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<strong>AS</strong> FEIR<strong>AS</strong> <strong>LIVRES</strong> <strong>COMO</strong> ESPAÇO <strong>DE</strong> COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DAAGRICULTURA FAMILIAR ENQUANTO CAMPO <strong>DE</strong> AÇÃO PARA A EXTENSÃO RURAL: UMAABORDAGEM <strong>DE</strong>S<strong>DE</strong> A REGIÃO <strong>DE</strong> ABRANGÊNCIA DO IFFARROUPILHA SÃO VICENTE DOSUL - RSJACQUES, Julio Ces<strong>ar</strong> Bueno; CRUZ, M<strong>ar</strong>iane Tobias; da SILVA, Gustavo Pinto; DAM<strong>AS</strong>CENO,Fabiano; COSTA, Cristina Dias; <strong>DE</strong>ON, Paulo Roberto CecconiE-mail: julio.ces<strong>ar</strong>.jacques@hotmail.com.Instituto Federal F<strong>ar</strong>roupilha Campus São Vicente do SulPrograma de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR) - Universidade Federal de Santa M<strong>ar</strong>ia.Eixo Temático: Aportes teóricos metodológicos p<strong>ar</strong>a el trabajo de Etensión RuralCategoria: Trabajo de Investigacion.RESUMOAs feiras livres c<strong>ar</strong>acterizam-se como espaços de comercialização, no qual os agricultoresfamili<strong>ar</strong>es comercializam seus produtos diretamente ao consumidor, sem a presença da interferênciade intermediários. São reconhecidas pela relação face a face e a construção de uma série dereferências cognitivas relativos aos produtos que estabelecem a medição entre as p<strong>ar</strong>tes. Além daimportância p<strong>ar</strong>a a venda dos produtos da agricultura famili<strong>ar</strong> também podem ser consideradosespaços de aprendizagem p<strong>ar</strong>a estes, que passam a trat<strong>ar</strong> a agricultura a p<strong>ar</strong>tir de uma série decuidados que denotam a preocupação maior também com os consumidores. Neste sentido estetrabalho tem por objetivo, a p<strong>ar</strong>tir de uma abordagem de natureza qualitativa, analis<strong>ar</strong> as estratégiase o significado das feiras livres, a p<strong>ar</strong>tir das especificidades daquelas existentes ou não nosmunicípios pertencentes à região de abrangência do Instituto Federal F<strong>ar</strong>roupilha Campus SãoVicente do Sul. Esta região é composta pelos nove municípios do Vale do Jagu<strong>ar</strong>i, mais os municípiosde J<strong>ar</strong>í, Toropi, São Pedro do Sul e Dilermando de Agui<strong>ar</strong>, todos na Região Central do Estado do RioGrande do Sul. P<strong>ar</strong>a tanto, se utiliza dos conceitos de agricultura famili<strong>ar</strong>, desenvolvimento rural,assistência técnica, ações de natureza pública, <strong>org</strong>anização dos agricultores, c<strong>ar</strong>acterísticas dosprodutos comercializados, legislação municipal. As feiras-livres desses municípios são condicionadaspor inúmeros fatores, tal como a estrutura fundiária, o sistema de produção, <strong>org</strong>anização dosmercados, e refletem p<strong>ar</strong>te da <strong>org</strong>anização produtiva municipal na qual se localizam. A maioria são<strong>org</strong>anizadas pela administração pública municipal e têm como palco de ocorrência as praças dascidades. Conclui-se pela necessidade de ações mais efetivas por p<strong>ar</strong>te do setor público p<strong>ar</strong>a cri<strong>ar</strong> ascondições p<strong>ar</strong>a que as feiras aconteçam. A consolidação da atividade necessita também de açõeseducativas junto aos feirantes, relacionadas à produção, agregação de valor, rentabilidade, qualidadee relação com o consumidor.Palavras-Chaves: Agricultura Famili<strong>ar</strong>, Extensão Rural, Desenvolvimento Rural, Circuito curto1. INTRODUÇÃONo debate sobre a agricultura famili<strong>ar</strong> há alguns anos atrás, apresentava-se ap<strong>ar</strong>entementecomo dominante, uma corrente de pensamento que pregava o fim desta forma de agricultura, o quenão se confirmou. Segundo tal pensamento haveria evolução somente da indústria e da agriculturapatronal, pois a agricultura famili<strong>ar</strong> preconizava a subsistência, e não teria condições de se adapt<strong>ar</strong>as mudanças nas formas modernas de produção. Este espaço seria substituído pela agriculturaempres<strong>ar</strong>ial, que dispunha e dispõe de recursos financeiros, melhores estruturas e equipamentos eque com certa agilidade se adapta as mudanças dos mercados.Com o pass<strong>ar</strong> dos anos e embora tendo que conviver e adapt<strong>ar</strong>-se aos processos deexclusão social, a agricultura famili<strong>ar</strong> vem tendo a capacidade de adapt<strong>ar</strong>-se às transformações daeconomia a da sociedade. Este segmento é responsável pelo abastecimento de alimentos de


qualidade com diversidade, g<strong>ar</strong>antindo a produção dos alimentos básicos essenciais de consumo dapopulação, mostrando com isso uma importante capacidade de adaptação. Tal potencial apresentadopela agricultura famili<strong>ar</strong>, não ocorreu espontaneamente, pois importantes papéis nestas mudançastiveram as políticas públicas de acesso a crédito, os programas governamentais de aquisição dealimentos e a extensão rural. Cabe destac<strong>ar</strong> em nível de federação o Programa Nacional deAlimentação Escol<strong>ar</strong> (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal (PAA), oPrograma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Famili<strong>ar</strong> (PRONAF). Complement<strong>ar</strong>mente e deforma mais direta observa-se também que quando os governos municipais intervêm odesenvolvimento da agricultura famili<strong>ar</strong> é mais expressivo.Nesse contexto a agricultura famili<strong>ar</strong> desenvolve-se tanto nos meios de produção quanto nosdiversos meios de construção de mercados, cada uma com suas c<strong>ar</strong>acterísticas p<strong>ar</strong>ticul<strong>ar</strong>es, comdiferentes formas de retorno social e cultural ao agricultor famili<strong>ar</strong>. Apes<strong>ar</strong> da importância dosaspectos produtivos, a comercialização é o que g<strong>ar</strong>ante a renda das famílias, sendo extremamenterelevante p<strong>ar</strong>a a permanência dos agricultores no campo. Os circuitos curtos destacam-se como aforma mais direta de comercialização, sendo também a principal estratégia de geração de renda,liquidez imediata e a g<strong>ar</strong>antia da reprodução famili<strong>ar</strong>.Neste sentido, as ações dos agentes de Extensão Rural e das prefeituras municipais são defundamental importância p<strong>ar</strong>a o desenvolvimento dos circuitos curtos, onde estes atuam diretamentena <strong>org</strong>anização das feiras de circuitos curtos, bem como também diretamente nas propriedadesrurais, estimulando uso de técnicas de produção sustentáveis. Além disso, atuam nos aspectossociais e culturais dos produtores, através do resgate das c<strong>ar</strong>acterísticas históricas dos alimentostípicos de uma região, através de cursos profissionalizantes, palestras, reuniões, na <strong>org</strong>anização dosprodutores e buscando recursos de apoio a agricultura famili<strong>ar</strong>. Enfim são muitas as formas de açãodireta e indireta dos agentes de Extensão Rural em prol da comercialização dos produtos oriundos daagricultura famili<strong>ar</strong> nas diversas formas de circuitos curtos.Buscando compreender melhor a questão da agricultura famili<strong>ar</strong>, o papel da extensão rural econstrução de mercados de circuito curtos, este trabalho tem por objetivo, a p<strong>ar</strong>tir de uma abordagemde natureza qualitativa, analis<strong>ar</strong> as estratégias e os significados das feiras livres, a p<strong>ar</strong>tir dasespecificidades apresentadas nas existentes nos municípios pertencentes à região de abrangência doInstituto Federal F<strong>ar</strong>roupilha Campus São Vicente do Sul.2. REVISÃO DA LITERATURA2.1 C<strong>ar</strong>acterização da agricultura famili<strong>ar</strong>:P<strong>ar</strong>a fal<strong>ar</strong> sobre agricultura famili<strong>ar</strong> e sua importância, econômica, cultural e social, énecessário escl<strong>ar</strong>ecer através de uma breve revisão a noção de campesinidade e quais osagricultores eram classificado como camponeses, <strong>ar</strong>rendatários, posseiros, entre muitas outrasformas como eram reconhecidos esta classe de agricultores. Atualmente muitos trabalhosacadêmicos de diversas áreas dedicam-se a diferenci<strong>ar</strong> e conceitu<strong>ar</strong> o agricultor camponês doagricultor famili<strong>ar</strong>.O trabalhador camponês segundo Felício (2005) era sinônimo de passado, do atraso, e dorudiment<strong>ar</strong>, enquanto o Agricultor famili<strong>ar</strong> representava o progresso, o novo e o moderno. P<strong>ar</strong><strong>ar</strong>eforç<strong>ar</strong> tal <strong>ar</strong>gumento, o autor escl<strong>ar</strong>ece:[...] “ambos são os mesmos sujeitos vivendo em condições diferenciadas.São componentes do campesinato e resistem ao avanço capitalista por viasdistintas, realidade que persiste em desafi<strong>ar</strong> a ciência a encontr<strong>ar</strong> o papel eo lug<strong>ar</strong> dos camponeses na sociedade capitalista (FELÍCIO, 2005, pg. 205).”


Segundo Felício (2005), o agricultor famili<strong>ar</strong> é um novo personagem diferente do camponêstradicional, que teria assumido sua condição de produtor moderno totalmente integrado ao mercadoracionalizando ao máximo sua produção. O camponês tende a desap<strong>ar</strong>ecer com o avanço docapitalismo se transformando em agricultor famili<strong>ar</strong>, tornando-se assim importante e necessário, pois,ele faz p<strong>ar</strong>te do agronegócio. No entanto, o mesmo autor afirma que:“P<strong>ar</strong>a o p<strong>ar</strong>adigma da questão agrária não há diferença entre agricultorfamili<strong>ar</strong> e camponês, pois, ambos são assim definidos por terem a família eo trabalho famili<strong>ar</strong> por c<strong>ar</strong>acterística, pois, ao mesmo tempo em que afamília é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho noestabelecimento produtivo. Contudo, o seu futuro está na superação dotrabalho famili<strong>ar</strong> (FELÍCIO, 2005, pg. 217).”Apes<strong>ar</strong> das dificuldades enfrentadas, p<strong>ar</strong>a Cruz e Menasche (2009), “a comercialização dealimentos por agricultores famili<strong>ar</strong>es têm sido amplamente estimulada no Brasil, especialmente porpolíticas públicas e programas governamentais, como estratégia p<strong>ar</strong>a geração de renda no meio rurale melhoria de qualidade de vida p<strong>ar</strong>a os agricultores envolvidos.” Exemplo disso, em termos deaporte financeiro é o Programa de Fortalecimento da Agricultura Famili<strong>ar</strong> (PRONAF), que atendemilh<strong>ar</strong>es de agricultores famili<strong>ar</strong>es, enquadrados em distintas classes. Em relação a compra dealimentos pelos governos, como canais de comercialização específicos há o Programa Nacional deAlimentação Escol<strong>ar</strong> (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal (PAA).Estes dois últimos surgiram com a exigência que no mínimo 30% dos alimentos consumidos nasescolas sejam adquiridos de agricultores famili<strong>ar</strong>es.Cruz e Menasche (2009) consideram também que o avanço gradativo da agricultura famili<strong>ar</strong>,está sendo influenciada não somente por programas municipais e/ou governamentais, mas tambémpelos laços de reciprocidade que são m<strong>ar</strong>cantes na história das pessoas. Esta reciprocidade presentena agricultura famili<strong>ar</strong>, segundo estes autores, se dá através da <strong>org</strong>anização das associações, dasc<strong>ar</strong>acterísticas de uma determinada região e da comunidade, das relações dos agricultores comcomerciantes, das formas como as ações dos agricultores acontecem perante os programas e daspolíticas voltados ao meio rural.Segundo Sabourin (2003) p<strong>ar</strong>a “ser socialmente” é preciso d<strong>ar</strong> e, p<strong>ar</strong>a isso, é precisoproduzir, de modo que a lógica da reciprocidade motiva uma p<strong>ar</strong>te importante da produção:[...] “a reciprocidade gera, assim, via a redistribuição, uma produçãosocialmente motivada, a qual constitui um fator de desenvolvimentoeconômico, que vai além da satisfação das necessidades element<strong>ar</strong>es dapopulação ou da aquisição de bens materiais via troca. A tendência naturaldas sociedades camponesas é procur<strong>ar</strong> a realização de excedentes fáceisde conserv<strong>ar</strong> p<strong>ar</strong>a consumir ou redistribuir (SABOURIN, 2003, pg. 84).”Assim, ainda que a produção e comercialização de alimentos tenham estado presente entreas famílias rurais, muitos alimentos são trocados entre elas, criando entre estes grupos laços dereciprocidade. De acordo com a dádiva de cada um dos envolvidos estes tem em suas comunidadesuma grande v<strong>ar</strong>iedade de produtos, que podem ser consumidos nas próprias residências famili<strong>ar</strong>es eo excedente vendido nos centros urbanos.Portanto a agricultura famili<strong>ar</strong> pode c<strong>ar</strong>acteriz<strong>ar</strong>-se por vários fatores: em decorrência d<strong>ar</strong>enda, sendo esta de acordo com as suas necessidades, muitas vezes, apenas suficiente p<strong>ar</strong>a asobrevivência da família; pela capacidade da mão-de-obra famili<strong>ar</strong>, sendo formada basicamente porintegrantes da família; pela capacidade de produção de alimentos essenciais e de uso direto, sendoassim classificadas em decorrência da produção e da capacidade de uso e exploração da terra.2.2 A cadeia da comercialização direta (circuitos curtos) de produtos agrícolas;especificidades, vantagens e limites da agricultura famili<strong>ar</strong> na comercialização:


Os produtos oriundos da agricultura famili<strong>ar</strong> respondem por grande p<strong>ar</strong>te da produção dealimentos no Brasil, os quais são disponibilizados diretamente e/ou indiretamente aos consumidores,c<strong>ar</strong>acterizando-se por alimentos de qualidade.Apes<strong>ar</strong> dessa importância, este segmento enfrenta inúmeros problemas, principalmenteàqueles relacionados ao mercado, que exige determinados padrões de produção, sanitários e deapresentação dos produtos, difíceis de ser adotado num modelo de agricultura essencialmentefamili<strong>ar</strong> diversificada. Em suma, os grandes mercados atacadistas e os intermediários, forçam oprodutor a especialização, c<strong>ar</strong>acterística que não combina com a agricultura famili<strong>ar</strong>. Emconsequência dessa dificuldade de adaptação e de outros fatores, esses agricultores perdem seupatrimônio, e perde-se um capital de conhecimento que poderia ser utilizado p<strong>ar</strong>a encontr<strong>ar</strong> soluçõesalternativas (LAMARCHE, 1993).Por outro lado, a necessidade de inserção do agricultor famili<strong>ar</strong> nos mercados faz com queeste segmento crie suas estratégias de produção e de comércio muitas vezes opostas as estratégiasjá anteriormente estabelecidas como: ampli<strong>ar</strong> seus rendimentos, que anteriormente eram préestabelecidas;g<strong>ar</strong>antir a reprodução do núcleo famili<strong>ar</strong> e do patrimônio; reduzir custos; minimiz<strong>ar</strong>riscos. Segundo Wanderley (1999), a diversificação de recursos nas propriedades, juntamente comatividades complement<strong>ar</strong>es fora das propriedades, poderão definir estratégias que visam assegur<strong>ar</strong> asua sobrevivência e g<strong>ar</strong>antir a reprodução das gerações futuras.Através da diversificação de produtos da agricultura famili<strong>ar</strong>, os agricultores diminuem osriscos o que pode oferecer mais segurança ante contratempos ocorridos nas colheitas, podendodesta forma reduzir os riscos de frustrações, g<strong>ar</strong>antindo assim a renda famili<strong>ar</strong>. Conforme Penrose(1979) a diversificação de produtos na agricultura é “[...] a melhor b<strong>ar</strong>reira contra todos os tipos dealterações adversas e, portanto, a melhor maneira de contrabalanç<strong>ar</strong> a vulnerabilidade da firma a taisalterações”. A diversificação pode ser um diferencial p<strong>ar</strong>a a comercialização, visto que pode acess<strong>ar</strong>mercados de venda direta, atendendo as diferentes necessidades dos consumidores.Os canais de comercialização dos produtos da agricultura famili<strong>ar</strong>, conforme Pierri e Valente(2000) podem ser classificados em quatro formas:• Vendas diretas: São todas as operações em que o agricultor é responsável pela entregadireta da mercadoria ao consumidor final, tais como: entregas ao domicílio, tele-entregas,feiras livres, feiras especializadas e vendas na propriedade.• Integração vertical: São todas as venda de produtos como matéria-prima p<strong>ar</strong>a beneficiamentopelo comprador.• Vendas p<strong>ar</strong>a distribuição: São todas as formas de comercialização indiretas de produtos daagricultura famili<strong>ar</strong>, tais como: atacadistas, v<strong>ar</strong>ejistas, distribuidores, restaurantes,supermercados e exportação.• Mercados institucionais: São os mercados criados pelo Programa de Aquisição de Alimentosda Agricultura Famili<strong>ar</strong> (PAA).Considerando que um dos grandes desafios da agricultura famili<strong>ar</strong> é sua inserção nosmercados, produtores isolados dificilmente são capazes de atingir escala de produção suficiente p<strong>ar</strong><strong>ar</strong>ealiz<strong>ar</strong> transações comerciais rentáveis. Em muitos casos vende sua produção a um intermediário,por um preço mais baixo, deixando de se apropri<strong>ar</strong> de uma m<strong>ar</strong>gem de renda que poderia obtervendendo diretamente p<strong>ar</strong>a o consumidor. Segundo Gomes Júnior et al,(2008), as formas tradicionaisde comercialização, baseadas em relacionamento individual com intermediários são responsáveispela baixa renda dos agricultores famili<strong>ar</strong>es, perante suas atividades na agricultura famili<strong>ar</strong>.Uma das maneiras de inserção desses produtores nos mercados, segundo o <strong>ar</strong>gumentopresente nas obras de Ribeiro et al, (2003) e Pierri e Valente (2000), seria a ação em conjunto, ondeestes seriam capazes de reduzir custos de comercialização, atingir regul<strong>ar</strong>idade de oferta e viabiliz<strong>ar</strong>a capacidade de negociação de preços, resultando em vantagens competitivas e remoção dosg<strong>ar</strong>galos no escoamento da produção.


Considerando tais canais de comercialização a que mais se identifica com a agriculturafamili<strong>ar</strong>, segundo Ribeiro et al, (2003) e Pierri e Valente (2000), é a comercialização direta, ou sejacircuitos curtos, pois permitem uma maior agregação de valor, podendo assim os produtoresalcanç<strong>ar</strong>em um padrão de mercado, e a vender p<strong>ar</strong>a consumidores dispostos a pag<strong>ar</strong> um preçodiferenciado.A comercialização de circuito curto é a forma mais direta de comercialização de produtosoriundos da agricultura famili<strong>ar</strong>, onde há o contato direto, face a face, do produtor com o consumidorfinal, quando são criados e preservados laços de confiança recíproca, preservando a história de umlocal, e as c<strong>ar</strong>acterísticas pessoais de um povo (RIBEIRO et al, 2003).Deste modo, p<strong>ar</strong>a se entender a importância da comercialização via circuito curto, énecessário compreender a dinâmica das feiras livres municipais, sendo estas as principais formas deapresentação deste modelo de relação agricultor famili<strong>ar</strong>/consumidor.Existe v<strong>ar</strong>ias maneiras de comercialização de circuito curto, não se delimitando apenas nasfeiras livres, mas também nas vendas porta a porta, nas vendas diretamente nas propriedades rurais,em eventos municipais, e em feiras livres. Segundo Leader (2000):[...] “O caminho percorrido por um produto, desde o momento de suaprodução até a sua disponibilização ao consumidor final, é realizado poruma série de atividades distintas. Nesse caminho a matéria-prima sofrevárias transformações operadas por intermediários, sendo que, a cada umadessas atividades, são rep<strong>ar</strong>tidos os valores acrescentados aos produtos. Ocaminho mais curto realizado pelo produto corresponde ao circuito curto deprodução onde o produtor vende diretamente seus produtos ao consumidor,independente de transformado ou não (LEA<strong>DE</strong>R, 2000, pg. 92).”P<strong>ar</strong>a que a agricultura famili<strong>ar</strong> tenha o circuito curto como principal forma decomercialização, vários fatores são determinantes, isso pode ser a explicação de em algunsmunicípios existirem v<strong>ar</strong>ias formas de circuito curto, e de em outros isso não ocorrer, dando destaforma espaço a ação dos atravessadores, e aos circuitos longos. Conforme Andrade et al (2011) p<strong>ar</strong>aque os produtos da agricultura famili<strong>ar</strong> escoam sob a forma de circuito curto, muitos fatores sãodeterminantes:[...] “fatores climáticos, sazonalidade da oferta, demanda estável que causauma instabilidade dos preços e da renda, entre outras, a agricultura famili<strong>ar</strong>encontra ainda restrições no campo institucional, <strong>org</strong>anizacional, emquestões básicas de infra-estrutura e em relação do distanciamento commercados (ANDRA<strong>DE</strong> et al, 2011, pg. 49)”.Segundo Andrade et. al (2011) a maior p<strong>ar</strong>te da produção dos agricultores, cerca de 50%,permanece nas mãos de intermediários, passando a ser comercializado sob a forma de circuito longo,e apenas 20% é vendida diretamente ao consumidor. No entanto segundo Ploeg (2008):[...] “85% da produção de alimentos no mundo, não passam pela grandeindústria processadora, ou seja, não são comercializados sob a forma decircuitos longos, sendo distribuídos através de circuitos curtos edescentralizados (PLOEG, 2008, pg. 88)”.Deste modo segundo Leader (2000), a comercialização dos produtos oriundos daagricultura famili<strong>ar</strong> em circuitos curtos traz inúmeras vantagens, tais como: econômicas, sociais,culturais, desenvolve condições p<strong>ar</strong>a práticas de reciprocidade entre vizinhos, impulsiona a criaçãode associações e cooperativas, promove o desenvolvimento local.Os circuitos curtos têm como principal objetivo o desenvolvimento da agricultura famili<strong>ar</strong>,proporcionando o desenvolvimento econômico, manutenção cultural com produtos que possam serexplorado pela venda direta ao consumidor. A relação de comercio entre produtores e consumidoresnão restringe apenas ao espaço onde se realiza a compra e a venda, mas sim ao conjunto de todas


as operações e relações que ocorrem desde o momento em que está sendo planejada a produçãoaté a efetivação da compra pelo consumidor final.2.3 Importâncias das Feiras p<strong>ar</strong>a a comercialização da agricultura famili<strong>ar</strong>:Segundo Sacco dos Anjos et al (2005), a origem das feiras no Brasil se deu emconsequência da necessidade do abastecimento de alimentos aos primeiros adensamentoshumanos, isso no período colonial, cumprindo desta forma o papel de elemento estruturante da<strong>org</strong>anização social e econômica das populações.P<strong>ar</strong>a Masc<strong>ar</strong>enhas e Dolzani (2008), as feiras livres no Brasil são voltadas p<strong>ar</strong>a adistribuição local de gêneros alimentícios e produtos básicos. Neste sentido, segundo Sacco dosAnjos et al. (2005):[...] “as feiras livres são eventos periódicos, que ocorrem em espaçospúblicos, aonde homens e mulheres realizam trocas de mercadorias, com afinalidade de g<strong>ar</strong>antir suas condições materiais de vida. São p<strong>ar</strong>tes decircuitos locais de comercialização, e podem propici<strong>ar</strong> o escoamento daprodução agrícola local. Por esse e por outros motivos, podem colabor<strong>ar</strong>com programas e estratégias de desenvolvimento local (SACCO DOSANJOS et al; 2005, pg. 42)”.Segundo Sacco dos Anjos et al.(2005), as feiras propiciam aos consumidores locais, aoferta de produtos essenciais a um preço mais acessível. O autor ressalta ainda p<strong>ar</strong>a a importânciada feira p<strong>ar</strong>a a questão da segurança aliment<strong>ar</strong>, p<strong>ar</strong>a o autor:[...] “no contexto atual, em que permanece a questão da segurançaaliment<strong>ar</strong> e nutricional, a importância das feiras adquire visibilidade emrelação à disponibilidade e g<strong>ar</strong>antia de acesso a alimentos social eculturalmente referenciados. A despeito das novas pautas de consumopadronizadas, influenciadas pelos movimentos da globalização, e da grandedisponibilidade e facilidade dos alimentos industrializados, os alimentos innatura, oferecidos na feira, uma vez que se associam aos valores<strong>ar</strong>tesanais, são reconhecidos como alimentos de qualidade única (SACCODOS ANJOS, 2005, pg. 21)”.Isso indica que além dos aspectos econômicos existentes nas feiras, estas também sãolocais onde se dá a afirmação das relações sociais e também a difusão das influências culturais, taiscomo: contato diretamente com o consumidor com a oportunidade p<strong>ar</strong>a a proximidade p<strong>ar</strong>a aconversa e a negociação; lug<strong>ar</strong>es de vivência; de agregação de valores; de comunicação; locais ondeas c<strong>ar</strong>acterísticas pessoais ficam impressas, contando a história de um lug<strong>ar</strong> e de um povo,assumindo assim além da função comercial, um papel folclórico, religioso e festivo.Por isso, as feiras livres não são só apenas locais de compra e venda de produtos daagricultura famili<strong>ar</strong> local, e sim espaços públicos, onde circulam alimentos, pessoas, culturas, local deencontro, local de reprodução da identidade e da cultura de um território. Portanto as feiras livresfazem p<strong>ar</strong>te de uma estratégia de desenvolvimento dos municípios que envolvem as famílias ediversas instituições governamentais e não governamentais.2.4 A Agricultura Famili<strong>ar</strong> e Extensão Rural:A agricultura famili<strong>ar</strong> é tida como fundamental no desenvolvimento do país, e entre seusdesafios, encontram-se aquelas relacionadas a reprodução sócio-econômica, conforme aponta odocumento “Diretrizes p<strong>ar</strong>a o Desenvolvimento Rural Sustentável”, do MDA/CONDRAF (2006, p. 16):


Cabe à agricultura famili<strong>ar</strong> exercer um papel central no novo projeto dedesenvolvimento do país por meio da geração de trabalho e renda, bemcomo no estímulo à dinamização das economias locais, o que contribui p<strong>ar</strong>aassegur<strong>ar</strong> um desenvolvimento equilibrado entre municípios e regiões. Alémdos resultados econômicos específicos contribui p<strong>ar</strong>a a manutenção dadiversidade cultural, da biodiversidade, como também possui grandecapacidade de preservação dos recursos naturais do país. O novo projetode desenvolvimento do país permitirá a ampliação dos papéis da agriculturap<strong>ar</strong>a além da dimensão produtiva, destacando-se a reproduçãosocioeconômica e a promoção da segurança aliment<strong>ar</strong> das famílias ruraise da sociedade, a manutenção do tecido social, cultural e ambiental.A função da Extensão Rural no fortalecimento da Agricultura Famili<strong>ar</strong>, também estácontemplada neste documento, em seu eixo estratégico Conhecimentos e Saberes (DIRETRIZESPARA O <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL, 2006, p. 24):Avanç<strong>ar</strong> na implementação da Política Nacional de Assistência Técnica eExtensão Rural que desenvolva processos educativos, a p<strong>ar</strong>tir de umenfoque humanista, construtivista e multidisciplin<strong>ar</strong>, com recursosnecessários p<strong>ar</strong>a viabiliz<strong>ar</strong> a implementação dessa política em todo o país,reconhecendo a diversidade e especificidades étnicas, de raça, de geração,de gênero e das condições socioeconômicas, culturais e ambientaispresentes nos ecossistemas.A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) foi criada p<strong>ar</strong>aatender as famílias rurais, alijadas das propostas desenvolvimentistas do País. P<strong>ar</strong>a tanto, propõe-sepotencializ<strong>ar</strong> atividades produtivas agrícolas voltadas à oferta de alimentos sadios e matérias primas,bem como apoi<strong>ar</strong> estratégias de comercialização tanto nos mercados locais como nos mercadosregionais e internacionais. Segundo Caporal e Costabeber (2004, p. 13):“[...] p<strong>ar</strong>a que a extensão rural venha contribuir no sentido do resgate dacidadania e da dívida social que tem a nação com as maiorias subalternasdo campo, é necessário que seja revista a sua compreensão quanto ao‘processo educativo’, quanto à ‘comunicação’ e, por conseqüência emrelação a metodologia do trabalho dos extencionistas.O desafio da Extensão Rural está na utilização de metodologias capazes de assegur<strong>ar</strong> queos agricultores se apropriem mais dos conhecimentos. Quando se fala em mercado, p<strong>ar</strong>ece que ocenário se torna ainda mais complexo. A ação extensionista é fundamental, e, além do sabercientífico/técnico, precisa aprender a dialog<strong>ar</strong> e utiliz<strong>ar</strong>-se de metodologias que promovam oenvolvimento e o saber local. Segundo Tav<strong>ar</strong>es & Ramos (2006, p. 119), a resignificação do ruralimpõe revisões teóricas e mudanças dos profissionais e das <strong>org</strong>anizações que atuam neste meio.P<strong>ar</strong>a os mesmos autores, é necessário [...] uma conduta mediadora de diferentes saberes [...], p<strong>ar</strong>aque os agricultores possam, [...] ampli<strong>ar</strong> a sua capacidade de análise e de decisão.De acordo com Abramoway (1998), é principalmente da ação extensionista que acontece odespert<strong>ar</strong> na Agricultura Famili<strong>ar</strong>, um conjunto de energias e iniciativas locais, traduzidas emvalorização do espaço e em oportunidades locais de geração de renda. Segue o mesmo autor (p.145), “a preocupação fundamental é com renda, diversificação, integração a mercados de clientela ediversificação”. A Feira dos agricultores está diretamente relacionada nesse desafio.O mercado se apresenta como aspecto que impõe desafios. No mesmo documento em quereforça a necessidade do fortalecimento da Extensão Rural, o Conselho Nacional deDesenvolvimento Rural Sustentável - CONDRAF (2006) define uma diretriz estratégica específicap<strong>ar</strong>a o tema: [...] ampli<strong>ar</strong> seus conhecimentos sobre os mercados e suas capacidades gerenciais,visando fortalecer o circuito produção-comercialização dos produtos oriundos da agricultura famili<strong>ar</strong>.Estudo sobre esse tema tem demonstrado que, p<strong>ar</strong>ticul<strong>ar</strong>mente na agricultura famili<strong>ar</strong> 1 , os mercadosse destacam por formas específicas de interação social, na capacidade dos agricultores e das1 Podem ser referenciados os trabalhos desenvolvidos por Mazon (2005) e Vogt (2009).


<strong>org</strong>anizações locais em promover ligações dinâmicas, valoriz<strong>ar</strong> seus conhecimentos, suas tradições ea confiança que historicamente foram capazes de construir. Nesse sentido que a agricultura famili<strong>ar</strong>necessita de p<strong>ar</strong>ticipação efetiva da extensão rural na mediação entre o saber próprio dosagricultores e o conhecimento técnico moderno. Necessária uma adaptação p<strong>ar</strong>a viabiliz<strong>ar</strong> aprodução e a comercialização nas feiras livres, importante espaço que expressam relações sociais ecomerciais dos agricultores famili<strong>ar</strong>es.3. METODOLOGIAA metodologia utilizada foi através do método qualitativo, como forma de entender a relaçãoentre os atores envolvidos, após uma prévia leitura orientada com a elaboração de uma situaçãoproblema, através de revisão bibliográfica especializada a temática relacionada, onde foram tambémutilizadas fontes secundárias 2 . Segundo Creswell (2007) a escolha do método qualitativo deve-se aofato de o estudo tent<strong>ar</strong> descrever um nível de realidade que não pode ser quantificado, pois tratamdas percepções, crenças, costumes, dos motivos e significados das relações humanas, procurandosempre demonstr<strong>ar</strong> resultados com verdades mais próximas dos fenômenos envolvidos.P<strong>ar</strong>a responder o problema de pesquisa, e após a sua delimitação, buscou-se a visão dosórgãos municipais em relação às atividades, limites, vantagens, a perspectiva, as estratégias e osignificado da feira livre p<strong>ar</strong>a o município.Optou-se pela elaboração e a aplicação de um questionário, com uma avaliação geral dafeira aplicada a informantes – chaves, ou seja, agentes de assistência técnica e extensão rural(ATER) nos caso nas EMATER/<strong>AS</strong>CAR-RS, em 10 municípios da Região Central do Estado do RioGrande do Sul. O questionário continha questões abertas e fechadas e foi aplicado no primeirosemestre de 2012. O instrumento com 08 questões foi aplicado a 10 agentes, de forma individuaissendo as falas gravadas p<strong>ar</strong>a posteriores transcrição e analise.As questões vers<strong>ar</strong>am sobre: Localização e nome da feira; Histórico desde sua criação;c<strong>ar</strong>acterísticas atuais/evolução; Aspectos funcionamento; Infra-Estrutura; Principais dificuldades dafeira e/ou quais os principais desafios futuros; Quais os diferenciais da feira do município; Osaspectos apontados pelos consumidores p<strong>ar</strong>a qualificação geral da feira.O instrumento de pesquisa permitiu diagnostic<strong>ar</strong> a p<strong>ar</strong>tir de uma abordagem de naturezaqualitativa, as estratégias e o significado das feiras livres, a p<strong>ar</strong>tir das especificidades daquelasexistentes nos municípios. Pode-se também traç<strong>ar</strong> um panorama geral sobre o sistema produtivo dosp<strong>ar</strong>ticipantes das feiras, os produtos ofertados e o ambiente de comercialização.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO4.1 Os municípios estudados:A região objeto do estudo é composta pelos nove municípios do Vale do Jagu<strong>ar</strong>i: Santiago,Nova Esperança do Sul, Jagu<strong>ar</strong>i, São Vicente do Sul, São Francisco de Assis, Cacequi, Mata eUnistalda, Alem dos municípios de J<strong>ar</strong>í, Toropi, São Pedro do Sul e Dilermando de Agui<strong>ar</strong>, todos naRegião Central do Estado do Rio Grande do Sul (figura 01).Figura 01: Mapa do estado do Rio Grande do Sul e Localização dos 13 municípios.2 Dados levantados em trabalho realizado no projéto de sistematização de experiências, do InstitutoFederal F<strong>ar</strong>roupilha – Campus São Vicente do Sul, no ano de 2010 á 2012.


Os municípios em estudo apresentam diferentes tipos de solo, micro climas, relevo e índicesde precipitação, proporcionando assim diversas possibilidades de produção. Considerando estasc<strong>ar</strong>acterísticas e as pequenas áreas das propriedades, predomina a agricultura de base famili<strong>ar</strong>.A economia dos municípios é baseada na riqueza gerada pelo setor primário. A pecuáriacom ênfase p<strong>ar</strong>a o gado de corte, e a agricultura baseada na soja, <strong>ar</strong>roz, fumo, feijão, uva ehortigranjeiros. Na região poucos produtos são beneficiados, como é o caso do <strong>ar</strong>roz, da uva e doleite, sendo os últimos nas pequenas propriedades famili<strong>ar</strong>es. O cultivo da cana-de-açúc<strong>ar</strong> também ésignificativo, sendo transformado em cachaça, açúc<strong>ar</strong> mascavo, melado e rapadura, sendo mais umcomponente de uma matriz produtiva diversificada.No entanto, observam-se v<strong>ar</strong>iações e peculi<strong>ar</strong>idades, que diferenciam a agricultura famili<strong>ar</strong>entre os municípios, da mesma microrregião. Estas diferenças podem est<strong>ar</strong> associadas acolonização, pois há aqueles que apresentam predominância de italianos, poloneses, alemã,portugueses e espanhóis. Estes povos c<strong>ar</strong>regam consigo as raízes sociais, culturais e asc<strong>ar</strong>acterísticas herdadas de seus antepassados. Em consequência a essas colonizações estesmunicípios dispõem de diversos tipos de culinária cultivando assim a tradição e a história dessespovos. Sendo estas culinárias determinantes p<strong>ar</strong>a o crescimento da economia desses municípios.Entre os 10 municípios do campo desse estudo, as populações v<strong>ar</strong>iam de 2.450 habitantes,em Unistalda, a 49.071 habitantes em Santiago. A tabela abaixo demonstra a influência da populaçãorural nestes centros urbanosTabela 01: População Total e rural dos municípios estudados no ano de 2012.MUNICÍPIOPOPULAÇÃO TOTAL POPULAÇÃO RURALSANTIAGO 49.082 4.336 (8,8%)SÃO FRANCISCO <strong>DE</strong> <strong>AS</strong>SIS 19.258 5.759 (29,9%)SÃO PEDRO DO SUL 16.371 4.439 (27,1%)CACEQUI 13.676 1.721 (12,6%)JAGUARI 11.478 4.947 (43,1%)SÃO VICENTE DO SUL 8.440 2.559 (30,3%)MATA 5.111 2.493 (48,8%)NOVA ESPERANÇA DO SUL 4.671 1.072 (23,0%)JARI 3.575 2.962 (82,9%)CAPAO DO CIPÓ 3.107 2.588 (83,3%)


DILERMANDO <strong>DE</strong> AGUIAR 3.064 2.073 (67,7%)TOROPI 2.952 2.341 (79,3%)UNISTALDA 2.453 1.540 (62,8%)Fonte: http://www.ibge.gov.br4.2 As Feiras:4.2.1 Os beneficiários:Considerando os municípios avaliados, com relação a consolidação das feiras livres comoespaços de comercialização direta, destinada exclusivamente a agricultores famili<strong>ar</strong>es, pode-se fazeruma relação de feirantes, baseada no número de feirantes que delas p<strong>ar</strong>ticipam. Mesmo tendo-secl<strong>ar</strong>o as diferenças populacionais apontadas, tais dados dão uma idéia da importância destesespaços p<strong>ar</strong>a as famílias rurais.Tabela 02. Relação de feirantes consolidadas de acordo com a cidade.MUNICÍPIONº FEIRANTESSANTIAGO 41JARI 35CACEQUI 24SÃO FRANCISCO <strong>DE</strong> <strong>AS</strong>SIS 12NOVA ESPERENÇA DO SUL 10SÃO VICENTE DO SUL 07JAGUARI 06UNISTALDA 03TOROPI 02Um aspecto importante a ser considerado em relação ao número de feirantes diz respeito aosagentes públicos que fomentam ou foment<strong>ar</strong>am a criação das feiras nestes municípios. SegundoSantiago (2010), “esse desenvolvimento é representado pela combinação do fortalecimentoinstitucional dos governos locais, do impulso à p<strong>ar</strong>ticipação cidadã na cooperação público-privada, doavanço da democracia e do fomento às bases produtivas locais (micro, pequena e média empresa”.P<strong>ar</strong>a o mesmo autor o desenvolvimento local [...] a visão de competitividade não deve englob<strong>ar</strong>somente fatores como a eficiência produtiva, mas também uma durabilidade ambiental, e aspectossocioculturais, como a lógica de <strong>ar</strong>ticulação em redes, <strong>ar</strong>ticulação interterriorial e protagonismo local.No caso de Santiago o maior município da região, a prefeitura municipal é a grandepromotora da feira, desde a sua criação, tendo o apoio da EMATER/<strong>AS</strong>CAR-RS 3 basicamente nasações de extensão rural.Fazendo uma relação entre população urbana, o que pressupõe amplo mercado consumidor,Santiago tem maior número de feirantes, porque tem maior população. No entanto, o município deJ<strong>ar</strong>í, com 35 feirantes tem uma população urbana de 600 pessoas. Verifica-se nesse caso acompreensão da população na compra dos produtos das feiras livres, e talvez o elemento maisimportante que justifique o expressivo numero de feirantes, seja o transporte oferecido pela prefeituramunicipal de J<strong>ar</strong>í aos feirantes.3 Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural- Associação Sulina de Crédito e AssistênciaRural/Rio Grande do Sul.


Em relação a extensão rural, foi possível observ<strong>ar</strong> que há grandes diferenças de atuação dosórgãos públicos, agentes de ATER, nas feiras livres, em especial atuando diretamente naspropriedades famili<strong>ar</strong>es dos feirantes.4.2.2 Dificuldades observadas pelos feirantes:Segundo os extencionistas da EMATER/<strong>AS</strong>CAR-RS e técnicos da prefeitura municipal, eatravés da analise do instrumento de pesquisa, pode-se perceber que dentre as principaisdificuldades enfrentadas pelos feirantes, destaca-se problemas com as severas exigências dalegislação da vigilância sanitária, o transporte dos produtos, a infra-estrutura das feiras e a venda dosprodutos. Conforme demonstrado na tabela abaixo:Tabela 03. Dificuldades observadas pelos feirantesMUNICÍPIOCACEQUIJAGUARIJARINOVA ESPERENÇA DO SULSANTIAGOSÃO FRANCISCO <strong>DE</strong> <strong>AS</strong>SISSÃO PEDRO DO SULSÃO VICENTE DO SULTOROPIUNISTALDADIFICULDA<strong>DE</strong>SLEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃOTRANSPORTELEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃOINFRA-ESTRUTURALEGISLAÇÃOINFRA-ESTRUTURAVENDAVENDADeste modo considera-se no caso dos municípios de Cacequi, Nova Esperança do Sul,Santiago, Jagu<strong>ar</strong>i e São Pedro do Sul, que a legislação é a principal preocupação dos feirantes. Comisso pode-se perceber que independentemente do tamanho da feira e também do número defeirantes, estes tem a legislação como componente que mais interfere nas feiras. Isso se deve apresença de muitos produtos que são comercializados ao <strong>ar</strong> livre, sendo minimamente e<strong>ar</strong>tesanalmente processados, como é o caso de frangos, leite embalado em litros “pet”, c<strong>ar</strong>nes, etc.P<strong>ar</strong>a a vigilância sanitária tais produtos não podem ser comercializados.Estes produtos comercializados apes<strong>ar</strong> de não est<strong>ar</strong>em de acordo com as normas dalegislação são seguidos tem um controle de qualidade pelos próprios feirantes, onde os materiaisutilizados p<strong>ar</strong>a <strong>ar</strong>mazenamentos dos alimentos passam por um rigoroso processo de higienizaçãoantes de ser levado até o consumidor final, dentro de uma infra-estrutura mínima presente naspropriedades rurais.4.2.3 Infra-estrutura das Feiras:Dentre as dificuldades relacionadas a Infraestrutura, expostas no tabela 03, pode-se perceberque dos 10 municípios trabalhados, apenas 02 não oferecem aos seus feirantes qualquer tipo deedificações, o que tem como consequência pequeno numero de feirantes. Os municípios que dispõede adequado espaço são a Feira de Produtores Rurais de Santiago, (Hortomercado), e da Feira dosProdutores Rurais de São Pedro do Sul.Porem no município de Jagu<strong>ar</strong>i os feirantes tem a sua disposição uma infraestruturaadequada (prédio de alven<strong>ar</strong>ia com espaço e banheiro), mas os produtores realizam suas feiras dolado de fora do prédio. Segundo os feirantes o local não é bom, pois, o prédio está localizado em umponto de difícil visualização dos produtos, passando assim a comercializ<strong>ar</strong> seus produtos em bancas


improvisadas na causada em frente ao próprio prédio. Isso demonstra que o local adequado precisaatender uma série de atributos que envolva inclusive boa localização.Somente o município de J<strong>ar</strong>í com a menor população urbana da região, oferece transporteaos feirantes. A dificuldade relacionada a distancia limitava o acesso dos feirantes, mas o poderpúblico resolveu tal problema. A feira municipal do município de J<strong>ar</strong>í tem a prefeitura municipal comoprincipal aliada e incentivadora. Contudo a feira corre grande risco de termin<strong>ar</strong>, pois como otransporte dos feirantes depende exclusivamente da prefeitura municipal, um cancelamento dessetransporte ac<strong>ar</strong>ret<strong>ar</strong>ia no fim da feira, sendo que não existe nem um tipo de contrato que firme aobrigação da prefeitura em transport<strong>ar</strong> os feirantes.Das dificuldades de venda dos produtos na feira, apenas dois municípios apresent<strong>ar</strong>amproblemas, Toropi e Unistalda. Não se pode afirm<strong>ar</strong> que esses problemas seriam ac<strong>ar</strong>retados emdecorrência da pouca população da cidade, mas sim da falta de políticas públicas bem estruturadasde apoio a agricultura famili<strong>ar</strong>.Em Toropi e Unistalda uma das principais justificativas das baixas vendas na feira livre sedeve pela c<strong>ar</strong>acterística da população de cultiv<strong>ar</strong> suas hortaliças em hortas domésticas, hábitostípicos dos imigrantes italianos e alemães. Deste modo a feira do município de Toropi destina-sebasicamente a comercialização de produtos que não são produzidos nas residências, como é o casodo leite e do peixe.4.2.4 Desafio em relação ao futuro das feiras:Outro ponto de grande relevância levantado pelo instrumento de pesquisa adotado é emrelação aos desafios futuros dos municípios p<strong>ar</strong>a manter as feiras livres. Segundo os agentesextencionistas, os principais desafios p<strong>ar</strong>a o futuro, estão resumidos na Tabela 04:Tabela 04. Desafios futuros p<strong>ar</strong>a manutenção das feiras livres nos municípios da Região deabrangência do Instituto Federal F<strong>ar</strong>roupilha campus São Vicente do Sul.MUNICÍPIOCACEQUIJAGUARIJARINOVA ESPERENÇA DO SULSANTIAGOSÃO FRANCISCO <strong>DE</strong> <strong>AS</strong>SISSÃO PEDRO DO SULSÃO VICENTE DO SULTOROPIUNISTALDA<strong>DE</strong>SAFIOADPTAR-SE ALEGISLAÇÃOADPTAR-SE ALEGISLAÇÃOMANTER TRANSPORTEBENFEITORI<strong>AS</strong>BENFEITORI<strong>AS</strong> NAINFRA-ESTRUTURA,CONSTRUÇÃO <strong>DE</strong> UMNOVO PAVILHÃOMANTER A FEIRAPERMANENCIA NOLOCALINFRA-ESTRUTURAMANTER A FEIRAMANTER A FEIRACom base nos desafios apontados, pode-se observ<strong>ar</strong> que dois municípios, Cacequi e Jagu<strong>ar</strong>ia preocupação é dos feirantes cumprirem seu papel em relação a adequação a legislação municipalp<strong>ar</strong>a não serem alijados do processo, ou torn<strong>ar</strong>em-se informais. Muito embora, atender aos preceitoslegais em relação aos alimentos que comercializam, seja uma necessidade geral, nos demaismunicípios, os desafios futuros são em relação àquilo que o poder público oferece, seja transporte,


cri<strong>ar</strong> infra-estrutura ou mesmo manter a feira. O município de J<strong>ar</strong>í vê como principal desafio p<strong>ar</strong>a ofuturo, conseguir manter o transporte dos feirantes, pois dele depende. No entanto, segundo agentesda prefeitura municipal de J<strong>ar</strong>í, nova políticas públicas estão sendo buscadas junto aos órgãosfederais, p<strong>ar</strong>a a manutenção da feira e auxilio ao transporte dos feirantes.Em Nova Esperança do Sul e Santiago, enfatiza-se apenas o aprimoramento na infraestruturajá existente, oque proporcion<strong>ar</strong>a melhores condições aos feirantes e aos consumidores.Mesmo com a necessidade de pequenos ajustes, a feira de Santiago torna-se referencia nestetrabalho, pelo amplo espaço, com banheiros, cozinha, estacionamento, Box individualizados,iluminação, água e esgoto, e segurança, pois o pavilhão é todo fechado por grades.No entanto em São Vicente do Sul, um dos grandes desafios considerados pelos órgãosmunicipais é a implantação de uma infra-estrutura adequada aos feirantes, pois não há abrigo,banheiro, Box, água e luz. A implantação de um pavilhão coberto, que está em construção, permitirádentre outras vantagens, inclusive o aumento do numero de feirantes.Já em São Francisco de Assis, Toropi e Unistalda, alem de não haver nenhum tipo deinfraestrutura, um dos grandes desafios, está relacionada em manter os feirantes, isso emdecorrência da falta de condições, que gera pouca venda e a busca por outras formas decomercialização, ou mesmo êxodo rural.Se tratando do município de Toropi os feirantes eram 04, e dois deles pass<strong>ar</strong>am a cultiv<strong>ar</strong> ofumo, sendo que apenas 01 p<strong>ar</strong>ticipa regul<strong>ar</strong>mente da feira.Em Unistalda, o numero de feirante diminuiu de 06 p<strong>ar</strong>a 03, isso em conseqüência da baix<strong>ar</strong>enda obtida, pass<strong>ar</strong>am a dedic<strong>ar</strong>-se as culturas anuais.Em São Pedro do Sul, o principal desafio p<strong>ar</strong>a o futuro da feira, segundo informações daEMATER/<strong>AS</strong>CAR-RS, é a permanência dos feirantes no local onde está atualmente localizada a feira.Como é um terreno da prefeitura municipal, esta tem projetos de construir seu prédio administrativo,oque ac<strong>ar</strong>ret<strong>ar</strong>á na transferência dos feirantes p<strong>ar</strong>a outro local. Isto é temido pelos feirantes, pois estálocalizada no centro da cidade com bom fluxo de pessoas e boas vendas realizadas.4.2.5 P<strong>ar</strong>ticipação das feiras em programas governamentais:Outro fator muito importante também apontado pelos informantes-chaves foi relacionado aosprogramas governamentais de apoio aos agricultores famili<strong>ar</strong>es. P<strong>ar</strong>a que não dependam somentedas feiras p<strong>ar</strong>a comercializ<strong>ar</strong> sua produção. Os dois foram criados pelo governo federal, sendo o PAAe o PNAE, os quais g<strong>ar</strong>antem compr<strong>ar</strong> de diversos alimentos como hortifrutigranjeiros (verdurasdiversas, frutas da época) e Agroindustrializados (bolachas, pães, Doces, etc.). No quadro 05 podemsevisualiz<strong>ar</strong> quais os municípios onde os feirantes também vendem seus produtos a estesprogramas:Tabela 05. Municípios onde os feirantes comercializam também p<strong>ar</strong>a o PAA e PNAE.MUNICÍPIO PAA PNAECACEQUI NÃO SIMJAGUARI NÃO NÃOJARI NÃO SIMNOVA ESPERENÇA DO SUL NÃO SIMSANTIAGO SIM SIMSÃO FRANCISCO <strong>DE</strong> <strong>AS</strong>SIS NÃO NÃOSÃO PEDRO DO SUL SIM SIMSÃO VICENTE DO SUL NÃO NÃO


TOROPI NÃO NÃOUNISTALDA NÃO NÃOEstas informações mostram que nos municípios de Nova Esperança do Sul, J<strong>ar</strong>í, Santiago eSão Pedro do Sul, os feirantes complementam sua renda, p<strong>ar</strong>ticipando de pelo menos um dosprogramas. Isso revela a importância das políticas públicas e de certa forma a dependência destesegmento de ações governamentais p<strong>ar</strong>a comercializ<strong>ar</strong>em seus produtos. Por outro lado, talvez estaseja a única forma de que nas escolas, os alimentos consumidos sejam produzidos no própriomunicípio, pois não fosse desta forma certamente seriam adquiridos nos supermercados, e comorigem nos grandes centros de distribuição.Ao mesmo tempo pode se observ<strong>ar</strong> que em menos de 50% dos municípios estudados osfeirantes utilizam-se destes programas p<strong>ar</strong>a vender seus produtos (tabela 05). Isso também épositivo, pois aponta p<strong>ar</strong>a que mais produtores estejam integrados ao PAA e PNAE, fortalecendodessa forma a agricultura famili<strong>ar</strong> com um todo.Dentre os 13 municípios estudados, Dilermando de Agui<strong>ar</strong>, Capão do Cipó e Mata, não possuemnem um tipo de feira livre, deixando cl<strong>ar</strong>o desta forma a falta de políticas públicas e ações dosagentes extencionistas desses municípios, que impulsionem e criam possibilidades de construçõesde mercados no município.5. CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAISNos municípios em que o desenvolvimento dos circuitos curtos na forma de feiras livres énotório, pode-se destac<strong>ar</strong> como m<strong>ar</strong>co principal a ação do poder público, dos agentes em ExtensãoRural, podendo consider<strong>ar</strong> como municípios que possuem diferenciais m<strong>ar</strong>cantes de construção dosmercados, sendo estes de grande valia p<strong>ar</strong>a a criação de significações sociais e econômicas. Omesmo não ocorre naqueles em que os governos municipais não atuam no sentido de estimul<strong>ar</strong>através das feiras a geração de renda p<strong>ar</strong>a os agricultores famili<strong>ar</strong>es.Mesmo estas diferenças as feiras municipais mostram-se importantes p<strong>ar</strong>a os agricultoresfamili<strong>ar</strong>es, representando a principal forma de geração de renda de muitos dos feirantes, nosmunicípios em que as feiras estão mais consolidadas. Onde as feiras ainda têm dificuldades,representam formas de complementação de renda.A legislação e a inserção dos estabelecimentos famili<strong>ar</strong>es nos mercados locais destacam-secomo principais desafios p<strong>ar</strong>a os agentes de extensão rural municipais. Adapt<strong>ar</strong>-se e seguir asnormas da legislação sanitária municipal, é um dos grandes desafios dos circuitos curtos decomercialização, tendo desta forma, os agentes de extensão rural e governos que cri<strong>ar</strong> novaspossibilidades de mercados que possam atender as necessidades dos agricultores famili<strong>ar</strong>es etambém cumprir com a legislação municipal.Uma das principais justificativas da grande massificação de consumidores em algumas feiraslivres, dos municípios estudados, deve-se principalmente a grande diversidade de oferta de produtos,boa procedência, qualidade e preços muitas vezes inferiores aos dos supermercados. Contudo,segundo agentes extensionistas entrevistados, atualmente os preços dos produtos das feiras livresdeix<strong>ar</strong>am de serem consideradas sinônimas de mais b<strong>ar</strong>ato, assim, o real motivo que atrai osconsumidores as feiras, são os atos de reciprocidade, de amizade entre feirante e consumidor, deprodutos saudáveis, sendo produzidos com o mínimo possível de agrotóxicos, fatores determinantesp<strong>ar</strong>a a permanência e o desenvolvimento das feiras livres municipais.Nos municípios com feiras consolidadas, é possível observ<strong>ar</strong> o apoio da prefeitura municipale dos agentes de Extensão Rural, na disponibilização de treinamento, infraestrutura, no incentivo acriação de associações dos agricultores, na <strong>org</strong>anização geral das feiras, na perspectiva de comprade alimentos p<strong>ar</strong>a os programas governamentais e na oferta de cursos de qualificação profissional.Grande p<strong>ar</strong>te dos agentes entrevistados enfatiza a necessidade de criação de novos mercadosdestinados exclusivamente ao agricultor famili<strong>ar</strong>


As feiras livres consolidadas, além de possibilit<strong>ar</strong> a integração do agricultor na sociedade,estão promovendo mudanças de hábitos e criando a cultura de os consumidores adquirirem produtosfora dos supermercados e de origem local.Com o apoio dos agentes de Extensão Rural, muitos dos agricultores famili<strong>ar</strong>es quecomercialização seus produtos nas feiras livres, conseguem agreg<strong>ar</strong> valor aos produtos, pois vendemdiretamente ao consumidor, o que lhes proporciona liquidez imediata.A venda direta dos produtos pelos agricultores, principalmente nas feiras livres, representauma estratégia de desenvolvimento local, reprodução social e a sobrevivência da agricultura famili<strong>ar</strong>da região.Pode-se enfatiz<strong>ar</strong> que as feiras livres, podem ser consideradas na sua dimensão sóciocultural,como local privilegiado p<strong>ar</strong>a a ação pública e comunitária, ao congreg<strong>ar</strong> uma grandequantidade e v<strong>ar</strong>iedade de pessoas em um evento periódico.Em alguns dos municípios ficou evidente a preocupação dos agentes extencionistas com adiversificação da produção; com a ampliação das possibilidades de comercialização; com asatividades relacionadas as agroindústria (revitalização, estruturação, ampliação, consolidação); com oresgate dos produtos tradicionais das regiões, tendo desta forma a possibilidade da comercializaçãode produtos tradicionais que não são mais encontrados nas feiras; com a melhor utilização dosrecursos disponíveis nas propriedades; com a <strong>ar</strong>ticulação e circulação de produtos no âmbito local;com o acesso a recurso sem os riscos do crédito, evitando o endividamento do agricultor; com ag<strong>ar</strong>antia de venda dos produtos oriundos da agricultura famili<strong>ar</strong>; com a ampliação da renda dosfeirantes e consequentemente na qualidade de vida das famílias rurais; com o incentivo à produção;com o policultivo das propriedades rurais, saindo da pecuária e monocultura p<strong>ar</strong>a agriculturadiversificada; com a <strong>org</strong>anização e planejamento das feiras livres.Isso tudo indica que são os agentes públicos, neste casso as prefeituras municipais e extensãorural os grandes incentivadores da p<strong>ar</strong>ticipação dos agricultores famili<strong>ar</strong>es nas feiras livres. Com issoos consumidores são beneficiados por terem a sua disposição alimentos de origem local, ocorre acirculação de renda no próprio município, e evita-se o êxodo rural, conseqüências positivas p<strong>ar</strong>a asustentabilidade das comunidades.6. REFERÊNCI<strong>AS</strong> BIBLIOGRÁFIC<strong>AS</strong>ABRAMOVAY, R. Agricultura Famili<strong>ar</strong> e Serviço Público: Novos desafios p<strong>ar</strong>a a Extensão Rural.Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.15, n.1, p.137-157, jan./abr. 1998ANDRA<strong>DE</strong>, E. <strong>DE</strong> SOUZA; DRESCH, L. <strong>DE</strong> O. & TRE<strong>DE</strong>ZINI, C. A. O. Circuitos curtos deprodução, distribuição e consumo: novas oportunidades de comercialização pela agriculturafamili<strong>ar</strong> em Nova Andradina/MS. pg. 49, 2011CAPORAL, F. R. & COSTABEBER, J. A. Agroecologia e Extensão Rural: contribuições p<strong>ar</strong>a aPromoção do Desenvolvimento Rural Sustentável. Brasília:MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.166 p.CRESWELL, J,W. Projeto de pesquisa. 2.ed, Porto Alegre/ RS, Ed. Artmed e Bookman, 2007.FABIANA THOMÉ DA CRUZ; RENATA MEN<strong>AS</strong>CHE; Das Redes de Sociabilidade ás Relações deMercado: Agricultores, Intensificação da Comercialização da Produção e Modos de Vida emMudança; IV CONGRESO ARGENTINO Y LATINOAMERICANO <strong>DE</strong> ANTROPOLOGÍA RURAL; IVcongreso Argentino Y LatinoAmericano de Antropologia Rural; M<strong>ar</strong> Del Plata; 25 al 27 de m<strong>ar</strong>ço de2009FELÍCIO, M. J. Os camponeses, os agricultores famili<strong>ar</strong>es: p<strong>ar</strong>adigmas em questão Geografia -Universidade Estadual de Londrina, Dep<strong>ar</strong>tamento de Geociências - v. 15, n. 1, jan./jun. 2006, pg.205-217.


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