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Televisão - Entre a Metodologia Analítica e o Contexto Cultural

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

Este livro tem sua origem no anseio de enfrentar uma dificuldade central para os Estudos de Televisão: como associar a metodologia analítica dos produtos televisivos com o conhecimento de aspectos contextuais? Análise e síntese – a combinação desses dois procedimentos cognitivos nunca é tão fácil quanto parece. Mais difícil ainda configura-se no caso dos Estudos de Televisão.

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novos elementos que nos permitem repensar e, algumas vezes, refazer o<br />

percurso e questionar os pressupostos teóricos.<br />

A qualidade é um conceito controverso, que temos estudado há vários<br />

anos (BORGES, 2004, 2008, 2014) e neste trabalho nos propomos a discutilo<br />

em relação ao humor no audiovisual brasileiro. Percebemos que há<br />

uma lacuna na academia brasileira no que diz respeito aos estudos sobre<br />

o humor no audiovisual e, portanto, resolvemos estudá-lo sob o prisma<br />

da qualidade.<br />

O humor<br />

Diversos autores se debruçaram sobre a definição do conceito de<br />

humor e suas diferenças em relação ao conceito de cômico. Croce (apud<br />

PIRANDELLO, 1996: 128) concorda com Baldensperger e afirma que<br />

o humorismo é indefinível e que não existe, o que há são escritores<br />

humoristas. Pirandello distingue entre o humorístico e o cômico,<br />

ressaltando o caráter reflexivo do conceito por meio do sentimento do<br />

contrário presente numa obra de arte.<br />

A reflexão, durante a concepção, assim como durante a execução da<br />

obra de arte, não permanece inativa: assiste ao nascer e ao crescer<br />

da obra (...). E, comumente, no artista, no momento da concepção, a<br />

reflexão se esconde e permanece, por assim dizer, invisível: é quase,<br />

para o artista, como uma forma de sentimento. À medida que a obra<br />

se faz, ele a critica, não friamente como faria um juiz desapaixonado,<br />

analisando-a, mas improvisadamente, segundo a impressão que dela<br />

recebe (PIRANDELLO, 1996: 131).<br />

Na obra humorística a reflexão não se esconde nem permanece<br />

invisível como uma forma de sentimento, mas se mostra e analisa<br />

o sentimento como um juiz. Dessa análise, surge outro sentimento,<br />

o sentimento do contrário. Pirandello exemplifica com o texto de<br />

Dom Quixote, de Cervantes, em que nós gostaríamos de rir de tudo<br />

que há de cômico na representação de Dom Quixote, mas o riso<br />

não vem aos lábios de modo genuíno e fácil, sentimos que alguma<br />

coisa o impede, é um sentimento de comiseração e de admiração ao<br />

mesmo tempo. Temos uma representação cômica, mas dela emana<br />

um sentimento que nos impede de rir ou que torna o riso amargo.<br />

(PIRANDELLO, 1996: 134)<br />

134

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