Dezembro2016
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Dezembro 2016<br />
Número 14<br />
Dezembro 2016 Número 14 Volume 1 Revista consciente Mensal Gratuita Diretora:Maria Paula Dias<br />
Como Lidar com a Auto-Estima<br />
A Importância da assertividade e<br />
a consistência familiar<br />
30 Minutos para Solidariedade<br />
Desperdícios<br />
Alimentares. O que<br />
fazer com eles?<br />
Como Escolhemos o Amor?<br />
Os Segredos da Soja<br />
Receitas de Natal (Macrobióticas)<br />
Expansão dos Espaços Biológicos<br />
nas Grandes Superficies<br />
Natal: Mais Presentes ou<br />
mais Presença<br />
Os efeitos da gordura
Revista<br />
Edição de Dezembro, Nº 14, 2016<br />
consciente.digital@gmail.com<br />
Psicologia, Saúde e Bem—Estar<br />
www.revistaconsciente.tk<br />
Nº14 | Dezembro 2016 | Revista Mensal<br />
Diretora<br />
Maria Paula Dias<br />
consciente.pql@gmail.com<br />
Marketing & Publicidade<br />
consciente.pql@gmail.com<br />
Editora<br />
Maria Paula Dias — psicologia clínica<br />
consciente.pql@gmail.com<br />
Redação<br />
Alexandra S. Nunes - psicologia clínica<br />
Asn.psi@gmail.com<br />
Sugestões e Correspondências<br />
consciente.digital@gmail.com<br />
Subscrições<br />
consciente.digital@gmail.com<br />
Entrevistas<br />
Gabinetes de Apoio<br />
consciente.digital@gmail.com<br />
Sede de Redação<br />
Avenida da Liberdade, nº 244, 1º Andar<br />
91 254 71 26<br />
Cronistas<br />
Alexandre Castro e Silva— psicologia clínica<br />
Alexandre.castroesilva@gmail.com<br />
Jessica Lopes– psicologia clínica—psicologia clínica<br />
Jesslopes.uc@gmail.com<br />
Cláudia Oliveira—psicóloga Clínica<br />
A.c.borgesoliveira@gmail.com<br />
Ana Filipa Coelho—Nutricionista<br />
anafilipacoelho88@gmail.com<br />
Helena Rogério—Enfermagem<br />
Helena.nrogerio@gmail.com<br />
É expressamente proibido a reprodução desta edição em qualquer<br />
língua, no seu todo ou em parte, sem a prévia autorização escrita da<br />
CONSCIENTE,<br />
Todos as opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos<br />
autores.<br />
O Estatuto Editorial está disponível na pagina de internet :<br />
www.revistaconsciente.tk<br />
*As imagens/fotografias aqui utilizadas foram pesquisadas com recurso<br />
à internet não sendo portanto nenhuma original à publicação Consciente<br />
.<br />
Suporte On-Line Digital<br />
Periodicidade Mensal<br />
Registo Nº 126882<br />
Propriedade: Maria Paula Dias<br />
Alguns Dias<br />
Especiais:<br />
dezembro 2016<br />
1 de<br />
Dezembro—Dia da Restauração—<br />
Feriado , Dia Mundial da Luta<br />
Contra a SIDA<br />
8 de Dezembro—Dia da Imaculada<br />
Conceição—Feriado<br />
10 de Dezembro—Dia<br />
Internacional dos Direitos Humanos<br />
11 de Dezembro—Dia<br />
Internacional da UNICEF<br />
21 de Dezembro—Solstício de<br />
Inverno, Início do Inverno<br />
25 de Dezembro—Dia de Natal<br />
31 de Dezembro—Passagem do<br />
Ano—2016/2017<br />
dom seg ter qua qui sex sáb<br />
1 2 3<br />
4 5 6 7 8 9 10<br />
11 12 13 14 15 16 17<br />
18 19 20 21 22 23 24<br />
25 26 27 28 29 30 31
Edição<br />
14<br />
DEZEMBRO 2016<br />
13 Editorial<br />
O Mês de...............DEZEMBRO<br />
74<br />
7 Frações e Números<br />
10 Nas Nossas Mãos<br />
Natal: Mais Presentes ou mais<br />
Presença?<br />
14 Dossier Experiência<br />
Haxixe. Quem Consome e Porquê?<br />
55 A Nossa Saúde<br />
Alimentação de Natal. Conselhos.<br />
61 As Nossas Escolhas<br />
64 Super Alimentos<br />
Sobras de Comida. O que fazer<br />
com elas?<br />
70 Acontecimentos de Vida<br />
Como Lidar com a baixa de autoestima?<br />
74 Inconsciente<br />
A Escolha do Amor<br />
10<br />
14<br />
78 Uma Imagem, Uma<br />
Reflexão<br />
79 Caminhos a Descobrir<br />
55<br />
80 Boas Leituras<br />
82 Agenda Formativa<br />
84 Quer Saber se .....Tem<br />
tendência mais para a<br />
Ansiedade ou para a Depressão?<br />
ESPECIAL NATAL<br />
A Importância da<br />
Assertividade e a<br />
Consistência Familiar<br />
30 Minutos de<br />
Solidariedade<br />
Os Segredos da Soja<br />
Receitas Simples de Natal<br />
(Macrobiótcas)<br />
Enpansão dos Espaços<br />
Biológicos nas Grandes<br />
Superficies<br />
Dezembro CONSCIENTE 3
Editorial<br />
O MÊS de………….Dezembro<br />
Época de Natal<br />
Por Maria Paula Dias<br />
E mais um ano civil passa por nós. 2016. Ano de tropelias e contra-tempos. Ano de alegrias e mudanças. A<br />
nossa revista continua a sofrer alterações, umas boas outras nem tanto, mas a informação tambem é assim.<br />
Sempre em evolução. A nossa revista continua a subir, devagar, devagarinho mas com o sucesso no aumento<br />
do interesse dos nossos leitores. Um ano de informação em saúde. Neste final de ano, contamos com<br />
crónicas especiais, para a/o acompanhar tambem durante o Natal. Nesta edição especial, sublinhamos o<br />
interesse nas crónicas feitas especialmente para o seu Natal. Em saúde mental, apresentamos A<br />
importância da Assertividade e a Consistência Familiar. Um artigo de grande interesse numa época<br />
familiar. Tambem, e porque, nos preocupamos com o limite de idade e a esperança de vida, preocupamonos<br />
com a saúde e a alimentação, apresentamos os artigos Os Segredos da Soja e Expansão dos Espaços<br />
Biológicos nas Grandes Superficíes. Valem a pena! Tambem apresentamos neste especial Receitas simples<br />
de Natal - Macrobióticas— , imperdíveis! Como é época de Natal, e a solidariedade faz-se sempre sentir<br />
com relevância nesta altura, sugerimos algumas associações para que rapidamente, possa ajudar em poucos<br />
clikes. Porque continuamos em mudança, as crónicas Emprego & Carreiras e Sentidos Sociais, não será<br />
publicado este mês. Em Janeiro, estarão de volta, para que não falhe uma edição de sugestões que podem<br />
melhorar a sua vida. Na Crónica As Nossas Mãos, refletimos sobre as prendas que as crianças recebem. O<br />
que poderá ser pensado no sentido de não encher por fora aquilo que é do foro interno. Tema batido mas<br />
quando a própria sociedade nos empurra para caminhos menos saudáveis, importa re-pensar, refletir. Em<br />
Dossier Experiência, pelo titulo Haxixe, quem consome e porquê?, abordamos a pobreza, a riqueza, a<br />
miséria e os consumidores que são os temas grandes do Haxixe. O dinheiro que uma planta traz e tira a<br />
milhões de pessoas que consomem haxixe. Na área da saúde, falamos sobre Alimentação de Natal, que<br />
conselhos dar, que informações transmitir? . Em Super-Alimentos, abordamos As Sobras de Comida, tema<br />
importante que é tantas vezes esquecida nesta época. Época de Familia, solidariedade mas tambem de<br />
comida em excesso. O que fazer aos restos do Natal. Um bom artigo. Em Acontecimentos de Vida, damos<br />
sugestoes como levantar a auto-estima. Preparar-se para um novo ano com nova atitude. Por fim, em<br />
Inconsciente, falamos de amor, tema imprescindível para Dezembro, mais propriamente, A Escolha do<br />
Amor. Desejamos a todos Boas Leituras! Em companhia, boa companhia, como nesta época devia ser<br />
obrigatório.<br />
Feliz Natal! Próspero Ano de 2017!<br />
São os votos da equipa consciente.
NUMEROS E FRAÇÕES<br />
7milhões<br />
Existem cerca de 7, 461, 286, 999 pessoas no<br />
mundo . Nasceram este ano mais de 69 mil<br />
pessoas do que em 2015.<br />
Fonte: worldometers.info<br />
757 MIL<br />
14 Milhões<br />
EM 2016, NO DIA 19 DE JULHO DE 2016,<br />
PELAS 13H, FORAM GASTOS<br />
14,646,456,00 EUROS COM A SAÚDE EM<br />
PORTUGAL<br />
Pessoas desnutridas no mundo<br />
FONTE: PORDATA<br />
Para:<br />
1,633,178, 417 pessoas com<br />
peso a mais no mundo<br />
664,149,252 pessoas obesas<br />
12,800 pessoas que morrem<br />
de fome<br />
337 milhões<br />
De dólares gastos com drogas<br />
ilegais este ano de 2016<br />
Fonte: worldometers.info<br />
Fonte: worldometers.info<br />
Dezembro CONSCIENTE 7
N A S NOSSAS M ÃOS …...<br />
Natal: Mais<br />
Presentes ou<br />
mais<br />
presença?<br />
Por Alexandra S. Nunes<br />
O Natal começa a ser sinónimo de muitos presentes e as<br />
crianças coleccionam embrulhos em montanha, que<br />
chegam a rivalizar-se com o Quilimanjaro. Umas vezes<br />
porque têm um número igualmente volumoso de<br />
ofertantes, que justifica o número elevado de presentes.<br />
Outras vezes, e pior do que isto, é quando sentimos nos<br />
cuidadores mais próximos (pais, tios, avós...) a preocupação<br />
na oferta variada e multiplicada.<br />
16 CONSCIENTE Dezembro
H<br />
averá vantagem nesta panóplia de<br />
presentes de uma só vez?A resposta é<br />
NÃO! As crianças sentem os<br />
presentes como recompensas, seja<br />
um só ou vários. O foco de quem oferece, deverá<br />
estar na qualidade da oferta, no sentido em que o<br />
presente deve ser ao gosto e ter significado para a<br />
criança. Havendo vários candidatos à oferta, então<br />
os pais (ou outros cuidadores) deverão reger-se<br />
como mediadores, quer para não criarmos as ditas<br />
montanhas de embrulhos mais altas do continente<br />
familiar, quer para que a criança possa ter os seus<br />
presentes mais significativos. A quantidade<br />
exagerada de presentes cria uma reação de alguma<br />
impulsividade (na abertura dos ditos embrulhos). O<br />
que se observa, em simultâneo, é a desvalorização<br />
perante a descoberta do brinquedo, pela dispersão<br />
da atenção. Isto é, são tantos que são abertos em<br />
catadupa, sem tempo para analisar, brincar, ver ou<br />
apreciar. Vão sendo encostados, na ânsia de abrir o<br />
próximo. No final, quando todos estão abertos,<br />
poucos serão importantes (e, às vezes, nenhum<br />
chega a ter verdadeira importância, porque a<br />
ansiedade tomou conta do momento sem chegar a<br />
dar lugar ao prazer). Se pudessemos ter acesso ao<br />
mundo emocional da criança, naquele preciso<br />
momento (como o filme DivertidaMente simboliza<br />
tão bem), a Alegria estaria perdida, porque o vazio<br />
se instala quando o excesso parece pretender<br />
preencher. (cont..)<br />
Dezembro CONCIENTE 11
Como resultado, teremos quartos cheios, repletos de<br />
brinquedos, mas como uma importância tão<br />
relativizada que os escolhidos para a brincadeira são<br />
sempre os mesmos. Balizada a quantidade, viremos<br />
as luzes da ribalta para a importância da qualidade<br />
relacional! A verdade é que os presentes surgem na<br />
sequência uma relação (mais ou menos profunda,<br />
naturalmente, mas centremo-nos nas relações de<br />
laços mais coesos). E é daqui que não devemos<br />
desviar a atenção. A grande importância do presente<br />
está, essencialmente, na presença do adulto junto da<br />
criança. A criança necessita da presença do adulto<br />
para brincar com ela; para acrescentar valor<br />
significativo ao presente, partilhando com ela o<br />
divertimento do jogo. Esta partilha promove o<br />
desenvolvimento do laço afetivo e pode ser de um<br />
acréscimo incalculável para o bem-estar infantil.<br />
Mais do que sentir-se atendida num desejo, a criança<br />
requer sentir-se importante pelo tempo que lhe é<br />
dispensado em conversa, mimos ou jogos. Este<br />
tempo traduz-se em sentir-se amada, o que é<br />
simplesmente o que mais precisa.<br />
DICAS para o NATAL<br />
1. Explique, pela via da fantasia (Pai Natal) ou pela mais realista (dependendo da idade e da<br />
compreensão), que o Pai Natal / o dinheiro, não chegam a todo o lado e que menos, pode ser mais,<br />
quando nos envolvemos verdadeiramente com o que temos e desfrutamos disso. Use esta justificação<br />
para não entrar em gastos desnecessários, nem comprar o excesso que não preenche a relação<br />
afetiva.<br />
2. Brinque / jogue sem limites de fantasia e perca-se da realidade, nesses momentos. Envolva-se na<br />
“realidade” da criança e a sua disponibilidade emocional, para o momento, vai ser saboreada com<br />
um gosto muito mais apurado do que o de muitos presentes juntos.<br />
3. Envolva as crianças na dinâmica familiar do Natal (quer seja cozinhar, decorar a mesa, etc) para<br />
que viva essa magia e a quadra possa ser sentida como um valor simbólico, independente dos<br />
presentes materiais.<br />
4. Canalize o momento da quadra para uma maior envolvência familiar e a união e partiha afetiva<br />
poderão superar o interesse na tendência de consumo.<br />
12 CONSCIENTE Dezembro
DOSSIER<br />
EXPERIÊNCIA<br />
Quem a<br />
consome<br />
e<br />
porque?<br />
14 CONSCIENTE Dezembro
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Por Maria Paula Dias<br />
Ganza. Hash. Shit. Charro. O haxixe é a droga que<br />
não sai de moda. Para aqueles que gostam de afirmar<br />
que sentem e sofrem. Para os outros que preferem<br />
não sentir. Com ou sem sentido verdadeiro, o haxixe,<br />
canhamo, marijuana, é fumada por todos. Novos e<br />
Velhos. Dizem não provocar qualquer tipo de<br />
dependência. Associada aos frenéticos, e por isso se<br />
tornou ilegal, está classificada como entorpecedor.<br />
Um negócio de biliões, de bilionários, com vidas de<br />
sonho e milhões de mortes como paga dos luxos.<br />
Uma droga que começa a ficar legal. Quem a consome<br />
e porquê? Fomos descobrir opiniões. E não só!<br />
Dezembro CONCIENTE 15
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
O que é o HAXIXE?<br />
Haxixe é um produto. Um produto aquecido e congelado<br />
de uma resina seca - pó - extraída das flores da planta<br />
cannabis sativa ou cannabis indica, tambem conhecida<br />
como 'maconha' ou marijuana. É utilizada como<br />
entorpecedor. Geralmente, o Haxixe é fumado numa<br />
mistura com tabaco, chamado 'charro', ‘hash’ ou ‘shit’. A<br />
sua preparação é simples e provem da secagem das<br />
flores, sacudidas num pano. A resina acumulada, o pó<br />
que resulta das saudidelas, é prensada, aquecida e<br />
congelada, moldada em bolas, pedaços ou nas<br />
conhecidas tabletes de cor castanha, preta ou verdeescuro.<br />
Está classificado como alucinógenio. Em geral,<br />
altera a maneira como se percepciona a realidade com se<br />
sente. Quem a consome descreve , quase sempre,<br />
sensações de bem-estar. A cannabis tem perto de 400<br />
compostos que produzem o efeito acima descrito,<br />
contudo o elemento químico principal pelas (‘boas’)<br />
sensações é o THC— Tetrahidrocanabinol —. As grandes<br />
plantações de cannabis continuam a ser encontradas na<br />
América Central - México, Colômbia, Uruguai e tambem<br />
no Brasil. Produzidas pelos grandes carteis de droga.<br />
16 CONSCIENTE Dezembro
SINTOMAS<br />
Vermelhidão nos olhos<br />
Aumento da Pressão Arterial e batimentos<br />
cardíacos elevados<br />
Fotofobia<br />
Dilatação dos Bronquios<br />
Tosse<br />
Boa Seca<br />
Sonolência<br />
Euforia<br />
Alteração da Memória Imediata<br />
Sensibilidade aumentada para estímulos<br />
Externos<br />
Diminuição dos reflexos<br />
Podem ocorrer ideias paranoides e<br />
pensamentos fragmentados<br />
A Longo prazo, podem ocorrer alterações ao<br />
nível da memória, em especial<br />
Cannabis Sativa versus<br />
Cannabis Indica<br />
A cannabis sativa é conhecida mais<br />
por ser utilizada para aqueles que<br />
pretendem um estimulante. A<br />
cannabis Indica é conhecida por ser<br />
mais utilizada para efeitos<br />
medicinais. Apresenta um<br />
caracter sedativo maior que a<br />
cannabis sativa. Esta última tem uma<br />
planta mais alta e menos<br />
concentração de THC, contudo, para<br />
efeito medicinal, este é reduzido.<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
“O haxixe é um produto. Um produto<br />
aquecido e congelado de uma resina seca<br />
- pó - extraída das flores da planta<br />
cannabis sativa ou cannabis indica..”<br />
Dezembro CONSCIENTE 17
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Breve história do HAXIXE<br />
A Cannabis existe desde os primórdios dos anos. O<br />
haxixe provem de civilizações antigas tais como os inca<br />
ou os indianos. O haxixe era cultivado e utilizado pelos<br />
incas com fins recreativos. Numa abundância de ouro,<br />
esta civilização, muito menos violenta que os Maias, ao<br />
contrário do que se pensa, guardava o seu haxixe em<br />
bolsinhas de ouro que colocavam à cintura. Era<br />
consumida nos grandes rituais de adoração aos deuses<br />
vivos e/ou mortos. A cannabis era uma oferenda dos<br />
protetores das terras e dos cultivos. Estávamos no Sec.<br />
XIII. Na regilião hindu tambem foi considerada<br />
importante, tendo origem em Shiva - um dos deuses<br />
indianos - . Diz o mito que após uma discussão com os<br />
seus familiares, Shiva deambulou pelas terras irritado,<br />
adormecendo. Quando acordou, estava rejuvenescido.<br />
tinha adormecido debaixo de uma planta a qual tinha<br />
bebido dos seus sucos. Pela sua boa disposição, Shiva<br />
tornou a cannabis, a sua bebida favorita. Estávamos em<br />
3 mil anos a.c.<br />
24 CONSCIENTE Dezembro
Ainda atualmente, os Shaivas, seguidores de<br />
Shiva, continuam a consumir haxixe pois<br />
acreditam na elevação espiritual que este dá,<br />
através do fumo ou bebida de haxixe. Os soldados<br />
da idade média, tambem consumiam a bebida de<br />
haxixe, antes da batalha, com vista a suportar<br />
melhor aquilo que iriam viver. As civilizações<br />
antigas tambem recorriam à cannabis para<br />
esquecer as preocupaçõea, a fome ou o cansaço.<br />
Após as grandes descobertas maritimas, a<br />
cannabis, passou a ser cultivada em estados, ditos<br />
maiores, ou civilizados, tais como por toda a<br />
europa ou nos EUA. Em 1833, haviam grandes<br />
plantações de cannabis, espalhadas pelas EUA,<br />
que serviam as fábricas de tecidos locais e<br />
internacionais. A Cannabis fazia parte do<br />
comércio local ou internacional. O fabrico de<br />
papel ou o uso para efeitos mecidinais, faziam da<br />
planta, o bem precioso.Cerca de metade de<br />
medicamentos e papel usado na altura era<br />
fabricado através da cannabis. Em 1948, o<br />
presidente Nixon, proibiu a utilização de<br />
cannabis, para que uso fosse. Este uso estendia-se<br />
aos fumadores da planta que eram, em geral, os<br />
trabalhadores das grandes fazendas de cannabis.<br />
A planta cannabis estava associada ao pobre,<br />
preto, e a todo aquele que deambulava na rua.<br />
Estava associada ao desordeiro que provocava<br />
desacatos, ao roubo, aos adoradores dos diabo.<br />
Em massa, a maioria dos países aderiram a esta<br />
proibição e a produção, cultivo ou transformação<br />
de cannabis foi proibida no mundo inteiro. Os<br />
contornos da ilegalidade ficaram associados a<br />
estudos pouco fiáveis efetuados a animais, sobre<br />
os quais foram administradas tamanhas doses de<br />
cannabis que estes acabaram por falecer em<br />
poucos dias. A conclusão, alterada, manipulada,<br />
foi anunciada: a cannabis provocava a morte.<br />
Assim se fundamentou a sua proibição. O<br />
entorpecimento e a ilusão, na mistura com o<br />
divertimento, passava a ser considerado de<br />
morte. A castração ao mais alto nível da<br />
preversão, o limite absurdo, exagerado, ilusório, e<br />
extremo. Como na moral, já o era, nada a<br />
reclamar tambem aquilo que era da ordem do<br />
privado. Assim, não podendo ser feito à frente, fez<br />
-se ás escondidas, e a venda, o comercio alastrou<br />
pela ilegalidade, até aos dias de hoje. Os grandes<br />
cartéis de drogas vão à frente. Com o roubo real,<br />
grande grosseiro, escravização, chantagem,<br />
tortura, abuso e manipulação, o haxixe mais ilegal<br />
não pode ser. Estão em todo o lado, as estrelas do<br />
dinheiro : na política, no comércio, no povo, na<br />
economia, na polícia, na comunicação e tambem<br />
na morte. Pelo mundo fora. Drogas, armas e<br />
lavagem de dinheiro, entre homens e mulheres,<br />
‘senhores da droga’, chefias, biliões são<br />
movimentados todos os dias, na soma do chefe do<br />
trafico de droga, até ao segurança de um porto,<br />
noutro país, até à venda a cada minuto, ao morto<br />
de fome que precisa de qualquer droga para se<br />
manter de pé, para consumir mais. A imaginação<br />
para esconder a droga é ilimitada e passar a<br />
fronteira é ponto obrigatório de valorização do<br />
produto. Aneis de ouro prensados e pesados,<br />
peças de arte raras, sofás e relógios de marca que<br />
valem milhões, mansões e uma vasta área de<br />
propriedade, coloca os chefes dos carteis, no topo<br />
dos topos dos mais ricos do mundo. Classe e luxo<br />
que esconde o que de mais negro à na existência<br />
humana. Armas banhadas de ouro ou totalmente<br />
feitas em ouro, cravadas de pedras preciosas raras<br />
são peças de morte mas são peças que<br />
apresentam o traficante, sempre no limiar da<br />
morte, do outro. A National Geographic<br />
apresenta inúmeras reportagens e relatos<br />
dedicados a esta misteriosa planta e toda a vida<br />
que se foi desenvolvendo à sua volta ao longo dos<br />
milénios. Assim, vemos a cannabis na mistura<br />
com a violência e a morte , ambas reais, porque<br />
na mistura com o crime, com a heroína, com a<br />
cocaína, anfetaminas, LSD entre outras.<br />
Dezembro CONSCIENTE 19<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
O negócio das drogas é um negócio que ainda hoje<br />
vale biliões e nenhum dos traficantes pretende a<br />
legalização da cannabis, nem para produção<br />
industrial. Segundo a National Geographic El<br />
Chapo, um dos maiores chefes da droga,<br />
mexicano, ganhava em cada 2 anos cerca de 200<br />
milhões de doláres. Este flagelo da ilegalidade,<br />
bem controverso e pouco analisado e interpretado<br />
quanto aos seus efeitos ou consequências a nível<br />
mundial, leva milhares às cadeias todos os dias.<br />
Traficantes, chefes, assassinos, corruptos e<br />
tambem os chamados correios de mula. Os<br />
correios de mula são jovens, velhos,<br />
trabalhadores, mães de família que são tentados<br />
por uns míseros 2 mil euros para fazerem um<br />
pequeno carregamento de cocaína, em especial,<br />
de um País a outro. São apanhados nas fronteiras,<br />
pelos serviços de alfandega e ficam retidos<br />
durante anos, em prisões de outro País que não o<br />
seu. Sem conhecerem ninguem, com advogados<br />
que falam outra língua e com as embaixadas que<br />
não dão o apoio necessário para o que precisam.<br />
Nos caminhos paralelos ao do<br />
consumo, estão os outros.<br />
México, Bolívia, Argentina,<br />
Brasil, têm nas suas prisões,<br />
ingleses,<br />
portugueses,<br />
franceses,<br />
alemãese<br />
africanos, que cumprem penas<br />
de 5, 8 e 13 anos, por terem<br />
tentado levar droga até ao seu<br />
País natal. Pessoas comuns que<br />
perdem tudo, porque um<br />
amigo de outro amigo os<br />
incentivou a ganhar um<br />
dinheiro extra para engolirem<br />
umas ‘ bolotas’, que não são<br />
pequenas e passarem pelo<br />
aeroporto do País onde<br />
passaram umas mini ´férias’.<br />
Mulher ferida em despiste em<br />
Ferreira do Alentejo tinha bolotas de<br />
haxixe no estômago<br />
A mulher ferida num despiste automóvel no domingo, 19, no concelho de Ferreira do Alentejo é presente a tribunal<br />
esta terça-feira, 21, por suspeitas de tráfico de droga, tendo já expelido "mais de 100 bolotas de haxixe", revela fonte<br />
policial<br />
IN CORREIO DO ALENTEJO, 2012<br />
20 CONSCIENTE Dezembro
Rapariga de 25 anos brasileira, apanhada na<br />
alfandega portuguesa e detida para interrogatório.<br />
Ingeriu cerca de 900 gramas de ‘bolotas’ de 10<br />
gramas cada de cocaína. Prometeram-lhe 5 mil<br />
euros, se fizesse a viagem até à Europa. Ficou presa,<br />
tal como as outras correio de mula, após uma<br />
passagem pelo hospital, para, com laxantes,<br />
descarregar o peso de cocaína que ingeriu<br />
fonte: nadadecoisanenhuma.blogspot.pt<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Mansão de Zhenli Ye Gon—In Jornal Ig 2016<br />
Dezembro CONSCIENTE 21
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
HAXIXE e a Lei<br />
O País que mais se destacou pelo consumo<br />
legalizado da cannabis foi a Holanda. Neste país, o<br />
consumo de cannabis, foi regulamentado e em<br />
locais próprios, desde 1976. Facilmente, por toda a<br />
Holanda, se encontram coffee shops, ou seja, bares<br />
ou cafés que têm cannabis para compra e consumo.<br />
Até 5 gramas de cannabis, ainda é possível comprar<br />
na Holanda, embora as suas políticas estejam em<br />
mudança. A cannabis não anda a ser muito bem<br />
vista pelo governo Holandês. O número de coffee<br />
Shops andam a ser reduzidos, por diversas razões<br />
referentes à sua localização e horario de<br />
funcionamento e a produção de cannabis não foi<br />
ainda legalizada, o que leva a que seja<br />
adquirida via ilegal e esta é combatido no País.<br />
Uma contradição que reina no seio da Europa há<br />
décadas. Os cardápios das coffee Shops são<br />
variados. No Centro de Amesterdão, capital<br />
holandesa, existem vários coffee Shops. Damos<br />
como exemplo o cardápio de uma das lojas mais<br />
relevantes do centro de Amesterdão— A Grey Area<br />
–.<br />
22 CONSCIENTE Dezembro
Portugal foi um dos primeiros paises a aderir à<br />
penalização do consumo, produção, venda e<br />
qualquer ato relacionado com o haxixe e/ou<br />
cannabis. Daquilo que consideramos importante<br />
depurar do decreto de lei nº 15/93 de 22 de Janeiro,<br />
reforçamos a ideia de que o consumo, por mais<br />
pequeno que seja, é proibido em Portugal. A<br />
cadeia do consumidor é rara. Ao consumidor de<br />
haxixe ou cannabis, em qualquer da sua<br />
formula ou mistura, que é apanhado em<br />
flagrante, o individuo é detido e identificado.<br />
É considerado toxicodependente, pela Lei em vigor,<br />
e aconselhado o tratamento, no contacto com<br />
tribunal e Juízes. Pode-se ler neste decreto de lei, e<br />
já no seguimento de leis anteriores, '....o consumidor<br />
de drogas é sancionado pela lei vigente de maneira<br />
quase simbólica, procurando-se que o contacto com<br />
o sistema formal de justiça sirva para o icentivar<br />
ao tratamento na hipótese de ter sido atingido pela<br />
toxicodependência'. Mais se lê, em forma de<br />
objetivo do acima mencionado decreto, ainda em<br />
vigor, que ‘....para que o toxicodependente ou<br />
consumidor habitual se liberte da escravidão que o<br />
domina, mediante os incentivos adequados do<br />
tratamento médico e da reabilitaçõ que o tragam<br />
de volta para o cortejo da vida útil , se possível<br />
feliz, no seio da comunidade...Para os<br />
consumidores ocasionais, acima de tudo deseja-se a<br />
sua não etiquetagem, a não marginalização, enfim,<br />
que o seu semelhante o não o empurre para becos<br />
sem saída ou que a saída acabe mesmo por ser a<br />
droga...’. Concluindo-se então depois de uma<br />
extensa explicação e ditar de ações que o consumo<br />
está sujeito a sanção e tratamento e a produção,<br />
transporte, produção, cultivo e às demais ações, a<br />
pena de prisão. Ainda neste decreto, renovado por<br />
diversas vezes, se pode ler que a cannabis pode ser<br />
utilizada em Portugal, para fins farmaceuticos, não<br />
se percebendo se é para consumo médico interno ou<br />
não. (‘...O instituto nacional de farmácia e do<br />
medicamento é a entidade competende a nivel<br />
Nacional para estabelecer condicionamentos e<br />
conceber autorizações para as atividades<br />
previstas no nº 4 do artigo 2º no que cncerne às<br />
substâncias e preparações compreendidas na<br />
tabelas I a IV , dentro dos limites estritos das<br />
necessidades do país, dando prevalência aos<br />
interesses de ordem médica, médicoveterinário,<br />
científico e didática...’ . E assim<br />
continua um decrteto –lei com 19 paginas que<br />
define especificações quando às plantas ou<br />
substâncias leves e pesadas, sanções, penas de<br />
prisão, produção e fabrico de varias substancias,<br />
incluindo a cannabis. Pelas diversas fontes<br />
veiculadas a nivel nacional, é possivel apreender<br />
que recentemente a produção de cannabis em<br />
Portugal, foi concedida à empresa de bens<br />
alimentares, Terra Verde, lda, pela Infarmed,<br />
autoridade que regula o fabrico de<br />
medicamentos em Portugal. É uma autorização<br />
experimental que concebe à empresa acima<br />
mencionada a produção da cannabis sativa, com<br />
redução de THC - o elemento indutor de efeitos<br />
aluginógenios - para fornecimento da indústria<br />
farmaceutico. Os medicamentos a produzir sãono<br />
exclusivamente para alivio da dor, em casos<br />
de doença oncológica. Os medicamentos não<br />
serão produzidos nacionalmente. A exportação<br />
da cannabis em pó, será totalmente para a<br />
industria farmeceutica em Inglaterra. (cont..)<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Dezembro CONSCIENTE 23
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Os medicamentos não serão produzidos<br />
nacionalmente. A exportação da cannabis em pó,<br />
será totalmente para a industria farmeceutica em<br />
Inglaterra.<br />
Quem consome HAXIXE?<br />
As Nações Unidas estimam que cerca de 162<br />
milhões de pessoas consumiram cannabis,<br />
uma vez, pelo menos, e cerca de 22 milhões<br />
consome –a diariamente. Em Portugal, em especial<br />
no que concerne aos anos de 2001, 2007 e 2012,<br />
com amostras representativas da população<br />
portuguesa, com a idade dos 15 aos 64 anos, existe<br />
um declínio : 12,0 % para 2007, 9,5 % em 2012.<br />
Estes números são válidos para as substâncias<br />
ilicitas em geral e em especifico incluindo : a<br />
cannabis, a cocaína e a heroína. A cannabis é a<br />
substância ilícita mais utilizada entre os<br />
portugueses. Em 2012, cerca de 9,4% dos 15 aos 64<br />
anos, nunca tinha experimentado cannabis; 2,7%<br />
usou a cannabis nos ultimos 12 meses e 1,7 % no<br />
mês passado ao questionário. Em 2007,<br />
comparativamente, e respetivamente, os<br />
valores foram: 11,7%, 3,6% e 2,4%. O Ecstasy<br />
e a cocaína emergiram em segundo e terceiro<br />
lugar,como as substancias mais consumidas entre<br />
as pessoas de 15 –34 anos. O LSD aumentou<br />
ligeiramente, contudo manteve-se baixo em relação<br />
às três primeiras mencionadas. Em todos os<br />
estudos, verificou-se que os homens usam mais<br />
substancias ilícitas do que as mulheres. As<br />
mulheres apresentam um consumo elevado de<br />
cannabis, ecstasy e cogumelos alucinogénios, mais<br />
que os homens. Das questões relevantes<br />
esquematizamos:<br />
Consumo Geral<br />
14%<br />
12%<br />
12%<br />
10%<br />
8%<br />
9,50%<br />
6%<br />
4%<br />
2%<br />
0%<br />
2007 2012<br />
26 CONSCIENTE Dezembro
14,00%<br />
12,00%<br />
10,00%<br />
8,00%<br />
6,00%<br />
4,00%<br />
2,00%<br />
0,00%<br />
9,40%<br />
A - Nunca Tinha Experimentado<br />
B- Usou Cannabis nos últimos 12 meses<br />
C - Consumiu no mês anterior ao questionário<br />
11,70%<br />
A B C<br />
2012 9,40% 2,70% 1,70%<br />
2007 11,70% 3,60% 2,40%<br />
2,70%<br />
3,60%<br />
1,70%<br />
2,40%<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
2012 2007<br />
Quem consome Haxixe? É o trabalhador, o<br />
estudante. é mais aquele que está cognitivamente<br />
ativo do que aquele, o dito pobre, preto, o desordeiro.<br />
A esses sobra os cigarros, dos mais baratos,<br />
tais como ...... ou os de contrabando. Os adolescentes<br />
são consumidores habituais, até deixarem a<br />
adolescência ou a fase de experimentação como<br />
quem diz, a fase de testar limites. O haxixe dispõe<br />
bem, lemos nos diferentes artigos soltos. Não há<br />
problemas com a auto-imagem. somos bonitos,<br />
somos grandes. Estamos todos em plena harmonia<br />
e nada de errado se passa conosco ou com os outros.<br />
Não nos magoam, estão cansados. Não nos<br />
invejam, andam stressados. Não nos maltratam,<br />
estão a passar uma má fase, pecisam descansar.<br />
Nada de mal se passa. É preciso ter calma, e relaxar.<br />
Assim se pensa sob o efeito do haxixe. Quando<br />
não se tem aulas ou nos intervalos com a ultima, e<br />
porque vamos ficar um pouco mais na escola, em<br />
grupinhos, atrás dos pavilhões, fumamos uma<br />
'ganza'. Nada se faz. Testa-se e ri-se. Quem fuma<br />
com regularidade, 'bate mal' quando não fuma. O<br />
haxixe não cria dependencia fisica da droga mas<br />
será bem assim? Para o homem casado recentemente,<br />
fumar um charro, à noite, depois do jantar e<br />
de volta a acalmia do sofá noturno, é relaxar depois<br />
de um dia de trabalho. Beber uma bebida e fumar<br />
em silêncio, a ver a noite cerrar. Respirar de forma<br />
calma, sem a ansiedade. É relativizar aquilo que<br />
durante um estado vigília, atento e real, não se faz.<br />
porque há deadlines, porque há patrões agressivos<br />
e colegas que nos querem tramar. Assim à noite<br />
prolongam-se as noites de férias. Assim já se anima<br />
a noite, o último tempo daquele dia para<br />
aproveitar. Prolonga-se a liberdade da adolescência<br />
como quem diz, a esperança nalguma coisa já que é<br />
necessária a alteração dos sentidos e da percepção<br />
para nos fazer sentirmos bem, ou não será? Assim<br />
vai o nosso próprio pensamento depois de ler<br />
inúmeros testemunhos. Um refúgio de situações<br />
pessoais, mais intimas, familiares, relacionais,<br />
profissionais, pessoais. Um refúgio que relativiza os<br />
problemas e aumenta a sensação de ser e viver.<br />
(cont…)<br />
Dezembro CONSCIENTE 25
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Tambem não está provado que quem fuma haxixe<br />
fica com uma dependência psicológica, nem nos<br />
compete assim aborda-la neste artigo. Mas<br />
parece-nos que quem a fuma por necessidade<br />
constante é porque tem uma dependência de<br />
cariz pesado, como quem diz, maníaco, para lidar<br />
com as suas frustrações e desilusões. O haxixe<br />
pode ser uma droga considerada pesada. Compreende-se,<br />
na falta desta, mesmo sem dependência,<br />
lê-se que ocorrencia violência, agressividade.<br />
Não será da frustração acumulada e não<br />
resolução constante, à semelhança de outras<br />
drogas, tais como o tabaco, o alcool, a cocaína ou<br />
a heroína. Procura de dinheiro e gentes que a<br />
venda rapidamente para rapidamente se voltar ao<br />
paraíso. Paraíso fugidio, maníaco e frenético.<br />
Mesmo que o haxixe seja de calmia, é uma fuga à<br />
realidade. controlada pois que é, porque não há<br />
dependência física que a ressaca de haxixe não<br />
seja tolerada. O haxixe e/ou a cannabis é um<br />
agente aluginógenico. A pessoa que fuma um<br />
charro com regularidade é uma pessoa que<br />
procura uma alucinação que subtitua a realidade.<br />
há uma excitação acompanhada pela deformação,<br />
distorção importante das sensações com ilusão.<br />
Afirmar que o individuo que consome haxixe é<br />
um drogado ou um toxicodependente talvez<br />
seja perigoso pela grande interrogação importante<br />
que regula os comunicados de autoridades<br />
na matéria, contudo dizer que não é,<br />
tambem não podemos dizer. A regularidade de<br />
criar uma alucinação que modifica o seu estado<br />
de humor e a percepção da realidade, faz essa dependência.<br />
Supterfugios psicológicos, com a ajuda<br />
da droga ou não, para se poder viver. É uma<br />
bengala, um apoio emocional. Não se é, mas fuma<br />
-se com regularidade. Não se é, mas bebe-se com<br />
regularidade. Existem várias teorias para explicar<br />
o consumo de haxixe e em mais especifico, o consumo<br />
de drogas. Desde teorias com base no comporamtneo<br />
desviante, com baixa na melhoria da<br />
auto-estima, com base nos afetos. Todas estas e<br />
mais as outras todas, falam de uma noção constante:<br />
a frustração e necessidade. Não da droga,<br />
mas da integração social, da facildade em lidar<br />
com as emoções e os afectos,necessidade de infringir<br />
regras, necessidade de sentir determinadas<br />
emocções. Frustração e necessidade fundamenta<br />
o seu uso, o uso de uma substancia que o/<br />
a remeta para a ilusão da realidade. Assim, sim,<br />
falamos de dependencia, mas é psicológica.Sem<br />
ser nosso objetivo abordar a toxicodependencia,<br />
parece-nos, contudo, importante, relembrar que<br />
quem consome haxixe, uma droga ilícita, em<br />
geral, são as pessoas. Por brincadeira ou por<br />
vício, ou hábito, a verdade é que os consumidores<br />
de haxixe são muitos. Há um desejo incontrolado<br />
em fumar um charro, em determinadas ocasiões:<br />
ou porque se consegue estudar melhor, ou porque<br />
o dia corre melhor, ou porque se pretende relaxar.<br />
Não há, de imediato, outras formas de avançar<br />
sobre a resolução das necessidades, em grande<br />
medida psicológicas por isso, ocorre o consumo.<br />
É hábito, contudo, uma necessidade. Pode ser<br />
pensado como um sintoma, um sinal de inadaptação<br />
do indivíduo, em primeiro lugar às<br />
normas gerais da sociedade mas tambem 'uma<br />
bengala' que colmata a sua falta. Uma bengala,<br />
um apoio, um suporte onde o recurso em falta a<br />
nível mental, surge por meio e a meio do indivíduo<br />
e do meio social, pessoal e/ou individual.<br />
Um meio, em especial, que pode abrir outros<br />
meios, mais pesados, mais dolorosos, que, assim,<br />
e só assim, o entendemos, nos permite diferenciar<br />
até onde a necessidade psíquica se encontra<br />
nos parâmetros ditos normativos e/ou coerentes,<br />
mesmo que tagenciais a outros mais limitrofes,<br />
ou vai além? Se outras portas, outras doses, outros<br />
meios se abrem, então entramos, com alguma<br />
certeza, ao nível da psicopatologia e não da psicologia.<br />
Essa perspetiva estará numa das próximas<br />
edições.<br />
26 CONSCIENTE Dezembro
Outubro CONSCIENTE 27<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA
ESPECIA
L NATAL
A importância da<br />
assertividade<br />
na consistência<br />
familiar<br />
C<br />
omo primeiro contexto de socialização, a<br />
família tem um papel fundamental no<br />
desenvolvimento humano e na aquisição<br />
de competências sociais e emocionais. Se<br />
nos parece nítida a influência da herança genética na<br />
nossa evolução enquanto seres humanos, também os<br />
aspetos culturais vieram moldar quem nos tornámos.<br />
Deste modo, vários autores têm descrito a família<br />
como a mais natural das instituições e como um<br />
fenómeno universal presente em todos os tipos de<br />
sociedades e culturas. Nas últimas décadas, fruto da<br />
evolução social, económica e cultural, teve lugar uma<br />
alteração de paradigma – as famílias deixaram de ser<br />
vistas como instituições e passaram a ser encaradas<br />
Por Claúdia Oliveira<br />
como espaços relacionais e afetivos, em que<br />
diferentes formas de constituição, estrutura e<br />
funcionamento se tornaram possíveis.A família<br />
converteu-se então numa união de pessoas que<br />
partilham um projeto comum, ou seja, um<br />
compromisso emocional pautado por relações<br />
intensas de intimidade, reciprocidade e dependência.<br />
Embora seja inegável que sempre existiu uma grande<br />
diversidade de famílias, apenas as famílias<br />
heterossexuais formadas através do casamento ou as<br />
monoparentais por viuvez eram social e legalmente<br />
reconhecidas.<br />
32 CONSCIENTE Dezembro
As outras viviam silenciadas, anónimas, ocultas na<br />
sombra da vergonha… Assim, quando nos propomos<br />
a falar de novas famílias, não nos referimos<br />
propriamente a famílias que não existiam antes, mas<br />
sim a famílias que agora são olhadas por sociedades<br />
ocidentais mais esclarecidas e humanizadas, mais<br />
preocupadas com o bem-estar e a realização pessoal<br />
dos seus indivíduos. Várias transformações sociais,<br />
como a legalização do divórcio, a descoberta e<br />
evolução dos métodos contracetivos, o controlo da<br />
natalidade, o aumento da esperança média de vida, o<br />
reconhecimento legal das uniões de facto e, ainda<br />
parcial, das famílias homossexuais têm-se refletido<br />
em modificações no próprio ciclo de vida das<br />
famílias e num reconhecimento mais genuíno de<br />
diferentes estruturas familiares. Assim, hoje, mais<br />
do que nunca, caminhamos no sentido de um maior<br />
respeito pelas opções individuais, de relações mais<br />
igualitárias entre os casais e menos autoritárias<br />
entre pais e filhos. Contudo, não nos enganemos,<br />
ainda há um considerável caminho a ser feito rumo à<br />
democratização das famílias. As estruturas<br />
familiares e conjugais que até há alguns anos<br />
perduravam “numa espécie de ilegalidade” por não<br />
corresponderem ao que era considerado normativo<br />
– a família intacta - começam agora a conquistar a<br />
sua liberdade numa realidade mais complexa.<br />
Referimo-nos a famílias reconstituídas (ou de<br />
recasamento), monoparentais, famílias com pais do<br />
mesmo sexo (homoparentais), famílias adotivas,<br />
famílias com pais adolescentes, famílias com pais<br />
mais velhos, e de união de facto. Este reinventar do<br />
conceito de família exige um rompimento ideológico<br />
com o modelo convencional, o que trará, desde logo,<br />
novos desafios e adversidades, muito deles resultado<br />
do desconhecimento, sendo, por isso, essencial que<br />
técnicos sociais e da saúde estejam preparados para<br />
atuar de forma informada e livre de preconceitos. Ao<br />
contrário do que se tem especulado, vários estudos<br />
têm demonstrado que o sofrimento emocional de<br />
crianças e jovens que vivem em estruturas familiares<br />
não-convencionais provém não das vivências<br />
familiares, mas do estigma social.<br />
Dezembro CONSCIENTE 33
Com isto queremos dizer, que mais importante<br />
para o desenvolvimento da criança que a estrutura<br />
familiar ou a orientação sexual dos pais é a<br />
qualidade do relacionamento emocional entre pais<br />
e filhos. Desta forma, de maneira nenhuma<br />
podemos esquecer que a criança tem direito a ser<br />
reconhecida como filho e a uma parentalidade<br />
positiva e “para sempre”, independentemente de<br />
se tratar de um vínculo biológico ou social, da<br />
orientação sexual dos pais e da continuidade ou<br />
não do casal. Na sua grande diversidade, as<br />
famílias modernas alicerçam-se num investimento<br />
emocional mais genuíno, existindo, por isso, um<br />
desempenho mais uniforme e flexível de papéis<br />
entre os membros do casal, mas também, por<br />
vezes, uma maior efemeridade da relação conjugal.<br />
Menos dependentes de condicionalismos sociais e<br />
culturais, as famílias modernas valorizam,<br />
sobretudo o vínculo afetivo, pelo que quando já não<br />
existe satisfação conjugal tendem a surgir novas<br />
conjugalidades e configurações familiares. Por<br />
outro lado, também a visão sobre as crianças se<br />
tem modificado e evoluído. Nunca os pais<br />
estiveram tão envolvidos com os seus filhos, sendo<br />
já distantes os tempos em que a paternidade/<br />
maternidade surgia como uma condição fisiológica,<br />
o que significa que, hoje, praticamente todas as<br />
crianças são desejadas ou, pelo menos, muito bem<br />
aceites… Cada vez mais, elas representam o centro<br />
das famílias, tendo mais disponibilidade, cuidados<br />
e recursos da parte dos pais. Porém, estes parecem<br />
mostrar-se, tantas vezes, esgotados nas suas<br />
rotinas, sem tempo, perdidos no seu papel. Posto<br />
isto, devemos lembrar-nos que também a família<br />
em si necessita de ser protegida e apoiada, pois,<br />
ainda que exista um maior acesso a informação e<br />
tudo indique que as famílias modernas estão mais<br />
capacitadas, nem sempre as suas competências<br />
foram estimuladas na direção certa e o desejo dos<br />
pais de assegurar a melhor educação encontra solo<br />
fértil. Assim, algumas vezes, os pais podem colocar<br />
-se numa posição de submissão aos caprichos dos<br />
filhos, negligenciando as suas responsabilidades<br />
parentais e permitindo que a criança/ adolescente<br />
se torne um verdadeiro tirano. E aí todos saem<br />
prejudicados! Mas, numa sociedade em que a<br />
competitividade nitidamente comanda as nossas<br />
vidas, o que devem os pais proporcionar, quando é<br />
que as atividades e os reforços são em excesso?<br />
Porque, algumas vezes, é difícil encontrar o<br />
equilíbrio na gestão das necessidades dos filhos, e<br />
as famílias sentem-se diluídas, no meio de tantas<br />
opiniões, de tanto conhecimento, nem sempre<br />
científico, a que são expostas diariamente. Estas<br />
“famílias inexperientes”, como muitos autores lhes<br />
chamam, podem ser compreendidas à luz da<br />
evolução sociodemográfica, tendo-se tornado as<br />
famílias menos numerosas e circunscrevendo-se,<br />
cada vez mais, aos seus agregados. Isto significa<br />
que, atualmente, a maior parte dos pais mais<br />
jovens tiveram pouco contacto com crianças<br />
durante o seu desenvolvimento, pois não tinham<br />
irmãos mais novos, ou apenas tinham um, ou não<br />
tinham sobrinhos, tendo lidado pouco com<br />
crianças no seu contexto familiar. O mesmo tem<br />
acontecido com as suas crianças que, a maioria das<br />
vezes, na sua família alargada têm poucas<br />
oportunidades de socializar com outras, ou porque<br />
estas não existem, ou porque estão distantes, ou<br />
porque não há tempo… A terapeuta familiar<br />
Madalena Alarcão descreve a família como “o lugar<br />
onde naturalmente nascemos, crescemos e<br />
morremos, ainda que, nesse longo percurso,<br />
possamos ir tendo mais de que uma família”. No<br />
entanto, nos nossos dias, cada vez mais se morre<br />
fora da família e ela não está por perto das pessoas<br />
idosas. Pois enquanto em algumas famílias o<br />
encontro entre gerações é reforçado, noutras, o<br />
“admirável mundo novo” parece levar a que as<br />
gerações mais novas rompam com os vínculos<br />
estabelecidos, observando-se uma ausência de<br />
continuidade entre gerações… (cont...)<br />
34 CONSCIENTE Dezembro
Do estatuto privilegiado de “modelos de<br />
sabedoria”, de “guardiões de histórias”, as pessoas<br />
idosas passaram tendencialmente a desempenhar<br />
um papel secundário e passivo nas vidas familiares<br />
e na própria sociedade.. Para isso contribuem as<br />
grandes concentrações urbanas que acabam por<br />
impor estilos de vida pouco compatíveis com uma<br />
regular prestação de cuidados aos mais velhos por<br />
parte da família e com a coabitação destes no seu<br />
ambiente residencial, tornando-se o recurso à<br />
institucionalização uma alternativa recorrente. Para<br />
muitos idosos viver num lar simboliza uma quebra<br />
dos laços familiares, levando a sentimentos de<br />
solidão, desesperança e isolamento que vêm<br />
acentuar uma série de perdas e medos (do<br />
desconhecido, do abandono pelos filhos, dos maustratos,<br />
do desrespeito pela sua integridade física e<br />
psicológica), podendo culminar na uma recusa da<br />
própria vida. Por sua vez, para a família, que nem<br />
sempre presta a ajuda esperada, esta pode ser<br />
interpretada como uma forma de<br />
desresponsabilização, por vezes, de<br />
desculpabilização. E se hoje as sociedades<br />
contemporâneas refletem diferentes arranjos<br />
familiares, também são evidentes transformações<br />
nas relações entre gerações, toda esta complexidade<br />
origina muitas vezes desafios sociais, pelo que é<br />
urgente que as políticas sociais e da saúde se<br />
libertem de preconceitos e se voltem para as nossas<br />
famílias, melhorando o seu funcionamento,<br />
fortalecendo-as...<br />
Bibliografia:<br />
Relvas, A. P. & Alarcão, M. (2002) Novas formas<br />
de família. ed. 1, 1 vol., ISBN: 972-8717-56-3.<br />
Coimbra: Quarteto editora.<br />
Alarcão, M- (2000) (des)Equilibrios Familiares:<br />
Uma visão sistémica. ed. 1, 1 vol., ISBN: 972-8535-<br />
29-X. Coimbra: Quarteto editora.<br />
“Mas, numa<br />
sociedade em que<br />
a competitividade<br />
nitidamente<br />
comanda as<br />
nossas vidas, o<br />
que devem os<br />
pais<br />
proporcionar?”<br />
Dezembro CONSCIENTE 35
30 Minutos de Solidariedade<br />
Em 30 minutos faça a<br />
slidariedade de que tanto<br />
fala mas não sabe como ou<br />
não tem tempo. Faça Hoje.<br />
Deixamos algumas<br />
associações para isso seja<br />
possível.<br />
A RARÍSSIMAS, Associação Nacional de<br />
Deficiências Mentais e Raras, é um a associação<br />
de reconhecimento nacional e internacional, no que<br />
concerne às doenças mentais e raras, fundada em abril<br />
de 2002, com a missão de apoiar doentes, familiares e<br />
amigos que convivem de perto com Doenças Raras. Com<br />
sede em Lisboa e várias delegações (Norte (Maia), Viseu,<br />
Algarve, Pico (Açores) e Madeira, e a Casa dos Marcos<br />
(Moita)), esta Associação tem como principais objetivos<br />
promover a divulgação, informação e sensibilização<br />
pública sobre as Doenças Raras, uma diferenciação<br />
positiva no diagnóstico, referenciação, tratamento e<br />
acompanhamento dos doentes com Doenças Raras, e<br />
desenvolver e participar em programas e projetos de<br />
investigação e cariz social, no âmbito das Doenças<br />
Raras. Em Portugal existem cerca de 800 mil portadores<br />
de doenças raras e várias centenas de doentes por<br />
diagnosticar, por isso, se quiser contribuir para este<br />
projeto, pode ajudar tornando-se sócio ou voluntário ou<br />
fazendo um donativo (em http://www.rarissimas.pt/ -<br />
nos separadores DONATIVOS, SER SÓCIO, SER<br />
VOLUNTÁRIO).<br />
Dezembro CONSCIENTE 37
A Associação Coração Amarelo, uma Instituição de Solidariedade<br />
Social, foi fundada em 2000 por um grupo de sete amigas<br />
despertas para a problemática da solidão nos mais idosos.<br />
Atualmente com sete delegações (Lisboa, Oeiras, Cacem, Cascais,<br />
Sintra e Porto, comissão instaladora em Bouceiros/Porto de Mós)<br />
e 700 voluntários, esta associação tem como missão promover<br />
iniciativas que visem apoiar pessoas em situação de solidão e/ou<br />
dependência, preferencialmente as mais idosas, em estreita<br />
colaboração com entidades responsáveis, serviços de saúde e de<br />
ação social. Os voluntários acompanham os beneficiários da<br />
Associação, quer no seu domicílio, quer no exterior. Pode envolver<br />
-se nos objetivos da Coração Amarelo, inscrevendo-se como<br />
voluntário, como sócio ou dando um donativo para a Direção<br />
Nacional da Associação Coração Amarelo, para isso, visite a<br />
página da Coração Amarelo (http://coracaoamarelo.pt/envolvase).<br />
38 CONSCIENTE Dezembro<br />
O Centro de Apoio ao Sem-abrigo (C.A.S.A.) é uma Instituição<br />
de Solidariedade Social que tem como missão promover ações de<br />
solidariedade social, mais especificamente dar apoio, alimentação e<br />
alojamento a pessoas sem-abrigo, crianças, adolescentes e idosos<br />
socialmente desfavorecidos, vítimas de violência ou maus-tratos,<br />
independentemente da sua nacionalidade, etnia ou ideologias. Com<br />
sede em Lisboa e varias delegações (Albufeira, Azeitão, Cascais,<br />
Coimbra, Faro, Figueira da Foz, Funchal, Porto, Quarteira, Setúbal,<br />
Sintra, S. Brás de Alportel), a C.A.S.A. realiza, neste momento, as<br />
seguintes atividades: distribuição de refeições quentes e embaladas,<br />
365 noites por ano, em várias delegações; distribuição de<br />
cobertores, sacos de cama e produtos de higiene; articulação com<br />
Juntas de Freguesia a fim de providenciar instalações para banhos<br />
e higiene a pessoas sem-abrigo. Atualmente a C.A.S.A. conta com o<br />
contributo de centenas de voluntários, contudo, são precisos mais<br />
voluntários, não apenas voluntários para as equipas de rua, mas<br />
também para trabalho administrativo, designers, web developers,<br />
enfermeiros, médicos, entre outros. Se quiser pode ajudar tornando<br />
-se voluntário (http://casa-apoioaosemabrigo.org/vagas.html) ou<br />
voluntario ocasional, ou fazendo um donativo monetário (http://<br />
casa-apoioaosemabrigo.org/donativos.html) ou em géneros junto<br />
da delegação que lhe for mais próxima.
A Associação para a Inclusão e Apoio ao Autista (AIA) tem<br />
como principal missão o apoio a pessoas com perturbações do<br />
desenvolvimento e autismo (PDA), de todos os grupos etários.<br />
Foi fundada em 2010 por um grupo de pais de crianças e<br />
jovens com Perturbação do Espetro do Autismo de Braga,<br />
constituindo uma associação de direito privado sem fins<br />
lucrativos. A AIA tem a sua sede social em Palmeira e<br />
promove ações centradas nas Perturbações do<br />
Desenvolvimento e Autismo, Terapias de Intervenção Precoce<br />
nas áreas de Psicologia, Terapias da Fala e Ocupacional, e<br />
Psicomotricidade em meio aquático, reuniões de partilha<br />
entre pais, atividades de pausas e férias letivas, apoio aos pais,<br />
assembleias e convívios entre os Associados. Pode apoiar a<br />
AIA tornando-se associado, efetivo ou apoiante, sendo a quota<br />
anual de 20€, ou fazendo um donativo no valor que<br />
pretender, bastando para isso consultar a página da AIA, no<br />
separador COMO APOIAR (http://www.aia.org.pt/<br />
index.php?option=com_facileforms&Itemid=193).<br />
Dezembro CONSCIENTE 39
Os<br />
Segredos<br />
da Soja<br />
Por Ana Filipa Coelho<br />
40 CONSCIENTE Dezembro
A<br />
soja pertence às leguminosas e é<br />
proveniente da China. Foi considerada<br />
uma das cinco sementes sagradas e<br />
atualmente o seu consumo aumentou<br />
no Ocidente devido aos inúmeros benefícios que<br />
esta oferece à nossa saúde. A parte da planta<br />
comercializada é a semente de cor amarelada e<br />
arredondada por ter melhor sabor. Quando chegou<br />
ao Ocidente era apenas utilizada para óleos e hoje<br />
em dia a situação alterou-se devido à influência da<br />
cozinha chinesa, japonesa e por uma maior<br />
incidência de alimentação vegetariana. Comparada<br />
com outras leguminosas, a soja apresenta as<br />
melhores características, sendo a que devemos<br />
destacar primeiramente é que esta é uma fonte de<br />
proteína completa. É também constituída por<br />
alguns sais minerais, algumas vitaminas do<br />
complexo B e vitamina C. Na tentativa de uma<br />
alimentação mais saudável, há uma clara tendência<br />
de uma substituição da carne e do peixe por pratos<br />
vegetarianos, em que a soja obtém maior destaque.<br />
Ao longo dos tempos deixamos de ter apenas os<br />
tradicionais rebentos e surgem juntamente com a<br />
industria alimentar vários produtos obtidos através<br />
dos grãos da soja. Assim podemos encontrar vários<br />
derivados, entre os quais o tofu, soja texturizada,<br />
bebidas (leite, iogurte), tempeh, miso, molho de<br />
soja.O tofu ou queijo de soja, tem uma textura firme<br />
parecida com a do queijo, cor branca, normalmente<br />
encontra-se sob a forma de um cubo e tem um sabor<br />
suave, por isso geralmente é utilizado em receitas<br />
simples. Tem origem na China, mas atualmente é<br />
muito consumido no Ocidente em substituição da<br />
carne. Temos também a soja texturizada obtida<br />
através de processos industriais e pode ser utilizada<br />
como ingrediente básico em hambúrgueres,<br />
almondegas ou outros pratos vegetarianos. A bebida<br />
de soja é uma alternativa ao leite tradicional de<br />
origem animal, e hoje em dia, encontra-se<br />
facilmente em qualquer hipermercado ou espaço de<br />
produtos naturais. Esta bebida vegetal não contém<br />
lactose, tem um baixo teor de ácidos gordos<br />
saturados e é uma boa fonte de proteína vegetal. O<br />
tempeh é um ingrediente típico da Indonésia e é<br />
fabricado a partir da fermentação dos feijões de<br />
soja. Também é usado como substituto da carne e<br />
pode ser confecionado de várias formas cozido, frito<br />
ou assado. O outro derivado da soja também muito<br />
conhecido é o miso, uma pasta oriunda da culinária<br />
tradicional japonesa, feita a partir da fermentação<br />
da mistura de feijão de soja, arroz, cevada, água e<br />
sal. Os hipertensos não devem ingerir muito miso. É<br />
utilizada em sopas e molhos. Por ultimo temos o tão<br />
conhecido molho de soja, é um tempero utilizado<br />
em massas, vegetais, algas. O seu sabor adocicado<br />
combina bem com qualquer prato. É notória a<br />
versatilidade da soja bem como os seus benefícios.<br />
A principal vantagem do consumo deste alimento é<br />
a sua riqueza em proteínas, tem um alto teor em<br />
ácidos gordos monoinsaturados, polinsaturados e é<br />
isenta de colesterol sendo benéfica para a saúde<br />
cardiovascular. Com a menopausa as mulheres<br />
devem ficar atentas às diferentes mudanças na sua<br />
saúde. Essas mudanças por vezes são o reflexo na<br />
sua qualidade de vida e alguns estudos sugerem que<br />
a toma de alguns suplementos alimentares à base de<br />
soja e o consumo deste alimento minimizam os<br />
sintomas associados à menopausa. (cont...)<br />
Dezembro CONSCIENTE 41
Derivados da Soja Características Utilização Preço<br />
Tofu<br />
Sabor suave<br />
Cozido no vapor/salteado/adicionar em<br />
saladas/substituto do queijo ou carne<br />
Médio<br />
Soja texturizada<br />
Confere textura aos pratos<br />
vegan<br />
Substituto/complemento da carne/<br />
peixe<br />
Baixo<br />
Bebida de Soja Bebida Vegetal Substituto do leite tradicional Médio<br />
Tempeh<br />
Textura parecida ao<br />
nougat<br />
Cozido/Frito/Assada<br />
Médio<br />
Miso Pasta Salgada Sopas/Molhos/Legumes Estufados Elevado<br />
Molho de Soja Sabor Adocicado Tempero usado em pratos vegan Baixo<br />
Sopa de Miso<br />
Tempeh<br />
42 CONSCIENTE Dezembro<br />
No caso das japonesas, muitos estudos relacionam a<br />
baixa incidência dos sintomas associados à<br />
menopausa com o alto consumo de soja. Além dos<br />
nutrientes acima referidos os grãos de soja são ricos<br />
em isoflavonas, hormonas naturais, que atuam na<br />
prevenção de cancros (mama, útero, próstata),<br />
acabando por conferir um efeito protetor ao<br />
organismo. De facto, destaca-se a população asiática<br />
onde há uma baixa incidência de casos cancerígenos,<br />
podendo existir uma forte relação no grande consumo<br />
deste alimento. Porém ainda é um tema algo<br />
controverso. Com a menopausa surge o risco de<br />
desenvolvimento de osteoporose e de acordo com esta<br />
temática alguns estudos sugerem que o consumo<br />
regular deste alimento atua no combate desta<br />
patologia pois aumenta a retenção de cálcio,<br />
impedindo a perda de massa óssea, atenuando<br />
também os sintomas da menopausa. Devido ao<br />
elevado teor de fibra que contém contribui para o<br />
controlo do peso corporal, pois torna a digestão dos<br />
alimentos mais lenta e proporciona uma sensação de<br />
saciedade, retardando assim a absorção da glicose e<br />
facilita o trânsito intestinal. Mediante todos os<br />
benefícios será que podemos consumir soja livremente<br />
sem qualquer problema? Realmente já vimos<br />
anteriormente que este alimento é rico em diversos<br />
nutrientes e tem um poder antioxidante para o<br />
organismo. (cont...)
Vejamos então quais são os malefícios no<br />
consumo excessivo do consumo de soja. Primeiro<br />
de tudo temos de pensar que atualmente os nossos<br />
alimentos são altamente processados e assim no<br />
caso da soja, os seus nutrientes são alterados e por<br />
vezes durante esses processos industriais formam<br />
se substancias tóxicas para o organismo. Para uma<br />
alimentação ser saudável, a variedade é a palavra<br />
chave e por isso deve-se ingerir várias fontes de<br />
proteína vegetal para que não consumam sempre<br />
o mesmo tipo de nutriente. A soja não contém<br />
vitamina B12 e outros minerais importantes para<br />
o nosso organismo, por isso devem ser repostas de<br />
outra forma, com base na introdução de outros<br />
alimentos ou até mesmo de suplementação<br />
natural. Os vegetarianos deverão ter em conta esta<br />
situação. A soja é constituída por fitatos ou ácidos<br />
fíticos (presente em todas as sementes), que<br />
impedem a biodisponibilidade de alguns minerais<br />
como o zinco, ferro, magnésio e zinco, podendo<br />
surgir alguns problemas como anemia e<br />
enxaquecas. Por sua vez, algumas pesquisas<br />
sugerem que os fitatos são neutralizados através<br />
do aquecimento proveniente da cozedura ou<br />
procedimentos industriais. O cultivo de soja na<br />
Ásia é muito antigo, mas não é para fins<br />
alimentares, mas sim agrícolas, pois tem uma<br />
bactéria que fixa o nitrogénio no solo.<br />
Normalmente alguns estudos defendem que o<br />
consumo de soja deve ser apenas nos seus<br />
derivados, ou seja, tofu, tempeh, entre outros e<br />
não no feijão em si. O tema da soja ainda é muito<br />
controverso, as opiniões são divergentes e<br />
envolvem muitas questões políticas. A dieta e o<br />
estilo de vida têm maior impacto na nossa saúde<br />
se for variada e equilibrada do ponto de vista<br />
nutricional, logo não se deve optar pelo consumo<br />
exclusivo de um único alimento.<br />
Comparação da soja com outros alimentos<br />
100g de soja cozida corresponde a 70g de lentilhas cozidas, no que diz respeito à proteína.<br />
100g de soja corresponde a 1 ovo e meio, no que diz respeito à riboflavina (Vit.B2)<br />
100g de soja corresponde a 1copo de leite de vaca UHT magro, no que diz respeito ao cálcio.<br />
Dezembro CONSCIENTE 43
Receitas<br />
de<br />
Natal<br />
Por Ana Filipa Coelho<br />
44 CONSCIENTE Dezembro
Sonhos<br />
de<br />
Cenoura<br />
Nível de Dificuldade: Fácil<br />
Tempo de Preparação: Médio<br />
Nº Doses: 12<br />
Ingredientes<br />
- 500g de cenoura cozida<br />
- 1 laranja<br />
- 250g farinha de alfarroba*<br />
- 30g de fermento em pó biológico<br />
- 250g de açúcar de coco*<br />
- 2 ovos<br />
- Óleo de coco*<br />
- Açúcar em pó<br />
- Canela em pó<br />
Preparação<br />
1- Descasque as cenouras e cozer em água juntamente com a<br />
casca de laranja.<br />
2- Assim que as cenouras estiverem cozidas devem reduzi-las a<br />
puré.<br />
3- Junte o açúcar, o sumo de laranja e os ovos, mexendo bem.<br />
4- Acrescente a farinha e o fermento e envolva bem.<br />
*Estes produtos podem ser adquiridos em<br />
hipermercados (Continente, Pingo Doce,<br />
El Corte Inglés, Supermercados Brio), no<br />
Celeiro, Lojas on-line.<br />
5- Aqueça o óleo e frite colheradas de massa. Frite pequenas<br />
doses e escorra em papel absorvente.<br />
6- Pode servir os sonhos polvilhados em açúcar e canela em pó.<br />
Dezembro CONSCIENTE 45
Muffins de Limão<br />
com Chia na<br />
Caneca<br />
Nível de Dificuldade:<br />
Fácil<br />
Tempo de Preparação:<br />
Rápido<br />
Nº Doses: 1<br />
Ingredientes<br />
- 1 ovo<br />
- 2 colheres (sopa) de bebida de soja*<br />
- 2 colheres (sopa) de óleo de coco*<br />
- 1 colher (chá) de sementes de chia*<br />
- Sumo de limão<br />
- 2 colheres (sopa) de farinha de arroz sem<br />
glúten*<br />
- 2 colheres (sopa) de açúcar de baunilha*<br />
- 1 colher (café) de fermento em pó biológico*<br />
*Estes produtos podem ser adquiridos em<br />
hipermercados (Continente, Pingo Doce, El<br />
Corte Inglés, Supermercados Brio), no Celeiro,<br />
Lojas on-line<br />
Preparação<br />
1- Junte numa caneca todos os ingredientes secos.<br />
2- Adicione o óleo, o limão, o açúcar e a bebida de<br />
soja e bata um pouco.<br />
3- Junte a farinha de arroz e o fermento e mexa até<br />
ficar uniforme.<br />
4- Leve a caneca ao micro-ondas na potência máxima<br />
por 3 ou 4 minutos e vigie.<br />
5- Retire o bolo da caneca e decore com enfeites de<br />
natal.<br />
46 CONSCIENTE Dezembro
Bolachas de<br />
Gengibre<br />
Nível de Dificuldade: Fácil<br />
Tempo de Preparação:<br />
Rápido<br />
Nº Doses: 34<br />
Ingredientes<br />
- 90g de açúcar de cana*<br />
- 100g de margarina de soja*<br />
- 250g de farinha de aveia ou<br />
centeio*<br />
- 2 colheres (sopa) de canela<br />
- 2 colheres (sopa) gengibre em pó<br />
- 1 colher (sobremesa) de fermento<br />
em pó biológico*<br />
- 1 ovo<br />
*Estes produtos podem ser adquiridos em<br />
hipermercados (Continente, Pingo Doce,<br />
El Corte Inglés, Supermercados Brio), no<br />
Celeiro, Lojas on-line.<br />
Preparação<br />
1- Pré-aqueça o forno a 180ºC.<br />
2- Misture o açúcar, a margarina de soja, o ovo.<br />
3- Adicione a farina, o fermento, a canela e o gengibre e<br />
mexa bem.<br />
4- Estenda a massa sob o papel vegetal, unte as formas e<br />
leve ao forno a 180ºC durante 10 minutos ou até ficarem<br />
douradas.<br />
Dezembro CONSCIENTE 47
Azevias de<br />
batata doce<br />
Nível de Dificuldade:<br />
Médio<br />
Tempo de Preparação:<br />
Longo<br />
Nº Doses: 15<br />
Ingredientes<br />
Para a massa:<br />
Para o recheio:<br />
- 250g de farinha de quinoa biológica* -Açúcar de cana (q.b.)*<br />
- 2 colheres (sopa) de margarina de soja* -50ml de água<br />
- 2 colheres (sopa) de azeite - 4 batatas doces (Puré)<br />
- Sal (q.b.) - 3 ovos (gemas)<br />
- 50ml de água -100g de amêndoa ralada<br />
- 1 laranja ou limão (sumo e raspa) - Canela em pó<br />
- Raspa de 1 laranja ou limão<br />
*Estes produtos podem ser adquiridos em hipermercados (Continente, Pingo Doce, El Corte Inglés, Supermercados Brio), no<br />
Celeiro, Lojas on-line.<br />
Preparação<br />
1-Coloque a farinha numa tigela ou na bancada, faça um buraco no centro e aos poucos adicione os<br />
restantes ingredientes.<br />
2-Amasse a massa até ficar lisa e macia. Deixe a massa repousar durante 1 hora.<br />
3-Enquanto a massa repousa, aproveite e prepare o recheio. Leve ao lume a água e o açúcar e deixa<br />
ferver durante 5-6 minutos em lume brando.<br />
4-Numa tigela à parte misture o puré da batata doce, as gemas dos ovos e a amêndoa ralada. Adicione a<br />
calda de açúcar e continue a mexer até engrossar.<br />
5-Estenda a massa e corte círculos. Coloque uma colher de recheio no centro e dobre em forma de meia<br />
lua.<br />
6-Frite-os até ficarem dourados.<br />
48 CONSCIENTE Dezembro
Seitan no Forno com Batata<br />
Ingredientes<br />
- 500g de seitan*<br />
- 500g de batata doce<br />
- 1 laranja<br />
- 6 dentes de alho<br />
- 100ml de azeite<br />
- 1 colher (chá) de sal<br />
- Colorau, salsa, pimenta,<br />
noz moscada q.b.<br />
- 2 folhas de louro<br />
Nível de Dificuldade: Médio<br />
Tempo de Preparação: Longo<br />
Nº Doses: 4<br />
*O seitan pode ser adquirido em hipermercados (Continente, Pingo Doce, El Corte Inglés,<br />
Supermercados Brio), no Celeiro, Lojas on-line.<br />
Preparação<br />
1-Descasque os alhos e coloque no almofariz juntamente com o sal, o colorau, louro em pó,<br />
pimenta, azeite e sumo de laranja.<br />
2-Coloque o seitan (aplique uns golpes em cima e em baixo), numa travessa. De seguida deite o<br />
molho no seitan.<br />
3-Coloque a batata doce (previamente lavada) na travessa e regue com mais um pouco da mistura.<br />
4-Deve adicionar as folhas de louro, a salsa e regar com um pouco de vinho.<br />
5-Levar ao forno a 180ºC, aproximadamente 1hora. Deve vigiar o assado para o seitan não secar e<br />
para isso, deve ir molhando o topo do seitan com água ou o molho.<br />
Este prato pode ser uma alternativa ao peru assado no Natal.<br />
Dezembro CONSCIENTE 49
Beringela recheada com Soja<br />
Ingredientes<br />
- 4 batatas doces médias<br />
- 40g de soja granulada<br />
hidratada em água*<br />
- 1 cebola<br />
- 2 dentes de alho<br />
- 3 tomates picados<br />
- 2 colheres (sopa) azeite<br />
- 1 frasco de leite de coco<br />
*A soja granulada pode ser adquirida em hipermercados (Continente, Pingo Doce, El Corte<br />
Inglés, Supermercados Brio), no Celeiro, Lojas on-line.<br />
Nível de Dificuldade: Fácil Tempo de Preparação: Médio Nº Doses: 4<br />
Preparação<br />
1-Lave bem as batatas e de seguida coza-as em água a ferver. Junte a soja em água a ferver e cozaa.<br />
2- Num tacho refogue as cebolas, os tomates e os alhos e junte o leite de coco.<br />
3- Deve retirar pedaços de batata de forma a que posteriormente consiga rechear. Adicione o puré<br />
da batata à mistura da soja e o molho.<br />
4- De seguida recheie as batatas com esta mistura e leve ao forno a 180ºC até ficarem douradas.<br />
5- Pode servir com azeitonas e rebentos de soja a decorar.<br />
50 CONSCIENTE Dezembro
Expansão dos Espaços Biológicos nas Grandes Superfícies<br />
Expansão dos<br />
Espaços ....nas<br />
Grandes<br />
Superfícies<br />
Por Ana Filipa Coelho<br />
Dezembro CONSCIENTE 51
A<br />
tualmente o mercado biológico<br />
aumentou drasticamente devido<br />
também às exigências e pressões por<br />
parte dos consumidores. O mercado<br />
da comida saudável está a crescer de diversas<br />
formas, desde aos espaços físicos como à<br />
diversidade de receitas e pratos saudáveis<br />
disponíveis na Internet. E afinal este mercado é<br />
constituído por que alimentos? Desde os<br />
alimentos biológicos, orgânicos, sem glúten, sem<br />
lactose. Para ser considerado um alimento<br />
biológico, este não pode conter pesticidas, adubos<br />
químicos ou ser geneticamente modificado. Por<br />
norma um alimento BIO é melhor do que os<br />
restantes que são muito industrializados. Nas<br />
superfícies de grande distribuição o espaço<br />
dedicado aos produtos biológicos está a<br />
aumentar. As marcas estão a responder a esta<br />
mudança na alimentação e a aproveitar esta nova<br />
tendência. Vejamos os pontos de venda destes<br />
alimentos em algumas superfícies bastante<br />
conhecidas: Área Viva do Continente, a linha<br />
Pura Vida no Pingo Doce, no Jumbo e El Corte<br />
Inglês existem também sectores de comida<br />
saudável. Os principais objetivos destes espaços<br />
dedicados à alimentação saudável são<br />
proporcionar ao consumidor uma oferta<br />
variada de produtos de acordo com as<br />
suas necessidades dietéticas,<br />
nutricionais, estilos de vida e<br />
preferências. No caso da alimentação<br />
biológica podemos encontrar um leque<br />
de produtos como bolachas, biscoitos,<br />
pão, cereais, purés, cremes para barrar,<br />
bebidas (por exemplo água de coco,<br />
sumos de uva e cenoura), refeições (tofu,<br />
soja, papas para crianças) e ingredientes<br />
básicos (arroz, massa, quinoa, sementes,<br />
farinhas, leguminosas, legumes, chás,<br />
entre outros). Segundo alguns dados<br />
relatados pela Agrobio (Associação Portuguesa de<br />
Agricultura Biológica) os produtos mais<br />
consumidos são essencialmente legumes e frutas.<br />
Porém na lista dos mais procurados encontramse<br />
o azeite, ovos e as massas. Paralelamente ao<br />
crescimento nas grandes superfícies, surgem<br />
ainda supermercados destinados exclusivamente<br />
à venda de alimentação biológica, denominados<br />
os supermercados biológicos como é o caso dos<br />
supermercados Brio, e em meados de 2015 abriu<br />
em alvalade uma mercearia com um toque<br />
moderno e requintada em que os produtos<br />
biológicos são vendidos a granel. Ao longo dos<br />
tempos verifica-se um aumento no investimento<br />
neste tipo de estabelecimentos, pois o consumo e<br />
a procura pelo sector biológico alterou<br />
drasticamente. A verdade é que as redes sociais,<br />
as publicações de livros ligados ao bem-estar e<br />
toda a informação que hoje em dia temos acesso,<br />
são responsáveis pela mudança de atitude por<br />
parte das pessoas. Uma das razões que<br />
provavelmente este tipo de alimentação cativa<br />
nos seus consumidores é a diversidade e a<br />
variedade da mesma, por exemplo atualmente já<br />
existem gomas, pizzas, cervejas biológicas.<br />
52 CONSCIENTE Dezembro
Na minha opinião as vantagens deste tipo de<br />
alimentos são evidentes, pela maior riqueza em<br />
vitaminas, minerais e antioxidantes, não são<br />
adicionados químicos, e os métodos de<br />
produção não são nocivos para a saúde e<br />
ambiente. Outra vantagem é que os produtos<br />
de agricultura biológica têm um melhor sabor,<br />
pois são produzidos única e exclusivamente da<br />
natureza. Talvez por isso vemos nas cozinhas<br />
dos grandes chefes a utilização deste tipo de<br />
produtos. A segurança alimentar também é um<br />
ponto chave a ter em conta, ou seja, estes<br />
produtos são mais seguros pela forma como<br />
são produzidos. O tipo de agricultura, o método<br />
de produção biológica, o controlo durante a<br />
produção dos mesmos confere melhor<br />
segurança aos consumidores. Será então que os<br />
consumidores sabem que os alimentos<br />
biológicos são credíveis? Normalmente para<br />
este tipo de alimentação são emitidos<br />
certificados de qualidade, garantindo assim a<br />
credibilidade dos mesmos. Por isso é<br />
importante saber ler e interpretar os rótulos.<br />
Para ter a certeza que o produto provém de<br />
agricultura biológica é importante que o rotulo<br />
apresente pelo menos o logotipo, permitindo<br />
que o consumidor identifique os produtos mais<br />
facilmente. Relativamente aos preços ainda é<br />
um mito porque podem ser mais caros, mas<br />
não oscilam muitos dos produtos<br />
convencionais. Porém é importante pagar um<br />
pouco mais e garantir melhor qualidade de vida<br />
e saúde. A comissão europeia aprovou em<br />
2014 um “Plano de Ação Europeu para a<br />
Alimentação e Agricultura Biológica” no<br />
sentido que este sector crescesse. A verdade é<br />
que em Portugal, os últimos dados de 2015<br />
referem que os produtores biológicos subiram<br />
as suas vendas entre 20-30%. O crescimento<br />
exponencial deste sector tornou a economia<br />
equilibrada, pois os jovens empreendedores<br />
investem neste tipo de agricultura para inovar,<br />
criar novos produtos e existe maior<br />
empregabilidade. Atualmente, consumir<br />
produtos biológicos é também proteger o<br />
ambiente, a biodiversidade, os animais e<br />
preservar os recursos naturais. Para finalizar é<br />
importante tanto para a industria alimentar<br />
como para os consumidores esta diversidade e<br />
variedade na alimentação, visando<br />
principalmente a mudança por parte dos<br />
clientes para uma melhor qualidade de vida.<br />
Ainda é um mercado bastante complexo e<br />
provavelmente ao longo do tempo irão surgir<br />
mais para dar resposta à constante procura por<br />
parte dos consumidores.<br />
Dezembro CONSCIENTE 53
A NOSSA SAÚDE<br />
Os Excessos do NATAL<br />
Por Helena Rogério<br />
consequências do consumo<br />
excessivo de gorduras<br />
Dezembro CONSCIENTE 55
O Natal é festa, é uma reunião com a família<br />
com troca de carinho e amor mas é também<br />
repleta de um conjunto de iguarias<br />
gastronómicas irresistíveis típicas desta época<br />
e por isso, consumimos sobretudo grandes<br />
quantidades de gordura. Nos dias seguintes à<br />
consoada existem alguns sintomas que se<br />
podem manifestar associando-se a um<br />
consumo excessivo de gordura. A adoção de um<br />
estilo de vida pouco saudável associado a uma<br />
dieta desequilibrada pode contribuir, a longo<br />
prazo, para o aparecimento de doenças graves.<br />
E<br />
stá a chegar a época festiva do Natal,<br />
dando-se início aos preparativos para<br />
a maior e mais aguardada festa do<br />
ano. De facto, é uma festa celebrada<br />
em família, em que grande parte do tempo é<br />
passada à mesa, repleta de comida muito<br />
tentadora, que na maioria das vezes tem um<br />
elevado teor de gordura. Os excessos alimentares<br />
que acabamos por cometer nesta época podem<br />
estar associados a um conjunto infindável de<br />
consequências nefastas para o nosso organismo.<br />
A ingestão excessiva de gorduras pode, em<br />
primeira instância, provocar uma série de<br />
desequilíbrios no nosso aparelho<br />
gastrointestinal, nomeadamente ao nível do<br />
fígado e vesicula biliar. É de conhecimento geral<br />
que a maioria da oferta que temos na mesa de<br />
Natal é baseada em fritos ou em receitas<br />
compostas por uma grande quantidade de<br />
margarina, azeite, óleo ou banha. Ao ingerirmos<br />
este tipo de comida obrigamos o fígado e a<br />
vesicula biliar a segregar uma quantidade<br />
superior de sucos biliares do que seria suposto<br />
comprometendo a digestão e a própria absorção<br />
de nutrientes essenciais. Quem nunca sentiu,<br />
após uma consoada estes sintomas: náuseas,<br />
vómitos, diarreia, desconforto abdominal, boca<br />
“amarga” e seca, azia e sensação de<br />
enfartamento. Pois bem, estes são sintomas<br />
associados ao mau funcionamento do fígado e da<br />
vesicula biliar. Sabia que por dia deveríamos<br />
comer em média cerca de 15gr de gordura e que<br />
uma fatia de bolo-rei (50gr) contem<br />
aproximadamente 8gr de gordura e 200Kcal.<br />
Estes valores são no mínimo preocupantes e<br />
devem ser tidos em conta nas escolhas deste<br />
Natal. A ingestão desmesurada de gorduras nesta<br />
época traduz-se num considerável aumento do<br />
valor energético daquilo que consumimos,<br />
estando deste modo, associado ao comum<br />
aumento de peso corporal. (cont...)<br />
56 CONSCIENTE Dezembro
No entanto, nem todas as gorduras são nocivas<br />
para o nosso organismo e caso sejam<br />
consumidas dentro dos limites recomendados,<br />
são normalmente bem toleradas e traduzem-se<br />
em benefícios. Uma das gorduras essenciais para<br />
o ser humano é o colesterol, que curiosamente,<br />
tem junto da população em geral uma conotação<br />
negativa, no entanto, o organismo necessita de<br />
pequenas quantidades desta gordura para<br />
produzir, por exemplo, as membranas celulares,<br />
as hormonas, a vitamina D e os ácidos biliares.<br />
O colesterol é proveniente de duas fontes, uma<br />
interna sendo produzida pelo fígado e outra<br />
externa, obtida através de alimentos como a<br />
carne, os ovos e os produtos lácteos. Na corrente<br />
sanguínea estão presentes dois tipos de<br />
colesterol, o HDL que vulgarmente conhecemos<br />
por “bom colesterol” e o LDL conhecido como o<br />
“mau colesterol”. É sobre o LDL que deverá<br />
recair a nossa atenção, principalmente quando<br />
se encontra elevado nas análises sanguíneas,<br />
uma vez que este tipo de gordura vai-se<br />
depositar ao nível das paredes das artérias,<br />
constituindo placas denominadas como placas<br />
de arteriosclerose, aumentando drasticamente o<br />
risco de aparecimento de doenças<br />
cardiovasculares. Segundo dados publicados<br />
num estudo realizado pelo INE, os<br />
portugueses apresentam uma dieta<br />
desequilibrada, onde consomem três<br />
vezes mais gorduras do que é<br />
recomendado. Se pensarmos em<br />
replicar várias vezes a consoada num ano<br />
e adotar um estilo de vida pouco<br />
saudável, pudemos estar a aumentar<br />
severamente o risco de aparecimento de<br />
doenças graves e normalmente<br />
silenciosas, como por exemplo, o enfarte<br />
agudo do miocárdio ou acidente vascular<br />
cerebral (AVC).Um estudo realizado pela<br />
Fundação Portuguesa de Cardiologia mostra que<br />
2/3 da população adulta portuguesa apresenta<br />
colesterol elevado. Por isso, não se descuide<br />
nesta época festiva, tentando ao máximo<br />
controlar o consumo dos fritos, dos produtos de<br />
salsicharia e charcutaria (presuntos, bacon,<br />
chouriços, alheiras, farinheiras, salsichas…), da<br />
banha, da manteiga, dos caldos concentrados, da<br />
gema de ovo, do leite e queijos gordos, do<br />
marisco, etc. A longo prazo o consumo<br />
desregrado de gorduras pode ser altamente<br />
prejudicial para a saúde. Por exemplo, as<br />
gorduras quando são sobreaquecidas, ou seja,<br />
quando submetemos o azeite e o óleo a<br />
temperaturas superiores ao recomendado sofrem<br />
um processo de decomposição e transformam-se<br />
em substâncias toxicas e cancerígenas. Os<br />
alimentos com alto teor de gordura ou<br />
confecionado com gordura sobreaquecida podem<br />
provocar alterações na flora intestinal,<br />
provocando irritação da parede do cólon que por<br />
sua vez, potenciam a atuação de agentes<br />
cancerígenos. Não espere pelos sintomas, pois<br />
muitas vezes eles não aparecem, previna o<br />
aparecimento destas doenças. (cont...)<br />
Dezembro CONSCIENTE 57
A prevenção não pode ser vista como um tratamento<br />
que se prescreve por um determinado número de<br />
dias, é um estilo de vida que se deve adotar o mais<br />
cedo possível pois, continuam a ser as doenças<br />
cardiovasculares que mais matam em Portugal.<br />
Festeje com saúde o Natal pois, não são poucas as<br />
consequências do consumo excessivo de gorduras,<br />
por isso, tente este ano fazer um Natal mais saudável<br />
e equilibrado para todos. Não espere pelos sintomas,<br />
pois muitas vezes eles não aparecem, previna o<br />
aparecimento destas doenças. A prevenção não pode<br />
ser vista como um tratamento que se prescreve por<br />
um determinado número de dias, é um estilo de vida<br />
que se deve adotar o mais cedo possível pois,<br />
continuam a ser as doenças cardiovasculares que<br />
mais matam em Portugal. Festeje com saúde o Natal<br />
pois, não são poucas as consequências do consumo<br />
excessivo de gorduras, por isso, tente este<br />
ano fazer um Natal mais<br />
saudável e equilibrado para<br />
todos.<br />
Faça uma sopa para a consoada, dá uma sensação de<br />
Como reduzir o<br />
consumo de<br />
gordura no Natal<br />
saciedade evitando comer em demasia os restantes<br />
pratos.<br />
Modere a quantidade de gordura na confeção dos alimentos<br />
que cozinha.<br />
Ao confecionar o peru reduza a quantidade de produtos de<br />
charcutaria e salsicharia que coloca no recheio, uma vez que<br />
são muito ricos em gordura.<br />
Acompanhe o prato principal com legumes cozidos ou dê<br />
largas à sua imaginação e faça uma salada colorida.<br />
Não abuse dos molhos, é aqui que grande percentagem de<br />
gordura que ingerimos está acumulada.<br />
Na confeção dos doces de Natal prefira as gorduras de<br />
origem vegetal, como o azeite, em detrimento das de origem<br />
animal.<br />
No arroz doce, aletria ou leite-creme utilize leite meio gordo,<br />
e reduza a quantidade de gemas utilizadas.<br />
Ao fazer os fritos típicos do Natal, deixe escorrer toda a<br />
gordura após a fritura. Colocando-os posteriormente sobre<br />
folha de papel absorvente de forma a retirar o excedente de<br />
Faça os sonhos, as filhoses e as azevias maiores, uma vez que<br />
quanto menores forem maior quantidade de gordura vão<br />
absorver.<br />
58 CONSCIENTE Dezembro
Faça em média cerca de 6 refeições por dia, assim irá<br />
reduzir a quantidade de alimentos que consome<br />
promovendo sensação de saciedade.<br />
Não descore a refeição mais importante do dia, tome um bom<br />
pequeno-almoço.<br />
Beba muita água, sumos naturais ou chás.<br />
Pratique exercício físico.<br />
Como combater<br />
os excessos do<br />
Natal<br />
Reduza a quantidade total de gordura nas suas refeições. Prefira as<br />
gorduras vegetais como o azeite ou óleos vegetais (óleo de milho, de<br />
girassol ou de soja)<br />
Adote uma confeção simples dos seus alimentos, faça cozidos e os<br />
grelhados.<br />
Privilegie carnes magras, como o frango, o peru e o coelho.<br />
Consuma peixe 3 ou 4 vezes por semana, principalmente os que são<br />
ricos em omega3, como o salmão, o sável, o chicharro e sardinha.<br />
Aumente o consumo de vegetais (mais de 400gr por dia), de<br />
leguminosas e de fruta.<br />
Muito importante não guarde as sobras de comida da sua consoada,<br />
reparta pelos restantes convidados. É uma boa forma de evitar<br />
“petiscar” durante toda a semana o que sobrou.<br />
Dezembro CONSCIENTE 59
A prevenção não pode ser vista como um tratamento<br />
que se prescreve por um determinado número de<br />
dias, é um estilo de vida que se deve adotar o mais<br />
cedo possível pois, continuam a ser as doenças<br />
cardiovasculares que mais matam em Portugal.<br />
Festeje com saúde o Natal pois, não são poucas as<br />
consequências do consumo excessivo de gorduras,<br />
por isso, tente este ano fazer um Natal mais saudável<br />
e equilibrado para todos. Não espere pelos sintomas,<br />
pois muitas vezes eles não aparecem, previna o<br />
aparecimento destas doenças. A prevenção não pode<br />
ser vista como um tratamento que se prescreve por<br />
um determinado número de dias, é um estilo de vida<br />
que se deve adotar o mais cedo possível pois,<br />
continuam a ser as doenças cardiovasculares que<br />
mais matam em Portugal. Festeje com saúde o Natal<br />
pois, não são poucas as consequências do consumo<br />
excessivo de gorduras, por isso, tente este<br />
ano fazer um Natal mais<br />
saudável e equilibrado para<br />
todos.<br />
60 CONSCIENTE Dezembro
As Nossas<br />
Escolhas<br />
Para ajudar a melhorar<br />
alguuns sintomas que possa<br />
sentir após a sua consoada.<br />
As pastilhas são constituídas por um antiácido que ajudam no alívio dos sintomas de azia, indigestão e sensação de<br />
enfartamento. Como tomar Pastilhas Rennie Digestif: Mastigar 1 ou 2 pastilhas de preferência 1 horas apos as refeições.<br />
Preço médio: 4,95€<br />
A alcachofra é uma substância que contribui para o<br />
conforto intestinal e reduz os níveis de lípidos na<br />
corrente sanguínea. Como tomar Alcachofra Solgar: 1<br />
cápsula por dia.<br />
Preço médio: 24,70€<br />
Dezembro CONSCIENTE 61
O Ulcermin é considerado um protetor da mucosa gástrica<br />
sendo composto por uma substancia ativa o sucralfato.<br />
Encontra-se disponível na forma de saquetas de 5ml e em<br />
comprimidos.<br />
Ulcermin, Jaba Recordati<br />
Preço médio: 3,26€<br />
O chá dente de leão, é conhecido por melhorar o<br />
funcionamento do fígado e da vesicula biliar<br />
ajudando a eliminar as toxinas existentes no<br />
sangue.<br />
Recomenda-se no máximo a ingestão de 3<br />
chávenas por dia.<br />
Preço médio: 1,49€<br />
Existem vários tipos de chás que auxiliam na<br />
redução dos níveis de colesterol mas o chá verde é<br />
particularmente rico em epigalocatequina galato<br />
(EGCG), composto que ajuda a eliminar o mau<br />
colesterol.<br />
Recomenda-se a ingestão no máximo de 3 chávenas.<br />
Preço médio: 1,10€<br />
62 CONSCIENTE Dezembro
SUPER ALIMENTOS<br />
Desperdícios<br />
de Natal. O<br />
que fazer?<br />
Por Milene Castro Silva<br />
O que fazer aos restos de comida depois de dois dias de<br />
festas como os dias de Natal? Leia as nossas sugestões.<br />
E<br />
m 2050, a população mundial rondará os<br />
nove mil milhões de habitantes. Isto<br />
significa, em termos práticos, que será<br />
necessário um aumento de produção de<br />
alimentos em 70%, comparativamente ao que é<br />
produzido à escala atual. Com o avanço da<br />
agricultura e transporte nos últimos 50 anos,<br />
produzem-se alimentos suficientes para satisfazer<br />
as necessidades de toda a população mundial.<br />
Paradoxalmente, existe um desequilíbrio na<br />
demanda alimentar, um sexto da população<br />
mundial é faminta. São produzidos bens<br />
alimentares para o lixo. São desperdiçados na<br />
recolha, no transporte e no consumo alimentar.<br />
Num conceito holístico, considera-se desperdício<br />
alimentar todo e qualquer produto alimentar<br />
destinado ao consumo humano, deitado fora ou<br />
destruído, em todos os níveis de cadeia alimentar.<br />
De facto, caro leitor, a redução de desperdícios<br />
alimentares não é somente uma forma de<br />
combater a fome mundial. A acessibilidade aos<br />
alimentos é um ato de compromisso moral,<br />
ambiental e ético. Desperdiçar alimento é<br />
desperdiçar trabalho, nutrientes, dinheiro, água e<br />
energia.Sabia que, a nível Europeu, estima-se que,<br />
anualmente, sejam desperdiçados por pessoa<br />
179kg de alimentos. Em Portugal, segundo a<br />
estimativa de um estudo, PERDA realizado pela<br />
Universidade Nova de Lisboa, são desperdiçados<br />
cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos.<br />
64 CONSCIENTE Dezembro
A emergência da redução de desperdício alimentar<br />
nacional é de tal forma emergente que a<br />
Assembleia da República Portuguesa declarou 2016<br />
como o ano nacional de combate a esta<br />
problemática. Unidades públicas de carácter social<br />
têm realizado vários esforços laborais, no<br />
seguimento desta conduta. Um exemplo é a<br />
Associação Portuguesa de Dietistas que tem<br />
elaborado, através do Movimento 2020, várias<br />
ações e disponibiliza no seu site diversas condutas<br />
direcionadas ao consumidor, bem como a<br />
profissionais da área da restauração. A tomada de<br />
consciência individual é sempre o primeiro passo. Se<br />
o leitor olhar para o seu lixo, verá que talvez seja um<br />
boa altura de mudar a forma como manipula e<br />
confeciona os alimentos e, sobretudo, de adquirir<br />
hábitos alimentares saudáveis.<br />
Em 2013, a Associação<br />
Portuguesa de Nutricionista<br />
lançou um livro de receitas<br />
digital dedicado à temática das<br />
sobras e desperdícios de<br />
alimentos reutilizáveis que<br />
poderá consultar. Não se<br />
esqueça que pequenos<br />
passos trazem grandes<br />
mudanças.<br />
Dezembro CONSCIENTE 65
Desperdícios Alimentares<br />
Devemos escolher alimentos respeitando a sazonalidade e a produção local. Isto fará com que sejam<br />
utilizados menos recursos para o alimento chegar até ao consumidor.<br />
Planeie as refeições e as compras de alim entos de acordo com o consum o do agregado<br />
alimentar.<br />
Evite levar travessas para a mesa. Servir o prato consoante o que cada um apenas necessita<br />
é um acto que tanto o ambiente como a sua saúde agradecem.<br />
Atenção às promoções que ofertam grandes quantidades de alimentos! Preveja se serão de<br />
facto consumidos antes do término do prazo de validade.<br />
Reduza substancialmente a quantidade de óleos e de gorduras utilizados na confeção de<br />
alimentos e evite, ao máximo, deitá-los na canalização. Coloque-os numa garrafa usada e depois num<br />
ecoponto próprio para o efeito. Tente sobretudo escolher óleos de qualidade, como o azeite e óleo de coco,<br />
que resistem melhor às altas temperaturas e queimam menos, paralelamente, fará melhor ao seu sistema<br />
cardiovascular.<br />
As Nossas Sugestões<br />
Arroz basmati estufado com casca de curgete e<br />
orégãos;<br />
Receita para 2 pessoas;<br />
Duração: 10 minutos;<br />
Fácil;<br />
66 CONSCIENTE Dezembro
Ingredientes:<br />
1 copo de arroz basmati<br />
200gramas de casca de curgete em juliana;<br />
1 cebola pequena (as cacas da cebola poderão ser usadas para fazer chá de cebola e limão)<br />
1 tomate inteiro aos cubos;<br />
2 colheres de sopa de óleo de coco;<br />
Óregãos;<br />
Preparação<br />
Coloque o azeite e os oregãos num tacho em lume branco, juntamente com a cebola picada.<br />
Deixe alourar por uns minutos. De seguida, adicione 2 copos de água e 1 copo de arroz<br />
basmati. Deixe cozer por 5 minutos, em lume brando. Adicione a curgete em juliana e deixe<br />
tomar o gosto dos legumes por 5 minutos.<br />
Omolete de legumes no forno<br />
Receita para 3 pessoas;<br />
Duração: 10 minutos<br />
Ingredientes:<br />
6 ovos mexidos;<br />
1 cebola picada;<br />
1 chávena almoçadeiras de espinafres e de abóbora aos cubos;<br />
1 chávena almoçadeira de sobras de legumes (tomates, couve roxa, alface, cenoura raspada,<br />
couve roxa) ;<br />
Tominho e orégãos;<br />
Preparação:<br />
Forre uma recipiente próprio com uma folha vegetal;<br />
Coloque no fundo os legumes;<br />
Verta o os ovos mexidos;<br />
Coloque o tomilho e orégãos frescos picados;<br />
Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 30 minutos;<br />
Dezembro CONSCIENTE 67
BAIXA AUTO-ESTI<br />
ACONTECIMENTOS DE VIDA<br />
Como lidar com a<br />
Autocompaixão pode ser a<br />
resposta !<br />
Por Jessica Lopes<br />
Numa sociedade cada mais competitiva, que procura<br />
incutir em cada geração a ambição e procura pela<br />
perfeição, passando a mensagem que nunca nos devemos<br />
contentar com o medíocre, que devemos trabalhar sempre<br />
pela excelência em qualquer área de vida, estaremos a<br />
pavimentar o caminho para pessoas felizes? Ou a condenálas<br />
a uma vida de insegurança e baixa autoestima? Mas é a<br />
autoestima a qualidade que devíamos estar a perseguir, ou<br />
esteve esse caminho sempre condenado ao insucesso? A<br />
autocompaixão pode ser a resposta para aprendermos a<br />
aceitarmos quem somos independentemente de quem<br />
achamos que devíamos ser<br />
70 CONSCIENTE Dezembro
MA<br />
É um conceito fácil de entender que o sucesso, em<br />
qualquer área da vida humana, provoque nos outros<br />
reações de respeito e admiração, assim como a<br />
vontade de o conseguir replicar. Os homens e<br />
mulheres bem-sucedidos são os heróis e heroínas<br />
dos nossos dias, sejam eles cantores ou atletas<br />
famosos, estrelas de cinema, empresários de<br />
grandes empresas ou mesmo cientistas, acabam por,<br />
pela extrema admiração e devoção que inspiram,<br />
subir à categoria de ídolos, o mais próximo que<br />
como humanos alguma vez chegaremos dos deuses.<br />
É impossível, assim, passar-nos despercebida a<br />
tendência dos nossos dias de equalizar a felicidade<br />
ao sucesso. Aprendemos desde cedo a fazer deste a<br />
medida do nosso valor, por outras palavras, a nossa<br />
autoestima. O problema, claro, é que é impossível<br />
que sejamos todos, em todos os momentos, acima<br />
da média, mais do que medianos. Este objetivo<br />
inatingível pode levar a que, para nos sentirmos<br />
melhor connosco mesmo, utilizemos estratégias<br />
para inflacionarmos as nossas autoavaliações e<br />
aumentarmos, assim, a nossa autoestima.<br />
Recapitulando, sendo a perfeição e o sucesso<br />
constante ilusões, nos dias de hoje as opções<br />
parecem ser negras: ou aceitamos que nunca nos<br />
sentiremos plenamente bem com quem somos ou,<br />
nas palavras de Tesser (1999), aprendemos a deitar<br />
os outros abaixo (na nossa mente ou na vida real)<br />
para manter, por apenas uns momentos mais, o<br />
nosso autoconceito protegido. No fundo, a grande<br />
maioria de nós reconhece (mesmo que apenas a si<br />
mesmo) que utiliza estas estratégias. Talvez nada<br />
tão sério como comportamentos de humilhação e<br />
incidência .<br />
Dezembro CONSCIENTE 71
Dá credência a esta análise, mas presente de<br />
qualquer das formas. Por exemplo, um estudo<br />
conduzido em 1965 pelos investigadores<br />
Preston e Harris mostra que cerca de 90% dos<br />
condutores considera ser mais competente que<br />
os outros, mesmo quando recentemente<br />
envolvidos num acidente de carro! Sim, todos<br />
nós nos convencemos a nós mesmos das nossas<br />
soberbas qualidades nas mais variadas áreas<br />
porque, sejamos francos, ninguém quer aceitar<br />
que é mediano (por vezes mesmo em coisas<br />
sem aparente significância). Mais ilustrador da<br />
relação entre estas atitudes, e a evolução da<br />
nossa sociedade em direção a uma maior<br />
valorização de uma alta autoestima<br />
(invariavelmente relacionada com o sucesso) é<br />
um estudo feito por Twenge e colaboradores<br />
(2008) que descobriu que o narcisismo entre<br />
estudantes universitários tem aumentado<br />
exponencialmente, com cerca de 65% dos<br />
estudantes dos nossos dias a apresentar<br />
pontuações mais elevadas que aquelas das<br />
gerações anteriores. Estão, no entanto, os<br />
mesmos estudantes menos inseguros e mais<br />
seguros do seu valor pessoal? Talvez, então, a<br />
autoestima - que nas palavras de um dos pais<br />
fundadores da psicologia, William James, é a<br />
perceção de competência em domínios de<br />
importância - não seja a qualidade que<br />
devêssemos dedicar tanto esforço a tentar<br />
aumentar. Desde há uns anos para cá tem<br />
surgido cada vez mais em conversas de<br />
psicologia, tanto em investigação como no<br />
contexto clínico, uma ideia que vem desafiar a<br />
importância da autoestima, gabando-se dos<br />
mesmos e melhores benefícios e nenhuns dos<br />
problemas já referidos: a autocompaixão.<br />
“Rather than wandering around in problemsolving<br />
mode all day, thinking mainly of what<br />
you want to fix about yourself or your life, you<br />
can pause for a few moments throughout the<br />
day to marvel at what’s not broken. You”<br />
― Kristin Neff (Self-Compassion: Stop<br />
Beating Yourself Up and Leave<br />
Insecurity Behind)<br />
A autocompaixão foi descrita pela primeira vez,<br />
pelo menos como constructo científico que é<br />
agora utilizado em psicologia, por Neff, que<br />
utilizou ideias derivadas da tradição Budista.<br />
Compaixão, por si só, já é há muito um conceito<br />
largamente utilizado e poucos teriam<br />
dificuldade em explicar o seu significado.<br />
72 CONSCIENTE Dezembro
Autocompaixão, no entanto, não fala apenas de<br />
sermos compassivos com nós próprios quando<br />
algum evento externo perturba a nossa vida (e.g.<br />
a morte de uma pessoa próxima, uma doença)<br />
mas também, e talvez mais pertinente tanto para<br />
o tópico que estamos a discutir como para a sua<br />
utilização em contexto clinico, quando o<br />
sofrimento é fruto dos nossos próprios erros,<br />
fracassos ou defeitos pessoais. De acordo com<br />
Neff, a autocompaixão deve ser vista como três<br />
componentes interligados: bondade/cuidado para<br />
com nós mesmos, sentimento de humanidade<br />
comum, e estar no momento presente<br />
(mindfulness). Cuidado connosco próprios<br />
significa, como o termo pode indicar, uma<br />
postura de compreensão mesmo quando erramos,<br />
ao invés de uma postura critica e de julgamento.<br />
Um sentimento de humanidade comum é<br />
importante porque significa reconhecermos que<br />
todos erramos, todos nos sentimos inadequados<br />
em algum momento das nossas vidas. Este<br />
conceito é especialmente importante para que<br />
entendamos que ninguém é perfeito, que mesmo<br />
as pessoas mais bem-sucedidas, pessoas que<br />
admiramos, partilham esta experiência. O que<br />
Neff considera ser o terceiro componente da<br />
autocompaixão, mindfulness - estar no momento<br />
presente - é também um conceito cada vez mais<br />
utilizado em psicologia, pelos resultados positivos<br />
que lhe estão associados. No fundo, estar mindful<br />
ou, depois de alguma prática, ser mindful<br />
significa não nos focarmos no passado que não<br />
podemos alterar, nem no futuro que não podemos<br />
controlar e experienciar a vida no momento<br />
presente. Não é fácil deixar para trás hábitos que<br />
trazemos connosco, no próprio funcionamento da<br />
nossa mente, e adotar, de um momento para o<br />
outro, uma forma alternativa de olhar para o<br />
mundo, por muito eficaz que esta nova estratégia<br />
prove ser. No entanto, para emprestar uma<br />
expressão tão popular, nada que realmente vale a<br />
pena é fácil. E, na verdade, depois de anos de<br />
críticas que obviamente não funcionam, porque<br />
não experimentar algo diferente?<br />
Mindfulness – Um exercício para os curiosos<br />
Enquanto emoções podem ser difíceis de experienciar de forma mindful ao início, situações<br />
como a corrida matinal ou uma refeição são momentos ideais para quem quer experimentar o<br />
conceito.<br />
Da próxima vez que comer, foque-se na comida e nas sensações que esta provoca, e não no<br />
que o rodeia (televisão, telemóvel, conversa). Experiencie a comida com os cinco sentidos:<br />
descreva na sua mente ou a uma pessoa próxima a aparência (e.g. as cores), o cheiro (será<br />
que consegue identificar o que come apenas pelo olfato?), o sabor, a textura (já ouviu dizer<br />
que a língua é uma das partes mais sensíveis do corpo humano?) e até o som (existe uma<br />
razão para categorizar-mos certos alimentos como estaladiços!). O objetivo é estar atento o<br />
que está a acontecer no momento real e não ao que está a acontecer na nossa mente.<br />
Dezembro CONSCIENTE 73
O INCONSCIENTE<br />
Como<br />
escolhemos o<br />
O casamento é bom de fazer; mas quem o há-de manter, muito há-de de saber<br />
Provérbio popular<br />
Por Alexandre Castro e Silva<br />
Será possível saber como se deve escolher quem se ama? O que<br />
nos leva a amar uma pessoa e não outra? Algumas pessoas<br />
parecem nunca saber escolher a pessoa certa. Quais serão os<br />
motivos que inconscientemente nos podem empurrar para<br />
certas escolhas? Nesta crónica de dezembro, mês do Natal e dos<br />
encontros familiares, iremos ocupar-nos com a relação amorosa<br />
mais duradoura, e não com as paixões fugazes ou os encontros<br />
sexuais fortuitos. São infindáveis os motivos que atraem as<br />
pessoas, desde os imprevistos à química, da beleza ao humor,<br />
mas serão assim tão aleatórias as razões que nos levam a ficar<br />
juntos?<br />
74 CONSCIENTE Dezembro
Será possível saber como se deve escolher quem<br />
se ama? O que nos leva a amar uma pessoa e não<br />
outra? Algumas pessoas parecem nunca saber<br />
escolher a pessoa certa. Quais serão os motivos<br />
que inconscientemente nos podem empurrar para<br />
certas escolhas? Não são perguntas de resposta<br />
única, afinal têm ocupado o Homem ao longo dos<br />
séculos, desde poetas, cientistas, pintores, atores,<br />
escritores, filósofos e psicólogos, todos têm<br />
tentado explicar os mistérios do coração. Nesta<br />
crónica de dezembro, mês do Natal e dos<br />
encontros familiares, iremos ocupar-nos com a<br />
relação amorosa mais duradoura, e não com as<br />
paixões fugazes ou os encontros sexuais furtuitos.<br />
São infindáveis os motivos que atraem as pessoas,<br />
desde os imprevistos à química, da beleza ao<br />
humor. Serão assim tão aleatórias as razões que<br />
nos levam a ficar juntos? Não me parece! Há<br />
pessoas que não percebem como é que se podem<br />
enganar repetidamente na sua vida. Algumas<br />
atribuem ao azar, outras a um destino fatídico<br />
qualquer, ou então acham que têm qualquer coisa<br />
de errado para só atraírem pessoas que as fazem<br />
infelizes. Todos já ouvimos histórias destas ou já o<br />
sentimos na pele em dado momento da nossa<br />
vida.E se o problema estiver em nós e na forma<br />
como escolhemos? Como é feita essa escolha?<br />
Quando idealizamos a pessoa amada o que<br />
desejamos? Acredito que todas as pessoas estejam<br />
convencidas que querem amar e ser amadas, já a<br />
sua capacidade para o conseguir é que pode ser<br />
bem diferente. Qual a janela que poderemos abrir<br />
para compreender esta questão. Sim uma janela,<br />
foi precisamente a representação que me veio ao<br />
espírito ao refletir sobre esta questão. Há pessoas<br />
que ao passar por uma janela se tentam ver ao<br />
espelho, como Narciso nas águas do rio, outras<br />
tentam olhar lá para fora através da janela,<br />
curiosas à procura de ver no outro um amor como<br />
aquele que tiveram no passado infantil, e quem<br />
não o teve gostava de ter tido. Sim na infância,<br />
porque foi lá que se constituiu, ou não, a<br />
capacidade para estabelecermos vinculações e<br />
constituirmos uma representação interna do<br />
outro.O que procuramos no outro? O que nós<br />
somos, o que já fomos ou o que gostaríamos de<br />
ser? Quantas pessoas entendem o amor<br />
predominantemente desta forma, elogiam o terem<br />
muitas coisas em comum, gostam de fazer as<br />
mesmas coisas, pensam da mesma forma e não<br />
gostam das mesmas pessoas. No meu consultório<br />
tenho encontrado muitas pessoas que namoram<br />
ou casam porque admiram muito uma pessoa, é a<br />
pessoa que elas gostariam de ser, um Ideal do Eu.<br />
E se o ideal me ama fantástico! Não digo que a<br />
admiração não possa fazer parte da equação, no<br />
entanto não deve ser o seu único elemento.<br />
Janeiro CONSCIENTE 75
Um paciente meu que sempre teve relações com<br />
pessoas mais velhas, tem neste momento uma<br />
relação com uma pessoa mais nova, e diz que ela<br />
está agora na posição em que ele sempre esteve.<br />
Parece estar apaixonado pela pessoa que já foi,<br />
está a tentar amar, como queria ter sido amado<br />
nas relações anteriores. Quando não<br />
conseguimos olhar através da janela, não vemos<br />
senão a imagem de nós mesmos, passada,<br />
presente ou futura! Outras pessoas procuram o<br />
que é diferente, mas também familiar, são<br />
curiosas, abrem-se aos outros e procuram<br />
encontrar no presente algo que lhes traga as<br />
satisfações e segurança de um outro tempo.<br />
No homem a mãe que alimenta e, na mulher o<br />
pai que protege, tal como Freud refere no seu<br />
texto Para uma Introdução ao Narcisismo (1915).<br />
A sua distinção entre escolha de objeto de amor<br />
narcísica ou de apoio, diz respeito ou, à já<br />
referida procura de si próprio ou então, à<br />
procura de alguém que faça a função dos objetos<br />
de amor primários. Mas se nessas primeiras<br />
relações houver sérias perturbações na<br />
capacidade de vinculação, as futuras escolhas de<br />
amor podem ficar seriamente<br />
comprometidas.Algumas pessoas repetem nas<br />
relações amorosas o tipo de relação patológica<br />
que tinham com as pessoas que delas cuidaram<br />
com resultados desastrosos, tornam-se<br />
dependentes anulando a sua vontade própria,<br />
têm relações de controle em que o poder sobre o<br />
outro é um objetivo e não uma consequência do<br />
amor. É debaixo deste tipo de sentimentos<br />
julgam ser legítima a violência nas relações.Nas<br />
relações mais estáveis as características de apoio<br />
predominam, com proteção mútua e satisfação<br />
sexual, no entanto os elementos narcísicos estão<br />
sempre em alguma medida presentes. Os casais<br />
que funcionam são sobretudo assimétricos, mas<br />
complementares. Quando as trocas são<br />
satisfatórias as relações resultam, mas quando<br />
isto não acontece, surgem as frustrações, os<br />
ciúmes, o adultério, as guerras e os divórcios.
O que é então esta janela de que vos falo? É um<br />
modelo para descrever a capacidade de pensar o<br />
que está dentro e fora de nós. Um pensar aberto<br />
a ver e mostrar-se ao outro. A possibilidade de<br />
podermos pensar, perceber e representar a nossa<br />
realidade interna, aquilo que sentimos<br />
por alguém, o que esperamos do outro, o<br />
que nos assusta, o que nos satisfaz, os<br />
nossos desejos e o que nos faz sonhar.<br />
Da mesma forma, é importante poder<br />
olhar para fora e ver quem é o outro e, se<br />
nos pode ou quer dar o que precisamos,<br />
mas sobretudo o que queremos dar,<br />
cuidar, apoiar e alimentar. O resultado é<br />
uma alegre e íntima partilha, se o outro<br />
estiver em sintonia connosco. Só assim<br />
podemos encarar o compromisso, a<br />
cumplicidade e o respeito que uma<br />
relação adulta implica. Quando a janela<br />
só faz de espelho, queremos receber<br />
aquilo por que ansiamos, e não<br />
conseguimos ver o outro, depois surgem<br />
surpresas desagradáveis. O retorno do<br />
lado de lá também é essencial, senão<br />
corremos o risco de ficar vazios, tristes,<br />
deixarmos de nos apreciar, não pedindo ou<br />
exigindo aquilo de que precisamos. Na comédia<br />
romântica What Women Want, o ator Mel<br />
Gibson faz o papel de um engatatão que vive sob<br />
a forma desta escolha de amor narcísico, na<br />
busca do prazer sem se importar com os outros,<br />
alimentando-se do reflexo no espelho. Após um<br />
acidente bizarro, o personagem acaba adquirir o<br />
poder de ouvir telepaticamente o que pensam as<br />
mulheres de quem está perto fisicamente, sem<br />
estas saberem. Usa este poder para manipular e<br />
roubar as ideias da sua nova chefe,<br />
protagonizada por Helen Hunt, que tinha ficado<br />
com o lugar que ambicionava. O que o<br />
personagem não esperava é começar a perceber o<br />
lugar do outro, e sobretudo a ver esta e outas<br />
mulheres como ela são, para além do que ele<br />
podia anteriormente saber ou imaginar. É<br />
evidente que a história à boa maneira americana<br />
se desenrola até um happy end, mas o que este<br />
filme ilustra de forma muito divertida, é<br />
justamente a passagem de um amor egoísta para<br />
um amor altruísta. O amor por outra pessoa não<br />
serve apenas para que ela desempenhe um papel<br />
junto de nós, mas é um fim em si mesmo. É dar<br />
sem pensar no que se recebe. Contudo, não<br />
queremos menosprezar a importância de ser<br />
amado de volta, senão seriamos nós os<br />
explorados. Se quer escolher bem o seu amor,<br />
não se procure nele, arrisque descobrir o que é<br />
diferente de si, mas que a queira a si, partilhando<br />
o mesmo caminho. Na vida como no amor<br />
saudável, é na ligação com o diferente que se<br />
fecunda, dando nascimento aos bebés, aos<br />
pensamentos criadores, à novidade e à<br />
esperança, à cultura e à civilização!<br />
Dezembro CONSCIENTE 77
Uma Imagem<br />
Uma<br />
Reflexão<br />
Todos os finais de ano, americanos e turistas visitam uma das Árvores de Natal mais emblemáticas a nível mundial. Com cerca<br />
de 45,000 lampadas LED, pertencente ao Centro de Nova Iorque, a Árvore de Natal do Centro Rockefeller é a imagem<br />
escolhida para este mês. Feliz Natal!<br />
78 CONSCIENTE Dezembro
CAMINHOS A DESCOBRIR<br />
TRILHOS<br />
Dos Estrumpfes!<br />
Pelos caminhos de uma das principais cidades do Alentejo, Beja, ficam os trilhos dos Estrumpfes. Um<br />
trilhos com árvores centenárias e cogumelos gigantes.<br />
Dezembro CONSCIENTE 79
BOAS<br />
LEITURAS<br />
O Último Suspiro do<br />
Mouro<br />
Salman Rushdie<br />
Em 1988, Salman Rushdie foi condenado à morte<br />
por ter escrito um livro que desagradou aos<br />
fundamentalistas islâmicos. A resposta do autor<br />
foi este romance: uma defesa contundente das<br />
virtudes do pluralismo e da tolerância, em<br />
oposição às pretensas verdades únicas e<br />
excludentes. Uma história fantástica, que começa<br />
no sul da Índia, no tempo em que a independência<br />
ainda era um sonho distante, passa pela Bombaim<br />
dos anos 80 e 90, e termina no sul de Espanha.<br />
Uma história fascinante, narrada por um herói em<br />
cujas veias corre sangue português, judeu, árabe e<br />
indiano, afirmação viva do indivíduo que escapa<br />
às classificações rígidas nacionalistas, éticas e<br />
religiosas.<br />
Pó, Cinza e<br />
Recordações<br />
J. Rentes de<br />
Carvalho<br />
Nesta obra, de cariz<br />
autobiográfico, J. Rentes de<br />
Carvalho, um dos mais<br />
reconhecidos autores portugueses da atualidade,<br />
embarca numa viagem de reflexão sobre a sua<br />
existência: “É essa uma das poucas vantagens da<br />
velhice: poder viajar no tempo. Não como o faz a<br />
juventude, com o privilégio de ansiar pelo futuro, mas<br />
ironicamente em marcha atrás. Recebendo lições de<br />
modéstia, deixando pelo caminho as certezas que o<br />
não eram, rindo de ter tomado a sério a palavra<br />
eternidade. A caminho dos setenta. (…) A sopesar se<br />
me restam ainda cinco, dez, quinze anos, ou se<br />
amanhã - nunca hoje, sempre amanhã! - a Parca se<br />
canse de dobar o meu fio e o corte de uma tesourada.”<br />
Editor Dom Quixote<br />
Edição/ Reimpressão 2008<br />
Páginas : 528<br />
21.20€<br />
Quetzal Editores<br />
Edição/Reimpressão 2015<br />
Páginas: 344<br />
17.70€<br />
82 CONSCIENTE Dezembro
Refeições em 15 minutos<br />
Jamie Oliver<br />
Refeições super rápidas, nutritivas e com sabor<br />
inesquecível para o dia a dia. Jamie Oliver apresenta<br />
mais um livro com criatividade, informalidade e<br />
divertido, sobre alimentos e alimentação. Segundo o<br />
autor:<br />
Provavelmente não tornarei a escrever um livro de<br />
cozinha como este, mas asseguro-lhe que ficará com um<br />
livro de referência, que lhe dará as ferramentas<br />
necessárias para poder criar refeições fantásticas e<br />
extremamente rápidas.<br />
Edição/Reimpressão: 2015<br />
Páginas: 288<br />
Editor: Porto Editora<br />
24,50€<br />
Jesurálem<br />
Mia Couto<br />
Jerusalém é a história de um<br />
menino chamado Mwanito,<br />
de Africa. Também é a terra<br />
inventada pelo pai de<br />
Mwanito, Silvestre Vitalício,<br />
fugido da cidade, da vida e<br />
do tempo e culpa. Fugido<br />
que reina na terra de<br />
Jesuralém, terra sem dono,<br />
sem tempo, onde a solidão<br />
resgata todas as mágoas. Com Mwanito, o filho, o<br />
‘afinador de silêncios’ segue viagem mais Ntunzi, o<br />
filho mais velho e Zacarias, antigo soldado que<br />
combateu no lado errado das guerras. De escrita<br />
poética e cheio de significados escondidos, Mia Couto,<br />
apresenta-nos uma obra a não perder.<br />
Edição/Reimpressão: 2016<br />
Páginas: 224<br />
Edição: RTP<br />
10,00 €<br />
O Primeiro<br />
Ano do Seu<br />
Bébe<br />
Vários<br />
Um pequeno livro com grandes<br />
ensinamentos simples. Propostas e<br />
informações aos pais. Um guia com<br />
propostas para a tarefa de ser pai.<br />
Edição/Reimpressão:2011<br />
Páginas: 48<br />
Editor: Everest<br />
5,95€<br />
Dezembro CONSCIENTE 81
Agenda<br />
Formativa<br />
Workshop de<br />
Doçaria Conventual<br />
2 de dezembro de 2016<br />
Feed Me – Atelier de Cozinha<br />
Mais Informação: http://www.feedme.pt/<br />
Workshop de Cerâmica<br />
3 de dezembro de 2016<br />
CoolOffice Porto<br />
Mais informação: www.cooloffice.pt<br />
Expedição Vias<br />
Ferratas da Andaluzia<br />
e Caminito del Rey<br />
1 a 4 de dezembro de 2016<br />
Clube 7Cumes<br />
Mais informação: http://www.7cumes.pt/<br />
82 CONSCIENTE Dezembro
Workshop Introdução<br />
à Roda de Oleiro<br />
5 a 9 de dezembro de 2016<br />
Fundação Oriente<br />
Mais informação: www.fundaçãooriente.pt<br />
Workshop Essencial<br />
do Chocolate<br />
12 e 19 de dezembro de 2016<br />
Feed Me – Atelier de Cozinha<br />
Mais Informação: http://www.feedme.pt/<br />
Exposição de Pintura – “VISTA DE LISBOA DO CASTELO DE<br />
WEILBURG - A Cidade ao tempo<br />
de Filipe III de Espanha”<br />
11 de dezembro de 2016<br />
Museu de Lisboa - Palácio Pimenta<br />
Mais Informação: http://www.agendalx.pt/<br />
Dezembro CONSCIENTE 83
Quer saber se.......<br />
Ansiedade<br />
OU<br />
Depressão<br />
84 CONSCIENTE Dezembro
Tem tendência para a ansiedade ou para a depressão?<br />
Certos estados de espírito ou comportamentos denunciam uma tendência para a ansiedade ou para a depressão<br />
que podem ter repercussões nas capacidades de memorização. Este questionário pode ajuda-lo a identifica-los.<br />
Assinale com uma cruz a coluna correspondente ao que sente ou eventualmente sentiu nos últimos tempos.<br />
Responda o mais espontaneamente possível.<br />
1.Sinto-me sem energia<br />
Sim<br />
As vezes<br />
Não<br />
2.Aborreço-me com facilidade<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
3. Tenho medo que possa acontecer qualquer coisa de grave<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
4. Sinto-me Inútil<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
5. Tenho a impressão de que a minha memória é pior do que a dos meus amigos<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
6. Não estou satisfeito com a vida que levo actualmente<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
Dezembro CONSCIENTE 85
7. Preocupo-me com coisas insignificantes<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
8. É-me difícil estar relaxado/a<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
9. Não me dá prazer sair ou encontrar pessoas<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
10. Tenho sensações de pânico inexplicáveis<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
11. Estou frequentemente rabugento/a<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
12. Tenho pouco apetite<br />
Sim<br />
Às veze<br />
Não<br />
13 Sou atormentado/a por acontecimentos do passado<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
14. Tenho dificuldade em começar o dia<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
15. A mais pequena contrariedade transtorna-me<br />
Sim<br />
Às vezes<br />
Não<br />
86 CONSCIENTE Dezembro
Some as suas respostas divididas<br />
em ‘SIM’ e ‘ NÃO’. Veja os<br />
resultados<br />
Resultados<br />
Se tem uma maioria de NÃO<br />
Não pertence à categoria dos que sofrem de ansiedade ou depressão. Sabe evitar o isolamento e manter-se<br />
dinâmico. Quando tem uma dificuldade, consegue enfrentar a situação, o que é uma boa defesa contra a<br />
depressão.<br />
Se responde SIM ou Às VEZES às perguntas 3-7-8-10-15<br />
Você está ansioso/a, quer por estar a atravessar uma fase difícil, quer porque isso corresponder à sua<br />
natureza profunda. Em qualquer dos casos, precisa de aprender a relaxar. A ansiedade provoca inibição que<br />
altera a memória, impedindo o processamento correto da codificação e da recuperação das informações.<br />
Não hesite em consultar um psicólogo, se achar que pode melhorar.<br />
Se respondeu com uma maioria de SIM ou de às VEZES às outras perguntas<br />
Talvez esteja a atravessar uma fase depressiva, cuja origem pode ser orgânica e/ou psicológica. É<br />
importante falar com alguém que o/a pode ajudar—Médico/Psicólogo. Não ignore estes sintomas, o seu<br />
corpo e o seu espírito precisam de ajuda para recuperar energia e fazer face às dificuldades. Evite o<br />
isolamento. Faça uma triagem das suas obrigações e elimine algumas sem se culpabilizar. Escolha<br />
atividades que lhe deem prazer.<br />
Dezembro CONSCIENTE 87