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Brazil Yearbook - 2000_ocr

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ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL - <strong>2000</strong><br />

RECURSOS HÍDRICOS<br />

exceção daqueles que cortam os<br />

domínios de rochas cristalinas do<br />

contexto semi-árido da Região Nordeste.<br />

Mercê da interação de fatores<br />

geológicos e climáticos, o Brasil apresenta<br />

potencialidades hidrogeológicas muito<br />

variadas. Desta feita, a maior parte dos<br />

volumes de água armazenados em<br />

superfície estão no âmbito das bacias<br />

sedimentares, que cobrem cerca de 3<br />

milhões de km² e respondem por<br />

aproximadamente 90% das reservas,<br />

embora ocupem apenas 37% da área<br />

territorial brasileira (Rebouças, 1984).<br />

Constituem grandes depressões<br />

preenchidas por depósitos de natureza<br />

arenosa, argilosa e calcária, atingindo<br />

espessuras máximas entre 2 000 e 5 000m.<br />

A alternância de camadas arenosas e<br />

argilosas resultam na ocorrência de<br />

aqüíferos confinados (artesianos), com água<br />

sob pressão, cujos poços jorram acima da<br />

superfície do terreno. Os volumes de água<br />

subterrânea estocados nas bacias<br />

sedimentares brasileiras são de ordem de<br />

100 000km³ , podendo alguns poços<br />

alcançarem vazões que variam entre 50 a<br />

1 000 m³/h, com predominância dos valores<br />

situados entre 100 e 500 m³/h, ou seja, o<br />

suficiente para abastecer uma população<br />

entre 10 000 e 50 000 habitantes. A<br />

qualidade das águas é, em geral, muito<br />

boa, salvo condições locais e ocasionais.<br />

Entretanto, as águas subterrânea<br />

muitas vezes estão acumuladas a<br />

grandes profundidades, tornando a<br />

exploração economicamente inviável.<br />

O outro grande sistema aqüífero do Brasil<br />

é constituído pelas rochas do<br />

embasamento cristalino, que representam<br />

um conjunto onde a permeabilidade<br />

ocorre a partir das fraturas e fendas,<br />

podendo, de acordo com as condições<br />

fisiográficas, serem distinguidos dois setores<br />

principais: o setor de rochas com manto de<br />

intemperismo em regiões de pluviometria<br />

elevada e o setor de rochas praticamente<br />

aflorantes, em regiões de clima semi-árido.<br />

O primeiro setor, abrange cerca de 4<br />

milhões de km², onde a pluviometria<br />

média anual (1 000 a 2 500mm) garante<br />

bons excedentes hídricos, assegurando a<br />

perenidade da rede hidrográfica. Alguns<br />

poços atingem vazões entre 5 e 50 m³/h,<br />

com águas de boa potabilidade.<br />

O setor de rochas cristalinas dominante<br />

aflorantes cobre grande extensão da<br />

chamada zona semi-árida do Nordeste,<br />

onde as chuvas escassas e concentradas<br />

e as condições de infiltração, dificultadas<br />

pela pouca espessura ou inexistência do<br />

manto de alteração, determinam uma<br />

alimentação reduzida das reservas em<br />

água subterrânea. As vazões dos poços<br />

em geral são reduzidas (1 a 5 m³/h) e as<br />

salinidades das águas elevadas<br />

(geralmente superiores a 2 000 mg/l).<br />

Outro dado que ilustra essa grande<br />

diversidade geológica e climática, é<br />

obtida quando comparada a Bacia<br />

Sedimentar do Paraná com a área de<br />

rochas cristalinas do Nordeste. Enquanto<br />

a Bacia do Paraná acumula reservas da<br />

ordem de 50 400 km³ (50 trilhões e 400<br />

bilhões de m³), o embasamento cristalino,<br />

que aflora em mais da metade da região<br />

nordestina (720 000 km²), guarda em seu<br />

subsolo cerca de 80 km³ (80 bilhões de<br />

m³), ou seja, menos de 1% deste volume.<br />

Também na Região Nordeste, a maior<br />

parte dos recursos hídricos subterrâneos está<br />

restrita às bacias sedimentares. As Bacias<br />

Sedimentares do Maranhão, Recôncavo-<br />

Tucano-Jatobá, São Luís-Barreirinhas e<br />

Potiguar, respondem, juntas, por um volume<br />

da ordem de 18 900 km³. A título de<br />

ilustração, convém citar que o Poço Violeto,<br />

perfurado na Bacia Sedimentar do<br />

Maranhão, no Município de Cristino Castro,<br />

no Piauí, produz 500 000 l/hora e jorra mais<br />

de 60 metros acima da superfície do<br />

terreno. Isto significa dizer que,<br />

considerando um consumo per capita de<br />

200 litros/ habitante/dia, apenas este poço,<br />

sem uso de bombas, funcionando 12 horas<br />

por dia, seria suficiente para abastecer uma<br />

população de 30 000 pessoas.<br />

No Brasil, o número total de poços em<br />

operação atualmente é estimado em<br />

pouco mais de 200 000, sendo perfurado<br />

aproximadamente 10 000 poços por ano<br />

(Rebouças, 1988). Uma das mais<br />

importantes reservas de água subterrânea<br />

do Brasil é o Sistema Aqüífero Guarani,<br />

localizado na Bacia Sedimentar do<br />

Paraná, onde ocupa uma área de 840 km²,<br />

se estendendo também para a Argentina,<br />

Paraguai e Uruguai. Possui uma reserva<br />

hídrica (brasileira) avaliada em 50 000 km³.<br />

A utilização de apenas 25% de suas<br />

recargas diretas e indiretas (40 km³/ano)<br />

permitiria abastecer uma população<br />

superior a 15 milhões de habitantes a uma<br />

taxa 200 m³/ano/ per capita. Considerando<br />

um consumo doméstico de 100 m³/<br />

habitante/ano ( ou cerca de 280 litros/<br />

habitante/dia), este aqüífero poderia<br />

abastecer um contingente de 400 milhões<br />

de pessoas.<br />

Em última análise, a utilização racional<br />

das potencialidades hidrológicas do Brasil<br />

possibilitaria o abastecimento estimado<br />

de 80% das nossas cidades com água<br />

naturalmente potável.<br />

Potencial Hidrelétrico<br />

A utilização de energia hidrelétrica no<br />

Brasil teve início em 1883, com a<br />

instalação da usina de Ribeirão do<br />

Inferno, em Diamantina (MG). Marmelos -<br />

Zero foi a primeira usina instalada no<br />

Brasil, em 1889, tendo por finalidade a

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