Apostila completa de meditação - Rafael Klabunde

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5 Pratyahara: equanimidade dos sentidos Pratyahara, geralmente traduzido como abstração ou recolhimento dos sentidos, tem a função de intermediar as práticas externas (yamas, niyamas, ásana e pranayama) das internas (dharana, dhyana e samadhi). Depois de observada a conduta moral (yamas e niyamas), a postura física para meditar (ásana) e a respiração adequada para energizar e acalmar o corpo e a mente (pranayama), pratyahara nos ensina como lidar com os sentidos. É comum que a mente sinta atração e repulsão, prazer e desconforto através dos sentidos. No entanto, no caminho do autoconhecimento, para se alcançar paz e felicidade mais duradouras, devemos aprender a lidar com os sentidos e a mente através da neutralidade. Inicialmente, o praticante de meditação sente mais facilidade para meditar com músicas relaxantes ou sons da natureza e quase sempre relata dificuldade para meditar com ruídos e barulhos de trânsito, por exemplo. Isso acontece porque a mente dual tende a classificar tudo o que experimenta como bom ou mau, agradável ou desagradável. Mas, quando rotulamos os acontecimentos do presente, deixamos de percebê-los como eles realmente são, porque o processo mental limita a capacidade de percepção. Ou seja, perdemos atenção no que estamos experimentando porque voltamos a mente para as suas próprias definições. O grande obstáculo à meditação não são as sensações desagradáveis, tais como ruídos, mas, sim, os pensamentos que julgam as sensações e impedem que se experimente o momento presente tal como ele é: neutro, vazio, silencioso. Pratyahara, ao invés de sugerir uma forçada introspecção e negação dos sentidos – que geraria tensão – ensinanos a presenciar as sensações com neutralidade. Devemos aceitar e integrar o que experimentamos em nossa consciência sem criar julgamento, conflito e tensão, desenvolvendo um novo relacionamento com o sentidos. 24 | Meditação – Um caminho de autoconhecimento e paz interior, por Rafael Klabunde
Praticando: Deixe que todas as sensações se manifestem. Quando algo aparentemente o distrair, ao invés de forçar uma introspecção, negando a sensação, tente apenas presenciá-la com neutralidade, antes de classificá-la como boa ou má. Perceba que há uma enorme diferença entre pensar sobre o que você está experimentando – o que é a verdadeira distração – e simplesmente presenciar o que se está experimentando através dos sentidos. O praticante de meditação não deve deixar de sentir, mas, ao contrário, experimentar todas as sensações com neutralidade, o que requer plena atenção, que gera grande vivacidade. Através da equanimidade dos sentidos, o meditador se liberta das associações psicológicas e estabiliza a consciência para não ser abalado pelas sensações, mas, também, sem deixar de percebê-las. Meditação – Um caminho de autoconhecimento e paz interior, por Rafael Klabunde | 25
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