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Dezembro2016

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Um paciente meu que sempre teve relações com<br />

pessoas mais velhas, tem neste momento uma<br />

relação com uma pessoa mais nova, e diz que ela<br />

está agora na posição em que ele sempre esteve.<br />

Parece estar apaixonado pela pessoa que já foi,<br />

está a tentar amar, como queria ter sido amado<br />

nas relações anteriores. Quando não<br />

conseguimos olhar através da janela, não vemos<br />

senão a imagem de nós mesmos, passada,<br />

presente ou futura! Outras pessoas procuram o<br />

que é diferente, mas também familiar, são<br />

curiosas, abrem-se aos outros e procuram<br />

encontrar no presente algo que lhes traga as<br />

satisfações e segurança de um outro tempo.<br />

No homem a mãe que alimenta e, na mulher o<br />

pai que protege, tal como Freud refere no seu<br />

texto Para uma Introdução ao Narcisismo (1915).<br />

A sua distinção entre escolha de objeto de amor<br />

narcísica ou de apoio, diz respeito ou, à já<br />

referida procura de si próprio ou então, à<br />

procura de alguém que faça a função dos objetos<br />

de amor primários. Mas se nessas primeiras<br />

relações houver sérias perturbações na<br />

capacidade de vinculação, as futuras escolhas de<br />

amor podem ficar seriamente<br />

comprometidas.Algumas pessoas repetem nas<br />

relações amorosas o tipo de relação patológica<br />

que tinham com as pessoas que delas cuidaram<br />

com resultados desastrosos, tornam-se<br />

dependentes anulando a sua vontade própria,<br />

têm relações de controle em que o poder sobre o<br />

outro é um objetivo e não uma consequência do<br />

amor. É debaixo deste tipo de sentimentos<br />

julgam ser legítima a violência nas relações.Nas<br />

relações mais estáveis as características de apoio<br />

predominam, com proteção mútua e satisfação<br />

sexual, no entanto os elementos narcísicos estão<br />

sempre em alguma medida presentes. Os casais<br />

que funcionam são sobretudo assimétricos, mas<br />

complementares. Quando as trocas são<br />

satisfatórias as relações resultam, mas quando<br />

isto não acontece, surgem as frustrações, os<br />

ciúmes, o adultério, as guerras e os divórcios.

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