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Conciente_Fevereiro2017

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No século XIX, o aclamado fisiologista e médico<br />

francês Claude Bernard chamou a atenção para a<br />

importância crítica de manter o nosso “ambiente<br />

interno” constante e equilibrado face aos diferentes<br />

fatores externos que o possam influenciar. Para<br />

Bernard, este equilíbrio era fator essencial para a<br />

manutenção da vida. No início do século seguinte<br />

(1929), o também fisiologista Walter Cannon criou<br />

o termo homeostase para apelidar este equilíbrio.<br />

Pouco tempo mais tarde, em 1936, o<br />

endocrinologista Hans Selye usaria pela primeira<br />

vez o tão usado termo “stress” para denominar a<br />

resposta do corpo há necessidade de mudança, ou<br />

seja, quando o corpo é exposto a fatores – stressores<br />

- que ameacem a homeostase. Apesar de ser<br />

comumente usado, o termo stress subjetivo é difícil<br />

de definir e parte do significado original que Selye<br />

tentou transmitir acabou por ser perdido quando<br />

esta palavra adquiriu, no seu uso, uma conotação<br />

quase exclusivamente negativa. Stress passou a ser<br />

o termo que descreve todos os fatores que têm um<br />

impacte negativo na nossa vida, e esquecidos<br />

ficaram os possíveis benefícios. Assim, Selye acaba<br />

por criar um termo alternativo – eustress – para<br />

denominar o stress positivo, caracterizado por<br />

sentimentos de antecipação, excitação e motivação<br />

para ação orientada, que representa um papel<br />

importante na produtividade. O contrário ao<br />

eustress é o distress, sendo que este último é<br />

caracterizado por ansiedade. Porque é que é<br />

importante falar sobre as diferenças e o que é que<br />

estas implicam para a nossa saúde? Apesar de,<br />

como já foi referido anteriormente, stress ser um<br />

dos conceitos de saúde mais popularizados, pouca<br />

atenção é dada aos efeitos, quer positivos (eustress)<br />

que negativos (distress) do stress. Um dos inimigos<br />

mais proeminentes à saúde pública é a hormona<br />

cortisol, popularmente chamada de “Hormona do<br />

Stress”. Esta hormona é a medida mais objetiva do<br />

stress que temos á nossa disposição, e embora vital,<br />

níveis de cortisol constantemente elevados levam a<br />

consequências em várias áreas de funcionamento:<br />

aprendizagem, memória, função do sistema<br />

imunitário, densidade óssea, aumento de peso,<br />

pressão arterial, colesterol…e a lista continua,<br />

incluindo o aumento do risco de desenvolver<br />

perturbações mentais (e.g. depressão) e a<br />

diminuição da esperança média de vida. Mas afinal,<br />

o que é a cortisol? E porque é que é esta a hormona<br />

do stress? A hormona cortisol é libertada em<br />

resposta a situações que implicam mobilização para<br />

a ação ou seja, nas palavras de Selye, a necessidade<br />

de mudança em resposta a fatores stressores. A<br />

libertação da hormona cortisol faz, assim, parte do<br />

mecanismo de luta-ou-fuga, talvez um dos<br />

mecanismos evolucionários mais referenciados, e<br />

no fundo é necessária para a preparação do<br />

organismo para a futura ação. Tanto o eustress<br />

(stress positivo), como o distress (stress negativo)<br />

envolvem a libertação de cortisol, sendo que ambos<br />

implicam a adaptação do organismo. (cont..)<br />

Fevereiro CONSCIENTE 43

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