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01PORTUGAL POST -Jan. Druck:portugal POST Feb 09

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PORTUGAL <strong>POST</strong><br />

ANO XIX • Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 • Publicação mensal • 2.00 €<br />

Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: correio@free.de •www. <strong>portugal</strong>post.de •K 25853 •ISSN 0340-3718<br />

› Entrevista<br />

› Ensino<br />

A solidariedade<br />

Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do<br />

PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853<br />

alemã<br />

Nos anos 80, numa altura em que isso ainda raras vezes acontecia, Bona correu o risco de irritar sobremaneira o seu principal<br />

aliado, a França, insistindo que Portugal devia aderir à Comunidade Económica Europeia, o que veio a acontecer em<br />

1986. E foi o Governo de Helmut Kohl que apoiou com maior empenho e sem hesitação a entrada de Portugal no euro, faz<br />

justamente dez anos. Até agora, os restantes países do euro ainda não acusaram a Alemanha de falta de solidariedade<br />

com a Europa pela sua atitude pró-portuguesa. Página 5<br />

Secretário de Estado anuncia permanências consulares<br />

com funcionários munidos de computadores Pág. 3<br />

Criado na Alemanha movimento para defesa<br />

do ensino de português no estrangeiro Pág. 9<br />

› Nesta Edição<br />

Várias razões<br />

para<br />

(des)gostar<br />

de<br />

Portugal<br />

Páginas<br />

14 /15<br />

Rafel Bordalo Pinheiro<br />

A editora do magazine cultural<br />

Berlinda, Inês Thomas de Almeida,<br />

fala ao PP Pág. 12<br />

Publicidade


2<br />

Director: Mário dos Santos<br />

Redação e Colaboradores<br />

Cristina Krippahl: Bona<br />

Francisco Assunção: Berlim<br />

Joaquim Peito: Hanôver<br />

Luísa Costa Hölzl: Munique<br />

Correspondentes<br />

António Horta: Gelsenkirchen<br />

Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim<br />

Elisabete Araújo: Euskirchen<br />

João Ferreira: Singen<br />

Jorge Martins Rita: Estugarda<br />

Manuel Abrantes: Weilheim-Teck<br />

Maria dos Anjos Santos: Hamburgo<br />

Maria do Céu: Mogúncia<br />

Maria do Rosário Loures: Nuremberga<br />

Colunistas<br />

António Justo: Kassel<br />

Carlos Gonçalves: Lisboa<br />

Helena Araújo: Berlim<br />

Helena Ferro de Gouveia: Bona<br />

José Eduardo: Frankfurt / M<br />

Lagoa da Silva: Lisboa<br />

Marco Bertoloso: Colónia<br />

Paulo Pisco: Lisboa<br />

Rui Paz: Dusseldórfia<br />

Teresa Soares: Nuremberga<br />

Tradução dos textos Histórias da História:<br />

Barbara Böer-Alves<br />

Assuntos Sociais<br />

José Gomes Rodrigues<br />

Consultório Jurídico:<br />

Catarina Tavares, Advogada<br />

Michaela Azevedo dos Santos, Advogada<br />

Miguel Krag, Advogado<br />

Fotógrafos: Fernando Soares<br />

Publicidade<br />

Alfredo Cardoso<br />

Agências: Lusa. DPA<br />

Impressão:<br />

Portugal Post Verlag<br />

Redacção, Assinaturas Publicidade<br />

Burgholzstr. 43<br />

44145 Dortmund<br />

Tel.: (0231) 83 90 289<br />

Fax: (0231) 83 90 351<br />

www.<strong>portugal</strong>post.de<br />

EMail: <strong>portugal</strong>post@free.de<br />

Registo Legal: Portugal Post Verlag<br />

ISSN 0340-3718 • K 25853<br />

Propriedade: Portugal Post Verlag<br />

Registo Comercial: HRA 13654<br />

Os textos publicados na rubrica Opinião são<br />

da exclusiva responsabilidade de quem os assina<br />

e não veiculam qualquer posição do jornal<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong><br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Editorial<br />

Agraciado com a Medalha da Liberdade<br />

e Democracia da Assembleia da República<br />

Fundado em 1993<br />

Mário dos Santos<br />

Lutas justas e outros boicotes<br />

O encerramento dos vice-consulados em<br />

Osnabrück e Frankfurt originou uma série<br />

de protestos das comunidades afectadas<br />

pela decisão do actual governo.<br />

Os protestos, cujo ponto alto foi, talvez,<br />

uma manifestação realizada em Frankfurt,<br />

ainda não conseguiram obrigar o governo a<br />

voltar atrás e dar o dito por não dito, tal<br />

como aconteceu em 2003 quando o então e<br />

actual secretario de Estado teve de rever a<br />

sua decisão por mor dos eficazes protestos<br />

da comunidade.<br />

Agora como agora, as comunidades esforçam-se<br />

em algumas iniciativas e formas<br />

de luta, mas todas elas muito pálidas e sem<br />

a força de outros tempos. Em Osnabrück,<br />

por exemplo, a comunidade da área aposta<br />

tudo em conseguir 4000 assinaturas para<br />

fazer chegar uma petição ao parlamento<br />

português de modo a levar o assunto do encerramento<br />

à discussão no espaço da as-<br />

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se mudou ou vai mudar<br />

de endereço<br />

Fax: 0231 - 83 90 351<br />

Tel.: 0231 - 83 90 289<br />

sembleia.<br />

Para isto há um número de pessoas<br />

muito empenhadas que, nos bastidores,<br />

estão a levar a sua luta com paciência e persistência.<br />

Para além das assinaturas, a comunidade<br />

vai utilizando as redes sociais para<br />

chegar a sua mensagem às pessoas. Em<br />

suma, todas as formas de luta são para valer<br />

e a solidariedade das comunidades entusiasmam<br />

aqueles que estão empenhados no<br />

processo contra o encerramento.<br />

No entanto, uma iniciativa que julgamos<br />

pouco oportuna e, por consequência, nada<br />

eficaz partiu da Federação das Associações<br />

Portuguesas na Alemanha, vulgo FAPA, que<br />

apela “ao boicote a Portugal” (título publicado<br />

em jornais portugueses). Lido o comunicado<br />

da FAPA fica-se a saber que aquela<br />

agremiação apela aos portugueses para não<br />

enviarem dinheiro para Portugal ou até<br />

Preencha de forma legível, recorte e envie este cupão para:<br />

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Data Nasc.:<br />

exortam os depositantes a retiram as suas<br />

poupanças de Portugal porque o governo<br />

encerrou umas contas embaixadas e outros<br />

tantos vice-consulados.<br />

Por mais injusta que seja a medida do<br />

Governo, a FAPA deveria fazer uma outra<br />

leitura da situação e não “atirar bocas” destas<br />

para a imprensa,.“Bocas” (para não dizer<br />

outra coisa) que em vez de surtir efeito desejado<br />

em favor da luta do movimento contra<br />

o encerramento dos postos, causa o seu<br />

contrário.<br />

A FAPA deveria saber que a luta é contra<br />

uma medida do governo e não contra Portugal.<br />

Também deveria saber que os depósitos<br />

e as remessas dos portugueses não<br />

ajudam o governo, se é que ajudam alguma<br />

coisa, mas sim o país, daí que seja um tiro<br />

no pé a ideia de boicote às remessas que<br />

parte de uma agremiação que tem uma legitimidade<br />

que deixa muito a desejar.<br />

Se preferir, pode pagar a sua assinatura através de débito na sua conta. Meio de pagamento não obrigatório<br />

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correio@free.de #


PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades<br />

“Passará a existir um amplo programa de permanências<br />

consulares apoiadas por novos equipamentos portáteis”<br />

A entrevista concedida (por<br />

escrito) ao PP pelo actual Secretário<br />

de Estado das Comunidades,<br />

José Cesário, é<br />

publicada num momento<br />

em que a Comunidade se vê<br />

confrontada com o encerramento<br />

dos vice-consulados<br />

de Osnabrück e Frankfurt.<br />

Nesta entrevista, José Cesário<br />

tenta explicar a decisão<br />

do governo relativamente<br />

ao fecho dos dois referidos<br />

postos. Caberá ao leitor o julgamento<br />

das suas declarações.<br />

Como explica o encerramento<br />

de dois postos<br />

consulares na Alemanha<br />

em áreas de<br />

grande presença portuguesa<br />

como seja os<br />

casos de Osnabrück e<br />

de Frankfurt?<br />

Foi uma medida unicamente<br />

explicável no contexto<br />

da enorme crise financeira que<br />

estamos a viver em Portugal.<br />

Foi tomada a decisão de não se<br />

encerrar qualquer consulado<br />

geral ou consulado, propriamente<br />

dito, optando-se por<br />

atingir postos mais pequenos<br />

em países com uma rede significativa.<br />

Assim, surgiram estas<br />

decisões que se inserem num<br />

conjunto vasto de outras tendo<br />

em vista uma significativa redução<br />

dos custos da estrutura<br />

governamental.<br />

Para onde vão ser deslocados<br />

os portugueses<br />

que se servem dos<br />

mserviços consulares<br />

em Frankfurt e em Osnabrück?<br />

Estas Comunidades passarão<br />

a ser servidas pelos restantes<br />

consulados gerais que<br />

temos na Alemanha, Estugarda,<br />

Dusseldorf e Hamburgo.<br />

Porém, é importante<br />

que se tenha em consideração<br />

que passará a existir um amplo<br />

programa de permanências<br />

consulares, apoiadas por novos<br />

equipamentos portáteis para a<br />

obtenção de cartões do cidadão,<br />

passaportes e outros actos<br />

consulares, que passarão a cobrir<br />

um número muito significativo<br />

de cidades alemãs,<br />

incluindo muitas que até aqui<br />

não possuem qualquer serviço<br />

consular.<br />

Os que protestam contra<br />

o encerramento de<br />

Osnabrück perguntam<br />

por que razão se fecha<br />

o posto naquela área<br />

que é mais barato, tem<br />

mais actos consulares<br />

e mais utentes do que o<br />

posto em Hamburgo,<br />

que, ao que se consta<br />

,tem custos que ultrapassa<br />

os 600.000 €<br />

anuais e serve apenas<br />

uma comunidade estimada<br />

em cerca 11000<br />

pessoas. Que comentário<br />

lhe merece esta observação<br />

Já expliquei que foi feita a<br />

opção de não encerrar qualquer<br />

consulado. Porém, cum-<br />

José Cesário<br />

pre que se diga que Hamburgo<br />

não é o consulado com menor<br />

receita na Alemanha e, por<br />

outro lado, cobre uma cidadeestado<br />

que possui a maior concentração<br />

de portugueses<br />

neste País.<br />

Segundo apurámos, o<br />

vice-consulado em Osnabrück<br />

tem despesas<br />

de 220.00€ e serve<br />

uma comunidade estimada<br />

em 25.000 portugueses.<br />

Confirma?<br />

Em 2010, Osnabruck teve<br />

uma despesa de 251 368 euros<br />

e cobre uma área que terá<br />

cerca de 25 mil portugueses.<br />

Pelos vistos o Governo<br />

não é sensível aos argumentos<br />

dos que<br />

José Cesário visitou a Alemanha (mas<br />

não passou por Osnabrück)<br />

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas realizou, entre<br />

os dias 21 e 23 de Dezembro passado, uma viagem à Alemanha.<br />

O secretário de Estado reuniu-se com os cônsules-gerais de Portugal<br />

em Dusseldorf e Estugarda e, posteriormente, realizou uma<br />

visita ao vice-consulado português em Frankfurt onde participou<br />

num encontro com o conselho consultivo daquela área consular.<br />

Segundo a nota enviada às redacções, Na agenda esteve também<br />

um encontro com o conselho consultivo e elementos representativos<br />

da comunidade em Estugarda, segundo a nota.<br />

José Cesário encontrou-se também com o cônsul-geral português<br />

em Hamburgo, reuniu-se com o docente de apoio pedagógico da área<br />

de Hamburgo.<br />

dizem que o vice-consulado<br />

em Frankfurt<br />

serve uma região de<br />

grande pujança económica,<br />

onde o Banco<br />

Central Europeu tem a<br />

sua sede e existe uma<br />

forte presença de portugueses.<br />

Quem encerrou o Consulado<br />

Geral de Frankfurt não foi<br />

o actual Governo mas sim o<br />

anterior… Quanto à Comunidade<br />

asseguro que lhe iremos<br />

garantir um apoio consular<br />

muito significativo, nalguns<br />

casos bem melhor do que o que<br />

possuíam.<br />

Confirma que os viceconsulados<br />

em Frankfurt<br />

e em Osnabrück<br />

servem área maiores,<br />

produzem mais actos e<br />

são muito menos dispendiosos<br />

que os consulados-gerais?<br />

Não é assim. As áreas cobertas<br />

por Estugarda e pela<br />

secção consular de Berlim são<br />

geograficamente bem superiores<br />

e o consulado com maior<br />

movimento e receita na Alemanha<br />

é Dusseldorf. Por outro<br />

lado, os consulados gerais têm<br />

outras missões que ultrapassam<br />

o simples apoio administrativo<br />

às comunidades. A<br />

económica e a acção cultural<br />

são casos muito evidentes da<br />

acção que devem realizar. O<br />

próprio acompanhamento da<br />

acção da coordenação de ensino<br />

passará a ser assegurado<br />

pelos consulados gerais, passando<br />

os cônsules a assegurar<br />

uma grande parte dos contactos<br />

com as autoridades educativas<br />

locais.<br />

Um outro argumento<br />

daqueles que contestam<br />

o encerramentos<br />

dos postos tem haver<br />

com o facto do Governo<br />

fechar apenas postos<br />

que não geridos por diplomatas<br />

de carreira.<br />

Há alguma intenção do<br />

governo de beneficiar<br />

ou ceder aos diplomatas<br />

de carreira em desfavor<br />

dos postos sem<br />

diplomata?<br />

É evidente que nós consideramos<br />

os diplomatas agentes<br />

essenciais para a nossa política<br />

externa. Eles e só eles são re-<br />

Entrevista<br />

3<br />

conhecidos como parceiros<br />

credíveis por parte das autoridades<br />

locais, sendo crucial a<br />

sua acção para a promoção<br />

económica, para a divulgação<br />

da nossa cultura, para o diálogo<br />

sobre os dossiers internacionais<br />

em que o nosso País<br />

tem interesse directo. Daí nós<br />

não pretendermos abdicar da<br />

sua acção e não aceitarmos a<br />

demagogia de quem diz que<br />

eles não são necessários.<br />

Não teme que este desinvestimento<br />

nas comunidades<br />

(fecho de<br />

postos consulares, redução<br />

nos horários dos<br />

cursos de Língua e<br />

Cultura Portuguesa,<br />

redução de professores,<br />

etc.) leve a comunidade<br />

a afastar-se<br />

ainda mais de Portugal,<br />

dos seus processos<br />

eleitorais e que haja o<br />

risco de haver muitos<br />

filhos de portugueses<br />

que optem apenas pela<br />

nacionalidade alemã<br />

uma vez que se sentem<br />

desprezados pelo seu<br />

país?<br />

Peço desculpa mas não há<br />

desinvestimento nas Comunidades.<br />

Bem pelo contrário…<br />

Nós vamos aumentar os programas<br />

de fomento da participação<br />

cívica das nossas<br />

Comunidades e realizaremos<br />

uma profunda reforma do ensino<br />

do Português e dos serviços<br />

consulares cujo objectivo é<br />

servir melhor os portugueses<br />

da Diáspora e não propriamente<br />

esta ou aquela corporação.<br />

Não escondemos as<br />

dificuldades financeiras do<br />

País, que herdámos, e que nos<br />

fazem atravessar uma situação<br />

de perfeita emergência nacional.<br />

Porém, isso não nos vai<br />

impedir de desenvolvermos as<br />

políticas fundamentais para<br />

defendermos a aproximação<br />

entre Portugal e as Comunidades.<br />

As novas permanências<br />

consulares, que iniciaremos<br />

em <strong>Jan</strong>eiro, os novos encontros<br />

para a participação, que já<br />

iniciámos, e as mudanças no<br />

ensino do Português, a partir<br />

do próximo ano lectivo, são<br />

exemplo dessa nova política<br />

para as Comunidades Portuguesas.<br />

Mário dos Santos


4<br />

Nacional & Comunidades<br />

Deputado socialista Paulo Pisco quer conhecer estudos<br />

que fundamentaram fecho de consulados<br />

O deputado socialista pela Europa<br />

quer conhecer os estudos<br />

que fundamentaram o fecho de<br />

postos consulares em França e<br />

na Alemanha, acusando o Governo<br />

de manipular informação<br />

sobre custos e receitas para justificar<br />

esta opção.<br />

„O Governo tem que explicar<br />

quais foram os estudos analíticos<br />

detalhados que serviram<br />

de base à decisão de encerrar<br />

vários postos consulares. É fundamental<br />

que essa informação<br />

detalhada sobre despesas de<br />

funcionamento e receitas dos<br />

consulados seja divulgada“,<br />

disse Paulo Pisco.<br />

O ministro dos Negócios<br />

Estrangeiros (MNE), Paulo Portas,<br />

anunciou a 16 de Novembro<br />

o encerramento de sete embaixadas<br />

e cinco postos consulares<br />

em França (Nantes, Clermont-<br />

Ferrand, Lille) e na Alemanha<br />

(Frankfurt e Osnabrück).<br />

Entre as embaixadas a encerrar<br />

conta-se Andorra, onde<br />

os 13 mil portugueses residentes<br />

passarão a ser servidos pelo<br />

consulado de Portugal em Barcelona.<br />

Num pedido de esclarecimento<br />

enviado ao MNE,<br />

Paulo Pisco sublinhou que, apesar<br />

de o Governo ter invocado<br />

quatro critérios para o encerramento<br />

de consulados - dimen-<br />

Portugal passou em 2011 de uma<br />

situação de democracia plena para<br />

uma democracia com falhas, o que<br />

se deve sobretudo à erosão da soberania<br />

associada à crise da zona<br />

euro, revela o Índice da Democracia<br />

2011 do Economist Intelligence<br />

Unit.<br />

O índice, realizado pelo serviço<br />

de investigação da revista “The<br />

Economist”, vai na quarta edição<br />

e avalia as democracias de 165 estados<br />

independentes e dois territórios,<br />

colocando-os em quatro<br />

categorias: democracias plenas,<br />

democracias com falhas, regimes<br />

híbridos e regimes autoritários.<br />

Pela primeira vez, Portugal,<br />

que desceu do 26.º para o 27.º<br />

lugar na lista, surge este ano no<br />

grupo das democracias com falhas,<br />

depois de em 2010 o mesmo<br />

ter acontecido à França, Itália e<br />

Grécia.<br />

Num total de 10 pontos, Portugal<br />

obtém 7,81, o que resulta de<br />

são da comunidade portuguesa,<br />

custos de funcionamento, número<br />

de atos consulares e a importância<br />

económica da região<br />

-, têm apenas sido feitas referências<br />

aos custos globais de<br />

funcionamento e ao número de<br />

atos consulares.<br />

„O secretário de Estado das<br />

Comunidades está a utilizar informação<br />

manipulada e a amalgamar<br />

tudo de forma a que não<br />

se compreenda bem quais os<br />

custos de funcionamento de<br />

uma avaliação de cinco critérios:<br />

Processo eleitoral e pluralismo<br />

(9,58 pontos), funcionamento do<br />

governo (6,43), participação política<br />

(6,11), cultura política (7,50) e<br />

liberdades cívicas (9,41).<br />

No cômputo geral, o país mais<br />

democrático é a Noruega (9,8<br />

pontos), seguido de Islândia<br />

(9,65), Dinamarca (9,52) e Suécia<br />

(9,50). Nos últimos lugares da<br />

lista, surgem a Coreia do Norte<br />

(1,08 pontos), Chade (1,62) e Turquemenistão<br />

(1,72).<br />

A classificação de democracia<br />

diminuiu em 48 dos 167 países,<br />

aumentou em 41 e manteve-se em<br />

78 deles. Oito países mudaram de<br />

categoria, tendo quatro regredido<br />

(Portugal, Ucrânia, Guatemala e<br />

Rússia) e quatro melhoraram (Tunísia,<br />

Mauritânia, Níger e Zâmbia).<br />

O relatório conclui que, em<br />

2011, o declínio da democracia se<br />

concentrou na Europa, tendo sete<br />

cada posto“, alertou Paulo<br />

Pisco, sublinhando que as despesas<br />

com o pessoal do MNE<br />

não podem ser contabilizados,<br />

já que se mantêm depois do<br />

fecho dos postos.<br />

„É fundamental que o Governo<br />

divulgue os dados sobre<br />

despesas, receitas, funcionários<br />

e titulares de todos os postos<br />

consulares em França e na Alemanha,<br />

de forma a ser possível<br />

a comparação entre os postos<br />

que vão encerrar e os que vão<br />

países descido na classificação do<br />

índice democrático (Finlândia, Irlanda,<br />

Alemanha, Espanha, Portugal,<br />

Itália e Grécia) e nenhum<br />

subido.<br />

A principal razão, explica o relatório,<br />

foi a erosão da soberania e<br />

da responsabilidade democrática<br />

associada aos efeitos e às respostas<br />

à crise da zona euro.<br />

Seis governos da zona euro<br />

caíram em 2011 e em dois destes<br />

países (Grécia e Itália) governantes<br />

eleitos foram substituídos por<br />

tecnocratas, recorda o relatório,<br />

alertando que a perspetiva de<br />

curto prazo no velho continente é<br />

preocupante.<br />

O relatório destaca ainda que<br />

em alguns países já não são os governos<br />

eleitos que definem as políticas,<br />

mas sim os credores<br />

internacionais, como o Banco<br />

Central Europeu, a Comissão Europeia<br />

e o Fundo Monetário Internacional.<br />

manter-se em funções. Quanto<br />

às despesas dos titulares dos<br />

postos, deve constar a descriminação<br />

dos vencimentos, abonos<br />

e subsídios“, reforçou.<br />

O deputado lembrou que o<br />

ministro Paulo Portas disse que<br />

o encerramento de embaixadas<br />

e postos consulares originaria<br />

uma poupança de 12 milhões de<br />

euros, e quer saber onde o Estado<br />

vai conseguir a poupança<br />

referida.<br />

„As embaixadas não têm receitas,<br />

só despesa. Os consulados<br />

têm receita e é preciso<br />

distinguir uma coisa da outra. É<br />

necessário que se façam todos<br />

estes esclarecimentos para que<br />

se possa compreender quando<br />

custam efetivamente os consulados“,<br />

disse. Paulo Pisco mostrou-se<br />

ainda desagradado<br />

com a forma como os seus pedidos<br />

de esclarecimento têm sido<br />

tratados pelo MNE.<br />

„Acho insultuoso que cada<br />

vez que procuro obter esclarecimentos<br />

por parte do MNE, particularmente<br />

da secretaria de<br />

Estado das Comunidades, o secretário<br />

de Estado me responda<br />

através do seu Facebook pessoal“,<br />

lamentou Paulo Pisco,<br />

considerando tratar-se de uma<br />

„falta de respeito“ pela Assembleia<br />

da República.<br />

Democracia:<br />

Portugal desceu de categoria em 2011<br />

segundo o “The Economist”<br />

A severidade das medidas de<br />

austeridade contribuiu para enfraquecer<br />

a coesão social e diminuir<br />

ainda mais a confiança nas instituições<br />

públicas, que já estavam<br />

em declínio desde a crise económica<br />

de 2008/20<strong>09</strong>, conclui o relatório.<br />

Por outro lado, o relatório<br />

alerta para a falta de participação<br />

no processo político e o défice democrático<br />

e exemplifica com o<br />

caso da Alemanha, onde está em<br />

queda a militância partidária e a<br />

participação nas eleições.<br />

„A austeridade rigorosa, uma<br />

nova recessão em 2012, o elevado<br />

desemprego e o facto de não se<br />

verem sinais de crescimento renovado<br />

vão testar a resiliência das<br />

instituições políticas europeias“,<br />

pode ler-se no relatório.<br />

A nível mundial, apenas 11,3<br />

por cento da população vive em<br />

democracias plenas e 37,6 por<br />

cento em regimes autoritários.<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

FLASH<br />

Manifestação<br />

O movimento contra o encerramento<br />

do vice-consulado<br />

„Osnabrück não desiste“ está<br />

apelar nas redes sociais à comunidade<br />

para se juntar num<br />

protesto de rua a reliza no próximo<br />

dia 7 de Dezembro. O<br />

local da concentracão é na<br />

Universitätsplatz, sendo que<br />

dali os presentes seguirão em<br />

manifestação até ao vice-consulado.<br />

O movimento pede aos<br />

manifestantes para que tragam<br />

velas vermelhas. A hora do encontro<br />

está marcada para as<br />

17h00.<br />

Entretanto, „Osnabrück<br />

não desiste” continua a angariar<br />

assinaturas para uma petição<br />

para entregar na<br />

Assembleia da República.<br />

Caro/a Leitor/a:<br />

Se é assinante,<br />

avise-nos se<br />

mudou ou vai<br />

mudar de<br />

residência<br />

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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Portugal e Alemanha 5<br />

A solidariedade<br />

Nos anos 80, numa altura em que isso ainda raras vezes acontecia,<br />

Bona correu o risco de irritar sobremaneira o seu principal aliado, a<br />

França, insistindo que Portugal devia aderir à Comunidade Económica<br />

Europeia, o que veio a acontecer em 1986. E foi o Governo de Helmut<br />

U<br />

ma das acusações levantadas<br />

com maior<br />

frequência no Portugal<br />

da crise de dívidas contra<br />

a Alemanha supostamente<br />

prepotente é a<br />

sua “falta de solidariedade”.<br />

Sobretudo, argumentam jornais,<br />

telejornais e blogues,<br />

tendo em conta o quanto a Alemanha<br />

deve à Europa pelos estragos<br />

causados na Segunda<br />

Guerra Mundial. Vinda de<br />

quem vem, a acusação até que<br />

teria uma certa graça, se não<br />

fosse tão reveladora do profundo<br />

e tristíssimo desconhecimento<br />

da História da<br />

Europa, e, sobretudo, da História<br />

de Portugal.<br />

A começar pela Segunda<br />

Guerra Mundial, durante a<br />

qual Portugal se manteve<br />

aliado fiel e solidário do facínora<br />

Hitler, indo ao ponto de<br />

decretar luto nacional quando<br />

este se suicidou em Abril de<br />

1945. Para além desta caricata<br />

atitude, graças à “neutralidade”,<br />

Portugal foi um dos países<br />

que mais lucrou com a<br />

guerra, fazendo excelentes negócios<br />

com a Alemanha ao<br />

vender-lhe volfrâmio, precioso<br />

para a indústria germânica de<br />

armamento. Recebeu sem pejo<br />

ouro roubado a países subjugados<br />

e a judeus chacinados, esfregando<br />

as mãos de contente<br />

pela boa sorte que lhe coube.<br />

Arvorar-se em vítima da Alemanha<br />

nazi é insultar os gregos<br />

e polacos. De resto, antes<br />

de pedir contas à Alemanha<br />

por crimes passados, convém,<br />

talvez, reflectir um pouco<br />

sobre aqueles cometidos por<br />

Portugal no Brasil e em África<br />

ao longo de cinco séculos.<br />

A muito badalada compaixão<br />

mostrada aos que procuravam<br />

refúgio no cantinho<br />

europeu, onde esperavam<br />

estar a salvo dos algozes de<br />

Berlim, também não passa de<br />

um mito. É certo que a população,<br />

de um modo geral, recebeu<br />

bem estas criaturas<br />

desesperadas. O Estado português<br />

fez o que pôde para lhes<br />

impedir entrada, sobretudo<br />

quando se tratava de judeus<br />

pobres – a maioria – e dificultar<br />

a estadia.<br />

Não consta dos anais que,<br />

depois da Segunda Guerra<br />

Mundial, Portugal tenha mostrado<br />

grande solidariedade<br />

com a Europa de rastos. Até<br />

para devolver algum do ouro<br />

roubado foi necessária pressão<br />

maciça dos Aliados, especialmente<br />

de Washington. Onde a<br />

realidade política de uma divi-<br />

são da Europa em dois blocos<br />

depressa fez surgir a convicção<br />

de que seria necessário reconstruir<br />

a Alemanha como baluarte<br />

contra o comunismo.<br />

Daqui resultou o famoso plano<br />

Marshall de ajuda financeira à<br />

Europa, generosidade da qual<br />

Portugal beneficiou bastante,<br />

ao contrário de outro mito português,<br />

segundo o qual não<br />

teria recebido praticamente<br />

qualquer dólar norte-americano.<br />

A História das relações<br />

entre a Alemanha e Portugal<br />

desde então caracteriza-se por<br />

uma atitude sempre benévola<br />

da primeira. Por vezes até demasiado<br />

benévola, por exemplo,<br />

na questão das guerras<br />

africanas, durante a qual Bona<br />

não exerceu pressão digna<br />

desse nome sobre Lisboa para<br />

pôr cobro à aventura colonialista<br />

ou introduzir reformas<br />

democráticas. Foi assim até à<br />

tomada de posse dos governos<br />

sociais-democratas, em finais<br />

dos anos 60, altura em que o<br />

apoio oficial à oposição democrática<br />

lusa assumiu nova relevância.<br />

Também aqui a<br />

memória portuguesa é curta,<br />

como demonstra a diatribe recente<br />

do ex-Presidente Mário<br />

Soares, ao defender a tese de<br />

falta de solidariedade alemã.<br />

Não se lembrará, quiçá mercê<br />

da avançada idade, que foi a<br />

Alemanha quem financiou a<br />

fundação do seu Partido Socia-<br />

E que tipo de solidariedade mostrou Portugal à<br />

Alemanha e à Europa desde 1986? Boa pergunta.<br />

Em Portugal a Europa nunca foi um ideal político,<br />

cultural ou social. Nunca houve um debate público<br />

sobre o lugar de Portugal na Europa, como<br />

contribuir para a causa comum, e como avançar<br />

para uma verdadeira união do continente. No<br />

imaginário português, a Europa só existe como<br />

colectivo de vacas leiteiras, sendo a Alemanha a<br />

maior<br />

lista, a 19 de Abril de 1973 na<br />

cidade alemã de Bad Münstereifel.<br />

Esqueceu-se igualmente<br />

o estadista das avultadas injecções<br />

financeiras alemãs que recebeu<br />

o PS após o 25 de Abril<br />

de 1974, quando lutava contra<br />

os comunistas. Ajudas, de<br />

resto, extensivas, ao Partido<br />

Popular Democrático de Francisco<br />

Sá Carneiro, o actual<br />

PSD.<br />

Provavelmente mais importante<br />

do que a assistência<br />

financeira foi a verdadeira<br />

campanha política montada<br />

pelo chanceler, Helmut<br />

Schmidt, e o seu homólogo<br />

sueco, Olof Palme, para impedir<br />

os americanos de abandonarem<br />

Portugal à sua sorte.<br />

Com o pragmatismo que sempre<br />

o caracterizou, o então<br />

Secretário de Estado norteamericano,<br />

Henry Kissinger,<br />

convencera o Presidente Ge-<br />

rald Ford de que talvez até não<br />

fosse má ideia Portugal transformar-se<br />

num satélite de<br />

Moscovo. De qualquer modo<br />

Portugal era insignificante e o<br />

regime Estalinista que por<br />

certo se estabeleceria, sempre<br />

serviria para dissuadir os<br />

espanhóis e os italianos de cederem<br />

à tentação comunista. O<br />

chanceler alemão não descansou<br />

enquanto não obteve a<br />

promessa americana de que<br />

Portugal não seria atirado aos<br />

lobos.<br />

A História da solidariedade<br />

alemã com Portugal não acaba<br />

aí. Nos anos 80, numa altura<br />

em que isso ainda raras vezes<br />

acontecia, Bona correu o risco<br />

de irritar sobremaneira o seu<br />

principal aliado, a França, insistindo<br />

que Portugal devia<br />

aderir à Comunidade Económica<br />

Europeia, o que veio a<br />

acontecer em 1986. E foi o Governo<br />

de Helmut Kohl que<br />

apoiou com maior empenho e<br />

sem hesitação a entrada de<br />

Portugal no euro, faz justamente<br />

dez anos. Até agora, os<br />

restantes países do euro ainda<br />

não acusaram a Alemanha de<br />

falta de solidariedade com a<br />

Europa pela sua atitude próportuguesa.<br />

E que tipo de solidariedade<br />

mostrou Portugal à Alemanha<br />

e à Europa desde 1986? Boa<br />

pergunta. Em Portugal a<br />

Europa nunca foi um ideal político,<br />

cultural ou social. Nunca<br />

houve um debate público sobre<br />

o lugar de Portugal na Europa,<br />

como contribuir para a causa<br />

comum, e como avançar para<br />

uma verdadeira união do continente.<br />

No imaginário português,<br />

a Europa só existe como<br />

colectivo de vacas leiteiras,<br />

sendo a Alemanha a maior. Os<br />

governos portugueses sempre<br />

estiveram totalmente absortos<br />

na organização periódica de cimeiras<br />

com os seus homólogos<br />

espanhóis, com a intenção<br />

confessada – e até proclamada<br />

com orgulho – de acertar agul-<br />

Por<br />

Cristina Krippahl<br />

Kohl que apoiou com maior empenho e sem hesitação a entrada de<br />

Portugal no euro, faz justamente dez anos. Até agora, os restantes países<br />

do euro ainda não acusaram a Alemanha de falta de solidariedade<br />

com a Europa pela sua atitude pró-portuguesa.<br />

has para sacar mais algum de<br />

Bruxelas. Cujo maior financiador<br />

é o contribuinte alemão. E<br />

em vez de investir os milhares<br />

de milhões no futuro de Portugal,<br />

de modo a que o país,<br />

mesmo não podendo contribuir<br />

muito, pelo menos não representasse<br />

um fardo para a<br />

Europa, o dinheiro foi usado<br />

para pagar a clientela política,<br />

encher uns tantos bolsos e construir<br />

autoestradas para os pacóvios<br />

dos eleitores poderem<br />

seguir as inaugurações na televisão.<br />

Com o resultado de que,<br />

mais uma vez, os alemães são<br />

obrigados a desembolsar<br />

somas chorudas para resolver<br />

uma crise para a qual – também<br />

– os portugueses os arrastaram.<br />

Os mesmos<br />

portugueses que reclamam a<br />

solidariedade de via única, que<br />

tanto jeito sempre deu.<br />

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6 PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

A europa e os emigrantes portugueses<br />

A<br />

União Europeia vive na,<br />

actualidade, um dos<br />

momentos mais difíceis<br />

da sua história. Criada<br />

no pós guerra, com o<br />

objectivo primordial de<br />

fomentar um espaço de paz e diálogo<br />

ela teve uma evolução extraordinária<br />

não apenas no plano<br />

económico, como também na<br />

área política e social, promovendo<br />

uma verdadeira integração<br />

entre os seus Estados-membros.<br />

Portugal aderiu a este espaço em<br />

1986 e desde essa data tem-se assumido<br />

como um membro responsável<br />

e participativo nas<br />

diversas políticas europeias.<br />

Hoje a caminho dos 28 membros<br />

e com um já considerável<br />

nível de integração em todos os<br />

planos, especialmente no plano<br />

económico e financeiro, a União<br />

enfrenta problemas de vária<br />

ordem, provocados pela crise das<br />

dívidas soberanas, onde o paradigma<br />

da solidariedade, pilar essencial<br />

em que assentou a<br />

construção desta “casa europeia”,<br />

Portas<br />

<strong>Jan</strong>elas<br />

Estores<br />

Está a pensar<br />

construir ou renovar<br />

a sua casa em<br />

Portugal<br />

ou na Alemanha?<br />

Contacte-nos!<br />

vem sendo posto à prova chegando<br />

mesmo alguns a proclamar<br />

que está mesmo em causa o<br />

projecto europeu e o fim da<br />

moeda única.<br />

Sobre isto, em conversa recente<br />

com parlamentares de outros<br />

países, já se falava, da<br />

possibilidade de se avançar para<br />

uma europa a duas velocidades<br />

notando-se um crescente cepticismo<br />

na capacidade de ultrapassar<br />

o momento que todos nós<br />

temos vindo a enfrentar.<br />

De facto, entendo que, independentemente<br />

da europa ser<br />

hoje verdadeiramente fundamental<br />

para todos os cidadãos, a<br />

construção de uma verdadeira e<br />

efectiva identidade europeia é<br />

um caminho que será longo e que<br />

só poderá ser concretizado com o<br />

empenho de todos aqueles que<br />

vivem neste espaço europeu. Não<br />

falo apenas dos Estados, falo<br />

também e, cada vez mais, do<br />

papel essencial dos cidadãos na<br />

formulação de políticas europeias<br />

que favoreçam realmente o<br />

de experiência nos merca-<br />

21 anos dos alemão e português<br />

na área de montagem, reparação de<br />

janelas, estores ou portas principais.<br />

Com qualidade, rigor e pontualidade<br />

alemã e a criatividade portuguesa<br />

RMF- Rodrigues GmbH<br />

surgimento de um espirito<br />

europeu que permita encontrar<br />

soluções de conjunto para os problemas<br />

que, face à crescente integração<br />

das nossas economias,<br />

acabam por ser de todos.<br />

Quando falamos de identidade<br />

europeia em Portugal verificamos<br />

que dos nacionais<br />

portugueses aqueles que mais se<br />

reconhecem neste sentimento<br />

são, exactamente, os portugueses<br />

emigrados seja em países da<br />

União Europeia seja mesmo em<br />

países fora da Europa.<br />

Estes portugueses beneficiam<br />

desta cidadania alargada que<br />

confere direiros e que harmoniza<br />

legislações, dando-lhes as mesmas<br />

oportunidades que têm os<br />

nacionais dos países que os acolheram.<br />

Relembro apenas, que até<br />

1986 muitos portugueses residentes<br />

no estrangeiro, em países<br />

da União, necessitavam de se naturalizar<br />

para terem oportunidades<br />

iguais no plano profissional,<br />

empresarial e político.<br />

Por isso, é para mim claro que<br />

Estamos ao seu dispor<br />

para qualquer parte do país<br />

Hindenburgstraße 22/1<br />

71394 Kernen<br />

Telefon (0049) (0)7151 / 4 72 06<br />

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E-Mail: info@rmf-rodrigues.com<br />

melhor que ninguém os emigrantes<br />

portugueses, neste caso na<br />

Alemanha, sabem da importância<br />

de garantir um futuro a este<br />

espaço de grande influência económica<br />

permitindo-lhe ser também<br />

um espaço solidário, onde<br />

os cidadãos, apesar das suas diferenças<br />

tenham uma matriz cultural<br />

comum.<br />

Assim, seria bom que os mais<br />

cépticos tivessem em conta a situação<br />

particular de cerca de dois<br />

milhões de portugueses que<br />

vivem na União e, ao mesmo<br />

tempo, fora de Portugal. De há<br />

muito que integraram esta identidade<br />

associada a um conjunto<br />

de direitos que faz a diferença em<br />

relação a outros países e a outros<br />

espaços no plano mundial.<br />

Com a União Europeia as coisas<br />

ficaram mais fáceis para um<br />

português ser emigrante na<br />

Europa mas, não posso também,<br />

deixar de destacar, que esta ficou<br />

mais forte, mais coesa e capaz de<br />

desenvolver, com a abnegação,<br />

trabalho e dedicação de todos<br />

Opinião<br />

Carlos Gonçalves*<br />

esses portugueses que se viram<br />

na contingência de ter que emigrar.<br />

A comunidade portuguesa residente<br />

na Alemanha é disso um<br />

bom exemplo, demonstrando um<br />

grande nível de integração numa<br />

sociedade que privilegia valores<br />

como o trabalho na sua base organizativa.<br />

Os portugueses demonstraram<br />

aqui, como em<br />

todos os outros locais para onde<br />

emigram, que são sempre uma<br />

mais valia para os países que os<br />

acolhem e no caso concreto da<br />

Alemanha, uma comunidade que<br />

contribui fortemente para o seu<br />

poder económico e financeiro.<br />

A Europa tem de ser um<br />

espaço das pessoas e para as pessoas<br />

e neste campo, os portugueses<br />

residentes no estrangeiro têm<br />

tido um comportamento exemplar.<br />

Continuemos assim e acreditemos<br />

que é possível construir<br />

uma União ainda mais forte.<br />

* Deputado do PSD<br />

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Das Lehrwerk „Está bem“<br />

Mit der neuen portugiesischen Rechtschreibung!<br />

Als erstes Portugiesisch-Lehrwerk für europäisches<br />

Portugiesisch berücksichtigt das einbändige<br />

Lehrbuch „Está bem“ die Rechtschreibung von<br />

2010.<br />

„Está bem“ kann an VHS und Hochschulseminaren,<br />

jedoch auch im Selbststudium eingesetzt<br />

werden.<br />

In 24 Lektionen, die in zügiger Progression bis zur<br />

Sprachbeherrschung auf Stufe B2 führen, wird das<br />

jeweils neu einzuführende Vokabular anhand von<br />

Dialogen und authentischen Texten vorgestellt,<br />

grammatische Phänomene werden systematisiert<br />

dargestellt und durch ein breitgefächertes, abwechslungsreiches<br />

Übungsangebot aufbereitet.<br />

Dabei vermittelt das Lehrbuch ein aktuelles, situativ<br />

ausgerichtetes Vokabular, das auch die Besonderheiten des brasilianischen Portugiesisch<br />

berücksichtigt, und weist gezielt auf klassische Fehlerquellen für deutschsprachige<br />

LernerInnen hin.<br />

Besonderes Augenmerk legt das Programm auf die soziokulturelle Realität der lusophonen<br />

Welt. Teilweise authentische Sachtexte beleuchten gesellschaftliche und historische Aspekte<br />

und vermitteln ein differenziertes landeskundliches Wissen.<br />

Mit integriertem Vokabelregister und einem umfangreichen Verzeichnis von Verbformen.<br />

Zum Lehrbuch sind eine Audio-CD sowie ein Lösungsheft mit integrierter Kurzgrammatik<br />

erhältlich<br />

Der Autor<br />

Joaquim Peito ist Lektor für Portugiesisch an der Georg-August-Universität von Göttingen<br />

So urteilt die Presse:<br />

«... für die sprachliche Grundausbildung an Universitäten ist es wohl uneingeschränkt<br />

geeignet. Ihm sind weitere Neuauflagen ... sowie zahlreiche Benutzer zu wünschen.»<br />

Daniel Reimann in «Zeitschrift für romanische Sprachen und ihre Didaktik», 10/08


PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Comunidade 7<br />

Emigrantes em Osnabruck põem bandeira nacional a<br />

meia-haste contra fecho de posto consular<br />

Mais de 500 emigrantes portugueses<br />

protestaram no passado<br />

dia 4 de Dezembro, em Osnabruck<br />

contra o fecho do viceconsulado<br />

local e a transferência<br />

da sua jurisdição para Dusseldorf,<br />

colocando a bandeira nacional<br />

a meia-haste e içando<br />

uma bandeira preta no Centro<br />

Português de Osnabruck.<br />

Na assembleia realizada nas<br />

instalações da mesma associação<br />

estiveram representações de<br />

lusodescendentes de vários pontos<br />

da área consular, deputados<br />

do PS e do PCP e conselheiros<br />

das comunidades eleitos na Alemanha.<br />

„Até veio gente de Bremen e<br />

de Bremerhaven, a mais de 200<br />

quilómetros daqui, a sala esteve<br />

cheia“, disse Nelson Rodrigues,<br />

coordenador da plataforma „Osnabruck<br />

Não desiste“, criada<br />

para lutar contra o encerramento<br />

do posto consular.<br />

„Nenhum dos critérios que o<br />

governo apontou para encerrar<br />

representações diplomáticas se<br />

aplicam ao vice-consulado de<br />

Osnabruck“, garantiu Nelson<br />

Rodrigues.<br />

Entre as várias intervenções<br />

a criticar a decisão do ministro<br />

dos negócios estrangeiros, destacou-se<br />

a do presidente da Federação<br />

das Associações<br />

Portuguesas na Alemanha<br />

(FAPA), Vítor Estradas, que apelou<br />

aos emigrantes para deixarem<br />

de enviar dinheiro para<br />

Portugal.<br />

O dirigente associativo anunciou<br />

que a FAPA vai lançar uma<br />

campanha a favor da suspensão<br />

das remessas dos emigrantes,<br />

A Federação das Associações<br />

Portuguesas na Alemanha<br />

está a apelar aos<br />

emigrantes que deixem<br />

de enviar dinheiro para<br />

Portugal em protesto<br />

contra o encerramento<br />

de embaixadas e os despedimentos<br />

de professores<br />

no estrangeiro,<br />

segundo um comunicado<br />

enviado às redacções.<br />

Segundo a Federação das<br />

Associações Portuguesas na<br />

Alemanha (FAPA), depois de<br />

avaliar a política que se está a<br />

praticar contra a comunidade<br />

portuguesa na diáspora e o<br />

diálogo infrutífero com as au-<br />

Presentes no protesto, os deputados João Oliveira, PCP, (à direita, Paulo<br />

Pisco, PS, (o seg. da dir.) e ainda: Vítor Estradas (FAPA) , Fernando Genro e<br />

Alfredo Stofel, membros do CCP, bem como o coordenador do movimento<br />

“Osnabrück Não Desiste”, Nelson Rodrigues (à esq.)<br />

exortando-os também a trazer o<br />

dinheiro que já depositaram em<br />

Portugal para os países onde se<br />

encontraram, enquanto Lisboa<br />

não revogar a decisão de encer-<br />

rar consulados e reduzir o número<br />

de professores de Português<br />

parara os<br />

lusodescendentes.<br />

O deputado comunista João<br />

Oliveira, por seu turno, sublinhou<br />

na sua intervenção que as<br />

estruturas consulares não<br />

podem ser vistas como empresas<br />

que devem ter saldo positivo, e<br />

que em primeiro lugar devem<br />

estar as necessidades das comunidades<br />

emigrantes.<br />

Paulo Pisco, deputado socialista<br />

pelo círculo da Europa, que<br />

na segunda-feira se reunirá com<br />

o vice-cônsul em Osnabruck,<br />

Manuel da Silva, disse à Lusa<br />

que viu uma comunidade „absolutamente<br />

indignada” e sem perceber<br />

as razões que levaram o<br />

governo a tomar a decisão de encerrar<br />

o vice-consulado.<br />

Sublinhou ainda que o prejuízo<br />

resultante do fecho do<br />

posto consular afetará não só a<br />

atual geração de portugueses,<br />

mas também os seus filhos, porque<br />

pode estar em causa também<br />

o apoio financeiro de<br />

algumas autarquias alemãs da<br />

área consular ao ensino de Português<br />

em Osnabruck e Rheine,<br />

por exemplo.<br />

A área consular de Osnabruck<br />

abrange 23 mil portugueses<br />

espalhados por uma<br />

superfície de 61 mil quilómetros<br />

quadrados, cerca de dois terços<br />

do território de Portugal Continental.<br />

O vice-consulado tem, além<br />

do responsável do posto, três<br />

funcionárias que efetuaram<br />

mais de seis mil atos consulares<br />

em 2010, uma média per capita<br />

superior à de todos os outros<br />

postos consulares na Alemanha,<br />

e as suas receitas em emolumentos<br />

superam largamente as despesas<br />

de manutenção,<br />

FAPA anuncia campanha de boicote às remessas<br />

para Portugal<br />

toridades portuguesas, a federação<br />

chegou à conclusão<br />

de que terá de “tomar outras<br />

medidas”.<br />

Portugal vai encerrar sete<br />

embaixadas, quatro vice-consulados<br />

e um escritório consular,<br />

anunciou em<br />

Novembro, o ministro dos<br />

Negócios Estrangeiros, Paulo<br />

Portas.<br />

Houve também uma redução<br />

no número de professores<br />

do Ensino do Português<br />

no Estrangeiro (EPE). Segundo<br />

o Sindicato dos Professores<br />

das Comunidades<br />

Lusíadas (SPCL), 149 professores<br />

já foram dispensados<br />

este ano e 15 mil alunos ficarão<br />

sem aulas na diáspora.<br />

“Possivelmente, o Governo<br />

até tem razão em que a<br />

solução para resolver os problemas<br />

de Portugal é economizar.<br />

Então vamos seguir o<br />

exemplo que nos estão a dar”,<br />

referiu o comunicado da<br />

FAPA.<br />

A federação apelou aos<br />

emigrantes que deixem de<br />

enviar dinheiro para Portugal<br />

e até mesmo a levantar o dinheiro<br />

que já está no país.<br />

Segundo dados do Banco<br />

de Portugal, no primeiro semestre<br />

de 2011 a diáspora enviou<br />

um total de 524 milhões<br />

de euros para o seu país.<br />

“Vamos assim, também<br />

nós, a comunidade portuguesa<br />

residente fora de Portugal,<br />

economizar para<br />

resolver os `nossos´ problemas”,<br />

indicou o comunicado,<br />

referindo-se ao que terá de<br />

ser gasto com o ensino do<br />

português às crianças e também<br />

com as deslocações aos<br />

consulados que passarão a<br />

ficar mais longe.<br />

“Temos que `poupar´ até<br />

à data em que os postos consulares<br />

forem reabertos e os<br />

professores retirados regressarem<br />

para dar aulas”, sublinhou<br />

a nota.<br />

Vice-consulado de<br />

Frankfurt encerrou a<br />

20 de Dezembro e o<br />

Osnabrück fecha a 13<br />

de <strong>Jan</strong>eiro<br />

Por decisão do Governo, os<br />

vice-consulados em Frankfurt<br />

e Osnabrück encerram<br />

as suas portas deixando dezenas<br />

de milhares de portugueses<br />

sem serviços<br />

consulares na sua área.<br />

Assim, o vice-consulado<br />

em Frankfurt encerrou as<br />

suas portas no passado dia<br />

20 de Dezembro pelas 13<br />

horas. Até 6 de <strong>Jan</strong>eiro de<br />

2012, este posto consular<br />

continua aberto apenas para<br />

entrega de documentos anteriormente<br />

solicitados, tais<br />

como, cartões de cidadão ou<br />

passaportes.<br />

Por decisão do Governo,<br />

com o encerramento do<br />

Vice-Consulado de Portugal<br />

em Frankfurt, a sua área de<br />

jurisdição consular correspondente<br />

a 3 Estados Federados<br />

passa a ser reafectada<br />

da seguinteforma:<br />

Hessen passa para a do<br />

Consulado-Geral de Portugal<br />

em Dusseldorf<br />

Rheinland-Pfalz e Saarland<br />

passam para a do Consulado-Geral<br />

de Portugal em<br />

Estugarda<br />

Já o vice-consulado em<br />

Osnabrück tem o seu fim<br />

marcado para o dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro<br />

deste ano . Na página<br />

do Facebook, o vice-cônsul<br />

informa os utentes que “de<br />

acordo com as instruções<br />

procedentes do Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiro, o<br />

último dia de pleno funcionamento<br />

deste Vice-Consulado<br />

é sexta-feira, dia 13 de<br />

<strong>Jan</strong>eiro de 2012.<br />

A partir do dia 16 de <strong>Jan</strong>eiro<br />

de 2012, e, até ao encerramento<br />

definitivo do<br />

Vice-Consulado, só se procederá<br />

à entrega dos documentos<br />

requeridos até ao<br />

dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro de 2012.<br />

Nesta Área, os portugueses<br />

residentes na Renânia<br />

do Norte-Vestefália (NRW)<br />

passam a dirigir-se ao Consulado<br />

Geral de Portugal em<br />

Düsseldorf<br />

Já os portugueses residentes<br />

na Baixa Saxónia<br />

(Niedersachsen) e no estado<br />

de Bremen passam a dirigirse<br />

ao Consulado Geral de<br />

Portugal em Hamburgo


8<br />

Comunidades<br />

União Portuguesa Cultural e Desportiva de Hagen<br />

Festejou mais um aniversário do rancho “Folclore de Portugal”<br />

A União Portuguesa Cultural e<br />

Desportiva de Hagen (UPCDH)<br />

festejou mais um aniversário<br />

do Rancho Folclore de Portugal.<br />

Para além de uma equipa<br />

de futebol e uma outra de dardos,<br />

o grupo folclórico está agregado<br />

à associação, mas com<br />

vida própria.<br />

Espaço para actuações e ensaios<br />

é coisa que nesta casa<br />

com mais de 2300 m2 não<br />

falta, sendo que a UPCDH é a<br />

única associação na Renânia<br />

do Norte e Vestefália que tem à<br />

disposição dos seus 240 associados<br />

um espaço assim tão<br />

grande.<br />

A festa foi visitada por mais<br />

de quatro centenas de pessoas<br />

que de um modo ou outro se<br />

sentem atraídos pela cultura<br />

portuguesa. No público, para<br />

alem de portugueses, viam-se<br />

pessoas de várias nacionalidades.<br />

Os motivos da presença destas<br />

centenas de pessoas eram vários:<br />

uns diziam ter vindo pelo folclore.<br />

Outros, os apreciadores de petiscos,<br />

vinham pelo frango no churrasco<br />

ou pela sardinha na brasa.<br />

O presidente da UPCDH, Luís<br />

Martins, agradeceu aos presentes<br />

assim como aos convidados especiais,<br />

entreo os quais se destacava<br />

a Cônsul-Geral de Portugal em<br />

Dusseldorf, Maria Durão, por<br />

participarem em mais um aniversário<br />

do Rancho de Portugal. Luís<br />

Martins referiu que o grupo folcló-<br />

GENTE<br />

Por decisão do Governo, Manuel Correia<br />

da Silva, o ainda vice-cônsul de Portugal<br />

em Osnabrück vai cessar funções enquanto<br />

chefe daquele posto consular no<br />

próximo dia 13 de <strong>Jan</strong>eiro, data certa<br />

para o encerramento do vice-consulado.<br />

Ora, conhecendo como conhece muitos e<br />

vários cônsules e vice-cônsules que ao<br />

longo dos anos dirigiram postos, o POR-<br />

TUGAL <strong>POST</strong> pode assegurar que, para<br />

alem do ex-conselheiro social da embaixada,<br />

Manuel de Matos, a comunidade<br />

portuguesa (não só) em Osnabrück não<br />

teve e não tem um dedicado, empenhado<br />

e generoso responsável consular como<br />

foi e é Manuel Correia da Silva, vice-cônsul,<br />

em Osnabrück.<br />

Se há pessoas que o Estado português<br />

deve respeito e consideração, uma delas<br />

é o seu servidor Manuel Correia da Silva.<br />

Reconhecido por todos como um funcionário<br />

exemplar, que pôs o vice-consulado<br />

ao serviço das pessoas, Manuel<br />

Correia da Silva é o exemplo daquilo que<br />

deve ser um servidor do Estado e por isso<br />

nos merece aqui um destaque mais do<br />

que meritório.<br />

Fanni Rosa Santos, 83 anos de idade e mais de<br />

40 voluntário na associação em Hagen<br />

rico é uma plataforma para o e intercâmbio<br />

entre portugueses e outras<br />

nacionalidades.<br />

O presidente enalteceu o convívio<br />

entre o grupo “Folclore de<br />

Portugal” e outros ranchos, como<br />

o “Coração do Minho”, também<br />

de Hagen.<br />

Para contrariar a alegada rivalidade,<br />

os dois grupos actuaram<br />

em conjunto.<br />

Na noite da festa também se<br />

cantou os parabéns à senhora<br />

Fanni Rosa Santos, natural de Almada,<br />

que confessou estar a festejar<br />

os seus 83 anos, quarenta<br />

dos quais ao serviço do rancho<br />

folclórico e da associação,<br />

onde sempre trabalhou na cozinha.<br />

A senhora Santos lamentou<br />

o facto da juventude já não<br />

ligar muito ao folclore e muito<br />

menos ao trabalho voluntário<br />

na Associação. Ela, com a<br />

idade que tem, tenta dar um<br />

exemplo continuando a trabalhar<br />

na cozinha da associação.<br />

O baile da festa foi abrilhantado<br />

pelo Conjunto “Os<br />

Atrevidos”, um dos poucos já<br />

existentes na NRW .<br />

Há uma coisa que não<br />

passa despercebido a quem<br />

costuma frequentar festas: é<br />

que quase todas as caras dos<br />

presentes são conhecidas de<br />

outras formações de largos<br />

anos atrás, quando a juventude<br />

portuguesa percorria aos<br />

fins- de -semana centenas de quilometros<br />

para se divertirem nas<br />

festas portuguesas.<br />

A UPDCH também foi recentemente<br />

visitada pelo embaixador<br />

de Portugal em Berlim quando<br />

este se deslocou à área consular de<br />

Dusseldorf no final do ano passado.<br />

O embaixador felicitou a direcção<br />

da associação pelas<br />

espaçosas instalações, agradecendo<br />

também o trabalho desenvolvido<br />

em prol da cultura<br />

portuguesa.<br />

Antonio Horta, correspondente<br />

Gelsenkirchen<br />

Fala o Leitor<br />

Um marco de cultura portuguesa<br />

que durante algumas dezenas de<br />

anos foi ponto de referencia na<br />

cidade de Leverkusen foi vitima<br />

da falta de organização de um<br />

grupo de arrogantes que há cerca<br />

de 4 anos tomaram nas suas os<br />

destinos da mesma.<br />

Quando estes tomaram posse<br />

da A.P.L. a colectividade estava<br />

de saúde, embora pouco tempo<br />

depois tivesse de mudar para<br />

uma outra casa, a sua caixa estava<br />

bem, com uma soma próxima<br />

dos € 20.000, soma esta<br />

conseguida graças ao empenho,<br />

organização e amor de um punhado<br />

de homens e mulheres que<br />

trabalhavam com amor à camisola,<br />

não olhando aos seus interesses<br />

pessoais, serviam para<br />

bem da comunidade, tendo à cabeça<br />

um algarvio, homem simples<br />

e muito honesto.<br />

Foi sem dó nem piedade que<br />

uns arrogantes, chamados dirigentes<br />

da associação, foram correndo<br />

com os sócios que não lhes<br />

agradavam, não respeitando a<br />

sua idade ou o que estes fizeram<br />

durante muitos anos para o desenvolvimento<br />

a A.P. de Leverkusen.<br />

A maneira usada por estes<br />

“dirigentes” arrogantes e sem um<br />

mínimo de simpatia foi seguida<br />

por alguns membros da mesa da<br />

Assembleia Geral que diziam<br />

nunca deixar cair a associação,<br />

visto serem eles os responsáveis<br />

Um Ano em Telavive<br />

Cristina Vogt-da Silva<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Associação Portuguesa de<br />

Leverkusen fecha para sempre as<br />

suas portas<br />

Sugestão de Leitura<br />

máximos pela mesma, mas que<br />

no fim tudo consentiram.<br />

Fecharam as portas, dividiram<br />

uma parte do mobiliário<br />

entre si. Um levou a máquina do<br />

café, outro a máquina de lavar<br />

louça, televisão, etc., etc... Enfim,<br />

o que lhes agradou. O que os<br />

estatutos da associação dizia não<br />

era do conhecimento destes dirigentes.<br />

Sem convocar qualquer reunião<br />

com os sócios ou tão pouco<br />

enviar uma carta informativa aos<br />

mesmos dando a conhecer o que<br />

se estava a passar e o que poderia<br />

vir acontecer caso não houvesse<br />

mais interesse dos mesmos, preferiram<br />

não ouvir as criticas dos<br />

sócios e fecharam as portas da<br />

Associação Portuguesa de Leverkusen.<br />

Será que estes “dirigentes associativos”<br />

não pensaram por<br />

que motivo é que os sócios deixaram<br />

de frequentar a A.P.L?<br />

Porque é que não pensaramm no<br />

que estaria mal e eventualmente<br />

tentar ir ao encontro da vontade<br />

da maioria e pôr o seu lugar à<br />

disposição?<br />

Caros amigos, foi desta triste<br />

maneira que mais um marco da<br />

cultura portuguesa encerrou as<br />

suas portas. A comunidade portuguesa<br />

na Alemanha fica assim<br />

mais pobre.<br />

A. Nobre<br />

B. Leverkusen<br />

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esta polémica parte do mundo e veja<br />

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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012 Comunidade 9<br />

Criado na Alemanha movimento para defesa<br />

do ensino de português no estrangeiro<br />

O „Movimento para A Defesa<br />

do Ensino de Português“ (ver<br />

manifesto nesta página) acaba<br />

de ser lançado na Alemanha<br />

com o objetivo de lutar contra<br />

a falta de professores da língua<br />

materna nesta país de acolhimento,<br />

mobilizando os pais e<br />

restante comunidade.<br />

„Receamos que a Alemanha<br />

venha a ser atingida<br />

pelas reduções de professores<br />

na rede de ensino no estrangeiro<br />

anunciadas pelo Instituto<br />

Camões“, disse Rui Paz,<br />

um dos promotores da iniciativa.<br />

Recentemente, o Instituto<br />

Camões anunciou que iria reduzir,<br />

até <strong>Jan</strong>eiro, 50 postos<br />

de trabalho de professores da<br />

rede no estrangeiro, sobretudo<br />

em França (20), Suíça (20) e<br />

Espanha (9).<br />

Apesar de a medida não<br />

afectar a rede na Alemanha, o<br />

novo movimento está convencido<br />

de que „isso será apenas<br />

uma questão de tempo, porque<br />

o Instituto Camões já<br />

disse aos sindicatos que a supressão<br />

dos 50 postos foi apenas<br />

o começo“, acrescentou<br />

Rui Paz.<br />

O ex-membro do Conselho<br />

Mundial das Comunidades<br />

Portuguesas, onde era responsável<br />

pelo pelouro do ensino,<br />

acrescentou que no Estado federado<br />

de Baden-Wuerttemberg<br />

„há actualmente centenas<br />

de crianças sem aulas de Português,<br />

porque as professoras<br />

de licença de maternidade não<br />

A continuar assim, o ensino do<br />

português no estrangeiro vai caminhando<br />

a passos largos para<br />

um fim em breve prazo.<br />

Em 2007, havia 598 professores,<br />

em 2011 já só havia 517 e<br />

agora, quase em 2012, são apenas<br />

468.<br />

Na Alemanha, a cargo das<br />

entidades portuguesas, há atualmente<br />

apenas 54 professores,<br />

pois nas áreas consulares de<br />

Frankfurt e Düsseldorf existem<br />

ainda professores contratados<br />

pelas entidades alemãs.<br />

Apesar disso, e apesar de em<br />

outras áreas, como Hamburgo e<br />

Estugarda, as entidades escolares<br />

locais concederem subsídios<br />

para os cursos de Português, parece, segundo os responsáveis do Instituto<br />

Camões, que desde 2010 tutela o Ensino Português no Estrangeiro,<br />

nunca haver dinheiro suficiente para pagar aos professores e manter<br />

as aulas com uma qualidade mínima.<br />

Porque a verdade é que, de um sistema de ensino que dantes funcionava<br />

bem , muito pouco resta. No presente ano letivo, o IC exigiu<br />

um número maior de alunos por professor, com o resultado de agora<br />

terem de ser lecionados juntos alunos de 4 e 5 níveis escolares diferentes,<br />

apenas durante uma hora ou hora e meia por semana.<br />

Muitos cursos que funcionavam em dois dias na semana passaram<br />

apenas para um, o que significa que um número elevado de alunos não<br />

pode frequentar as aulas por incompatibilidades de horário.<br />

Mas mesmo assim a poupança parece não ser suficiente. O IC terminou<br />

agora os contratos a 20 professores na Suíça, 20 na França e 9<br />

em Espanha. Ao todo 49, e 5.000 alunos sem aulas a partir de <strong>Jan</strong>eiro.<br />

A Alemanha, por enquanto, escapou.<br />

Mas não escapará decerto no fim do ano escolar, pois continuam a<br />

anunciar novos cortes na rede de ensino. Estes 49 professores são apenas<br />

um começo, uma espécie de ensaio para apreciar as possibilidades,<br />

para avaliar o modo como as comunidades reagem ao facto de lhes retirarem<br />

um dos direitos que mais prezam, as aulas de língua e cultura<br />

portuguesas para os seus filhos.<br />

Da Secretaria de Estado das Comunidades, na pessoa do atual Secretário<br />

de Estado, ouvem-se afirmações que parecem mentira...mas<br />

foram substituídas“.<br />

Em comunicado, o movimento<br />

pela defesa do ensino<br />

de Português na Alemanha<br />

lembra que, em 2007, a rede<br />

de ensino no estrangeiro tinha<br />

em toda a Europa 598 professores,<br />

em 2011 passou a ter 517<br />

e em 2012 quedar-se-á pelos<br />

468. Na Alemanha há 54 professores<br />

a cargo do Estado<br />

português, e nas áreas consulares<br />

de Frankfurt e Dusseldorf<br />

existem mais alguns<br />

professores contratados pelas<br />

autoridades alemãs.<br />

„De um sistema de ensino<br />

que funciona bem, agora<br />

pouco resta“, diz o comunicado<br />

do novo movimento, que<br />

critica o Instituto Camões por<br />

ter passado a exigir um maior<br />

número de alunos por professor,<br />

por exemplo.<br />

„Receamos que, a partir do<br />

próximo ano, muitos pais já<br />

não encontrem professores<br />

quando forem levar as crianças<br />

às aulas de Português, porque<br />

o governo está a fazer as<br />

coisas pela calada“, acrescentou<br />

Rui Paz.<br />

„Por isso, queremos pôr a<br />

comunidade de sobreaviso, e<br />

estender a acção de protesto a<br />

toda a Alemanha“, explicou.<br />

O grupo dinamizador do<br />

„Movimento para A Defesa do<br />

Ensino de Português“ é assinado,<br />

além de Rui Paz, pelos<br />

cinco conselheiros das comunidades<br />

eleitos na Alemanha,<br />

por dirigentes associativos,<br />

empresários e professores.<br />

Salvemos o ensino do português no estrangeiro!<br />

O movimento para a defesa do ensino do portuguêsna<br />

Alemanha está alerta!<br />

que infelizmente são verdade.<br />

“É necessário recorrer à iniciativa privada e ao mecenato.... os pais<br />

passarão a contribuir para a manutenção dos cursos ...só deverá haver<br />

cursos onde as comunidades forem significativas...”<br />

Tudo isto significa que não há vontade política de gastar verbas com<br />

o EPE.<br />

Retiram-se os professores e substituem-se por ensino através da Internet.<br />

Só quem nada entende de ensino e de pedagogia, ou que está<br />

indiferente ao futuro das crianças e jovens luso-descendentes, pode<br />

fazer afirmações destas.<br />

O Português, como língua identitária e de herança, não tem interesse.<br />

Será melhor transformá-lo em língua estrangeira, dizem os responsáveis,<br />

assim serão os países de acolhimento a pagar.<br />

E deste modo recusa-se, com a desculpa da crise, o direito constitucional<br />

dos portugueses no estrangeiro às aulas de língua materna<br />

para os seus filhos.<br />

Recusa-se um ensino de qualidade por professores portugueses.<br />

Recusa-se manter a ligação dos portugueses nas comunidades ao<br />

seu país de origem.<br />

Mas não se recusa receber os milhões de euros enviados por esses<br />

portugueses para o seu país, dos quais nem 1% é aplicado no ensino.<br />

“A minha pátria é a língua portuguesa”, dizia o escritor Fernando<br />

Pessoa. E é verdade. Mantendo a sua língua e a sua cultura, um português<br />

é português em qualquer lugar do mundo, pois mantém a ligação<br />

ao seu país.<br />

Acabar com os cursos de português ou reduzi-los à expressão mínima<br />

é uma ofensa, é uma traição aos portugueses no estrangeiro que<br />

não querem esquecer a sua pátria.<br />

Não queremos esquecer o nosso país. E não podemos permitir que<br />

o nosso país nos esqueça.<br />

Adere ao movimento pela defesa do ensino do português junto da<br />

Comunidade Portuguesa na Alemanha!<br />

Pelo Grupo dinamizador:<br />

Alfredo Stoffel, Sassnitz (CCP), Alfredo Cardoso, Münster (CCP),<br />

António Horta, Gelsenkirchen (Conselho de estrangeiros), Arménio<br />

Fortunato, Seelow (Empresário), Fernando Genro, Hilden (CCP), Francisco<br />

Rodrigues, Leverkusen (dirigente associativo), José Eduardo,<br />

Schwalbach (CCP), Luciano da Rosa, Berlin (professor e publicista),<br />

Manuel Lisboa, Solingen (professor), Óscar Pais, Düsseldorf (dirigente<br />

associativo), Piedade Frias, Stuttgart (CCP), Rui Paz, Düsseldorf (professor),<br />

Teresa Soares, Nürnberg (professora e sindicalista), Vitor<br />

Estradas, Remscheid (Presidente da FAPA).<br />

Mensagem à<br />

Comunidade<br />

Portuguesa<br />

na Alemanha<br />

A poucos dias da celebração do<br />

Natal e da entrada em 2012, gostaria<br />

de desejar à Comunidade Portuguesa<br />

e Luso-Descendente na<br />

Alemanha os meus votos de Boas<br />

Festas e de um feliz Ano Novo.<br />

A quadra Natalícia evoca-nos<br />

particularmente o espírito da Família<br />

e renova-nos sentimentos de<br />

solidariedade para com os demais,<br />

de alegria e de esperança nos tempos<br />

vindouros. É assim uma<br />

época de balanço e de reflexão que<br />

nos inspira a um novo fôlego.<br />

O ano que agora termina foi<br />

difícil e, provavelmente, o ano<br />

2012 não será mais fácil. Exige-se<br />

de todos nós um esforço concertado<br />

– tanto em Portugal, como na<br />

Alemanha – para fazer face à difícil<br />

conjectura que a Europa atravessa.<br />

No nosso Pais, vimo-nos<br />

compelidos a tomar medidas rigorosas,<br />

por vezes dolorosas, com<br />

vista a uma consolidação orçamental<br />

e, simultaneamente, para<br />

o relançamento da nossa economia<br />

em termos sustentados e firmes.<br />

A situação que atravessamos<br />

exige de todos importantes sacrifícios,<br />

num esforço colectivo que<br />

todos somos chamados a realizar<br />

e nos permita ultrapassar as presentes<br />

dificuldades e assegurar um<br />

futuro melhor.<br />

Gostaria pois de deixar à comunidade<br />

Portuguesa e Luso-descendente<br />

na Alemanha uma<br />

mensagem de solidariedade e de<br />

ânimo. A Embaixada e os Postos<br />

Consulares de Portugal na Alemanha<br />

acompanham e compartilham<br />

das vossas preocupações, das<br />

vossas ansiedades e das vossas esperanças.<br />

E é um voto de esperança<br />

que quero formular aos<br />

Portugueses residentes na Alemanha.<br />

Esperança que 2012 traga<br />

a todos um futuro melhor.<br />

A todos, os meus votos de<br />

Bom Natal e Feliz Ano Novo!<br />

José Caetano da Costa Pereira<br />

Embaixador de Portugal


10<br />

Entrevista<br />

Maria de Carvalho, fadista<br />

O Trio Fado na Moldura da<br />

Saudade e das Lembranças<br />

Nos anos oitenta, António Brito (viola e canto) e Maria de Carvalho (canto) começaram a<br />

cantar os fados dos outros em restaurantes de Berlim Ocidental. Mais tarde formaram o<br />

Trio Fado com Daniel Pircher (guitarra portuguesa). Depois juntou-se-lhes Benjamin<br />

Waldbrod (violoncelo). São quatro excelentes músicos que foram dando asas à sua criatividade,<br />

que foram os primeiros embaixadores do fado em Berlim e que, mais tarde, se internacionalizaram.<br />

No seu excelente último álbum «portolisboa» as letras, os arranjos e a<br />

música são quase todos deles. Em 21 de <strong>Jan</strong>eiro, o Trio Fado volta à Passionskirche em<br />

Berlim.<br />

A fadista do Trio Fado, Maria de Carvalho, é portuense e foi na sua residência que nos<br />

encontrámos. Olhando os telhados de Berlim e sob uns raios de sol envergonhados, conversámos<br />

sobre tempos passados, presentes e futuros com bolinhos e um chá fumegante. Maria de Carvalho, a voz do Trio Fado. Foto: Trio Fado<br />

Porque saíste de Portugal?<br />

Estávamos em 78. Era uma altura<br />

em que tinha de fazer alguma coisa.<br />

Podia ir para a universidade, porém<br />

os meus pais tinham poucas posses e<br />

éramos cinco irmãos. Naquela altura,<br />

a Inglaterra estava muito em voga.<br />

Era uma cena interessante e eu não<br />

conhecia nada. Era nova, queria experimentar<br />

coisas novas e através de<br />

uma amiga consegui ir como babysitter<br />

para Inglaterra. O meu pai não<br />

queria, era um pouco tirano; era a<br />

educação geral em certas famílias!<br />

Tinha de estar em casa até às 8 horas,<br />

ainda o sol brilhava lá fora. Chateei<br />

tanto que ele lá arranjou dinheiro<br />

para o passaporte e a viagem. Até à<br />

altura tinha-me divertido com a revolução<br />

- a liberdade soava bem.<br />

Já cantavas nessa altura?<br />

Sim, mas não era fado, cantava<br />

música inglesa. Na minha mocidade<br />

ouvia o fado na família e pelas<br />

janelas abertas da vizinhança. A<br />

minha mãe cantava fado enquanto<br />

limpava a casa. Hoje em dia não se<br />

ouve as pessoas cantar e as janelas<br />

estão fechadas porque as mulheres<br />

trabalham fora de casa e andam<br />

cheias de stress.<br />

Maria viveu dois anos em Inglaterra<br />

onde vivenciou outra cultura e<br />

ouviu outras músicas. Primeiro em<br />

Windsor onde, olhando um céu cinzento,<br />

as ruas sombrias lhe ensinavam<br />

o spleen inglês. Chorou mas<br />

aguentou! Não queria dar o braço a<br />

torcer. Em Londres viveu numa família<br />

de actores. Não obstante, apesar<br />

das muitas alternativas da cidade, a<br />

sua vida não avançava e, assim, decidiu<br />

ir experimentar a vida parisiense.<br />

Viveu um ano em Paris.<br />

“Talvez tenha encontrado as pessoas<br />

erradas, tive pouca sorte” - diz.<br />

Voltaste para Portugal?<br />

Voltei para Portugal, mas já não<br />

me sentia bem no meu país. Tinham<br />

passado três anos e não encontrava<br />

emprego. Andava muito à deriva.<br />

Um dia decidi visitar um alemão aqui<br />

em Berlim.<br />

Vieste para Berlim Ocidental?<br />

Sim e não gostei de Berlim. Não<br />

consegui entender a cidade. Não era<br />

como Londres que me entusiasmava<br />

ou Paris que me deslumbrava. Não<br />

percebia onde era o centro. Só via<br />

ruas compridas e todas iguais, algumas<br />

lojas, mas mais nada.<br />

Achaste as pessoas provincianas?<br />

Sim e não as achei nem simpáticas<br />

nem bonitas. Até há pouco tempo<br />

achava que não se vestiam bem, não<br />

se arranjavam. Berlim mudou muito<br />

nesse aspecto. Mas primeiro sentia<br />

qualquer coisa düster, como é que se<br />

diz?<br />

Sombria?<br />

Sim, é isso. Vim no fim do verão<br />

com roupa de inverno português e<br />

rapei muito frio. Não sei bem do que<br />

não gostei, era apenas um sentimento.<br />

Mas fui ficando e decidi<br />

aprender a língua. Fui trabalhando<br />

aqui e ali.<br />

Quando e como é que descobriste<br />

o teu talento para o fado?<br />

Foi só dez anos depois. Entretanto<br />

fui conhecendo pessoas interessantes<br />

e entrei num meio que me<br />

agradava e, assim, descobri a cidade.<br />

Por fora não tinha nada que me interessasse.<br />

Em Berlim, o que era interessante<br />

era - o que as pessoas faziam<br />

e as possibilidades que havia. Vivi<br />

em Kreuzberg e andava sempre de<br />

saída. Durante muito tempo nem<br />

pensei no que queria fazer. Nessa altura,<br />

tu não tinhas que fazer nada.<br />

Comecei a trabalhar num escritório<br />

que tinha negócios com a RDA. Fornecia<br />

produtos para as «intershops».<br />

Na estrada de «trânsito» entre Berlim<br />

Ocidental e Hamburgo, havias estas<br />

lojas onde podias beber café e comprar<br />

qualquer coisa com marcos alemães.<br />

Sentias-te perdida?<br />

Faltava-me qualquer coisa – era<br />

tudo muito superficial. Comecei a ter<br />

muitas saudades de Portugal, da<br />

minha família. O que é que eu faço?<br />

Onde é que pertenço? Faltava-me o<br />

calor, faltava-me o sol, faltava-me a<br />

família, faltava-me uma certa maneira<br />

de ser. Faltava-me o movimento<br />

das pessoas nas ruas e os seus<br />

cheiros. Abria as janelas e não sentia<br />

os cheiros nem via pessoas - aqui<br />

eram todos muito berlinenses. Agora<br />

há mais mistura, eles são mais simpáticos.<br />

Os condutores dos autocarros<br />

eram horríveis. Eu já saía de casa<br />

com medo, porque sabia que me ia<br />

chatear com alguém. Na vida privada<br />

eu dava-me com malta porreira, mas<br />

na vida profissional eles eram horríveis.<br />

E comecei a ter muitas saudades!<br />

Entrei numa depressão sem<br />

saber, mas tive bons amigos que me<br />

apoiaram.<br />

Faltava-te um sorriso que transformasse<br />

o teu dia?<br />

É isso. Tinha muitos amigos alternativos,<br />

saíamos muito para o teatro,<br />

concertos, etc. A cultura era<br />

barata em Berlim. Mas chegou uma<br />

altura em que esta vida não me chegava,<br />

era demasiado superficial. E<br />

foi nesta fase que fiquei deprimida.<br />

Ou seja, quando começaste a<br />

trabalhar deixaste o teu ninho<br />

protegido e foste confrontada<br />

com a realidade. E como resolveste<br />

este conflito?<br />

As pessoas não tinham calor para<br />

dar, eram antipáticas, maldispostas.<br />

Vou viver para sempre assim? Para<br />

me proteger, tornei-me agressiva.<br />

Comecei a detestá-los e ao mesmo<br />

tempo a não gostar de mim. Fiquei<br />

confusa.<br />

Assimilaste-te?<br />

Pois é isso. Fui-me adaptando<br />

sem o querer e chorava contra esta<br />

assimilação. Comecei a acalmar um<br />

pouco e a lutar contra a situação - a<br />

racionalizar. Desenvolvi uma técnica<br />

de adaptação. E o fado – acontece! A<br />

grande saudade que eu tinha do meu<br />

país fez com que tudo o que viesse<br />

de Portugal mexesse comigo. Durante<br />

dez anos não tive contacto com<br />

portugueses. Conheci o Tó na Casa<br />

Algarvia. Ele tocava viola e cantava<br />

fado. Um dia fui lá jantar e aquilo<br />

mexeu comigo; lembrei-me das canções<br />

que ouvia em criança. Não sabia<br />

que as tinha dentro de mim. Tenho<br />

uma música no último CD que se<br />

chama «Moldura de Lembranças»<br />

que tem muito a ver com os momentos<br />

passados e que se foi esquecendo.<br />

Fui lá várias vezes e comecei a cantar.<br />

Saía-me assim...eu cantava uma<br />

estrofe com o Tó, depois ficava suspensa<br />

porque não me lembrava do<br />

resto. E aquilo trazia-me imagens e<br />

eu sentia calor no peito. As pessoas<br />

queriam que eu cantasse e eu não<br />

queria porque tinha medo. Comecei<br />

a reaprender os fados e o meu repertório<br />

foi aumentando.<br />

O Tó é que conseguiu que eu entrasse<br />

no palco. Quando eu me es-<br />

quecia da letra ele trauteava e eu ia<br />

atrás e as pessoas batiam palmas na<br />

mesma. Em casa treinava o meu tom.<br />

Porque eu não sabia qual era o meu<br />

tom. Antes de cantar, ia à casa de<br />

banho e trauteava até ter o tom certo.<br />

Cantavas fados tradicionais?<br />

Sim, o «Que Deus me Perdoe» e<br />

até um arranjo com violoncelo. Comecei<br />

com os fados que davam mais<br />

para a minha voz.<br />

Cantavas fado do Porto, de<br />

Coimbra, de Lisboa?<br />

Fado lisboeta, o conhecido por<br />

toda a gente, como o «Disse-te<br />

Adeus», «Madrugada de Alfama».<br />

Normalmente, cantava os fados da<br />

Amália mas nunca a conheci pessoalmente.<br />

Ela veio uma vez à Casa<br />

Portuguesa em Moabit. O Tó cantou<br />

uma canção para ela! Eu nem abri a<br />

boca...<br />

Primeiro cantavam a dois em<br />

restaurantes. Como é que o<br />

Fado saiu do restaurante?<br />

Depois da Queda do Muro, o Tó<br />

teve uma proposta para ir cantar a<br />

Dresden, numa «Jazz Keller». Nessa<br />

altura apareceu o Daniel e também o<br />

Rui, que era filho do dono da Casa<br />

Portuguesa de Moabit. Ele cantava o<br />

Zeca Afonso, depois começou a cantar<br />

fado. Depois tivemos problemas<br />

e eu disse: «Ou ele ou eu»!<br />

A partir daí eu levei o Daniel que<br />

tocava guitarra clássica. Depois começou<br />

a experimentar e a ensaiar<br />

com a guitarra portuguesa. O Daniel<br />

é filho de uma alemã e de um austríaco<br />

e viveu em Portugal muitos<br />

anos.<br />

Em Dresden, o público era todo<br />

alemão e muito interessado em cultura.<br />

Durante o espectáculo esquecime<br />

da letra, parei a meio, pedi<br />

desculpa. Mas as pessoas gostaram.<br />

Afinal não era tão difícil cantar em<br />

palco.<br />

Depois conhecemos o Mário dos<br />

Santos (o Director do PORTUGAL<br />

<strong>POST</strong>) na ITB. Ele estava a organizar<br />

um concurso de fado amador na<br />

Alemanha e convidou-nos para participar.<br />

Fomos treze concorrentes. O<br />

Tó ficou em segundo lugar e eu em<br />

terceiro! Havia seiscentas pessoas<br />

presentes. A partir daí estava lançada.<br />

Era só fechar os olhos, cantar e seja<br />

o que Deus quiser!<br />

Agora já tento abrir os olhos,<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

conversar com as pessoas. Quando<br />

canto ainda fecho os olhos para me<br />

concentrar melhor. A partir daí tivemos<br />

várias propostas. Em 2005 percorremos<br />

a Vestefália do Norte em<br />

24 dias e fizemos 22 concertos. Cantámos<br />

para um público maioritariamente<br />

alemão.<br />

Temos sido os embaixadores do<br />

fado – fomos os primeiros. As salas<br />

dos concertos estavam cheias.<br />

Aprendemos muito com esta tournée<br />

e esta experiência deu-nos muito à<br />

vontade. E foi a partir daí que nos internacionalizámos.<br />

Primeiro fomos à<br />

Arménia e fomos os primeiros a<br />

apresentar fado ao vivo na televisão<br />

arménia. A partir daí começámos a<br />

compor coisas novas e fizemos outros<br />

arranjos. O Daniel tem muitas<br />

ideias e toca a guitarra portuguesa à<br />

maneira dele. Por vezes é mais balada.<br />

O Tó abriu o restaurante «Piri-<br />

Piri» em Berlim onde há fados, claro<br />

– e, por vezes, cantamos lá se não estivermos<br />

em tournée!<br />

Ao longo dos anos, o Trio Fado<br />

tem dado concertos em toda a Alemanha,<br />

incluindo vários concertos<br />

na Filarmónica de Berlim e na Passionskirche.<br />

O grupo estreou-se internacionalmente<br />

na Arménia, a que<br />

se seguiram a Áustria, a Suíça, o Luxemburgo<br />

e a Rússia, país em que<br />

deram concertos nas Filarmónicas<br />

de três cidades.<br />

Foi na Rússia que Maria diz terse<br />

sentido como uma Marisa; com a<br />

televisão local presente e uma ovação<br />

final de público em pé, os<br />

espectadores exigiram autógrafos<br />

dos artistas que tiveram de sair escoltados<br />

para o camarim. “Experiências<br />

pessoais boas!” diz a<br />

fadista.<br />

Maria transformou a sua dor e a<br />

saudade numa carreira e no Trio<br />

Fado encontrou as pessoas certas.<br />

«Aconteça o que acontecer na vida<br />

há sempre um amanhã e temos que<br />

lutar, lutar até lá chegar!»<br />

Para 2012 já há concertos planeados<br />

na China e nalguns cruzeiros<br />

de luxo da Hapag Lloyd. Mas não<br />

precisa ir tão longe: o Trio Fado<br />

estará presente com algumas novidades<br />

de repertório no dia 21 de<br />

<strong>Jan</strong>eiro, às 20 horas, na Passionskirche,<br />

em Berlim.<br />

Cristina Dangerfield-Vogt<br />

Correspondente em Berlim


PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Grécia:<br />

A comunidade portuguesa na Grécia<br />

é pequena, está sobretudo concentrada<br />

em Atenas e parece<br />

resistir à crise profunda que assola<br />

o país mais fragilizado da União<br />

Europeia.<br />

Maria da Piedade Magnatoglou,<br />

55 anos, conheceu e casou-se<br />

com um grego no final da já longínqua<br />

década de 1970. Tentaram<br />

viver em Portugal, não resultou. E<br />

instalaram-se em Atenas, quase<br />

35 anos ininterruptos. Tiveram<br />

dois filhos, e ambos estão empregados.<br />

O mais novo é intérprete de<br />

Fernando Santos, o treinador português<br />

da selecção grega de futebol.<br />

„É difícil dizer em que medida<br />

a presente crise afectou a comunidade<br />

lusa. Os portugueses na Grécia<br />

estão cá sobretudo por motivos<br />

familiares, portuguesas casadas<br />

com gregos ou vice-versa“, disse.<br />

„Conheço o caso de dois lusodescendentes<br />

que ficaram desempregados,<br />

claro que têm o<br />

apoio da família, não são pessoas<br />

casadas e não têm encargos próprios“.<br />

Maria da Piedade vive num<br />

bairro tranquilo, afastado do agitado<br />

centro da grande metrópole,<br />

perto de 4,5 milhões de habitantes,<br />

não longe do porto do Pireu.<br />

Há cerca de 20 anos, com um<br />

pequeno grupo de portugueses radicados,<br />

impulsionou a Associação<br />

Cultural dos Portugueses na<br />

Grécia, que ainda mantém diversas<br />

actividades.<br />

Mas a comunidade é pequena.<br />

Cerca de 300 pessoas da „primeira<br />

geração“ em toda a Grécia, metade<br />

a viver em Atenas. E depois existem<br />

os luso-descendentes, caso<br />

dos seus filhos e marido, todos<br />

com dupla nacionalidade.<br />

„A comunidade portuguesa na<br />

Grécia é integrada por pessoas que<br />

por motivos de casamento ou de<br />

trabalho, caso mais raro, se estabeleceram<br />

neste país. Um grupo<br />

de pessoas decidiu fundar esta associação.<br />

Na ocasião os poucos<br />

portugueses aqui radicados estavam<br />

perdidos no meio desta<br />

grande cidade, sem qualquer contacto.<br />

Apenas se deslocavam ao<br />

consulado ou à embaixada“, recorda.<br />

Autora de um pequeno dicionário<br />

português-grego e grego<br />

português - Maria da Piedade está<br />

a agora a concluir uma nova edição<br />

melhorada -, ainda participa<br />

na organização de pequenos eventos<br />

e que ainda juntam vários portugueses<br />

e familiares. Geralmente,<br />

um magusto por alturas do dia de<br />

São Martinho, ou na celebração do<br />

10 de junho.<br />

„Temos sócios, os que contribuem<br />

com quotas são muito poucos,<br />

os nossos recursos são fracos,<br />

e vamos vivendo do carolismo de<br />

alguns de nós“, reconhece.<br />

Um dos piores momentos da<br />

comunidade aconteceu no ano<br />

Portugueses no Mundo<br />

Comunidade portuguesa ainda celebra o São Martinho e o Dia de Camões<br />

Fernando Santos, treinador da selecção grega:<br />

«Para os gregos eu sou grego»<br />

passado, um dos muitos reflexos<br />

da crise global. Até há pouco, e em<br />

regime de reciprocidade, um professor<br />

grego dava aulas da sua língua<br />

à comunidade grega em<br />

Lisboa, e o mesmo sucedida com<br />

um professor de português em<br />

Atenas, que leccionava a luso-descendentes,<br />

despesas asseguradas<br />

pelos respectivos ministérios.<br />

Mas no ano passado, e pela<br />

primeira vez, a escola deixou de<br />

funcionar.<br />

„Em grande medida foi devido<br />

à crise, o ministério da Educação<br />

decidiu deixar de pagar. Estamos<br />

a fazer tudo por tudo para conseguir<br />

reactivar essa escola, que é<br />

muito pequena. Os alunos eram<br />

poucos, a escola dava aulas não<br />

11<br />

apenas a luso-descendentes mas a<br />

gregos que de alguma forma estivessem<br />

ligados a Portugal. Havia<br />

crianças, adolescentes e adultos<br />

que usufruíam desses cursos de<br />

português, que decorriam numa<br />

escola grega disponibilizada pelo<br />

ministério grego da Educação“, revela.<br />

Uma crise de uma enorme<br />

dimensão e que „surpreendeu“ a<br />

generalidade das pessoas na Grécia,<br />

assegura Maria da Piedade.<br />

Um acontecimento que se instalou<br />

no quotidiano da população, e que<br />

poderá prolongar-se por muito<br />

tempo. O fenómeno implicou,<br />

porém, novas descobertas.<br />

„Os gregos estão informados<br />

sobre a situação em Portugal.<br />

Quando comecei a viver em Atenas,<br />

ainda na década de 1970, Portugal<br />

era um ilustre desconhecido.<br />

Há muito que deixou de ser assim.<br />

Mas sobretudo hoje, e com esta<br />

crise, as pessoas estão de facto interessadas<br />

em saber o que se passa<br />

nos outros sítios. É um padrão de<br />

comparação para saber o que se<br />

está a fazer“.<br />

Na Grécia, as polémicas sempre<br />

foram mantidas com acalorada<br />

paixão. E a comparação com<br />

Portugal tornou-se numa forma<br />

de ajudar os gregos, talvez, a sentirem-se<br />

menos sós no seu „calvário“.<br />

Pelo menos, assevera,<br />

„sempre contribui para formarem<br />

a sua opinião, e extraírem diversas<br />

conclusões“.


12 Conversa<br />

Entrevista com Inês Thomas de Almeida, editora do magazine cultural Berlinda<br />

”O meu projecto, o meu cavalo de<br />

Ackermann<br />

Stephan<br />

batalha, é a Berlinda” Foto:<br />

Inês Thomas de Almeida é cantora lírica e a editora da Berlinda - uma revista online que informa<br />

transversalmente sobre os eventos culturais do mundo falante do português na capital.<br />

No passado dia 14 de Dezembro, vivenciámos o teu grande sucesso a nível da organização de eventos<br />

culturais e que foi o culminar de muito trabalho. O “Poema Bar” foi a tua estreia. Preparado com mão<br />

de mestre, o espectáculo estava impregnado do teu carisma. Portanto, estás de parabéns, mas também<br />

nos criaste expectativas – a partir de agora o grau de exigência ainda vai se maior!<br />

Como consegues criar uma revista<br />

cultural online bilingue e,<br />

meteoricamente, chegar onde<br />

estás? Queres-me contar como<br />

tudo aconteceu?<br />

Vou começar pela minha infância.<br />

Desde que me conheço fui sempre<br />

muito disciplinada. Foi assim que<br />

consegui seguir o ensino musical paralelo<br />

ao ensino normal, ambos com<br />

uma carga horária regular. Foi uma<br />

boa preparação para a minha vida<br />

adulta.<br />

Então nessa idade já tinhas um<br />

objectivo que perseguias tenazmente?<br />

O objectivo foi mudando, mas<br />

sempre tive metas na minha vida. Primeiro<br />

quis fazer alguma coisa relacionada<br />

com a música, depois foi o canto<br />

aos 19 anos. Segui esse objectivo até<br />

às últimas consequências e, por isso,<br />

vim para a Alemanha. Fiz muitas coisas,<br />

ganhei um prémio, trabalhei em<br />

ópera, depois quis criar uma família,<br />

e este é o projecto de que mais me orgulho<br />

e que mais alegria me dá. Mais<br />

tarde, quis juntar a parte cultural ao<br />

estar em Berlim. De há dois anos para<br />

cá, estava insatisfeita com o ser apenas<br />

intérprete. Tinha outros interesses.<br />

Comecei a trabalhar nos bastidores:<br />

na assistência da encenação, na música<br />

contemporânea e participei num<br />

festival na Baviera. Fiz coreografia<br />

durante algum tempo, dancei e fui directora<br />

de cena, fiz produção – ganhei<br />

experiência de como as coisas se<br />

fazem. Andava à procura de alguma<br />

coisa e fui juntando as experiências.<br />

Este ano encontrei o que gosto de<br />

fazer numa coisa só e, assim, surgiu o<br />

magazine cultural, transversal ao<br />

mundo da cultura portuguesa. Para<br />

mim foi óptimo, porque juntei a parte<br />

cultural à parte de organização.<br />

Como consegues motivar as pessoas<br />

para colaborarem contigo?<br />

Segui uma estratégia que tenho<br />

aplicado toda a minha vida. Antes de<br />

falar no projecto às pessoas, decidi<br />

primeiro fazer! Sou muito prática.<br />

Não aceito o discurso das pessoas que<br />

se queixam e que dizem, gostava de<br />

fazer mas não há apoios, ninguém<br />

ajuda – eu não me identifico nada<br />

com este tipo de discurso. Quando se<br />

quer fazer, faz-se. Depois vai-se encontrando<br />

maneiras, embora com<br />

consciência dos limites. Fui descobrindo<br />

como é que se faz uma página<br />

na internet e fiz tudo: layout, parte<br />

técnica e aprendi a fazer feeds. Tinha<br />

imensas dúvidas e visitava os fórums<br />

dos Websmaster e fazia perguntas.<br />

Passei meses a aprender coisas que<br />

nunca pensei que iria aprender.<br />

Depois de ter o esboço, que ainda<br />

não está acabado porque ainda estamos<br />

a crescer, comecei a escrever. Eu<br />

era “o homem dos sete instrumentos”.<br />

Fui ter com as pessoas e falei-lhes da<br />

minha ideia e pedi ajuda. Tive uma<br />

adesão óptima desde o início. Consegui<br />

uma equipa de tradução porque<br />

queria uma edição bilingue.<br />

Tenho revisores para o português<br />

e o alemão. Somos onze pessoas a trabalhar<br />

no projecto: alemães, portugueses,<br />

brasileiros, moçambicanos,<br />

angolanos, fotógrafos, jornalistas, etc.<br />

Mas o núcleo duro é de onze pessoas,<br />

para além de outros colaboradores. Eu<br />

ia vendo quem estava ocupado nas<br />

várias áreas. As pessoas iam passando<br />

a palavra. Estes primeiros tempos têm<br />

sido experimentais, depois logo se<br />

verá. Em <strong>Jan</strong>eiro começaremos uma<br />

campanha para angariação de financiamentos.<br />

A organização do “Poema Bar”<br />

foi muito trabalhosa. Os patrocinadores<br />

foram conseguidos indo almoçar<br />

com eles. Foram muitos almoços. Vou<br />

ter com a pessoa que me interessa e<br />

proponho. Não tenho medo de perguntar.<br />

O que é que pode acontecer?<br />

Dizer-me não? Mesmo assim, conheci<br />

uma pessoa nova, almocei bem, e já<br />

estou a ganhar.<br />

A tua infância foi passada na<br />

República Dominicana ouvindo<br />

outras músicas e cheirando outros<br />

perfumes. És filha de um<br />

casal luso-dominicano, bilingue<br />

e transcultural. Disseste numa<br />

entrevista que foste uma miúda<br />

superdotada na escola e que estavas<br />

adiantada um ano e te sentias<br />

isolada das tuas colegas.<br />

Depois foste viver para Portugal!<br />

Conta-me como foi! Como é que<br />

a música e os cheiros dominicanos<br />

influenciaram a mulher que<br />

és hoje? Qual o impacto da reserva<br />

lisboeta?<br />

Lembro-me de pessoas diferentes<br />

e cheiros, sabores e música dominicanos.<br />

A minha mãe cantava-me canções<br />

de embalar em espanhol. Eu falo<br />

português com o meu pai e espanhol<br />

com a minha mãe. Esta base transcultural<br />

faz com que eu goste de estabelecer<br />

pontes entre as culturas. A<br />

minha vida é isso. Eu sou uma mistura<br />

de dois mundos. Há sempre muitas<br />

maneiras de olhar uma coisa, não<br />

há uma verdade única – foi isso que<br />

aprendi. O que é válido num lugar<br />

pode ser totalmente descabido num<br />

outro. Aprendi a respeitar as diferenças<br />

culturais e cedo me apercebi que<br />

há muitas perspectivas.<br />

Tinha quatro anos quando cheguei<br />

a Lisboa. A primeira reacção foi<br />

de horror. Na República Dominicana<br />

brincávamos na rua, os vizinhos con-<br />

hecem-se, há muitas crianças.<br />

Quando se chega lá vê-se logo montes<br />

de crianças. As pessoas são muito alegres<br />

e há muito barulho. Os rádios ligados,<br />

altíssimo. Na Europa tem-se<br />

medo de incomodar os outros. Era o<br />

barulho de Lisboa ao quadrado! Em<br />

Lisboa não podia ir brincar para a rua,<br />

não podia andar descalça e os vizinhos<br />

– nem os conhecia!<br />

Houve a questão da língua. Eu<br />

percebia português mas respondia em<br />

espanhol. Era a língua que toda a<br />

gente falava à minha volta. Em Lisboa<br />

as pessoas não entendiam espanhol.<br />

Ainda estávamos longe do mundo<br />

global. Eu respondia sempre em<br />

espanhol e por isso a adaptação na escola<br />

foi horrível. As educadoras diziam<br />

– mas o que é que ela quer dizer,<br />

quer água, tem fome? A minha irmã<br />

que era mais velha ajudava. Um dia<br />

respondi em português e a partir daí<br />

abriu-se outro mundo. Cheguei a casa<br />

triunfante e disse à minha mãe “lá na<br />

escola, toda a gente sabe falar espanhol!”<br />

Foi o meu primeiro contacto<br />

com o choque de culturas! Adoro Lisboa,<br />

tenho lá a minha família, isto foi<br />

apenas o primeiro embate e, visto de<br />

Berlim, as recordações ainda vêm<br />

mais ao de cima<br />

Aprendeste piano ainda eras<br />

muito miúda. Quando é que descobriste<br />

a tua vocação para o<br />

canto?<br />

Comecei com onze anos. Na realidade,<br />

eu queria ser pianista clássica<br />

– era o meu objectivo. Eu sabia que<br />

era música o que eu queria estudar.<br />

Recebi a minha educação musical no<br />

Instituto Gregoriano onde fiz oito<br />

anos de piano. Quando iniciei a educação<br />

vocal para aprender a colocar a<br />

voz, o professor disse-me que tinha<br />

uma voz com potencial. Para mim foi<br />

uma revelação e senti que era isso<br />

mesmo que eu queria. A certa altura<br />

suspeitei que a formação que estava a<br />

receber não era a melhor. Durante<br />

dois anos seguidos, ganhei uma bolsa<br />

de mérito na Universidade de Évora.<br />

E usei-a para ir treinar a voz na Áustria<br />

e foi aí que me disseram que estava<br />

a arruinar a minha voz. Vim para<br />

a Alemanha em 2003.<br />

Tiveste inúmeros sucessos na<br />

área do canto, primeiro em Portugal<br />

e depois na Alemanha, e<br />

foste mesmo laureada.<br />

Fui laureada na Competição Internacional<br />

de Canto na Deutsche Oper.<br />

Concorreram quatrocentas e cinquenta<br />

pessoas de cerca de quarenta<br />

países diferentes. Vivia em Rostock e<br />

vim a Berlim. Nesse dia, enquanto<br />

subia as escadas da Hauptbahnof,<br />

dizia-me a mim própria: “Vou ser<br />

vencedora, vou vencer”. Estava numa<br />

de ganhar e – ganhei! Fui depois convidada<br />

para a programação desse<br />

verão no Festival de Ópera de Reinsberg<br />

e fiz a “Noite de Reinsberg”<br />

numa moldura em que eu cantava e<br />

dançava flamenco na ópera Carmen.<br />

Participei também numa produção da<br />

ópera “La Dame Blanche” – adoro<br />

Reinsberg! Eles continuam a acompanhar-nos,<br />

seguindo o percurso dos<br />

laureados. É como se fosse uma família.<br />

És uma pessoa obviamente tenaz<br />

e perfeccionista!<br />

Completamente! Mas esta certeza<br />

que ia ganhar não me voltou acontecer<br />

em parte nenhuma. Foi o último<br />

concurso que fiz e foi um dia especial.<br />

Não vou sempre com essa disposição<br />

Como concilias a tua vida privada<br />

com os teus vários projectos?<br />

O meu marido apoia-me incondicionalmente.<br />

Quando tive a ideia da<br />

Berlinda, ele disse-me logo: “Excelente,<br />

é óptimo, força!” Eu gosto de<br />

ser mãe de família e de estar casada<br />

com ele.<br />

Vês-te como um elo entre a cultura<br />

e o público e sem dúvida<br />

tens um papel transcultural no<br />

mundo da língua portuguesa!<br />

Isso do elo foi a propósito de<br />

quando estou em palco. Quando canto<br />

sou um veículo que passa a informação<br />

ao público.<br />

E a Berlinda não é isso também?<br />

As pessoas estão a fazer coisas e<br />

eu quero que outras saibam disso e,<br />

nesse sentido, a Berlinda é um veículo<br />

e um elo entre a cultura e as pessoas.<br />

Tu és a força motriz da Berlinda.<br />

Foste tu que tiveste a ideia, que<br />

a desenvolveste, que angariaste<br />

os colaboradores. Como é que<br />

isso funciona?<br />

A minha ideia é que a Berlinda<br />

seja cada vez mais autónoma. Que as<br />

pessoas façam as coisas por elas próprias<br />

para eu me poder dedicar à parte<br />

da produção e arranjar os contactos.<br />

Quero confiar na minha equipa. Não<br />

quero ser omnipresente. Expliquei<br />

que não quero gerir um Blog de uma<br />

portuguesa em Berlim. Quero uma<br />

coisa universal. A Berlinda é um magazine,<br />

uma revista cultural online.<br />

Para mim é feminino, mas para muita<br />

gente isto não é evidente. O meu projecto,<br />

o meu cavalo de batalha, é a<br />

Berlinda.<br />

Queres-me falar do teu elo e interesse<br />

pela música sefardita?<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Não tenho elo nenhum a não ser<br />

um grande interesse pela música sefardita.<br />

Fascina-me pensar que houve<br />

um tempo em que as três religiões<br />

monoteístas conviveram em paz e<br />

algo cultural se desenvolveu entre<br />

elas na Península Ibérica. Devíamos<br />

aprender todos com isto. A mistura de<br />

culturas é o meu “roter Faden”, fascina-me.<br />

Depois eles levaram essa<br />

mistura para vários sítios. Tive o prazer<br />

de fazer o meu curso de canto com<br />

uma israelita que me ensinou a pronunciar<br />

o hebraico. Neste momento,<br />

interessa-me a parte teórica. Como é<br />

que tudo isso se passou e o percurso<br />

dos sefarditas, sobretudo, daqueles<br />

que vieram para a Alemanha. Quero<br />

escrever sobre os sefarditas em Berlim.<br />

É uma investigação que ando a<br />

fazer há anos. E gostaria de fazer um<br />

documentário sobre isso.<br />

Queres falar dos teus projectos<br />

futuros?<br />

Vamos continuar a publicar em<br />

português e em alemão. Depois de<br />

cada espectáculo, juntamo-nos para<br />

fazer o balanço e decidir o que deveria<br />

ser diferente da próxima vez.<br />

Estamos a trabalhar num projecto de<br />

festival da Berlinda de língua e cultura<br />

portuguesas, planeado para meados<br />

de Outubro a meados de<br />

Novembro. Queremos juntar manifestações<br />

culturais de língua portuguesa<br />

aqui em Berlim – cinema, literatura e<br />

artes plásticas com pessoas convidadas<br />

e locais. O objectivo é a divulgação<br />

dos países de língua portuguesa.<br />

Durante um mês inteiro a cultura e a<br />

língua portuguesas vão estar presentes<br />

em Berlim. Temos parcerias com instituições<br />

de Portugal, Brasil e Angola,<br />

e estamos a trabalhar para fazer<br />

uma mostra grande da cultura de língua<br />

portuguesa. Todos os eventos vão<br />

ser traduzidos. Vamos ter sessões literárias<br />

com Mia Couto e Ondjaki com<br />

os tradutores dos livros deles. O cineasta<br />

Pedro Pimenta também vai estar<br />

presente. Já estão todos confirmadissimos.<br />

E o teu canto lírico, tens espectáculos<br />

previstos?<br />

Não há nada previsto. Quando<br />

criei a Berlinda decidi fazer uma<br />

pausa nas outras coisas. Recebi convites<br />

de todo o lado. Estive recentemente<br />

na Festa do Avante e tive o<br />

privilégio de cantar com cantores de<br />

ópera que admiro desde criança. A<br />

minha posição agora é a de não correr<br />

atrás de ninguém. Fico muito contente<br />

se for convidada, mas não ando atrás<br />

de ninguém porque o que estou a<br />

fazer activamente é a Berlinda.<br />

Cristina Dangerfield-Vogt


PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Euro - 10 anos depois:<br />

Habitantes de aldeias da Guarda ainda têm dificuldades<br />

em manusear moeda única<br />

Dez anos depois da entrada<br />

em vigor do euro em Portugal,<br />

os habitantes de muitas<br />

localidades da região da<br />

Guarda ainda fazem as contas<br />

em escudos e têm dificuldades<br />

em lidar com a<br />

moeda europeia.<br />

„As pessoas mais idosas<br />

ainda não se adaptaram e têm<br />

problemas com o euro“, disse o<br />

presidente da Junta de Freguesia<br />

de S. Pedro do Jarmelo.<br />

A freguesia abrange as aldeias<br />

de Urgueira, Donfins,<br />

Ima, Pereira, Granja, Almeidinha,<br />

Devesa e Mãe de Mingança<br />

(metade), onde residem<br />

cerca de 200 pessoas, maioritariamente<br />

idosas.<br />

O autarca Hermínio Cabral<br />

contou que algumas mulheres<br />

da terra „vão ao padeiro ou ao<br />

azeiteiro [vendedor ambulante]<br />

e dão-lhe a carteira para as<br />

mãos para serem eles a retirar a<br />

quantia com que fazem o pagamento“.<br />

„Verifica-se que as pessoas<br />

de idade ainda têm dificuldades<br />

em trabalhar com o euro. Por<br />

vezes, digo-lhes que um euro representa<br />

200 escudos mas, nem<br />

assim conseguem encarreirar<br />

com a moeda“, admitiu.<br />

Hermínio Cabral relatou ter<br />

assistido a situações em que „as<br />

Escritório de Representação na Alemanha<br />

Estar fora não é estar distante.<br />

O Montepio está perto da comunidade portuguesa no estrangeiro,<br />

para concretizar os seus sonhos e dar­lhe todo o apoio, sempre que<br />

necessário.<br />

Todos temos o nosso lugar. O do Montepio é junto a si.<br />

E porque queremos estar mais próximos<br />

Seleccionamos Candidatos/as<br />

Em Full e/ou Part­time para as seguintes zonas:<br />

Stuttgart, Colónia, Düsseldorf, Hamburg.<br />

Resposta para :<br />

Montepio ­ Escritório de Representação na Alemanha<br />

Schäfergasse 17, 60313 Frankfurt / Main<br />

ldfreitas@montepio.pt Tel. 069 91394716/17/47<br />

pessoas julgam que uma nota de<br />

10 euros equivale a 10 contos de<br />

réis [mil escudos]“.<br />

Maria José Trindade, 88<br />

anos, moradora na aldeia de Urgueira,<br />

onde habitam cerca de<br />

15 pessoas, reconheceu que no<br />

dia a dia, o seu pensamento<br />

ainda „foge para o escudo“ mas<br />

Valores que crescem consigo<br />

nunca teve problemas com a<br />

moeda única, embora a adaptação<br />

inicial tenha custado<br />

„um bocadito“.<br />

„Lido com o euro e já não<br />

penso no escudo, simplesmente,<br />

quando compro qual quer<br />

coisa, o pão por exemplo, dou<br />

por mim a pensar: paguei 1,50<br />

euros, o que equivale a 300 escudos“,<br />

disse.<br />

Referiu que outros moradores<br />

na povoação, onde o habitante<br />

mais novo tem „mais de<br />

30 anos“, têm „maior dificuldade“<br />

do que ela em lidar com a<br />

moeda europeia e ainda raciocinam<br />

em escudos.<br />

„Uma senhora, que vai fazer<br />

100 anos em Fevereiro, quando<br />

me pede para pagar uma missa,<br />

dá-me 15 euros e diz sempre: lá<br />

vão três contos [três mil escudos]“,<br />

relatou.<br />

A irmã, Maria Miragaia, 66<br />

anos, lembrou que em 01 de<br />

janeiro de 2002, ocorreu „uma<br />

transição muito grande“, daí<br />

que ainda não esteja devida-<br />

Rojões à Minhota, Frango<br />

no Churrasco, Arroz de<br />

Marisco,<br />

Pescada no Forno<br />

e ainda o saboroso<br />

Cozido à Portuguesa<br />

(por encomenda),<br />

Cabrito Assado<br />

e Leitão à Bairrada<br />

(por encomenda)<br />

Hor. de abertura: Seg. a Dom.:<br />

das 17h30-22h30<br />

Quartas: Descanso<br />

Venda ao Domicilio e fornecimento de toda<br />

a pastelaria portuguesa<br />

para restaurantes,<br />

pastelarias, cafés,<br />

eventos, público, etc.<br />

Euro<br />

Degustar<br />

a cozinha portuguesa<br />

num restaurante<br />

acolhedor, com<br />

ambiente agradável<br />

e familiar<br />

Restaurante Farol<br />

Münsterstr 60<br />

48565 Borghorst<br />

Tel.: 02552 – 702630<br />

Pastelaria Portugália<br />

Tel.: 02331 – 484804<br />

Mobil 0171 – 645 80 93<br />

Karlstr.32 - 58135 Hagen<br />

Inh. Adélio Oliveira<br />

Pense nas coisas boas e doces da vida. Pense em nós!<br />

13<br />

mente adaptada ao euro.<br />

„Quando as quantias são pequenas,<br />

faço as contas certas<br />

mas, a partir dos 100 euros, faço<br />

confusão. E quando ouço falar<br />

em mais de mil euros, nem lhe<br />

digo nada, não consigo fazer a<br />

equivalência a escudos“, assumiu.<br />

Contou que os idosos da<br />

terra também lhe pedem ajuda<br />

„quando tencionam dar dinheiro<br />

a alguém, porque associam<br />

que 20 euros são 20<br />

escudos e que 50 euros equivalem<br />

a 50 escudos“.<br />

„Por vezes, dizem que querem<br />

ofertar três contos aos<br />

netos, e eu digo-lhes para darem<br />

uma nota de dez euros e outra<br />

de cinco“, explicou Maria Miragaia.<br />

Apesar de assumir que a fase<br />

mais difícil de adaptação ao<br />

euro „já passou“, a mulher rejeitou<br />

„o regresso ao escudo“.<br />

„Regressar ao escudo está<br />

fora de hipótese. Seria muito<br />

mau para o País“, concluiu.<br />

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Desejamos a todos os<br />

clientes, amigos e a<br />

toda a comunidade lusa<br />

Feliz Natal e um Bom<br />

Ano Novo


14 Nós<br />

Joaquim Peito<br />

www.manulena-kerzen.de<br />

Manulena<br />

quer iluminar<br />

os lares na<br />

Alemanha<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Orgulhosamente Português. Saudades e Bacalhau<br />

› Várias razões para (des)gostar de Portugal<br />

Portugal é um país de contrastes.<br />

Em meia dúzia de quilómetros,<br />

passa do verdinho minhoto às securas<br />

alentejanas, do sufocante<br />

IC19 à estrada deserta para Rio<br />

d’Onor, da mais irritante funcionária<br />

de guichê à generosa velhinha,<br />

que não sabe o caminho para<br />

o Porto, mas chama a vizinhança<br />

toda aos gritos, só para ajudar o<br />

viajante.<br />

É um ódio andarmos sempre a<br />

queixar-nos de tudo, como é um<br />

amor fazermos poemas e versos a<br />

torto e a direito. É um amor o cuidado<br />

que temos com as crianças<br />

uns dos outros, como é um ódio a<br />

culpa morrer sempre solteira, por<br />

mais conhecidos que sejam os responsáveis.<br />

Há muitíssimas e variadas razões<br />

para amar Portugal: a tolerância,<br />

a delicadeza, o<br />

desenrascanço, a hospitalidade, os<br />

fabulosos comes e bebes e por aí<br />

fora. E há outras tantas para odiar<br />

o nosso jardim: os doutores da<br />

mula ruça, a falta de auto-estima<br />

nacional, a invejinha, os poderzinhos,<br />

as chatices da burocracia, o<br />

atraso de vida que é fazer tudo às<br />

três pancadas... conceitos que são<br />

definitivamente nascidos e criados<br />

na nossa querida língua.<br />

Eu gos-to mui-to da mi-nha terra.<br />

Por muitas razões, por dez,<br />

cem, mil, milhões de razões.<br />

A crise preocupa-o? Preocupese<br />

com a crise, mas veja algumas<br />

razões e lembre-se de outras. Isto<br />

é um verdadeiro caso de coração.<br />

E você, querido leitor pode fazer<br />

também a sua lista pessoal. Divirta-se,<br />

mas não se alargue: só<br />

vale 10 de cada.<br />

Aqui vão as minhas razões<br />

para Amar esta pequena praia<br />

lusitana que é Portugal.<br />

Amália Rodrigues, o fado<br />

dispensa apelido e o Vinho do<br />

Porto, uma obra de arte conjunta<br />

feita por homens e geografia em<br />

Portugal Continental. Os Barcos<br />

rabelos, heróis do Douro, transporte<br />

do nobre Porto, hoje parte<br />

da paisagem. O fabuloso e excêntrico<br />

Cristiano Ronaldo, todo o<br />

mundo fala alemão quando diz<br />

Volkswagen e o queijo da Serra,<br />

o melhor queijo do mundo, facto<br />

felizmente desconhecido neste<br />

Portugal (des)conhecido. Os Tapetes<br />

de Arraiolos, uma pequena<br />

vila alentejana vale o<br />

Império Persa e a sopa de<br />

pedra, prova de que o engenho<br />

humano pode fazer, com muito<br />

pouco, grandes maravilhas. A<br />

Nossa Senhora de Fátima, o plebiscito<br />

luminar da fé católica: cada<br />

vela cada voto (e que diz o terceiro<br />

segredo?) e a saborosa bolacha<br />

maria, para o menino e para a<br />

menina, para o bebé e para o avô,<br />

a água das pedras, H2O e algo<br />

mais. Experimente pedi-la noutra<br />

língua e a vida de café dos portugueses,<br />

mãe de todos os ócios e<br />

madrasta de alguns talentos. Não<br />

conseguimos sobreviver sem cafeína<br />

(não cocaína). O improviso,<br />

arte portuguesa de<br />

complicar o mais simples e facilitar<br />

o impossível e o Infante D.<br />

Henrique, o navegador, o homem<br />

das costas mais largas e Sagres,<br />

um passo em frente e era o<br />

abismo. Não foi, mas era preciso<br />

tentar. Copo de três, a mais económica<br />

forma de afogar dores e<br />

festejar a alegria, o vinho Rosé, o<br />

parente mais próximo (alcoolico)<br />

da coca-cola e o vinho verde, ou<br />

as uvas mais precoces do Mundo.<br />

Portugal vinícola, Portugal de excelentes<br />

vinhos. A Vista Alegre,<br />

a loiça que não lembra partir e a<br />

loiça das Caldas, a única que<br />

justifica classificação etária. O<br />

(in)fiel amigo, chamado de bacalhau,<br />

longe das montras e bolsas,<br />

nunca do coração. Uma de cada<br />

três receitas portuguesas usa-o e a<br />

bica, café rebatizado para servir<br />

as funções e acompanhado com<br />

bagaço, o Adão e a Eva provaram<br />

que nem sempre a fruta é inofensiva.<br />

Com a uva, lembrámos a<br />

Paulo Dias<br />

Warendorferstr.148<br />

48145 Münster<br />

Tel: 0251 28 76 91 50<br />

facto –Portugal. A sardinha, a<br />

mulher e a sardinha (portuguesa)<br />

a melhor é a pequenina, a do<br />

nosso mar e o sol, por razões que<br />

lhe são alheias, deixou de nunca se<br />

pôr sobre solo português. Foi<br />

então que descobrimos que o<br />

nosso é melhor que o dos outros<br />

neste mar salgado, quando do<br />

seu sal são: a) lágrimas de Portugal<br />

(aspeto histórico); b) materialprima<br />

de Salinas (económico); c)<br />

causa de hipertensão (sanitário).<br />

Somos uma nação de hipertensos.<br />

Galo de Barcelos<br />

A caravela, barco que deu ao<br />

mundo novos mundos e a navegação<br />

contra o vento e o hóquei em<br />

patins, a nossa assinatura nos pódios<br />

da Europa e do Mundo<br />

(quousque tandem abutere),<br />

Olimpíadas…) cantando a Portu-<br />

www.manulena­kerzen.de<br />

Email: mail@manulena.de<br />

guesa, uma canção de multidões.<br />

O barrete do campino, o único<br />

que se enfia com orgulho ou<br />

quando a bandeira nacional se usa<br />

na cabeça e toiros, fera de cultivo,<br />

servida com tempero de vinho,<br />

fado e guitarradas e a pega de<br />

caras, a única ocasião em que<br />

ainda pegamos o toiro pelos cornos.<br />

Portugal, o país dos poetas,<br />

“Grande é a poesia, a bondade e<br />

as deusas” (Fernando Pessoa). O<br />

Português Suave, o tabaco que<br />

escolheu a marca do nacional-porreirismo<br />

e o cozido à portuguesa,<br />

a grande confusão numa panela,<br />

provando que, juntando coisas<br />

boas, se obtém uma coisa boa e o<br />

Leitão da Bairrada, o mais saboroso<br />

infanticídio da gastronomia<br />

portuguesa. O caldo verde,<br />

a couve reinventada e a broa,<br />

Hm, que b(r)oa é ? As tripas à<br />

moda do Porto, das entranhas<br />

vieram, às entranhas tornarão e o<br />

azeite, o da azeitona e o que se faz<br />

ao fazer o mínimo possível. O senhor<br />

prior, a razão porque os<br />

psiquiatras entre nós não têm toda<br />

a fama e proveito e os cravos,<br />

vermelhos (uma no cravo), brancos<br />

ou azuis (outra na ferradura) e<br />

o porco, a versão mais gorda das<br />

vacas magras. Algarve, o litoral<br />

que nos é mais próximo teve que<br />

esperar pelo século XX para ser<br />

descoberto e o azulejo, ou “ainda<br />

bem que nem tudo o que a luz é<br />

oiro” - Portugal. O manuelino,<br />

quando o mar, as tempestades e a<br />

natureza tiravam retrato em pedra<br />

e o Santo António, o nosso (não<br />

o de Pádua) sem dúvida. A história,<br />

um feriado e vários casais reclamam-no<br />

e a cunha, maneira<br />

de abrir portas fechadas e portas<br />

que não há. O manjerico, as<br />

plantas não se medem aos palmos.<br />

Desejos e sinais em folhas pequenas<br />

e a guitarra portuguesa, do<br />

tempo em que os instrumentos falavam,<br />

ficou-nos este em fado e o<br />

galo de Barcelos de barro cozido<br />

e pintado, a bandeira nacional<br />

do artesanato que,<br />

antigamente, se punha por cima<br />

do frigorífico e que hoje se vende<br />

aos turistas: Portugal, Portugalo.<br />

A capa e a batina, a nossa tradi-<br />

ção mais negra. O bidé, de como<br />

na higiene descemos ao pormenor<br />

e a rolha de cortiça (somos o<br />

maior exportador do mundo),<br />

mete uma árvore na sua garrafa. O<br />

país do queixume, pessimismo<br />

egocentrico: “Só a mim…” e o<br />

brandura dos nossos costumes,<br />

o crime com pouco castigo, o prémio<br />

com pouco alarde, a esponja.<br />

Calouste Gulbenkian, uma das<br />

melhores coisas que nos aconteceu<br />

desde a fundação da Nacionalidade<br />

e o Zé povinho, a<br />

derradeira frase: “Mas eu não<br />

quero ser salvo…” O emigrante,<br />

ame-o e deixe-o… ficar no estrangeiro,<br />

o turista, o Verão do nosso<br />

contentamento e o guarda-republicano,<br />

a única tropa que<br />

temos para turista ver. A mulata,<br />

a cooperação luso-africana que se<br />

vê pelos seus frutos e as primas e<br />

primos de como aqui o mundo é<br />

pequeno ou “mas você é filho de<br />

quem!?”. Portugal, o país das<br />

pontes é como ir de feriado a feriado<br />

sem por o pé em trabalho<br />

(verde). A Baixa da Caixa, o que<br />

fica quando se acabam as férias,<br />

feriados e pontes e a Telenovela,<br />

na arte de fazer render o peixe<br />

somos tão bons como os melhores.<br />

As telenovelas é um dos nossos<br />

“must”. Primeiro as brasileiras,<br />

agora as portuguesas. São vistas<br />

em família e, no geral, só são destronadas<br />

pelo futebol, mas por<br />

vezes os telejornais sobem para os<br />

primeiros lugares. A Revista,<br />

quando pagámos para nos rirmos<br />

de nós e a bela Inês de Castro, a<br />

mais bonita e macabre das nossa<br />

histórias de amor. Portugal, o país<br />

dos nostálgicos elétricos, ecológico,<br />

forrado a matérias nobres,<br />

com um desprezo soberano pelo<br />

horários. O transporte dos grandes<br />

senhores e a calçada portuguesa,<br />

a arte que nos damos ao<br />

luxo de calcar aos pés.<br />

O Brasil, o filho que fez render<br />

as moedas e o Totobola, “foi<br />

você que disse que o 13 é um número<br />

de azar?...”<br />

Agora caro(a) leitor(a) cá fico<br />

à espera das suas razões para<br />

(des)gostar de Portugal<br />

Velas de Consumo<br />

Decorativas e de Aromas<br />

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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Stolz Portugiese zu sein. Heimweh und Bacalhau<br />

› Verschiedene Gründe, Portugal zu mögen (oder nicht)<br />

Joaquim Peito<br />

Portugal ist ein Land aus Kontrasten.<br />

Auf einem halben Dutzend<br />

Kilometern kommt man vom immergrünen<br />

Minho bis in den<br />

staubtrockenen Alentejo, von der<br />

überlasteten IC19 bis auf die verlassene<br />

Straße nach Rio d’Onor,<br />

von der nervigsten Schalterbeamtin<br />

bis zum liebenswürdigen Mütterchen,<br />

das zwar den Weg nach<br />

Porto nicht kennt, aber die ganze<br />

Nachbarschaft zusammenschreit,<br />

nur, um dem Reisenden behilflich<br />

zu sein.<br />

Grässlich, dass wir uns ständig<br />

über alles beklagen, aber rührend,<br />

wie wir immer und überall Gedichte<br />

und Verse schmieden.<br />

Wunderbar die Fürsorge, mit der<br />

wir mit den Kindern anderer umgehen,<br />

und schrecklich, dass die<br />

Schuld immer ungeklärt bleibt,<br />

wie wohlbekannt die Verantwortlichen<br />

immer sein mögen.<br />

Es gibt sehr, sehr viele, verschiedene<br />

Gründe, Portugal zu lieben:<br />

Toleranz, Höflichkeit,<br />

praktisches Geschick, Gastfreundschaft,<br />

fabelhafte Speisen und Getränke<br />

und so weiter und so fort.<br />

Und es gibt eben so viele, unseren<br />

„Garten am Meer“ zu hassen: getürkte<br />

Doktortitel, mangelnde nationale<br />

Selbstachtung, Missgunst,<br />

Machtspielchen, Ärger mit der<br />

Bürokratie, ewig im Verzug, weil<br />

alles irgendwie gemacht wird, Begriffe,<br />

die letztendlich aus unserer<br />

geliebten Sprache geboren und erwachsen<br />

sind.<br />

Ich liebe mein Land sehr. Aus<br />

vielen Gründen, zehn, hundert,<br />

tausend, Millionen von Gründen.<br />

Die Krise belastet Sie? Dann<br />

sorgen Sie sich wegen der Krise,<br />

aber sehen Sie sich einige der<br />

Gründe an und erinnern Sie sich<br />

an andere. Das ist eine echte Herzenssache.<br />

Und Sie, lieber Leser,<br />

können auch Ihre persönliche<br />

Liste aufstellen. Viel Spaß dabei,<br />

aber nicht zu lang: nur je 10<br />

Gründe gelten.<br />

Hier sind meine Gründe,<br />

diesen kleinen lusitanischen Meeresstrand<br />

namens Portugal zu lieben.<br />

Amália Rodrigues, der Fado<br />

kann auf Beinamen verzichten,<br />

und Portwein, das gemeinsame<br />

Kunstwerk des Menschen und der<br />

Geographie des portugiesischen<br />

Festlandes. Die Douro-Kähne,<br />

Helden des Douro, die den edlen<br />

Portwein verschiffen und heute<br />

Teil der Landschaft sind. Der fabelhafte,<br />

exzentrische Cristiano<br />

Ronaldo, “die ganze Welt spricht<br />

Deutsch, wenn sie Volkswagen<br />

sagt“, und der Queijo da Serra<br />

(der Bergkäse), der beste der Welt,<br />

eine in diesem (un)bekannten<br />

Portugal Gottseidank unbekannte<br />

Tatsache. Die Teppiche von Arraiolos,<br />

ein kleines Dorf im Alentejo<br />

wiegt das Persische<br />

Kaiserreich auf, und die Sopa de<br />

Pedra (Steinsuppe), Beweis<br />

dafür, dass menschliche Erfindung<br />

große Wunder aus fast<br />

nichts zaubern kann. Unsere<br />

Liebe Frau von Fátima, diese kerzenschimmerndeVolksabstimmung<br />

des katholischen Glaubens:<br />

jede Kerze eine Stimme (wie war<br />

noch das dritte Geheimnis der<br />

Luzia?), und die leckere Bolacha<br />

Maria (Keks Maria) der Keks für<br />

Jungen und Mädchen, Säugling<br />

und Opa; Água das Pedras<br />

(Wasser aus Steinen) H2O und<br />

doch etwas mehr. Versuchen Sie<br />

einmal, danach in einer anderen<br />

Sprache zu fragen! Und das Kaffehausleben<br />

der Portugiesen,<br />

Born allen Müßiggangs und treue<br />

Fürsorge für etliche Talente. Ohne<br />

Koffein (nicht Kokain!) können<br />

wir nicht leben. Die Improvisation,<br />

diese portugiesische Kunst,<br />

das Einfachste zu komplizieren<br />

und das Unmögliche möglich zu<br />

machen; und Heinrich der Seefahrer,<br />

der Mann mit dem weiten<br />

Horizont, und Sagres, von dort<br />

noch ein Schritt bis zum Abgrund.<br />

Man tat ihn nicht, aber man<br />

müsste ihn versuchen. Copo de<br />

três (Dreistöckiger), die sparsamste<br />

Art, Schmerz zu ertränken<br />

und freudig zu feiern, der Rosé,<br />

der nächste (alkoholische) Verwandte<br />

der Coca-Cola und der<br />

Vinho Verde oder die frühreifsten<br />

Trauben der Welt. Weinland<br />

Portugal, Portugal der ausgezeichneten<br />

Weine. Vista alegre, die<br />

Marke Geschirr, die ewig hält, und<br />

Töpferware aus Caldas, die<br />

einzige, bei der eine Jahreszahl<br />

lohnt. Der (un)treue Freund namens<br />

Bacalhau, weg aus Schaufenstern<br />

und Geldbeuteln, aber<br />

nie aus dem Sinn. Eines von drei<br />

portugiesischen Rezepten braucht<br />

Bacalhau. Und die Bica, umgetaufter<br />

Kaffee, der den Menschen<br />

ermuntert zusammen mit einem<br />

Kurzen; schon Adam und Eva probierten,<br />

dass die Folgen nicht<br />

immer harmlos sind. Mit der<br />

Traube erinnern wir an die eine<br />

Tatsache – Portugal. Da haben wir<br />

die “Sardinha”, das sommersprossige<br />

weibliche Wesen und<br />

die (portugiesische) Sardine, die<br />

beste ist die ganz kleine, die aus<br />

unserer See, und die Sonne, die<br />

aus ihr unbekannten Gründen<br />

aufgehört hat, über portugiesischem<br />

Boden nie unterzugehen.<br />

Damals entdeckten wir, das unser<br />

Meer besser ist als andere der salzigen<br />

See, denn aus ihrem Salz<br />

kommen: a) die Tränen Portugals<br />

(im historischen Sinn); b) der<br />

Rohstoff der Salzgärten (im wirt-<br />

schaftlichen); c) die Ursache des<br />

Bluthochdrucks (im medizinischen).<br />

Wir sind ein Volk, das<br />

ständig unter Hochdruck steht.<br />

Die Karavelle war das Schiff,<br />

das der Welt neue Welten und das<br />

Segeln gegen den Wind bescherte,<br />

und das Rollhockey, unsere Unterschrift<br />

in den Stadien Europas<br />

und der Welt (quousque tandem<br />

abutere - wie lange noch verschweigen),<br />

die Olympiade…<br />

wenn die portugiesische Hymne<br />

gesungen wird, singen alle mit.<br />

Die Zipfelmütze des Stierhirten<br />

im Ribatejo – die einzige<br />

Zipfelmütze, die man stolz überzieht<br />

– oder die Nationalflagge auf<br />

“Zé Povinho”, v. Bordalo Pinheiro<br />

dem Haupt; und der Stier, das<br />

Kulttier, das mit Wein, Fado und<br />

Gitarrenklängen serviert wird,<br />

und die „Pega de caras“ (das<br />

Bändigen des Stieres ohne Blutvergießen,<br />

bei dem die Männer<br />

dem Stier frontal gegenübertreten),<br />

die einzige Gelegenheit, bei<br />

der wir den Stier noch bei den<br />

Hörnern packen. Portugal, das<br />

Land der Dichter, „Groß ist die<br />

Poesie, die Güte und die Göttinnen“<br />

(Fernando Pessoa). Der Português<br />

Suave (der sanfte<br />

Portugiese), der Tabak mit dem<br />

Markennamen vom Besten der<br />

Nation, und das „Cozido à Portuguesa“<br />

(der portugiesische<br />

Eintopf), das große Durcheinander<br />

im Topf, das beweist, dass<br />

gute Sachen zusammen auch<br />

Gutes ergeben, ach ja, und das<br />

Spanferkel von Bairrada, der<br />

leckerste Schlachtstückchen der<br />

portugiesischen Küche. Die<br />

Grüne Suppe, neu erfundener<br />

Kohl, und die „Broa“, Weih-<br />

nachtsbrot aus Mais, mhh,<br />

schmeckts nach mehr? Die Kutteln<br />

à la Porto, aus den Eingeweiden<br />

kommen sie und dorthin<br />

gehen sie, und das Olivenöl, das<br />

echte, und das, das man braucht,<br />

um glatt durchzurutschen. Der<br />

Herr Prior, die Ursache, warum<br />

die Psychiater bei uns nicht ganz<br />

soviel Ruf und Gewinn genießen<br />

wie anderswo, und die Nägel<br />

(auch: Nelken), die roten (ein<br />

Hammerschlag auf den Nagel),<br />

die weißen und blauen (den anderen<br />

auf das Hufeisen), und das<br />

Schwein, die fettere Version der<br />

(sieben) mageren Kühe (Jahre).<br />

Die Algarve, der Meeresstrand,<br />

der uns am nächsten liegt und<br />

doch bis ins XX. Jahrhundert auf<br />

seine Entdeckung warten musste,<br />

und die Blaukachel oder: „Gottseidank,<br />

dass nicht alles was<br />

glänzt Gold ist“ – das ist Portugal.<br />

Der Manuelinische Stil, das in<br />

Stein gehauene Abbild von See,<br />

Sturm und Natur, und der Heilige<br />

Antonius, unserer natürlich<br />

(nicht der von Padua). – die Geschichte,<br />

ein Feiertag und so manches<br />

liebende Paar berufen sich<br />

auf ihn. Und der Keil (auf<br />

Deutsch: Vitamin B), den man<br />

eintreibt, um verschlossene oder<br />

unsichtbare Türen zu öffnen. Das<br />

duftende kleinblätterige Basilikum,<br />

Pflanzen, nicht mit Maßen<br />

zu messen, weil sie Wünsche und<br />

Zeichen in kleinen Blättern sind.<br />

Die portugiesische Guitarre,<br />

aus den Zeiten als Instrumente<br />

noch sprachen, blieb uns dies eine<br />

als Fado (= Schicksal), und der<br />

Hahn (galo) von Barcelos, aus<br />

gebranntem Lehm und bemalt,<br />

die Nationalflagge der Volkskunst,<br />

den man früher auf das Buffet<br />

stellte und heute an Touristen verkauft:<br />

Portugal – „Portugalo“.<br />

Gehrock und Umhang (der<br />

Studenten), unsere schwärzeste<br />

Tradition. Das Bidé, denn bei der<br />

Hygiene nehmen wirs genau, und<br />

der Korken (wir sind Exportweltmeister),<br />

ein echter Baum in Ihrer<br />

Flasche. Das Land des Jammerns<br />

und Wehklagens, des<br />

egozentrischen Pessimismus:<br />

„Nur mir kann das passieren…“ –<br />

und die Milde in unserer Lebensart,<br />

Verbrechen mit milder Strafe,<br />

Preise mit gemäßigtem Ruhm, der<br />

Schwamm. Calouste Gulbenkian,<br />

mit vom Besten, das uns seit<br />

Begründung der Nationalität passiert<br />

ist; und „Zé povinho“ (der<br />

portugiesische Michel) und seine<br />

letzten Worte: „Aber ich will doch<br />

gar nicht gerettet werden….“. Der<br />

Emigrant, liebe ihn und lass ihn<br />

.... im Ausland; der Tourist, im<br />

Sommer unsere ganze Freude, die<br />

Republikanische Garde, als<br />

einzige Truppe nur für den Fremdenverkehr<br />

da. Die Mulattin,<br />

Zeugnis portugiesisch-afrikanischer<br />

Zusammenarbeit, die man<br />

Wir<br />

15<br />

an ihren Früchten erkennt; und all<br />

die Vettern und Cousinen, die<br />

uns fühlen lassen, wie klein doch<br />

die Welt ist, oder: „aber Sie sind<br />

doch Sohn, von wem gleich wieder!?“<br />

Portugal, das Land der<br />

Brücken (tage) zeigt, wie man<br />

von Feiertag zu Feiertag springt,<br />

ohne den Fuß in (die grünen Tage<br />

der) Arbeit setzen zu müssen. Die<br />

Ebbe in der Kasse ist das, was<br />

übrigbleibt, wenn Ferien, Feiertage<br />

und Brückentage zu Ende<br />

sind; und natülich die Telenovela,<br />

die Kunst des Auswalzens<br />

beherrschen wir so gut wie die<br />

Besten. Die Telenovelas sind eines<br />

unserer “Must”. Erst die brasilianischen,<br />

jetzt die portugiesischen.<br />

Sie werden “en famille” genossen<br />

und im allgemeinen nur vom Fußball<br />

entthront, aber manchmal erreicht<br />

auch die Tagesschau die<br />

ersten Plätze. A Revista (die<br />

Revue) bezahlen wir, um über uns<br />

selbst zu lachen; und die schöne<br />

Inês de Castro lieben wir als<br />

schönste und makaberste unserer<br />

Liebesgeschichten. Portugal, das<br />

Land der nostalgischen Straßenbahnen,<br />

ökologisch, ausgestattet<br />

mit edlem Material, die souverän<br />

jeden Zeitplan Lügen strafen. Die<br />

Fahrten großer Herren und das<br />

portugiesische Pflaster, die<br />

Kunst, bei der wir uns den Luxus<br />

erlauben, sie mit Füßen zu treten.<br />

Brasilien, die Tochternation,<br />

die Münzen im Wert steigen ließ<br />

und Totobola (Fußballwetten) ,<br />

„hatten Sie gesagt, 13 sei eine Unglückszahl?…“<br />

Und jetzt, lieber Leser, liebe<br />

Leserin, warte ich hier auf die<br />

Gründe, warum Sie Portugal<br />

mögen (oder nicht).<br />

(Übersetzung aus dem Portugiesischen<br />

von Barbara Böer Alves)


16<br />

Consultório<br />

Direito de estadia na Alemanha<br />

Abílio Ferreira *<br />

Apartir de 1 de <strong>Jan</strong>eiro<br />

de 2005 está a vigorar<br />

na Alemanha<br />

nova legislação sobre<br />

o direito de residência,<br />

resultante da aplicação<br />

da Directiva 2004/38/CE do<br />

Parlamento Europeu e do Conselho,<br />

de 29 de Abril de 2004,<br />

relativa ao direito de livre circulação<br />

e residência dos cidadãos<br />

da União Europeia (UE) e dos<br />

membros das suas famílias no<br />

território dos Estados-Membros.<br />

Assim, deixa de ser necessário<br />

o título de estadia (Aufenthaltserlaubnis)<br />

para os cidadãos<br />

da UE.<br />

Até 30 de Abril de 2006 os<br />

Estados-Membros devem fazer<br />

convergir as suas leis nacionais,<br />

regulamentos e provisões administrativas<br />

com os requisitos<br />

desta nova Directiva. A Alemanha<br />

passou a aplicá-la a partir<br />

de 1 de <strong>Jan</strong>eiro de 2005 com<br />

a entrada em vigor da „Zuwanderungsgesetz“.<br />

A Directiva determina o<br />

seguinte:<br />

TRADUÇÕES<br />

PORTUGUÊS ALEMÃO<br />

Claus Stefan Becker<br />

Tradutor ajuramentado junto dos<br />

Consulados-Gerais de Portugal<br />

em Frankfurt/M. e Stuttgart<br />

Im Schulerdobel 24<br />

79117 Freiburg i.Br<br />

Tel.: 0761 / 64 03 72<br />

Fax:0 761 /64 03 77<br />

E-Mail:info@portugiesisch-online.de<br />

ALEMÃO PORTUGUÊS<br />

Caro/a Leitor/a:<br />

Se é assinante,<br />

avise-nos se mudou ou<br />

vai mudar de residência<br />

Direito de residência até<br />

três meses ?<br />

1. Os cidadãos da União têm<br />

o direito de residir no território<br />

de outro Estado-Membro por<br />

período até três meses sem outras<br />

condições e formalidades<br />

além a de ser titular de um bilhete<br />

de identidade ou passaporte<br />

válido.<br />

2. O disposto no nº 1 é igualmente<br />

aplicável aos membros da<br />

família que não tenham a nacionalidade<br />

de um Estado-Membro<br />

e que, munidos de um passaporte<br />

válido, acompanhem ou se<br />

reúnam ao cidadão da União.<br />

Direito de residência por<br />

mais de três meses<br />

1. Qualquer cidadão da<br />

União tem o direito de residir no<br />

território de outro Estado-Membro<br />

por período superior a três<br />

meses, desde que:<br />

a) Exerça uma actividade assalariada<br />

ou não assalariada no<br />

Estado-Membro de acolhimento;<br />

ou<br />

b) Disponha de recursos suficientes<br />

para si próprio e para<br />

os membros da sua família, a<br />

fim de não se tornar uma sobrecarga<br />

para o regime de segurança<br />

social do Estado-Membro<br />

JTM Consulting<br />

GmbH<br />

• Contabilidade<br />

• Consultadoria fiscal,<br />

empresarial e financeira<br />

Sede: JTM@consystem.com<br />

Fuchstanzstr 58<br />

60489 Frankfurt /Main<br />

TM: 0172- 6904623<br />

Tel.069- 7895832<br />

Fax: 069-78801943<br />

de acolhimento durante o período<br />

de residência, e de uma cobertura<br />

extensa de seguro de<br />

doença no Estado-Membro de<br />

acolhimento; ou<br />

c) esteja inscrito num estabelecimento<br />

de ensino público ou<br />

privado, reconhecido ou financiado<br />

por um Estado-Membro<br />

de acolhimento com base na sua<br />

legislação ou prática administrativa,<br />

com o objectivo principal<br />

de frequentar um curso, inclusive<br />

de formação profissional, e<br />

d) disponha de uma cobertura<br />

extensa de seguro de doença<br />

no Estado-Membro de<br />

acolhimento, e garanta à autoridade<br />

nacional competente, por<br />

meio de declaração ou outros<br />

meios à sua escolha, que dispõe<br />

de recursos financeiros suficientes<br />

para si próprio e para os<br />

membros da sua família, a fim<br />

de evitar tornar-se uma sobrecarga<br />

para o regime de segurança<br />

social do Estado-Membro<br />

de acolhimento durante o período<br />

de residência; ou<br />

e) Seja membro da família<br />

que acompanha ou se reúna a<br />

um cidadão da União que preencha<br />

as condições a que se referem<br />

as alíneas a), b) ou c).<br />

2. O direito de residência dis-<br />

posto no nº 1 é extensivo aos<br />

membros da família de um cidadão<br />

da União que não tenham a<br />

nacionalidade de um Estado-<br />

Membro, quando acompanhem<br />

ou se reúnam ao cidadão da<br />

União no Estado-Membro de<br />

acolhimento, desde que este<br />

preencha as condições a que se<br />

referem as alíneas a), b) ou c) do<br />

nº 1.<br />

Formalidades administrativas<br />

para os cidadãos da<br />

União:<br />

1. Sem prejuízo do nº 5 do artigo<br />

5º, para períodos de residência<br />

superiores a três meses, o<br />

Estado-Membro de acolhimento<br />

pode exigir que os cidadãos da<br />

União se registem junto das autoridades<br />

competentes.<br />

2. O prazo para esse registo<br />

não pode ser inferior a três<br />

meses a contar da data de chegada.<br />

É imediatamente emitido<br />

um certificado de registo com o<br />

nome e endereço da pessoa registada<br />

e a data do registo. O incumprimento<br />

da obrigação de<br />

registo pode ser passível de sanções<br />

proporcionadas e não discriminatórias.<br />

3. Para a emissão do certificado<br />

de registo, os Estados-<br />

Rechtsanwalt/<br />

Advogado<br />

Victor Leitão Nunes<br />

Consultas em português<br />

40210 Düsseldorf Immermannstr. 27<br />

Ra.Nunes@web.de<br />

Tel.: 0211 / 38 83 68 6<br />

Fax: 0211 / 38 83 68 7<br />

Catarina Tavares,<br />

Advogada em Portugal<br />

Rua Castilho, n.º 44, 7º<br />

1250-071 Lisboa<br />

E-Mail- advogados@bpo.pt<br />

Telf.: 00 351 21 370 00 00<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Membros só podem exigir que:<br />

o cidadão da União a quem<br />

se aplica a alínea a) do n.º 1 do<br />

artigo 7.º apresente um bilhete<br />

de identidade ou passaporte válido,<br />

uma confirmação de emprego<br />

pela entidade patronal ou<br />

uma certidão de emprego, ou a<br />

prova de que exerce uma actividade<br />

não assalariada;<br />

o cidadão da União a quem<br />

se aplica a alínea b) do n.º 1 do<br />

artigo 7.º apresente um bilhete<br />

de identidade ou passaporte válido<br />

e comprove que preenche as<br />

condições nela previstas, o cidadão<br />

da União a quem se aplica a<br />

alínea c) do n.º 1 do artigo 7º<br />

apresente um bilhete de identidade<br />

ou passaporte válido, comprove<br />

a sua inscrição num<br />

estabelecimento de ensino reconhecido<br />

e a sua cobertura extensa<br />

por um seguro de doença<br />

e a declaração ou meios equivalentes<br />

referidos na alínea c) do<br />

n.º 1 do artigo 7.º. Os Estados-<br />

Membros não podem exigir que<br />

esta declaração mencione um<br />

montante específico de recursos.<br />

* Foi até ao dia 20 de Dezembro<br />

Vice-Cônsul em Frankfurt que, entretanto,<br />

encerrou<br />

Advogado<br />

Carlos A. Campos Martins<br />

Direito alemão<br />

Consultas em português por marcação Hansaring 115<br />

50670 Köln<br />

Tel.: 0221 – 356 73 82<br />

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PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

O novo ano de 2012 mais uma<br />

vez nos traz, como geralmente<br />

tem acontecido, algumas surpresas<br />

e novidades. Desta vez<br />

parece-nos não serem tantas e<br />

tão importantes que nos possam<br />

preocupar em demasia,<br />

apesar de todas as discussões<br />

em volta do Euro, da sua desvalorização,<br />

da inflação, dos<br />

países europeus em queda,<br />

entre os quais se encontra Portugal.<br />

Vamos desejar se com o<br />

Novo Ano a estabilidade financeira<br />

volte a imperar. Desejamos,<br />

isso sim, que os políticos<br />

de todos os países europeus<br />

tomem consciência da situação<br />

e encontrem um caminho<br />

comum e justo para todos.<br />

Além de outras alterações<br />

vamos dar a conhecer aos nossos<br />

leitores algumas novidades<br />

que achamos estar mais diretamente<br />

relacionados com a comunidade<br />

portuguesa na<br />

Alemanha e em geral.<br />

* MUDANÇAS NA<br />

LEGISLAÇÃO DE<br />

FINANÇAS<br />

Gastos com o lugar<br />

de trabalho<br />

Para os gastos com a conservação<br />

ou o melhoramento<br />

do lugar de trabalho podem ser<br />

considerados isentos de impostos<br />

e sem justificativos, o<br />

valor de 1. 000 € para cada<br />

cônjuge e não 920 € como anteriormente<br />

eram reconhecidos.<br />

Viagens para<br />

e do trabalho<br />

Quem se desloca diariamente<br />

para o lugar de trabalho,<br />

usando os meios<br />

públicos, são-lhe reconhecidos<br />

a quantia de € 0,30 por cada<br />

quilometro ou então a quantia<br />

real despendida e devidamente<br />

justificada pelos bilhetes ou<br />

pela assinatura mensal nos<br />

mesmos meios transporte público.<br />

A partir do presente ano<br />

as finanças só reconhecem a<br />

totalidade dos gastos com as<br />

viagens relacionadas com o<br />

José Gomes Rodrigues<br />

trabalho se estas ultrapassarem<br />

os 4.500 € anuais. O procedimento<br />

anterior, ou seja, a<br />

contagem diária, já não é necessário.<br />

Isenção parcial de impostos<br />

para a educação dos<br />

filhos<br />

É considerada a partir deste<br />

ano uma quantia de 4.000 €<br />

livre de impostos para os filhos<br />

até os 14 anos de idade. Para os<br />

filhos possuidores duma deficiência<br />

devidamente comprovada,<br />

a idade é ilimitada. Para<br />

os filhos que frequentam a universidade<br />

e que façam parte do<br />

agregado familiar, a quantia<br />

tida em conta isenta igualmente<br />

de impostos, é de 6.000<br />

€ em vez dos 4.000 anteriores.<br />

Seguros de vida e de<br />

reforma privados<br />

Os juros garantidos para<br />

contratos de seguro de vida fechados<br />

a partir do presente<br />

ano descerão dos 2,25 % para<br />

1, 75 %.<br />

* ALTERAÇÕES EM<br />

VOLTA DAS REFORMAS<br />

Alteração gradual da<br />

idade de reforma aos<br />

67 anos<br />

A idade de reformas iniciará<br />

a partir de 2012 e na generalidade<br />

a aumentar<br />

gradualmente dos 65 anos de<br />

idade para os 67 anos de idade.<br />

Então, deste modo, todos os<br />

segurados que tenham nascido<br />

a partir de 1947, devem iniciar<br />

a sua reforma um mês depois,<br />

se acaso não desejarem que lhe<br />

seja encurtada a quantidade<br />

mensal de reforma no valor em<br />

0,30 % por cada mês a mais.<br />

Até de 2023 cada segurado irá<br />

atrasar a sua reforma em 1 mês<br />

cada ano. A partir de 2024<br />

serão aumentados dois meses.<br />

No ano 2029, ou seja a partir<br />

dos que nasceram em 1964<br />

estará então concluído o processo<br />

gradual iniciado este ano<br />

3<br />

Novo ano vida nova<br />

Alterações legislativas de maior interesse<br />

de 2012. A partir de então só<br />

será permitida a reforma aos<br />

67 anos de idade. Este capitulo<br />

das reformas com a sua alteração,<br />

poderá oferecer alguma<br />

confusão ou levantar certas<br />

dúvidas. Numa outra edição do<br />

PP comprometemo-nos elucidar<br />

este procedimento de<br />

forma a melhorar, dentro do<br />

possível, a sua compreensão.<br />

Redução dos descontos<br />

para a reforma<br />

Os descontos do ordenado<br />

ilíquido mensal para a reforma<br />

baixarão dos 19,90% para 19,<br />

60 % o que corresponderá em<br />

1.000 € ilíquidos o valor de 1,<br />

50 €. Esta descida é gradual e<br />

foi acordada em anos anteriores.<br />

Dentro de dois anos a redução<br />

de descontos<br />

corresponderá aos 19,10 %..<br />

Aumento da reforma<br />

Apesar de ainda não estar<br />

concluído o ajustamento pensões<br />

para o ano novo em curso,<br />

as probabilidades dum aumento<br />

das mesmas parecem<br />

viáveis. Os cerca de 20 milhões<br />

de pensionistas poderão ver<br />

aumentadas as suas reformas<br />

entre os 2,30% e 3,20%. Este<br />

aumento corresponderia para<br />

um reformado que recebesse<br />

1.000 € mensais, a quantia de<br />

32 ou 23 €, conforme vivesse<br />

na Alemanha do oeste ou no<br />

leste da país. É pouco, mas a<br />

averiguar-se esta previsão,<br />

mesmo assim, seria o maior<br />

aumento das pensões nos últimos<br />

dez anos.<br />

* Alterações sociais<br />

mais importantes<br />

Abono de família mais<br />

simplificado<br />

A partir deste ano, o abono<br />

de família será pago aos jovens,<br />

a partir dos 18 anos de<br />

idade, sem que lhes sejam averiguadas<br />

as fontes de receitas.<br />

Até agora os pais não recebiam<br />

abono de família desde que as<br />

receitas dos jovens em questão<br />

ultrapassassem a fronteira dos<br />

€ 8004 anuais. Esta condição<br />

desaparece automaticamente<br />

com o novo ano. Os jovens menores<br />

de 25 anos que frequentam<br />

a universidade estão<br />

sujeitos também a este novo<br />

regulamento.<br />

Aumento da ajuda<br />

financeira para os cuidados<br />

intensivos<br />

O pacote de ajudas financeiros<br />

para os diversos tipos de<br />

cuidados de doentes inválidos<br />

e acamados, por parte das diversas<br />

caixas de doenças, foi<br />

aumentado como tem vindo a<br />

acontecer desde 2008 a cada<br />

dois anos, como então anunciado.<br />

Este aumento foi gradual<br />

em cada dois anos<br />

encerrando-se no ano em<br />

curso. Apesar do aumento<br />

para os diversos tipos ou classes<br />

de cuidados não ter sido<br />

elevado, não tendo ultrapassado<br />

os 40 € mensais, para os<br />

três graus reconhecidos, conforme<br />

a incapacidade, convém<br />

ter sempre em conta. Se os cuidados<br />

a serem dados forem<br />

executados pelos familiares do<br />

necessitado/a o aumento é de<br />

10 € mensais em relação a<br />

<strong>Jan</strong>eiro 2010. Se o familiar que<br />

geralmente cuida da pessoa em<br />

questão se ausentar, seja por<br />

17<br />

doença ou por férias a caixa<br />

aumentou a ajuda para 1.550 €<br />

em vez dos 1.510 como era a<br />

partir de <strong>Jan</strong>eiro de 2010.<br />

Proteção das contas<br />

bancárias por penhora<br />

Até fins de 2011 as contas<br />

bancárias, mesmo para quem<br />

tivesse declarado insolvência,<br />

por dividas contraídas e na incapacidade<br />

de as saldar, estavam<br />

protegidas. A partir do<br />

novo ano, as contas dos que<br />

tenham declarado insolvência<br />

só estarão protegidas se for<br />

aberto uma nova conta que se<br />

chama no vulgo bancário “P-<br />

Konten”. No futuro, os interessados<br />

devem abrir esse tipo de<br />

conta nas suas instituições<br />

bancárias. Desta forma permanecem<br />

intocáveis ou protegidas<br />

os ingressos sociais, tais<br />

como a reforma, a ajuda social<br />

ao desemprego ou o abono de<br />

família. Até à quantia de 1028,<br />

89 € haverá a devida proteção.<br />

Esta quantia pode ser aumentada<br />

para quem tem compromissos<br />

financeiros com a<br />

esposa ou filhos. Os bancos<br />

exigem, para este tipo de clientes<br />

a quantia mínima de cinco<br />

euros mensais que poderá alcançar<br />

também os vinte euros.<br />

O ING-DiBa oferece aos seus<br />

clientes esta conta sem qualquer<br />

gasto adicional.<br />

ALGUNS EVENTOS AGENDADOS PARA 2012 A TER EM CONTA<br />

6 de Maio Eleições no estado de Schleswig-Holstein<br />

de 17 a 28 de Maio Festival internacional de Handel em Göttingen<br />

de 02 a 10 de Junho Feira Internacional do Automóvel em Leipzig<br />

03 deJunho Abertura do novo aeroporto internacional de Berlin Brandenburg que subs<br />

tituirá os aeroportos te Tegel e Tempelhof<br />

de 08 06 a 01.07 Campeonato mundial de Futebol na Ucrânia e na Polónia<br />

de 27.07 a 12.08 Jogos Olímpicos em Londres<br />

de 20.07 a 19.08 Mês do Ramadão para mos muçulmanos. Importante para quem esta a<br />

pensar em passar as suas férias em paises islâmicos.<br />

5 de Agosto Inicio do Campeonato alemão de futebol<br />

01 de Setembro Proibição na Europa das lâmpadas de ignição de 25 e 40 Watts<br />

de 10 a 14.10 Feira do Livro em Frankfurt<br />

21 de Dezembro Uniformidade na tarifa de seguros. A partir desta data o valor dos prémios,<br />

na maior parte dos seguros, não serão diferenciados por sexos.


18<br />

Agenda<br />

Tome Nota<br />

Endereços Úteis<br />

Embaixada de Portugal<br />

Zimmerstr.56 10117 Berlin<br />

Tel: 030 - 590063500<br />

Telefone de emergência<br />

(fora do horário normal<br />

de expediente):<br />

0171 - 9952844<br />

Consulado -Geral<br />

de Portugal em Hamburgo<br />

Büschstr 7<br />

20354 - Hamburgo<br />

Tel: 040/3553484<br />

Vice-Consulado de Portugal<br />

em Osnabrück<br />

Schloßwall 2<br />

49080 Osnabrück<br />

Tel:0541/40 80 80<br />

(aberto ao público só até ao dia<br />

13 de <strong>Jan</strong>eiro)<br />

Consulado-Geral<br />

de Portugal em Düsseldorf<br />

Friedrichstr, 20<br />

40217 -Düsseldorf<br />

Tel: 0211/13878-12;13<br />

Consulado-Geral<br />

de Portugal em Stuttgart<br />

Königstr.20<br />

70173 Stuttgart<br />

Tel. 0711/2273974<br />

Conselho das Comunidades<br />

Portuguesas:<br />

Alfredo Cardoso,<br />

Telelefone: 0172- 53 520 47<br />

AlfredoCardoso@web.de<br />

Alfredo Stoffel<br />

Telefone: 0170 24 60 130<br />

Alfredo.Stoffel@gmx.de<br />

Fadistas<br />

Ciro da Silva<br />

Nicole Cravide<br />

Guitarra Portuguesa<br />

Augusto Santos<br />

Viola<br />

João Silva<br />

Contacto:<br />

0231/33038306<br />

0178 - 23 61 837<br />

IMPORTANTE<br />

Às associações, clubes, bandas , etc..<br />

As informações sobre os eventos a divulgar deverão<br />

dar entrada na nossa redacção até ao dia 15<br />

de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289<br />

Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de<br />

José Eduardo,<br />

Telefone: 06196 - 82049<br />

jeduardo@gmx.de<br />

Maria da Piedade Frias<br />

Telefone: 0711/8889895<br />

piedadefrias@gmail.com<br />

Fernando Genro<br />

Telefone: 0151- 15775156<br />

fernandogenro@hotmail.com<br />

AICEP Portugal<br />

Zimmerstr.56 - 10117 Berlim<br />

Tel.: 030 254106-0<br />

Federação de Empresários<br />

Portugueses (VPU)<br />

Hanauer Landstraße 114-116<br />

60314 Frankfurt<br />

Tel.: +49 (0)69 90 501 933<br />

Fax: +49 (0)69 597 99 529<br />

Federação das Associações<br />

Portuguesas na Alemanha<br />

(FAPA)<br />

www.fapa-online.de<br />

Postfach 10 01 05<br />

D-42801 Remscheid<br />

Grupo de Fados<br />

Gerações<br />

Actuações em<br />

qualquer parte da<br />

Alemanha e em todos<br />

os tipos de eventos<br />

Contacto:<br />

0173-2938194<br />

Grupo de Fado Tradicional<br />

Antologia do Fado<br />

www.fado-dortmund.de<br />

<strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Citações do mês<br />

"Para quem sabe esperar, tudo vem a tempo."<br />

Marot , Clément<br />

Fazer o bem é o mais suave prazer que se pode experimentar."<br />

Amiel , Henri<br />

1-14.01.2011 – BERLIM<br />

- João Penalva . Exposição<br />

Local: Galerie Thomas<br />

Schulte<br />

Charlottenstr. 24 , 10117<br />

Berlin<br />

1-15.01.2012 – DUSSEL-<br />

DORF - Exposição de<br />

Leonor Antunes. Local:<br />

Kunstverein für die<br />

Rheinlande und Westfalen<br />

, Grabbeplatz 4 ,<br />

40213 Düsseldorf<br />

1-15. 01. 2012 – ARNS-<br />

BERG - Overseas – Jahresgaben<br />

2011 Exposição<br />

conjunta, com trabalhos<br />

de Rui Calçada Bastos .<br />

Local: Kunstverein Arnsberg<br />

, Königstr. 24 ,<br />

59821 Arnsberg<br />

7.01.2012 – OSNA-<br />

BRÜCK – Protesto<br />

contra o encerramento<br />

do consulado.<br />

Local: Universitätsplatz<br />

com desfile até<br />

ao vice- consulado.<br />

Início: 17h00<br />

11-25.01.2012 – HAM-<br />

BURGO - Cinema às<br />

Quartas , Ciclo: Escritores<br />

portugueses<br />

11.01.2012 : José Cardoso<br />

Pires: Livro de bordo<br />

(Portugal 1998, 52 min.)<br />

de Manuel Mozos<br />

25.01.2012 : António<br />

Lobo Antunes: Escrever,<br />

escrever, viver (Portugal<br />

20<strong>09</strong>, 53 min.)<br />

de Solveig Nordlund<br />

As sessões iniciam-se às<br />

18h15.<br />

Universität Hamburg -<br />

Centro de Língua Portuguesa<br />

/ Instituto Camões<br />

. Sala 663 , Von-Melle-<br />

Park 6 , 20146 Hamburg<br />

19-20 e 22. 01.2012 –<br />

MUNIQUE – Maria<br />

Joao Pires, Concertos<br />

com a Symphonieorchester<br />

des Bayerischen<br />

Rundfunks<br />

Direcção:<br />

Bernhard Haitink<br />

Obras de Wolfgang Amadeus<br />

Mozart e Anton<br />

Bruckner.<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

19.01.2012 / 20h00, Philharmonie<br />

im Gasteig,<br />

Rosenheimer Str. 5,<br />

81667 München<br />

20.01.2012 / 20h00, Philharmonie<br />

im Gasteig,<br />

Rosenheimer Str. 5,<br />

81667 München<br />

22.01.2012 / 11h00, Herkulessaal<br />

– Residenz<br />

München, Residenzstr. 1,<br />

80333 München<br />

24.01.2012 – FRANK-<br />

FURT /M – Conferência<br />

sobre o tema: : “Portugal<br />

und die Euro-Krise“.<br />

Local: : Spenerhaus,<br />

Hotel und Tagungszentrum,<br />

Am Dominikanerkloster,<br />

Dominikanergasse<br />

5, 60311 Frankfurt am<br />

Main. Início: 1915<br />

29.01.2012 – OLDEN-<br />

BURG - Sina Nossa Concerto<br />

. Local: Theater<br />

Laboratorium<br />

Wilhelmstr. 13 , 26121 Oldenburg.<br />

Início: 20h00


PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP - Livros<br />

Ler +<br />

Português<br />

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Junte a este cupão um cheque à ordem de<br />

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do jornal ou, se preferir, pode pagar<br />

por débito na sua conta bancária.<br />

Se o desejar, pode ainda receber a sua encomenda<br />

à cobrança contra uma taxa que<br />

varia entre os 4 e os 7 € (para encomendas<br />

que ultrapassem os dois quilos) que é acrescida<br />

ao valor da sua encomenda.<br />

Não se aceitam devoluções.<br />

NOTA<br />

Nos preços já estão incluídos os custos de<br />

portes de correio nas encomendas pagas<br />

por débito (Lastschriftverfahren) e IVA<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP<br />

Tel.: 0231 - 83 90 289<br />

Os Portugueses<br />

Autor: Barry Hatton<br />

Preço: € 29,00<br />

Barry Hatton vive em Portugal há quase 25 anos. Correspondente da Associated Press em Portugal, o jornalista<br />

britânico revela no livro Os Portugueses aquilo que somos enquanto país e enquanto povo. Pelo<br />

menos aos olhos dos estrangeiros.<br />

No livro "Os Portugueses", Hatton relembra os principais momentos históricos que marcaram a nação,<br />

desde o período áureo dos Descobrimentos aos anos governados por Oliveira Salazar, sem esquecer a pela<br />

peculiar relação com Espanha, e termina com uma análise sobre a modernidade.<br />

«A minha intenção é lançar algumas luzes sobre este enigmático canto da Europa, descrever as idiossincrasias<br />

que tornam único este adorável e, por vezes, exasperante país e procurar explicações, fazendo o levantamento<br />

do caminho histórico que levou os portugueses até onde estão hoje.», avança o autor na nota<br />

prévia da obra.<br />

Paralelamente, a construção da identidade de Portugal enquanto povo e os vários estereótipos que (ainda)<br />

reinam além fronteiras são abordados e apresentados através de episódios vividos pelo autor ou por pessoas<br />

que lhe são próximas. De leitura obrigatória para todos quantos desconhecem a verdadeira alma lusa, portugueses<br />

ou não, "Os Portugueses" é uma obra obrigatória, escrita de forma apaixonada por um dos correspondentes<br />

mais antigos da imprensa internacional no nosso país.<br />

José Rodrigues dos Santos<br />

O último segredo<br />

- Preço: € 39,80<br />

FAX 0231 - 8390351<br />

correio@free.de<br />

Preencha de forma legível, recorte e envie para:<br />

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Burgholzstr. 43 - 44145 Dortmund<br />

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Datum: Unterschrift<br />

NOVO<br />

Uma paleógrafa é brutalmente assassinada na Biblioteca<br />

Vaticana quando consultava um dos mais antigos<br />

manuscritos da Bíblia, o Codex Vaticanus. A polícia<br />

italiana convoca o célebre historiador e criptanalista<br />

português, Tomás Noronha, e mostra-lhe uma<br />

estranha mensagem deixada pelo assassino ao lado<br />

do cadáver.<br />

A inspectora encarregada do caso é Valentina Ferro,<br />

uma beldade italiana que convence Tomás a ajudala<br />

no inquérito. Mas a sucessão de homicídios semelhantes<br />

noutros pontos do globo leva os dois<br />

investigadores a suspeitarem de que as vítimas estariam<br />

envolvidas em algo que as transcendia.<br />

Na busca da solução para os crimes, Tomás e Valentina põem-se no trilho dos enigmas da Bíblia,<br />

uma demanda que os conduzirá à Terra Santa e os colocará diante do último segredo do Novo Testamento.<br />

A verdadeira identidade de Cristo.<br />

Baseando-se em informações históricas genuínas, José Rodrigues dos Santos confirma-se nesta obra<br />

excepcional como o grande mestre do mistério. Mais do que um notável romance, O Último Segredo<br />

desvenda-nos a chave do mais desconcertante enigma das Escrituras.<br />

TRAVESSIA DE VERÃO<br />

Truman Capote<br />

PREÇO: 11.50<br />

Obra póstuma e inédita,<br />

Travessia de Verão é um<br />

primeiro romance precoce<br />

e seguro que mostra o<br />

sentido implacável da narração<br />

de um dos maiores escritores do século<br />

XX. Os seus fraseados imaculados, a<br />

sua crua ironia e a sua visão das subtilezas<br />

das diferenças de classe anunciam os futuros<br />

triunfos de Capote.<br />

Miguel Torga<br />

Bichos<br />

Preço: € 11.50
<br />

«Querido leitor:<br />

São horas de te receber<br />

no portaló da minha pequena<br />

Arca de Noé. Tens<br />

sido de uma constância<br />

tão espontânea e tão<br />

pura a visitá-la, que é<br />

preciso que me liberte do<br />

medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente<br />

cumprimentar-me uma vez ao menos.<br />

Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu<br />

sou instintivamente grato e correcto (…)»<br />

CONTA-ME COMO FOI<br />

1(ª série, Parte 2)<br />

A melhor série de televisão portuguesa de todos os tempos!<br />

4 DVDs<br />

Preço: € 69<br />

CONTA-ME COMO FOI. A ficção<br />

acompanha o quotidiano<br />

de uma família<br />

portuguesa de classe<br />

média, os Lopes, que habitam<br />

um andar de um bairro<br />

social na Lisboa do final<br />

dos anos 60. Vivem como<br />

a maioria da sociedade<br />

portuguesa com limitações<br />

financeiras, que ainda<br />

assim permitem a aventura<br />

de comprar uma televisão. Um ”novo elemento da<br />

família” que vai ocupar lugar de destaque na casa<br />

dos Lopes. É a voz adulta de Carlos, o filho mais<br />

novo, com 8 anos em 1968, que narra a história.<br />

1ª série, parte 1 também disponível pelo mesmo preço<br />

Name /Nome<br />

Straße Nr / Rua<br />

PLZ /Cód. Postal Ort / Cidade<br />

Telefone<br />

Ort. Datum. Unterschrift / Data e assinatura<br />

NOTA DE ENCOMENDA<br />

Título Preço<br />

Soma<br />

CONTOS POPULARES PORTUGUESES<br />

Preço: € 12,00<br />

Contos Populares Portugueses são contos de todos os tempos e de<br />

todas as idades. Uma obra que nos devolve o imaginário e o maravilhoso<br />

da nossa cultura popular, e de que faz parte, entre outras,<br />

«História da Carochinha», «A Formiga e a Neve», «O<br />

Coelhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Lobo e a<br />

Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».


20 Passar o Tempo<br />

Encomenda de Livros<br />

Como Cortar Trabalhos de Bruxaria<br />

Formato: 14x21cm<br />

Páginas: 152<br />

Preço: 25,00 €<br />

Um ritual de magia negra posto em acção contra alguém pode<br />

prejudicar avítima e destruir a sua vida de forma brusca e surpreendente.<br />

Todas as áreasestão sujeitas a ficar afectadas.<br />

Tudo à sua volta parece ruir. E, mais graveainda, a vítima de<br />

magia negra não consegue encontrar forças para reagir. Neste<br />

livro de carácter prático, a autora apresenta rituais fáceis de<br />

executar quepermitem criar uma aura de protecção.<br />

Aprenda a Proteger-se<br />

Contra a Inveja e Mau-Olhado<br />

Formato: 15,5 X 23 cm<br />

Paginas: 156<br />

Preço: 19,90 €<br />

Nas alturas de maior fragilidade, há que criar uma protecção<br />

efectiva contra os possíveis efeitos das energias negativas.<br />

Neste livro damos-lhe conhecimento de mantigos amuletos, fórmulas,<br />

rituais práticos, orações e rezas especiais mpara que possa<br />

repelir esse encantamento maligno.<br />

Grande Livro de Orações<br />

PUB<br />

Formato: 14x21cm<br />

Páginas: 340<br />

Preço: 25.99<br />

É uma extensa antologia com centenas de orações a saantos,<br />

anjos, arcanjos e toda a corte celestial. Nestas páginas encontra<br />

uma mensagem de esperança, um motivo para acreditar que a<br />

fé existe e que nos rodeia em todos os momentos da nossa vida.<br />

É o companheiro ideal, pois as suas orações têm o poder de<br />

transmitir ao espírito a energia que restaura a alegria de viver e<br />

a confiança no amor, na paz e na esperanaa para o futuro.<br />

Aprenda a Viver Sem Stress<br />

Formato: 15,5 X 23 cm.<br />

Páginas: 100<br />

Preço: 20,99<br />

Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar?<br />

Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a<br />

sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar<br />

hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas<br />

suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever<br />

alguma coisa aos outros?<br />

Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo.<br />

Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua<br />

vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em<br />

stress.<br />

. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.<br />

Orações para Todos os Males<br />

Formato: 14x21cm<br />

Páginas: 90<br />

Preço: 22,00 €<br />

Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou<br />

espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações<br />

difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de<br />

orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar<br />

mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado,<br />

pela paz da família, contra doenças, etc.<br />

Cupão de Encomenda a: PORTUGAL <strong>POST</strong> SHOP na Pág.19<br />

Por Maria Helena Martins<br />

CARNEIRO<br />

Amor: deverá adoptar uma nova<br />

atitude para superar as provas<br />

com que se pode ter de deparar a<br />

este nível.<br />

Saúde: deverá dormir mais<br />

horas.<br />

Dinheiro: procure dar um novo<br />

impulso à sua vida profissional,<br />

diversifique as suas fontes de rendimentos.<br />

TOURO<br />

Amor: Evite ter qualquer tipo de<br />

atitude egoísta ou egocêntrica,<br />

pense duas vezes para não magoar<br />

o seu par.<br />

Saúde: Cultive a sua boa forma<br />

através de gestos simples: estacione<br />

o carro um pouco mais<br />

longe e ande a pé, troque o elevador<br />

pelas escadas, etc.<br />

Dinheiro: Tente conter-se um<br />

pouco mais nos seus gastos.<br />

GÉMEOS<br />

Amor: O seu charme e simpatia<br />

possibilitam-lhe alcançar a harmonia<br />

afectiva à sua volta.<br />

Saúde: Não tenha medo de aceitar<br />

aquilo que lhe parece novo ou<br />

diferente. É essa mudança que<br />

lhe vai permitir evoluir.<br />

Dinheiro: Deixe os seus investimentos<br />

darem frutos.<br />

CARANGUEJO<br />

Amor: Ao enfrentar algum problema<br />

lembre-se que este só poderá<br />

ser resolvido se for<br />

abertamente discutido pelos dois<br />

elementos do casal.<br />

Saúde: Cuidado com a alimentação<br />

hiper-calórica, não abuse.<br />

Dinheiro: Lembre-se que um<br />

bom líder deve ser capaz de cultivar<br />

o bom-humor, pois num ambiente<br />

agradável as pessoas<br />

CONSULTÓRIO ASTROLÓGICO<br />

E-mail: mariahelena@mariahelena.tv<br />

TELEFONE: 00 351 21 318 25 91<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Previsões <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

procuram dar o seu melhor.<br />

LEÃO<br />

Amor: Reconheça que ninguém<br />

consegue dominar as suas emoções<br />

em todos os momentos e não<br />

se recrimine quando não reage<br />

como gostaria. Admitir que não é<br />

perfeito é o primeiro passo para<br />

se sentir em paz.<br />

Saúde: Cuidado com as quedas,<br />

anda muito distraído.<br />

Dinheiro: Tudo irá correr pelo<br />

lado mais favorável neste sector.<br />

VIRGEM<br />

Amor: lembre-se que quando<br />

não arriscamos, por medo de perder<br />

a estabilidade que conseguimos,<br />

estamos a deixar de viver.<br />

Saúde: Com disciplina e autocontrolo<br />

melhorará certamente<br />

de qualquer situação difícil.<br />

Dinheiro: Uma pessoa amiga<br />

vai precisar da sua ajuda, não lhe<br />

falhe.<br />

BALANÇA<br />

Amor: É importante agir no momento<br />

certo, enfrentar os problemas<br />

sem lhes dar demasiado<br />

valor.<br />

Saúde: Procure com mais regularidade<br />

o seu médico assistente.<br />

Dinheiro: Não é o momento<br />

ideal para contrair nenhum empréstimo.<br />

ESCORPIÃO<br />

Amor: Seja mais carinhoso com<br />

o seu par.<br />

Saúde: Procure mais vezes o seu<br />

dentista.<br />

Dinheiro: Não se deixe abater<br />

por uma maré menos positiva<br />

nesta área da sua vida, pois nem<br />

tudo está perdido.<br />

SAGITÁRIO<br />

Amor: Este é um momento favorável<br />

para a conquista.<br />

Saúde: Vigie o seu estômago.<br />

Dinheiro: Observe e oiça o que<br />

o rodeia, procure conhecer e experimentar<br />

sempre mais, tome<br />

uma atitude perante as situações!<br />

CAPRICÓRNIO<br />

Amor: Dê mais atenção aos seus<br />

amigos, dedique-se mais àqueles<br />

que ama e que o amam, não tenha<br />

medo nem preguiça de começar<br />

coisas novas!<br />

Saúde: Lute contra a rotina. Não<br />

seja hipocondríaco, consulte o<br />

médico mas sem dramatismos.<br />

Dinheiro: Cuidado com os gastos<br />

supérfluos, corte com as despesas<br />

que não são realmente<br />

necessárias.<br />

AQUÁRIO<br />

Amor: lembre-se que estamos<br />

sempre a tempo de começar de<br />

novo, de fazer mudanças, vencer<br />

o mau humor, as frustrações e a<br />

impaciência.<br />

Saúde: está mais sujeito a dores<br />

de garganta.<br />

Dinheiro: tenha força para agarrar<br />

a vida com coragem!<br />

PEIXES<br />

Amor: Em vez de culpar os outros<br />

por aquilo que nos acontece,<br />

lembre-se que podemos escolher<br />

ultrapassar os obstáculos com<br />

que nos deparamos, utilizando-os<br />

para amadurecer e evoluir.<br />

Saúde: Valorize mais as suas<br />

qualidades.<br />

Dinheiro: Cuidado com as intrigas<br />

no local de trabalho, afaste-se<br />

de boatos. Em cada circunstância<br />

faça sempre o que lhe parece mais<br />

certo.<br />

Tanta Proibição Também Não<br />

O marido vem do médico e a mulher pergunta-lhe assim que chegou a<br />

casa.<br />

— Então? Que te disse o médico?<br />

— Proibiu-me de fumar e de beber.<br />

— Eu tinha razão: sempre te disse que o fumar e o beber te faziam mal,<br />

não te disse?<br />

— Mas... também me proibiu de trabalhar.<br />

— E tu ainda acreditas em tudo o que te dizem os médicos?!<br />

No que falam os homens<br />

Joana: Sempre gostava de saber no que falam os homens quando estão<br />

uns com os outros...<br />

Maria: Ora!... Naturalmente no mesmo que nós.<br />

Joana: Não me admiro nada. São todos uns patifes...


PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Eu, ela e o outro<br />

Exmos Senhores,<br />

A minha história não tem nada<br />

de quê, sendo apenas um pouco<br />

insólita. É um caso de encontros e<br />

desencontros que pode acontecer<br />

a qualquer um.<br />

Costumo viajar muito de comboio<br />

pela Alemanha toda. Em algumas<br />

viagens que faço<br />

deparo-me às vezes com histórias<br />

que mereciam figurar num diário,<br />

que não escrevo. Muitas das histórias<br />

caem no esquecimento, outras<br />

ficam-me na memória. Viajar<br />

também é uma oportunidade para<br />

conhecer ocasionalmente pessoas,<br />

mas, como vamos de passagem,<br />

nunca consegui ter um conhecimento<br />

de quem fiquei amigo.<br />

Neste tempo as amizades custam<br />

muito fazer talvez porque pensamos<br />

muito só em nós. Não quer<br />

dizer que não tenha encontrado<br />

gente simpática, gente que talvez<br />

eu gostasse de partilhar a amizade.<br />

Como sou ainda solteiro e<br />

livre, também nas viagens vou<br />

conhecendo mulheres com quem<br />

se tem relações curtíssimas, muitas<br />

vezes por imposição das próprias<br />

com quem de passagem tive<br />

casos. Algumas delas exigem<br />

mesmo que depois do “caso” fiquemos<br />

tão desconhecidos como<br />

éramos dantes. Nunca perguntei a<br />

razão por que assim agiam. Pensava<br />

que talvez seriam senhoras<br />

casadas que não queriam muito<br />

simplesmente complicar a vida.<br />

Outras exageravam e passado uma<br />

hora de nos conhecermos já faziam<br />

planos para uma vida em<br />

comum. Dessas eu me despachava<br />

muito educadamente. Aprendi<br />

então a não dar o meu número de<br />

telefone de casa para não ter que<br />

atender a altas horas da noite para<br />

ouvir alguém a choramingar umas<br />

saudades que eu duvidava que tinham.<br />

Um dia conheci uma senhora<br />

no vagão-restaurante. Partilhámos<br />

por coincidência a mesma<br />

mesa. Não sei porquê mas neste<br />

anos todos de viagens apreciei<br />

muito almoçar nos ICEs ou<br />

quando não almoçava nunca perdia<br />

a oportunidade de saborear<br />

um bom vinho enquanto o comboio<br />

“comia” as distâncias e a paisagem<br />

se mudava a cada segundo.<br />

Nesse dia almoçava eu numa<br />

mesa de dois. Como eu ocupava a<br />

mesa sozinho, uma senhora<br />

pediu-me licença para ocupar a<br />

cadeira vaga. Ora essa, disse-lhe<br />

eu.<br />

Em principio não lhe dei muita<br />

importância, mas quando reparei<br />

nela vi que estava na presença de<br />

uma senhora muito distinta. Aparentava<br />

aí uns 40 e tal anos. O seu<br />

rosto, sem marcas do tempo, embora<br />

com um semblante sério era<br />

muito agradável. Não tinha ponta<br />

de maquilhagem. O cabelo de um<br />

castanho escuro era volumoso e<br />

uns ganchos bem colocados arrumavam<br />

um penteado que sem ser<br />

pomposo era muito bem tratado.<br />

Não sei porquê mas comecei a<br />

especular sobre as suas origens. É<br />

que de alemã nada tinha, nem sequer<br />

os olhos ,que eram de um<br />

cinzento luminoso e bom.<br />

Eu, habituado a estas situações,<br />

tinha a certeza de que a conversa<br />

com ela iria por acontecer.<br />

Poderia muito bem acontecer que<br />

o seu destino fosse a próxima estação<br />

e ficaria assim sem saber<br />

nada sobre ela.<br />

Diga-se que não sou muito falador<br />

nem sequer gosto de estar ali<br />

a olhar as pessoas como faz afinal<br />

muito gente. Por isso, eu continuava<br />

a saborear o meu almoço:<br />

Spätzle com carne de vaca enrolada<br />

e Rotkohl. Tinha muito caminho<br />

à minha frente e por isso ia<br />

naquela paz de quem goza a viagem<br />

enquanto lá fora naquele dia<br />

a neve caía em flocos pequeninos<br />

e densos.<br />

Às vezes as conversas começam<br />

quase do nada. E foi assim<br />

que aconteceu, isto é, como estávamos<br />

numa mesa para fumadores<br />

a senhora perguntou-me<br />

muito gentilmente se eu não me<br />

importaria que ela fumasse. Ora<br />

essa, faça o favor, acedi eu.<br />

E assim a conversa começou<br />

com ela a dizer-me que já por muitas<br />

vezes tinha tentado deixar o<br />

vício mas que não conseguiu. Eu,<br />

pelo meu lado, fui dando assim<br />

corda, perguntando isto e aquilo<br />

acerca das suas tentativas de deixar<br />

o fumo.<br />

Minutos após já estávamos a<br />

fazer as apresentações, trocando,<br />

como é costume nestas ocasiões,<br />

de cartões pessoais. No seu cartão<br />

li que ela era doutorada e que trabalhava<br />

para uma conhecida editora<br />

alemã. O seu nome, que aqui<br />

não revelo, condizia com a sua figura<br />

e, até certo ponto, com o seu<br />

estilo. Via-se que era uma pessoa<br />

bastante interessante, muito culta,<br />

inteligente mas nada snob. Por<br />

isso, muito me agradou enquanto<br />

pessoa.<br />

Entre nós a conversa desenvolveu-se<br />

e eu já estava a dizer o que<br />

fazia, que era português, enfim,<br />

aquelas coisas que se dizem<br />

quando conhecemos alguém. Foi<br />

com muito contentamento que<br />

soubemos que ambos viajávamos<br />

para a mesma cidade – Berlim -, e,<br />

coincidência das coincidência, que<br />

tínhamos reservado o mesmo<br />

Hotel – o Hilton – em Berlin-<br />

Mitte.<br />

Chegados a Berlim, cada um<br />

foi para os seus afazeres e ficámos<br />

de nos encontrar no hotel à hora<br />

do jantar para tomarmos uma refeição<br />

leve no próprio hotel.<br />

Foi um serão muito agradável.<br />

Se eu suspeitava de que tinha conhecido<br />

uma mulher muito interessante<br />

mais essa certeza se<br />

avolumou no decorrer dessa conversa.<br />

Durante esses momentos eu<br />

tive alguma dificuldade em a<br />

acompanhar na sua conversa, pois<br />

ela dominava tudo e todos os<br />

temas, de modo que eu tentava<br />

sempre levar a brasa à minha sardinha<br />

e fazer com que a conversa<br />

fosse dominada pelos assuntos<br />

que eu sabia discutir.<br />

Naquele entrementes, pensei<br />

que podia tirar o cavalo da chuva<br />

porque dali não vinha nada, quero<br />

dizer, sabia que depois daquele<br />

agradável serão cada um seguia<br />

muito direitinho para o seu quarto<br />

para dormir.<br />

ESCREVA-NOS<br />

e conte-nos a história da sua vida<br />

Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ou até<br />

mesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contar casos<br />

de que foram testemunhas ou os principais protagonistas.<br />

Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo, como<br />

cá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos que acalentamos<br />

para aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o primeiro dia de trabalho<br />

e, porque não, as dificuldades por que passamos.<br />

Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau.<br />

Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho da<br />

nossa presença neste país.<br />

Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas.<br />

Morada: PORTUGAL<strong>POST</strong><br />

Burgholzstr.43 • 44145 Dortmund • Fax: (0231) 83 90 351 •<br />

E mail: correio@free.de<br />

Mas não aconteceu assim. Isto<br />

é: aconteceu e não aconteceu<br />

assim.<br />

Eu explico.<br />

Despedimo-nos e seguimos<br />

para o elevador que nos levaria<br />

aos nossos quartos. Eu disse-lhe<br />

que tinha tido um enorme prazer<br />

em fazer o seu conhecimento, ela<br />

sorriu e disse que também gostou<br />

muito de me ter conhecido. Com<br />

minha surpresa, deu-me as faces<br />

para beijos de despedida e lá seguimos.<br />

Cheguei ao quarto com a certeza<br />

de que eu queria continuar a<br />

tê-la como relação e com outra<br />

certeza: é que isso não passaria<br />

mais dali. Tomei um duche, metime<br />

nos frescos lençóis do Hotel<br />

Hilton e liguei a TV para ajudar<br />

adormecer.<br />

Ia já no primeiro sono quando<br />

fui alarmado pelo toque irritante<br />

do telefone. Surpreendido e meio<br />

atordoado pelo sono dei por mim<br />

a escutar a voz dela a convidar-me<br />

para uma bebida no seu quarto<br />

porque não conseguia dormir.<br />

Claro que disse que sim.<br />

Depois desse primeiro encontro,<br />

combinámos outros em viagens<br />

que fazíamos. A nossa<br />

relação aproximou-nos mais um<br />

do outro e não sei se éramos amigos,<br />

amantes ou namorados. Talvez<br />

fossemos um pouco de tudo<br />

isso.<br />

O trabalho dela, em comparação<br />

com o meu, era interessantíssimo.<br />

Durante o tempo que estava<br />

com ela era um deleite ouvi-la a<br />

falar não apenas pelo que dizia<br />

mas também como o dizia. Parecia<br />

que as palavras saíam da sua boca<br />

com o som certo para entrarem<br />

sem receio nos nossos ouvidos.<br />

Um dia, quando já não nos vía-<br />

Vidas<br />

21<br />

mos há cerca de dois meses, ele<br />

convidou-me a ir passar um fimde-semana<br />

a sua casa.<br />

Acedi de bom gosto, mas...<br />

mas mais valia ter recusado se<br />

soubesse que ela morava com um<br />

homem que percebi que era seu<br />

marido.<br />

Ao chegar a sua casa, uma casa<br />

enorme construída com madeira e<br />

vidro nos arredores da cidade, fui<br />

recebido por ela. Como era quase<br />

hora de jantar ela levou-me primeiramente<br />

para uma cozinha<br />

agradável e espaçosa e aí comemos<br />

alguma coisa.<br />

Estávamos ali no meio da comida<br />

e da conversa quando entrou<br />

pela cozinha adentro um homem<br />

a quem me apresentou como<br />

sendo o Werner. Para minha surpresa,<br />

ele cumprimentou-me com<br />

muita polidez e beijou-a na boca<br />

dizendo “Bis gleich, mein Schatz”.<br />

Não tive a ousadia de lhe perguntar<br />

quem era, sei apenas que<br />

durante a noite enquanto eu dormia<br />

ela enfiou-se na minha cama<br />

em silêncio para pssado uma hora<br />

em silêncio sair para o quarto<br />

onde ela dormia com o tal Werner.<br />

Leiter Identificado<br />

Pedimos aos leitores que nos enviam<br />

correspondência para esta<br />

rubrica para não se alongarem<br />

muito nos textos que escrevem.<br />

Reservamos o direito de condensar<br />

e de trabalhar os textos que<br />

nos enviam.<br />

Obrigado.<br />

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na página 19


22<br />

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Amizades &<br />

Afins<br />

SENHOR<br />

A viver na Alemanha, 58 anos, deseja<br />

contactar senhora até aos 58<br />

anos idade para fins de amizade.<br />

Resposta a este jornal Refª 0212<br />

SENHOR<br />

67 anos de idade, a viver na Alemanha,<br />

viúvo, sem encargos, deseja<br />

conhecer Senhora nas<br />

mesmas condições, com idade<br />

entre os 65 e 67 anos.<br />

Assunto sério.<br />

Resposta a este jornal.<br />

Refª 0101<br />

Nota:<br />

Os anúncios para este espaço devem ser bem<br />

legíveis e dirigidos ao jornal devidamente<br />

identificados com nome, morada e telefone<br />

do/a anunciante.<br />

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as tradições deste peixe noutros países<br />

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Economia & Negócios<br />

Submarinos:<br />

Ex-gestores da Ferrostaal condenados por suborno em Munique<br />

A justiça alemã condenou<br />

dois ex-executivos da Ferrostaal<br />

a dois anos de prisão,<br />

com pena suspensa, e<br />

ao pagamento de coimas<br />

por suborno de funcionários<br />

públicos estrangeiros,<br />

na venda de submarinos a<br />

Portugal.<br />

O ex-administrador da<br />

Ferrostaal Johann-Friedrich<br />

Haun e o ex - procurador<br />

Hans - Peter<br />

Muehlenbeck já se tinham<br />

dado como culpados perante<br />

o Tribunal regional de<br />

Munique, a troco da garantia<br />

dada pelo juiz de que a<br />

sentença não iria além da<br />

pena que foi realmente aplicada.<br />

Haun terá de pagar<br />

uma coima de 36 mil euros<br />

e Muehlenbeck de 18 mil<br />

euros, anunciou o juiz do<br />

processo, Joachim Eckert.<br />

O ministério público de<br />

Munique acusou os dois exgestores<br />

da Ferrostaal de<br />

terem pago „luvas“ no valor<br />

de 62 milhões de euros,<br />

entre 2000 e 2003, para<br />

conseguir vantagens sobre a<br />

concorrência e vender submersíveis<br />

a Atenas e Lisboa.<br />

Os antigos gestores,<br />

ambos de 73 anos, estiveram<br />

anteriormente cinco<br />

meses em prisão preventiva.<br />

A Ferrostaal, arguida<br />

no mesmo processo, reconheceu<br />

as práticas ilegais e<br />

aceitou pagar uma coima de<br />

140 milhões de euros, que<br />

só não foi maior porque o<br />

tribunal teve em conta a<br />

actual precária situação da<br />

empresa. A queixa-crime<br />

incidia sobretudo nas actividades<br />

de Haun e Muehlenbeck<br />

na Grécia, no ano<br />

2000, através de intermediários,<br />

para obter dois contratos<br />

de vendas de<br />

submarinos.<br />

Quanto a Portugal, o tribunal<br />

deu como provado<br />

que Haun e Muehlenbeck<br />

subornaram o ex-cônsul honorário<br />

de Portugal em Munique<br />

Juergen Adolff,<br />

pagando-lhe 1,6 milhões de<br />

euros, através de um contrato<br />

de consultoria, para<br />

que o diplomata propiciasse<br />

contactos com o governo<br />

português.<br />

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No contrato, o empresário<br />

bávaro comprometeu-se<br />

a prestar „assistência orientada“<br />

no que respeita ao fornecimento<br />

de submarinos à<br />

marinha portuguesa, sustentou<br />

o Ministério Público<br />

de Munique.<br />

A queixa-crime foi<br />

omissa quanto a eventuais<br />

reuniões que Adolff terá<br />

conseguido organizar com<br />

membros do executivo, na<br />

altura chefiado pelo actual<br />

presidente da Comissão Europeia,<br />

José Manuel Durão<br />

Barroso, e em que Paulo<br />

Portas era ministro da Defesa.<br />

Adolff, que foi exonerado<br />

pelo governo português<br />

em Março de 2010,<br />

Berlim é o novo destino<br />

da TAP. A partir de 5 de<br />

Junho a companhia<br />

aérea vai estabelecer<br />

cinco ligações entre Lisboa<br />

e a capital alemã.<br />

As novas ligações<br />

efectuam-se às segundas,<br />

terças, quintas, sextas e Domingos,<br />

com partida de Lisboa<br />

às <strong>09</strong>h30 e chegada a<br />

Berlim às 12h50. No sentido<br />

inverso, os voos partem da<br />

capital da Alemanha às<br />

depois de a justiça alemã ter<br />

informado Lisboa, continua<br />

sob investigação em Munique<br />

e poderá ser julgado por<br />

corrupção passiva.<br />

Os dois submarinos<br />

«2<strong>09</strong> PN» foram entregues<br />

à marinha portuguesa, mas<br />

13h35 e chegam a Lisboa às<br />

17h15. Terça-feira é a excepção<br />

a este horário, com a<br />

partida de Lisboa a verificar-se<br />

às 08h45 e a chegada<br />

a Berlim às 12h05. No sentido<br />

inverso, o voo descola<br />

às 12h50 e aterra na Portela<br />

às 16h30 (horas UTC).<br />

Com o lançamento<br />

desta nova rota, a TAP vai<br />

passar a operar, no Verão<br />

de 2012, um total de 60 ligações<br />

por semana entre<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong><br />

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<strong>portugal</strong>post@free.de<br />

23<br />

em Portugal há ainda um<br />

processo jurídico, relacionado<br />

com as contrapartidas<br />

que a parte alemã se comprometeu<br />

a pagar no negócio<br />

que custou 880 milhões<br />

a Lisboa.<br />

F.A. (Lusa)<br />

TAP voa para Berlim a partir de Junho<br />

Portugal e a Alemanha,<br />

onde já voa para Frankfurt<br />

(21 voos semanais), Munique<br />

(14 voos semanais),<br />

Hamburgo (13 voos por semana)<br />

e Dusseldorf (7 voos<br />

semanais).<br />

De <strong>Jan</strong>eiro a Novembro<br />

de 2011, a TAP transportou<br />

entre Portugal e a Alemanha<br />

um total de 484 mil<br />

passageiros, o que representa<br />

um crescimento de<br />

11,5% face a igual período<br />

do ano passado.


24 Lisboa<br />

PORTUGAL <strong>POST</strong> Nº 210 • <strong>Jan</strong>eiro 2012<br />

Ruas e casas da Mouraria escondem<br />

uma verdadeira Chinatown<br />

Se quiser ir a um médico chinês ou<br />

comer comida realmente chinesa<br />

não precisa de ir à China, basta ir<br />

à Mouraria onde as ruas e casas tipicamente<br />

lisboetas escondem<br />

uma verdadeira “Chinatown”.<br />

Inicialmente “ocupada” por<br />

imigrantes oriundos do Bangladesh<br />

e da Índia, a Mouraria foi, há<br />

uns anos, o bairro escolhido por<br />

muitos chineses para morarem e<br />

trabalharem. Hoje, as várias etnias<br />

convivem pacificamente lado<br />

a lado com os portugueses.<br />

Nas traseiras do Centro Comercial<br />

Mouraria, o edifício número<br />

60 tem a porta quase<br />

sempre aberta. Lá dentro estão várias<br />

folhas escritas em mandarim<br />

e, numa delas, sobressaem apenas<br />

três números de telefone portugueses.<br />

O que está lá escrito? Que<br />

trabalha ali um médico de medicina<br />

tradicional chinesa e os serviços<br />

que presta.<br />

Inicialmente, o médico abriu o<br />

consultório a pensar exclusivamente<br />

nos chineses que ali residem<br />

e trabalham, mas agora<br />

atende também portugueses.<br />

“O único problema é a comunicação.<br />

Os portugueses têm de<br />

arranjar maneira de entender e de<br />

se fazerem entender”, disse Nuno<br />

Franco, da associação “Renovar a<br />

Mouraria”, que promove visitas<br />

A Vizinha do Lado<br />

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O Costa do Casrelo<br />

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guiadas pelo bairro.<br />

Profundo conhecedor da comunidade<br />

chinesa, Nuno Franco<br />

explicou que os chineses “mantém<br />

cá os hábitos que tinham lá, incluindo<br />

o da medicina tradicional”.<br />

Numas portas mais à frente<br />

está a redação de um dos dois jornais<br />

chineses que são publicados<br />

em Portugal.<br />

Com uma tiragem de seis mil<br />

exemplares por semana, o “Sino”<br />

é escrito em Lisboa, impresso em<br />

A Menina da Radio<br />

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O Leao da Estrela<br />

Preço: € 29.90<br />

Espanha e depois regressa à capital<br />

portuguesa para ser vendido.<br />

“Muitas das notícias são de<br />

Portugal e até já trouxe notícias do<br />

bairro da Mouraria”, contou o<br />

guia.<br />

Muitos populares, devido à<br />

“vaidade” das mulheres chinesas,<br />

são os cabeleireiros: só à entrada<br />

do bairro, Nuno Franco contou<br />

dez e lá para dentro existem mais.<br />

Na Mouraria existem também<br />

restaurantes chineses que começaram<br />

por servir única e exclusiva-<br />

Passe bons momentos com os famosos filmes dos clássicos Portugueses.<br />

Nos preços já estão incluídos os custos de correios. - Veja o cupão de encomenda na página 19<br />

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mente a comunidade, mas que<br />

hoje já começaram a abrir portas<br />

ao público em geral.<br />

É o caso do “Chinês Clandestino”,<br />

que foi “descoberto por jovens<br />

universitários e hoje está<br />

quase sempre esgotado” pela população<br />

universitária.<br />

“Come-se muito bem. É uma<br />

comida completamente diferente<br />

da dos restaurantes chineses da cidade.<br />

É mesmo comida chinesa”,<br />

frisou Nuno Franco.<br />

As etnias que convivem no<br />

Fado História de u. Cantadeira<br />

Preço: € 29.90<br />

bairro dividem também as lojas do<br />

Centro Comercial Mouraria e muitos<br />

fazem dele uma segunda casa.<br />

Nos corredores vêem-se caixotes,<br />

expositores de roupa, lojistas<br />

sentados em cadeiras a ver quem<br />

passa, deitados em espreguiçadeiras<br />

a dormir, outros a ouvir música<br />

nos telemóveis topo de gama<br />

ou a jogarem em i-pads.<br />

Uma empresa de catering chinesa,<br />

também do bairro, fornece<br />

as refeições para muitos daqueles<br />

lojistas, que chegam a passar 12<br />

horas por dia no trabalho.<br />

Dentro do centro, a maioria<br />

das lojas é de roupa e acessórios,<br />

mas há também de especiarias,<br />

agências de viagens e até um escritório<br />

de contabilidade.<br />

Do lado da comunidade, os<br />

mais novos, que já nasceram ou<br />

cresceram em Portugal, são mais<br />

abertos a relacionarem-se com<br />

portugueses e com o seu estilo de<br />

vida.<br />

Mas, no geral, todos gostam de<br />

mostrar um certo “estilo de vida”,<br />

que passa por terem um bom<br />

carro, um bom telefone e frequentar<br />

sítios que consideram “bons”<br />

como o Casino de Lisboa.<br />

“É por isso que trabalham tantas<br />

horas por dia”, disse Nuno<br />

Franco.<br />

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