Porém, também <strong>de</strong>vem ser levantadas algumasreservas quando se utiliza os dados dosinquéritos. Por exemplo, os inquéritos <strong>de</strong> opiniãogeralmente representam apenas avaliaçõesqualitativas, embora sejam frequentementeinterpretados em termos quantitativos. Nestecaso, é necessário ter cautela quando osresultados dos inquéritos são traduzidos emestimativas quantitativas <strong>de</strong> estatísticas oficiais.O nível <strong>de</strong> pormenor para os dados dos inquéritos<strong>de</strong> opinião é mais limitado do que para asestatísticas quantitativas do sector empresarial.Adicionalmente, os resultados dos inquéritosentre os sectores não são necessariamenteconsistentes, como se verifica no caso das contasnacionais trimestrais. Por último, os incentivospara que os inquiridos dêem respostas <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> às questões dos inquéritos po<strong>de</strong>m porvezes ser limitados. Tal é provavelmente menosrelevante para os inquéritos às empresas do quepara os inquéritos aos consumidores, visto queaqueles geralmente se <strong>de</strong>stinam aos gestores <strong>de</strong>topo que têm acesso a toda a informação relevanteque diz respeito à sua empresa. As respostas quenão têm por base toda a informação disponívelpo<strong>de</strong>m possivelmente constituir uma fonte <strong>de</strong>erro nos dados dos inquéritos.4 A UTILIZAÇÃO DOS DADOSDOS INQUÉRITOS DE OPINIÃONA ANÁLISE ECONÓMICADepois <strong>de</strong> analisar as características que tornamos dados dos inquéritos <strong>de</strong> opinião potencialmenteúteis para a análise conjuntural, esta secção ilustracom alguns exemplos o modo como os dados dosinquéritos se reflectem na análise económica doBCE. A primeira parte concentra-se na utilizaçãodos inquéritos <strong>de</strong> opinião para quantificar osprincipais indicadores económicos tais como ocrescimento real do PIB ou os preços no produtor(IPP) antes da sua divulgação. As conclusõescom base nos inquéritos qualitativos po<strong>de</strong>m serretiradas a nível informal, por exemplo,recorrendo à análise gráfica ou utilizando técnicaseconométricas. A última abordagem é explicadaatravés <strong>de</strong> um exemplo na caixa que faz parte<strong>de</strong>ste artigo. A segunda parte <strong>de</strong>sta secção sugereo modo como os inquéritos po<strong>de</strong>m ser utilizadospara i<strong>de</strong>ntificar factores que impulsionam aevolução económica. Neste caso, a utilida<strong>de</strong> dosinquéritos quando a economia é influenciada porcircunstâncias excepcionais, como se verificouna viragem <strong>de</strong> 2001/02, é <strong>de</strong>stacada.INFERÊNCIA DE ESTATÍSTICAS OFICIAISA PARTIR DOS DADOS DOS INQUÉRITOSDE OPINIÃOEm alguns casos, as questões dos inquéritos estãorelacionadas com uma variável económicaimportante específica, permitindo uma inferênciadirecta das estatísticas oficiais a partir dosresultados dos inquéritos. Por exemplo, osinquéritos da CE e o Inquérito aos Gestores <strong>de</strong>Compras incluem questões acerca da avaliaçãopor parte das empresas da evolução da activida<strong>de</strong>e preços ao nível sectorial e as expectativasassociadas. Estas questões cobrem o mesmoaspecto da evolução económica do que os dadosdas estatísticas oficiais sobre a produção e ospreços para um <strong>de</strong>terminado sector. Do mesmomodo, a avaliação por parte das empresas doemprego actual e futuro po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radaa contraparte qualitativa das estatísticasquantitativas sobre o número <strong>de</strong> pessoasempregadas.O Gráfico 1 mostra que a evolução da confiançana indústria e do IGC da indústria transformadoraestá altamente correlacionada com as taxas<strong>de</strong> crescimento da produção na indústriatransformadora. Deste modo, os dados dosinquéritos <strong>de</strong> opinião pareceriam fornecerinformação útil acerca da evolução da activida<strong>de</strong>no sector da indústria transformadora. Alémdisso, como se mostra no gráfico, os doisinquéritos <strong>de</strong> opinião assinalaram pontos <strong>de</strong>viragem na produção na indústria transformadora<strong>de</strong> um modo atempado. Por exemplo, no início<strong>de</strong> 2002, fortes aumentos na confiança naindústria e no IGC da indústria transformadoraforam rapidamente seguidos por uma aceleraçãoda produção na indústria transformadora. Porém,esta recuperação da confiança foi em gran<strong>de</strong>parte impulsionada por fortes expectativasquanto à produção, que nunca se concretizaramARTIGOSInquéritos <strong>de</strong> opiniãosobre a evoluçãoda activida<strong>de</strong>,dos preços e domercado <strong>de</strong> trabalhona área do euro:características eutilizaçõesBCEBoletim Mensal<strong>Janeiro</strong> <strong>2004</strong>63
Gráfico 1 IGC da indústria transformadora,confiança na indústria e crescimento daprodução na indústria transformadora(variações homólogas (%); dados dos inquéritos mostrados como<strong>de</strong>svio da média, dividido pelo <strong>de</strong>svio padrão)3.02.52.01.51.00.50.0-0.5-1.0-1.5taxa <strong>de</strong> crescimento trimestral em ca<strong>de</strong>iada prod. na ind. transformadora (escala da esquerda)IGC da indústria transformadora (escala da direita)confiança na indústria (escala da direita)-2.01997 1998 1999 2000 2001 2002 20032.01.51.00.50.0-0.5-1.0-1.5-2.0-2.5Fontes: Eurostat, Inquéritos da Comissão Europeia às Empresase Consumidores, Reuters e cálculos do BCE.Gráfico 2 IGC e estrutura dos<strong>de</strong>sfasamentos/adiantamentos daprodução na indústria transformadores(correlação entre o IGC e várias transformações da produção naindústria transformadora)variações mensais %variações mensais percentuais na médiamóvel <strong>de</strong> três mesesvariações percentuais trimestrais em ca<strong>de</strong>iavariações percentuais trimestrais em ca<strong>de</strong>ia namédia móvel <strong>de</strong> três meses0.90.80.90.80.70.70.60.60.50.50.40.40.30.30.20.20.10.100m-6 m-5 m-4 m-3 m-2 m-1 m m+1 m+2 m+3 m+4 m+5 m+6Fontes: Eurostat, Reuters e cálculos do BCE.totalmente. Posteriormente, alguns meses <strong>de</strong>pois,os dados dos inquéritos qualitativos assinalaramcorrectamente um novo enfraquecimento daactivida<strong>de</strong> da indústria transformadora. Nográfico, os resultados dos inquéritos sãorepresentados na escala da direita. Tendo emconta a divulgação mais oportuna dos dados dosinquéritos <strong>de</strong> opinião, estes resultados po<strong>de</strong>mser traduzidos em estimativas antecipadas dastaxas <strong>de</strong> crescimento da produção na indústriatransformadora.Quando se utiliza a confiança na indústria parainferir a evolução da produção, é necessário teralguma cautela. Como se ilustra no gráfico, acorrelação entre os dados dos inquéritos e aevolução verificada não é <strong>de</strong> modo algum perfeitae po<strong>de</strong> variar ao longo do tempo. Em algunscasos, os dados dos inquéritos <strong>de</strong> opiniãoregistaram pontos <strong>de</strong> viragem <strong>de</strong>sfasados naactivida<strong>de</strong>. Tal foi o caso do inquérito da CEsobre a confiança na indústria no início <strong>de</strong> 1999,por exemplo. De acordo com os questionários doInquérito aos Gestores <strong>de</strong> Compras, os resultados<strong>de</strong>vem reflectir variações nas taxas <strong>de</strong> crescimentomensais em ca<strong>de</strong>ia da produção, dado que asempresas são questionadas acerca da evolução daprodução no que respeita ao mês anterior.O Gráfico 2 mostra a correlação entre o IGC daindústria transformadora e a produção emdiferentes adiantamentos e <strong>de</strong>sfasamentos. Asubida percentual da produção tem sido calculadautilizando variações <strong>de</strong> um mês e três meses.Além disso, as variações na produção tambémsão calculadas com base numa média móvel <strong>de</strong>três meses. Os resultados mostram que os dadosdos inquéritos qualitativos têm uma ligação maispróxima (isto é, têm uma correlação mais elevada)da trajectória mais regular seguida pelas taxas<strong>de</strong> crescimento da produção na indústriatransformadora utilizando médias móveis <strong>de</strong> trêsmeses.Além disso, a evolução do IGC parece sercontemporânea da evolução das taxas <strong>de</strong>crescimento trimestrais em ca<strong>de</strong>ia da produção,embora apresente um ligeiro <strong>de</strong>sfasamento noque se refere às variações mensais em ca<strong>de</strong>ia.Estas características implicam que os inquéritosnão estão bem preparados para preveremvariações <strong>de</strong> muito curto prazo na produção. Nogeral, as respostas aos inquéritos parecem mostrarum certo grau <strong>de</strong> inércia e <strong>de</strong>vem então serinterpretadas como mostrando uma evolução aolongo <strong>de</strong> vários meses em vez das variaçõesmensais em ca<strong>de</strong>ia mencionadas nas questões dos64 BCEBoletim Mensal<strong>Janeiro</strong> <strong>2004</strong>
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