METÁFRASE - Revista on-line da ABRATES
Setembro/2016 1ª edição
Setembro/2016
1ª edição
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EDIÇÃO 1 • SETEMBRO/2016<br />
implora para os céus para ele faltar e lá está ele, tocando<br />
a campainha. A abor<strong>da</strong>gem adota<strong>da</strong>, realista,<br />
que se ajustou perfeitamente à minha pers<strong>on</strong>ali<strong>da</strong>de.<br />
Não tenho que ser melhor que ninguém, tenho<br />
que ser melhor que eu mesma, <strong>on</strong>tem. E o senso<br />
de humor, é claro. Quem não é, assim, amante <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong>des físicas, não costuma se exercitar com um<br />
sorriso no rosto e está sempre pr<strong>on</strong>to para pedir arrego.<br />
O Luciano adotou o bom humor para derrotar<br />
esse vilão. Funci<strong>on</strong>ou, e estamos juntos há três anos!<br />
Em julho do ano passado, um problema de saúde<br />
repentino me colocou na UTI. De maneira simplista,<br />
meu corpo não assimila uma vitamina essencial na<br />
produção do sangue, causando uma anemia específica<br />
e extrema. Só descobri isso quando, no período<br />
de uma semana de descanso, passei do típico “acho<br />
que vou pegar uma gripe” para um estado em que<br />
não c<strong>on</strong>seguia <strong>da</strong>r dois passos. Daí foi pr<strong>on</strong>to socorro,<br />
quinze dias na UTI e uma l<strong>on</strong>ga recuperação.<br />
Sem sangue, o coração trabalha loucamente para<br />
transportar o pouco oxigênio disp<strong>on</strong>ível, elevando<br />
muito o risco de um mal súbito.<br />
Compartilho essa experiência pessoal para dizer<br />
que é possível mu<strong>da</strong>r. Estou l<strong>on</strong>ge de ser uma atleta,<br />
estou l<strong>on</strong>ge de ser um padrão sob qualquer análise.<br />
Mas senti <strong>da</strong> pior – ou melhor – maneira possível que<br />
uma mu<strong>da</strong>nça de <strong>on</strong>tem pode ser fun<strong>da</strong>mental hoje.<br />
Não tivesse começado há três anos, talvez minha recuperação<br />
fosse comprometi<strong>da</strong> ou, até mesmo, impossibilita<strong>da</strong>.<br />
Um coração mais forte foi fun<strong>da</strong>mental<br />
para a minha sobrevivência.<br />
Aprendi muito, e c<strong>on</strong>tinuo aprendendo, com essa<br />
experiência. Aprendi que precisamos de pouco tempo<br />
para manter o coração ativo, que bastam dez minutos<br />
para seu corpo lembrar que ele nasceu para se mexer.<br />
Aprendi que uma paradinha e um al<strong>on</strong>gamento de cinco<br />
minutos aju<strong>da</strong>m na c<strong>on</strong>centração e não afeta nossos<br />
temidos prazos finais. Aprendi que dá para comer<br />
melhor mu<strong>da</strong>ndo apenas um ou outro ingrediente.<br />
É aqui que entra a proposta desta editoria: apresentar<br />
sugestões, entrevistar profissi<strong>on</strong>ais, c<strong>on</strong>versar<br />
com colegas, mantendo em mente a importância de<br />
vencer o sedentarismo, de buscar melhorar a quali<strong>da</strong>de<br />
de vi<strong>da</strong>, de arrumar nosso cantinho de trabalho<br />
tão precioso <strong>da</strong> maneira mais erg<strong>on</strong>ômica possível.<br />
Começar é a parte mais difícil, mas a recompensa<br />
vem logo – naquela corridinha natural para fugir <strong>da</strong><br />
chuva, numa noite de s<strong>on</strong>o mais tranquila, em menos<br />
dores depois de um dia todo na frente do computador.<br />
E o hábito também chega logo e, com ele, pode<br />
aparecer um novo hobby, um novo desafio e novos<br />
amigos, como ac<strong>on</strong>teceu comigo.<br />
Antes de mais na<strong>da</strong>, lembre-se de que a opinião<br />
médica sobre seu estado de saúde é essencial.<br />
Na lista de primeiros passos, esse é o passo zero.<br />
Agora imagine uma ativi<strong>da</strong>de que lhe traga alguma<br />
satisfação. Caminhar é sempre um bom p<strong>on</strong>to de<br />
parti<strong>da</strong>. Vá até a pa<strong>da</strong>ria. Se subir esca<strong>da</strong> é difícil,<br />
desça por elas, para começar. Atitudes que não levam<br />
mais do que dez minutos, mas que estabelecem<br />
um hábito.<br />
Acredito que ca<strong>da</strong> um tem que enc<strong>on</strong>trar seu<br />
caminho quando se trata de uma mu<strong>da</strong>nça de comportamento,<br />
mas acredito também em ideias e sugestões<br />
que ajudem ca<strong>da</strong> um a buscar uma solução<br />
pessoal que se a<strong>da</strong>pte à sua própria rotina. O<br />
importante é lembrar que o corpo precisa de movimento.<br />
Nós, tradutores, temos uma cabeça boa demais,<br />
ágil e cheia de vi<strong>da</strong>. Ela merece um corpo<br />
que a acompanhe.<br />
Por Cristiane Tribst<br />
Cristiane Tribst é uma engenheira que virou tradutora técnica há mais de 20 anos. Casa<strong>da</strong>, mãe <strong>da</strong>s gêmeas Estela e Geórgia, tenta c<strong>on</strong>ciliar<br />
a vi<strong>da</strong> de tradutora em home office, a c<strong>on</strong>stante falta de tempo, com a luta para vencer a preguiça e o sedentarismo. Meio nerd, extremamente<br />
curiosa, adora pesquisar, ler e mexer com tecnologia, além de não recusar uma boa série de televisão.<br />
C<strong>on</strong>tato: cristiane.tribst@gmail.com<br />
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