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Dezembro2016

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As outras viviam silenciadas, anónimas, ocultas na<br />

sombra da vergonha… Assim, quando nos propomos<br />

a falar de novas famílias, não nos referimos<br />

propriamente a famílias que não existiam antes, mas<br />

sim a famílias que agora são olhadas por sociedades<br />

ocidentais mais esclarecidas e humanizadas, mais<br />

preocupadas com o bem-estar e a realização pessoal<br />

dos seus indivíduos. Várias transformações sociais,<br />

como a legalização do divórcio, a descoberta e<br />

evolução dos métodos contracetivos, o controlo da<br />

natalidade, o aumento da esperança média de vida, o<br />

reconhecimento legal das uniões de facto e, ainda<br />

parcial, das famílias homossexuais têm-se refletido<br />

em modificações no próprio ciclo de vida das<br />

famílias e num reconhecimento mais genuíno de<br />

diferentes estruturas familiares. Assim, hoje, mais<br />

do que nunca, caminhamos no sentido de um maior<br />

respeito pelas opções individuais, de relações mais<br />

igualitárias entre os casais e menos autoritárias<br />

entre pais e filhos. Contudo, não nos enganemos,<br />

ainda há um considerável caminho a ser feito rumo à<br />

democratização das famílias. As estruturas<br />

familiares e conjugais que até há alguns anos<br />

perduravam “numa espécie de ilegalidade” por não<br />

corresponderem ao que era considerado normativo<br />

– a família intacta - começam agora a conquistar a<br />

sua liberdade numa realidade mais complexa.<br />

Referimo-nos a famílias reconstituídas (ou de<br />

recasamento), monoparentais, famílias com pais do<br />

mesmo sexo (homoparentais), famílias adotivas,<br />

famílias com pais adolescentes, famílias com pais<br />

mais velhos, e de união de facto. Este reinventar do<br />

conceito de família exige um rompimento ideológico<br />

com o modelo convencional, o que trará, desde logo,<br />

novos desafios e adversidades, muito deles resultado<br />

do desconhecimento, sendo, por isso, essencial que<br />

técnicos sociais e da saúde estejam preparados para<br />

atuar de forma informada e livre de preconceitos. Ao<br />

contrário do que se tem especulado, vários estudos<br />

têm demonstrado que o sofrimento emocional de<br />

crianças e jovens que vivem em estruturas familiares<br />

não-convencionais provém não das vivências<br />

familiares, mas do estigma social.<br />

Dezembro CONSCIENTE 33

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