27.02.2017 Views

Dezembro2016

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Autocompaixão, no entanto, não fala apenas de<br />

sermos compassivos com nós próprios quando<br />

algum evento externo perturba a nossa vida (e.g.<br />

a morte de uma pessoa próxima, uma doença)<br />

mas também, e talvez mais pertinente tanto para<br />

o tópico que estamos a discutir como para a sua<br />

utilização em contexto clinico, quando o<br />

sofrimento é fruto dos nossos próprios erros,<br />

fracassos ou defeitos pessoais. De acordo com<br />

Neff, a autocompaixão deve ser vista como três<br />

componentes interligados: bondade/cuidado para<br />

com nós mesmos, sentimento de humanidade<br />

comum, e estar no momento presente<br />

(mindfulness). Cuidado connosco próprios<br />

significa, como o termo pode indicar, uma<br />

postura de compreensão mesmo quando erramos,<br />

ao invés de uma postura critica e de julgamento.<br />

Um sentimento de humanidade comum é<br />

importante porque significa reconhecermos que<br />

todos erramos, todos nos sentimos inadequados<br />

em algum momento das nossas vidas. Este<br />

conceito é especialmente importante para que<br />

entendamos que ninguém é perfeito, que mesmo<br />

as pessoas mais bem-sucedidas, pessoas que<br />

admiramos, partilham esta experiência. O que<br />

Neff considera ser o terceiro componente da<br />

autocompaixão, mindfulness - estar no momento<br />

presente - é também um conceito cada vez mais<br />

utilizado em psicologia, pelos resultados positivos<br />

que lhe estão associados. No fundo, estar mindful<br />

ou, depois de alguma prática, ser mindful<br />

significa não nos focarmos no passado que não<br />

podemos alterar, nem no futuro que não podemos<br />

controlar e experienciar a vida no momento<br />

presente. Não é fácil deixar para trás hábitos que<br />

trazemos connosco, no próprio funcionamento da<br />

nossa mente, e adotar, de um momento para o<br />

outro, uma forma alternativa de olhar para o<br />

mundo, por muito eficaz que esta nova estratégia<br />

prove ser. No entanto, para emprestar uma<br />

expressão tão popular, nada que realmente vale a<br />

pena é fácil. E, na verdade, depois de anos de<br />

críticas que obviamente não funcionam, porque<br />

não experimentar algo diferente?<br />

Mindfulness – Um exercício para os curiosos<br />

Enquanto emoções podem ser difíceis de experienciar de forma mindful ao início, situações<br />

como a corrida matinal ou uma refeição são momentos ideais para quem quer experimentar o<br />

conceito.<br />

Da próxima vez que comer, foque-se na comida e nas sensações que esta provoca, e não no<br />

que o rodeia (televisão, telemóvel, conversa). Experiencie a comida com os cinco sentidos:<br />

descreva na sua mente ou a uma pessoa próxima a aparência (e.g. as cores), o cheiro (será<br />

que consegue identificar o que come apenas pelo olfato?), o sabor, a textura (já ouviu dizer<br />

que a língua é uma das partes mais sensíveis do corpo humano?) e até o som (existe uma<br />

razão para categorizar-mos certos alimentos como estaladiços!). O objetivo é estar atento o<br />

que está a acontecer no momento real e não ao que está a acontecer na nossa mente.<br />

Dezembro CONSCIENTE 73

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!