Conciente_Fevereiro2017

Regulação dos Afetos. Receita para viver com Stress
Apesar de ser talvez o “remédio” mais conhecido, é importante reforçar que a atividade física,
em particular atividades de treino cardiovascular, reduze os níveis de cortisol por oferecerem
uma ação alternativa. Muitas das pessoas que praticam atividade física com regularidade
acabam por sentir a sua falta quando esta é interrompida, sentindo-se mais agitadas e, claro,
com maiores níveis de stress. Meditação, especialmente treino de mindfulness –
anteriormente explorado nesta crónica – também mostra ser eficaz na redução dos níveis de
cortisol, através da redução da ansiedade. E ainda a música, especialmente música que vai de
encontro ao nosso estado emocional, mostrou ser também uma boa prática se o nosso
objetivo é reduzirmos esta hormona. Vários estudos mostram que estas atividades (incluindo
o exercício físico!) são estratégias que facilitam a regulação emocional e, assim, nos ajudam a
gerir o distress. Para perceber a ligação entre o impacte relativo do distress e as nossas
estratégias de regulação emocional, é interessante explorar brevemente os três sistemas de
regulação emocional propostas pelo psicólogo Paul Gilbert. Gilbert fala nos sistemas de
Drive/Impulso (que se traduz na procura de recursos), de Afetos (que promove a ligação
aos outros) e de Ameaça (que deteta possíveis ameaças e nos mobiliza para nos protegermos
destas). Refletindo sobre o que já sabemos sobre o stress, não é difícil perceber que este
último sistema (Ameaça) descrito por Gilbert é aquele que melhor espelha o mecanismo
subjacente ao distress. Afinal, os stressores para aos quais não encontramos soluções são
percebidos como ameaças. Por outro lado, o sistema Drive ou de Impulso pode melhor
explicar o eustress e a motivação para atingir objetivos. Por fim, e o mais relevante para a
nossa missão de viver bem com o stress, o sistema Afetivo serve o propósito de ajudar a gerir
o distress através das emoções antagónicas, como a sensação de segurança e conforto, que
são promovidas pelas relações afetivas. Toda esta conversa para chegar a uma simples
recomendação: não descurando a importância do exercício e da música, a melhor de vivermos
com stress limitando e gerindo o seu inevitável lado negativo é investirmos no tempo passado
com aqueles que mais nos são queridos.
Fevereiro CONSCIENTE 45