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P+L para um hospital sustentável<br />

A aplicação das técnicas de Produção mais Limpa (P+L) no Brasil, iniciada no setor<br />

industrial, começa a se expandir para o setor de serviços.<br />

A partir dos resultados de um levantamento sobre a destinação de resíduos e de efluentes de<br />

hospitais públicos, realizado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa-Ministério da Saúde), o<br />

CEBDS montou, em convênio com o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada Fluminense, um<br />

projeto-piloto para ser aplicado num grande hospital público da Baixada Fluminense, a mais populosa<br />

do estado do Rio de Janeiro depois da capital. A experiência servirá de modelo para o resto do país.<br />

Pela natureza de sua atividade, clínicas e hospitais concentram, em percentual muito maior<br />

que os demais elementos do mobiliário urbano, elementos de risco biológico.<br />

Atualmente, a maior parte da rede de saúde no Brasil funciona, paradoxalmente, como um<br />

instrumento de disseminação de doenças – não apenas a temida infecção hospitalar, mas também pela<br />

contaminação da rede de esgotos, dos sistemas de disposição de resíduos sólidos e mesmo do ar. Isso<br />

se deve à ausência de tratamento de efluentes líquidos e de resíduos e de sistemas de disposição final<br />

adequada. Faltam também, sobretudo nos hospitais públicos, controles de inventário confiáveis, o que<br />

leva a uma significativa perda de materiais médicos.<br />

Daí, a idéia de aplicar a metodologia da Rede de P+L a clínicas e hospitais. Reduzir os níveis<br />

de infecção hospitalar é propiciar ao cliente da unidade de saúde a segurança de que ele vai encontrar<br />

de fato o que busca ao procurar o atendimento: a restauração de sua saúde. Significa também reduzir<br />

custos, pela redução do tempo médio de permanência dos pacientes e pela redução dos desperdícios de<br />

materiais, água e energia, já que esta é uma das bases da P+L. E como a poluição no ambiente de<br />

trabalho é um risco para a saúde e a segurança dos trabalhadores, a aplicação de P+L aos hospitais<br />

beneficia também os profissionais de saúde.<br />

Há poucos dados sobre o consumo de água e energia pelo setor hospitalar e sobre o impacto<br />

ambiental de seus resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. Só a partir da crise de<br />

energia elétrica começaram, timidamente, a se desenvolver programas de redução de consumo<br />

energético, mais voltados para a economia do que para a racionalização ou para a mudança de matriz<br />

energética. Menos ainda existem levantamentos do impacto ambiental individualizado por setores<br />

dentro de uma unidade de saúde. Essa identificação permitirá avaliar o maior ou menor grau de<br />

impacto causado individualmente pelos diversos setores, como a lavanderia, os laboratórios de análise<br />

clínica e as unidades de radioterapia e quimioterapia, entre outros.<br />

O projeto prevê a aplicação num hospital público como experiência-piloto, para gerar uma<br />

base de conhecimentos a serem utilizados no futuro no maior número possível de unidades públicas e<br />

privadas. Seus objetivos são:<br />

- Reduzir os óbitos nos hospitais e clínicas em conseqüência de infecção hospitalar;<br />

- Reduzir o tempo médio de permanência dos pacientes, pela redução das taxas de infecção hospitalar;<br />

- Avaliar, quantificando e qualificando, os resíduos sólidos, os efluentes líquidos e as emissões<br />

atmosféricas gerados na unidade de saúde;<br />

- Reduzir o risco de contaminação da população vizinha à unidade de saúde;<br />

- Reduzir o impacto dos efluentes e dos resíduos sólidos gerados pelos hospitais nas estruturas<br />

municipais de tratamento e destinação final;<br />

- Inserir no processo gerencial do hospital o conceito de prevenção dos impactos ambientais ;<br />

- Avaliar a eficiência e a eficácia dos produtos químicos usados no ambiente hospitalar, enfocando a<br />

geração de resíduos;<br />

- Consolidar o conceito de ecoeficiência e as técnicas de P+L como instrumentos para o aumento da<br />

competitividade e da eficiência do setor hospitalar;<br />

- Aumentar a capacitação do pessoal envolvido, mediante treinamentos, e estimular os treinados a<br />

disseminarem os conhecimentos obtidos;<br />

- Promover o bom gerenciamento da água e da energia;<br />

- Desenvolver e consolidar uma mentalidade voltada para a otimização dos recursos;<br />

- Buscar a cooperação dos fornecedores dos hospitais e clínicas para assistência técnica e treinamento<br />

dos profissionais;<br />

- Documentar os resultados obtidos e disseminá-los para o setor de saúde.

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