Dezembro2016
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Será possível saber como se deve escolher quem<br />
se ama? O que nos leva a amar uma pessoa e não<br />
outra? Algumas pessoas parecem nunca saber<br />
escolher a pessoa certa. Quais serão os motivos<br />
que inconscientemente nos podem empurrar para<br />
certas escolhas? Não são perguntas de resposta<br />
única, afinal têm ocupado o Homem ao longo dos<br />
séculos, desde poetas, cientistas, pintores, atores,<br />
escritores, filósofos e psicólogos, todos têm<br />
tentado explicar os mistérios do coração. Nesta<br />
crónica de dezembro, mês do Natal e dos<br />
encontros familiares, iremos ocupar-nos com a<br />
relação amorosa mais duradoura, e não com as<br />
paixões fugazes ou os encontros sexuais furtuitos.<br />
São infindáveis os motivos que atraem as pessoas,<br />
desde os imprevistos à química, da beleza ao<br />
humor. Serão assim tão aleatórias as razões que<br />
nos levam a ficar juntos? Não me parece! Há<br />
pessoas que não percebem como é que se podem<br />
enganar repetidamente na sua vida. Algumas<br />
atribuem ao azar, outras a um destino fatídico<br />
qualquer, ou então acham que têm qualquer coisa<br />
de errado para só atraírem pessoas que as fazem<br />
infelizes. Todos já ouvimos histórias destas ou já o<br />
sentimos na pele em dado momento da nossa<br />
vida.E se o problema estiver em nós e na forma<br />
como escolhemos? Como é feita essa escolha?<br />
Quando idealizamos a pessoa amada o que<br />
desejamos? Acredito que todas as pessoas estejam<br />
convencidas que querem amar e ser amadas, já a<br />
sua capacidade para o conseguir é que pode ser<br />
bem diferente. Qual a janela que poderemos abrir<br />
para compreender esta questão. Sim uma janela,<br />
foi precisamente a representação que me veio ao<br />
espírito ao refletir sobre esta questão. Há pessoas<br />
que ao passar por uma janela se tentam ver ao<br />
espelho, como Narciso nas águas do rio, outras<br />
tentam olhar lá para fora através da janela,<br />
curiosas à procura de ver no outro um amor como<br />
aquele que tiveram no passado infantil, e quem<br />
não o teve gostava de ter tido. Sim na infância,<br />
porque foi lá que se constituiu, ou não, a<br />
capacidade para estabelecermos vinculações e<br />
constituirmos uma representação interna do<br />
outro.O que procuramos no outro? O que nós<br />
somos, o que já fomos ou o que gostaríamos de<br />
ser? Quantas pessoas entendem o amor<br />
predominantemente desta forma, elogiam o terem<br />
muitas coisas em comum, gostam de fazer as<br />
mesmas coisas, pensam da mesma forma e não<br />
gostam das mesmas pessoas. No meu consultório<br />
tenho encontrado muitas pessoas que namoram<br />
ou casam porque admiram muito uma pessoa, é a<br />
pessoa que elas gostariam de ser, um Ideal do Eu.<br />
E se o ideal me ama fantástico! Não digo que a<br />
admiração não possa fazer parte da equação, no<br />
entanto não deve ser o seu único elemento.<br />
Janeiro CONSCIENTE 75