho voluntário<br />
na Associação. Ela, com a<br />
idade que tem, tenta dar um<br />
exemplo continuando a trabalhar<br />
na cozinha da associação.<br />
O baile da festa foi abrilhantado<br />
pelo Conjunto “Os<br />
Atrevidos”, um dos poucos já<br />
existentes na NRW .<br />
Há uma coisa que não<br />
passa despercebido a quem<br />
costuma frequentar festas: é<br />
que quase todas as caras dos<br />
presentes são conhecidas de<br />
outras formações de largos<br />
anos atrás, quando a juventude<br />
portuguesa percorria aos<br />
fins- de -semana centenas de quilometros<br />
para se divertirem nas<br />
festas portuguesas.<br />
A UPDCH também foi recentemente<br />
visitada pelo embaixador<br />
de Portugal em Berlim quando<br />
este se deslocou à área consular de<br />
Dusseldorf no final do ano passado.<br />
O embaixador felicitou a direcção<br />
da associação pelas<br />
espaçosas instalações, agradecendo<br />
também o trabalho desenvolvido<br />
em prol da cultura<br />
portuguesa.<br />
Antonio Horta, correspondente<br />
Gelsenkirchen<br />
Fala o Leitor<br />
Um marco de cultura portuguesa<br />
que durante algumas dezenas de<br />
anos foi ponto de referencia na<br />
cidade de Leverkusen foi vitima<br />
da falta de organização de um<br />
grupo de arrogantes que há cerca<br />
de 4 anos tomaram nas suas os<br />
destinos da mesma.<br />
Quando estes tomaram posse<br />
da A.P.L. a colectividade estava<br />
de saúde, embora pouco tempo<br />
depois tivesse de mudar para<br />
uma outra casa, a sua caixa estava<br />
bem, com uma soma próxima<br />
dos € 20.000, soma esta<br />
conseguida graças ao empenho,<br />
organização e amor de um punhado<br />
de homens e mulheres que<br />
trabalhavam com amor à camisola,<br />
não olhando aos seus interesses<br />
pessoais, serviam para<br />
bem da comunidade, tendo à cabeça<br />
um algarvio, homem simples<br />
e muito honesto.<br />
Foi sem dó nem piedade que<br />
uns arrogantes, chamados dirigentes<br />
da associação, foram correndo<br />
com os sócios que não lhes<br />
agradavam, não respeitando a<br />
sua idade ou o que estes fizeram<br />
durante muitos anos para o desenvolvimento<br />
a A.P. de Leverkusen.<br />
A maneira usada por estes<br />
“dirigentes” arrogantes e sem um<br />
mínimo de simpatia foi seguida<br />
por alguns membros da mesa da<br />
Assembleia Geral que diziam<br />
nunca deixar cair a associação,<br />
visto serem eles os responsáveis<br />
Um Ano em Telavive<br />
Cristina Vogt-da Silva<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Associação Portuguesa de<br />
Leverkusen fecha para sempre as<br />
suas portas<br />
Sugestão de Leitura<br />
máximos pela mesma, mas que<br />
no fim tudo consentiram.<br />
Fecharam as portas, dividiram<br />
uma parte do mobiliário<br />
entre si. Um levou a máquina do<br />
café, outro a máquina de lavar<br />
louça, televisão, etc., etc... Enfim,<br />
o que lhes agradou. O que os<br />
estatutos da associação dizia não<br />
era do conhecimento destes dirigentes.<br />
Sem convocar qualquer reunião<br />
com os sócios ou tão pouco<br />
enviar uma carta informativa aos<br />
mesmos dando a conhecer o que<br />
se estava a passar e o que poderia<br />
vir acontecer caso não houvesse<br />
mais interesse dos mesmos, preferiram<br />
não ouvir as criticas dos<br />
sócios e fecharam as portas da<br />
Associação Portuguesa de Leverkusen.<br />
Será que estes “dirigentes associativos”<br />
não pensaram por<br />
que motivo é que os sócios deixaram<br />
de frequentar a A.P.L?<br />
Porque é que não pensaramm no<br />
que estaria mal e eventualmente<br />
tentar ir ao encontro da vontade<br />
da maioria e pôr o seu lugar à<br />
disposição?<br />
Caros amigos, foi desta triste<br />
maneira que mais um marco da<br />
cultura portuguesa encerrou as<br />
suas portas. A comunidade portuguesa<br />
na Alemanha fica assim<br />
mais pobre.<br />
A. Nobre<br />
B. Leverkusen<br />
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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Comunidade 9<br />
Criado na Alemanha movimento para defesa<br />
do ensino de português no estrangeiro<br />
O „Movimento para A Defesa<br />
do Ensino de Português“ (ver<br />
manifesto nesta página) acaba<br />
de ser lançado na Alemanha<br />
com o objetivo de lutar contra<br />
a falta de professores da língua<br />
materna nesta país de acolhimento,<br />
mobilizando os pais e<br />
restante comunidade.<br />
„Receamos que a Alemanha<br />
venha a ser atingida<br />
pelas reduções de professores<br />
na rede de ensino no estrangeiro<br />
anunciadas pelo Instituto<br />
Camões“, disse Rui Paz,<br />
um dos promotores da iniciativa.<br />
Recentemente, o Instituto<br />
Camões anunciou que iria reduzir,<br />
até <strong>Jan</strong>eiro, 50 postos<br />
de trabalho de professores da<br />
rede no estrangeiro, sobretudo<br />
em França (20), Suíça (20) e<br />
Espanha (9).<br />
Apesar de a medida não<br />
afectar a rede na Alemanha, o<br />
novo movimento está convencido<br />
de que „isso será apenas<br />
uma questão de tempo, porque<br />
o Instituto Camões já<br />
disse aos sindicatos que a supressão<br />
dos 50 postos foi apenas<br />
o começo“, acrescentou<br />
Rui Paz.<br />
O ex-membro do Conselho<br />
Mundial das Comunidades<br />
Portuguesas, onde era responsável<br />
pelo pelouro do ensino,<br />
acrescentou que no Estado federado<br />
de Baden-Wuerttemberg<br />
„há actualmente centenas<br />
de crianças sem aulas de Português,<br />
porque as professoras<br />
de licença de maternidade não<br />
A continuar assim, o ensino do<br />
português no estrangeiro vai caminhando<br />
a passos largos para<br />
um fim em breve prazo.<br />
Em 2007, havia 598 professores,<br />
em 2011 já só havia 517 e<br />
agora, quase em 2012, são apenas<br />
468.<br />
Na Alemanha, a cargo das<br />
entidades portuguesas, há atualmente<br />
apenas 54 professores,<br />
pois nas áreas consulares de<br />
Frankfurt e Düsseldorf existem<br />
ainda professores contratados<br />
pelas entidades alemãs.<br />
Apesar disso, e apesar de em<br />
outras áreas, como Hamburgo e<br />
Estugarda, as entidades escolares<br />
locais concederem subsídios<br />
para os cursos de Português, parece, segundo os responsáveis do Instituto<br />
Camões, que desde 2010 tutela o Ensino Português no Estrangeiro,<br />
nunca haver dinheiro suficiente para pagar aos professores e manter<br />
as aulas com uma qualidade mínima.<br />
Porque a verdade é que, de um sistema de ensino que dantes funcionava<br />
bem , muito pouco resta. No presente ano letivo, o IC exigiu<br />
um número maior de alunos por professor, com o resultado de agora<br />
terem de ser lecionados juntos alunos de 4 e 5 níveis escolares diferentes,<br />
apenas durante uma hora ou hora e meia por semana.<br />
Muitos cursos que funcionavam em dois dias na semana passaram<br />
apenas para um, o que significa que um número elevado de alunos não<br />
pode frequentar as aulas por incompatibilidades de horário.<br />
Mas mesmo assim a poupança parece não ser suficiente. O IC terminou<br />
agora os contratos a 20 professores na Suíça, 20 na França e 9<br />
em Espanha. Ao todo 49, e 5.000 alunos sem aulas a partir de <strong>Jan</strong>eiro.<br />
A Alemanha, por enquanto, escapou.<br />
Mas não escapará decerto no fim do ano escolar, pois continuam a<br />
anunciar novos cortes na rede de ensino. Estes 49 professores são apenas<br />
um começo, uma espécie de ensaio para apreciar as possibilidades,<br />
para avaliar o modo como as comunidades reagem ao facto de lhes retirarem<br />
um dos direitos que mais prezam, as aulas de língua e cultura<br />
portuguesas para os seus filhos.<br />
Da Secretaria de Estado das Comunidades, na pessoa do atual Secretário<br />
de Estado, ouvem-se afirmações que parecem mentira...mas<br />
foram substituídas“.<br />
Em comunicado, o movimento<br />
pela defesa do ensino<br />
de Português na Alemanha<br />
lembra que, em 2007, a rede<br />
de ensino no estrangeiro tinha<br />
em toda a Europa 598 professores,<br />
em 2011 passou a ter 517<br />
e em 2012 quedar-se-á pelos<br />
468. Na Alemanha há 54 professores<br />
a cargo do Estado<br />
português, e nas áreas consulares<br />
de Frankfurt e Dusseldorf<br />
existem mais alguns<br />
professores contratados pelas<br />
autoridades alemãs.<br />
„De um sistema de ensino<br />
que funciona bem, agora<br />
pouco resta“, diz o comunicado<br />
do novo movimento, que<br />
critica o Instituto Camões por<br />
ter passado a exigir um maior<br />
número de alunos por professor,<br />
por exemplo.<br />
„Receamos que, a partir do<br />
próximo ano, muitos pais já<br />
não encontrem professores<br />
quando forem levar as crianças<br />
às aulas de Português, porque<br />
o governo está a fazer as<br />
coisas pela calada“, acrescentou<br />
Rui Paz.<br />
„Por isso, queremos pôr a<br />
comunidade de sobreaviso, e<br />
estender a acção de protesto a<br />
toda a Alemanha“, explicou.<br />
O grupo dinamizador do<br />
„Movimento para A Defesa do<br />
Ensino de Português“ é assinado,<br />
além de Rui Paz, pelos<br />
cinco conselheiros das comunidades<br />
eleitos na Alemanha,<br />
por dirigentes associativos,<br />
empresários e professores.<br />
Salvemos o ensino do português no estrangeiro!<br />
O movimento para a defesa do ensino do portuguêsna<br />
Alemanha está alerta!<br />
que infelizmente são verdade.<br />
“É necessário recorrer à iniciativa privada e ao mecenato.... os pais<br />
passarão a contribuir para a manutenção dos cursos ...só deverá haver<br />
cursos onde as comunidades forem significativas...”<br />
Tudo isto significa que não há vontade política de gastar verbas com<br />
o EPE.<br />
Retiram-se os professores e substituem-se por ensino através da Internet.<br />
Só quem nada entende de ensino e de pedagogia, ou que está<br />
indiferente ao futuro das crianças e jovens luso-descendentes, pode<br />
fazer afirmações destas.<br />
O Português, como língua identitária e de herança, não tem interesse.<br />
Será melhor transformá-lo em língua estrangeira, dizem os responsáveis,<br />
assim serão os países de acolhimento a pagar.<br />
E deste modo recusa-se, com a desculpa da crise, o direito constitucional<br />
dos portugueses no estrangeiro às aulas de língua materna<br />
para os seus filhos.<br />
Recusa-se um ensino de qualidade por professores portugueses.<br />
Recusa-se manter a ligação dos portugueses nas comunidades ao<br />
seu país de origem.<br />
Mas não se recusa receber os milhões de euros enviados por esses<br />
portugueses para o seu país, dos quais nem 1% é aplicado no ensino.<br />
“A minha pátria é a língua portuguesa”, dizia o escritor Fernando<br />
Pessoa. E é verdade. Mantendo a sua língua e a sua cultura, um português<br />
é português em qualquer lugar do mundo, pois mantém a ligação<br />
ao seu país.<br />
Acabar com os cursos de português ou reduzi-los à expressão mínima<br />
é uma ofensa, é uma traição aos portugueses no estrangeiro que<br />
não querem esquecer a sua pátria.<br />
Não queremos esquecer o nosso país. E não podemos permitir que<br />
o nosso país nos esqueça.<br />
Adere ao movimento pela defesa do ensino do português junto da<br />
Comunidade Portuguesa na Alemanha!<br />
Pelo Grupo dinamizador:<br />
Alfredo Stoffel, Sassnitz (CCP), Alfredo Cardoso, Münster (CCP),<br />
António Horta, Gelsenkirchen (Conselho de estrangeiros), Arménio<br />
Fortunato, Seelow (Empresário), Fernando Genro, Hilden (CCP), Francisco<br />
Rodrigues, Leverkusen (dirigente associativo), José Eduardo,<br />
Schwalbach (CCP), Luciano da Rosa, Berlin (professor e publicista),<br />
Manuel Lisboa, Solingen (professor), Óscar Pais, Düsseldorf (dirigente<br />
associativo), Piedade Frias, Stuttgart (CCP), Rui Paz, Düsseldorf (professor),<br />
Teresa Soares, Nürnberg (professora e sindicalista), Vitor<br />
Estradas, Remscheid (Presidente da FAPA).<br />
Mensagem à<br />
Comunidade<br />
Portuguesa<br />
na Alemanha<br />
A poucos dias da celebração do<br />
Natal e da entrada em 2012, gostaria<br />
de desejar à Comunidade Portuguesa<br />
e Luso-Descendente na<br />
Alemanha os meus votos de Boas<br />
Festas e de um feliz Ano Novo.<br />
A quadra Natalícia evoca-nos<br />
particularmente o espírito da Família<br />
e renova-nos sentimentos de<br />
solidariedade para com os demais,<br />
de alegria e de esperança nos tempos<br />
vindouros. É assim uma<br />
época de balanço e de reflexão que<br />
nos inspira a um novo fôlego.<br />
O ano que agora termina foi<br />
difícil e, provavelmente, o ano<br />
2012 não será mais fácil. Exige-se<br />
de todos nós um esforço concertado<br />
– tanto em Portugal, como na<br />
Alemanha – para fazer face à difícil<br />
conjectura que a Europa atravessa.<br />
No nosso Pais, vimo-nos<br />
compelidos a tomar medidas rigorosas,<br />
por vezes dolorosas, com<br />
vista a uma consolidação orçamental<br />
e, simultaneamente, para<br />
o relançamento da nossa economia<br />
em termos sustentados e firmes.<br />
A situação que atravessamos<br />
exige de todos importantes sacrifícios,<br />
num esforço colectivo que<br />
todos somos chamados a realizar<br />
e nos permita ultrapassar as presentes<br />
dificuldades e assegurar um<br />
futuro melhor.<br />
Gostaria pois de deixar à comunidade<br />
Portuguesa e Luso-descendente<br />
na Alemanha uma<br />
mensagem de solidariedade e de<br />
ânimo. A Embaixada e os Postos<br />
Consulares de Portugal na Alemanha<br />
acompanham e compartilham<br />
das vossas preocupações, das<br />
vossas ansiedades e das vossas esperanças.<br />
E é um voto de esperança<br />
que quero formular aos<br />
Portugueses residentes na Alemanha.<br />
Esperança que 2012 traga<br />
a todos um futuro melhor.<br />
A todos, os meus votos de<br />
Bom Natal e Feliz Ano Novo!<br />
José Caetano da Costa Pereira<br />
Embaixador de Portugal
10<br />
Entrevista<br />
Maria de Carvalho, fadista<br />
O Trio Fado na Moldura da<br />
Saudade e das Lembranças<br />
Nos anos oitenta, António Brito (viola e canto) e Maria de Carvalho (canto) começaram a<br />
cantar os fados dos outros em restaurantes de Berlim Ocidental. Mais tarde formaram o<br />
Trio Fado com Daniel Pircher (guitarra portuguesa). Depois juntou-se-lhes Benjamin<br />
Waldbrod (violoncelo). São quatro excelentes músicos que foram dando asas à sua criatividade,<br />
que foram os primeiros embaixadores do fado em Berlim e que, mais tarde, se internacionalizaram.<br />
No seu excelente último álbum «portolisboa» as letras, os arranjos e a<br />
música são quase todos deles. Em 21 de <strong>Jan</strong>eiro, o Trio Fado volta à Passionskirche em<br />
Berlim.<br />
A fadista do Trio Fado, Maria de Carvalho, é portuense e foi na sua residência que nos<br />
encontrámos. Olhando os telhados de Berlim e sob uns raios de sol envergonhados, conversámos<br />
sobre tempos passados, presentes e futuros com bolinhos e um chá fumegante. Maria de Carvalho, a voz do Trio Fado. Foto: Trio Fado<br />
Porque saíste de Portugal?<br />
Estávamos em 78. Era uma altura<br />
em que tinha de fazer alguma coisa.<br />
Podia ir para a universidade, porém<br />
os meus pais tinham poucas posses e<br />
éramos cinco irmãos. Naquela altura,<br />
a Inglaterra estava muito em voga.<br />
Era uma cena interessante e eu não<br />
conhecia nada. Era nova, queria experimentar<br />
coisas novas e através de<br />
uma amiga consegui ir como babysitter<br />
para Inglaterra. O meu pai não<br />
queria, era um pouco tirano; era a<br />
educação geral em certas famílias!<br />
Tinha de estar em casa até às 8 horas,<br />
ainda o sol brilhava lá fora. Chateei<br />
tanto que ele lá arranjou dinheiro<br />
para o passaporte e a viagem. Até à<br />
altura tinha-me divertido com a revolução<br />
- a liberdade soava bem.<br />
Já cantavas nessa altura?<br />
Sim, mas não era fado, cantava<br />
música inglesa. Na minha mocidade<br />
ouvia o fado na família e pelas<br />
janelas abertas da vizinhança. A<br />
minha mãe cantava fado enquanto<br />
limpava a casa. Hoje em dia não se<br />
ouve as pessoas cantar e as janelas<br />
estão fechadas porque as mulheres<br />
trabalham fora de casa e andam<br />
cheias de stress.<br />
Maria viveu dois anos em Inglaterra<br />
onde vivenciou outra cultura e<br />
ouviu outras músicas. Primeiro em<br />
Windsor onde, olhando um céu cinzento,<br />
as ruas sombrias lhe ensinavam<br />
o spleen inglês. Chorou mas<br />
aguentou! Não queria dar o braço a<br />
torcer. Em Londres viveu numa família<br />
de actores. Não obstante, apesar<br />
das muitas alternativas da cidade, a<br />
sua vida não avançava e, assim, decidiu<br />
ir experimentar a vida parisiense.<br />
Viveu um ano em Paris.<br />
“Talvez tenha encontrado as pessoas<br />
erradas, tive pouca sorte” - diz.<br />
Voltaste para Portugal?<br />
Voltei para Portugal, mas já não<br />
me sentia bem no meu país. Tinham<br />
passado três anos e não encontrava<br />
emprego. Andava muito à deriva.<br />
Um dia decidi visitar um alemão aqui<br />
em Berlim.<br />
Vieste para Berlim Ocidental?<br />
Sim e não gostei de Berlim. Não<br />
consegui entender a cidade. Não era<br />
como Londres que me entusiasmava<br />
ou Paris que me deslumbrava. Não<br />
percebia onde era o centro. Só via<br />
ruas compridas e todas iguais, algumas<br />
lojas, mas mais nada.<br />
Achaste as pessoas provincianas?<br />
Sim e não as achei nem simpáticas<br />
nem bonitas. Até há pouco tempo<br />
achava que não se vestiam bem, não<br />
se arranjavam. Berlim mudou muito<br />
nesse aspecto. Mas primeiro sentia<br />
qualquer coisa düster, como é que se<br />
diz?<br />
Sombria?<br />
Sim, é isso. Vim no fim do verão<br />
com roupa de inverno português e<br />
rapei muito frio. Não sei bem do que<br />
não gostei, era apenas um sentimento.<br />
Mas fui ficando e decidi<br />
aprender a língua. Fui trabalhando<br />
aqui e ali.<br />
Quando e como é que descobriste<br />
o teu talento para o fado?<br />
Foi só dez anos depois. Entretanto<br />
fui conhecendo pessoas interessantes<br />
e entrei num meio que me<br />
agradava e, assim, descobri a cidade.<br />
Por fora não tinha nada que me interessasse.<br />
Em Berlim, o que era interessante<br />
era - o que as pessoas faziam<br />
e as possibilidades que havia. Vivi<br />
em Kreuzberg e andava sempre de<br />
saída. Durante muito tempo nem<br />
pensei no que queria fazer. Nessa altura,<br />
tu não tinhas que fazer nada.<br />
Comecei a trabalhar num escritório<br />
que tinha negócios com a RDA. Fornecia<br />
produtos para as «intershops».<br />
Na estrada de «trânsito» entre Berlim<br />
Ocidental e Hamburgo, havias estas<br />
lojas onde podias beber café e comprar<br />
qualquer coisa com marcos alemães.<br />
Sentias-te perdida?<br />
Faltava-me qualquer coisa – era<br />
tudo muito superficial. Comecei a ter<br />
muitas saudades de Portugal, da<br />
minha família. O que é que eu faço?<br />
Onde é que pertenço? Faltava-me o<br />
calor, faltava-me o sol, faltava-me a<br />
família, faltava-me uma certa maneira<br />
de ser. Faltava-me o movimento<br />
das pessoas nas ruas e os seus<br />
cheiros. Abria as janelas e não sentia<br />
os cheiros nem via pessoas - aqui<br />
eram todos muito berlinenses. Agora<br />
há mais mistura, eles são mais simpáticos.<br />
Os condutores dos autocarros<br />
eram horríveis. Eu já saía de casa<br />
com medo, porque sabia que me ia<br />
chatear com alguém. Na vida privada<br />
eu dava-me com malta porreira, mas<br />
na vida profissional eles eram horríveis.<br />
E comecei a ter muitas saudades!<br />
Entrei numa depressão sem<br />
saber, mas tive bons amigos que me<br />
apoiaram.<br />
Faltava-te um sorriso que transformasse<br />
o teu dia?<br />
É isso. Tinha muitos amigos alternativos,<br />
saíamos muito para o teatro,<br />
concertos, etc. A cultura era<br />
barata em Berlim. Mas chegou uma<br />
altura em que esta vida não me chegava,<br />
era demasiado superficial. E<br />
foi nesta fase que fiquei deprimida.<br />
Ou seja, quando começaste a<br />
trabalhar deixaste o teu ninho<br />
protegido e foste confrontada<br />
com a realidade. E como resolveste<br />
este conflito?<br />
As pessoas não tinham calor para<br />
dar, eram antipáticas, maldispostas.<br />
Vou viver para sempre assim? Para<br />
me proteger, tornei-me agressiva.<br />
Comecei a detestá-los e ao mesmo<br />
tempo a não gostar de mim. Fiquei<br />
confusa.<br />
Assimilaste-te?<br />
Pois é isso. Fui-me adaptando<br />
sem o querer e chorava contra esta<br />
assimilação. Comecei a acalmar um<br />
pouco e a lutar contra a situação - a<br />
racionalizar. Desenvolvi uma técnica<br />
de adaptação. E o fado – acontece! A<br />
grande saudade que eu tinha do meu<br />
país fez com que tudo o que viesse<br />
de Portugal mexesse comigo. Durante<br />
dez anos não tive contacto com<br />
portugueses. Conheci o Tó na Casa<br />
Algarvia. Ele tocava viola e cantava<br />
fado. Um dia fui lá jantar e aquilo<br />
mexeu comigo; lembrei-me das canções<br />
que ouvia em criança. Não sabia<br />
que as tinha dentro de mim. Tenho<br />
uma música no último CD que se<br />
chama «Moldura de Lembranças»<br />
que tem muito a ver com os momentos<br />
passados e que se foi esquecendo.<br />
Fui lá várias vezes e comecei a cantar.<br />
Saía-me assim...eu cantava uma<br />
estrofe com o Tó, depois ficava suspensa<br />
porque não me lembrava do<br />
resto. E aquilo trazia-me imagens e<br />
eu sentia calor no peito. As pessoas<br />
queriam que eu cantasse e eu não<br />
queria porque tinha medo. Comecei<br />
a reaprender os fados e o meu repertório<br />
foi aumentando.<br />
O Tó é que conseguiu que eu entrasse<br />
no palco. Quando eu me es-<br />
quecia da letra ele trauteava e eu ia<br />
atrás e as pessoas batiam palmas na<br />
mesma. Em casa treinava o meu tom.<br />
Porque eu não sabia qual era o meu<br />
tom. Antes de cantar, ia à casa de<br />
banho e trauteava até ter o tom certo.<br />
Cantavas fados tradicionais?<br />
Sim, o «Que Deus me Perdoe» e<br />
até um arranjo com violoncelo. Comecei<br />
com os fados que davam mais<br />
para a minha voz.<br />
Cantavas fado do Porto, de<br />
Coimbra, de Lisboa?<br />
Fado lisboeta, o conhecido por<br />
toda a gente, como o «Disse-te<br />
Adeus», «Madrugada de Alfama».<br />
Normalmente, cantava os fados da<br />
Amália mas nunca a conheci pessoalmente.<br />
Ela veio uma vez à Casa<br />
Portuguesa em Moabit. O Tó cantou<br />
uma canção para ela! Eu nem abri a<br />
boca...<br />
Primeiro cantavam a dois em<br />
restaurantes. Como é que o<br />
Fado saiu do restaurante?<br />
Depois da Queda do Muro, o Tó<br />
teve uma proposta para ir cantar a<br />
Dresden, numa «Jazz Keller». Nessa<br />
altura apareceu o Daniel e também o<br />
Rui, que era filho do dono da Casa<br />
Portuguesa de Moabit. Ele cantava o<br />
Zeca Afonso, depois começou a cantar<br />
fado. Depois tivemos problemas<br />
e eu disse: «Ou ele ou eu»!<br />
A partir daí eu levei o Daniel que<br />
tocava guitarra clássica. Depois começou<br />
a experimentar e a ensaiar<br />
com a guitarra portuguesa. O Daniel<br />
é filho de uma alemã e de um austríaco<br />
e viveu em Portugal muitos<br />
anos.<br />
Em Dresden, o público era todo<br />
alemão e muito interessado em cultura.<br />
Durante o espectáculo esquecime<br />
da letra, parei a meio, pedi<br />
desculpa. Mas as pessoas gostaram.<br />
Afinal não era tão difícil cantar em<br />
palco.<br />
Depois conhecemos o Mário dos<br />
Santos (o Director do PORTUGAL<br />
<strong>POST</strong>) na ITB. Ele estava a organizar<br />
um concurso de fado amador na<br />
Alemanha e convidou-nos para participar.<br />
Fomos treze concorrentes. O<br />
Tó ficou em segundo lugar e eu em<br />
terceiro! Havia seiscentas pessoas<br />
presentes. A partir daí estava lançada.<br />
Era só fechar os olhos, cantar e seja<br />
o que Deus quiser!<br />
Agora já tento abrir os olhos,<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
conversar com as pessoas. Quando<br />
canto ainda fecho os olhos para me<br />
concentrar melhor. A partir daí tivemos<br />
várias propostas. Em 2005 percorremos<br />
a Vestefália do Norte em<br />
24 dias e fizemos 22 concertos. Cantámos<br />
para um público maioritariamente<br />
alemão.<br />
Temos sido os embaixadores do<br />
fado – fomos os primeiros. As salas<br />
dos concertos estavam cheias.<br />
Aprendemos muito com esta tournée<br />
e esta experiência deu-nos muito à<br />
vontade. E foi a partir daí que nos internacionalizámos.<br />
Primeiro fomos à<br />
Arménia e fomos os primeiros a<br />
apresentar fado ao vivo na televisão<br />
arménia. A partir daí começámos a<br />
compor coisas novas e fizemos outros<br />
arranjos. O Daniel tem muitas<br />
ideias e toca a guitarra portuguesa à<br />
maneira dele. Por vezes é mais balada.<br />
O Tó abriu o restaurante «Piri-<br />
Piri» em Berlim onde há fados, claro<br />
– e, por vezes, cantamos lá se não estivermos<br />
em tournée!<br />
Ao longo dos anos, o Trio Fado<br />
tem dado concertos em toda a Alemanha,<br />
incluindo vários concertos<br />
na Filarmónica de Berlim e na Passionskirche.<br />
O grupo estreou-se internacionalmente<br />
na Arménia, a que<br />
se seguiram a Áustria, a Suíça, o Luxemburgo<br />
e a Rússia, país em que<br />
deram concertos nas Filarmónicas<br />
de três cidades.<br />
Foi na Rússia que Maria diz terse<br />
sentido como uma Marisa; com a<br />
televisão local presente e uma ovação<br />
final de público em pé, os<br />
espectadores exigiram autógrafos<br />
dos artistas que tiveram de sair escoltados<br />
para o camarim. “Experiências<br />
pessoais boas!” diz a<br />
fadista.<br />
Maria transformou a sua dor e a<br />
saudade numa carreira e no Trio<br />
Fado encontrou as pessoas certas.<br />
«Aconteça o que acontecer na vida<br />
há sempre um amanhã e temos que<br />
lutar, lutar até lá chegar!»<br />
Para 2012 já há concertos planeados<br />
na China e nalguns cruzeiros<br />
de luxo da Hapag Lloyd. Mas não<br />
precisa ir tão longe: o Trio Fado<br />
estará presente com algumas novidades<br />
de repertório no dia 21 de<br />
<strong>Jan</strong>eiro, às 20 horas, na Passionskirche,<br />
em Berlim.<br />
Cristina Dangerfield-Vogt<br />
Correspondente em Berlim
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Grécia:<br />
A comunidade portuguesa na Grécia<br />
é pequena, está sobretudo concentrada<br />
em Atenas e parece<br />
resistir à crise profunda que assola<br />
o país mais fragilizado da União<br />
Europeia.<br />
Maria da Piedade Magnatoglou,<br />
55 anos, conheceu e casou-se<br />
com um grego no final da já longínqua<br />
década de 1970. Tentaram<br />
viver em Portugal, não resultou. E<br />
instalaram-se em Atenas, quase<br />
35 anos ininterruptos. Tiveram<br />
dois filhos, e ambos estão empregados.<br />
O mais novo é intérprete de<br />
Fernando Santos, o treinador português<br />
da selecção grega de futebol.<br />
„É difícil dizer em que medida<br />
a presente crise afectou a comunidade<br />
lusa. Os portugueses na Grécia<br />
estão cá sobretudo por motivos<br />
familiares, portuguesas casadas<br />
com gregos ou vice-versa“, disse.<br />
„Conheço o caso de dois lusodescendentes<br />
que ficaram desempregados,<br />
claro que têm o<br />
apoio da família, não são pessoas<br />
casadas e não têm encargos próprios“.<br />
Maria da Piedade vive num<br />
bairro tranquilo, afastado do agitado<br />
centro da grande metrópole,<br />
perto de 4,5 milhões de habitantes,<br />
não longe do porto do Pireu.<br />
Há cerca de 20 anos, com um<br />
pequeno grupo de portugueses radicados,<br />
impulsionou a Associação<br />
Cultural dos Portugueses na<br />
Grécia, que ainda mantém diversas<br />
actividades.<br />
Mas a comunidade é pequena.<br />
Cerca de 300 pessoas da „primeira<br />
geração“ em toda a Grécia, metade<br />
a viver em Atenas. E depois existem<br />
os luso-descendentes, caso<br />
dos seus filhos e marido, todos<br />
com dupla nacionalidade.<br />
„A comunidade portuguesa na<br />
Grécia é integrada por pessoas que<br />
por motivos de casamento ou de<br />
trabalho, caso mais raro, se estabeleceram<br />
neste país. Um grupo<br />
de pessoas decidiu fundar esta associação.<br />
Na ocasião os poucos<br />
portugueses aqui radicados estavam<br />
perdidos no meio desta<br />
grande cidade, sem qualquer contacto.<br />
Apenas se deslocavam ao<br />
consulado ou à embaixada“, recorda.<br />
Autora de um pequeno dicionário<br />
português-grego e grego<br />
português - Maria da Piedade está<br />
a agora a concluir uma nova edição<br />
melhorada -, ainda participa<br />
na organização de pequenos eventos<br />
e que ainda juntam vários portugueses<br />
e familiares. Geralmente,<br />
um magusto por alturas do dia de<br />
São Martinho, ou na celebração do<br />
10 de junho.<br />
„Temos sócios, os que contribuem<br />
com quotas são muito poucos,<br />
os nossos recursos são fracos,<br />
e vamos vivendo do carolismo de<br />
alguns de nós“, reconhece.<br />
Um dos piores momentos da<br />
comunidade aconteceu no ano<br />
Portugueses no Mundo<br />
Comunidade portuguesa ainda celebra o São Martinho e o Dia de Camões<br />
Fernando Santos, treinador da selecção grega:<br />
«Para os gregos eu sou grego»<br />
passado, um dos muitos reflexos<br />
da crise global. Até há pouco, e em<br />
regime de reciprocidade, um professor<br />
grego dava aulas da sua língua<br />
à comunidade grega em<br />
Lisboa, e o mesmo sucedida com<br />
um professor de português em<br />
Atenas, que leccionava a luso-descendentes,<br />
despesas asseguradas<br />
pelos respectivos ministérios.<br />
Mas no ano passado, e pela<br />
primeira vez, a escola deixou de<br />
funcionar.<br />
„Em grande medida foi devido<br />
à crise, o ministério da Educação<br />
decidiu deixar de pagar. Estamos<br />
a fazer tudo por tudo para conseguir<br />
reactivar essa escola, que é<br />
muito pequena. Os alunos eram<br />
poucos, a escola dava aulas não<br />
11<br />
apenas a luso-descendentes mas a<br />
gregos que de alguma forma estivessem<br />
ligados a Portugal. Havia<br />
crianças, adolescentes e adultos<br />
que usufruíam desses cursos de<br />
português, que decorriam numa<br />
escola grega disponibilizada pelo<br />
ministério grego da Educação“, revela.<br />
Uma crise de uma enorme<br />
dimensão e que „surpreendeu“ a<br />
generalidade das pessoas na Grécia,<br />
assegura Maria da Piedade.<br />
Um acontecimento que se instalou<br />
no quotidiano da população, e que<br />
poderá prolongar-se por muito<br />
tempo. O fenómeno implicou,<br />
porém, novas descobertas.<br />
„Os gregos estão informados<br />
sobre a situação em Portugal.<br />
Quando comecei a viver em Atenas,<br />
ainda na década de 1970, Portugal<br />
era um ilustre desconhecido.<br />
Há muito que deixou de ser assim.<br />
Mas sobretudo hoje, e com esta<br />
crise, as pessoas estão de facto interessadas<br />
em saber o que se passa<br />
nos outros sítios. É um padrão de<br />
comparação para saber o que se<br />
está a fazer“.<br />
Na Grécia, as polémicas sempre<br />
foram mantidas com acalorada<br />
paixão. E a comparação com<br />
Portugal tornou-se numa forma<br />
de ajudar os gregos, talvez, a sentirem-se<br />
menos sós no seu „calvário“.<br />
Pelo menos, assevera,<br />
„sempre contribui para formarem<br />
a sua opinião, e extraírem diversas<br />
conclusões“.
12 Conversa<br />
Entrevista com Inês Thomas de Almeida, editora do magazine cultural Berlinda<br />
”O meu projecto, o meu cavalo de<br />
Ackermann<br />
Stephan<br />
batalha, é a Berlinda” Foto:<br />
Inês Thomas de Almeida é cantora lírica e a editora da Berlinda - uma revista online que informa<br />
transversalmente sobre os eventos culturais do mundo falante do português na capital.<br />
No passado dia 14 de Dezembro, vivenciámos o teu grande sucesso a nível da organização de eventos<br />
culturais e que foi o culminar de muito trabalho. O “Poema Bar” foi a tua estreia. Preparado com mão<br />
de mestre, o espectáculo estava impregnado do teu carisma. Portanto, estás de parabéns, mas também<br />
nos criaste expectativas – a partir de agora o grau de exigência ainda vai se maior!<br />
Como consegues criar uma revista<br />
cultural online bilingue e,<br />
meteoricamente, chegar onde<br />
estás? Queres-me contar como<br />
tudo aconteceu?<br />
Vou começar pela minha infância.<br />
Desde que me conheço fui sempre<br />
muito disciplinada. Foi assim que<br />
consegui seguir o ensino musical paralelo<br />
ao ensino normal, ambos com<br />
uma carga horária regular. Foi uma<br />
boa preparação para a minha vida<br />
adulta.<br />
Então nessa idade já tinhas um<br />
objectivo que perseguias tenazmente?<br />
O objectivo foi mudando, mas<br />
sempre tive metas na minha vida. Primeiro<br />
quis fazer alguma coisa relacionada<br />
com a música, depois foi o canto<br />
aos 19 anos. Segui esse objectivo até<br />
às últimas consequências e, por isso,<br />
vim para a Alemanha. Fiz muitas coisas,<br />
ganhei um prémio, trabalhei em<br />
ópera, depois quis criar uma família,<br />
e este é o projecto de que mais me orgulho<br />
e que mais alegria me dá. Mais<br />
tarde, quis juntar a parte cultural ao<br />
estar em Berlim. De há dois anos para<br />
cá, estava insatisfeita com o ser apenas<br />
intérprete. Tinha outros interesses.<br />
Comecei a trabalhar nos bastidores:<br />
na assistência da encenação, na música<br />
contemporânea e participei num<br />
festival na Baviera. Fiz coreografia<br />
durante algum tempo, dancei e fui directora<br />
de cena, fiz produção – ganhei<br />
experiência de como as coisas se<br />
fazem. Andava à procura de alguma<br />
coisa e fui juntando as experiências.<br />
Este ano encontrei o que gosto de<br />
fazer numa coisa só e, assim, surgiu o<br />
magazine cultural, transversal ao<br />
mundo da cultura portuguesa. Para<br />
mim foi óptimo, porque juntei a parte<br />
cultural à parte de organização.<br />
Como consegues motivar as pessoas<br />
para colaborarem contigo?<br />
Segui uma estratégia que tenho<br />
aplicado toda a minha vida. Antes de<br />
falar no projecto às pessoas, decidi<br />
primeiro fazer! Sou muito prática.<br />
Não aceito o discurso das pessoas que<br />
se queixam e que dizem, gostava de<br />
fazer mas não há apoios, ninguém<br />
ajuda – eu não me identifico nada<br />
com este tipo de discurso. Quando se<br />
quer fazer, faz-se. Depois vai-se encontrando<br />
maneiras, embora com<br />
consciência dos limites. Fui descobrindo<br />
como é que se faz uma página<br />
na internet e fiz tudo: layout, parte<br />
técnica e aprendi a fazer feeds. Tinha<br />
imensas dúvidas e visitava os fórums<br />
dos Websmaster e fazia perguntas.<br />
Passei meses a aprender coisas que<br />
nunca pensei que iria aprender.<br />
Depois de ter o esboço, que ainda<br />
não está acabado porque ainda estamos<br />
a crescer, comecei a escrever. Eu<br />
era “o homem dos sete instrumentos”.<br />
Fui ter com as pessoas e falei-lhes da<br />
minha ideia e pedi ajuda. Tive uma<br />
adesão óptima desde o início. Consegui<br />
uma equipa de tradução porque<br />
queria uma edição bilingue.<br />
Tenho revisores para o português<br />
e o alemão. Somos onze pessoas a trabalhar<br />
no projecto: alemães, portugueses,<br />
brasileiros, moçambicanos,<br />
angolanos, fotógrafos, jornalistas, etc.<br />
Mas o núcleo duro é de onze pessoas,<br />
para além de outros colaboradores. Eu<br />
ia vendo quem estava ocupado nas<br />
várias áreas. As pessoas iam passando<br />
a palavra. Estes primeiros tempos têm<br />
sido experimentais, depois logo se<br />
verá. Em <strong>Jan</strong>eiro começaremos uma<br />
campanha para angariação de financiamentos.<br />
A organização do “Poema Bar”<br />
foi muito trabalhosa. Os patrocinadores<br />
foram conseguidos indo almoçar<br />
com eles. Foram muitos almoços. Vou<br />
ter com a pessoa que me interessa e<br />
proponho. Não tenho medo de perguntar.<br />
O que é que pode acontecer?<br />
Dizer-me não? Mesmo assim, conheci<br />
uma pessoa nova, almocei bem, e já<br />
estou a ganhar.<br />
A tua infância foi passada na<br />
República Dominicana ouvindo<br />
outras músicas e cheirando outros<br />
perfumes. És filha de um<br />
casal luso-dominicano, bilingue<br />
e transcultural. Disseste numa<br />
entrevista que foste uma miúda<br />
superdotada na escola e que estavas<br />
adiantada um ano e te sentias<br />
isolada das tuas colegas.<br />
Depois foste viver para Portugal!<br />
Conta-me como foi! Como é que<br />
a música e os cheiros dominicanos<br />
influenciaram a mulher que<br />
és hoje? Qual o impacto da reserva<br />
lisboeta?<br />
Lembro-me de pessoas diferentes<br />
e cheiros, sabores e música dominicanos.<br />
A minha mãe cantava-me canções<br />
de embalar em espanhol. Eu falo<br />
português com o meu pai e espanhol<br />
com a minha mãe. Esta base transcultural<br />
faz com que eu goste de estabelecer<br />
pontes entre as culturas. A<br />
minha vida é isso. Eu sou uma mistura<br />
de dois mundos. Há sempre muitas<br />
maneiras de olhar uma coisa, não<br />
há uma verdade única – foi isso que<br />
aprendi. O que é válido num lugar<br />
pode ser totalmente descabido num<br />
outro. Aprendi a respeitar as diferenças<br />
culturais e cedo me apercebi que<br />
há muitas perspectivas.<br />
Tinha quatro anos quando cheguei<br />
a Lisboa. A primeira reacção foi<br />
de horror. Na República Dominicana<br />
brincávamos na rua, os vizinhos con-<br />
hecem-se, há muitas crianças.<br />
Quando se chega lá vê-se logo montes<br />
de crianças. As pessoas são muito alegres<br />
e há muito barulho. Os rádios ligados,<br />
altíssimo. Na Europa tem-se<br />
medo de incomodar os outros. Era o<br />
barulho de Lisboa ao quadrado! Em<br />
Lisboa não podia ir brincar para a rua,<br />
não podia andar descalça e os vizinhos<br />
– nem os conhecia!<br />
Houve a questão da língua. Eu<br />
percebia português mas respondia em<br />
espanhol. Era a língua que toda a<br />
gente falava à minha volta. Em Lisboa<br />
as pessoas não entendiam espanhol.<br />
Ainda estávamos longe do mundo<br />
global. Eu respondia sempre em<br />
espanhol e por isso a adaptação na escola<br />
foi horrível. As educadoras diziam<br />
– mas o que é que ela quer dizer,<br />
quer água, tem fome? A minha irmã<br />
que era mais velha ajudava. Um dia<br />
respondi em português e a partir daí<br />
abriu-se outro mundo. Cheguei a casa<br />
triunfante e disse à minha mãe “lá na<br />
escola, toda a gente sabe falar espanhol!”<br />
Foi o meu primeiro contacto<br />
com o choque de culturas! Adoro Lisboa,<br />
tenho lá a minha família, isto foi<br />
apenas o primeiro embate e, visto de<br />
Berlim, as recordações ainda vêm<br />
mais ao de cima<br />
Aprendeste piano ainda eras<br />
muito miúda. Quando é que descobriste<br />
a tua vocação para o<br />
canto?<br />
Comecei com onze anos. Na realidade,<br />
eu queria ser pianista clássica<br />
– era o meu objectivo. Eu sabia que<br />
era música o que eu queria estudar.<br />
Recebi a minha educação musical no<br />
Instituto Gregoriano onde fiz oito<br />
anos de piano. Quando iniciei a educação<br />
vocal para aprender a colocar a<br />
voz, o professor disse-me que tinha<br />
uma voz com potencial. Para mim foi<br />
uma revelação e senti que era isso<br />
mesmo que eu queria. A certa altura<br />
suspeitei que a formação que estava a<br />
receber não era a melhor. Durante<br />
dois anos seguidos, ganhei uma bolsa<br />
de mérito na Universidade de Évora.<br />
E usei-a para ir treinar a voz na Áustria<br />
e foi aí que me disseram que estava<br />
a arruinar a minha voz. Vim para<br />
a Alemanha em 2003.<br />
Tiveste inúmeros sucessos na<br />
área do canto, primeiro em Portugal<br />
e depois na Alemanha, e<br />
foste mesmo laureada.<br />
Fui laureada na Competição Internacional<br />
de Canto na Deutsche Oper.<br />
Concorreram quatrocentas e cinquenta<br />
pessoas de cerca de quarenta<br />
países diferentes. Vivia em Rostock e<br />
vim a Berlim. Nesse dia, enquanto<br />
subia as escadas da Hauptbahnof,<br />
dizia-me a mim própria: “Vou ser<br />
vencedora, vou vencer”. Estava numa<br />
de ganhar e – ganhei! Fui depois convidada<br />
para a programação desse<br />
verão no Festival de Ópera de Reinsberg<br />
e fiz a “Noite de Reinsberg”<br />
numa moldura em que eu cantava e<br />
dançava flamenco na ópera Carmen.<br />
Participei também numa produção da<br />
ópera “La Dame Blanche” – adoro<br />
Reinsberg! Eles continuam a acompanhar-nos,<br />
seguindo o percurso dos<br />
laureados. É como se fosse uma família.<br />
És uma pessoa obviamente tenaz<br />
e perfeccionista!<br />
Completamente! Mas esta certeza<br />
que ia ganhar não me voltou acontecer<br />
em parte nenhuma. Foi o último<br />
concurso que fiz e foi um dia especial.<br />
Não vou sempre com essa disposição<br />
Como concilias a tua vida privada<br />
com os teus vários projectos?<br />
O meu marido apoia-me incondicionalmente.<br />
Quando tive a ideia da<br />
Berlinda, ele disse-me logo: “Excelente,<br />
é óptimo, força!” Eu gosto de<br />
ser mãe de família e de estar casada<br />
com ele.<br />
Vês-te como um elo entre a cultura<br />
e o público e sem dúvida<br />
tens um papel transcultural no<br />
mundo da língua portuguesa!<br />
Isso do elo foi a propósito de<br />
quando estou em palco. Quando canto<br />
sou um veículo que passa a informação<br />
ao público.<br />
E a Berlinda não é isso também?<br />
As pessoas estão a fazer coisas e<br />
eu quero que outras saibam disso e,<br />
nesse sentido, a Berlinda é um veículo<br />
e um elo entre a cultura e as pessoas.<br />
Tu és a força motriz da Berlinda.<br />
Foste tu que tiveste a ideia, que<br />
a desenvolveste, que angariaste<br />
os colaboradores. Como é que<br />
isso funciona?<br />
A minha ideia é que a Berlinda<br />
seja cada vez mais autónoma. Que as<br />
pessoas façam as coisas por elas próprias<br />
para eu me poder dedicar à parte<br />
da produção e arranjar os contactos.<br />
Quero confiar na minha equipa. Não<br />
quero ser omnipresente. Expliquei<br />
que não quero gerir um Blog de uma<br />
portuguesa em Berlim. Quero uma<br />
coisa universal. A Berlinda é um magazine,<br />
uma revista cultural online.<br />
Para mim é feminino, mas para muita<br />
gente isto não é evidente. O meu projecto,<br />
o meu cavalo de batalha, é a<br />
Berlinda.<br />
Queres-me falar do teu elo e interesse<br />
pela música sefardita?<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Não tenho elo nenhum a não ser<br />
um grande interesse pela música sefardita.<br />
Fascina-me pensar que houve<br />
um tempo em que as três religiões<br />
monoteístas conviveram em paz e<br />
algo cultural se desenvolveu entre<br />
elas na Península Ibérica. Devíamos<br />
aprender todos com isto. A mistura de<br />
culturas é o meu “roter Faden”, fascina-me.<br />
Depois eles levaram essa<br />
mistura para vários sítios. Tive o prazer<br />
de fazer o meu curso de canto com<br />
uma israelita que me ensinou a pronunciar<br />
o hebraico. Neste momento,<br />
interessa-me a parte teórica. Como é<br />
que tudo isso se passou e o percurso<br />
dos sefarditas, sobretudo, daqueles<br />
que vieram para a Alemanha. Quero<br />
escrever sobre os sefarditas em Berlim.<br />
É uma investigação que ando a<br />
fazer há anos. E gostaria de fazer um<br />
documentário sobre isso.<br />
Queres falar dos teus projectos<br />
futuros?<br />
Vamos continuar a publicar em<br />
português e em alemão. Depois de<br />
cada espectáculo, juntamo-nos para<br />
fazer o balanço e decidir o que deveria<br />
ser diferente da próxima vez.<br />
Estamos a trabalhar num projecto de<br />
festival da Berlinda de língua e cultura<br />
portuguesas, planeado para meados<br />
de Outubro a meados de<br />
Novembro. Queremos juntar manifestações<br />
culturais de língua portuguesa<br />
aqui em Berlim – cinema, literatura e<br />
artes plásticas com pessoas convidadas<br />
e locais. O objectivo é a divulgação<br />
dos países de língua portuguesa.<br />
Durante um mês inteiro a cultura e a<br />
língua portuguesas vão estar presentes<br />
em Berlim. Temos parcerias com instituições<br />
de Portugal, Brasil e Angola,<br />
e estamos a trabalhar para fazer<br />
uma mostra grande da cultura de língua<br />
portuguesa. Todos os eventos vão<br />
ser traduzidos. Vamos ter sessões literárias<br />
com Mia Couto e Ondjaki com<br />
os tradutores dos livros deles. O cineasta<br />
Pedro Pimenta também vai estar<br />
presente. Já estão todos confirmadissimos.<br />
E o teu canto lírico, tens espectáculos<br />
previstos?<br />
Não há nada previsto. Quando<br />
criei a Berlinda decidi fazer uma<br />
pausa nas outras coisas. Recebi convites<br />
de todo o lado. Estive recentemente<br />
na Festa do Avante e tive o<br />
privilégio de cantar com cantores de<br />
ópera que admiro desde criança. A<br />
minha posição agora é a de não correr<br />
atrás de ninguém. Fico muito contente<br />
se for convidada, mas não ando atrás<br />
de ninguém porque o que estou a<br />
fazer activamente é a Berlinda.<br />
Cristina Dangerfield-Vogt
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Euro - 10 anos depois:<br />
Habitantes de aldeias da Guarda ainda têm dificuldades<br />
em manusear moeda única<br />
Dez anos depois da entrada<br />
em vigor do euro em Portugal,<br />
os habitantes de muitas<br />
localidades da região da<br />
Guarda ainda fazem as contas<br />
em escudos e têm dificuldades<br />
em lidar com a<br />
moeda europeia.<br />
„As pessoas mais idosas<br />
ainda não se adaptaram e têm<br />
problemas com o euro“, disse o<br />
presidente da Junta de Freguesia<br />
de S. Pedro do Jarmelo.<br />
A freguesia abrange as aldeias<br />
de Urgueira, Donfins,<br />
Ima, Pereira, Granja, Almeidinha,<br />
Devesa e Mãe de Mingança<br />
(metade), onde residem<br />
cerca de 200 pessoas, maioritariamente<br />
idosas.<br />
O autarca Hermínio Cabral<br />
contou que algumas mulheres<br />
da terra „vão ao padeiro ou ao<br />
azeiteiro [vendedor ambulante]<br />
e dão-lhe a carteira para as<br />
mãos para serem eles a retirar a<br />
quantia com que fazem o pagamento“.<br />
„Verifica-se que as pessoas<br />
de idade ainda têm dificuldades<br />
em trabalhar com o euro. Por<br />
vezes, digo-lhes que um euro representa<br />
200 escudos mas, nem<br />
assim conseguem encarreirar<br />
com a moeda“, admitiu.<br />
Hermínio Cabral relatou ter<br />
assistido a situações em que „as<br />
Escritório de Representação na Alemanha<br />
Estar fora não é estar distante.<br />
O Montepio está perto da comunidade portuguesa no estrangeiro,<br />
para concretizar os seus sonhos e darlhe todo o apoio, sempre que<br />
necessário.<br />
Todos temos o nosso lugar. O do Montepio é junto a si.<br />
E porque queremos estar mais próximos<br />
Seleccionamos Candidatos/as<br />
Em Full e/ou Parttime para as seguintes zonas:<br />
Stuttgart, Colónia, Düsseldorf, Hamburg.<br />
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Montepio Escritório de Representação na Alemanha<br />
Schäfergasse 17, 60313 Frankfurt / Main<br />
ldfreitas@montepio.pt Tel. 069 91394716/17/47<br />
pessoas julgam que uma nota de<br />
10 euros equivale a 10 contos de<br />
réis [mil escudos]“.<br />
Maria José Trindade, 88<br />
anos, moradora na aldeia de Urgueira,<br />
onde habitam cerca de<br />
15 pessoas, reconheceu que no<br />
dia a dia, o seu pensamento<br />
ainda „foge para o escudo“ mas<br />
Valores que crescem consigo<br />
nunca teve problemas com a<br />
moeda única, embora a adaptação<br />
inicial tenha custado<br />
„um bocadito“.<br />
„Lido com o euro e já não<br />
penso no escudo, simplesmente,<br />
quando compro qual quer<br />
coisa, o pão por exemplo, dou<br />
por mim a pensar: paguei 1,50<br />
euros, o que equivale a 300 escudos“,<br />
disse.<br />
Referiu que outros moradores<br />
na povoação, onde o habitante<br />
mais novo tem „mais de<br />
30 anos“, têm „maior dificuldade“<br />
do que ela em lidar com a<br />
moeda europeia e ainda raciocinam<br />
em escudos.<br />
„Uma senhora, que vai fazer<br />
100 anos em Fevereiro, quando<br />
me pede para pagar uma missa,<br />
dá-me 15 euros e diz sempre: lá<br />
vão três contos [três mil escudos]“,<br />
relatou.<br />
A irmã, Maria Miragaia, 66<br />
anos, lembrou que em 01 de<br />
janeiro de 2002, ocorreu „uma<br />
transição muito grande“, daí<br />
que ainda não esteja devida-<br />
Rojões à Minhota, Frango<br />
no Churrasco, Arroz de<br />
Marisco,<br />
Pescada no Forno<br />
e ainda o saboroso<br />
Cozido à Portuguesa<br />
(por encomenda),<br />
Cabrito Assado<br />
e Leitão à Bairrada<br />
(por encomenda)<br />
Hor. de abertura: Seg. a Dom.:<br />
das 17h30-22h30<br />
Quartas: Descanso<br />
Venda ao Domicilio e fornecimento de toda<br />
a pastelaria portuguesa<br />
para restaurantes,<br />
pastelarias, cafés,<br />
eventos, público, etc.<br />
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Degustar<br />
a cozinha portuguesa<br />
num restaurante<br />
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ambiente agradável<br />
e familiar<br />
Restaurante Farol<br />
Münsterstr 60<br />
48565 Borghorst<br />
Tel.: 02552 – 702630<br />
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Tel.: 02331 – 484804<br />
Mobil 0171 – 645 80 93<br />
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Inh. Adélio Oliveira<br />
Pense nas coisas boas e doces da vida. Pense em nós!<br />
13<br />
mente adaptada ao euro.<br />
„Quando as quantias são pequenas,<br />
faço as contas certas<br />
mas, a partir dos 100 euros, faço<br />
confusão. E quando ouço falar<br />
em mais de mil euros, nem lhe<br />
digo nada, não consigo fazer a<br />
equivalência a escudos“, assumiu.<br />
Contou que os idosos da<br />
terra também lhe pedem ajuda<br />
„quando tencionam dar dinheiro<br />
a alguém, porque associam<br />
que 20 euros são 20<br />
escudos e que 50 euros equivalem<br />
a 50 escudos“.<br />
„Por vezes, dizem que querem<br />
ofertar três contos aos<br />
netos, e eu digo-lhes para darem<br />
uma nota de dez euros e outra<br />
de cinco“, explicou Maria Miragaia.<br />
Apesar de assumir que a fase<br />
mais difícil de adaptação ao<br />
euro „já passou“, a mulher rejeitou<br />
„o regresso ao escudo“.<br />
„Regressar ao escudo está<br />
fora de hipótese. Seria muito<br />
mau para o País“, concluiu.<br />
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Desejamos a todos os<br />
clientes, amigos e a<br />
toda a comunidade lusa<br />
Feliz Natal e um Bom<br />
Ano Novo
14 Nós<br />
Joaquim Peito<br />
www.manulena-kerzen.de<br />
Manulena<br />
quer iluminar<br />
os lares na<br />
Alemanha<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Orgulhosamente Português. Saudades e Bacalhau<br />
› Várias razões para (des)gostar de Portugal<br />
Portugal é um país de contrastes.<br />
Em meia dúzia de quilómetros,<br />
passa do verdinho minhoto às securas<br />
alentejanas, do sufocante<br />
IC19 à estrada deserta para Rio<br />
d’Onor, da mais irritante funcionária<br />
de guichê à generosa velhinha,<br />
que não sabe o caminho para<br />
o Porto, mas chama a vizinhança<br />
toda aos gritos, só para ajudar o<br />
viajante.<br />
É um ódio andarmos sempre a<br />
queixar-nos de tudo, como é um<br />
amor fazermos poemas e versos a<br />
torto e a direito. É um amor o cuidado<br />
que temos com as crianças<br />
uns dos outros, como é um ódio a<br />
culpa morrer sempre solteira, por<br />
mais conhecidos que sejam os responsáveis.<br />
Há muitíssimas e variadas razões<br />
para amar Portugal: a tolerância,<br />
a delicadeza, o<br />
desenrascanço, a hospitalidade, os<br />
fabulosos comes e bebes e por aí<br />
fora. E há outras tantas para odiar<br />
o nosso jardim: os doutores da<br />
mula ruça, a falta de auto-estima<br />
nacional, a invejinha, os poderzinhos,<br />
as chatices da burocracia, o<br />
atraso de vida que é fazer tudo às<br />
três pancadas... conceitos que são<br />
definitivamente nascidos e criados<br />
na nossa querida língua.<br />
Eu gos-to mui-to da mi-nha terra.<br />
Por muitas razões, por dez,<br />
cem, mil, milhões de razões.<br />
A crise preocupa-o? Preocupese<br />
com a crise, mas veja algumas<br />
razões e lembre-se de outras. Isto<br />
é um verdadeiro caso de coração.<br />
E você, querido leitor pode fazer<br />
também a sua lista pessoal. Divirta-se,<br />
mas não se alargue: só<br />
vale 10 de cada.<br />
Aqui vão as minhas razões<br />
para Amar esta pequena praia<br />
lusitana que é Portugal.<br />
Amália Rodrigues, o fado<br />
dispensa apelido e o Vinho do<br />
Porto, uma obra de arte conjunta<br />
feita por homens e geografia em<br />
Portugal Continental. Os Barcos<br />
rabelos, heróis do Douro, transporte<br />
do nobre Porto, hoje parte<br />
da paisagem. O fabuloso e excêntrico<br />
Cristiano Ronaldo, todo o<br />
mundo fala alemão quando diz<br />
Volkswagen e o queijo da Serra,<br />
o melhor queijo do mundo, facto<br />
felizmente desconhecido neste<br />
Portugal (des)conhecido. Os Tapetes<br />
de Arraiolos, uma pequena<br />
vila alentejana vale o<br />
Império Persa e a sopa de<br />
pedra, prova de que o engenho<br />
humano pode fazer, com muito<br />
pouco, grandes maravilhas. A<br />
Nossa Senhora de Fátima, o plebiscito<br />
luminar da fé católica: cada<br />
vela cada voto (e que diz o terceiro<br />
segredo?) e a saborosa bolacha<br />
maria, para o menino e para a<br />
menina, para o bebé e para o avô,<br />
a água das pedras, H2O e algo<br />
mais. Experimente pedi-la noutra<br />
língua e a vida de café dos portugueses,<br />
mãe de todos os ócios e<br />
madrasta de alguns talentos. Não<br />
conseguimos sobreviver sem cafeína<br />
(não cocaína). O improviso,<br />
arte portuguesa de<br />
complicar o mais simples e facilitar<br />
o impossível e o Infante D.<br />
Henrique, o navegador, o homem<br />
das costas mais largas e Sagres,<br />
um passo em frente e era o<br />
abismo. Não foi, mas era preciso<br />
tentar. Copo de três, a mais económica<br />
forma de afogar dores e<br />
festejar a alegria, o vinho Rosé, o<br />
parente mais próximo (alcoolico)<br />
da coca-cola e o vinho verde, ou<br />
as uvas mais precoces do Mundo.<br />
Portugal vinícola, Portugal de excelentes<br />
vinhos. A Vista Alegre,<br />
a loiça que não lembra partir e a<br />
loiça das Caldas, a única que<br />
justifica classificação etária. O<br />
(in)fiel amigo, chamado de bacalhau,<br />
longe das montras e bolsas,<br />
nunca do coração. Uma de cada<br />
três receitas portuguesas usa-o e a<br />
bica, café rebatizado para servir<br />
as funções e acompanhado com<br />
bagaço, o Adão e a Eva provaram<br />
que nem sempre a fruta é inofensiva.<br />
Com a uva, lembrámos a<br />
Paulo Dias<br />
Warendorferstr.148<br />
48145 Münster<br />
Tel: 0251 28 76 91 50<br />
facto –Portugal. A sardinha, a<br />
mulher e a sardinha (portuguesa)<br />
a melhor é a pequenina, a do<br />
nosso mar e o sol, por razões que<br />
lhe são alheias, deixou de nunca se<br />
pôr sobre solo português. Foi<br />
então que descobrimos que o<br />
nosso é melhor que o dos outros<br />
neste mar salgado, quando do<br />
seu sal são: a) lágrimas de Portugal<br />
(aspeto histórico); b) materialprima<br />
de Salinas (económico); c)<br />
causa de hipertensão (sanitário).<br />
Somos uma nação de hipertensos.<br />
Galo de Barcelos<br />
A caravela, barco que deu ao<br />
mundo novos mundos e a navegação<br />
contra o vento e o hóquei em<br />
patins, a nossa assinatura nos pódios<br />
da Europa e do Mundo<br />
(quousque tandem abutere),<br />
Olimpíadas…) cantando a Portu-<br />
www.manulenakerzen.de<br />
Email: mail@manulena.de<br />
guesa, uma canção de multidões.<br />
O barrete do campino, o único<br />
que se enfia com orgulho ou<br />
quando a bandeira nacional se usa<br />
na cabeça e toiros, fera de cultivo,<br />
servida com tempero de vinho,<br />
fado e guitarradas e a pega de<br />
caras, a única ocasião em que<br />
ainda pegamos o toiro pelos cornos.<br />
Portugal, o país dos poetas,<br />
“Grande é a poesia, a bondade e<br />
as deusas” (Fernando Pessoa). O<br />
Português Suave, o tabaco que<br />
escolheu a marca do nacional-porreirismo<br />
e o cozido à portuguesa,<br />
a grande confusão numa panela,<br />
provando que, juntando coisas<br />
boas, se obtém uma coisa boa e o<br />
Leitão da Bairrada, o mais saboroso<br />
infanticídio da gastronomia<br />
portuguesa. O caldo verde,<br />
a couve reinventada e a broa,<br />
Hm, que b(r)oa é ? As tripas à<br />
moda do Porto, das entranhas<br />
vieram, às entranhas tornarão e o<br />
azeite, o da azeitona e o que se faz<br />
ao fazer o mínimo possível. O senhor<br />
prior, a razão porque os<br />
psiquiatras entre nós não têm toda<br />
a fama e proveito e os cravos,<br />
vermelhos (uma no cravo), brancos<br />
ou azuis (outra na ferradura) e<br />
o porco, a versão mais gorda das<br />
vacas magras. Algarve, o litoral<br />
que nos é mais próximo teve que<br />
esperar pelo século XX para ser<br />
descoberto e o azulejo, ou “ainda<br />
bem que nem tudo o que a luz é<br />
oiro” - Portugal. O manuelino,<br />
quando o mar, as tempestades e a<br />
natureza tiravam retrato em pedra<br />
e o Santo António, o nosso (não<br />
o de Pádua) sem dúvida. A história,<br />
um feriado e vários casais reclamam-no<br />
e a cunha, maneira<br />
de abrir portas fechadas e portas<br />
que não há. O manjerico, as<br />
plantas não se medem aos palmos.<br />
Desejos e sinais em folhas pequenas<br />
e a guitarra portuguesa, do<br />
tempo em que os instrumentos falavam,<br />
ficou-nos este em fado e o<br />
galo de Barcelos de barro cozido<br />
e pintado, a bandeira nacional<br />
do artesanato que,<br />
antigamente, se punha por cima<br />
do frigorífico e que hoje se vende<br />
aos turistas: Portugal, Portugalo.<br />
A capa e a batina, a nossa tradi-<br />
ção mais negra. O bidé, de como<br />
na higiene descemos ao pormenor<br />
e a rolha de cortiça (somos o<br />
maior exportador do mundo),<br />
mete uma árvore na sua garrafa. O<br />
país do queixume, pessimismo<br />
egocentrico: “Só a mim…” e o<br />
brandura dos nossos costumes,<br />
o crime com pouco castigo, o prémio<br />
com pouco alarde, a esponja.<br />
Calouste Gulbenkian, uma das<br />
melhores coisas que nos aconteceu<br />
desde a fundação da Nacionalidade<br />
e o Zé povinho, a<br />
derradeira frase: “Mas eu não<br />
quero ser salvo…” O emigrante,<br />
ame-o e deixe-o… ficar no estrangeiro,<br />
o turista, o Verão do nosso<br />
contentamento e o guarda-republicano,<br />
a única tropa que<br />
temos para turista ver. A mulata,<br />
a cooperação luso-africana que se<br />
vê pelos seus frutos e as primas e<br />
primos de como aqui o mundo é<br />
pequeno ou “mas você é filho de<br />
quem!?”. Portugal, o país das<br />
pontes é como ir de feriado a feriado<br />
sem por o pé em trabalho<br />
(verde). A Baixa da Caixa, o que<br />
fica quando se acabam as férias,<br />
feriados e pontes e a Telenovela,<br />
na arte de fazer render o peixe<br />
somos tão bons como os melhores.<br />
As telenovelas é um dos nossos<br />
“must”. Primeiro as brasileiras,<br />
agora as portuguesas. São vistas<br />
em família e, no geral, só são destronadas<br />
pelo futebol, mas por<br />
vezes os telejornais sobem para os<br />
primeiros lugares. A Revista,<br />
quando pagámos para nos rirmos<br />
de nós e a bela Inês de Castro, a<br />
mais bonita e macabre das nossa<br />
histórias de amor. Portugal, o país<br />
dos nostálgicos elétricos, ecológico,<br />
forrado a matérias nobres,<br />
com um desprezo soberano pelo<br />
horários. O transporte dos grandes<br />
senhores e a calçada portuguesa,<br />
a arte que nos damos ao<br />
luxo de calcar aos pés.<br />
O Brasil, o filho que fez render<br />
as moedas e o Totobola, “foi<br />
você que disse que o 13 é um número<br />
de azar?...”<br />
Agora caro(a) leitor(a) cá fico<br />
à espera das suas razões para<br />
(des)gostar de Portugal<br />
Velas de Consumo<br />
Decorativas e de Aromas<br />
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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Stolz Portugiese zu sein. Heimweh und Bacalhau<br />
› Verschiedene Gründe, Portugal zu mögen (oder nicht)<br />
Joaquim Peito<br />
Portugal ist ein Land aus Kontrasten.<br />
Auf einem halben Dutzend<br />
Kilometern kommt man vom immergrünen<br />
Minho bis in den<br />
staubtrockenen Alentejo, von der<br />
überlasteten IC19 bis auf die verlassene<br />
Straße nach Rio d’Onor,<br />
von der nervigsten Schalterbeamtin<br />
bis zum liebenswürdigen Mütterchen,<br />
das zwar den Weg nach<br />
Porto nicht kennt, aber die ganze<br />
Nachbarschaft zusammenschreit,<br />
nur, um dem Reisenden behilflich<br />
zu sein.<br />
Grässlich, dass wir uns ständig<br />
über alles beklagen, aber rührend,<br />
wie wir immer und überall Gedichte<br />
und Verse schmieden.<br />
Wunderbar die Fürsorge, mit der<br />
wir mit den Kindern anderer umgehen,<br />
und schrecklich, dass die<br />
Schuld immer ungeklärt bleibt,<br />
wie wohlbekannt die Verantwortlichen<br />
immer sein mögen.<br />
Es gibt sehr, sehr viele, verschiedene<br />
Gründe, Portugal zu lieben:<br />
Toleranz, Höflichkeit,<br />
praktisches Geschick, Gastfreundschaft,<br />
fabelhafte Speisen und Getränke<br />
und so weiter und so fort.<br />
Und es gibt eben so viele, unseren<br />
„Garten am Meer“ zu hassen: getürkte<br />
Doktortitel, mangelnde nationale<br />
Selbstachtung, Missgunst,<br />
Machtspielchen, Ärger mit der<br />
Bürokratie, ewig im Verzug, weil<br />
alles irgendwie gemacht wird, Begriffe,<br />
die letztendlich aus unserer<br />
geliebten Sprache geboren und erwachsen<br />
sind.<br />
Ich liebe mein Land sehr. Aus<br />
vielen Gründen, zehn, hundert,<br />
tausend, Millionen von Gründen.<br />
Die Krise belastet Sie? Dann<br />
sorgen Sie sich wegen der Krise,<br />
aber sehen Sie sich einige der<br />
Gründe an und erinnern Sie sich<br />
an andere. Das ist eine echte Herzenssache.<br />
Und Sie, lieber Leser,<br />
können auch Ihre persönliche<br />
Liste aufstellen. Viel Spaß dabei,<br />
aber nicht zu lang: nur je 10<br />
Gründe gelten.<br />
Hier sind meine Gründe,<br />
diesen kleinen lusitanischen Meeresstrand<br />
namens Portugal zu lieben.<br />
Amália Rodrigues, der Fado<br />
kann auf Beinamen verzichten,<br />
und Portwein, das gemeinsame<br />
Kunstwerk des Menschen und der<br />
Geographie des portugiesischen<br />
Festlandes. Die Douro-Kähne,<br />
Helden des Douro, die den edlen<br />
Portwein verschiffen und heute<br />
Teil der Landschaft sind. Der fabelhafte,<br />
exzentrische Cristiano<br />
Ronaldo, “die ganze Welt spricht<br />
Deutsch, wenn sie Volkswagen<br />
sagt“, und der Queijo da Serra<br />
(der Bergkäse), der beste der Welt,<br />
eine in diesem (un)bekannten<br />
Portugal Gottseidank unbekannte<br />
Tatsache. Die Teppiche von Arraiolos,<br />
ein kleines Dorf im Alentejo<br />
wiegt das Persische<br />
Kaiserreich auf, und die Sopa de<br />
Pedra (Steinsuppe), Beweis<br />
dafür, dass menschliche Erfindung<br />
große Wunder aus fast<br />
nichts zaubern kann. Unsere<br />
Liebe Frau von Fátima, diese kerzenschimmerndeVolksabstimmung<br />
des katholischen Glaubens:<br />
jede Kerze eine Stimme (wie war<br />
noch das dritte Geheimnis der<br />
Luzia?), und die leckere Bolacha<br />
Maria (Keks Maria) der Keks für<br />
Jungen und Mädchen, Säugling<br />
und Opa; Água das Pedras<br />
(Wasser aus Steinen) H2O und<br />
doch etwas mehr. Versuchen Sie<br />
einmal, danach in einer anderen<br />
Sprache zu fragen! Und das Kaffehausleben<br />
der Portugiesen,<br />
Born allen Müßiggangs und treue<br />
Fürsorge für etliche Talente. Ohne<br />
Koffein (nicht Kokain!) können<br />
wir nicht leben. Die Improvisation,<br />
diese portugiesische Kunst,<br />
das Einfachste zu komplizieren<br />
und das Unmögliche möglich zu<br />
machen; und Heinrich der Seefahrer,<br />
der Mann mit dem weiten<br />
Horizont, und Sagres, von dort<br />
noch ein Schritt bis zum Abgrund.<br />
Man tat ihn nicht, aber man<br />
müsste ihn versuchen. Copo de<br />
três (Dreistöckiger), die sparsamste<br />
Art, Schmerz zu ertränken<br />
und freudig zu feiern, der Rosé,<br />
der nächste (alkoholische) Verwandte<br />
der Coca-Cola und der<br />
Vinho Verde oder die frühreifsten<br />
Trauben der Welt. Weinland<br />
Portugal, Portugal der ausgezeichneten<br />
Weine. Vista alegre, die<br />
Marke Geschirr, die ewig hält, und<br />
Töpferware aus Caldas, die<br />
einzige, bei der eine Jahreszahl<br />
lohnt. Der (un)treue Freund namens<br />
Bacalhau, weg aus Schaufenstern<br />
und Geldbeuteln, aber<br />
nie aus dem Sinn. Eines von drei<br />
portugiesischen Rezepten braucht<br />
Bacalhau. Und die Bica, umgetaufter<br />
Kaffee, der den Menschen<br />
ermuntert zusammen mit einem<br />
Kurzen; schon Adam und Eva probierten,<br />
dass die Folgen nicht<br />
immer harmlos sind. Mit der<br />
Traube erinnern wir an die eine<br />
Tatsache – Portugal. Da haben wir<br />
die “Sardinha”, das sommersprossige<br />
weibliche Wesen und<br />
die (portugiesische) Sardine, die<br />
beste ist die ganz kleine, die aus<br />
unserer See, und die Sonne, die<br />
aus ihr unbekannten Gründen<br />
aufgehört hat, über portugiesischem<br />
Boden nie unterzugehen.<br />
Damals entdeckten wir, das unser<br />
Meer besser ist als andere der salzigen<br />
See, denn aus ihrem Salz<br />
kommen: a) die Tränen Portugals<br />
(im historischen Sinn); b) der<br />
Rohstoff der Salzgärten (im wirt-<br />
schaftlichen); c) die Ursache des<br />
Bluthochdrucks (im medizinischen).<br />
Wir sind ein Volk, das<br />
ständig unter Hochdruck steht.<br />
Die Karavelle war das Schiff,<br />
das der Welt neue Welten und das<br />
Segeln gegen den Wind bescherte,<br />
und das Rollhockey, unsere Unterschrift<br />
in den Stadien Europas<br />
und der Welt (quousque tandem<br />
abutere - wie lange noch verschweigen),<br />
die Olympiade…<br />
wenn die portugiesische Hymne<br />
gesungen wird, singen alle mit.<br />
Die Zipfelmütze des Stierhirten<br />
im Ribatejo – die einzige<br />
Zipfelmütze, die man stolz überzieht<br />
– oder die Nationalflagge auf<br />
“Zé Povinho”, v. Bordalo Pinheiro<br />
dem Haupt; und der Stier, das<br />
Kulttier, das mit Wein, Fado und<br />
Gitarrenklängen serviert wird,<br />
und die „Pega de caras“ (das<br />
Bändigen des Stieres ohne Blutvergießen,<br />
bei dem die Männer<br />
dem Stier frontal gegenübertreten),<br />
die einzige Gelegenheit, bei<br />
der wir den Stier noch bei den<br />
Hörnern packen. Portugal, das<br />
Land der Dichter, „Groß ist die<br />
Poesie, die Güte und die Göttinnen“<br />
(Fernando Pessoa). Der Português<br />
Suave (der sanfte<br />
Portugiese), der Tabak mit dem<br />
Markennamen vom Besten der<br />
Nation, und das „Cozido à Portuguesa“<br />
(der portugiesische<br />
Eintopf), das große Durcheinander<br />
im Topf, das beweist, dass<br />
gute Sachen zusammen auch<br />
Gutes ergeben, ach ja, und das<br />
Spanferkel von Bairrada, der<br />
leckerste Schlachtstückchen der<br />
portugiesischen Küche. Die<br />
Grüne Suppe, neu erfundener<br />
Kohl, und die „Broa“, Weih-<br />
nachtsbrot aus Mais, mhh,<br />
schmeckts nach mehr? Die Kutteln<br />
à la Porto, aus den Eingeweiden<br />
kommen sie und dorthin<br />
gehen sie, und das Olivenöl, das<br />
echte, und das, das man braucht,<br />
um glatt durchzurutschen. Der<br />
Herr Prior, die Ursache, warum<br />
die Psychiater bei uns nicht ganz<br />
soviel Ruf und Gewinn genießen<br />
wie anderswo, und die Nägel<br />
(auch: Nelken), die roten (ein<br />
Hammerschlag auf den Nagel),<br />
die weißen und blauen (den anderen<br />
auf das Hufeisen), und das<br />
Schwein, die fettere Version der<br />
(sieben) mageren Kühe (Jahre).<br />
Die Algarve, der Meeresstrand,<br />
der uns am nächsten liegt und<br />
doch bis ins XX. Jahrhundert auf<br />
seine Entdeckung warten musste,<br />
und die Blaukachel oder: „Gottseidank,<br />
dass nicht alles was<br />
glänzt Gold ist“ – das ist Portugal.<br />
Der Manuelinische Stil, das in<br />
Stein gehauene Abbild von See,<br />
Sturm und Natur, und der Heilige<br />
Antonius, unserer natürlich<br />
(nicht der von Padua). – die Geschichte,<br />
ein Feiertag und so manches<br />
liebende Paar berufen sich<br />
auf ihn. Und der Keil (auf<br />
Deutsch: Vitamin B), den man<br />
eintreibt, um verschlossene oder<br />
unsichtbare Türen zu öffnen. Das<br />
duftende kleinblätterige Basilikum,<br />
Pflanzen, nicht mit Maßen<br />
zu messen, weil sie Wünsche und<br />
Zeichen in kleinen Blättern sind.<br />
Die portugiesische Guitarre,<br />
aus den Zeiten als Instrumente<br />
noch sprachen, blieb uns dies eine<br />
als Fado (= Schicksal), und der<br />
Hahn (galo) von Barcelos, aus<br />
gebranntem Lehm und bemalt,<br />
die Nationalflagge der Volkskunst,<br />
den man früher auf das Buffet<br />
stellte und heute an Touristen verkauft:<br />
Portugal – „Portugalo“.<br />
Gehrock und Umhang (der<br />
Studenten), unsere schwärzeste<br />
Tradition. Das Bidé, denn bei der<br />
Hygiene nehmen wirs genau, und<br />
der Korken (wir sind Exportweltmeister),<br />
ein echter Baum in Ihrer<br />
Flasche. Das Land des Jammerns<br />
und Wehklagens, des<br />
egozentrischen Pessimismus:<br />
„Nur mir kann das passieren…“ –<br />
und die Milde in unserer Lebensart,<br />
Verbrechen mit milder Strafe,<br />
Preise mit gemäßigtem Ruhm, der<br />
Schwamm. Calouste Gulbenkian,<br />
mit vom Besten, das uns seit<br />
Begründung der Nationalität passiert<br />
ist; und „Zé povinho“ (der<br />
portugiesische Michel) und seine<br />
letzten Worte: „Aber ich will doch<br />
gar nicht gerettet werden….“. Der<br />
Emigrant, liebe ihn und lass ihn<br />
.... im Ausland; der Tourist, im<br />
Sommer unsere ganze Freude, die<br />
Republikanische Garde, als<br />
einzige Truppe nur für den Fremdenverkehr<br />
da. Die Mulattin,<br />
Zeugnis portugiesisch-afrikanischer<br />
Zusammenarbeit, die man<br />
Wir<br />
15<br />
an ihren Früchten erkennt; und all<br />
die Vettern und Cousinen, die<br />
uns fühlen lassen, wie klein doch<br />
die Welt ist, oder: „aber Sie sind<br />
doch Sohn, von wem gleich wieder!?“<br />
Portugal, das Land der<br />
Brücken (tage) zeigt, wie man<br />
von Feiertag zu Feiertag springt,<br />
ohne den Fuß in (die grünen Tage<br />
der) Arbeit setzen zu müssen. Die<br />
Ebbe in der Kasse ist das, was<br />
übrigbleibt, wenn Ferien, Feiertage<br />
und Brückentage zu Ende<br />
sind; und natülich die Telenovela,<br />
die Kunst des Auswalzens<br />
beherrschen wir so gut wie die<br />
Besten. Die Telenovelas sind eines<br />
unserer “Must”. Erst die brasilianischen,<br />
jetzt die portugiesischen.<br />
Sie werden “en famille” genossen<br />
und im allgemeinen nur vom Fußball<br />
entthront, aber manchmal erreicht<br />
auch die Tagesschau die<br />
ersten Plätze. A Revista (die<br />
Revue) bezahlen wir, um über uns<br />
selbst zu lachen; und die schöne<br />
Inês de Castro lieben wir als<br />
schönste und makaberste unserer<br />
Liebesgeschichten. Portugal, das<br />
Land der nostalgischen Straßenbahnen,<br />
ökologisch, ausgestattet<br />
mit edlem Material, die souverän<br />
jeden Zeitplan Lügen strafen. Die<br />
Fahrten großer Herren und das<br />
portugiesische Pflaster, die<br />
Kunst, bei der wir uns den Luxus<br />
erlauben, sie mit Füßen zu treten.<br />
Brasilien, die Tochternation,<br />
die Münzen im Wert steigen ließ<br />
und Totobola (Fußballwetten) ,<br />
„hatten Sie gesagt, 13 sei eine Unglückszahl?…“<br />
Und jetzt, lieber Leser, liebe<br />
Leserin, warte ich hier auf die<br />
Gründe, warum Sie Portugal<br />
mögen (oder nicht).<br />
(Übersetzung aus dem Portugiesischen<br />
von Barbara Böer Alves)
16<br />
Consultório<br />
Direito de estadia na Alemanha<br />
Abílio Ferreira *<br />
Apartir de 1 de <strong>Jan</strong>eiro<br />
de 2005 está a vigorar<br />
na Alemanha<br />
nova legislação sobre<br />
o direito de residência,<br />
resultante da aplicação<br />
da Directiva 2004/38/CE do<br />
Parlamento Europeu e do Conselho,<br />
de 29 de Abril de 2004,<br />
relativa ao direito de livre circulação<br />
e residência dos cidadãos<br />
da União Europeia (UE) e dos<br />
membros das suas famílias no<br />
território dos Estados-Membros.<br />
Assim, deixa de ser necessário<br />
o título de estadia (Aufenthaltserlaubnis)<br />
para os cidadãos<br />
da UE.<br />
Até 30 de Abril de 2006 os<br />
Estados-Membros devem fazer<br />
convergir as suas leis nacionais,<br />
regulamentos e provisões administrativas<br />
com os requisitos<br />
desta nova Directiva. A Alemanha<br />
passou a aplicá-la a partir<br />
de 1 de <strong>Jan</strong>eiro de 2005 com<br />
a entrada em vigor da „Zuwanderungsgesetz“.<br />
A Directiva determina o<br />
seguinte:<br />
TRADUÇÕES<br />
PORTUGUÊS ALEMÃO<br />
Claus Stefan Becker<br />
Tradutor ajuramentado junto dos<br />
Consulados-Gerais de Portugal<br />
em Frankfurt/M. e Stuttgart<br />
Im Schulerdobel 24<br />
79117 Freiburg i.Br<br />
Tel.: 0761 / 64 03 72<br />
Fax:0 761 /64 03 77<br />
E-Mail:info@portugiesisch-online.de<br />
ALEMÃO PORTUGUÊS<br />
Caro/a Leitor/a:<br />
Se é assinante,<br />
avise-nos se mudou ou<br />
vai mudar de residência<br />
Direito de residência até<br />
três meses ?<br />
1. Os cidadãos da União têm<br />
o direito de residir no território<br />
de outro Estado-Membro por<br />
período até três meses sem outras<br />
condições e formalidades<br />
além a de ser titular de um bilhete<br />
de identidade ou passaporte<br />
válido.<br />
2. O disposto no nº 1 é igualmente<br />
aplicável aos membros da<br />
família que não tenham a nacionalidade<br />
de um Estado-Membro<br />
e que, munidos de um passaporte<br />
válido, acompanhem ou se<br />
reúnam ao cidadão da União.<br />
Direito de residência por<br />
mais de três meses<br />
1. Qualquer cidadão da<br />
União tem o direito de residir no<br />
território de outro Estado-Membro<br />
por período superior a três<br />
meses, desde que:<br />
a) Exerça uma actividade assalariada<br />
ou não assalariada no<br />
Estado-Membro de acolhimento;<br />
ou<br />
b) Disponha de recursos suficientes<br />
para si próprio e para<br />
os membros da sua família, a<br />
fim de não se tornar uma sobrecarga<br />
para o regime de segurança<br />
social do Estado-Membro<br />
JTM Consulting<br />
GmbH<br />
• Contabilidade<br />
• Consultadoria fiscal,<br />
empresarial e financeira<br />
Sede: JTM@consystem.com<br />
Fuchstanzstr 58<br />
60489 Frankfurt /Main<br />
TM: 0172- 6904623<br />
Tel.069- 7895832<br />
Fax: 069-78801943<br />
de acolhimento durante o período<br />
de residência, e de uma cobertura<br />
extensa de seguro de<br />
doença no Estado-Membro de<br />
acolhimento; ou<br />
c) esteja inscrito num estabelecimento<br />
de ensino público ou<br />
privado, reconhecido ou financiado<br />
por um Estado-Membro<br />
de acolhimento com base na sua<br />
legislação ou prática administrativa,<br />
com o objectivo principal<br />
de frequentar um curso, inclusive<br />
de formação profissional, e<br />
d) disponha de uma cobertura<br />
extensa de seguro de doença<br />
no Estado-Membro de<br />
acolhimento, e garanta à autoridade<br />
nacional competente, por<br />
meio de declaração ou outros<br />
meios à sua escolha, que dispõe<br />
de recursos financeiros suficientes<br />
para si próprio e para os<br />
membros da sua família, a fim<br />
de evitar tornar-se uma sobrecarga<br />
para o regime de segurança<br />
social do Estado-Membro<br />
de acolhimento durante o período<br />
de residência; ou<br />
e) Seja membro da família<br />
que acompanha ou se reúna a<br />
um cidadão da União que preencha<br />
as condições a que se referem<br />
as alíneas a), b) ou c).<br />
2. O direito de residência dis-<br />
posto no nº 1 é extensivo aos<br />
membros da família de um cidadão<br />
da União que não tenham a<br />
nacionalidade de um Estado-<br />
Membro, quando acompanhem<br />
ou se reúnam ao cidadão da<br />
União no Estado-Membro de<br />
acolhimento, desde que este<br />
preencha as condições a que se<br />
referem as alíneas a), b) ou c) do<br />
nº 1.<br />
Formalidades administrativas<br />
para os cidadãos da<br />
União:<br />
1. Sem prejuízo do nº 5 do artigo<br />
5º, para períodos de residência<br />
superiores a três meses, o<br />
Estado-Membro de acolhimento<br />
pode exigir que os cidadãos da<br />
União se registem junto das autoridades<br />
competentes.<br />
2. O prazo para esse registo<br />
não pode ser inferior a três<br />
meses a contar da data de chegada.<br />
É imediatamente emitido<br />
um certificado de registo com o<br />
nome e endereço da pessoa registada<br />
e a data do registo. O incumprimento<br />
da obrigação de<br />
registo pode ser passível de sanções<br />
proporcionadas e não discriminatórias.<br />
3. Para a emissão do certificado<br />
de registo, os Estados-<br />
Rechtsanwalt/<br />
Advogado<br />
Victor Leitão Nunes<br />
Consultas em português<br />
40210 Düsseldorf Immermannstr. 27<br />
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Catarina Tavares,<br />
Advogada em Portugal<br />
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1250-071 Lisboa<br />
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Telf.: 00 351 21 370 00 00<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Membros só podem exigir que:<br />
o cidadão da União a quem<br />
se aplica a alínea a) do n.º 1 do<br />
artigo 7.º apresente um bilhete<br />
de identidade ou passaporte válido,<br />
uma confirmação de emprego<br />
pela entidade patronal ou<br />
uma certidão de emprego, ou a<br />
prova de que exerce uma actividade<br />
não assalariada;<br />
o cidadão da União a quem<br />
se aplica a alínea b) do n.º 1 do<br />
artigo 7.º apresente um bilhete<br />
de identidade ou passaporte válido<br />
e comprove que preenche as<br />
condições nela previstas, o cidadão<br />
da União a quem se aplica a<br />
alínea c) do n.º 1 do artigo 7º<br />
apresente um bilhete de identidade<br />
ou passaporte válido, comprove<br />
a sua inscrição num<br />
estabelecimento de ensino reconhecido<br />
e a sua cobertura extensa<br />
por um seguro de doença<br />
e a declaração ou meios equivalentes<br />
referidos na alínea c) do<br />
n.º 1 do artigo 7.º. Os Estados-<br />
Membros não podem exigir que<br />
esta declaração mencione um<br />
montante específico de recursos.<br />
* Foi até ao dia 20 de Dezembro<br />
Vice-Cônsul em Frankfurt que, entretanto,<br />
encerrou<br />
Advogado<br />
Carlos A. Campos Martins<br />
Direito alemão<br />
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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
O novo ano de 2012 mais uma<br />
vez nos traz, como geralmente<br />
tem acontecido, algumas surpresas<br />
e novidades. Desta vez<br />
parece-nos não serem tantas e<br />
tão importantes que nos possam<br />
preocupar em demasia,<br />
apesar de todas as discussões<br />
em volta do Euro, da sua desvalorização,<br />
da inflação, dos<br />
países europeus em queda,<br />
entre os quais se encontra Portugal.<br />
Vamos desejar se com o<br />
Novo Ano a estabilidade financeira<br />
volte a imperar. Desejamos,<br />
isso sim, que os políticos<br />
de todos os países europeus<br />
tomem consciência da situação<br />
e encontrem um caminho<br />
comum e justo para todos.<br />
Além de outras alterações<br />
vamos dar a conhecer aos nossos<br />
leitores algumas novidades<br />
que achamos estar mais diretamente<br />
relacionados com a comunidade<br />
portuguesa na<br />
Alemanha e em geral.<br />
* MUDANÇAS NA<br />
LEGISLAÇÃO DE<br />
FINANÇAS<br />
Gastos com o lugar<br />
de trabalho<br />
Para os gastos com a conservação<br />
ou o melhoramento<br />
do lugar de trabalho podem ser<br />
considerados isentos de impostos<br />
e sem justificativos, o<br />
valor de 1. 000 € para cada<br />
cônjuge e não 920 € como anteriormente<br />
eram reconhecidos.<br />
Viagens para<br />
e do trabalho<br />
Quem se desloca diariamente<br />
para o lugar de trabalho,<br />
usando os meios<br />
públicos, são-lhe reconhecidos<br />
a quantia de € 0,30 por cada<br />
quilometro ou então a quantia<br />
real despendida e devidamente<br />
justificada pelos bilhetes ou<br />
pela assinatura mensal nos<br />
mesmos meios transporte público.<br />
A partir do presente ano<br />
as finanças só reconhecem a<br />
totalidade dos gastos com as<br />
viagens relacionadas com o<br />
José Gomes Rodrigues<br />
trabalho se estas ultrapassarem<br />
os 4.500 € anuais. O procedimento<br />
anterior, ou seja, a<br />
contagem diária, já não é necessário.<br />
Isenção parcial de impostos<br />
para a educação dos<br />
filhos<br />
É considerada a partir deste<br />
ano uma quantia de 4.000 €<br />
livre de impostos para os filhos<br />
até os 14 anos de idade. Para os<br />
filhos possuidores duma deficiência<br />
devidamente comprovada,<br />
a idade é ilimitada. Para<br />
os filhos que frequentam a universidade<br />
e que façam parte do<br />
agregado familiar, a quantia<br />
tida em conta isenta igualmente<br />
de impostos, é de 6.000<br />
€ em vez dos 4.000 anteriores.<br />
Seguros de vida e de<br />
reforma privados<br />
Os juros garantidos para<br />
contratos de seguro de vida fechados<br />
a partir do presente<br />
ano descerão dos 2,25 % para<br />
1, 75 %.<br />
* ALTERAÇÕES EM<br />
VOLTA DAS REFORMAS<br />
Alteração gradual da<br />
idade de reforma aos<br />
67 anos<br />
A idade de reformas iniciará<br />
a partir de 2012 e na generalidade<br />
a aumentar<br />
gradualmente dos 65 anos de<br />
idade para os 67 anos de idade.<br />
Então, deste modo, todos os<br />
segurados que tenham nascido<br />
a partir de 1947, devem iniciar<br />
a sua reforma um mês depois,<br />
se acaso não desejarem que lhe<br />
seja encurtada a quantidade<br />
mensal de reforma no valor em<br />
0,30 % por cada mês a mais.<br />
Até de 2023 cada segurado irá<br />
atrasar a sua reforma em 1 mês<br />
cada ano. A partir de 2024<br />
serão aumentados dois meses.<br />
No ano 2029, ou seja a partir<br />
dos que nasceram em 1964<br />
estará então concluído o processo<br />
gradual iniciado este ano<br />
3<br />
Novo ano vida nova<br />
Alterações legislativas de maior interesse<br />
de 2012. A partir de então só<br />
será permitida a reforma aos<br />
67 anos de idade. Este capitulo<br />
das reformas com a sua alteração,<br />
poderá oferecer alguma<br />
confusão ou levantar certas<br />
dúvidas. Numa outra edição do<br />
PP comprometemo-nos elucidar<br />
este procedimento de<br />
forma a melhorar, dentro do<br />
possível, a sua compreensão.<br />
Redução dos descontos<br />
para a reforma<br />
Os descontos do ordenado<br />
ilíquido mensal para a reforma<br />
baixarão dos 19,90% para 19,<br />
60 % o que corresponderá em<br />
1.000 € ilíquidos o valor de 1,<br />
50 €. Esta descida é gradual e<br />
foi acordada em anos anteriores.<br />
Dentro de dois anos a redução<br />
de descontos<br />
corresponderá aos 19,10 %..<br />
Aumento da reforma<br />
Apesar de ainda não estar<br />
concluído o ajustamento pensões<br />
para o ano novo em curso,<br />
as probabilidades dum aumento<br />
das mesmas parecem<br />
viáveis. Os cerca de 20 milhões<br />
de pensionistas poderão ver<br />
aumentadas as suas reformas<br />
entre os 2,30% e 3,20%. Este<br />
aumento corresponderia para<br />
um reformado que recebesse<br />
1.000 € mensais, a quantia de<br />
32 ou 23 €, conforme vivesse<br />
na Alemanha do oeste ou no<br />
leste da país. É pouco, mas a<br />
averiguar-se esta previsão,<br />
mesmo assim, seria o maior<br />
aumento das pensões nos últimos<br />
dez anos.<br />
* Alterações sociais<br />
mais importantes<br />
Abono de família mais<br />
simplificado<br />
A partir deste ano, o abono<br />
de família será pago aos jovens,<br />
a partir dos 18 anos de<br />
idade, sem que lhes sejam averiguadas<br />
as fontes de receitas.<br />
Até agora os pais não recebiam<br />
abono de família desde que as<br />
receitas dos jovens em questão<br />
ultrapassassem a fronteira dos<br />
€ 8004 anuais. Esta condição<br />
desaparece automaticamente<br />
com o novo ano. Os jovens menores<br />
de 25 anos que frequentam<br />
a universidade estão<br />
sujeitos também a este novo<br />
regulamento.<br />
Aumento da ajuda<br />
financeira para os cuidados<br />
intensivos<br />
O pacote de ajudas financeiros<br />
para os diversos tipos de<br />
cuidados de doentes inválidos<br />
e acamados, por parte das diversas<br />
caixas de doenças, foi<br />
aumentado como tem vindo a<br />
acontecer desde 2008 a cada<br />
dois anos, como então anunciado.<br />
Este aumento foi gradual<br />
em cada dois anos<br />
encerrando-se no ano em<br />
curso. Apesar do aumento<br />
para os diversos tipos ou classes<br />
de cuidados não ter sido<br />
elevado, não tendo ultrapassado<br />
os 40 € mensais, para os<br />
três graus reconhecidos, conforme<br />
a incapacidade, convém<br />
ter sempre em conta. Se os cuidados<br />
a serem dados forem<br />
executados pelos familiares do<br />
necessitado/a o aumento é de<br />
10 € mensais em relação a<br />
<strong>Jan</strong>eiro 2010. Se o familiar que<br />
geralmente cuida da pessoa em<br />
questão se ausentar, seja por<br />
17<br />
doença ou por férias a caixa<br />
aumentou a ajuda para 1.550 €<br />
em vez dos 1.510 como era a<br />
partir de <strong>Jan</strong>eiro de 2010.<br />
Proteção das contas<br />
bancárias por penhora<br />
Até fins de 2011 as contas<br />
bancárias, mesmo para quem<br />
tivesse declarado insolvência,<br />
por dividas contraídas e na incapacidade<br />
de as saldar, estavam<br />
protegidas. A partir do<br />
novo ano, as contas dos que<br />
tenham declarado insolvência<br />
só estarão protegidas se for<br />
aberto uma nova conta que se<br />
chama no vulgo bancário “P-<br />
Konten”. No futuro, os interessados<br />
devem abrir esse tipo de<br />
conta nas suas instituições<br />
bancárias. Desta forma permanecem<br />
intocáveis ou protegidas<br />
os ingressos sociais, tais<br />
como a reforma, a ajuda social<br />
ao desemprego ou o abono de<br />
família. Até à quantia de 1028,<br />
89 € haverá a devida proteção.<br />
Esta quantia pode ser aumentada<br />
para quem tem compromissos<br />
financeiros com a<br />
esposa ou filhos. Os bancos<br />
exigem, para este tipo de clientes<br />
a quantia mínima de cinco<br />
euros mensais que poderá alcançar<br />
também os vinte euros.<br />
O ING-DiBa oferece aos seus<br />
clientes esta conta sem qualquer<br />
gasto adicional.<br />
ALGUNS EVENTOS AGENDADOS PARA 2012 A TER EM CONTA<br />
6 de Maio Eleições no estado de Schleswig-Holstein<br />
de 17 a 28 de Maio Festival internacional de Handel em Göttingen<br />
de 02 a 10 de Junho Feira Internacional do Automóvel em Leipzig<br />
03 deJunho Abertura do novo aeroporto internacional de Berlin Brandenburg que subs<br />
tituirá os aeroportos te Tegel e Tempelhof<br />
de 08 06 a 01.07 Campeonato mundial de Futebol na Ucrânia e na Polónia<br />
de 27.07 a 12.08 Jogos Olímpicos em Londres<br />
de 20.07 a 19.08 Mês do Ramadão para mos muçulmanos. Importante para quem esta a<br />
pensar em passar as suas férias em paises islâmicos.<br />
5 de Agosto Inicio do Campeonato alemão de futebol<br />
01 de Setembro Proibição na Europa das lâmpadas de ignição de 25 e 40 Watts<br />
de 10 a 14.10 Feira do Livro em Frankfurt<br />
21 de Dezembro Uniformidade na tarifa de seguros. A partir desta data o valor dos prémios,<br />
na maior parte dos seguros, não serão diferenciados por sexos.
18<br />
Agenda<br />
Tome Nota<br />
Endereços Úteis<br />
Embaixada de Portugal<br />
Zimmerstr.56 10117 Berlin<br />
Tel: 030 - 590063500<br />
Telefone de emergência<br />
(fora do horário normal<br />
de expediente):<br />
0171 - 9952844<br />
Consulado -Geral<br />
de Portugal em Hamburgo<br />
Büschstr 7<br />
20354 - Hamburgo<br />
Tel: 040/3553484<br />
Vice-Consulado de Portugal<br />
em Osnabrück<br />
Schloßwall 2<br />
49080 Osnabrück<br />
Tel:0541/40 80 80<br />
(aberto ao público só até ao dia<br />
13 de <strong>Jan</strong>eiro)<br />
Consulado-Geral<br />
de Portugal em Düsseldorf<br />
Friedrichstr, 20<br />
40217 -Düsseldorf<br />
Tel: 0211/13878-12;13<br />
Consulado-Geral<br />
de Portugal em Stuttgart<br />
Königstr.20<br />
70173 Stuttgart<br />
Tel. 0711/2273974<br />
Conselho das Comunidades<br />
Portuguesas:<br />
Alfredo Cardoso,<br />
Telelefone: 0172- 53 520 47<br />
AlfredoCardoso@web.de<br />
Alfredo Stoffel<br />
Telefone: 0170 24 60 130<br />
Alfredo.Stoffel@gmx.de<br />
Fadistas<br />
Ciro da Silva<br />
Nicole Cravide<br />
Guitarra Portuguesa<br />
Augusto Santos<br />
Viola<br />
João Silva<br />
Contacto:<br />
0231/33038306<br />
0178 - 23 61 837<br />
IMPORTANTE<br />
Às associações, clubes, bandas , etc..<br />
As informações sobre os eventos a divulgar deverão<br />
dar entrada na nossa redacção até ao dia 15<br />
de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289<br />
Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de<br />
José Eduardo,<br />
Telefone: 06196 - 82049<br />
jeduardo@gmx.de<br />
Maria da Piedade Frias<br />
Telefone: 0711/8889895<br />
piedadefrias@gmail.com<br />
Fernando Genro<br />
Telefone: 0151- 15775156<br />
fernandogenro@hotmail.com<br />
AICEP Portugal<br />
Zimmerstr.56 - 10117 Berlim<br />
Tel.: 030 254106-0<br />
Federação de Empresários<br />
Portugueses (VPU)<br />
Hanauer Landstraße 114-116<br />
60314 Frankfurt<br />
Tel.: +49 (0)69 90 501 933<br />
Fax: +49 (0)69 597 99 529<br />
Federação das Associações<br />
Portuguesas na Alemanha<br />
(FAPA)<br />
www.fapa-online.de<br />
Postfach 10 01 05<br />
D-42801 Remscheid<br />
Grupo de Fados<br />
Gerações<br />
Actuações em<br />
qualquer parte da<br />
Alemanha e em todos<br />
os tipos de eventos<br />
Contacto:<br />
0173-2938194<br />
Grupo de Fado Tradicional<br />
Antologia do Fado<br />
www.fado-dortmund.de<br />
<strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Citações do mês<br />
"Para quem sabe esperar, tudo vem a tempo."<br />
Marot , Clément<br />
Fazer o bem é o mais suave prazer que se pode experimentar."<br />
Amiel , Henri<br />
1-14.01.2011 – BERLIM<br />
- João Penalva . Exposição<br />
Local: Galerie Thomas<br />
Schulte<br />
Charlottenstr. 24 , 10117<br />
Berlin<br />
1-15.01.2012 – DUSSEL-<br />
DORF - Exposição de<br />
Leonor Antunes. Local:<br />
Kunstverein für die<br />
Rheinlande und Westfalen<br />
, Grabbeplatz 4 ,<br />
40213 Düsseldorf<br />
1-15. 01. 2012 – ARNS-<br />
BERG - Overseas – Jahresgaben<br />
2011 Exposição<br />
conjunta, com trabalhos<br />
de Rui Calçada Bastos .<br />
Local: Kunstverein Arnsberg<br />
, Königstr. 24 ,<br />
59821 Arnsberg<br />
7.01.2012 – OSNA-<br />
BRÜCK – Protesto<br />
contra o encerramento<br />
do consulado.<br />
Local: Universitätsplatz<br />
com desfile até<br />
ao vice- consulado.<br />
Início: 17h00<br />
11-25.01.2012 – HAM-<br />
BURGO - Cinema às<br />
Quartas , Ciclo: Escritores<br />
portugueses<br />
11.01.2012 : José Cardoso<br />
Pires: Livro de bordo<br />
(Portugal 1998, 52 min.)<br />
de Manuel Mozos<br />
25.01.2012 : António<br />
Lobo Antunes: Escrever,<br />
escrever, viver (Portugal<br />
20<strong>09</strong>, 53 min.)<br />
de Solveig Nordlund<br />
As sessões iniciam-se às<br />
18h15.<br />
Universität Hamburg -<br />
Centro de Língua Portuguesa<br />
/ Instituto Camões<br />
. Sala 663 , Von-Melle-<br />
Park 6 , 20146 Hamburg<br />
19-20 e 22. 01.2012 –<br />
MUNIQUE – Maria<br />
Joao Pires, Concertos<br />
com a Symphonieorchester<br />
des Bayerischen<br />
Rundfunks<br />
Direcção:<br />
Bernhard Haitink<br />
Obras de Wolfgang Amadeus<br />
Mozart e Anton<br />
Bruckner.<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
19.01.2012 / 20h00, Philharmonie<br />
im Gasteig,<br />
Rosenheimer Str. 5,<br />
81667 München<br />
20.01.2012 / 20h00, Philharmonie<br />
im Gasteig,<br />
Rosenheimer Str. 5,<br />
81667 München<br />
22.01.2012 / 11h00, Herkulessaal<br />
– Residenz<br />
München, Residenzstr. 1,<br />
80333 München<br />
24.01.2012 – FRANK-<br />
FURT /M – Conferência<br />
sobre o tema: : “Portugal<br />
und die Euro-Krise“.<br />
Local: : Spenerhaus,<br />
Hotel und Tagungszentrum,<br />
Am Dominikanerkloster,<br />
Dominikanergasse<br />
5, 60311 Frankfurt am<br />
Main. Início: 1915<br />
29.01.2012 – OLDEN-<br />
BURG - Sina Nossa Concerto<br />
. Local: Theater<br />
Laboratorium<br />
Wilhelmstr. 13 , 26121 Oldenburg.<br />
Início: 20h00
PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP - Livros<br />
Ler +<br />
Português<br />
Ler + português<br />
Formas de pagamento<br />
Junte a este cupão um cheque à ordem de<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong>VERLAG e envie-o para a morada<br />
do jornal ou, se preferir, pode pagar<br />
por débito na sua conta bancária.<br />
Se o desejar, pode ainda receber a sua encomenda<br />
à cobrança contra uma taxa que<br />
varia entre os 4 e os 7 € (para encomendas<br />
que ultrapassem os dois quilos) que é acrescida<br />
ao valor da sua encomenda.<br />
Não se aceitam devoluções.<br />
NOTA<br />
Nos preços já estão incluídos os custos de<br />
portes de correio nas encomendas pagas<br />
por débito (Lastschriftverfahren) e IVA<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP<br />
Tel.: 0231 - 83 90 289<br />
Os Portugueses<br />
Autor: Barry Hatton<br />
Preço: € 29,00<br />
Barry Hatton vive em Portugal há quase 25 anos. Correspondente da Associated Press em Portugal, o jornalista<br />
britânico revela no livro Os Portugueses aquilo que somos enquanto país e enquanto povo. Pelo<br />
menos aos olhos dos estrangeiros.<br />
No livro "Os Portugueses", Hatton relembra os principais momentos históricos que marcaram a nação,<br />
desde o período áureo dos Descobrimentos aos anos governados por Oliveira Salazar, sem esquecer a pela<br />
peculiar relação com Espanha, e termina com uma análise sobre a modernidade.<br />
«A minha intenção é lançar algumas luzes sobre este enigmático canto da Europa, descrever as idiossincrasias<br />
que tornam único este adorável e, por vezes, exasperante país e procurar explicações, fazendo o levantamento<br />
do caminho histórico que levou os portugueses até onde estão hoje.», avança o autor na nota<br />
prévia da obra.<br />
Paralelamente, a construção da identidade de Portugal enquanto povo e os vários estereótipos que (ainda)<br />
reinam além fronteiras são abordados e apresentados através de episódios vividos pelo autor ou por pessoas<br />
que lhe são próximas. De leitura obrigatória para todos quantos desconhecem a verdadeira alma lusa, portugueses<br />
ou não, "Os Portugueses" é uma obra obrigatória, escrita de forma apaixonada por um dos correspondentes<br />
mais antigos da imprensa internacional no nosso país.<br />
José Rodrigues dos Santos<br />
O último segredo<br />
- Preço: € 39,80<br />
FAX 0231 - 8390351<br />
correio@free.de<br />
Preencha de forma legível, recorte e envie para:<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP<br />
Burgholzstr. 43 - 44145 Dortmund<br />
Queiram enviar a minha encomenda à cobrança<br />
Queiram debitar na minha conta o valor da encomenda<br />
Ich ermächtige die fälligen Beträge von dem u.g. Konto abzubuchen.<br />
Bankverbindung<br />
Kontonummer:<br />
Bankleitzahl:<br />
Datum: Unterschrift<br />
NOVO<br />
Uma paleógrafa é brutalmente assassinada na Biblioteca<br />
Vaticana quando consultava um dos mais antigos<br />
manuscritos da Bíblia, o Codex Vaticanus. A polícia<br />
italiana convoca o célebre historiador e criptanalista<br />
português, Tomás Noronha, e mostra-lhe uma<br />
estranha mensagem deixada pelo assassino ao lado<br />
do cadáver.<br />
A inspectora encarregada do caso é Valentina Ferro,<br />
uma beldade italiana que convence Tomás a ajudala<br />
no inquérito. Mas a sucessão de homicídios semelhantes<br />
noutros pontos do globo leva os dois<br />
investigadores a suspeitarem de que as vítimas estariam<br />
envolvidas em algo que as transcendia.<br />
Na busca da solução para os crimes, Tomás e Valentina põem-se no trilho dos enigmas da Bíblia,<br />
uma demanda que os conduzirá à Terra Santa e os colocará diante do último segredo do Novo Testamento.<br />
A verdadeira identidade de Cristo.<br />
Baseando-se em informações históricas genuínas, José Rodrigues dos Santos confirma-se nesta obra<br />
excepcional como o grande mestre do mistério. Mais do que um notável romance, O Último Segredo<br />
desvenda-nos a chave do mais desconcertante enigma das Escrituras.<br />
TRAVESSIA DE VERÃO<br />
Truman Capote<br />
PREÇO: 11.50<br />
Obra póstuma e inédita,<br />
Travessia de Verão é um<br />
primeiro romance precoce<br />
e seguro que mostra o<br />
sentido implacável da narração<br />
de um dos maiores escritores do século<br />
XX. Os seus fraseados imaculados, a<br />
sua crua ironia e a sua visão das subtilezas<br />
das diferenças de classe anunciam os futuros<br />
triunfos de Capote.<br />
Miguel Torga<br />
Bichos<br />
Preço: € 11.50 <br />
«Querido leitor:<br />
São horas de te receber<br />
no portaló da minha pequena<br />
Arca de Noé. Tens<br />
sido de uma constância<br />
tão espontânea e tão<br />
pura a visitá-la, que é<br />
preciso que me liberte do<br />
medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente<br />
cumprimentar-me uma vez ao menos.<br />
Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu<br />
sou instintivamente grato e correcto (…)»<br />
CONTA-ME COMO FOI<br />
1(ª série, Parte 2)<br />
A melhor série de televisão portuguesa de todos os tempos!<br />
4 DVDs<br />
Preço: € 69<br />
CONTA-ME COMO FOI. A ficção<br />
acompanha o quotidiano<br />
de uma família<br />
portuguesa de classe<br />
média, os Lopes, que habitam<br />
um andar de um bairro<br />
social na Lisboa do final<br />
dos anos 60. Vivem como<br />
a maioria da sociedade<br />
portuguesa com limitações<br />
financeiras, que ainda<br />
assim permitem a aventura<br />
de comprar uma televisão. Um ”novo elemento da<br />
família” que vai ocupar lugar de destaque na casa<br />
dos Lopes. É a voz adulta de Carlos, o filho mais<br />
novo, com 8 anos em 1968, que narra a história.<br />
1ª série, parte 1 também disponível pelo mesmo preço<br />
Name /Nome<br />
Straße Nr / Rua<br />
PLZ /Cód. Postal Ort / Cidade<br />
Telefone<br />
Ort. Datum. Unterschrift / Data e assinatura<br />
NOTA DE ENCOMENDA<br />
Título Preço<br />
Soma<br />
CONTOS POPULARES PORTUGUESES<br />
Preço: € 12,00<br />
Contos Populares Portugueses são contos de todos os tempos e de<br />
todas as idades. Uma obra que nos devolve o imaginário e o maravilhoso<br />
da nossa cultura popular, e de que faz parte, entre outras,<br />
«História da Carochinha», «A Formiga e a Neve», «O<br />
Coelhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Lobo e a<br />
Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».
20 Passar o Tempo<br />
Encomenda de Livros<br />
Como Cortar Trabalhos de Bruxaria<br />
Formato: 14x21cm<br />
Páginas: 152<br />
Preço: 25,00 €<br />
Um ritual de magia negra posto em acção contra alguém pode<br />
prejudicar avítima e destruir a sua vida de forma brusca e surpreendente.<br />
Todas as áreasestão sujeitas a ficar afectadas.<br />
Tudo à sua volta parece ruir. E, mais graveainda, a vítima de<br />
magia negra não consegue encontrar forças para reagir. Neste<br />
livro de carácter prático, a autora apresenta rituais fáceis de<br />
executar quepermitem criar uma aura de protecção.<br />
Aprenda a Proteger-se<br />
Contra a Inveja e Mau-Olhado<br />
Formato: 15,5 X 23 cm<br />
Paginas: 156<br />
Preço: 19,90 €<br />
Nas alturas de maior fragilidade, há que criar uma protecção<br />
efectiva contra os possíveis efeitos das energias negativas.<br />
Neste livro damos-lhe conhecimento de mantigos amuletos, fórmulas,<br />
rituais práticos, orações e rezas especiais mpara que possa<br />
repelir esse encantamento maligno.<br />
Grande Livro de Orações<br />
PUB<br />
Formato: 14x21cm<br />
Páginas: 340<br />
Preço: 25.99<br />
É uma extensa antologia com centenas de orações a saantos,<br />
anjos, arcanjos e toda a corte celestial. Nestas páginas encontra<br />
uma mensagem de esperança, um motivo para acreditar que a<br />
fé existe e que nos rodeia em todos os momentos da nossa vida.<br />
É o companheiro ideal, pois as suas orações têm o poder de<br />
transmitir ao espírito a energia que restaura a alegria de viver e<br />
a confiança no amor, na paz e na esperanaa para o futuro.<br />
Aprenda a Viver Sem Stress<br />
Formato: 15,5 X 23 cm.<br />
Páginas: 100<br />
Preço: 20,99<br />
Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar?<br />
Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a<br />
sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar<br />
hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas<br />
suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever<br />
alguma coisa aos outros?<br />
Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo.<br />
Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua<br />
vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em<br />
stress.<br />
. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.<br />
Orações para Todos os Males<br />
Formato: 14x21cm<br />
Páginas: 90<br />
Preço: 22,00 €<br />
Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou<br />
espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações<br />
difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de<br />
orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar<br />
mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado,<br />
pela paz da família, contra doenças, etc.<br />
Cupão de Encomenda a: PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP na Pág.19<br />
Por Maria Helena Martins<br />
CARNEIRO<br />
Amor: deverá adoptar uma nova<br />
atitude para superar as provas<br />
com que se pode ter de deparar a<br />
este nível.<br />
Saúde: deverá dormir mais<br />
horas.<br />
Dinheiro: procure dar um novo<br />
impulso à sua vida profissional,<br />
diversifique as suas fontes de rendimentos.<br />
TOURO<br />
Amor: Evite ter qualquer tipo de<br />
atitude egoísta ou egocêntrica,<br />
pense duas vezes para não magoar<br />
o seu par.<br />
Saúde: Cultive a sua boa forma<br />
através de gestos simples: estacione<br />
o carro um pouco mais<br />
longe e ande a pé, troque o elevador<br />
pelas escadas, etc.<br />
Dinheiro: Tente conter-se um<br />
pouco mais nos seus gastos.<br />
GÉMEOS<br />
Amor: O seu charme e simpatia<br />
possibilitam-lhe alcançar a harmonia<br />
afectiva à sua volta.<br />
Saúde: Não tenha medo de aceitar<br />
aquilo que lhe parece novo ou<br />
diferente. É essa mudança que<br />
lhe vai permitir evoluir.<br />
Dinheiro: Deixe os seus investimentos<br />
darem frutos.<br />
CARANGUEJO<br />
Amor: Ao enfrentar algum problema<br />
lembre-se que este só poderá<br />
ser resolvido se for<br />
abertamente discutido pelos dois<br />
elementos do casal.<br />
Saúde: Cuidado com a alimentação<br />
hiper-calórica, não abuse.<br />
Dinheiro: Lembre-se que um<br />
bom líder deve ser capaz de cultivar<br />
o bom-humor, pois num ambiente<br />
agradável as pessoas<br />
CONSULTÓRIO ASTROLÓGICO<br />
E-mail: mariahelena@mariahelena.tv<br />
TELEFONE: 00 351 21 318 25 91<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Previsões <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
procuram dar o seu melhor.<br />
LEÃO<br />
Amor: Reconheça que ninguém<br />
consegue dominar as suas emoções<br />
em todos os momentos e não<br />
se recrimine quando não reage<br />
como gostaria. Admitir que não é<br />
perfeito é o primeiro passo para<br />
se sentir em paz.<br />
Saúde: Cuidado com as quedas,<br />
anda muito distraído.<br />
Dinheiro: Tudo irá correr pelo<br />
lado mais favorável neste sector.<br />
VIRGEM<br />
Amor: lembre-se que quando<br />
não arriscamos, por medo de perder<br />
a estabilidade que conseguimos,<br />
estamos a deixar de viver.<br />
Saúde: Com disciplina e autocontrolo<br />
melhorará certamente<br />
de qualquer situação difícil.<br />
Dinheiro: Uma pessoa amiga<br />
vai precisar da sua ajuda, não lhe<br />
falhe.<br />
BALANÇA<br />
Amor: É importante agir no momento<br />
certo, enfrentar os problemas<br />
sem lhes dar demasiado<br />
valor.<br />
Saúde: Procure com mais regularidade<br />
o seu médico assistente.<br />
Dinheiro: Não é o momento<br />
ideal para contrair nenhum empréstimo.<br />
ESCORPIÃO<br />
Amor: Seja mais carinhoso com<br />
o seu par.<br />
Saúde: Procure mais vezes o seu<br />
dentista.<br />
Dinheiro: Não se deixe abater<br />
por uma maré menos positiva<br />
nesta área da sua vida, pois nem<br />
tudo está perdido.<br />
SAGITÁRIO<br />
Amor: Este é um momento favorável<br />
para a conquista.<br />
Saúde: Vigie o seu estômago.<br />
Dinheiro: Observe e oiça o que<br />
o rodeia, procure conhecer e experimentar<br />
sempre mais, tome<br />
uma atitude perante as situações!<br />
CAPRICÓRNIO<br />
Amor: Dê mais atenção aos seus<br />
amigos, dedique-se mais àqueles<br />
que ama e que o amam, não tenha<br />
medo nem preguiça de começar<br />
coisas novas!<br />
Saúde: Lute contra a rotina. Não<br />
seja hipocondríaco, consulte o<br />
médico mas sem dramatismos.<br />
Dinheiro: Cuidado com os gastos<br />
supérfluos, corte com as despesas<br />
que não são realmente<br />
necessárias.<br />
AQUÁRIO<br />
Amor: lembre-se que estamos<br />
sempre a tempo de começar de<br />
novo, de fazer mudanças, vencer<br />
o mau humor, as frustrações e a<br />
impaciência.<br />
Saúde: está mais sujeito a dores<br />
de garganta.<br />
Dinheiro: tenha força para agarrar<br />
a vida com coragem!<br />
PEIXES<br />
Amor: Em vez de culpar os outros<br />
por aquilo que nos acontece,<br />
lembre-se que podemos escolher<br />
ultrapassar os obstáculos com<br />
que nos deparamos, utilizando-os<br />
para amadurecer e evoluir.<br />
Saúde: Valorize mais as suas<br />
qualidades.<br />
Dinheiro: Cuidado com as intrigas<br />
no local de trabalho, afaste-se<br />
de boatos. Em cada circunstância<br />
faça sempre o que lhe parece mais<br />
certo.<br />
Tanta Proibição Também Não<br />
O marido vem do médico e a mulher pergunta-lhe assim que chegou a<br />
casa.<br />
— Então? Que te disse o médico?<br />
— Proibiu-me de fumar e de beber.<br />
— Eu tinha razão: sempre te disse que o fumar e o beber te faziam mal,<br />
não te disse?<br />
— Mas... também me proibiu de trabalhar.<br />
— E tu ainda acreditas em tudo o que te dizem os médicos?!<br />
No que falam os homens<br />
Joana: Sempre gostava de saber no que falam os homens quando estão<br />
uns com os outros...<br />
Maria: Ora!... Naturalmente no mesmo que nós.<br />
Joana: Não me admiro nada. São todos uns patifes...
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Eu, ela e o outro<br />
Exmos Senhores,<br />
A minha história não tem nada<br />
de quê, sendo apenas um pouco<br />
insólita. É um caso de encontros e<br />
desencontros que pode acontecer<br />
a qualquer um.<br />
Costumo viajar muito de comboio<br />
pela Alemanha toda. Em algumas<br />
viagens que faço<br />
deparo-me às vezes com histórias<br />
que mereciam figurar num diário,<br />
que não escrevo. Muitas das histórias<br />
caem no esquecimento, outras<br />
ficam-me na memória. Viajar<br />
também é uma oportunidade para<br />
conhecer ocasionalmente pessoas,<br />
mas, como vamos de passagem,<br />
nunca consegui ter um conhecimento<br />
de quem fiquei amigo.<br />
Neste tempo as amizades custam<br />
muito fazer talvez porque pensamos<br />
muito só em nós. Não quer<br />
dizer que não tenha encontrado<br />
gente simpática, gente que talvez<br />
eu gostasse de partilhar a amizade.<br />
Como sou ainda solteiro e<br />
livre, também nas viagens vou<br />
conhecendo mulheres com quem<br />
se tem relações curtíssimas, muitas<br />
vezes por imposição das próprias<br />
com quem de passagem tive<br />
casos. Algumas delas exigem<br />
mesmo que depois do “caso” fiquemos<br />
tão desconhecidos como<br />
éramos dantes. Nunca perguntei a<br />
razão por que assim agiam. Pensava<br />
que talvez seriam senhoras<br />
casadas que não queriam muito<br />
simplesmente complicar a vida.<br />
Outras exageravam e passado uma<br />
hora de nos conhecermos já faziam<br />
planos para uma vida em<br />
comum. Dessas eu me despachava<br />
muito educadamente. Aprendi<br />
então a não dar o meu número de<br />
telefone de casa para não ter que<br />
atender a altas horas da noite para<br />
ouvir alguém a choramingar umas<br />
saudades que eu duvidava que tinham.<br />
Um dia conheci uma senhora<br />
no vagão-restaurante. Partilhámos<br />
por coincidência a mesma<br />
mesa. Não sei porquê mas neste<br />
anos todos de viagens apreciei<br />
muito almoçar nos ICEs ou<br />
quando não almoçava nunca perdia<br />
a oportunidade de saborear<br />
um bom vinho enquanto o comboio<br />
“comia” as distâncias e a paisagem<br />
se mudava a cada segundo.<br />
Nesse dia almoçava eu numa<br />
mesa de dois. Como eu ocupava a<br />
mesa sozinho, uma senhora<br />
pediu-me licença para ocupar a<br />
cadeira vaga. Ora essa, disse-lhe<br />
eu.<br />
Em principio não lhe dei muita<br />
importância, mas quando reparei<br />
nela vi que estava na presença de<br />
uma senhora muito distinta. Aparentava<br />
aí uns 40 e tal anos. O seu<br />
rosto, sem marcas do tempo, embora<br />
com um semblante sério era<br />
muito agradável. Não tinha ponta<br />
de maquilhagem. O cabelo de um<br />
castanho escuro era volumoso e<br />
uns ganchos bem colocados arrumavam<br />
um penteado que sem ser<br />
pomposo era muito bem tratado.<br />
Não sei porquê mas comecei a<br />
especular sobre as suas origens. É<br />
que de alemã nada tinha, nem sequer<br />
os olhos ,que eram de um<br />
cinzento luminoso e bom.<br />
Eu, habituado a estas situações,<br />
tinha a certeza de que a conversa<br />
com ela iria por acontecer.<br />
Poderia muito bem acontecer que<br />
o seu destino fosse a próxima estação<br />
e ficaria assim sem saber<br />
nada sobre ela.<br />
Diga-se que não sou muito falador<br />
nem sequer gosto de estar ali<br />
a olhar as pessoas como faz afinal<br />
muito gente. Por isso, eu continuava<br />
a saborear o meu almoço:<br />
Spätzle com carne de vaca enrolada<br />
e Rotkohl. Tinha muito caminho<br />
à minha frente e por isso ia<br />
naquela paz de quem goza a viagem<br />
enquanto lá fora naquele dia<br />
a neve caía em flocos pequeninos<br />
e densos.<br />
Às vezes as conversas começam<br />
quase do nada. E foi assim<br />
que aconteceu, isto é, como estávamos<br />
numa mesa para fumadores<br />
a senhora perguntou-me<br />
muito gentilmente se eu não me<br />
importaria que ela fumasse. Ora<br />
essa, faça o favor, acedi eu.<br />
E assim a conversa começou<br />
com ela a dizer-me que já por muitas<br />
vezes tinha tentado deixar o<br />
vício mas que não conseguiu. Eu,<br />
pelo meu lado, fui dando assim<br />
corda, perguntando isto e aquilo<br />
acerca das suas tentativas de deixar<br />
o fumo.<br />
Minutos após já estávamos a<br />
fazer as apresentações, trocando,<br />
como é costume nestas ocasiões,<br />
de cartões pessoais. No seu cartão<br />
li que ela era doutorada e que trabalhava<br />
para uma conhecida editora<br />
alemã. O seu nome, que aqui<br />
não revelo, condizia com a sua figura<br />
e, até certo ponto, com o seu<br />
estilo. Via-se que era uma pessoa<br />
bastante interessante, muito culta,<br />
inteligente mas nada snob. Por<br />
isso, muito me agradou enquanto<br />
pessoa.<br />
Entre nós a conversa desenvolveu-se<br />
e eu já estava a dizer o que<br />
fazia, que era português, enfim,<br />
aquelas coisas que se dizem<br />
quando conhecemos alguém. Foi<br />
com muito contentamento que<br />
soubemos que ambos viajávamos<br />
para a mesma cidade – Berlim -, e,<br />
coincidência das coincidência, que<br />
tínhamos reservado o mesmo<br />
Hotel – o Hilton – em Berlin-<br />
Mitte.<br />
Chegados a Berlim, cada um<br />
foi para os seus afazeres e ficámos<br />
de nos encontrar no hotel à hora<br />
do jantar para tomarmos uma refeição<br />
leve no próprio hotel.<br />
Foi um serão muito agradável.<br />
Se eu suspeitava de que tinha conhecido<br />
uma mulher muito interessante<br />
mais essa certeza se<br />
avolumou no decorrer dessa conversa.<br />
Durante esses momentos eu<br />
tive alguma dificuldade em a<br />
acompanhar na sua conversa, pois<br />
ela dominava tudo e todos os<br />
temas, de modo que eu tentava<br />
sempre levar a brasa à minha sardinha<br />
e fazer com que a conversa<br />
fosse dominada pelos assuntos<br />
que eu sabia discutir.<br />
Naquele entrementes, pensei<br />
que podia tirar o cavalo da chuva<br />
porque dali não vinha nada, quero<br />
dizer, sabia que depois daquele<br />
agradável serão cada um seguia<br />
muito direitinho para o seu quarto<br />
para dormir.<br />
ESCREVA-NOS<br />
e conte-nos a história da sua vida<br />
Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ou até<br />
mesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contar casos<br />
de que foram testemunhas ou os principais protagonistas.<br />
Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo, como<br />
cá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos que acalentamos<br />
para aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o primeiro dia de trabalho<br />
e, porque não, as dificuldades por que passamos.<br />
Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau.<br />
Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho da<br />
nossa presença neste país.<br />
Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas.<br />
Morada: PORTUGAL<strong>POST</strong><br />
Burgholzstr.43 • 44145 Dortmund • Fax: (0231) 83 90 351 •<br />
E mail: correio@free.de<br />
Mas não aconteceu assim. Isto<br />
é: aconteceu e não aconteceu<br />
assim.<br />
Eu explico.<br />
Despedimo-nos e seguimos<br />
para o elevador que nos levaria<br />
aos nossos quartos. Eu disse-lhe<br />
que tinha tido um enorme prazer<br />
em fazer o seu conhecimento, ela<br />
sorriu e disse que também gostou<br />
muito de me ter conhecido. Com<br />
minha surpresa, deu-me as faces<br />
para beijos de despedida e lá seguimos.<br />
Cheguei ao quarto com a certeza<br />
de que eu queria continuar a<br />
tê-la como relação e com outra<br />
certeza: é que isso não passaria<br />
mais dali. Tomei um duche, metime<br />
nos frescos lençóis do Hotel<br />
Hilton e liguei a TV para ajudar<br />
adormecer.<br />
Ia já no primeiro sono quando<br />
fui alarmado pelo toque irritante<br />
do telefone. Surpreendido e meio<br />
atordoado pelo sono dei por mim<br />
a escutar a voz dela a convidar-me<br />
para uma bebida no seu quarto<br />
porque não conseguia dormir.<br />
Claro que disse que sim.<br />
Depois desse primeiro encontro,<br />
combinámos outros em viagens<br />
que fazíamos. A nossa<br />
relação aproximou-nos mais um<br />
do outro e não sei se éramos amigos,<br />
amantes ou namorados. Talvez<br />
fossemos um pouco de tudo<br />
isso.<br />
O trabalho dela, em comparação<br />
com o meu, era interessantíssimo.<br />
Durante o tempo que estava<br />
com ela era um deleite ouvi-la a<br />
falar não apenas pelo que dizia<br />
mas também como o dizia. Parecia<br />
que as palavras saíam da sua boca<br />
com o som certo para entrarem<br />
sem receio nos nossos ouvidos.<br />
Um dia, quando já não nos vía-<br />
Vidas<br />
21<br />
mos há cerca de dois meses, ele<br />
convidou-me a ir passar um fimde-semana<br />
a sua casa.<br />
Acedi de bom gosto, mas...<br />
mas mais valia ter recusado se<br />
soubesse que ela morava com um<br />
homem que percebi que era seu<br />
marido.<br />
Ao chegar a sua casa, uma casa<br />
enorme construída com madeira e<br />
vidro nos arredores da cidade, fui<br />
recebido por ela. Como era quase<br />
hora de jantar ela levou-me primeiramente<br />
para uma cozinha<br />
agradável e espaçosa e aí comemos<br />
alguma coisa.<br />
Estávamos ali no meio da comida<br />
e da conversa quando entrou<br />
pela cozinha adentro um homem<br />
a quem me apresentou como<br />
sendo o Werner. Para minha surpresa,<br />
ele cumprimentou-me com<br />
muita polidez e beijou-a na boca<br />
dizendo “Bis gleich, mein Schatz”.<br />
Não tive a ousadia de lhe perguntar<br />
quem era, sei apenas que<br />
durante a noite enquanto eu dormia<br />
ela enfiou-se na minha cama<br />
em silêncio para pssado uma hora<br />
em silêncio sair para o quarto<br />
onde ela dormia com o tal Werner.<br />
Leiter Identificado<br />
Pedimos aos leitores que nos enviam<br />
correspondência para esta<br />
rubrica para não se alongarem<br />
muito nos textos que escrevem.<br />
Reservamos o direito de condensar<br />
e de trabalhar os textos que<br />
nos enviam.<br />
Obrigado.<br />
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22<br />
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Amizades &<br />
Afins<br />
SENHOR<br />
A viver na Alemanha, 58 anos, deseja<br />
contactar senhora até aos 58<br />
anos idade para fins de amizade.<br />
Resposta a este jornal Refª 0212<br />
SENHOR<br />
67 anos de idade, a viver na Alemanha,<br />
viúvo, sem encargos, deseja<br />
conhecer Senhora nas<br />
mesmas condições, com idade<br />
entre os 65 e 67 anos.<br />
Assunto sério.<br />
Resposta a este jornal.<br />
Refª 0101<br />
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legíveis e dirigidos ao jornal devidamente<br />
identificados com nome, morada e telefone<br />
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suas principais características, a melhor forma<br />
de o arranjar e outros aspectos importantes,<br />
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as tradições deste peixe noutros países<br />
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Economia & Negócios<br />
Submarinos:<br />
Ex-gestores da Ferrostaal condenados por suborno em Munique<br />
A justiça alemã condenou<br />
dois ex-executivos da Ferrostaal<br />
a dois anos de prisão,<br />
com pena suspensa, e<br />
ao pagamento de coimas<br />
por suborno de funcionários<br />
públicos estrangeiros,<br />
na venda de submarinos a<br />
Portugal.<br />
O ex-administrador da<br />
Ferrostaal Johann-Friedrich<br />
Haun e o ex - procurador<br />
Hans - Peter<br />
Muehlenbeck já se tinham<br />
dado como culpados perante<br />
o Tribunal regional de<br />
Munique, a troco da garantia<br />
dada pelo juiz de que a<br />
sentença não iria além da<br />
pena que foi realmente aplicada.<br />
Haun terá de pagar<br />
uma coima de 36 mil euros<br />
e Muehlenbeck de 18 mil<br />
euros, anunciou o juiz do<br />
processo, Joachim Eckert.<br />
O ministério público de<br />
Munique acusou os dois exgestores<br />
da Ferrostaal de<br />
terem pago „luvas“ no valor<br />
de 62 milhões de euros,<br />
entre 2000 e 2003, para<br />
conseguir vantagens sobre a<br />
concorrência e vender submersíveis<br />
a Atenas e Lisboa.<br />
Os antigos gestores,<br />
ambos de 73 anos, estiveram<br />
anteriormente cinco<br />
meses em prisão preventiva.<br />
A Ferrostaal, arguida<br />
no mesmo processo, reconheceu<br />
as práticas ilegais e<br />
aceitou pagar uma coima de<br />
140 milhões de euros, que<br />
só não foi maior porque o<br />
tribunal teve em conta a<br />
actual precária situação da<br />
empresa. A queixa-crime<br />
incidia sobretudo nas actividades<br />
de Haun e Muehlenbeck<br />
na Grécia, no ano<br />
2000, através de intermediários,<br />
para obter dois contratos<br />
de vendas de<br />
submarinos.<br />
Quanto a Portugal, o tribunal<br />
deu como provado<br />
que Haun e Muehlenbeck<br />
subornaram o ex-cônsul honorário<br />
de Portugal em Munique<br />
Juergen Adolff,<br />
pagando-lhe 1,6 milhões de<br />
euros, através de um contrato<br />
de consultoria, para<br />
que o diplomata propiciasse<br />
contactos com o governo<br />
português.<br />
PUB<br />
No contrato, o empresário<br />
bávaro comprometeu-se<br />
a prestar „assistência orientada“<br />
no que respeita ao fornecimento<br />
de submarinos à<br />
marinha portuguesa, sustentou<br />
o Ministério Público<br />
de Munique.<br />
A queixa-crime foi<br />
omissa quanto a eventuais<br />
reuniões que Adolff terá<br />
conseguido organizar com<br />
membros do executivo, na<br />
altura chefiado pelo actual<br />
presidente da Comissão Europeia,<br />
José Manuel Durão<br />
Barroso, e em que Paulo<br />
Portas era ministro da Defesa.<br />
Adolff, que foi exonerado<br />
pelo governo português<br />
em Março de 2010,<br />
Berlim é o novo destino<br />
da TAP. A partir de 5 de<br />
Junho a companhia<br />
aérea vai estabelecer<br />
cinco ligações entre Lisboa<br />
e a capital alemã.<br />
As novas ligações<br />
efectuam-se às segundas,<br />
terças, quintas, sextas e Domingos,<br />
com partida de Lisboa<br />
às <strong>09</strong>h30 e chegada a<br />
Berlim às 12h50. No sentido<br />
inverso, os voos partem da<br />
capital da Alemanha às<br />
depois de a justiça alemã ter<br />
informado Lisboa, continua<br />
sob investigação em Munique<br />
e poderá ser julgado por<br />
corrupção passiva.<br />
Os dois submarinos<br />
«2<strong>09</strong> PN» foram entregues<br />
à marinha portuguesa, mas<br />
13h35 e chegam a Lisboa às<br />
17h15. Terça-feira é a excepção<br />
a este horário, com a<br />
partida de Lisboa a verificar-se<br />
às 08h45 e a chegada<br />
a Berlim às 12h05. No sentido<br />
inverso, o voo descola<br />
às 12h50 e aterra na Portela<br />
às 16h30 (horas UTC).<br />
Com o lançamento<br />
desta nova rota, a TAP vai<br />
passar a operar, no Verão<br />
de 2012, um total de 60 ligações<br />
por semana entre<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong><br />
Ainda não é assinante do nosso jornal?<br />
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Portuguesa na Alemanha<br />
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<strong>portugal</strong>post@free.de<br />
23<br />
em Portugal há ainda um<br />
processo jurídico, relacionado<br />
com as contrapartidas<br />
que a parte alemã se comprometeu<br />
a pagar no negócio<br />
que custou 880 milhões<br />
a Lisboa.<br />
F.A. (Lusa)<br />
TAP voa para Berlim a partir de Junho<br />
Portugal e a Alemanha,<br />
onde já voa para Frankfurt<br />
(21 voos semanais), Munique<br />
(14 voos semanais),<br />
Hamburgo (13 voos por semana)<br />
e Dusseldorf (7 voos<br />
semanais).<br />
De <strong>Jan</strong>eiro a Novembro<br />
de 2011, a TAP transportou<br />
entre Portugal e a Alemanha<br />
um total de 484 mil<br />
passageiros, o que representa<br />
um crescimento de<br />
11,5% face a igual período<br />
do ano passado.
24 Lisboa<br />
PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />
Ruas e casas da Mouraria escondem<br />
uma verdadeira Chinatown<br />
Se quiser ir a um médico chinês ou<br />
comer comida realmente chinesa<br />
não precisa de ir à China, basta ir<br />
à Mouraria onde as ruas e casas tipicamente<br />
lisboetas escondem<br />
uma verdadeira “Chinatown”.<br />
Inicialmente “ocupada” por<br />
imigrantes oriundos do Bangladesh<br />
e da Índia, a Mouraria foi, há<br />
uns anos, o bairro escolhido por<br />
muitos chineses para morarem e<br />
trabalharem. Hoje, as várias etnias<br />
convivem pacificamente lado<br />
a lado com os portugueses.<br />
Nas traseiras do Centro Comercial<br />
Mouraria, o edifício número<br />
60 tem a porta quase<br />
sempre aberta. Lá dentro estão várias<br />
folhas escritas em mandarim<br />
e, numa delas, sobressaem apenas<br />
três números de telefone portugueses.<br />
O que está lá escrito? Que<br />
trabalha ali um médico de medicina<br />
tradicional chinesa e os serviços<br />
que presta.<br />
Inicialmente, o médico abriu o<br />
consultório a pensar exclusivamente<br />
nos chineses que ali residem<br />
e trabalham, mas agora<br />
atende também portugueses.<br />
“O único problema é a comunicação.<br />
Os portugueses têm de<br />
arranjar maneira de entender e de<br />
se fazerem entender”, disse Nuno<br />
Franco, da associação “Renovar a<br />
Mouraria”, que promove visitas<br />
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O Costa do Casrelo<br />
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guiadas pelo bairro.<br />
Profundo conhecedor da comunidade<br />
chinesa, Nuno Franco<br />
explicou que os chineses “mantém<br />
cá os hábitos que tinham lá, incluindo<br />
o da medicina tradicional”.<br />
Numas portas mais à frente<br />
está a redação de um dos dois jornais<br />
chineses que são publicados<br />
em Portugal.<br />
Com uma tiragem de seis mil<br />
exemplares por semana, o “Sino”<br />
é escrito em Lisboa, impresso em<br />
A Menina da Radio<br />
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O Leao da Estrela<br />
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Espanha e depois regressa à capital<br />
portuguesa para ser vendido.<br />
“Muitas das notícias são de<br />
Portugal e até já trouxe notícias do<br />
bairro da Mouraria”, contou o<br />
guia.<br />
Muitos populares, devido à<br />
“vaidade” das mulheres chinesas,<br />
são os cabeleireiros: só à entrada<br />
do bairro, Nuno Franco contou<br />
dez e lá para dentro existem mais.<br />
Na Mouraria existem também<br />
restaurantes chineses que começaram<br />
por servir única e exclusiva-<br />
Passe bons momentos com os famosos filmes dos clássicos Portugueses.<br />
Nos preços já estão incluídos os custos de correios. - Veja o cupão de encomenda na página 19<br />
Aldeia da Roupa Branca<br />
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Ribatejo<br />
Preço: € 29.90<br />
Canção de Lisboa<br />
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mente a comunidade, mas que<br />
hoje já começaram a abrir portas<br />
ao público em geral.<br />
É o caso do “Chinês Clandestino”,<br />
que foi “descoberto por jovens<br />
universitários e hoje está<br />
quase sempre esgotado” pela população<br />
universitária.<br />
“Come-se muito bem. É uma<br />
comida completamente diferente<br />
da dos restaurantes chineses da cidade.<br />
É mesmo comida chinesa”,<br />
frisou Nuno Franco.<br />
As etnias que convivem no<br />
Fado História de u. Cantadeira<br />
Preço: € 29.90<br />
bairro dividem também as lojas do<br />
Centro Comercial Mouraria e muitos<br />
fazem dele uma segunda casa.<br />
Nos corredores vêem-se caixotes,<br />
expositores de roupa, lojistas<br />
sentados em cadeiras a ver quem<br />
passa, deitados em espreguiçadeiras<br />
a dormir, outros a ouvir música<br />
nos telemóveis topo de gama<br />
ou a jogarem em i-pads.<br />
Uma empresa de catering chinesa,<br />
também do bairro, fornece<br />
as refeições para muitos daqueles<br />
lojistas, que chegam a passar 12<br />
horas por dia no trabalho.<br />
Dentro do centro, a maioria<br />
das lojas é de roupa e acessórios,<br />
mas há também de especiarias,<br />
agências de viagens e até um escritório<br />
de contabilidade.<br />
Do lado da comunidade, os<br />
mais novos, que já nasceram ou<br />
cresceram em Portugal, são mais<br />
abertos a relacionarem-se com<br />
portugueses e com o seu estilo de<br />
vida.<br />
Mas, no geral, todos gostam de<br />
mostrar um certo “estilo de vida”,<br />
que passa por terem um bom<br />
carro, um bom telefone e frequentar<br />
sítios que consideram “bons”<br />
como o Casino de Lisboa.<br />
“É por isso que trabalham tantas<br />
horas por dia”, disse Nuno<br />
Franco.<br />
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