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Revista Dr Plinio 26

Maio de 2000

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DR. PLINIO COMENTA...<br />

obediência aos seus superiores desígnios. Essa grandeza,<br />

portanto, enquanto habita em mim tornou-se minha, mas<br />

a causa dela vem de fora e do alto. Por mim mesma, não<br />

sou senão uma pequena criatura.”<br />

De fato, embora concebida sem pecado, e tendo correspondido<br />

à graça do modo mais perfeito possível, Nossa Senhora<br />

era uma mera criatura, e assim tais grandezas não<br />

podiam ter origem na natureza d’Ela. Provinham-Lhe de<br />

Deus Nosso Senhor. Este é o pensamento despretensioso<br />

e fundamental do Magnificat.<br />

Cabe aqui uma aplicação a nós, filhos e devotos de<br />

Maria, que tanto desejamos imitá-La. Se era essa a posição<br />

que a Imaculada tomava em face de suas excelências, a fortiori<br />

deve ser a nossa diante das graças que Deus nos concede,<br />

a nós que somos pecadores a dois títulos. Primeiro,<br />

porque concebidos no pecado original; segundo, porque<br />

agravamos essa condição com as faltas perpetradas em<br />

nossa vida, de sorte que, mesmo perseverando no estado<br />

de graça, trazemos conosco o fardo dos pecados que outrora<br />

cometemos.<br />

De outro lado, as honras que possam nos caber são incomparavelmente<br />

menores que as de Nossa Senhora. Desse<br />

modo, é preciso nos esforçarmos em adquirir o mais elevado<br />

grau de despretensão ao nosso alcance. Não incorramos<br />

no erro dos presunçosos, que julgam inerentes à sua<br />

própria natureza, e não a um dom ou misericórdia de<br />

Deus, todas as suas qualidades e aspectos bons.<br />

Pelo contrário, compenetremo-nos de que todo o bem<br />

existente em nós é dado e favorecido pela graça divina,<br />

embora conte com nossa voluntária aceitação e nosso empenho<br />

em desenvolvê-lo. São qualidades e talentos que<br />

não nasceram de nossa natureza decaída, mas foram nela<br />

depositados pela generosidade do Criador. Se formos despretensiosos,<br />

teremos consciência disso, não nos embevecendo<br />

com o que devemos a Deus.<br />

Esse é, precisamente, o ensinamento que nos deixou<br />

Nossa Senhora, quando elevou aos céus o seu Magnificat.<br />

Alegre e contínua retribuição a Deus<br />

Diz Ela: “A minha alma engrandece o Senhor”. Ou seja,<br />

canta, vê, admira, ama e proclama com amor a grandeza<br />

de Deus, Aquele que domina, Aquele que pode, Aquele<br />

que é tudo.<br />

“E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”.<br />

Então a alma d’Ela se transporta em santas alegrias,<br />

porque Deus “lançou os olhos sobre a baixeza de sua serva”,<br />

e por isso “de hoje em diante, todas as gerações me<br />

chamarão bem-aventurada”.<br />

Nossa Senhora proclama a magnitude de Deus por ter<br />

deitado o olhar sobre Ela, por Lhe ter conferido uma tal<br />

excelência que todas as nações passariam a aclamá-La como<br />

bem-aventurada. E ao reconhecer que isto Lhe vem<br />

d’Ele, seu espírito atinge o ápice da alegria!<br />

Grupo escultural no pórtico da Catedral de Reims<br />

Como não ver nessa atitude a perfeição da despretensão?<br />

Nada de falsa e dolorosa probidade: “Ó Senhor! como<br />

gostaria de dizer que tudo vem de mim, mas sou obrigada<br />

a declarar o contrário”, etc. Não! — “Meu espírito<br />

exulta em proclamar que veio de Vós”.<br />

Ao mesmo tempo, porém, Ela afirma a glória que Deus<br />

Lhe outorgou: “Todas as gerações me chamarão bemaventurada”.<br />

A palavra bem-aventurada encerra um matiz<br />

que a faz designar uma pessoa não apenas nimbada de felicidade,<br />

mas também aquela que alcançou êxito em todas<br />

as suas realizações. Portanto, acertar na vida, ser bemaventurado,<br />

é tornar-se santo e servir a Deus.<br />

E Nossa Senhora continua a cantar: “Porque fez em<br />

mim grandes coisas Aquele que é poderoso, e cujo nome é<br />

santo”. O adjetivo poderoso tem aí todo o cabimento, pois<br />

Ela se reconhece objeto de maravilhas tais, que só um Ser<br />

onipotente as poderia operar. Ora, Maria se sabia não-<br />

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