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01.5 - Hana

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Delirium 1.5 – <strong>Hana</strong><br />

Lauren Oliver<br />

— Não dói tanto assim — a voz de Lena era gentil, apaziguadora, a voz de um pai<br />

acalmando uma criança teimosa. Mais uma vez tenho a impressão de vê-la pela primeira<br />

vez: ela era como uma imagem atrás de uma tela, toda silhueta e desfocada, e eu mal a<br />

reconhecia. Não conseguia mais suportar olhar para ela – Lena, a estranha – então eu me<br />

ajoelhei e praticamente acotovelei Alex para o lado.<br />

— Você está fazendo isso errado — digo. — Deixe que eu faça.<br />

— Sim, senhora — ele sai do caminho sem protestar, mas continua abaixado, me<br />

olhando trabalhar. Espero que ele não perceba que minhas mãos estão tremendo.<br />

Do nada, Lena começa a rir. Fico tão surpresa que quase deixo cair a gaze quando<br />

começava a prendê-la. Quando olho para Lena, ela ria tanto que precisou se dobrar para<br />

frente e cobrir a boca com as mãos para abafar o som. Alex a observa por um minuto sem<br />

fazer som algum, ele provavelmente estava tão chocado quanto eu, e então ele também<br />

começa a rir. Logo os dois estavam se rachando de rir.<br />

E depois eu também ria. O absurdo da situação me atingiu de uma vez: eu vim aqui<br />

me desculpar, dizer a Lena que ela estava certa em ser cuidadosa e se manter em<br />

segurança, e ao invés disso eu a surpreendo com um rapaz. Não, ainda pior – um Inválido.<br />

Depois de todo esse tempo e apesar de todos os seus avisos, Lena é quem pegou deliria.<br />

Lena é quem guardava o maior segredo – Lena tímida, que nunca gostou de ficar em<br />

frente a classe, esteve fugindo e quebrando todas as regras que nos ensinaram. O riso<br />

vinha em espasmos. Ri até minha barriga doer e lágrimas escorrerem por meu rosto. Ri até<br />

não saber mais se estava rindo ou chorando de novo.<br />

* * * *<br />

O que eu vou lembrar quando esse verão acabar?<br />

Sentimentos iguais de prazer e dor: o calor opressivo, o frio do oceano, tão frio que<br />

se alojava em suas costelas e tirava seu fôlego; comer sorvete tão rápido que uma dor se<br />

elevava dos dentes até os olhos; tardes longas e entediantes com os Hargroves, me entupir<br />

com comidas mais gostosas que eu jamais experimentara em toda a vida; e ficar com Lena<br />

e Alex na Rua Brooks 37 nos Highlands, vendo um lindo pôr do sol se espalhando pelo<br />

céu, sabendo que estávamos um dia mais perto da cura.<br />

Lena e Alex.<br />

Eu tinha Lena de volta, mas ela mudou, e parecia que a cada dia ela crescia um<br />

pouco mais diferente, mais distante, como se eu a observasse caminhar por um corredor<br />

escuro. Mesmo quando estávamos sozinhas – o que era raro agora; Alex estava quase<br />

sempre conosco – havia uma imprecisão nela, como se ela flutuasse através da vida em<br />

meio a um devaneio. E quando estávamos com Alex, eu poderia nem mesmo estar lá. Eles<br />

falavam em uma língua de sussurros, risos e segredos; suas palavras eram como um<br />

emaranhado de espinhos de contos de fadas que colocava uma parede entre nós.<br />

Traduzido por Grupo Shadows Secrets 41

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