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Conciente_Fevereiro2017

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É como se o poder de ter algo mais, de ter<br />

sistematicamente algo mais, nos salvasse da<br />

experiência de sentimentos negativos,<br />

bloqueasse esse estado emocional, convertendo<br />

-nos, pouco a pouco, em organismos<br />

hipersensíveis à frustração. Porém, a longo<br />

prazo, os mecanismos causadores de<br />

pensamentos e emoções negativos continuam<br />

ativos, perpetuando a sua ação. Se nos<br />

percecionamos como fracassados, inadequados<br />

ou se perdemos uma relação ou algo<br />

valorizado, tendemos a experienciar<br />

sentimentos depressivos e de desesperança,<br />

constituindo estes reações emocionais válidas e<br />

coerentes face a acontecimentos de vida<br />

negativos. Contudo, ao optarmos por bloquear<br />

estas emoções negativas, por nos afastarmos<br />

do sofrimento que estas nos provocam sem<br />

compreender que fazem parte da experiência<br />

humana, estamos a impedir-nos de lidar com o<br />

sofrimento, de aprender através deste. É<br />

preciso que aceitemos a tristeza e a angústia<br />

como emoções que surgem esporadicamente,<br />

como resultado de experiências de vida<br />

aversivas e stressantes. Estas, ao longo de<br />

milhares de anos, fizeram parte do nosso<br />

reportório emocional, tal como a alegria, a<br />

surpresa e o contentamento, sendo<br />

fundamental que compreendamos a sua<br />

importância, a sua funcionalidade, e<br />

desenvolvamos estratégias adaptativas para<br />

lidar com estas. A vantagem que o consumo<br />

aparentemente nos dá, permitindo-nos fugir,<br />

evitar, ludibriar os nossos estados emocionais<br />

negativos, é apenas momentânea, ilusória...<br />

Mais do que escondermo-nos atrás do que<br />

podemos ter, do que pensamos que podemos<br />

ser através do que temos, devemos aceitar o<br />

medo, deixar fluir as emoções negativas,<br />

deixarmo-nos apanhar por elas… Claro que<br />

desde que estas não se tornem permanentes,<br />

desde que não as encaremos como definitivas,<br />

encurralando-nos na nossa própria<br />

existência… O que se espera é que sejamos<br />

capazes de substituir nossos pensamentos por<br />

outros mais racionais e benéficos,<br />

experienciando gradualmente estados<br />

emocionais mais positivos. Só assim<br />

poderemos realmente sentir-nos integrados e<br />

olhar para nós próprios sem enviesamentos,<br />

sem que a comparação social nos fira,<br />

confiantes!<br />

Como nos podemos libertar do<br />

consumismo?<br />

O consumismo tem sido definido como um<br />

conjunto de valores e objetivos direcionados para<br />

o desejo de possuir, para o materialismo.<br />

Recentemente, várias linhas de investigação têmse<br />

debruçado sobre os efeitos nocivos do<br />

consumismo em vários domínios da saúde<br />

mental, surgindo estes associados ao isolamento<br />

social, a perturbações depressivas e de<br />

ansiedade, a comportamentos compulsivos, bem<br />

como a alguns aspetos afetivos e interpessoais da<br />

psicopatia. (cont...)<br />

10 CONSCIENTE Fevereiro

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