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Conciente_Fevereiro2017

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Fevereiro 2017<br />

Número 16<br />

Fevereiro 2017 Número 16 Volume 1<br />

consciente<br />

E. Coli nos Frangos<br />

A Cultura do Consumo<br />

Alterações na<br />

Coluna<br />

Vertebral<br />

Trabalho de Equipa<br />

O que fazer quando se vive com Fibromialgia ?<br />

Múltipla Personalidade—Quem Somos?


Revista<br />

Edição de Fevereiro, Nº 16, 2017<br />

91 254 71 26<br />

Cronistas<br />

Jessica Lopes– psicologia clínica—psicologia clínica<br />

Psicologia, Saúde e Bem—Estar<br />

www.revistaconsciente.pt<br />

Nº16 | Fevereiro 2017 | Revista Mensal<br />

Diretora<br />

Maria Paula Dias<br />

mpdias@revistaconsciente.pt<br />

Marketing & Publicidade<br />

geral@revistaconsciente.pt<br />

Editora<br />

Maria Paula Dias — psicologia clínica<br />

consciente.pql@gmail.com<br />

Sugestões e Correspondências<br />

geral@revistaconsciente.pt<br />

Subscrições<br />

geral@revistaconsciente.pt<br />

Entrevistas<br />

geral@revistaconsciente.pt<br />

Jesslopes.uc@gmail.com<br />

Ana Filipa Coelho—Nutricionista<br />

anafilipacoelho88@gmail.com<br />

Helena Rogério—Enfermagem<br />

Helena.nrogerio@gmail.com<br />

Andreia Rodrigues de Almeida—Tecnica de Recursos Humanos<br />

andreiarodrigues88@gmail.com<br />

Cláudia Oliveira—psicologia clínica<br />

a.c.borgesoliveira@gmail.com<br />

___________<br />

É expressamente proibido a reprodução desta edição em qualquer língua, no seu todo ou em parte,<br />

sem a prévia autorização escrita da CONSCIENTE,<br />

Todos as opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos autores.<br />

O Estatuto Editorial está disponível na pagina de internet : www.revistaconsciente.tk<br />

As imagens/fotografias aqui utilizadas foram pesquisadas com recurso à internet não sendo<br />

portanto nenhuma original à publicação Consciente<br />

Gabinetes de Apoio<br />

geral@revistaconsciente.pt<br />

Sede de Redação<br />

Avenida da Liberdade, nº 244, 1º Andar<br />

Suporte On-Line Digital<br />

Periodicidade Mensal<br />

Registo Nº 126882<br />

Propriedade: Maria Paula Dias<br />

Alguns Dias Especiais:<br />

1 de Feveiro—dia internacional do<br />

idoso<br />

4 de Fevereiro—Dia Mundial do<br />

animal<br />

7 de Fevereiro—Dia mundial do<br />

sorriso<br />

10 de Fevereiro—Dia Mundial da<br />

saúde mental<br />

14 de Fevereiro—Dia de<br />

S.Valentim, dos namorados<br />

15 de Fevereiro—Dia internacional<br />

da preguiça<br />

21 de Fevereiro—Dia<br />

Internacional da luta contra a dor<br />

fevereiro 2017<br />

dom seg ter qua qui sex sáb<br />

1 2 3 4<br />

5 6 7 8 9 10 11<br />

12 13 14 15 16 17 18<br />

19 20 21 22 23 24 25<br />

26 27 28


Edição<br />

16<br />

Fevereiro 2017<br />

13 Editorial<br />

O Mês de...............Fevereiro<br />

8<br />

7 Frações e Números<br />

8 Sentido Sociais<br />

A Cultura do Consumo<br />

12 Emprego & Carreiras<br />

Sabe trabalhar em equipa?<br />

16 Sugestões Dia dos<br />

Namorados<br />

18 Dossier Experiência<br />

Multipla Personalidade: Quem<br />

somos?<br />

31 A Nossa Saúde<br />

Alterações da Coluna Vertebral. O<br />

que pode fazer?<br />

34 Super Alimentos<br />

E. Coli nos Frangos<br />

42 Boas Leituras<br />

46 Acontecimentos de Vida<br />

Viver Sem Stress<br />

31<br />

18<br />

50 Uma Imagem, Uma<br />

Reflexo<br />

53 Caminhos a Descobrir<br />

34<br />

54 Agenda Formativa<br />

56 Quer Saber se .....Que<br />

sentido utiliza mais?<br />

14 de Fevereiro<br />

<br />

16<br />

Fevereiro CONSCIENTE 3


Editorial<br />

O MÊS de………….Fevereiro<br />

Por Maria Paula Dias<br />

Mês de Fevereiro, o frio está a abrandar, os dias até parecem mais quentes, o vislumbre da<br />

primavera já existe. Depois de um mês com temperaturas muito baixas, aproximamo-nos de dias<br />

mais amenos. Mês de Fevereiro é o mês dos namorados. Para quem inicia ou completa ciclos ou<br />

fases, novidade ou maturidade, dia 14 de Fevereiro é sempre o dia do amor. Nao há mais nenhum<br />

no calendário, portanto, aproveite-o. Faça qualquer coisa diferente, mesmo se a perspetva não<br />

agradar, a vivência em si, vai perdurar. A esse propósito deixamos algumas sugestões para<br />

pensar. Neste mês, tambem aproveitamos para perspetivar reflexivamente, a cultura de consumo em<br />

que nos habituámos a viver e tambem o que podemos fazer quando nos sentimos incomodados<br />

psicologicamente pelos nossos impulsos em compras. Em SUPER—ALIMENTOS, falamos sobre a<br />

contaminação séria e com danos para o organismo que a ingestão de alimentos crús provoca. Os<br />

frangos em especial, apresentam inúmeras vezes surtos de infeção nocivos para o ser humano—A<br />

E. Coli ou a Escheria Coli, uma batéria que vive no nosso intestino, contudo, quando a mais,<br />

provoca sérios danos. Tambem porque aguardamos já a possibilidade de fazer férias, viajar ou<br />

simplesmente descansar, falamos sobre Stress, em ACONTECIMENTOS DE VIDA. Não perca esta<br />

crónica, com sugestões importantes sobre o fenómeno que nos atinge a todos e tambem informações<br />

importantes que as poderá traduzir internamente a seu modo e proveito. Em DOSSIER EXPERIÊNCIA,<br />

investigámos a múltipla personalidade. Pouco documentada, pouco abordada e cientificamente,<br />

rara, é contudo uma perturbação mental que muito sofrimento traz a quem vive com ela. Saiba um<br />

pouco mais sobre esta doença, quem são as outras persnalidades, mais comuns, que co-existem com<br />

a identidade primeira ou primária.Conheça casos reais e porque em grande criatividade, contudo<br />

em grande sofrimento, encarnam outras personalidades, boas e/ou más. Por fim, n’A NOSSA SAÚDE,<br />

tambem voltamos a abordar um assunto, tantas vezes esquecido, contudo importante: a Coluna<br />

Vertebral. Não Perca!E BOAS LEITURAS.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 5


NUMEROS E FRAÇÕES<br />

1,385milhão<br />

1,385,449,095 milhões de pessoas vivem na china. O segundo país<br />

mais populoso é a India, com cerca de 1,335,097,334 milhões de<br />

pessoas. Os EUA são o terceiro país com mais pessoas, perfazendo ao<br />

todos os seus estados, apenas, 325,363, 722 milhares de pessoas.<br />

Fonte: worldmeters.com<br />

7Globos de Ouro<br />

8:51HORAS<br />

Quando são 8:51 Horas em<br />

Londres, são:<br />

LA LA LAND, BATEU O RECORDE EM<br />

NUMERO DE GLOBOS DE OURO ALGUMA<br />

VEZ GANHOS POR UM UNICO FILME. 7<br />

GLOBOS DE OURO<br />

MELHOR ARGUMENTO, MELHOR MUSICA ORIGINAL,<br />

MELHOR ATOR, MELHOR REALIZADOR, MELHOR<br />

ATRIZ, MELHOR FILME, MELHOR BANDA SONORA<br />

13:51horas em Malé<br />

(capital das Maldivas)<br />

15:51horas Ho Chi Minh<br />

(saigão, no Vietname)<br />

17:51horas Tóquio<br />

(capital do Japão)<br />

22:51horas Adak<br />

(ilha no Alasca)<br />

21:51horas Suva<br />

(capital das ilhas Figi)<br />

3:51horas Ilha da Pascoa<br />

(ilha da polinésia central)<br />

22:51horas Honolulu<br />

(capital do Havai)<br />

5:51horas Nuuk<br />

(capital da Gronelândia)<br />

00.51horas Seattle<br />

(cidade em Washington)<br />

Fonte: 24timezones.com<br />

FONTE: FORBES.COM<br />

1 cão<br />

1 cão em cada 10 que nascem,<br />

é que encontrará um dono e<br />

uma casa em permanência<br />

Fonte: dosomething.org<br />

Fevereiro CONSCIENTE 7


SENTIDOS SOCIAIS<br />

Cultura de<br />

Por Cláudia Oliveira<br />

‘Se acreditamos que não somos suficientemente bons,<br />

atrativos e competentes aos olhos dos outros, a nossa<br />

mente vai procurar colmatar essa desvantagem’<br />

8 CONSCIENTE Fevereiro


É inegável o quanto a cultura do consumo se<br />

tem tornado a nossa própria cultura, moldando<br />

as nossas mentes e corpos, afirmando-se em<br />

todas as superfícies e plataformas, retaliando<br />

contra os que procuram distanciar-se da sua<br />

influência, tentando, pouco a pouco, desintegrálos<br />

e diferenciá-los do núcleo social. Como um<br />

poderoso mecanismo de compensação<br />

emocional, na generalidade das pessoas, o<br />

impulso para o consumo parece funcionar como<br />

um sedativo, trazendo consigo uma sensação de<br />

alívio do mal-estar psicológico. Os enredos<br />

desta cultura de consumo excessivo parecem<br />

emergir da maneira como construímos a nossa<br />

perceção de nós próprios… Se acreditamos que<br />

não somos suficientemente bons, atrativos e<br />

competentes aos olhos dos outros, a nossa<br />

mente vai procurar colmatar essa desvantagem,<br />

levando-nos a sentir necessidade de possuir os<br />

recursos que os outros têm, de superá-los. E<br />

aqui surge uma das motivações do consumo, o<br />

desejo de alcançar um estatuto social superior,<br />

de estar bem posicionado no ranking social, de<br />

satisfazer de uma forma enviesada uma<br />

necessidade primária – a de pertença e de<br />

aceitação pelo nosso grupo.<br />

Evolucionariamente, o ser-humano sempre<br />

beneficiou da vida em grupo, quer pelas<br />

vantagens no que se refere à proteção contra<br />

predadores e ameaças físicas, quer na criação de<br />

vínculos afetivos e na transmissão de<br />

conhecimentos e fundamentos culturais. Porém,<br />

a vida em grupo pressupõe uma organização<br />

hierárquica que, por mais ténue que nos pareça,<br />

muitas vezes se torna fonte de emoções<br />

negativas e de sofrimento psicológico.<br />

Independentemente dos recursos do país em<br />

que vivamos e do seu grau de desenvolvimento,<br />

sabemos intrinsecamente que a persecução de<br />

objetivos socialmente valorizados nos tornará<br />

mais aceites pelo nosso grupo, e mais bem<br />

posicionados na sua hierarquia, e que o<br />

contrário significará alienação, exclusão e<br />

sentimentos de desvalorização e de<br />

desesperança. Assim, onde quer que nos<br />

encontremos estamos sujeitos à influência de<br />

vários grupos, a que estão subjacentes modelos<br />

de liderança e subordinação, pressupostos que<br />

nos orientam no sentido de nos sentirmos mais<br />

ou menos bem integrados. Ao longo da sua vida,<br />

o ser-humano precisa de continuar a sentir-se<br />

incluído e de construir uma identidade<br />

enquanto membro do seu grupo. É claro que<br />

mais facilmente o fará se as necessidades<br />

básicas de vinculação e segurança lhe tiverem<br />

sido asseguradas ao longo do seu<br />

desenvolvimento, sentindo-se confiante para<br />

partir à descoberta do seu papel na<br />

comunidade, para explorar novas<br />

oportunidades e lidar com as adversidades.<br />

Porém, quando estas necessidades básicas não<br />

estão satisfeitas, tudo se torna mais difícil, mais<br />

doloroso, ou mais exigente…<br />

‘..o impulso<br />

para o<br />

consumo<br />

parece<br />

funcionar como<br />

um sedativo..’<br />

Fevereiro CONSCIENTE 9


É como se o poder de ter algo mais, de ter<br />

sistematicamente algo mais, nos salvasse da<br />

experiência de sentimentos negativos,<br />

bloqueasse esse estado emocional, convertendo<br />

-nos, pouco a pouco, em organismos<br />

hipersensíveis à frustração. Porém, a longo<br />

prazo, os mecanismos causadores de<br />

pensamentos e emoções negativos continuam<br />

ativos, perpetuando a sua ação. Se nos<br />

percecionamos como fracassados, inadequados<br />

ou se perdemos uma relação ou algo<br />

valorizado, tendemos a experienciar<br />

sentimentos depressivos e de desesperança,<br />

constituindo estes reações emocionais válidas e<br />

coerentes face a acontecimentos de vida<br />

negativos. Contudo, ao optarmos por bloquear<br />

estas emoções negativas, por nos afastarmos<br />

do sofrimento que estas nos provocam sem<br />

compreender que fazem parte da experiência<br />

humana, estamos a impedir-nos de lidar com o<br />

sofrimento, de aprender através deste. É<br />

preciso que aceitemos a tristeza e a angústia<br />

como emoções que surgem esporadicamente,<br />

como resultado de experiências de vida<br />

aversivas e stressantes. Estas, ao longo de<br />

milhares de anos, fizeram parte do nosso<br />

reportório emocional, tal como a alegria, a<br />

surpresa e o contentamento, sendo<br />

fundamental que compreendamos a sua<br />

importância, a sua funcionalidade, e<br />

desenvolvamos estratégias adaptativas para<br />

lidar com estas. A vantagem que o consumo<br />

aparentemente nos dá, permitindo-nos fugir,<br />

evitar, ludibriar os nossos estados emocionais<br />

negativos, é apenas momentânea, ilusória...<br />

Mais do que escondermo-nos atrás do que<br />

podemos ter, do que pensamos que podemos<br />

ser através do que temos, devemos aceitar o<br />

medo, deixar fluir as emoções negativas,<br />

deixarmo-nos apanhar por elas… Claro que<br />

desde que estas não se tornem permanentes,<br />

desde que não as encaremos como definitivas,<br />

encurralando-nos na nossa própria<br />

existência… O que se espera é que sejamos<br />

capazes de substituir nossos pensamentos por<br />

outros mais racionais e benéficos,<br />

experienciando gradualmente estados<br />

emocionais mais positivos. Só assim<br />

poderemos realmente sentir-nos integrados e<br />

olhar para nós próprios sem enviesamentos,<br />

sem que a comparação social nos fira,<br />

confiantes!<br />

Como nos podemos libertar do<br />

consumismo?<br />

O consumismo tem sido definido como um<br />

conjunto de valores e objetivos direcionados para<br />

o desejo de possuir, para o materialismo.<br />

Recentemente, várias linhas de investigação têmse<br />

debruçado sobre os efeitos nocivos do<br />

consumismo em vários domínios da saúde<br />

mental, surgindo estes associados ao isolamento<br />

social, a perturbações depressivas e de<br />

ansiedade, a comportamentos compulsivos, bem<br />

como a alguns aspetos afetivos e interpessoais da<br />

psicopatia. (cont...)<br />

10 CONSCIENTE Fevereiro


Para os consumistas o desejo de posse surge<br />

como central nas suas vidas, acreditando que dos<br />

bens-materiais depende a sua felicidade, sendo o<br />

número e a qualidade destes o critério pelo qual<br />

julgam o seu próprio sucesso e o dos outros.<br />

Contudo, segundo um estudo dos investigadores<br />

Richins e Dawson em 1992, o prazer provindo da<br />

aquisição de bens-materiais e benefícios<br />

rapidamente se esvai, funcionando como um<br />

ciclo vicioso que de imediato nos leva a desejar<br />

mais. Por conseguinte, o consumismo parece<br />

minar gradualmente a nossa saúde mental,<br />

levando-nos a sentirmo-nos menos satisfeitos<br />

com a nossa vida, connosco próprios e com os<br />

outros, mantendo-nos cativos de sentimentos de<br />

baixa autoestima e solidão, e, muitas vezes,<br />

conduzindo ao consumo abusivo de substâncias<br />

psicoativas.<br />

Há várias décadas que a investigação no âmbito<br />

das neurociências e das ciências<br />

comportamentais tem estabelecido que o<br />

assegurar da satisfação das nossas necessidades<br />

psicológicas mais inatas – de afeto, autonomia e<br />

competência – tem um efeito positivo na nossa<br />

saúde mental, tornando-nos mais resilientes.<br />

Neste seguimento, uma das formas de reduzir a<br />

tendência para comportamentos de consumo<br />

pode partir do encorajamento da prática de<br />

meditação e de exercícios de redução do stress,<br />

aos quais tem sido associado um efeito contrário<br />

ao do materialismo. Ou seja, ao passo que o<br />

consumismo nos orienta para um estado de<br />

autossuficiência, em que todos os nossos esforços<br />

são colocados a favor dos nossos objetivos<br />

pessoais, alienando-nos dos outros e tornandonos<br />

mais competitivos e egoístas, a meditação<br />

permite um alívio do sofrimento desnecessário,<br />

ancorando-se numa compreensão mais profunda<br />

da nossa mente e do mundo exterior.<br />

Em termos terapêuticos, nas últimas décadas,<br />

têm sido sistematicamente reconhecidos os<br />

benefícios da meditação, atualmente convertidos<br />

nas abordagens terapêuticas focadas no<br />

mindfulness. O mindfulness pode ser entendido<br />

como uma qualidade da consciência que nos<br />

permite direcionar a nossa atenção para “o aqui e<br />

agora”, numa postura de aceitação plena, sem a<br />

interferência de experiências prévias e de<br />

preocupações com o futuro. Desta forma,<br />

permite-nos viver o momento presente,<br />

reconhecendo a natureza temporária dos nossos<br />

pensamentos e sentimentos, estimulando um<br />

estado de consciência mais claro e um maior<br />

insight sobre o mundo exterior.<br />

Numa investigação recente, Wang e<br />

colaboradores demonstraram que indivíduos que<br />

se envolvem frequente e continuamente no<br />

treino de estratégias de mindfulness conseguem<br />

mais facilmente descentrar-se dos seus desejos<br />

materialistas e percebê-los apenas como estados<br />

mentais transitórios, conseguindo assim<br />

suspender a influência negativa do consumismo.<br />

A estabilidade que o treino de mindfulness<br />

permite desenvolver parece, pois, enfraquecer a<br />

ligação existente entre a motivação e o<br />

comportamento, particularmente forte nos<br />

indivíduos com problemas de consumismo,<br />

permitindo um julgamento mais racional e<br />

menos automatizado perante estímulos que<br />

apelem ao consumo. Adicionalmente, o<br />

desenvolvimento de competências de<br />

mindfulness parece facilitar a persecução de<br />

objetivos consistentes com as nossas<br />

necessidades psicológicas mais básicas,<br />

prevenindo problemas depressivos, de ansiedade<br />

e de impulsividade, assim como, outras<br />

vulnerabilidades psicológicas.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 11


EMPREGO & CARREIRAS<br />

Trabalho de<br />

Equipa<br />

Por Andreia Rodrigues de Almeida<br />

A solução para a maior parte dos problemas<br />

que afectam as organizações começou,<br />

repentinamente, a escrever-se com<br />

exclusivamente três palavras: trabalho de<br />

equipa. Conceito este, milagroso onde se<br />

deposita a esperança de solução da<br />

prevalência dos problemas das organizações.<br />

As equipas de hoje em dia são diferentes das<br />

equipas do passado (década de 70). São muito<br />

mais diversificadas, dispersas e dinâmicas.<br />

Mas enquanto as equipas enfrentam novos<br />

obstáculos, o seu sucesso ainda depende da<br />

colaboração por parte do grupo. Na<br />

realidade, os benefícios que se obtêm a partir<br />

da coesão do trabalho em equipa são<br />

essenciais para a gestão eficaz dos recursos.<br />

12 CONSCIENTE Fevereiro


O<br />

mundo das organizações passou por<br />

consideráveis alterações ao longo do<br />

tempo. Na era pré-industrial era possível<br />

ver o princípio, meio e fim do trabalho.<br />

Posteriormente à revolução industrial, a divisão do<br />

trabalho ficou subdividida, o homem ficou<br />

responsável por parte do trabalho e quase sempre<br />

perdia a noção do todo, do resultado. Nesse momento<br />

a perspectiva era mecanicista e reducionista, no qual<br />

o homem se deveria ajustar aos processos produtivos<br />

e à máquina. Na conjuntura atual, surgiram grandes<br />

mudanças capazes de influenciar os cenários nos<br />

quais os negócios se realizam, além de uma acelerada<br />

globalização e competição, quebrando modelos. Os<br />

paradigmas atuais requerem o desenvolvimento de<br />

novas competências. Se na era pré-industrial o<br />

trabalho era focado no indivíduo, na época industrial<br />

o cerne passou a ser no grupo e na produtividade. Na<br />

atualidade, a essência está nas equipas e nos<br />

resultados das mesmas. No ambiente de trabalho<br />

atual, é imprenscindível a consciência de que cada um<br />

detém somente uma parte da informação ou do<br />

conhecimento especializado necessário para realizar<br />

as tarefas. O trabalho em equipa é um conceito cada<br />

vez mais valorizado no ambiente profissional, visto<br />

que representa um esforço coletivo na resolução de<br />

um problema, o seu propósito é a união do grupo<br />

ainda que cada um possa realizar tarefas distintas<br />

mas com o mesmo objetivo. Como se trata de uma<br />

tarefa conjunta, tanto as vitórias como os fracassos<br />

serão responsabilidade de todos membros da equipa e<br />

não somente de um. O trabalho em equipa é muitas<br />

vezes confundido com o trabalho realizado em grupo.<br />

(cont...)<br />

Fevereiro CONSCIENTE 13


Aparenta ser o mesmo conceito mas não é,<br />

trabalho em equipa procura a ajuda e preocupação<br />

constante da parte de todos os elementos na<br />

execução de uma tarefa, proporciona partilha de<br />

informações e conhecimentos, enquanto que no<br />

minimizados, reduzidos ou até mesmo eliminados.<br />

Os membros do grupo ficam confiantes e passam a<br />

ser confiáveis, de uma maneira ou de outra todos<br />

ficam a ganhar, pois só existe trabalho em equipa<br />

quando todos os que integram o grupo estão<br />

trabalho de grupo o trabalho é repartido por todos, efetivamente comprometidos com o mesmo<br />

é individual e cada um se preocupa meramente em<br />

executar a sua parte. Por exemplo, a maior parte<br />

das tarefas em Engenharia está organizada em<br />

equipas, que são constituídas para a realização de<br />

projectos. A ideia de equipa surge então como uma<br />

forma de unir esforços com resultados positivos<br />

objetivo. Um outro exemplo de trabalho em<br />

equipa, é no contexto hospitalar, onde é essencial<br />

o estabelecimento de autonomia e partilha de<br />

responsabilidades, e o diálogo aberto e cooperativo<br />

entre todos os membros da equipa. Carlos Haroldo<br />

Piancastelli, Horácio Pereira de Faria e Marília<br />

desde tempos longínquos da história Rezende da Silveira, professores do Departamento<br />

acompanhando o desenvolvimento e a de Enfermagem Aplicada da Faculdade de<br />

complexidade do mundo moderno. É percebido<br />

como sendo uma forma eficaz de estruturação,<br />

Medicina da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais no Brasil, escreveram um artigo sobre o<br />

organização e de aproveitamento das trabalho em equipa onde referem a necessidade<br />

competências humanas, proporcionando uma histórica do homem de reunir esforços para<br />

visão mais geral e coletiva do trabalho, em que<br />

simultaneamente corrobora a divisão de tarefas e a<br />

necessidade de cooperação na conquista de<br />

objetivos comuns. Para fazer parte de uma equipa,<br />

algumas vezes, os membros têm de resignar à sua<br />

conseguir atingir objetivos que, particularmente,<br />

não seriam atingidos ou seriam de modo mais<br />

difícil, e a imposição que a complexidade e<br />

desenvolvimento do mundo contemporâneo têm<br />

imposto ao processo de produção, originando<br />

posição pessoal em proveito desta, sendo relações de dependência ou reforço de habilidades<br />

fundamental uma avaliação contínua, que e conhecimentos para a conquista dos objetivos.<br />

possibilite analisar resultados e retificar lacunas.<br />

Cada elemento tem a responsabilidade de manter<br />

um bom relacionamento dentro da equipa,<br />

tentando solucionar divergências pessoais e com<br />

consciência de que os erros individuais prejudicam<br />

Mas afinal que diferença faz o trabalho em equipa?<br />

Equipas e trabalho em equipa tornaram-se uma<br />

parte central da nossa vida profissional. Por que é<br />

que o trabalho em equipa é importante? Cria<br />

coesão - onde a soma é maior do que as partes;<br />

e atingem toda a equipa. Niguém consegue fazer Suporta uma maneira mais habilitada de<br />

tudo sozinho, e nem devem tentá-lo. Quando um trabalhar, removendo restrições que podem<br />

trabalho é partilhado, os resultados aparecem com impedir alguém de fazer o seu trabalho<br />

muito mais facilidade, os erros podem ser adequadamente; (cont...)<br />

‘...Cada elemento tem a responsabilidade de<br />

manter um bom relacionamento dentro da<br />

equipa....’<br />

14 CONSCIENTE Fevereiro


Promove estruturas mais planas e com menos<br />

hierarquia; Incentiva o trabalho multidisciplinar<br />

onde as equipas atravessam divisões<br />

organizacionais; Aumenta a flexibilidade e<br />

capacidade de resposta, especialmente a capacidade<br />

de responder às mudanças; Satisfaz os clientes que<br />

gostam de trabalhar com boas equipas; Promove a<br />

sensação de realização, equidade e camaradagem,<br />

essenciais para um local de trabalho motivado;<br />

Quando gerido adequadamente, o trabalho em<br />

equipa é uma forma melhor de trabalhar! Mas<br />

afinal por que é que o trabalho em equipa é<br />

importante? Isso não significa que todos estejam a<br />

fazer a mesma coisa ou que todos sejam capazes de<br />

fazer o trabalho de cada um. É mais um meio para<br />

uma forma coesa de trabalhar, onde a soma é maior<br />

do que as partes. Gerindo adequadamente, o<br />

trabalho em equipa maximiza os pontos fortes,<br />

trazendo o melhor de cada membro da equipa.


9. A<br />

10. C<br />

11. F<br />

12. S<br />

Dia dos N<br />

14 de Fevereiro<br />

Feliz DIA DOS<br />

NAMORADOS!<br />

VIVA!<br />

1. E<br />

2. O<br />

3. L<br />

c<br />

4. U<br />

5. F<br />

6. V<br />

7. A<br />

8. U<br />

16 CONSCIENTE Fevereiro


amorados<br />

Ideias a Notar<br />

nvie-lhe um email a dizer o quanto gosta dele/a<br />

fereça-lhe aquela prenda com a qual sonha<br />

eve-o/a até aquele miradouro que só os dois conhecem. Leve uma manta quente e um termo<br />

om café ou chocolate quente<br />

m eterno passeio na praia ao Pôr-do - Sol,<br />

aça uma sessão dupla de cinema, lá em casa, no escuro, com pizza ou pipocas<br />

olte ao local onde se conheceram e envolvam-se em memórias<br />

s alianças serão sempre uma grande surpresa<br />

ma viagem de sonho tambem é uma grande surpresa<br />

s flores e uma boa noite em restaurante favorito são sempre memoráveis<br />

onvide-o/a para uma atividade radical ou dê uma volta de helicóptero à cidade<br />

aça um piquenique em local inesperado<br />

e tem o casamento em mente, não há melhor altura.


DOSSIER<br />

EXPERIÊNCIA<br />

Po<br />

No<br />

fit<br />

Na<br />

An<br />

Eu<br />

ag<br />

so<br />

Qu<br />

pa<br />

Quem Somos?<br />

18 CONSCIENTE Fevereiro


uco estudada, a múltipla personalidade continua a fascinar.<br />

cinema, a divagação e criação não esquece as primeiras<br />

as sobre o tema e recria-as. Na realidade o cenário é outro.<br />

realidade, a múltipla personalidade é sofrimento contínuo.<br />

gústia que inunda, afunda e não finda. Divide-se em muitos<br />

’s, outros Eu’s. Não está só, está protegida contra mais uma<br />

ressão. Que mentes brilhantes são estas que contêm o<br />

frimento pela constituição de outras personalidades?<br />

antas são? E em especial, quem são? Foi o que fomos saber<br />

ra escrevermos este artigo.<br />

DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

Por Maria Paula Dias


DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

“A crueldade é um dos<br />

prazeres mais antigos<br />

da humanidade”<br />

Friedrich Nietzsche<br />

Quando se pensa em múltipla personalidade, imagina-se<br />

uma pessoa colorida, com imensas facetas. Chega-se até,<br />

no fundo, a desejar ser tão ‘maleável’. No pior dos cenários<br />

são uns ‘artistas’ com tanta encenação, mas a realidade não<br />

é assim. Há, de facto um determinado sensacionalismo à<br />

volta da múltipla personalidade pois desconhece-se o<br />

fenómeno. Um indivíduo com múltipla personalidade é<br />

um indivíduo que vive em extremo sofrimento desde terna<br />

idade. É uma perturbação mental. A múltipla<br />

personalidade é uma condição mental na qual um<br />

indivíduo convive com identidades distintas, todas num<br />

todo, perfazendo a sua própria. Em toda a sua extensão,<br />

causa de uma fragmentação rara, está um traumatismo<br />

muito significativo, traumatismo que o delicerou por<br />

dentro, em tenra idade e sem quem cuidar de si,<br />

desenvolveu personalidades, cada uma à sua maneira,<br />

através de núcleos importantes que inicialmente perfaziam<br />

um todo mental. Quem são as personalidades que<br />

compõem a multipla personalidade? Essa é a questão que<br />

motiva este artigo. Mas abordemos e contenhamos o que é<br />

a múltipla personalidade. Esta é demais vezes confundida<br />

com a esquizofrenia, pela divisão da mente que lhe está<br />

associada, contudo na multipla personalidade a divisão da<br />

mente é sobre um todo, co-habitando as diversas parcelas<br />

distintas umas das outras, na esquizofrenia a divisão supõe<br />

a fragmentação em pequenas parcelas, que ora se fundem e<br />

derretem ora vagueiam num espaço infinito. A<br />

esquizofrenia, não está associada à amnésia dissociativa de<br />

forma tão esclarecedora como a múltipla personalidade. É<br />

caracterizada, fundamentalmente, pela dissociação, o que<br />

leva a que a pessoa não tenha consciência das suas<br />

diferentes personalidades. Há como que um hiato de<br />

tempo nas suas ações, quando assume, uma ou outra<br />

personalidade. A dissociação pode ser entendida como<br />

uma defesa da mente para fazer face a um acontecimento—<br />

original ou semelhante—, externo ou interno, que leva a<br />

pessoa a retira-los, esconde-los, para que não se tornem<br />

conscientes, dado o seu conteúdo intenso. A múltipla<br />

personalidade desenvolve-se porque o indivíduo em<br />

questão sofreu abusos horrendos no seu desenvolvimento.<br />

20 CONSCIENTE Fevereiro


‘ A tortura é o meio mais seguro de absolver<br />

os criminosos robustos e condenar os fracos’<br />

Ocorre um acontecimento extremo, pelo menos,<br />

que se repete da mesma maneira ou de forma<br />

semelhante, ao longo de determinado período,<br />

sem que houvessem cuidadores, suficientemente<br />

contentores para que a criança pudesse lidar com<br />

a inundação de estímulos agudos na sua mente. A<br />

solução encontrada é desligar-se da dor, até ao<br />

ponto de desligar-se de si, como um todo. Gera,<br />

então, a partir da sua personalidade em<br />

formação, uma outras tantas que o vão co-habitar<br />

e evoluir ao longo dos anos. Há autores que<br />

mencionam que há uma personalidade<br />

hospedeira e que a partir desta, a pessoa<br />

desenvolve outras identidades, mais pequenas<br />

parciais, cada uma à sua maneira. Outros falam<br />

em personalidade dominante que é aquela que<br />

mais se opõe, podendo ser ou não a mais<br />

consciente, sem com isso querer dizer que é a<br />

mais calma, temperada ou coerente. N.<br />

McWilliams, no seu brilhante manual<br />

diagnóstico psicanalítico, menciona que a<br />

personalidade hospedeira é a que procura<br />

tratamento, a mais ansiosa, a mais aflita,<br />

podendo esta conhecer todas as suas outras<br />

identidades. Não fora do comum, as identidades<br />

que vão sendo construídas, apresentam os<br />

grandes temas da sua vida, transformados pelas<br />

suas vivências, tais como os perseguidores<br />

internos, vivências juvenis, vítimas de abandono<br />

e/ou abuso, protetores e personalidades<br />

engrandecidas. Entre as diferentes pessoas com<br />

múltipla personalidade há uma dinâmica comum:<br />

há um agressor e há uma vítima, não obstante a<br />

quantidade de personalidades. O agressor agride<br />

de<br />

o exterior e a vítima é o em relação ao exterior. O<br />

nucleo central está sempre presente, motor da<br />

divisão.<br />

Cesare Beccaria<br />

DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

Fevereiro CONSCIENTE 21


DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

‘ As histórias dos pacientes dissociativos estão repletas de<br />

indicações para eletrochoques, tratamento farmacológico<br />

injustificado, nos quais se incluem os tranquilizadores<br />

major que podem agravar a dissociaçao’<br />

Mcwilliams, 1989<br />

Sem nos queremos alongar muito sobre a definição ou estabelecimento de limites da múltipla<br />

personalidade, importa resumir este pequeno esclarecimento, através de um dos autores que<br />

estudou este tipo de perturbação, que foi Richard Kluft, que em 1991, publicou determinadas<br />

condições que podem ajudar a compreender a múltipla personalidade. Apresentamos algumas<br />

destas.<br />

1. é uma condição de quebra de limite<br />

2. É uma condiçao de mau controlo subjetivo com ataques e mudanças suportados<br />

passivamente<br />

3. É de natureza involuntária, os individuos com multipla personalidade não escolheram ser<br />

traumatizados, descobrindo que o seus sintomas estão fora do seu controlo<br />

4. É uma condição de trauma soterrado e de isolamento do afeto<br />

5. É uma condição de separação e conflito percebidos entre as personalidades alternativas<br />

6. É uma condição que ocorre de experiências de subjugação<br />

Um dos casos mais conhecidos de múltipla<br />

personalidade é de Eva White. Real e descrito em<br />

diferentes literaturas de saúde mental, foi retratado<br />

no cinema como The Three faces of Eve, datado de<br />

1957 e que mereceu à atriz que desempenhou o<br />

papel, o oscar de melhor atriz. Eva White é uma<br />

mulher comum, dona de casa, casada e com uma<br />

filha. Procura, juntamente com o seu marido, um<br />

terapeuta, para dar resposta e tratar as suas dores<br />

de cabeça terríveis e os seus lapsos de memória.<br />

Tambem é descrito pelo marido com<br />

comportamentos e atitudes que não eram comuns<br />

para a sua esposa. Eva White inicia as consultas e ao<br />

longo destas, o terapeuta vai descobrindo e<br />

desconfiando que se trata de um caso de multipla<br />

personalidade, com a aparição de Eva Black, uma<br />

mulher bem disposta, que gosta de fumar, beber,<br />

descontraída e muito sedutora. Fala do mal do<br />

marido de Eva White e está desejosa de se livrar<br />

dele e da filha de ambas. Chega um dia, por ter sido<br />

contrariada pelo marido de Eva white, a estrangulala<br />

com um cordão dos estores. É internada num<br />

hospital até os terapeutas perceberem melhor o seu<br />

comportamento e por ordem médica fica<br />

aconselhada a não sair da cidade onde estes se<br />

encontram para que a possam ajudar. O marido<br />

viaja e leva consigo a filha, procura outros médicos<br />

que lhe falam em farsa. Pouco estudado para a<br />

altura, tambem é retrado em filme, o descrédito que<br />

Eva White mantinha junto das outras pessoas,<br />

inclusivé o marido. Por esta razão, o casal passa por<br />

tremendos conflitos.<br />

22 CONSCIENTE Fevereiro


DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

No filme, o seu marido faz-lhe um ultimato: ou esta<br />

viaja com ele ou separa-se desta. Eva White, em<br />

receio, em consciência do comportamento da sua<br />

outra personalidade—Eva Black—, decide ficar perto<br />

dos terapeutas. Sosinha arranja emprego e tenta<br />

viver uma outra vida. Contudo a personalidade de<br />

Eva Black vai-se manifestando cada vez mais. Sai à<br />

noite, namora com diferentes homens que conhece<br />

em clubes nocturnos, impondo-se cada vez mais a<br />

Eva White, que desamparada pela sua família se vê<br />

incapaz de se impôr à personalidade mais<br />

dominante. Não desiste da terapia que consiste em<br />

conhecer o trauma psíquico, trauma de infância que<br />

Eva teria passado para que a sua personalidade se<br />

dividisse em duas. Ao longo de mais sessões, e<br />

estando cada vez pior, revela-se uma terceira<br />

personalidade, uma jovem amnésica mas<br />

igualmente adorável, menos reprimida e<br />

atormentada que Eva White e menos tresloucada<br />

que Eva Black: a Jane. Uma simpática jovem sem<br />

memória, que trabalha— tal como a Eva White e a<br />

Eva Black— que conhece um outro homem e por<br />

quem se apaixona. Em tratamento, vai recordando a<br />

infância, mesmo em personalidades alternadas, e<br />

relembrando o seu passado. Cansada de lutar contra<br />

Eva Black, a sra. Eva White dá-se por vencida, pelo<br />

sofrimento, desgaste e destruição na sua vida espera<br />

que a Jane, consiga dominar Eva Black. O terapeuta<br />

começa a investir na ausência de memória de Jane,<br />

até à sua infância, de recordação em recordação<br />

chega ao trauma principal—o beijo que a Jane<br />

criança teve que dar à sua avó morta — ‘se beijasse a<br />

morta, era uma doce despedida, se não era um<br />

descaso’ . A partir daqui como Jane, Eva White<br />

começa a recordar o seu passado, desde a infância, a<br />

escola, a adolescência, até à fase adulta. A terapia<br />

avança com a constituição da força psíquica de Jane.<br />

Casa-se com o homem que conheceu que sabia da<br />

sua situação e é-lhe dada a guarda da filha, vivendo<br />

como Jane. Tendo consciencia de Eva White e Eva<br />

Black que desapareceram ao longo das sessões<br />

terapêuticas. Filme que retrata a realidade na<br />

medida do possível, contudo a não perder.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 23


DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />

Outro caso bem conhecido é da norte-americana<br />

Trudi Chase que viveu com 92 personalidades na<br />

sua mente, durante a sua vida inteira. Tem tambem<br />

um período de psicoterapia que a levou a escrever o<br />

livro When the Rabbit Howls, uma autobiografia<br />

escrita na primeira pessoa. Trudi Chase era uma<br />

rapariga de 2 anos de idade quando foi, pela<br />

primeira vez, abusada sexualmente pelo padrasto,<br />

assim relata. Afirma igualmente que a mãe<br />

abusava psicologicamente dela. Fugiu de casa,<br />

estudou, trabalhou e casou. Teve uma filha de<br />

quem cuidou, mesmo com as suas personalidades.<br />

Teve uma vida de sofrimento, mas com as suas<br />

‘tropas’ nunca esteve sozinha. As ‘tropas’ foi o<br />

nome que a Trudi deu ao conjunto de<br />

personalidades que a co-habitavam. A mais nova<br />

desta tinha cerca de 5/6 anos chamada MabChop e<br />

o mais velho, com cerca de 1000 anos, filósofo e<br />

poeta escocês chamado Ean. Haviam tambem três<br />

mulheres chamadas Catherine: a Lady Catherine<br />

que era sofisticada e falava de forma dissimulada, a<br />

Black Catherine que continha e representava a<br />

raiva pelas ‘tropas’ e a irmã Catherine, que fazia<br />

sempre aquilo que era correto. Na Truddi, tambem<br />

co-existia o Mean John , que era grande e negro e<br />

que a defendia, éra capaz de matar pelas tropas ou<br />

a Miss Wonderfull que não tinha qualquer noção<br />

do que era sexual. A ‘10-4’ que era outra mulher,<br />

uma mulher de negócios que conseguia vender<br />

qualquer coisa a qualquer pessoa e até uma<br />

adolescente de 12 anos que gostava de desenhar e<br />

que assistiu às atrocidades que o padrasto foi<br />

fazendo à Trudi durante anos. Nesta mulher<br />

existiam tantas personalidades que esta nunca se<br />

sentia sozinha, falava de si utilizando a palavra<br />

‘nós’, tinha consciência dos abusos que tinha<br />

sofrido bem como das suas outras 91<br />

personalidades. A aceitação de pessoas que ela,<br />

Trudi devia fazer, era efetuada pelas suas ‘tropas’<br />

que respondiam por ela. Vinham ao seu socorro,<br />

uma vida inteira. O terapeuta de Trudi defendia<br />

para ela a integração das suas personalidades na<br />

própria Trudy, a menina que tinha sido abusada<br />

sadicamente e constantemente, contudo, ela não<br />

aceitava e não aceitou a ‘morte’ das suas ‘tropas’ em<br />

prol dela mesma. Dizia que integração não,<br />

cooperação. Trudy continuou em terapia, contudo a<br />

integração numa só personalidade, pelo aquilo que<br />

temos conhecimento nunca aconteceu. Foi feliz,<br />

dentro dos seus moldes de ser, com a sua família—<br />

marido e filha— e viveu a vitória perante os seus<br />

abusadores, que foi nunca a terem conhecido, pelas<br />

“tropas” que se foram constituindo dentro dela.<br />

Faleceu em maio de 2010.<br />

24 CONSCIENTE Fevereiro


Outubro CONSCIENTE 25<br />

DOSSIER EXPERIÊNCIA


Outros casos foram estudados, como é reportado<br />

num programa de 1993, da American Undercover,<br />

produzido por Constance Mierendorf, PhD., em<br />

colaboração com diversos hospitais tais como<br />

Garland Community Hospital, Oaks hospital,<br />

Rush Northshore Medical Center, Cottonwood<br />

Hospital, entre outros. Neste programa, surge-nos<br />

o caso de Grecthen, uma jovem mulher, de 34 anos,<br />

divorciada com dois filhos. Começa a fazer terapia<br />

para perceber o que se passa com ela e é<br />

diagnosticada com múltipla personalidade. Uma<br />

destas personalidades, é uma menina pequena,<br />

com cerca de 8 anos. Comporta-se e fala como uma<br />

criança pequena. Ingénua e que não percebe o<br />

mundo dos adultos. Fala das outras personalidades<br />

não sabendo ao certo quem são mas que estão<br />

muitos magoadas. É uma criança despreocupada<br />

que se diz feliz. Grecthen, voltou à escola para<br />

completar os estudos em especial arte. De vez<br />

enquanto tem ataques de panico na escola e como<br />

não consegue fugir ou sair dos lugares onde está,<br />

uma das outras personalidades mais agressivas sai.<br />

Uma dessas, chama-se myself e estuda , esculpe e<br />

pinta pela Grecthen. Fala desta com desprezo. É<br />

mais forte mas tambem mais crítica e agressiva. A<br />

Gecthen não tem noção ou consciência quando as<br />

outras personalidades tomam a dianteira na sua<br />

vida comum. Sente que é puxada para trás e<br />

abafada. Sente-se desligada e muito longe. A<br />

personalidade myself, mutila a Grecthen com<br />

grande violência pondo em perigo a sua vida, desta,<br />

a verdadeira personalidade. Odeia a Grecthen, quer<br />

matá-la porque não a deixou de crescer, desde os 14<br />

anos, desde que a Grecthen se começou a interessar<br />

por rapazes e a namorar, e a myself, não queria<br />

participar nesses namoros. myself afirma que<br />

nínguem nunca a vai tocar nunca mais. Grecthen<br />

fala dos seus comportamentos usando a palavra<br />

‘nós’ e tem necessidade em terapia de saber o que a<br />

levou aquela estado de múltipla personalidade,<br />

para que possa controlar os seus comportamentos.<br />

Todas as personalidades de Grecthen se recordam<br />

ou do sofrimento que esta sofreu ou dos próprios<br />

actos, menos a Grecthen. As outras personalidade<br />

querem contar o que realmente se passou e por isso<br />

agridem a Grecthen que não se lembra de nada. As<br />

tentativas de recordação dos abusos sexuais de que<br />

foi alvo, leva a Enigma uma 4ª personalidade de<br />

onde emerge um ódio ainda maior do que da<br />

myself. Deseja matar a Grecthen, colocando-se no<br />

lugar do agressor, de outrora. Não ficamos a<br />

perceber qual o abuso que Grecthen sofreu.<br />

Percebemos que está ligado à temática sexual e com<br />

seguimento na sua juventude. Sabemos que a<br />

intenção dos terapeutas era mostrar em video as 3<br />

personalidade—a criança, myself e enigma, para<br />

que Grecthen possa ir ligando os acontecimentos<br />

do passado e a aparição destas diminuir. Ficamos<br />

sem saber o progresso da sua terapia. Outro caso<br />

divulgado e impressionante é o de uma mulher<br />

chama Bárbara, casada com duas filhas, de 39 anos<br />

que tem 5 personalidades a contar com a principal.<br />

Todas elas guardam memórias da tortura sádica e<br />

abuso sexual contínuo provenientes do pai que<br />

levava amigos para casa, para tambem abusarem<br />

da criança Bárbara. Das suas personalidades<br />

retemos a Mae, uma menina, pequena com cerca de<br />

4 anos, que gosta da cereais, não vê com os óculos<br />

graduados de Bárbara, por isso retira-os. Gosta de<br />

desenhar e brincar com as filhas de Bárbara. Uma<br />

ida às compras com a família ao hipermercado ou<br />

uma brincadeira com uma das suas filhas, e<br />

Bárbara vira a menina. Fala como uma menina e<br />

não compreende o marido de Barbara pois é uma<br />

menina. Uma outra é uma adolescente chamada<br />

Dj, que não se relaciona com a familia de Bárbara,<br />

fuma, ouve música e televisão, gosta de comer no<br />

sofá enquanto a família de Bárbara janta à mesa.<br />

Afirma que não é casada com nínguem, que gosta<br />

dos filhos da Bárbara mas não são seus filhos. Fala<br />

com trejeitos de adolescente. Tambem aparece<br />

quando a Bárbara tem que conduzir uma vez que é<br />

tarefa que a deixa muito nervosa.<br />

26 CONSCIENTE Fevereiro


A Bárbara não tem memória de muitos<br />

acontecimentos tais como é o caso do nascimento<br />

dos filhos. Tambem não tem memória dos abusos<br />

consecutivos do pai ou dos abusos sexuais coletivos<br />

dos homens que o pai encontrava em bares e levava<br />

até à sua casa. Depois do acto consumado com a<br />

filha menor, o pai recebia dinheiro dos<br />

desconhecidos. O abuso e a tortura do pai de<br />

Bárbara a esta eram tantos que chegou um dia a<br />

queimar vivo um dos pequenos gatos que Bárbara<br />

tinha em criança, à sua frente. As memórias estão<br />

bem presentes na 3ª personalidade de Bárbara,<br />

Audrey, uma outra rapariga de 7 anos, que tem<br />

medo do pai de Bárbara. As personalidades de<br />

Bárbara são cooperativas na terapia, contudo há<br />

duas que não. Uma delas, a 4ª, é um adolescente,<br />

que utiliza calão e não quer falar com o terapeuta.<br />

Devon, é um dos rapazes que Barbara criou para<br />

lidar com a falta de proteção que sentiu quando era<br />

abusada. Devon, chega é muito violento. Um dia<br />

deu um murro numa parede com tanta força que<br />

chegou a partir os ossos dos dedos. Faz mal a<br />

Barbara ou dito de outra forma auto-inflinge-se . As<br />

personalidades de Bárbara guardam as memórias<br />

de Bárbara e vivem mesmo uma vida diferente<br />

desta. Quando esta emerge, passado umas horas ou<br />

uns dias, pode se encontrar longe de casa ou até<br />

noutro estado. Há ainda uma 6ª personalidade em<br />

Barbara que é a Carrie, que tem igualmente<br />

recordação dos abusos do pai de Barbara, contudo<br />

era a esta e não a ela—Carrie-. Tem outra atitude<br />

na vida, veste roupas apertadas, ao contrario de<br />

Bárbara, e é descontraída com o seu corpo. Não<br />

sente qualquer respnsabilidade para com a família<br />

de Bárbara. Rouba dinheiro ao marido de Barbara<br />

para comprar roupas, joias e perfumes e quando<br />

não tem, é capaz de passar cheques falsos. Sente-se<br />

presa e afirma que não tem vida, sente-se usada.<br />

Afirma que só lhe é permitido emergir quando mais<br />

ninguem quer aquele cenário (a realidade). Em<br />

caminho da terapia, mais uma vez as<br />

personalidades de uma pessoa com múltipla<br />

personalidade se juntaram para a matar. Devon<br />

chegou a pegar fogo ao seu próprio veículo, estando<br />

no seu interior. Bárbara sobreviveu e continuou a<br />

ser efetuado o trabalho de ligação e integração<br />

intenso para um caso como o de Barbara. Muitos<br />

outros casos, são documentados e até retratados no<br />

cinema. De forma estrondosa ou ‘apenas’ chocante,<br />

os casos de múltipla personalidade demonstramnos<br />

como a força de uma mente, brilhante,<br />

conseguem fazer frente a sofrimentos quase<br />

inimagináveis para a maioria. Concordamos<br />

quando autores psicanalíticos defendem que a<br />

múltipla personalidade pende, eventualmente para<br />

um dos grandes troncos em psicopatologia—a<br />

neurose e a psicose, e portanto mediante a sua<br />

tendência, assim será o trabalho terapêutico de<br />

ligação, contenção e integração dos diferentes Eu’s<br />

num todo, assim tambem serão as reações à<br />

terapia e a relação estabelecida com o terapeuta ou<br />

terapeutas e a sua evolução—cooperação ou<br />

agressão –. O sofrimento, como podemos perceber,<br />

é extremo. E a confusão com a histeria ou outro<br />

qualquer fenómeno pode ocorrer, mas a<br />

dissociação e as identidades bem distintas, são<br />

referências importantes para o diagnóstico de<br />

múltipla personalidade. A confusão com a<br />

encenação e a acusação de que se é mentiroso leva<br />

muitas vezes a indivíduos com múltipla<br />

personalidade nunca procurarem ajuda, o que pode<br />

colocar a sua vida em perigo. As dinâmicas das suas<br />

personalidades com alguma complexidade, e que<br />

ao longo da vida, vão brotando, leva-nos tambem a<br />

pensar que entre estas, é comum a presença de um<br />

agressor, de uma vítima, de uma criança, e de um<br />

protetor. A identificação com o agressor está<br />

presente de forma exacerbada, ao nível do<br />

sofrimento da vítima, bem como a criança que<br />

remonta ao tempo em que a pessoa adulta, múltipla<br />

personalidade, foi abusada. Por fim, o protetor,<br />

que nem sempre pode proteger como função única<br />

mas tambem pode ser abusivo (cont)<br />

Fevereiro CONSCIENTE 27


por conter partes agressivas e de revolta contra o<br />

agressor externo, não o que se criou ou constituiu<br />

por identificação ou desidentificação natural. A<br />

estas muitas outras personalidades ou outros Eu’s<br />

se podem juntar tais como adolescentes,<br />

extrovertidos ou dominantes, partes de latência com<br />

uma amnésia mais ou menos vaporosa ou ainda<br />

ponderados e mais coerentes. Diferentes partes de<br />

uma mesma pessoa que evoluíram e se<br />

desenvolveram, em ligação a esta mas distintos, que<br />

acompanham, face ao abandono extremo face a um<br />

acontecimento, habitualmente, contínuo de abuso e<br />

tortura cruel. Cada alter Ego diferente, com a sua<br />

própria idade, sexo ou raça. Cada um de forma<br />

particular de percepcionar a realidade. Cada um<br />

com os seus próprios pensamentos, gestos,<br />

maneiras, gostos e postura, carregando a memória<br />

traumática que a personalidade hospedeira não<br />

retém ou contém. Mais fortes ou menos, emergem<br />

sempre quando são requisitados, alegando a sua<br />

própria vida, para grande angústia e desespero do<br />

hospedeiro ou personalidade principal. Emergem<br />

tambem quando o traumatismo está associado a<br />

algum acontecimento similar, quando precisam de<br />

ter a coragem que o hospedeiro não tem. Para cada<br />

caso, as suas personalidades surgem para tomar a<br />

dianteira face à realidade que nunca se perde.<br />

Quando uma personalidade aparece, dá-se um<br />

processo que se chama de comutação. Este não tem<br />

tempo ou indicação clara para ocorrer, podendo se<br />

passar em segundos, em minutos ou durante dias,<br />

com um simples revirar dos olhos, ou como uma<br />

sessão cinematográfica de exorcismo ou de um ator<br />

a mostrar como se entra numa personagem. Tudo<br />

dependerá não só da cisão e do sofrimento no qual o<br />

indivíduo está implicado, da angústia que as<br />

circunstâncias levam o hospedeiro a refugiar-se ou a<br />

ser abafado por uma das outras suas<br />

personalidades. Uma coisa entre esta reflexão sobre<br />

a múltipla personalidade há a reter: há um<br />

sofrimento extremo em pessoas com múltipla<br />

personalidade, sofrimento que inunda e divide a<br />

personalidade em pedaços construídos<br />

brilhantemente pela mente do hospdeiro, para<br />

assim sobreviver, viver .<br />

Deixamos por fim, um filme. Chegará à sala dos<br />

cinemas brevemente e retrata um caso de multipla<br />

personalidade de 24 identidades, distintas, que são<br />

dadas a conhecer a três adolescentes que são<br />

raptadas pelo indivíduo de múltipla personalidade.<br />

É um filme americano, exagerado mas que valerá a<br />

pena ver: SLIP.


SUPER ALIMENTOS<br />

E. Coli.<br />

A<br />

E. coli é uma bactéria Gram<br />

negativa que pertence à família das<br />

Enterobacteriaceae. Esta bactéria<br />

apresenta a forma de bastonete<br />

(bacilo) e pode ser imóvel ou móvel por flagelos. O<br />

seu habitat natural é a flora intestinal dos<br />

humanos e outros animais de sangue quente. A<br />

E.coli tem vindo a ser estudada ao longo dos<br />

tempos e já em 1940 foram estabelecidas e<br />

definidas medidas preventivas e de controlo pelos<br />

30 CONSCIENTE Fevereiro<br />

Por Ana Filipa Coelho<br />

A e.coli é uma bactéria em que o seu habitat natural é a flora<br />

intestinal dos humanos e outros animais. Algumas estirpes<br />

desta bactéria são patogénicas para nós, sendo que existem<br />

diversas formas de contaminação, como através do contacto<br />

com os animais, humanos ou por ingestão de alimentos<br />

contaminados. Normalmente, a e.coli está presente em<br />

alimentos mal confecionados, fumados, produtos lácteos e<br />

frutas e vegetais frescos. A contaminação alimentar provocada<br />

por esta bactéria é difícil de controlar, mas pode ser prevenida<br />

se tivermos em conta as regras básicas de higiene e segurança<br />

alimentar. Devido ao aumento dos surtos em todo o mundo, a<br />

população em geral e a industria alimentar estão mais em alerta<br />

e estão implementados vários sistemas de forma a prevenir a<br />

proliferação desta bactéria.<br />

.<br />

países desenvolvidos, bem como pela industria<br />

alimentar.<br />

Atualmente existem 4 estirpes de E.Coli:<br />

Escherichia coli enteropatogénica (EPEC);<br />

Escherichia coli enteroinvasiva (EIEC);<br />

Escherichia coli enterotoxigénica (ETEC);<br />

Escherichia coli enterohemorrágica<br />

(EHEC).


A estirpe que é mais estudada é a EHEC O157:H7<br />

(principal estirpe patogénica associada ao consumo de<br />

alimentos). Entretanto em 2011 ocorreu um surto de<br />

uma nova estirpe – E.coli O104:H4 - que invadiu a<br />

Alemanha e se estendeu ao longo da Europa,<br />

provocando em alguns países mortes. Vejamos então,<br />

quais são as condições que permitem o seu<br />

crescimento e sobrevivência:<br />

de refrigeração, apesar desta situação diminuir após 1<br />

a 5 semanas de armazenamento. No caso da estirpe<br />

O157:H7 não ocorre qualquer redução do crescimento<br />

quando os alimentos são armazenados a temperaturas<br />

de -20ºC (congelação).<br />

pH<br />

Temperatura<br />

Algumas estirpes da e.coli conseguem crescer em<br />

ambientes com temperaturas entre os 7-46ºC e têm<br />

uma temperatura óptima de crescimento entre os 35-<br />

40ºC. Normalmente, a e.coli sobrevive a temperaturas<br />

O efeito do pH depende do ácido presente nos<br />

alimentos. Por exemplo, a E.coli consegue desenvolver<br />

-se quando presente em alimentos com pH 4,5 com<br />

ácido clorídrico, mas já não consegue crescer com o<br />

mesmo pH quando presente com ácido láctico. No<br />

caso, dos queijos com pH inferiores a 5,4 não há<br />

crescimento das estirpes.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 31


Como já foi referido anteriormente, o principal<br />

habitat da e.coli é no trato intestinal dos humanos e<br />

de animais de sangue quente, ou seja, a maioria das<br />

estirpes estão localizadas na flora dos mamíferos.<br />

Algumas estirpes são patogénicas para o Homem e<br />

outras para os animais e existem três formas de<br />

transmissão das infeções causadas pela e.coli:<br />

contacto direto com os animais, contacto com<br />

humanos (caso uma pessoa infectada não lave as<br />

mãos depois de ir à casa de banho) e consumo de<br />

alimentos contaminados.<br />

Porém as estirpes patogénicas para os humanos que<br />

são transportados pelos animais representam um<br />

risco de infeção por diversas formas, vejamos:<br />

1ª Via: Fecal – Oral durante a criação de animais;<br />

2ª Via: Contaminação dos solos, quando os<br />

excrementos dos animais são utilizados como<br />

fertilizantes;<br />

3ª Via: Durante o abate, quando as medidas de<br />

segurança não são cumpridas, pode ocorrer<br />

contaminação fecal das carcaças;<br />

4ª Via: Consumo de leite cru contaminado;<br />

5ª Via: Consumo de leite proveniente de vacas com<br />

mastites causadas pela e.coli;<br />

6ª Via: Consumo de água contaminada.<br />

*Não podemos deixar de referenciar a água de rega,<br />

caso esteja contaminada com esgotos humanos,<br />

será uma via de contaminação dos alimentos. Por<br />

isso é necessário que a segurança alimentar e saúde<br />

publica estejam cada vez mais presentes no nosso<br />

país.<br />

Segue uma imagem ilustrativa relativamente às vias<br />

de contaminação:<br />

32 CONSCIENTE Fevereiro


contaminação é a ingestão de alimentos com a<br />

presença da bactéria. Pelos surtos terem<br />

aumentado no mundo inteiro, a população em<br />

geral e a indústria alimentar estão em alerta<br />

perante a severidade e taxa de mortalidade<br />

associada a esta bactéria. No que se refere aos<br />

problemas causados pela contaminação da e.coli,<br />

os principais alimentos que se devem ter em<br />

atenção são: as carnes mal cozinhadas, peixes<br />

fumado e o leite cru ou produtos lácteos (deve<br />

verificar sempre se no rótulo consta a palavra<br />

“pasteurizado”, pois quando presente significa que<br />

o produto foi esterilizado e as bactérias foram<br />

destruídas), frutas e vegetais frescos (caso tenham<br />

sido regadas com águas contaminadas pelas fezes<br />

de animais infetados). De uma forma geral, a e.coli<br />

quando detetada em grandes quantidades pode<br />

causar alguns problemas, por isso deve estar<br />

atento alguns sintomas tais como, dor de<br />

estômago, dor abdominal, falta de apetite,<br />

vómitos, diarreia (que pode surgir em situações<br />

mais graves), febre. No caso da estirpe e.coli<br />

enterotoxigénica o sintoma mais conhecido é a<br />

diarreia do viajante. Os sintomas variam<br />

consoante a estirpe desenvolvida, bem como os<br />

grupos de risco. Vejamos no caso da e.coli<br />

enterotoxigénica as crianças e os viajantes que<br />

circulam entre países em vias de desenvolvimento<br />

são os principais grupos de risco. A EPEC, assim<br />

chamada, afeta maioritariamente crianças de<br />

países subdesenvolvidos que são alimentadas a<br />

biberão em que é utilizada água contaminada.<br />

Qualquer pessoa pode ser contaminada por e.coli<br />

contudo seguindo algumas normas de higiene<br />

ficará protegida contra esta batéria.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 33


Como Prevenir a E. Coli ?<br />

Siga<br />

estes<br />

passos<br />

1º: Deve lavar as mãos, utensílios com água quente e detergente, depois<br />

de contacto com alimentos crus (evitar a contaminação cruzada);<br />

2º: Beber apenas alimentos pasteurizados, nomeadamente o leite e<br />

sumos;<br />

3º: As frutas e os vegetais devem ser bem lavados quando consumidos<br />

em cru;<br />

4º: Beber água tratada;<br />

5º: Após ir à casa de banho deve lavar bem as mãos;<br />

Relativamente a dados sobre a contaminação desta bactéria ainda não existem os oficiais em Portugal, mas os<br />

estados membros da União Europeia e os EUA têm vindo introduzir gradualmente um sistema abrangente<br />

para inspecionar os alimentos mais suscetíveis à contaminação. Este sistema deve estar presente quer durante<br />

a criação até aos matadouros dos animais, bem como, ao longo da distribuição em camiões para<br />

supermercados, restaurantes, hospitais e escolas. Sendo assim, é importante e essencial que os códigos de boas<br />

práticas de segurança alimentar e ações corretivas estejam implementadas nos estabelecimentos, pois o<br />

principal objetivo é diminuir a contaminação fecal e por conseguinte, os problemas associados à contaminação<br />

por e.coli. De forma a colmatar e diminuir os surtos de contaminações por e.coli, a implementação de sistemas<br />

preventivos são fulcrais de forma a colocar à disposição dos consumidores alimentos seguros. Um dos sistemas<br />

muito conhecido é o HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points) que deve ser implementado ao<br />

longo da cadeia e consiste na análise de perigos e controlo de pontos críticos. A contaminação alimentar por<br />

e.coli é difícil de controlar, mas podemos minimizar o seu perigo utilizando as regras básicas de higiene e<br />

segurança alimentar . Em Portugal existem organismos que ajudam nesse procedimento como é o caso da<br />

Asae.<br />

34 CONSCIENTE Fevereiro


Outubro CONSCIENTE 35


BOAS<br />

LEITURAS<br />

O Envagelho segundo<br />

Lázaro<br />

Richard Zilmer<br />

No novo testamento, ficamos a saber que<br />

jesus ressuscitou Lázaro, contudo,<br />

segundo o envagelho de S. João, a<br />

ressuscitação levanta questões que o<br />

autor Richard Zilmer pretende responder<br />

através da obra : O Envagelho segundo<br />

Lázaro.<br />

Livro selecionado para leituras de 2016,<br />

pelo Jornal EXPRESSO, PUBLICO<br />

Edição/reimpressão: 2016<br />

Páginas:456<br />

Editor:Porto Editora<br />

15,93€<br />

As Coisas<br />

que te<br />

caem dos<br />

Olhos<br />

Gabriele Picco<br />

«Uma pedra preciosa.»<br />

La Stampa<br />

«Picco consegue combinar vários<br />

géneros de arte de forma assombrosa»<br />

Tutto Libri<br />

«Uma fantasia entrelaçada com<br />

deslumbramento infantil»<br />

Giornale di Brescia<br />

«Um romance para todos os públicos.»<br />

La Vanguardia<br />

Edição/Reimpressão: 2012<br />

Páginas: 216<br />

Editor: Contraponto<br />

10,00€<br />

38 CONSCIENTE Fevereiro


Os Malaquias<br />

Andréa Del Fuego<br />

Serra Morena. Um raio esturrica um casal, em luz e carne. Os<br />

filhos ficam orfãos , com destinos diferentes. António é o<br />

menino que não cresce, Nico, o mais velo, foi engolido por um<br />

Bule de Chá, e Julia é uma menina em fuga permanente....<br />

Vencedora do Prémio literário José Saramago 2011<br />

Um Livro que vale a pena Ler!<br />

Edição/Reimpressão: 2012<br />

Páginas: 200<br />

Editor: Porto Editora<br />

15,50€<br />

O Livro de<br />

Pantagruel<br />

Jorge Brun do<br />

Canto, Maria<br />

Manuela<br />

Caetano,Berta<br />

Rosa-Limpo<br />

Sem precisar de<br />

apresentação, o<br />

indispensável, ainda. A 74ª<br />

edição da maior obra de culinária em lingua<br />

portuguesa<br />

Hotel<br />

Vendôme<br />

Danielle Steel<br />

O hotel era velho, estava em mau estado. Mas<br />

para Hugues Martin, hoteleiro de origem<br />

suíça, ele é um diamante em bruto escondido<br />

numa rua sossegada de Nova Iorque. Por<br />

isso, junta todas as migalhas que consegue<br />

para comprar o edifício e transformá-lo num<br />

dos hotéis mais luxuosos do mundo.......<br />

Edição/Reimpressão: 2010<br />

Páginas: 1192<br />

Edição: Temas e Debates<br />

49,90 €<br />

Edição/Reimpressão:2016<br />

Páginas: 312<br />

Editor: Bertrand<br />

16,60€<br />

Fevereiro CONSCIENTE 39


ACONTECIMENTOS DE VIDA<br />

Viver em<br />

STRESS<br />

Por Jessica Lopes<br />

Stress é talvez um dos termos relacionados com a saúde<br />

mais popularizados e sobreutilizados. Utilizado para<br />

caracterizados tudo o que possa ter um impacte<br />

negativo na nossa vida: um patrão exigente, o trânsito<br />

até ao trabalho de manhã, o barulho dos vizinhos. Mas<br />

afinal o que é o stress? E merecerá este termo todo o<br />

dissabor que lhe tem vindo a ser atribuído? Por outro<br />

lado, sendo o stress crónico e níveis elevados de cortisol,<br />

considerados por peritos como ocupantes do pódio dos<br />

inimigos da saúde pública, como tornar viver com<br />

stress uma experiência positiva?<br />

42 CONSCIENTE Fevereiro


No século XIX, o aclamado fisiologista e médico<br />

francês Claude Bernard chamou a atenção para a<br />

importância crítica de manter o nosso “ambiente<br />

interno” constante e equilibrado face aos diferentes<br />

fatores externos que o possam influenciar. Para<br />

Bernard, este equilíbrio era fator essencial para a<br />

manutenção da vida. No início do século seguinte<br />

(1929), o também fisiologista Walter Cannon criou<br />

o termo homeostase para apelidar este equilíbrio.<br />

Pouco tempo mais tarde, em 1936, o<br />

endocrinologista Hans Selye usaria pela primeira<br />

vez o tão usado termo “stress” para denominar a<br />

resposta do corpo há necessidade de mudança, ou<br />

seja, quando o corpo é exposto a fatores – stressores<br />

- que ameacem a homeostase. Apesar de ser<br />

comumente usado, o termo stress subjetivo é difícil<br />

de definir e parte do significado original que Selye<br />

tentou transmitir acabou por ser perdido quando<br />

esta palavra adquiriu, no seu uso, uma conotação<br />

quase exclusivamente negativa. Stress passou a ser<br />

o termo que descreve todos os fatores que têm um<br />

impacte negativo na nossa vida, e esquecidos<br />

ficaram os possíveis benefícios. Assim, Selye acaba<br />

por criar um termo alternativo – eustress – para<br />

denominar o stress positivo, caracterizado por<br />

sentimentos de antecipação, excitação e motivação<br />

para ação orientada, que representa um papel<br />

importante na produtividade. O contrário ao<br />

eustress é o distress, sendo que este último é<br />

caracterizado por ansiedade. Porque é que é<br />

importante falar sobre as diferenças e o que é que<br />

estas implicam para a nossa saúde? Apesar de,<br />

como já foi referido anteriormente, stress ser um<br />

dos conceitos de saúde mais popularizados, pouca<br />

atenção é dada aos efeitos, quer positivos (eustress)<br />

que negativos (distress) do stress. Um dos inimigos<br />

mais proeminentes à saúde pública é a hormona<br />

cortisol, popularmente chamada de “Hormona do<br />

Stress”. Esta hormona é a medida mais objetiva do<br />

stress que temos á nossa disposição, e embora vital,<br />

níveis de cortisol constantemente elevados levam a<br />

consequências em várias áreas de funcionamento:<br />

aprendizagem, memória, função do sistema<br />

imunitário, densidade óssea, aumento de peso,<br />

pressão arterial, colesterol…e a lista continua,<br />

incluindo o aumento do risco de desenvolver<br />

perturbações mentais (e.g. depressão) e a<br />

diminuição da esperança média de vida. Mas afinal,<br />

o que é a cortisol? E porque é que é esta a hormona<br />

do stress? A hormona cortisol é libertada em<br />

resposta a situações que implicam mobilização para<br />

a ação ou seja, nas palavras de Selye, a necessidade<br />

de mudança em resposta a fatores stressores. A<br />

libertação da hormona cortisol faz, assim, parte do<br />

mecanismo de luta-ou-fuga, talvez um dos<br />

mecanismos evolucionários mais referenciados, e<br />

no fundo é necessária para a preparação do<br />

organismo para a futura ação. Tanto o eustress<br />

(stress positivo), como o distress (stress negativo)<br />

envolvem a libertação de cortisol, sendo que ambos<br />

implicam a adaptação do organismo. (cont..)<br />

Fevereiro CONSCIENTE 43


Quando a cortisol é libertada, o organismo é<br />

mobilizado e está preparado para a ação, ação esta<br />

que se não for concretizada (e.g. luta ou fuga) leva<br />

à acumulação de cortisol no sangue. Esta é, então, a<br />

grande diferença entre os dois tipos de stress.<br />

Eustress está ligada a uma ação e objetivo<br />

específico, seja um atleta que compete, um aluno<br />

que se prepara para um exame, ou outras situações<br />

em que nos sentimos envigorados e mobilizados<br />

para agir. Estudos mostram que depois de atingido<br />

o objetivo, os níveis de cortisol descem<br />

naturalmente. Por outro lado, distress expressa-se<br />

por uma ansiedade constante que não é direcionada<br />

para nenhuma ação especifica e, por esse motivo,<br />

não promove a descida dos níveis de cortisol. Todos<br />

nós estamos sujeitos ao distress mas, felizmente,<br />

existem formas de facilitar a necessária descida dos<br />

níveis de cortisol e evitar ou, pelo menos, limitar as<br />

consequências negativas deste tipo de stress.<br />

44 CONSCIENTE Fevereiro


Regulação dos Afetos. Receita para viver com Stress<br />

Apesar de ser talvez o “remédio” mais conhecido, é importante reforçar que a atividade física,<br />

em particular atividades de treino cardiovascular, reduze os níveis de cortisol por oferecerem<br />

uma ação alternativa. Muitas das pessoas que praticam atividade física com regularidade<br />

acabam por sentir a sua falta quando esta é interrompida, sentindo-se mais agitadas e, claro,<br />

com maiores níveis de stress. Meditação, especialmente treino de mindfulness –<br />

anteriormente explorado nesta crónica – também mostra ser eficaz na redução dos níveis de<br />

cortisol, através da redução da ansiedade. E ainda a música, especialmente música que vai de<br />

encontro ao nosso estado emocional, mostrou ser também uma boa prática se o nosso<br />

objetivo é reduzirmos esta hormona. Vários estudos mostram que estas atividades (incluindo<br />

o exercício físico!) são estratégias que facilitam a regulação emocional e, assim, nos ajudam a<br />

gerir o distress. Para perceber a ligação entre o impacte relativo do distress e as nossas<br />

estratégias de regulação emocional, é interessante explorar brevemente os três sistemas de<br />

regulação emocional propostas pelo psicólogo Paul Gilbert. Gilbert fala nos sistemas de<br />

Drive/Impulso (que se traduz na procura de recursos), de Afetos (que promove a ligação<br />

aos outros) e de Ameaça (que deteta possíveis ameaças e nos mobiliza para nos protegermos<br />

destas). Refletindo sobre o que já sabemos sobre o stress, não é difícil perceber que este<br />

último sistema (Ameaça) descrito por Gilbert é aquele que melhor espelha o mecanismo<br />

subjacente ao distress. Afinal, os stressores para aos quais não encontramos soluções são<br />

percebidos como ameaças. Por outro lado, o sistema Drive ou de Impulso pode melhor<br />

explicar o eustress e a motivação para atingir objetivos. Por fim, e o mais relevante para a<br />

nossa missão de viver bem com o stress, o sistema Afetivo serve o propósito de ajudar a gerir<br />

o distress através das emoções antagónicas, como a sensação de segurança e conforto, que<br />

são promovidas pelas relações afetivas. Toda esta conversa para chegar a uma simples<br />

recomendação: não descurando a importância do exercício e da música, a melhor de vivermos<br />

com stress limitando e gerindo o seu inevitável lado negativo é investirmos no tempo passado<br />

com aqueles que mais nos são queridos.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 45


Uma Imagem<br />

Uma<br />

Reflexão<br />

LAGO NATRON—Tanzânia—Africa<br />

É um lago salgado com 3 m de profundidade, que evapora<br />

facilmente. Contem as cianobactérias de pigmento<br />

vermelho, as mesmas que coloram o lago de vermelho, as<br />

mesmas que servem de alimento aos flamingos e lhes<br />

corolam as penas<br />

46 CONSCIENTE Fevereiro


Fevereiro CONSCIENTE 47


46 CONSCIENTE Fevereiro


CAMINHOS A DESCOBRIR<br />

PARQUE<br />

TERRA NOSTRA<br />

É um jardim botânico que está localizado na Ilha de S. Miguel—Açores. Está perto do vale das Furnas,<br />

na essência, a meio das caldeiras e cursos de água que correm na cratera de 7 kilómetros de diâmetro<br />

que deu o nome ao Vale das Furnas. Vale a pena visitar. Paisagens Deslumbrantes. E já agora, aproveite<br />

para saborear o cozido à portuguesa das Furnas, os bolos lêvedos ou ainda o arroz doce das furnas.<br />

Fevereiro CONSCIENTE 49


Agenda<br />

Formativa<br />

Workshop ceramica raku<br />

20 e 21 Fevereiro de 2017<br />

Fundação do Oriente<br />

Mais informação: www.fundaçãooriente.pt<br />

Workshop ‘Mandarim’<br />

4 e 5 Fevereiro de 2017<br />

Fundação do Oriente<br />

Mais informação: www.fundaçãooriente.pt<br />

Workshop As<br />

Constelações de Inverno<br />

18 a 19 Fevereiro<br />

Foto Nature<br />

Mais informação: www.foto-nature.com<br />

50 CONSCIENTE Fevereiro


Workshop Macarrons<br />

4 de Fevereiro de 2017<br />

Fundação do Oriente<br />

Mais informação: www.comamorecarinho.com<br />

Congresso Massas e<br />

Cremes—’Mirror<br />

Cakes’<br />

5 de Fevereiro de 2017<br />

Mais informação: www.<br />

comamorecarinho.com<br />

Workshop—Sabão Natural<br />

11 de Fevereiro de 2017<br />

Mais informações: www.cervejartesanal.com<br />

Workshop—<br />

Produção de<br />

Plantas<br />

Aromáticas<br />

25 e 26 de Fevereiro de<br />

2017<br />

Mais informações:<br />

www.cantinhodasaromaticas.pt<br />

Workshop de Gin<br />

2 de Fevereiro de 2017<br />

Lisboa<br />

Mais informações: www.asdecopos.com<br />

Fevereiro CONSCIENTE 51


Quer saber se.......<br />

Que sentido mais utiliza?<br />

Que Sentido utiliza mais no seu dia-a-dia? Descubra, qual dos cincos sentidos—tacto, paladar, visão,<br />

audição,olfacto— é aquele que sempre a destacou, que a abrilhantou, secretamente ou em consciência.<br />

Das diferentes Afirmações que vai ler, responda SIM ou NÃO a cada uma delas. Aponte e no final<br />

contabilize:<br />

Nº de Sins<br />

Nº de Nãos<br />

Nº da Letra que mais se destaca. Verique os Resultados. Surpreenda-se. Conheça-se!<br />

C Lembro-me do sabor dos pratos da minha infância<br />

D Sinto prazer em comer com as mãos<br />

A Sei de que cor são o cabelo e olhos dos meus amigos<br />

B Conheço o toque do meu despertador<br />

E Mudo de perfume conforme os dias<br />

B Sou capaz de reconhecer as pessoas pela voz<br />

D Quando estou a olhar para uma estátua, sinto necessidade de lhe tocar<br />

A Sous sensível aos cenários num filme<br />

D Quando estou a cozinhar, gosto de mexer nos ingredientes com as mãos<br />

b Consigo associar com facilidade um trecho de música ao seu autor<br />

B Reconheço a voz de cantores ou de actores<br />

E Alguns cheiros incomodam-me<br />

A Tenho um bom sentido de orientação<br />

D Sou capaz de reconhecer objetos só pelo tacto<br />

C Gosto de ler livros de receitas ou guias de vinhos<br />

A Memorizo facilmente um trajeto depois de o ter feito uma vez<br />

52 CONSCIENTE Fevereiro


C Sou sensível a pratos muito condimentados<br />

B O barulho dos automóveis incomoda-me<br />

E Associo certos perfumes a recordações precisas<br />

D Gostaria de fazer sessões de massagem<br />

E Compro muitas vezes flores com cheiro forte<br />

C Dá-me prazer provar diferentes espécies de álcool<br />

C Vou muitas vezes a restaurantes<br />

E Sou sensível aos cheiros de cozinha<br />

A Lembro-me bem do rosto dos actores principais depois de ter visto um filme<br />

E Gosto mais do chieor do que do sabor de certos pratos<br />

Se a maioria das suas respostas foi SIM<br />

Não ignora os seus sentidos e utiliza-os em diversas circunstâncias. Por isso mesmo, consegue facilmente recorrer a<br />

eles para memorizar coisas<br />

Se a maioria das suas respostas foi NÃO<br />

Desenvolveu certos sentidos em detrimento de outros, utiliza-os prefencialmente no trabalho de memoriação. Isto não<br />

implica que o registo dos dados seja de má qualidade, talvez apenas mais frágil porque só trata parte da informação<br />

Se obteve um número mais ou menos equivalente de A, B, C, D, E<br />

Os seus sentidos não se excluem uns aos outros, trabalham em conjunto. Os sentidos educam-se em qualquer idade e é conhecendo-nos melhor que podemos identificar<br />

os nossos pontos fortes e aperfeiçoar os fracos. Retemos tanto melhor uma informação quanto mais profundamente ela for tratada - pela visão, pela audição e se for caso<br />

disso, pelo tacto, paladar ou olfacto<br />

Se obteve pelo menos 5 A<br />

Tem sem dúvida tendência a solicitar mais facilmente a visão para memorizar informações<br />

Se obteve pelo menos 5 B<br />

A sua memória auditiva predomina, talvez mesmo sem que disso se aperceba. Você faz parte daquelas pessoas que ficam impressionadas pelas músicas dos filmes, por<br />

exemplo.<br />

Se obteve pelo menos 4 C<br />

Pode considerar-se mais dentro da categoria dos gourmets que têm prazer em saborear um bom prato. A lembrança de uma refeição ou de um prato especial pode<br />

seguramente recordar-lhe um certo contexto e dessa maneira, reativar muitas outras lembranças. Foi o processo que imortalizou Marcel Proust: o sabor de uma madalena<br />

ensopada no chá trouxe à superfície numerosas reminiscências.<br />

Se obteve pelo menos 4 D<br />

Você privilegia o tacto, que permite a reativação de muitas memórias e que também está frequentemente associado à vida íntima. É um dos sentidos que se mantem, mais<br />

apurado ao longo da vida. É verdade tanto para a criança que adormece tranquilamente se a acariciam como para os muito idosos que só conseguem comunicar com o<br />

exterior através desse sentido.<br />

Se obteve pelo menos 4 E<br />

Solicita bastante o olfacto, sentido muitas vezes associado ao paladar. No seu caso, os cheiros reavivam memórias da vida quotidiana<br />

Fevereiro CONSCIENTE 53

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