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RECURSOS HÍDRICOS ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL - <strong>2000</strong><br />

caudalosos afluentes, como os rios Javari,<br />

Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu,<br />

pela margem direita, e Içá, Japurá,<br />

Negro, Trombetas, Paru e Jari, pela<br />

margem esquerda. A extraordinária<br />

hidrografia amazônica apresenta<br />

fenômenos muito curiosos. No baixo<br />

curso, o mais famoso é a denominada<br />

pororoca - do tupi, estrondar - encontro<br />

violento das águas do rio com as do mar.<br />

No Guamá e outros rios de planície que<br />

desembocam no estuário amazônico,<br />

ocorrem duas enchentes por dia - as<br />

marés de água doce - provocadas pela<br />

variação diurna do nível do mar.<br />

As colorações das águas dos rios da<br />

Amazônia são um capítulo à parte e têm<br />

despertado o interesse de alguns<br />

estudiosos. Os denominados "rios negros",<br />

como Nhamundá, Negro e Maués têm<br />

essa cor devido à dissolução de ácido<br />

húmico. Os chamados "rios brancos" têm<br />

águas barrentas e transportam muita<br />

matéria sólida fina, sendo exemplos o<br />

próprio Amazonas, o Juruá, o Purus e o<br />

Madeira. Os "rios transparentes" assumem,<br />

após as primeiras chuvas, tonalidades<br />

verdes, decorrentes da grande<br />

quantidade de musgo que transportam -<br />

caso dos rios Tapajós e Xingu.<br />

A navegação fluvial se estende, ainda,<br />

aos rios Tocantins, Araguaia e Guaporé,<br />

como também ao Paraguai, ao Paraná e<br />

a alguns afluentes, constituindo as mais<br />

eficientes vias de transporte.<br />

O rio Tocantins é navegável em cerca<br />

de 1 900 km, desde a cidade de Belém<br />

(Pará) até Peixe (Goiás), no Planalto<br />

Goiano. Todavia, considerando-se os<br />

perigosos obstáculos oriundos das<br />

corredeiras e bancos de areia durante<br />

as secas, só pode ser considerado<br />

utilizável, por todo o ano, de Miracema<br />

do Norte (Tocantins) para jusante. Já o rio<br />

Araguaia é navegável cerca de 1 162 km,<br />

entre São João do Araguaia e Beleza, não<br />

contando no seu percurso com nenhum<br />

centro urbano de grande destaque.<br />

Apesar de ser na maior parte de seu<br />

percurso um rio de planície, não<br />

apresentando entraves à navegação, não<br />

é plenamente utilizado. O rio São<br />

Francisco, por sua vez, para ser navegável<br />

em qualquer época do ano, a jusante de<br />

Pirapora (Minas Gerais), depende da<br />

regularização de sua vazão, possível<br />

através da construção de reservatórios.<br />

A Região Sul, por sua vez, caracteriza-se<br />

pela existência de uma densa rede de<br />

drenagem constituída por duas grandes<br />

bacias hidrográficas: a do Paraná e a do<br />

Uruguai, que, ao unirem suas águas no<br />

baixo curso, dão origem ao rio da Prata,<br />

constituindo a Bacia Platina; e, por<br />

pequenas e médias bacias hidrográficas,<br />

na vertente litorânea, as bacias de sudeste.<br />

Nessa região predominam rios de<br />

planalto, com elevados gradientes, o que<br />

lhes confere um alto potencial energético.<br />

Essas características, por outro lado,<br />

permitem apenas uma precária utilização<br />

hidroviária, sendo a navegação restrita a<br />

pequenos trechos dos rios. A navegação<br />

fluvial apresenta maior importância em<br />

alguns rios da Bacia Platina,<br />

especialmente o Paraguai, típico rio de<br />

planície, que possui satisfatório nível de<br />

água durante todo ano. Importante eixo<br />

hidroviário vem sendo implantado com o<br />

Sistema Tietê-Paraná, denominado<br />

Engenheiro Catullo Branco, com uma área<br />

de influência de aproximadamente 70<br />

milhões de hectares, abrangendo cinco<br />

estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso<br />

do Sul, Goiás e Minas Gerais.<br />

Águas Subterrâneas<br />

As águas subterrâneas no Brasil<br />

apresentam uma importância cada vez<br />

maior como fonte de abastecimento<br />

doméstico e industrial, em parte devido aos<br />

crescentes custos de tratamento das águas<br />

dos rios, em outra à progressiva diminuição<br />

e poluição dos recursos superficiais, como<br />

também aos elevados volumes potenciais<br />

estocados em algumas bacias<br />

sedimentares e, por fim, por estarem<br />

naturalmente protegidos da poluição. Vale<br />

também ressaltar o recente interesse, em<br />

termos socioeconômicos, diante da<br />

tendência de privatização do setor de<br />

abastecimento público e dos decorrentes<br />

da estiagem que tem assolado não só o<br />

Nordeste, como o Sudeste e o Sul do País. A<br />

água subterrânea será, num futuro próximo,<br />

a alternativa mais barata e exeqüível como<br />

fonte de suprimento hídrico potável e hoje<br />

já desponta como importante manancial<br />

complementar ou estratégico de várias<br />

áreas metropolitanas.<br />

Ao longo dos anos foi cometido um<br />

grande equívoco de ordem conceitual ao<br />

serem consideradas as águas subterrâneas<br />

como grandes "lençóis submersos" estáticos.<br />

Na realidade, a água subterrânea constitui a<br />

parcela do Ciclo Hidrológico que migra<br />

"escondida", de forma lenta e contínua,<br />

pela subsuperfície da Terra e, portanto, faz<br />

parte de um processo dinâmico, que tem<br />

nas precipitações pluviométricas (chuvas)<br />

sua principal fonte de recarga e nas<br />

descargas para as nascentes, leito de rios,<br />

lagos e oceanos suas zonas de escape,<br />

ocorrendo em volumes muitas vezes<br />

superiores aos disponíveis em superfície.<br />

Em termos de alimentação dos<br />

depósitos de água subterrânea, a maior<br />

parte do Território Nacional recebe uma<br />

abundante pluviometria (entre 800 e<br />

3000 mm/ano), resultando em importantes<br />

excedentes hídricos que garantem regime<br />

perene a grande maioria dos rios -

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