Mais encargosA Lei Complementar nº116, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong>julho <strong>de</strong> 2003, que trouxe diversasmudanças naforma e local<strong>de</strong> recolhimentodo ImpostoSobreServiços <strong>de</strong>Qualquer Natureza(ISS),em vez <strong>de</strong>simplificarveio paracomplicarainda mais oenrosco tributáriodasempresasprestadoras<strong>de</strong> serviços. Nem bem as prefeiturasregulamentaram a lei, o que <strong>de</strong>veacontecer até o final <strong>de</strong>ste ano, muitasdúvidas surgem. On<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser tributadoo imposto, quem <strong>de</strong>ve pagá-lo e emquanto vai onerar as empresas?Com a nova lei, o número <strong>de</strong> serviçossujeitos à tributaçãosubiu <strong>de</strong> 101 para208 e a forma <strong>de</strong> cobrançaserá a partir do localdo estabelecimentoprestador, ou seja, on<strong>de</strong>o contribuinte <strong>de</strong>senvolvea prestação <strong>de</strong> serviço.Porém, a nova leiprevê algumas mudanças.Segundo o presi<strong>de</strong>ntedo Sescap/PR, ValdirPietrobon, a legislaçãoampliou as exceções, emcomparação com o DecretoLei n.º 406/68, que legislavasobre o assunto.“O art. 3º da Lei Complementarn.º 116 <strong>de</strong> 2003,<strong>de</strong>fine nada mais nadamenos do que 22 hipóteses nas quais opagamento do imposto <strong>de</strong>verá serISSNova lei que regula o ISS ainda gera confusão e preocupação.Socieda<strong>de</strong>s profissionais, que correm o risco <strong>de</strong> arcar com o aumentodo tributo, em 2004, estão em alertaFotos: Alex Salimrecolhido aos cofres do Fisco Municipalon<strong>de</strong> foi prestado ou realizado o serviço”,diz o empresáriocontábil.Outra mudançaé com relaçãoà exportação<strong>de</strong> serviços,que estáisenta <strong>de</strong>ISS, se o serviçofor <strong>de</strong>senvolvidonoBrasil e pagoou contratadopor resi<strong>de</strong>nteno exterior. Oimposto inci<strong>de</strong>somentenos casos <strong>de</strong> serviços provenientes ou cujaprestação tenha se iniciado no exterior.Nivaldo Cleto: “Não fiquem longe <strong>de</strong>sses projetos.Acompanhem o legislador, orientem, procurem asprefeituras para que estas não cometam injustiças”Adriana Manni Peres:“Nada impe<strong>de</strong> que osmunicípios estabeleçamum regime especial<strong>de</strong> recolhimento entreos autônomos”De olho nas socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>profissionaisMas a gran<strong>de</strong> polêmica da nova lei ésobre a incidência do ISSsobre o faturamento dassocieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissionais<strong>de</strong> profissão regulamentada,que hoje são tributadas pelonúmero <strong>de</strong> profissionais. Alei complementar 116 revogaos artigos 8º, 10º, 11º e12º, mas não o artigo 9º doDecreto-Lei n.º 406, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1968, que estabeleceem seu parágrafo 1ºque a prestação <strong>de</strong> serviçossob a forma <strong>de</strong> trabalhopessoal não po<strong>de</strong> ser calculadacom base na remuneração.Entretanto, diversosmunicípios já estão preparadospara colocar em votaçãonas Câmaras Municipaisa regulamentação da lei incluindo atributação sobre o preço do serviço, o queelevaria drasticamente a carga tributária <strong>de</strong>profissionais liberais.Segundo afirmou a advogada econsultora da IOB Thomson, AdrianaManni Peres, durante seminário promovidopela <strong>Fenacon</strong>, via Internet, em setembro(veja quadro), a Lei Complementar regulatoda a matéria sobre a legislação do ISS,portanto não necessita <strong>de</strong> uma revogaçãoexpressa do artigo 9º. “Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rarque houve uma revogação tácita <strong>de</strong>sseartigo 9º. Então, a partir do ano que vem,as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissionais teriam quepagar o imposto pelo seu faturamento.Agora, nada impe<strong>de</strong> que os municípiosestabeleçam um regime especial <strong>de</strong>recolhimento entre os autônomos”, disse.Já para o agente fiscal <strong>de</strong> renda municipale colaborador do site FiscosoftSauro Henrique <strong>de</strong> Almeida: “Entendoque as prefeituras não vão abrir mão datributação sobre o faturamento”Online, José Antônio Patrocínio, a LeiMunicipal po<strong>de</strong>rá continuar disciplinandoo ISS para as socieda<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong>alíquota fixa. “Enten<strong>de</strong>mos que não houvea revogação expressa e tampouco tácitado artigo 9º, parágrafo 1º do Decreto n.º406/1968, <strong>de</strong> forma que o trabalho pessoalcontinuará sendo tributado por meio <strong>de</strong>alíquotas fixas ou variáveis”, explicou.ConfusãoSegundo Valdir Pietrobon, o legisladorfoi pouco cuidadoso ao elaborar o texto daLei. “Se o legislador quisesse revogar a disposiçãoque cuida da tributação pelo valor10 - Revista <strong>Fenacon</strong> em Serviços - Edição 94
Foto: Sérgio <strong>de</strong> Paulafixo anual relativamente às socieda<strong>de</strong>s ali<strong>de</strong>stacadas, ou teria feito <strong>de</strong> maneiraexpressa, como o fez para os <strong>de</strong>mais artigosque tratam do ISS, ou então, o faria no bojoda própria Lei Complementar, tratando otema <strong>de</strong> forma diversa. No entanto, não feznem uma coisa, nem outra”.Para Pietrobon, permanece a incidênciado imposto conforme a legislação anterior.“Socieda<strong>de</strong>s prestadoras <strong>de</strong> serviçoscontábeis e <strong>de</strong> advocacia, por exemplo,permanecem sujeitas à sistemática <strong>de</strong>tributação do ISS na modalida<strong>de</strong> fixa anual”,afirma. Escritórios <strong>de</strong> advocacia jáestão preparando uma ofensivajudicial caso as prefeiturasameacem regulamentar a leipara a cobrança sobre a receitabruta. O Centro <strong>de</strong> Estudos dasSocieda<strong>de</strong>s dos Advogados(Cesa) já reuniu diversos escritóriospara <strong>de</strong>bater o assunto.Prefeituras famintasSauro Henrique <strong>de</strong> Almeida,diretor <strong>de</strong> Assuntos Legislativose do Trabalho da <strong>Fenacon</strong>,chamou a atenção para a visãodistorcida da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>políticos <strong>de</strong> que os prestadores <strong>de</strong> serviçossão beneficiados pela legislação. “Temos atéum estudo patrocinado pela <strong>Fenacon</strong>, <strong>de</strong>monstrandoque as empresasprestadoras <strong>de</strong> serviços compõemo setor que mais contribuicom impostos no Brasil.Equipara-se e até ultrapassa asindústrias”, exemplificou.“Estou vendo um camponebuloso daí para frente no quediz respeito à tributação dassocieda<strong>de</strong>s dos profissionaisliberais. Entendo que asprefeituras não vão abrir mão datributação sobre o faturamento”,acrescentou.Fotos: Alex SalimPedro CoelhoNeto:“Precisamosorientar ossecretários <strong>de</strong>Finanças paraque acobrançacontinue comoestá, a fim <strong>de</strong><strong>de</strong>sestimular asonegação”Nivaldo Cleto, diretor <strong>de</strong> Tecnologiae Negócios da <strong>Fenacon</strong>,também alertou para os prováveisabusos por conta das prefeituras.“Eu levo um recado aos presi<strong>de</strong>ntesdos sindicatos filiados: procuremacompanhar os projetos <strong>de</strong> lei juntoàs prefeituras para que não aprovadaleis que vão representar gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>mandas judiciais. Não fiquemlonge <strong>de</strong>sses projetos. Acompanhem olegislador, orientem, procurem as prefeituraspara que estas não cometam injustiças”.“É <strong>de</strong>ver dos Sescons e Sescaps <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rSegunda webconferência promovidapela <strong>Fenacon</strong> discute a nova lei do ISSA <strong>Fenacon</strong>,com o patrocínioda IOB Thomsonrealizou, no dia10 <strong>de</strong> setembro, asegunda webconferênciapelaTV <strong>Fenacon</strong>,transmitida viaInternet, paratodo o Brasil, apartir dos estúdiosda empresaNetDupProduções,integrante dogrupo Prosoft Tecnologia. O temadiscutido foi a Lei Complementar n.º 116, <strong>de</strong>31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2003, que trata <strong>de</strong> diversasalterações no ISS.O imposto, apartir <strong>de</strong> 2004,afetará diretamenteas socieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> profissãoregulamentada,além <strong>de</strong>incluir diversosserviços antesnão tributados.Infra-estrutura: bastidores do estúdio<strong>de</strong> TV, da empresa NetDup Produções.Suporte <strong>de</strong> Internet transmite oseminário online, em tempo real,para todo o PaísPalestrante e <strong>de</strong>batedores discutem,ao vivo, as novas regrasestabelecidas pela Lei Complementarnº116, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2003O semináriofoi proferidopela advoga-os seus filiados contra o aumento da cargatributária esperada pela aplicação da LeiComplementar n.º 116”, orienta PedroCoelho Neto, presi<strong>de</strong>nte da <strong>Fenacon</strong>.“Recomendo que procurem li<strong>de</strong>rarcomissões envolvendo outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>profissões regulamentadas, como OAB,CRA, CORECON, CREA, CRM, CRO.Precisamos orientar os secretários <strong>de</strong>Finanças para que a cobrança continue comoestá, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestimular a sonegação e oaumento da carga para um setor que acaba<strong>de</strong> assimilar um aumento <strong>de</strong> 167% naCSSL”, enfatizou Pedro Coelho.da e consultora da IOB, AdrianaManni Peres, e mediado pelo diretor<strong>de</strong> Tecnologia e Negócios da<strong>Fenacon</strong>, Nivaldo Cleto, quetambém coor<strong>de</strong>nou a realização doevento, e pelo diretor <strong>de</strong> AssuntosLegislativos e do Trabalho, SauroHenrique <strong>de</strong> Almeida.Cerca <strong>de</strong> 150 webespectadores,<strong>de</strong>ntre eles, diretores <strong>de</strong> sindicatosfiliados, tais como: o <strong>de</strong> Alagoas,Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Piauí,Roraima, Rondônia, Pará, Paraná,Goiás, Espírito Santo, Londrina-PR, Blumenau-SC e Caxias do Sul-RS, além <strong>de</strong> diversos empresários<strong>de</strong> serviços, estiveram sintonizados,mandando perguntas eelogiando, via e-mail, o áudio e atransmissão do evento.A primeira transmissão da TV<strong>Fenacon</strong> ocorreu no mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>steano e discutiu o ‘Novo Refis’. A idéiaé viabilizar até dois seminários mensaiscom assuntos <strong>de</strong> relevante interesse aossindicatos filiados ao Sistema <strong>Fenacon</strong>,com a participação <strong>de</strong> profissionaisespecializados e autorida<strong>de</strong>s. Os semináriosestão disponíveis no sitewww.fenacon.org.br, no link ‘TV<strong>Fenacon</strong>’ e é necessário o programaWindows Media Player versão 9.0 paraexecutar a transmissão.Revista <strong>Fenacon</strong> em Serviços - Edição 94 - 11