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Conciente_Fevereiro2017

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A Bárbara não tem memória de muitos<br />

acontecimentos tais como é o caso do nascimento<br />

dos filhos. Tambem não tem memória dos abusos<br />

consecutivos do pai ou dos abusos sexuais coletivos<br />

dos homens que o pai encontrava em bares e levava<br />

até à sua casa. Depois do acto consumado com a<br />

filha menor, o pai recebia dinheiro dos<br />

desconhecidos. O abuso e a tortura do pai de<br />

Bárbara a esta eram tantos que chegou um dia a<br />

queimar vivo um dos pequenos gatos que Bárbara<br />

tinha em criança, à sua frente. As memórias estão<br />

bem presentes na 3ª personalidade de Bárbara,<br />

Audrey, uma outra rapariga de 7 anos, que tem<br />

medo do pai de Bárbara. As personalidades de<br />

Bárbara são cooperativas na terapia, contudo há<br />

duas que não. Uma delas, a 4ª, é um adolescente,<br />

que utiliza calão e não quer falar com o terapeuta.<br />

Devon, é um dos rapazes que Barbara criou para<br />

lidar com a falta de proteção que sentiu quando era<br />

abusada. Devon, chega é muito violento. Um dia<br />

deu um murro numa parede com tanta força que<br />

chegou a partir os ossos dos dedos. Faz mal a<br />

Barbara ou dito de outra forma auto-inflinge-se . As<br />

personalidades de Bárbara guardam as memórias<br />

de Bárbara e vivem mesmo uma vida diferente<br />

desta. Quando esta emerge, passado umas horas ou<br />

uns dias, pode se encontrar longe de casa ou até<br />

noutro estado. Há ainda uma 6ª personalidade em<br />

Barbara que é a Carrie, que tem igualmente<br />

recordação dos abusos do pai de Barbara, contudo<br />

era a esta e não a ela—Carrie-. Tem outra atitude<br />

na vida, veste roupas apertadas, ao contrario de<br />

Bárbara, e é descontraída com o seu corpo. Não<br />

sente qualquer respnsabilidade para com a família<br />

de Bárbara. Rouba dinheiro ao marido de Barbara<br />

para comprar roupas, joias e perfumes e quando<br />

não tem, é capaz de passar cheques falsos. Sente-se<br />

presa e afirma que não tem vida, sente-se usada.<br />

Afirma que só lhe é permitido emergir quando mais<br />

ninguem quer aquele cenário (a realidade). Em<br />

caminho da terapia, mais uma vez as<br />

personalidades de uma pessoa com múltipla<br />

personalidade se juntaram para a matar. Devon<br />

chegou a pegar fogo ao seu próprio veículo, estando<br />

no seu interior. Bárbara sobreviveu e continuou a<br />

ser efetuado o trabalho de ligação e integração<br />

intenso para um caso como o de Barbara. Muitos<br />

outros casos, são documentados e até retratados no<br />

cinema. De forma estrondosa ou ‘apenas’ chocante,<br />

os casos de múltipla personalidade demonstramnos<br />

como a força de uma mente, brilhante,<br />

conseguem fazer frente a sofrimentos quase<br />

inimagináveis para a maioria. Concordamos<br />

quando autores psicanalíticos defendem que a<br />

múltipla personalidade pende, eventualmente para<br />

um dos grandes troncos em psicopatologia—a<br />

neurose e a psicose, e portanto mediante a sua<br />

tendência, assim será o trabalho terapêutico de<br />

ligação, contenção e integração dos diferentes Eu’s<br />

num todo, assim tambem serão as reações à<br />

terapia e a relação estabelecida com o terapeuta ou<br />

terapeutas e a sua evolução—cooperação ou<br />

agressão –. O sofrimento, como podemos perceber,<br />

é extremo. E a confusão com a histeria ou outro<br />

qualquer fenómeno pode ocorrer, mas a<br />

dissociação e as identidades bem distintas, são<br />

referências importantes para o diagnóstico de<br />

múltipla personalidade. A confusão com a<br />

encenação e a acusação de que se é mentiroso leva<br />

muitas vezes a indivíduos com múltipla<br />

personalidade nunca procurarem ajuda, o que pode<br />

colocar a sua vida em perigo. As dinâmicas das suas<br />

personalidades com alguma complexidade, e que<br />

ao longo da vida, vão brotando, leva-nos tambem a<br />

pensar que entre estas, é comum a presença de um<br />

agressor, de uma vítima, de uma criança, e de um<br />

protetor. A identificação com o agressor está<br />

presente de forma exacerbada, ao nível do<br />

sofrimento da vítima, bem como a criança que<br />

remonta ao tempo em que a pessoa adulta, múltipla<br />

personalidade, foi abusada. Por fim, o protetor,<br />

que nem sempre pode proteger como função única<br />

mas tambem pode ser abusivo (cont)<br />

Fevereiro CONSCIENTE 27

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